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CRUZ & MOREIRA (2021) Page 1 walden4.com.br Aline Ellen Alves Queiros Cruz Márcio Borges Moreira Autismo: estratégias cientí�cas para lidar com comportamentos desa�adores 1a edição Instituto Walden4 2021 https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 2 walden4.com.br https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 3 walden4.com.br www.walden4.com.br https://www.walden4.com.br/ https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 4 walden4.com.br Valorize o trabalho dos seus autores preferidos! Este livro, desde a sua concepção, foi desenvolvido para ser um livro distribuído gratuitamente. No entanto, a maioria dos livros são vendidos e a receita oriunda da venda desses livros é o “ganha-pão” de milhares de famílias de escritores, designers grá�cos, diagramadores, revisores, ilustradores, diretores e de uma in�nidade de pro�ssionais envolvidos na publicação de um livro. Sempre que você puder, compre um livro original! https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 5 walden4.com.br Aline Cruz | Autora Psicóloga pelo Centro Universitário de Brasília (CEUB). https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 6 walden4.com.br Acompanhe os trabalhos de Aline Cruz pelas mídias sociais: https://www.facebook.com/alinecruzpsi https://www.instagram.com/aline_psi_ https://www.linkedin.com/in/aline-queiros-a5830483 @aline_psi_ https://www.walden4.com.br/ https://www.facebook.com/alinecruzpsi https://www.instagram.com/aline_psi_ https://www.linkedin.com/in/aline-queiros-a5830483 CRUZ & MOREIRA (2021) Page 7 walden4.com.br Márcio Moreira | Autor Doutor em Ciências do Comportamento pela Universidade de Brasília (UnB). Mestre em Psicologia e Psicólogo pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO). Professor da graduação e do mestrado em Psicologia do Centro Universitário de Brasília (CEUB). Diretor do Instituto Walden4. Co-autor do livro Princípios Básicos de Análise do Comportamento (Artmed) e de outros livros, capítulos e artigos cientí�cos com temas relacionados à Análise do Comportamento. https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 8 walden4.com.br Acompanhe os trabalhos de Márcio Moreira pelas mídias sociais: https://www.facebook.com/professormarciomoreira https://www.instagram.com/marcioborgesmoreira https://www.youtube.com/user/borgesmoreirayt https://pt.slideshare.net/borgesmoreira https://www.linkedin.com/in/márcio-borges-moreira-10217934 http://lattes.cnpq.br/4094892880820475 @marcioborgesmoreira @instituto.walden4 https://www.walden4.com.br https://www.facebook.com/iwalden4 https://www.instagram.com/instituto.walden4 https://www.youtube.com/user/instwalden4 https://www.walden4.com.br/ https://www.facebook.com/professormarciomoreira https://www.instagram.com/marcioborgesmoreira https://www.youtube.com/user/borgesmoreirayt 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implicações para o estudo do comportamento operante Moreira e Hanna (2014) Emergência de classes de equivalência após separação e recombinação dos estímulos compostos utilizados no treino Moreira, Oliveira e Hanna (2017) Arranjo de estímulos em treino discriminativo simples com compostos e emergência de classes de estímulos equivalentes Bandeira, Faria e Moreira (2020) Efeitos da marcação de elementos de conjuntos sobre a contagem em tarefas de discriminação condicional https://www.walden4.com.br/ https://www.amazon.com.br/Princ%C3%ADpios-B%C3%A1sicos-An%C3%A1lise-do-Comportamento/dp/8582715153 https://play.google.com/store/books/details?id=JfZ5DwAAQBAJ https://www.amazon.com.br/dp/B06Y3D8MMJ/ref=sr_1_1?s=digital-text&ie=UTF8&qid=1491504508&sr=1-1&keywords=Uma+hist%C3%B3ria+de+aprendizagem+operante http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-55452004000100008 http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-55452005000100012 http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-55452006000200007 https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79722009000300011&lng=en&nrm=iso&tlng=pt https://www.researchgate.net/publication/267821792_Comportamento_supersticioso_implicacoes_para_o_estudo_do_comportamento_operante https://periodicos.ufpa.br/index.php/rebac/article/view/1922 http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X2017000100019 https://periodicos.ufpa.br/index.php/rebac/article/view/9600 CRUZ & MOREIRA (2021) Page 10 walden4.com.br Sumário Introdução 13 Autismo: características, diagnóstico e prevalência 19 Intervenções baseadas na Análise do Comportamento Aplicada (ABA) 27 Comportamento operante, dé�cits e excessos 37 Comportamentos-problema (desa�adores) e suas funções 41 Esquemas de reforçamento não-contingente 48 Tratamento de agressão utilizando esquema de tempo �xo 69 Tratamento de birra utilizando esquema de tempo �xo 77 Tratamento de autolesão utilizando esquema de tempo �xo 84 Tratamento de pica utilizando esquema de tempo �xo e acesso contínuo 93 Tratamento de fuga utilizando esquema de acesso contínuo 100 Tratamento de comportamentos de agressão, disrupção e autolesão utilizando esquema de acesso contínuo 106 https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 11 walden4.com.br Tratamento de ruminação utilizando esquema de acesso contínuo 112 Tratamento do comportamento de cuspir utilizando esquema de acesso contínuo 118 Tratamento de discurso bizarro utilizando esquema de tempo �xo 124 Tratamento de interrupção verbal utilizando esquema de tempo �xo e acesso contínuo 128 Tratamento de coprofagia utilizando esquema de tempo �xo e acesso contínuo 134 Tratamento de comunicação inadequada utilizando esquema de acesso contínuo 140 Tratamento do comportamento de escalar utilizando esquema de tempo variável 145 Tratamento de estereotipia utilizando esquema de acesso contínuo 149 Tratamento de pseudoconvulsões utilizando esquema de acesso contínuo 155 Tratamento do comportamento de levar objetos à boca utilizando esquema de tempo �xo 167 Considerações �nais 174 Links para as ilustrações 182 Referências bibliográ�cas 184 https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 12 walden4.com.br O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento que é caracterizado por prejuízos no funcionamento pessoal, social, acadêmico e pro�ssional. Os indivíduos com diagnóstico de TEA apresentam de�ciências persistentes na interação e na comunicação social, bem como padrões restritos e repetitivos de comportamentos e interesses e atividades. A alta prevalência do autismo no mundo aponta para a necessidade de se oferecer tratamentos efetivos e pro�ssionais capacitados que proporcionem melhor qualidade de vida e condições para o desenvolvimento das crianças diagnosticadas com TEA. As intervenções baseadas na Análise do Comportamento Aplicada (ABA, sigla derivado do termo em inglês Applied Behavior Analysis) têm sido apontadas como as mais e�cazes para redução de comportamento-problemaem crianças autistas. O comportamento-problema (ou comportamentos desa�adores), de maneira geral, é aquele comportamento que produz algum dano à própria pessoa que o emite, a terceiros ou a propriedades ou coisas. Esses comportamentos são caracterizados na literatura analítico-comportamental como comportamentos operantes e são passíveis de serem atenuados com intervenções analítico- comportamentais. Dentre os diversos procedimentos de intervenção baseados na ABA, nós temos os esquemas de reforçamento não-contingente, que têm sido amplamente utilizados em países como os Estados Unidos para o tratamento de crianças com diagnóstico de TEA. É possível veri�car na literatura cientí�ca que intervenções utilizando esquemas de reforçamento não-contingentes têm se mostrado e�cazes para a redução de comportamento-problema em crianças com diagnóstico de TEA. Introdução https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 13 walden4.com.br Neste sentido, o objetivo do presente livro é introduzir o leitor ao uso de esquemas de reforçamento não-contingentes para a redução de comportamentos-problema. Embora haja considerável evidência da e�cácia do reforçamento não-contingente com indivíduos com atraso no desenvolvimento, essa evidência está reportada, majoritariamente, em língua inglesa e em artigos cientí�cos com linguagem cientí�ca, características que di�cultam o acesso pelo pro�ssional praticante brasileiro. As informações aqui descritas foram redigidas tendo como base que o público-alvo deste livro será composto por psicólogos e estudantes de Psicologia, entre outros que possuem conhecimento básico sobre princípios básicos de Análise do Comportamento. Para a seleção dos procedimentos reportados aqui, foi utilizado como base o artigo de Richman et al. (2015) - uma metanálise. Esse artigo foi utilizado por se tratar do trabalho mais recente e que contemplava mais artigos de intervenções com esquemas de reforçamento não- contingente. Além disso, ele foi o artigo com maior número de comportamentos-problema e tipos de esquemas de reforçamento não-contingente. A primeira etapa do procedimento utilizado para a elaboração deste livro consistiu na seleção dos tópicos que guiaram a seleção dos artigos cientí�cos a serem descritos. De�niu-se que uma descrição didática de um intervenção com esquemas de reforçamento não-contingente seria constituída pelas seguintes seções: 1. Tipos de comportamento-problema; 2. Tipos de reforçamento não-contingente; 3. Função dos comportamentos-alvo; 4. Consequências reforçadoras. https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 14 walden4.com.br Para cada uma dessas seções, foram selecionados um conjunto de itens para compor cada uma delas. Por exemplo, de�nir quais comportamentos-problema seriam relatados. Esta seleção foi feita com base na análise do artigo de Richman et al. (2015) e as seções estão descritas na Tabela 1. Tabela 1. Seções e itens selecionados para a descrição dos artigos cientí�cos. # Categoria Itens 1 Tipo de reforçamento não-contingente Intervalo Fixo, Intervalo Variável, Acesso Contínuo 2 Função dos comportamentos-alvo Automático, Atenção, Tangível, Fuga, Inconclusivo Desconhecido 3 Consequências utilizadas durante o reforçamento não-contingente Tangível, Auditivo, Atenção, Fuga, Comestível 4 Procedimentos que são utilizados em combinação com o reforçamento não- contingente Intervalo �xo e redução do esquema Intervalo �xo e extinção com redução de esquema, Intervalo �xo e extinção, Intervalo variável e redução do esquema, Intervalo variável e extinção Intervalo variável e extinção com redução do esquema 5 Tipos de comportamento- problema encontrados com mais frequência na literatura Agressão, Autolesão, Birra, Comportamento destrutivo, Comportamentos- problemáticos, Comunicação inadequada, Cropofagia, Cuspir, Discurso bizarro, Disrupção, Escalar, Estereotipia vocal Levar objetos à boca, Pseudoconvulsões, Ruminação, Pica https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 15 walden4.com.br Os principais aspectos evidenciados nas descrições dos artigos foram: características dos participantes e suas principais habilidades; de�nição do comportamento-problema; resultados da análise funcional do comportamento-problema; os procedimentos realizados na intervenção, tais como tipo de esquema reforçamento não-contingente, número de sessões, local e intervalo e execução; e um resumo com os principais resultados da intervenção. Vale ressaltar que nos casos em que o artigo trazia mais de um participante, foi selecionado apenas um participante, o qual apresentava o comportamento de interesse e que havia sido submetido à intervenção com esquemas de reforçamento não-contingente. Depois de as seções apresentadas na Tabela 1 terem sido identi�cadas, foram selecionados 54 artigos, a partir do artigo de Richman et al. (2015), que utilizaram esquemas não-contingentes para serem analisados posteriormente. Desses 54 artigos, foram selecionados 16 capazes de exempli�car os diferentes tipos de esquema reforçamento não-contingente (acesso contínuo, tempo �xo e tempo variável) para os diferentes tipos de comportamentos-problema indicados na Tabela 1. Foram realizadas ainda 16 descrições, uma para cada um dos comportamentos- problemas citados acima, de modo a evidenciar os principais aspectos necessários para realização de intervenções com esquemas de reforçamento não-contingente. Os artigos descritos estão listados na Tabela 2. https://www.walden4.com.br/ New project Page 16 New projectNew project Art igo Diagnóst ico Comportamento- problema Função Falcomata, et.al (2004) Autismo Comunicação Inadequada Automático Rapp, et.al (2006) Autismo Estereotipia Automático Carr, et.al (2002) Autismo Levar objetos à boca Automático Piazza, et. al (1998) Autismo Pica Automático Carroll, et.al (2011) Autismo Ruminação Automático Barlett, et. al (2011) Autismo Cuspir Automático Ing, et.al (2011) Autismo Coprofagia Automático De Leon, et. al (2005) Retardo Mental Grave Pseudoconvulsões Atenção O´Reilly, et.al (1999) Retardo Mental Leve Agressão Atenção Rasmussen, el. al (2016) Transtorno de Ansiedade Disrupção Atenção Lancaster, et. al (2004) Retardo Mental Moderado Discurso Bizarro Atenção Kahng, et.al (2000) Retardo Mental Grave Autolesão Atenção Britton, et.al (2000) Retardo Mental Leve Birra Itens Tangíveis Cataldo, et.al (1986) Sem diagnóstico Escalar Não-Identi�cado Ingvarsson, et.al (2008) Autismo Comportamentos Problemáticos Itens Tangíveis e Fuga de Demandas Piazza et al. (1997) Autismo Fuga Itens Tangíveis Tabela 2. Lista dos artigos selecionados para a extração das informações. CRUZ & MOREIRA (2021) Page 17 walden4.com.br Autismo: características, diagnóstico e prevalência De acordo com a Associação Psiquiátrica Americana (2013), no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento, isto é, um grupo de condições iniciadas na infância, geralmente, antes da criança ir para escola. Os transtornos típicos dessa condição são caracterizados por dé�cits no desenvolvimento que causam prejuízos no funcionamento pessoal, social, acadêmico e pro�ssional. Dessa forma, o TEA, como um transtorno típico, é identi�cado por dé�cits persistentes na reciprocidade sócio-emocional (e.g., compartilhamento reduzido de interesses e emoções), na comunicação verbal e não-verbal (e.g., contato visual, gestos e expressões faciais) e nas habilidades para desenvolver, manter e compreender relacionamentos (e.g., falha nas trocas de turnos conversacionais). Além dos dé�cits citados, o diagnóstico de TEA requer a presença de padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades (e.g., movimentos repetitivos como balançar o corpo, interesses restritos como brincar apenas com um brinquedo ou brinquedos especí�cos). Os prejuízos nas áreas citadas servem de base para indicara gravidade do transtorno em cada indivíduo, que podem variar entre os níveis leve, moderado e grave (DSM- V, 2013). https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 18 walden4.com.br Com relação ao diagnóstico do TEA, Araujo, Veras e Varella (2019) apontaram o TEA como um continuum, podendo variar na forma como se apresenta clinicamente. Essa heterogeneidade observada é uma das características do transtorno que di�culta os processos de diagnóstico e tratamento. Por exemplo, um diagnóstico de autismo pode ser dado tanto para indivíduos que são oralizados e escolarizados, mas que possuem dé�cits na compreensão de regras sociais, quanto para aqueles indivíduos que não são escolarizados e que precisam de ajuda para realizar suas necessidades básicas como banhar-se e vestir a roupa. Bosa, Zanon e Backes (2016) mencionaram que a grande variabilidade na expressão comportamental e a di�culdade no diagnóstico exigem que o diagnóstico de TEA seja baseado na avaliação qualitativa de padrões comportamentais. Isso constitui uma problemática, especialmente, quando se trata de crianças em idade pré-escolar, pois as expressões comportamentais mais sutis podem di�cultar a diferenciação em relação àqueles comportamentos esperados para esta faixa etária. Hahler e Elsabbagh (2015) resumiram alguns dados sobre prevalência de autismo no mundo. Em 2010, dados epidemiológicos estimaram a presença de 52 milhões de casos de autismo em todo o mundo. Em 2012, a prevalência global de alguma forma de autismo foi estimada entre 1% e 2% entre as crianças. Embora exista uma variação substancial nas estimativas atuais, não há evidências de que essa variabilidade possa ser explicada por fatores geográ�cos, étnicos, culturais ou socioeconômicos. Esses fatores parecem estar fortemente associados ao atraso no diagnóstico e as barreiras ao acesso e utilização dos serviços. Os estudos epidemiológicos realizados ao longo do último meio século sugerem que a prevalência de TEA está aumentando em todo o mundo e que esse aumento é provavelmente devido a uma melhor conscientização, relatórios, expansão dos critérios diagnósticos e aprimoramento das ferramentas de diagnóstico. https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 19 walden4.com.br Baio, Wiggins e Christensen (2018) mencionaram a Rede de Monitoramento de Autismo e De�ciências do Desenvolvimento (ADDM), que é um sistema de vigilância ativo que fornece estimativas da prevalência de TEA entre crianças de oito anos em alguns locais nos Estados Unidos. As estimativas indicam que a prevalência de TEA dessa faixa etária aumentaram de aproximadamente 1 a cada 150 crianças entre 2000 e 2002 para 1 a cada 68 crianças durante 2010 e 2012, mais do que dobrando durante esse período. Em 2014, a prevalência geral de TEA foi de 1 a cada 59 crianças com oito anos. https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 20 walden4.com.br De acordo com Baio, Wiggins e Christensen (2018), as estimativas de prevalência de TEA também variaram por sexo e raça/etnia. Homens eram quatro vezes mais propensos que mulheres a serem identi�cados com TEA, sendo estimado uma proporção de aproximadamente 4,5 homens a cada 1 mulher com autismo entre 2006 e 2012. As estimativas de prevalência também foram mais altas para crianças brancas não-hispânicas em comparação com crianças negras não-hispânicas, e ambos os grupos foram mais propensos a serem identi�cados com TEA em comparação com crianças hispânicas. A idade média do diagnóstico de autismo permaneceu próxima de 53 meses entre 2000 e 2012 (variação: 50 meses [2012] a 56 meses [2002]) e a proporção de crianças que recebem uma avaliação abrangente do desenvolvimento aos 3 anos de idade, permaneceu perto de 43% entre 2006 e 2012 (faixa: 43% [2006 e 2012] a 46% [2008]). Christensen et al., (2019) discorreram acerca da prevalência do TEA em crianças de quatro anos em algumas regiões dos Estados Unidos, sendo a prevalência geral do TEA de 13,4 a cada 1.000 crianças de quatro anos em 2010; 15,3 em 2012 e 17,0 em 2014 para as regiões ADDM que �zeram parte do estudo. A porcentagem de crianças com diagnóstico de TEA que tiveram uma primeira avaliação aos 36 meses variaram de 48,8% no Missouri em 2012 a 88,9% em Wisconsin em 2014. Quanto ao percentual de crianças com diagnóstico prévio de TEA realizado por um provedor comunitário houve uma variação por região, variando de 43,0% para o Arizona em 2012 a 86,5% para o Missouri em 2012. A idade mediana no diagnóstico de TEA conhecido de forma mais precoce variou de 28 meses na Carolina do Norte em 2014 a 39 meses em Missouri e Wisconsin em 2012. https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 21 walden4.com.br No Brasil, até o momento, há apenas um estudo piloto sobre prevalência do TEA, realizado no sudeste do Brasil por Paula, Ribeiro, Fombonne e Mercadante (2011), porém não é especí�co sobre autismo, pois o objetivo do estudo foi identi�car a prevalência de Transtornos Invasivos do Desenvolvimento (TID) em uma pequena população do interior de São Paulo. Transtornos Invasivos do Desenvolvimento era a nomenclatura utilizada no DSM-IV para classi�car um conjunto de transtornos como Transtorno Desintegrativo da Infância, Transtorno do Espectro Autista, Síndrome de Asperger e Síndrome de Rett. O estudo de Paula et al. (2011) indicou uma baixa prevalência de Transtornos Invasivos do Desenvolvimento, sendo 27,2 por 10.000 crianças, ou seja, 1 a cada 367 crianças. Os resultados do estudo apontaram que mais crianças tiveram um diagnóstico de Transtorno Invasivo do Desenvolvimento Sem Outra Especi�cação (TID-SOE) em comparação com autismo. De acordo com Paula et al., é possível que essa baixa prevalência geral veri�cada no estudo realizado no Sudeste do Brasil se deva aos mesmos problemas enfrentados em outras pesquisas em países de baixa ou média renda, como a falta de conscientização da população e de pro�ssionais, amostras pequenas e diagnósticos incorretos ou tardios e à escassez de recursos direcionados a saúde pública. https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 22 walden4.com.br Com relação à produção de conhecimento relacionado a intervenções com pessoas com diagnóstico de TEA, há muitas pesquisas sendo publicadas na língua portuguesa (e.g., Gomes et al., 2017; Guimarães et al., 2018). No entanto, a quantidade e diversidade de pesquisas em língua inglesa é muito superior que a nacional, especialmente pesquisas derivadas na abordagem Análise do Comportamento Aplicada (ABA). Essa abordagem tem se destacado no cenário internacional com relação às pesquisas direcionadas ao autismo. Veremos, no próximo capítulo, uma caracterização de intervenções que são baseadas na Análise do Comportamento Aplicada. Portanto, considerando a carência de pesquisas no Brasil sobre a prevalência do autismo no país e o crescimento no número de diagnósticos de TEA, veri�ca-se a importância de se realizar novos estudos que investiguem a prevalência especi�camente de crianças com diagnóstico de TEA no país. Por outro lado, o aumento na prevalência em outros países, como veri�cado por Baio et al. (2018) e Christensen et al. (2019), apontam para a necessidade de se oferecer tratamentos efetivos e pro�ssionais capacitados que proporcionem uma melhor qualidade de vida e condições para o desenvolvimento das crianças diagnosticadas com TEA. https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 23 walden4.com.br walden4.com.br https://www.walden4.com.br/ http://walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 24 walden4.com.br Baer, Wolf e Risley (1968) de�niram a Análise do Comportamento Aplicada (ABA, sigla do termo em inglês Applied Behavior Analysis) como uma disciplina cientí�ca, um campo de investigação constituído por sete dimensões. Vale ressaltar, que as intervenções baseadas na Análise do Comportamento Aplicada devem conter as sete dimensões: aplicada, comportamental, analítica, tecnológica, conceitual,e�caz, generalizável. Intervenções baseadas na Análise do Comportamento Aplicada (ABA) https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 25 walden4.com.br A primeira dimensão, a da aplicabilidade, é determinada por meio do interesse demonstrado pela sociedade nos problemas de estudo e não por sua importância para teoria, por exemplo: é provável que o pesquisador aplicado estude a alimentação porque há crianças que comem muito pouco e adultos que comem demais, e ele estudará a alimentação exatamente nesses indivíduos devido à sua importância social. Malavazzi, Malerbi, del Prette, Banaco e Kovac (2011, p. 221) descreveram a dimensão aplicada da seguinte forma: "O termo aplicada se refere à de�nição do objeto de estudo. A escolha da classe de respostas, da classe de estímulos e do organismo a serem examinados deve se basear na sua importância para o homem e para a sociedade, e não na relevância para a teoria ou na conveniência do estudo. Ao avaliar uma pesquisa aplicada, a primeira questão deve ser: quão relevantes para o participante são as classes de estímulos e de respostas selecionadas?" — Malavazzi, Malerbi, del Prette, Banaco e Kovac (2011, p. 221) https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 26 walden4.com.br "A investigação cientí�ca dos comportamentos-alvo requer mensuração precisa dos eventos físicos que os compõem. Na pesquisa aplicada, a observação e o registro costumam ser feitos por seres humanos. Por isso, é importante veri�car se a alteração ocorreu no comportamento do participante ou no dos observadores. Avaliações explícitas da con�abilidade dos observadores humanos garantem ao estudo seu caráter comportamental." — Malavazzi et al. (2011, p. 221) A segunda dimensão indica que o aspecto comportamental e o pragmatismo parecem estar relacionados, permitindo estudar o que os sujeitos podem ser levados a fazer. Assim, como o comportamento de um indivíduo é composto por eventos físicos, seu estudo cientí�co exige uma mensuração precisa. Malavazzi et al. (2011, p. 221) descreveram a dimensão comportamental da seguinte forma: https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 27 walden4.com.br "A análise de um comportamento ocorre somente quando o pesquisador exerce controle sobre ele. Dessa forma, torna-se fundamental demonstrar a relação entre os estímulos manipulados e a ocorrência ou não de uma dada classe de respostas. Para isso, assim como na pesquisa básica, dois delineamentos experimentais são frequentemente empregados: linha de base com reversão e linha de base múltipla." — Malavazzi et al. (2011, p. 221) A terceira dimensão, a analítica, a da análise de um comportamento como o termo é utilizado, requer uma demonstração con�ável dos eventos que podem ser responsáveis pela ocorrência ou não ocorrência do comportamento. Um experimentador terá conseguido uma análise de um comportamento quando pode exercer controle sobre ele e pode replicá-lo, mesmo em ambientes completamente distintos. Malavazzi et al. (2011, p. 221) descreveram a dimensão analítica da seguinte forma: https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 28 walden4.com.br A quarta dimensão, a tecnológica, signi�ca que as técnicas que compõem uma aplicação comportamental especí�ca devem ser identi�cadas e descritas integralmente. Por exemplo, o reforço social não é uma descrição tecnológica. As técnicas devem ser passíveis de ser reproduzidas nas mesmas condições. Para �ns de aplicação, todos os componentes importantes do reforço social devem ser especi�cados (estímulos, contingência e esquema) para se quali�carem como um procedimento tecnológico. Malavazzi et al. (2011, p. 221) descreveram a dimensão tecnológica da seguinte forma: "As técnicas utilizadas na pesquisa aplicada devem ser completamente identi�cadas e descritas. Ao analisar o caráter tecnológico de um estudo, vale questionar se a descrição dos procedimentos é su�ciente para que um leitor treinado seja capaz de replicá-los e produzir resultados semelhantes." — Malavazzi et al. (2011, p. 221) https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 29 walden4.com.br A quinta dimensão, a dos sistemas conceituais, diz que o campo da Análise do Comportamento Aplicada provavelmente avançará melhor se as descrições publicadas de seus procedimentos não forem apenas precisamente tecnológicas, mas também buscarem a relevância dos princípios. Essa descrição detalhada é adequada para replicação bem-sucedida pelo leitor; e também mostra como procedimentos semelhantes podem ser derivados de princípios básicos. Malavazzi et al. (2011, p. 221) descreveram a dimensão tecnológica da seguinte forma: Cabe destacar aqui que este livro tem uma relação especial com a dimensão tecnológica da Análise do Comportamento Aplicada. Para que o conhecimento produzido através de pesquisas cientí�cas possa melhorar a sociedade, esse conhecimento deve ser transformado em tecnologia. Dito de outra maneira, o conhecimento deve ser descrito de forma que alguém, que não o cientista, consiga aplicá-lo. Uma forma de se transformar conhecimento em tecnologia é produzir manuais que descrevem de maneira didática como aplicar esse conhecimento. Este livro é uma tentativa de se produzir tecnologia comportamental no sentido descrito acima. Precisamos, no Brasil, de muitos manuais que auxiliem os pro�ssionais a aplicar técnicas e procedimentos analítico-comportamentais. Acreditamos que a produção de tais manuais é imprescindível para aprimorar a qualidade da prestação de serviços na área. "As técnicas empregadas têm de fazer sentido do ponto de vista conceitual, isto é, devem ser compatíveis com os princípios da análise do comportamento. Mais do que permitir a replicação do método empregado, a descrição precisa mostrar ao leitor como procedimentos semelhantes podem ser derivados dos princípios básicos." — Malavazzi et al. (2011, p. 221) https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 30 walden4.com.br A sétima dimensão, da generalização, estabelece que uma mudança de comportamento tem generalidade se for duradoura ao longo do tempo, se aparecer em uma ampla variedade de ambientes possíveis ou se espalhar para uma ampla variedade de comportamentos relacionados como, por exemplo, a melhoria da articulação em um ambiente clínico provará ter generalidade se perdurar no futuro após a interrupção das visitas à clínica e se a articulação melhorada for reportada em outros ambientes como a escola, casa etc. Malavazzi et al. (2011, p. 222) descreveram a dimensão de generalização da seguinte forma: A sexta dimensão, da e�cácia, está associada à importância prática, especi�camente, ao seu poder de alterar o comportamento de forma su�ciente para ser socialmente importante, é o critério essencial. Se a aplicação de técnicas comportamentais não produz efeitos su�cientemente grandes para valor prático, a aplicação falhou. Malavazzi et al. (2011, p. 222) descreveram a dimensão de e�cácia da seguinte forma: "A pesquisa aplicada deve capacitar o participante a agir de modo e�caz, assegurando uma mudança comportamental socialmente importante. Uma questão pertinente é: quanto a classe de respostas- -alvo precisava ser alterada? Trata-se de uma pergunta de ordem prática, muitas vezes dirigida às pessoas que convivem com o participante do estudo." — Malavazzi et al. (2011, p. 222) https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 31 walden4.com.br Também é importante ressaltar a diferença entre a ABA e o termo que tem sido bastante utilizado para o tratamento de TEA, o chamado Método ABA. O termo é utilizado para as intervenções realizadas com pessoas com autismo baseadas na abordagem psicológica Análise do Comportamento. Entretanto, Moreira e Medeiros (2019) a�rmaram que a Análise do Comportamento Aplicada não poderia ser chamada de método, pois é uma ciência e que, portanto, desenvolve métodos. É importante destacar que ABA é um campo de investigação, de produção de conhecimentocientí�co que, como descrito anteriormente por Baer et al. (1968) e Baer, Wolf e Risley (1987), envolve o estudo sistemático e aplicado de comportamentos socialmente relevantes. Muitas vezes a ABA é confundida com a prestação de serviços de pro�ssionais analítico comportamentais, que se diferencia de ABA por ser uma intervenção orientada para a resolução de problemas em determinados contextos para cumprir objetivos especí�cos, e não um campo de investigação sistemático (Canaan-Oliveira, 2003; Moore & Cooper, 2003). "A mudança comportamental obtida numa pesquisa aplicada precisa se estender para outros ambientes, manter-se ao longo do tempo e in�uenciar comportamentos relacionados ao alvo da intervenção. Por isso, a generalização tem de ser programada, e não apenas esperada." — Someone famous in Source Title https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 32 walden4.com.br Outro motivo pelo qual a utilização do termo Método ABA não é adequada, é o emprego do termo para se referir somente ao tratamento de pessoas diagnosticadas com TEA. Quando se fala sobre as intervenções baseadas na Análise do Comportamento com pessoas com autismo, se utiliza popularmente o termo como se fosse especí�co para o tratamento de pessoas com esse transtorno. Entretanto, tais intervenções são utilizadas em diversos outros contextos, como no ensino de alfabetização de crianças e no tratamento de pessoas com transtornos psiquiátricos, entre outros (Moreira & Medeiros, 2019). O termo Método ABA tem sido bastante utilizado em cursos, palestras e textos para a divulgação de técnicas de intervenção analítico-comportamental. A grande preocupação do uso do termo nesses contextos é que se apresente a ABA sem a adequada explicação e aprofundamento a respeito da ciência da Análise do Comportamento, podendo levar a entender que o Método ABA seria algo independente da ciência, sendo provável que resulte em aplicações de intervenções inadequadas posteriormente (Moreira & Medeiros, 2019). Portanto, a �m de que se evite os equívocos gerados pela utilização do termo Método ABA, Moreira e Medeiros recomendaram sua substituição pelo termo "intervenções analítico- comportamentais". https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 33 walden4.com.br A literatura cientí�ca tem apontado a e�cácia de intervenções analítico-comportamentais com ênfase para o Transtorno do Espectro Autista. Os estudos têm demonstrado uma ampliação no repertório comportamental desses indivíduos, assim como um desenvolvimento intelectual, social e linguístico (e.g., Barros & Martins, 2018; Lovaas, 1987; Martone, 2012). Um dos modelos de tratamento que também mostrou resultados e�cazes é o modelo de comportamento verbal (VB), também analítico-comportamental, que tem como objetivo o ensino da linguagem baseados em análises funcionais (Santos-Carvalho & Martone, 2012). https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 34 walden4.com.br Esses quatro passos são utilizados para tratar de dé�cits e excessos comportamentais. No próximo capítulo, abordamos em mais detalhes o que são dé�cits e excessos comportamentais. 1. Avaliação inicial (avaliação do repertório inicial da criança.); 2. De�nição dos objetivos a serem alcançados (aumentar e diminuir a frequência de determinados comportamentos); 3. Elaboração de programas (procedimentos); 4. Avaliação do progresso (identi�car se o programa está funcionando ou não). Braga-Kenyon et al. (2005) mencionaram o uso de intervenções analítico-comportamentais para a educação especial, que é caracterizada como prática cientí�ca que se baseia em quatro passos fundamentais: Os tratamentos baseados na ABA, de acordo com Braga-Kenyon, Kenyon, e Miguel (2005), utilizam métodos fundamentados em princípios cientí�cos do comportamento para construir repertórios que são socialmente relevantes e reduzir repertórios problemáticos. Geralmente, a população indicada para receber serviços oferecidos pela educação especial apresentam uma ausência, isto é, “falhas” de comportamentos relevantes, sejam eles sociais (e.g., contato visual, habilidade de manter uma conversa, verbalizações espontâneas) e de atividades da vida diária (e.g., habilidade de manter a higiene pessoal, de utilizar o banheiro). Pode-se notar também nessa mesma população alguns comportamentos em "excesso", tais como agressões, estereotipia, autolesões, agressões verbais e fugas. https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 35 walden4.com.br walden4.com.br https://www.walden4.com.br/ http://walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 36 walden4.com.br Quando falamos de dé�cits e excessos comportamentais relacionados ao TEA, estamos falando, em grande parte, de um tipo de comportamento denominado de comportamento operante. Cooper, Heron e Heward (2013, p. 45) de�niram comportamento assim: "Comportamento é a atividade dos organismos vivos. Comportamento humano é tudo o que as pessoas fazem, incluindo como eles se movem e o que eles dizem, pensam e sentem. Abrir um saco de amendoins é comportamento, assim como o é pensar o quão bom será o gosto do amendoim uma vez que o saco esteja aberto. Ler esta frase é comportamento, e se você está segurando o livro, também o é sentir o peso e a forma do livro nas suas mãos." Comportamento operante, dé�cits e excessos https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 37 walden4.com.br De acordo com Moreira e Medeiros (2019), para que um comportamento possa ser classi�cado como operante, ele deve produzir consequências que se constituam em alterações no ambiente e que a probabilidade de ocorrência futura desse comportamento seja afetada por essas consequências. Por exemplo, Todorov (2012) a�rmou que só é possível identi�car um comportamento operante quando há variações nas consequências que esse comportamento produz e alteram, por exemplo, o poder de controle que sobre ele têm o estímulo discriminativo. Para ele, há dois aspectos do ambiente a serem considerados: (a) um efeito sobre o ambiente resultante da resposta e (b) alguma consequência que depende desse efeito. https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 38 walden4.com.br O comportamento operante é suscetível aos procedimentos de reforçamento e extinção, uma vez que, o comportamento produz consequências e é controlado por elas. Assim, existem consequências que aumentam e existem consequências que diminuem a probabilidade de um determinado comportamento voltar a ocorrer. A consequência reforçadora é um tipo de consequência que aumenta a probabilidade de o comportamento voltar a ocorrer. Esse tipo de contingência é expressa na forma se.... então... se o comportamento X ocorrer, então a consequência Y ocorre. Por exemplo, se a criança faz birra, então ela ganha um doce. Se ganhar o doce aumenta a probabilidade da criança voltar a fazer birras em situações semelhantes, dizemos que a birra é um comportamento operante (Moreira & Medeiros, 2019; Todorov, 1991). Por outro lado, temos a extinção operante, que ocorre quando o reforçamento de um comportamento é suspenso e a sua frequência diminui, retornando à frequência com que ocorria antes de ter sido reforçado (nível operante). Por exemplo, se uma pessoa troca mensagens por aplicativo de celular quase todos os dias com um primo, o primo responder funciona como a consequência reforçadora para o comportamento de enviar mensagens. Se o primo parar de responder às mensagens, o comportamento de enviar mensagens não será mais reforçado, o que consiste em um exemplo do procedimento de extinção operante (Moreira & Medeiros 2019). Neste exemplo, a pessoa irá parar de enviar mensagens para o primo. A diminuição da probabilidade de ocorrência de determinados comportamentos também pode ocorrer por meio de punição positiva e negativa. Quando a probabilidade de ocorrência de um comportamento é reduzida em função da adição de um estímulo ao ambiente como sua consequência, esse estímulo consequente é denominadode estímulo punitivo positivo. Quando a probabilidade de ocorrência de um comportamento é reduzida em função da retirada de um estímulo do ambiente, o estímulo consequente é denominado de estímulo punitivo negativo (Catania, 1999; Moreira & Medeiros, 2019). https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 39 walden4.com.br De acordo com a literatura e com os estudos realizados é possível por meio dos procedimentos utilizados na ABA, tais como, reforçamento, extinção, punição, entre outros, aumentar e diminuir a frequência de comportamentos relacionados ao TEA, alterando dé�cits e excessos comportamentais, visto que são comportamentos operantes passíveis de serem controlados, são passíveis de serem in�uenciados. Neste livro, falaremos sobre o que se chama na literatura da área de comportamentos-problema. No próximo capítulo são apresentados de�nições e exemplos de comportamentos-problema. Comportamentos-problema (desa�adores) e suas funções Um tipo geral de comportamento de especial interesse para este trabalho é aquele que é chamado na literatura analítico-comportamental de comportamento-problema. De maneira geral, a literatura analítico-comportamental chama de comportamento-problema os comportamentos que produzem algum dano à própria pessoa que os emite, a terceiros ou a propriedades. Agressão, auto-lesão e destruição de objetos são exemplos de comportamentos- problema. Comportamento-problema é, no geral, comportamento operante, isto é, é um comportamento que é controlado, in�uenciado, por suas consequências. Isto signi�ca que o comportamento- problema pode ter sua probabilidade de ocorrência alterada por procedimentos de reforçamento positivo e reforçamento negativo, extinção e punição (Catania, 1999; Moreira & Medeiros, 2019). Dito de outra maneira, comportamentos-problema podem �car mais frequentes ou menos frequentes de acordo com o que fazemos depois que eles ocorrem. https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 40 walden4.com.br De acordo com a literatura analítico-comportamental, comportamentos-problema, sobretudo de crianças com algum tipo de comprometimento no desenvolvimento, são mantidos por atenção, obtenção de item, fuga/esquiva de demandas e estimulação sensorial. Richman et al. (2015) apontaram como as principais funções dos comportamentos-alvo as seguintes funções: automático, atenção, tangível, fuga, inconclusivo, desconhecido. O termo "comportamento- alvo'' é utilizado para indicar qual comportamento de uma pessoa será o comportamento trabalhado em uma determinada intervenção. Por exemplo, se uma criança dá birras e o psicólogo irá trabalhar com este comportamento, tentando reduzir a frequência desse comportamento, dizemos que a birra é o comportamento-alvo da intervenção. https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 41 walden4.com.br O termo "função do comportamento'' é utilizado para indicar qual aspecto do ambiente da pessoa está fazendo com que a pessoa continue emitindo um determinado comportamento. Nesse sentido, os comportamentos-problema continuam ocorrendo porque produzem certas consequências no ambiente que por vezes são reforçadoras. Por exemplo, se uma criança dá birras quando quer um brinquedo e seus pais por vezes acabam cedendo e dão o brinquedo após a criança começar a dar birras, pode-se dizer que a função do comportamento de birra é a obtenção de item, e que a consequência reforçadora é o brinquedo, neste caso. Analisaremos, a seguir, as principais funções e consequências que um comportamento pode ter. Obtenção de atenção A função de muitos comportamentos é a obtenção de atenção de outras pessoas. Portanto, a consequência reforçadora para estes comportamentos é a produção de atenção. Por exemplo, se uma criança fala palavrões e outras crianças ou adultos riem quando ela fala palavrão, e isso acontece com frequência, dizemos que a função do comportamento é a obtenção de atenção. Pode-se dizer também que o comportamento da criança de falar palavrões é mantido pelas consequências, que neste caso foram receber atenção. As consequências reforçadoras na forma de atenção podem ocorrer de diferentes maneiras: olhar, rir, conversar, tocar (contato físico), elogiar, entre outros. Até mesmo broncas podem funcionar como obtenção de atenção em alguns casos. https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 42 walden4.com.br Obtenção de itens tangíveis A função de muitos comportamentos é a obtenção de itens tangíveis. Portanto, a consequência reforçadora para estes comportamentos é a entrega de itens tangíveis. Por exemplo, a criança pode se envolver em comportamento de birra com a função de obter algum brinquedo e os pais acabam cedendo e dando o brinquedo para criança, que neste caso é a consequência reforçadora. Itens tangíveis podem ser, entre outras coisas, objetos, comidas, bebidas e brinquedos. Fuga A função de muitos comportamentos é a fuga, é se livrar de alguma atividade, situação ou objeto. Portanto, a consequência reforçadora para estes comportamentos é se livrar de alguma atividade, situação ou objeto. Por exemplo, você pode pedir para uma criança fazer a tarefa de casa e ela começar a dar birras, e ela faz isso na maioria das vezes que é solicitada a fazer uma tarefa. Adicionalmente, quando ela dá birras, você acaba perdendo a paciência e libera a criança de fazer a tarefa. Neste exemplo, a função da birra é fugir da atividade e a consequência reforçadora é a liberação da criança de fazer suas atividades. https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 43 walden4.com.br Reforçamento automático Em alguns casos, a própria execução do comportamento é su�ciente para manter o comportamento ocorrendo, isto é, a função do comportamento não é produzir atenção, nem itens tangíveis e nem fuga de uma atividade. Nestes casos, dizemos que o comportamento tem reforçamento automático. Inconclusivo e desconhecido Inconclusivo e desconhecido não são funções do comportamento. Richman et al. (2005) utilizaram estes termos para se referir a pesquisas nas quais não foi possível identi�car a função dos comportamentos-alvo da intervenção. A função de um comportamento é descoberta realizando-se um procedimento chamado de análise funcional ou avaliação funcional (Iwata & Dozier, 2008). Para realizar a avaliação funcional é preciso colocar a pessoa em algumas tarefas especí�cas para se tentar identi�car que tipo de consequência está mantendo o comportamento-alvo. Por exemplo, se o comportamento-alvo é birra, podemos deixar a criança em uma sala sozinha e veri�car se ela dá birras quando está sozinha, sem ninguém dando atenção a ela. Se ela não dá birras sozinha, já sabemos que a birra dela não é mantida por reforçamento automático. https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 44 walden4.com.br Em seguida, colocamos a criança em uma sala e damos atenção a ela quando ela dá birras e observamos a frequência das birras. Se ela �car dando birra nesta situação, podemos dizer que a função de birra é produzir atenção de outras pessoas. Se a criança não der birras nesta situação, colocamos ela numa situação em que tenha brinquedos ou comidas de preferência da criança, mas fora do alcance dela. Se ela der birras, você entrega o brinquedo. Se a criança �car dando birras nesta situação, dizemos que a função da birra é produzir itens tangíveis. Por outro lado, se colocarmos a criança em uma situação na qual solicitamos para ela que faça uma tarefa da escola, por exemplo, e ela começa a dar birras quando pedimos que ela faça tarefa, e ao dar a birra, liberamos ela dessa tarefa, e ela continua dando birras quando solicitada a fazer a tarefa, dizemos que a função da birra é de fuga de demanda: a criança dá birras porque dar birras elimina a tarefa de seu ambiente. https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 45 walden4.com.br walden4.com.br https://www.walden4.com.br/ http://walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 46 walden4.com.brUm comportamento não precisa ser reforçado sempre que ocorre para continuar ocorrendo. Por exemplo, se o pai às vezes dá para a criança o brinquedo que deseja quando ela está dando birras e às vezes não dá, já é su�ciente para fazer com que a criança continue dando birras quando quiser brinquedos. Isso signi�ca que comportamentos operantes podem ser reforçados intermitentemente. Nestes casos, falamos de esquemas de reforçamento intermitentes. De acordo com Moreira e Medeiros (2019), os esquemas de reforçamento estão relacionados às condições que as respostas devem obedecer para que o estímulo reforçador seja apresentado. Há quatro tipos principais de esquemas de reforçamento intermitentes: razão �xa, razão variável, intervalo �xo e intervalo variável. Nos esquemas de razão �xa e razão variável, o reforçamento depende do número de ocorrências da resposta, ou seja, a condição necessária para a liberação da consequência reforçadora é o número de respostas emitidas. Nos esquemas de reforçamento intermitente de intervalo �xo e intervalo variável, o reforçamento depende da passagem de certo período de tempo desde o reforçamento da última resposta (Moreira & Medeiros, 2019) - ainda assim, uma resposta deve ocorrer para que haja a apresentação da consequência reforçadora. Os esquemas de reforçamento de razão e de intervalo são chamados de esquemas de reforçamento contingentes. São contingentes porque a apresentação do estímulo reforçador é contingente à ocorrência de, pelo menos, uma resposta, ou seja, nestes esquemas o reforçamento depende da ocorrência de no mínimo uma resposta (Moreira & Medeiros, 2019). Além dos esquemas contingentes, há esquemas de reforçamento não-contingentes, isto é, esquemas nos quais o estímulo reforçador é apresentado independentemente da ocorrência de uma resposta especí�ca. Esquemas de reforçamento não-contingente https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 47 walden4.com.br Há três esquemas de reforçamento não-contingentes: tempo �xo, tempo variável e acesso contínuo. Nos esquemas de tempo �xo, os estímulos reforçadores são apresentados em intervalos de tempo �xo regulares, ainda que não ocorra alguma resposta. Nos esquemas de tempo variável os reforçadores são apresentados em intervalos irregulares de tempo, girando em torno de uma média, mesmo que não ocorra uma resposta especí�ca (Moreira & Medeiros). Nos esquemas de acesso contínuo, o reforçador �ca sempre disponível para o indivíduo. Esquemas de reforçamento não-contingente têm sido amplamente utilizados para o tratamento de TEA, possibilitando a redução de comportamentos-problema característicos desse quadro. A ideia de se utilizar esquemas de reforçamento não-contingentes para reduzir a frequência de comportamentos-problema é: https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 48 walden4.com.br 1. Comportamentos-problema continuam ocorrendo porque produzem certas consequências (por exemplo, obter atenção de outras pessoas); 2. Se o comportamento ocorre porque produz determinada consequência, para que ele pare de ocorrer basta retirar a consequência que o mantém (por exemplo, parar de dar atenção para a criança quando ela dá birras); 3. Simplesmente retirar a consequência que mantém o comportamento, embora funcione para reduzir a frequência do comportamento, pode gerar alguns efeitos comportamentais indesejados. 4. Neste sentido, apresentar o item reforçador de tempos em tempos, sem relação com o comportamento-alvo, pode enfraquecer a relação entre a ocorrência do comportamento e a produção da consequência. Para ilustrar o raciocínio acima, considere a situação a seguir. Uma criança é birrenta, no sentido de que está sempre dando birras. Os pais observam que as birras, na maioria das vezes, ocorrem quando a criança quer um doce: ela pede o doce, os pais não dão o doce; a criança começa a dar birras e os pais dão o doce. Essas interações ocorrem quase todos os dias. Neste caso, parece correto dizer que a birra da criança é mantida, isto é, continua ocorrendo, pela obtenção de item comestível. Neste caso, para que a criança pare de dar birras, bastaria os pais simplesmente não darem mais o doce para ela. No entanto, este procedimento pode ser suavizado se os pais derem doce para ela de tempos em tempos independentemente dela estar dando birra ou não. Se os pais dão um pedaço de doce de uma em uma hora para a criança, eles estariam utilizando um esquema de reforçamento não-contingente de tempo �xo de 1 hora. Aos poucos, esse tempo de uma hora pode ser aumentado, de tal forma que em alguma momento o esquema poderá ser suspenso e a criança não estará mais dando birras com função de obter doces. Abaixo estão descritos os diferentes tipos de esquemas de reforçamento não contingente. https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 49 walden4.com.br Tempo �xo O estímulo reforçador é apresentado, é dado à pessoa, em intervalos de tempo iguais. Por exemplo, deixar a criança brincar com o videogame, por cinco minutos, de 30 em 30 minutos. Quando o estímulo reforçador é o acesso a um objeto ou atividade, é preciso especi�car o tempo que a pessoa �cará consumindo o estímulo reforçador. Por exemplo, se o estímulo reforçador for acesso ao videogame (jogar um joguinho no videogame) e o esquema de reforçamento for de tempo �xo de 5 minutos, poderia-se fazer da seguinte maneira: 1. Iniciar o cronômetro; 2. Quando o cronômetro marcar 5 minutos, entregar o videogame para a criança; 3. Deixar ela brincando com o videogame por 1 minuto; 4. Após 1 minuto, retirar o videogame dela; 5. Reiniciar o cronômetro; 6. Quando o cronômetro marcar 5 minutos, repetir os passos. Tempo variável O estímulo reforçador é apresentado, é dado à pessoa, em intervalos de tempo irregulares. Por exemplo, deixar a criança brincar com o videogame, por cinco minutos, depois de 30 minutos, depois 10 minutos, depois de 15 minutos, depois de 45 minutos, etc. Acesso contínuo O estímulo reforçador �ca acessível o tempo todo. Deixar o videogame disponível para a criança brincar quando quiser. https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 50 walden4.com.br Procedimentos que são utilizados em combinação com o reforçamento não- contingente Em algumas intervenções são utilizados procedimentos em combinação com os esquemas de reforçamento não-contingente, como a redução da densidade do esquema, que consiste no aumento gradativo do intervalo de tempo para a entrega dos estímulos reforçadores. Por exemplo, uma intervenção com esquema de tempo �xo de 30 segundos para entrega de itens tangíveis (estímulo reforçador) pode ser aumentada para 60 segundos, 120, segundos, 180 segundo até 300 segundos, de forma gradativa, conforme a frequência do comportamento- problema diminui. Outro procedimento comumente utilizado em combinação com esquemas não-contingente é a extinção, que consiste na suspensão na liberação do reforço. Por exemplo, se por meio da análise funcional observar que a função do comportamento de birra da criança é obtenção de atenção (neste caso, o estímulo reforçador), não será mais dada atenção à criança quando ela se envolver em comportamento de birra. Os procedimentos de extinção podem ser utilizados imediatamente após as sessões de reforçamento não-contingente. A seguir serão apresentadas as descrições didáticas realizadas com base nas informações trazidas pelos 16 artigos selecionados para a realização do presente trabalho. Vale destacar que essas descrições que serão apresentadas nos resultados, foram divididas em 7 subseções: Referência bibliográ�ca; Participantes (características e habilidades de cada participante); Comportamento-alvo (as de�nições trazidas pelos artigos acerca do comportamento-problema da criança); Análise funcional (os resultados da análise-funcional); Linha de base (frequência do comportamento-problema antes da intervenção); Intervenção ( procedimentos realizados na intervenção como, tipo de esquemareforçamento não-contingente, número de sessões, local, intervalo, sigla, estímulo reforçador e a execução); e os Resultados da intervenção. https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 51 walden4.com.br Diversas pesquisas têm mostrado o efeito de esquemas de reforçamento não-contingente para reduzir a ocorrência de comportamentos-problema (e.g., Atwell, Normand & Wilder, 2005; Getch & Noel, 2016). Um exemplo do uso de esquemas de reforçamento não-contingentes para a redução de comportamentos problema foi descrito por Wilder et al. (2005). O objetivo da pesquisa foi investigar o uso de reforço não-contingente para o tratamento de comportamentos-problema (autolesão, neste caso) e recusa de alimentos. A pesquisa foi realizada com uma menina de 40 meses (Rita). As sessões foram realizadas duas vezes por semana com duração de 10 minutos cada, durante aproximadamente 6 semanas, em uma sala de terapia equipada com um espelho unidirecional. Foi realizada uma breve avaliação funcional, e posteriormente, uma avaliação do tratamento. Durante a breve análise funcional, Rita foi exposta a quatro condições: ignorar, brincar, demanda e atenção. Durante a condição de ignorar, o psicólogo não interagiu com Rita e não houve consequências programadas para o comportamento de autolesão. Durante a condição de brincar, Rita teve acesso a itens e atividades preferenciais identi�cados por meio de uma avaliação de preferências de estímulo pareado, e nenhuma demanda foi apresentada. O psicólogo dava atenção à Rita em um tempo �xo de 30 segundos, e não houve consequências programadas para o comportamento de autolesão. Exemplo do uso de esquemas de reforçamento não-contingentes para redução da frequência de ocorrência de comportamentos-problema https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 52 walden4.com.br Durante a condição de demanda, Rita sentou-se no chão da sala de psicoterapia. O psicólogo apresentava uma porção de comida (isto é, milho e batata-doce, comida para bebê em estágio 2) em uma colher a cada 30s. O psicólogo fazia um breve elogio se Rita aceitasse a mordida. Contingente ao comportamento de autolesão, a colher era removida e o psicólogo se afastava de Rita por aproximadamente 15s. Se Rita não aceitasse a comida, mas também não se envolvesse no comportamento de autolesão, a colher permanecia em seus lábios por 30s, momento em que uma nova mordida era apresentada. A próxima comida era apresentada após o intervalo de fuga ou no próximo intervalo de 30s. Durante a condição de atenção, o psicólogo leu uma revista e não interagiu com Rita. Contingente ao comportamento de autolesão, o psicólogo apresentava uma declaração de preocupação e um breve toque físico. https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 53 walden4.com.br Na fase de avaliação do tratamento, as sessões de linha de base eram idênticas às condições de demanda da breve análise funcional. Durante o reforçamento não-contingente, as sessões permaneceram idênticas às da linha de base, exceto que Rita teve acesso contínuo a um vídeo infantil (identi�cado como o item mais preferido por meio de uma avaliação de preferência por estímulo emparelhado). Durante o comportamento de autolesão, o psicólogo continuou a retirar a colher e a afastar-se de Rita, por aproximadamente 15s. De acordo com os resultados do estudo de Wilder et al. (2005), durante a primeira fase da linha de base, o comportamento de autolesão ocorreu durante uma média de 44% dos intervalos de tempo registrados. Já no decurso da primeira fase do tratamento com esquemas de reforçamento não-contingente, a autolesão diminuiu para uma média de 7% dos intervalos. Durante o retorno à linha de base, a autolesão aumentou para uma média de 66% dos intervalos. Já no decurso da segunda fase do tratamento com esquema de reforçamento não- contingente, a autolesão diminuiu novamente para uma média de 6% dos intervalos. Em relação a aceitação de comida, durante a primeira fase da linha de base, Rita aceitou uma média de 20% das porções de comida oferecidas. Durante a primeira fase do reforçamento não- contingente, sua aceitação aumentou para uma média de 90% das porções de comida oferecidas. Durante o retorno à fase inicial, Rita aceitou uma média de 23% das porções de comida oferecidas. Finalmente, durante a segunda fase do reforçamento não-contingente, a aceitação de Rita aumentou para uma média de 93% das porções de comida oferecidas. Assim, os resultados sugerem que o reforçamento não-contingente pode ser um tratamento e�caz para a autolesão mantida por fuga em algumas crianças que apresentam recusa de alimentos. Além disso, o estudo sugere que em algumas crianças a aceitação de alimentos pode ser aprimorada com o uso do reforçamento não-contingente (Wilder et al., 2005). https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 54 walden4.com.br Outro exemplo do uso de esquemas de reforçamento não-contingentes para a redução de comportamentos problema foi descrito por Noel e Getch (2016), cujo o objetivo foi determinar em que medida os procedimentos do reforçamento não-contingente podem ser usados para diminuir comportamentos problemáticos de alunos com diagnóstico de TEA e para determinar em que medida os funcionários de uma instituição de ensino podem implementar os procedimentos do o reforçamento não-contingente por meio de modelagem via vídeo e feedback corretivo. Dois alunos diagnosticados com TEA de 11 e 12 anos e dois estudantes de graduação para aplicar a intervenção participaram da pesquisa. Os comportamentos- problemas a serem modi�cados consistiam em conversas com teor negativo (por exemplo, declarações falsas, lamentações, reclamações, provocações ou zombaria de outra pessoa), bem como de recusa em cumprir as ordens do professor. Parte dos procedimentos utilizados consistiu em um analista de comportamento conduzir uma avaliação para identi�car a função do comportamento problemático de cada participante. O pesquisador utilizou uma entrevista de avaliação funcional para obter informações da equipe, do programa e prestadores de cuidados com os participantes sobre o comportamento dos mesmos. O pesquisador conduziu a observação direta do participante em diferentes ambientes fora da escola, medindo um total de quatro horas para cada participante. https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 55 walden4.com.br Os resultados da pesquisa de Noel e Getch (2016) demonstraram os impactos positivos que o reforçamento não-contingente pode ter na redução do comportamento do problema, podendo ser utilizada com alta integridade do tratamento por funcionários não familiarizados com intervenções comportamentais em ambientes fora da escola. Os resultados também indicaram que o reforçamento não-contingente pode ser utilizado de forma efetiva com alunos que demonstram comportamentos inadequados em um ambiente de grupo, quando apenas os alunos-alvo estão recebendo o reforçamento não-contingente. Para os pro�ssionais, este estudo demonstra a aplicabilidade do reforçamento não-contingente em um ambiente que pode ser menos estruturado do que uma sala de aula típica. Além dos resultados apresentados, o estudo Noel e Getch (2016) ilustra que um treinamento básico sobre procedimentos do reforçamento não-contingente pode resultar em altos níveis de integridade do tratamento, mesmo entre professores de enfermagem que possuem treinamento limitado em Análise do Comportamento Aplicada (ABA) ou intervenções comportamentais. Dessa forma, intervenções comportamentais que se mostraram promissoras na redução de comportamentos problemáticos e perturbadores se mostraram necessárias em contextos educacionais e inclusivos baseados na comunidade. Os resultados sugeriram que obter atenção era a função do comportamento-problema para cada participante. Foi determinado, antes da intervenção, o esquema de reforçamento calculando a taxa média na qual o aluno recebeu atenção do professor na forma deelogios ou repreensões durante as observações da linha de base (número arredondado para o minuto mais próximo). Para ambos os participantes, o esquema foi determinado como um esquema de tempo �xo de 1 minuto . Para ser codi�cado como uma entrega do reforçamento não- contingente apropriada, a equipe teve que atender a dois critérios: (a) uma declaração neutra foi feita dentro de 5s do intervalo de 1 minuto e (b) a declaração foi direcionada explicitamente ao participante. https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 56 walden4.com.br O estudo de Noel e Getch (2016) indicou que o reforçamento não-contingente é uma dessas intervenções promissoras que pode ser implementada com relativa facilidade em todos os ambientes e como mostrado neste estudo, pode ser implementada com participantes-alvo em um ambiente de grupo. Além disso, este estudo demonstra a facilidade com a qual funcionários com pouco treinamento em intervenções comportamentais podem implementar com sucesso o reforçamento não-contingente. Dessa forma, é possível constatar por meio dos estudos citados que o reforçamento não-contingente tem se mostrado efetivo para a redução de comportamentos-problema decorrentes do TEA. Evidências adicionais desta efetividade serão apresentadas a seguir. https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 57 walden4.com.br A e�cácia do uso de esquemas de reforçamento não- contingentes De acordo com Muñoz, Takayanagui, dos Santos e Sanchez-Sweatman (2002), quando uma área de pesquisa possui muitas publicações de pesquisas experimentais sobre um determinado tema, é possível avaliar-se o efeito geral entre as pesquisas da variável independente sobre a variável dependente realizando-se uma metanálise. Uma metanálise é de�nida como um método estatístico utilizado para a análise numérica da revisão sistemática, isto é, uma apresentação quantitativa de resultados. Também é possível realizar-se revisões sistemáticas da literatura, que é denominada dessa forma, quando a informação obtida a partir dos estudos incluídos na revisão não é suscetível à análise estatística, ou seja, a apresentação dos resultados é qualitativa. De forma geral, a metanálise e a revisão sistemática são realizadas com a participação de um determinado grupo de pesquisadores. Os autores de�nem um tema determinado, normalmente com a �nalidade de estabelecer a relação de causalidade existente entre dois fatores, seguindo uma sequência de passos que deve ser percorrida. A sequência de passos consiste em (Muñoz et al., 2002): 1. De�nição do problema; 2. Desenho do teste de relevância; 3. De�nição das bases de dados e unitermos e levantamento de dados; 4. Primeira aplicação do teste de relevância (rejeição/ aceitação preliminar); 5. Segunda aplicação do teste de relevância- texto completo (rejeição/ aceitação de�nitiva); 6. Análise dos artigos considerando as evidências apresentadas (apresentação quantitativa dos resultados/apresentação qualitativa dos resultados); 7. Discussões e conclusões. https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 58 walden4.com.br Dado o grande número de pesquisas que avaliam o efeito do reforçamento não-contingente sobre comportamentos-problema em língua Inglesa, pode-se veri�car na literatura metanálises e revisões sistemáticas que buscaram analisar o uso do reforçamento não- contingente para o tratamento de comportamentos-problema em indivíduos com atrasos de desenvolvimento. Carr, Severtson e Lepper (2009) apontaram, através de uma metanálise, que o reforçamento não-contingente tem sido usado para tratar o comportamento problemático mantido por várias funções, incluindo fuga de demandas instrucionais, atenção, acesso a itens tangíveis e reforçamento automático, bem como de comportamentos-problema com múltiplas funções. Além disso, o reforçamento não-contingente demonstrou ser e�caz para vários comportamentos diferentes, incluindo comportamentos de autolesão, agressão, estereotipia, pica, fuga, interrupção e fala bizarra. Quando inserida em pacotes de tratamento, o reforçamento não-contingente também aumentou a e�cácia de outros tratamentos, como a extinção, treinamento de comunicação funcional e manipulação do custo de resposta. A metanálise conduzida por Carr et al. (2009) teve como objetivo analisar quantitativamente e classi�car o suporte empírico para o reforçamento não-contingente a �m de melhorar as informações que são direcionadas aos pro�ssionais e formuladores de políticas envolvidos na seleção ou aprovação de tratamentos para indivíduos com atraso no desenvolvimento. Para isso, foram realizadas pesquisas nos bancos de dados PsycINFO, ERIC, Medline e Journal of Applied Behavior Analysis, utilizando os seguintes descritores: reforço não-contingente, tempo �xo, tempo variável, comportamento-problema, autismo e atraso no desenvolvimento. https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 59 walden4.com.br A partir dessas pesquisas iniciais, Carr et al. (2009) identi�caram 325 artigos. Desses, alguns artigos foram excluídos com base em alguns critérios como (a) o reforçamento não- contingente não ter sido usado como tratamento para o comportamento-problema, (b) os participantes não terem sido diagnosticados com atraso no desenvolvimento ou (c) o reforçamento não-contingente não pode ter sido implementado como parte de um pacote de tratamento com outra intervenção que não a extinção. Após aplicar os critérios de exclusão, restaram 59 artigos para análise. De acordo com Carr et al. (2009), dos 59 estudos de tratamento com reforçamento não- contingente que foram analisados, 24 forneceram suporte ao reforçamento não-contingente como um tratamento baseado em função para o comportamento problemático de indivíduos com de�ciências de desenvolvimento. Os resultados indicaram que o intervalo �xo com extinção e redução do esquema pode ser classi�cado como um tratamento bem estabelecido; tempo �xo com extinção e tempo variável com extinção podem ser classi�cados como provavelmente e�cazes; e tempo �xo com redução do esquema podem ser classi�cados como tratamentos experimentais no momento. Assim, foi possível constatar que, independentemente de sua classi�cação, as formas de tratamento de reforçamento não- contingente que foram avaliadas produziram efeitos consistentemente sólidos. Richman et al. (2015) realizaram uma metanálise com o objetivo de realizar uma pesquisa sobre reforçamento não-contingente para (a) documentar a dimensão do efeito do reforçamento não-contingente para o tratamento do comportamento problemático, para (b) avaliar se o uso de reforçadores funcionais aumentou a e�cácia do reforçamento não- contingente em comparação com o reforçamento não-contingente usando reforçadores não funcionais, e (c) documentar os efeitos da redução do esquema programado sobre a dimensão do efeito do reforçamento não-contingente. Os critérios de inclusão de artigos no estudo foram os seguintes: https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 60 walden4.com.br 1. Comportamento socialmente signi�cativo exibido por um ser humano (com ou sem de�ciência) para redução; 2. A única manipulação entre as fases de linha de base e de intervenção ter sido a adição de reforçamento não-contingente; 3. Os dados foram exibidos no nível individual; 4. Pelo menos três pontos de dados foram incluídos em cada fase; 5. Foram utilizados intervalos consistentes de eixo (necessários para a extração computadorizada de dados); 6. A linha de base e o tratamento foram comparados em um delineamento de sujeito único excluindo delineamento AB apresentado no mesmo grá�co; 7. O esquema de remoção ou entrega do estímulo foi identi�cado e independente (ou seja, o esquema não estava ligado ao comportamento em outra condição); 8. A intervenção consistiu na entrega de reforçador com base no tempo independente da resposta. O estudo de Richman et al. (2015) indicou que o uso do reforçamento não-contingente foi associadoa uma diminuição substancial no comportamento-problema e representou 60% da variação do comportamento-problema entre a linha de base e o tratamento. Esses dados indicam fortemente que o reforçamento não-contingente é um tratamento e�caz e empiricamente embasado para diminuir comportamentos-problema. Esses dados fornecem fortes evidências de validade externa, o que pode aumentar o reconhecimento do reforçamento não-contingente fora da comunidade de analistas de comportamento. Em relação à comparação do reforçamento não-contingente usando reforços funcionais, foi diferente do reforçamento não-contingente usando reforços não funcionais. Embora o aumento no tamanho do efeito não tenha sido estatisticamente signi�cativo, o uso de reforçadores funcionais representou uma redução de 10% a mais da variação no comportamento-problema em relação aos reforçadores não funcionais. https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 61 walden4.com.br https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 62 walden4.com.br Ritter, Barnard-Brak, Richman e Grubb (2018) estenderam os achados de Richman et al. (2015). As análises de acompanhamento mostraram que a dimensão dos efeitos do reforçamento não-contingente eram muito semelhantes nos ambientes hospitalares/ambulatoriais, na agressão e destruição de propriedades e nos comportamentos autolesivos. Os resultados mostraram que a dimensão do efeito do reforçamento não-contingente para o tratamento do comportamento problemático mantido por uma forma de reforço social foi ligeiramente maior que o comportamento problemático mantido pelo reforço automático. De acordo com os estudos apresentados, foi possível constatar a e�cácia do reforçamento não-contingente para diferentes tipos de comportamentos-problema. Agora que já sabemos que esquemas reforçamento não-contingentes são e�cazes para o tratamento de comportamentos-problema, veremos, nos próximos capítulos, descrições de relatos de pesquisa/intervenção cientí�ca que utilizaram esquemas de reforçamento não- contingentes para o tratamento de comportamentos-problema. https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 63 walden4.com.br walden4.com.br https://www.walden4.com.br/ http://walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 64 walden4.com.br Título original An empirical analysis of two forms of extinction to treat aggression Título traduzido Uma análise empírica de duas formas de extinção para tratar a agressão Autores Mark O’Reilly, Giulio Lancioni, IanTaylor Jornal Research in Developmental Disabilities Publicado em 1999, Volume 20, Número 5, Páginas 315 a 325 Tratamento de agressão utilizando esquema de tempo �xo Resumo Comparamos a e�cácia de duas intervenções de extinção, extinção por omissão e entrega não contingente de reforço, para tratar comportamento agressivo com um menino de 10 anos. Antes da intervenção, uma análise funcional revelou que a agressão era mantida por reforço positivo na forma de atenção. A intervenção de extinção por omissão consistiu em ignorar comportamentos agressivos. O reforço não contingente envolveu dar atenção ao menino em um tempo �xo. Ambos os tratamentos foram comparados usando um delineamento de pesquisa de multielementos. O reforço não-contingente produziu uma eliminação mais rápida da agressão. Além disso, o esquema de reforço não-contingente foi gradualmente diminuído durante a intervenção. Finalmente, ambos os pais implementaram com sucesso o esquema não-contingente de reforço de forma independente por até 5 semanas após o tratamento https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 65 walden4.com.br Identi�cação Ricardo, 10 anos, Masculino. https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 66 walden4.com.br Diagnóstico Retardo mental leve (Escala Wechsler de Inteligência para Crianças -WISC-R). Repertório Ele frequentou uma sala de aula especial para crianças com retardo mental leve em uma escola primária local. Histórico Ricardo exibia altos níveis de agressão em casa tanto para os pais quanto para um irmão mais novo. Ambos os pais haviam comparecido separadamente a instalações médicas ambulatoriais para tratar ferimentos causados pelas explosões agressivas de Ricardo. Comportamento-alvo Agressão. A agressão consistia em: morder (colocar ou tentar colocar a boca aberta em qualquer parte de outra pessoa); arranhar (colocar ou tentar colocar os dedos em forma de garra nas mãos ou rosto de outra pessoa); bater com o punho fechado (isto também incluía tentativas de bater com o punho fechado). https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 67 walden4.com.br Descrição da intervenção Sessões Foram realizadas 3 sessões diárias com duração de 10 minutos cada sessão. Local As sessões foram realizadas na cozinha ou na sala da casa da família. Objetivo da intervenção Esquema de reforçamento principal Reduzir a frequência dos comportamentos de agressão. Análise funcional A análise funcional indicou que a agressão era mantida por reforçamento positivo na forma de atenção. A atenção prestada nessas sessões consistia em repreensões verbais durante aproximadamente 10 segundos. Por exemplo, se o Ricardo mordesse, o psicólogo dizia frases como "Que coisa feia!". O esquema de reforçamento não-contingente utilizado na intervenção foi um esquema de tempo �xo (FT). Estímulos reforçadores Atenção na forma de repreensões verbais: "Que coisa feia!", "Não faça isso", etc. https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 68 walden4.com.br Avaliação do comportamento-alvo Durante a avaliação do comportamento-alvo, havia na sala materiais como livros infantis e brinquedos disponíveis, mas nenhuma tarefa ou atividade especí�ca foi solicitada a Ricardo. A mãe de Ricardo permanecia a aproximadamente 3 metros dele. Sempre que Ricardo emitia algum comportamento agressivo, a mãe de bloqueava o comportamento agressivo dava atenção a ele - durante o restante do tempo da sessão a mãe ignorava quaisquer outros comportamentos de Ricardo. A atenção foi dada imediatamente após o bloqueio da agressão. A atenção consistia em reprimendas verbais por aproximadamente 10 segundos (exemplo: “Que feio isso!”, “Não faça isso.”). Durante o bloqueio, qualquer tentativa de arranhar, morder ou socar foi interrompida afastando-se Ricardo por aproximadamente 2 segundos um braço era totalmente estendido para a área do peito de Ricardo e ele não tinha permissão para se aproximar da pessoa). Nenhum contato visual ou interação verbal foi feita com Ricardo durante o bloqueio. O bloqueio foi conduzido dessa maneira em todas as fases subsequentes do estudo. Durante a avaliação do comportamento-alvo observou-se que, em média, Ricardo apresentou comportamentos agressivos em 26,2% dos intervalos de tempo de 10 segundos nos quais foram registradas as ocorrências de agressão. https://www.walden4.com.br/ CRUZ & MOREIRA (2021) Page 69 walden4.com.br Procedimento Foram utilizados dois procedimentos para reduzir a frequência dos comportamentos de agressão de Ricardo: extinção por omissão e reforçamento não contingente. Extinção por omissão. O psicólogo sentava-se a cerca de 3 metros de Ricardo e lia um livro ou se ocupava de algum tipo de papelada. O psicólogo não mantinha contato visual ou interação verbal com Ricardo durante as sessões de extinção por omissão. Vários brinquedos e livros estavam disponíveis na sala, mas Ricardo não recebia instruções para brincar com eles. Todas as agressões foram bloqueadas pelo psicólogo. Ricardo e o psicólogo apenas estavam presentes na sala durante as sessões. Reforçamento não contingente. O psicólogo dava atenção em um esquema de reforçamento não-contingente de intervalo �xo de 30 segundos. A atenção era concedida a cada 30 segundos independentemente do que Ricardo estivesse fazendo, inclusive se ele estivesse emitindo comportamentos agressivos. Inicialmente, a interação com Ricardo era realizada a cada 30 segundos e durava 10 segundos.
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