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1 Trabalho apresentado ao GT-08 Meios de hospedagem em turismo do VI SEMINTUR 2010. 2Bacharel em Turismo pela Universidade do Vale do Itajaí , Mestre em Turismo na Universidade de Caxias do Sul – UCS –Docente da Faculdade Anglo Americano Passo Fundo FAAPF- leslie_buhler@terra.com.br. 3Graduada em Psicologia pela Universidade de Passo Fundo - UPF. Mestre em Psicologia do Desenvolvimento pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Docente do curso de Psicologia da Universidade Positivo. Curitiba/PR - marleneblr@gmail.com Qualidade de Vida no Trabalho: contribuições para o desenvolvimento de trabalhadores e sua repercussão nas organizações.1 Leslie Vieira Bühler2 Faculdade Anglo Americano Passo Fundo Nelci Marlene Bühler da Silva3 Universidade Positivo Curitiba RESUMO Qualidade de Vida no Trabalho é um tema discutido na sociedade em geral, na mídia, nas famílias e em particular nas organizações empresariais. As relações que se estabelecem com o trabalho na vida contemporânea define a identidade individual e impulsiona o crescimento do ser humano. Entretanto, frequentemente, ele também assume um caráter conflitivo, sendo percebido como indesejado, um fardo que impede de viver. O trabalho configura-se como indesejado quando é realizado de uma forma fragmentada, burocratizada, rotineira, ou então, assume exigências e conflitivo com a vida social ou familiar. O presente artigo tem como objetivo realizar uma reflexão sobre o tema Qualidade de Vida no Trabalho. Para ilustrar o tema foram descritas ações realizadas pela área de Recursos Humanos de um Meio de Hospedagem, de bandeira internacional, localizado na cidade de Florianópolis/SC. Com a implantação do programa de Qualidade de Vida no Trabalho, a organização buscou favorecer a humanização e proporcionar bem estar para seus colaboradores. Os resultados obtidos apontam para o aumento da satisfação dos colaboradores e melhoria da qualidade dos produtos da empresa. Palavras-chave: Qualidade de vida; desenvolvimento profissional; meios de hospedagem; gestão e turismo. 2 1. Introdução Com as mudanças ocorridas no cenário do trabalho no final do século XX, houve transformações nos modelos gerenciais. A gestão tornou-se mais participativa e as pessoas, a partir desta fase, tornaram-se ativos, e, parte do processo organizacional, sendo mais valorizadas no seu trabalho. Cada vez mais, as organizações, estão percebendo que a qualidade de vida é um fator de extrema importância para o desenvolvimento de uma organização. A deterioração da qualidade de vida acarreta prejuízos de grandes dimensões para todos os envolvidos. Alguns índices apontam o crescimento dos acidentes de trabalho, aumento de doenças laborais (estresse, síndrome de Burnout, LER, DORT, etc.), alcoolismo, utilização crescente de drogas, aumento exagerado na necessidade de aquisição de bens de consumo, perda de contato com a natureza e até depredação da mesma. Aliado a tudo isso, aparece o problema da alienação e perda de significado do trabalho, que pode, também, ser considerado como uma causa dos diversos problemas. (MORAES citado em RODRIGUES, 2001). Com o desdobramento dessa problemática, já se iniciou na sociedade um amplo debate quanto às causas e alternativas de solução para esses problemas, e no âmbito das organizações, começam a surgir projetos e experiências de humanização do trabalho, demonstrando uma maior conscientização em relação a tais questões. O próprio empresário, já reconhece que é necessário criar condições adequadas para que as pessoas possam desenvolver o seu potencial e a sua criatividade, e evitar aquelas que possam gerar uma má qualidade de vida e stress no trabalho. (MORAES apud RODRIGUES, 2001). Este artigo pretende abordar questões sobre a qualidade de vida no trabalho e suas implicações para as organizações e contribuições para os seus colaboradores. Primeiramente, será realizada uma breve descrição do tema qualidade de vida no trabalho, seguida de reflexões sobre as vantagens e dificuldades de se implantar um programa de Qualidade de Vida no Trabalho em gestão empresarial. Em seguida serão demonstradas algumas atividades referentes à Qualidade de Vida no Trabalho realizada pela área de Recursos Humanos de uma empresa do ramo hoteleiro, localizada na cidade de Florianópolis/SC. Nas considerações 3 finais, apresentamos indicadores da empresa descrita apontando a diferença da qualidade dos produtos e o índice de satisfação dos colaboradores antes e depois da implantação do projeto de Qualidade de Vida. 2. Qualidade de Vida no Trabalho A qualidade de vida tem sido uma preocupação do homem desde o início de sua existência, tanto no ambiente laboral como em outros contextos, voltada para facilitar ou trazer satisfação e bem- estar na execução das tarefas. Observa-se que as organizações estão reconhecendo a importância de resgatar a humanização no ambiente de trabalho proporcionando melhores condições para o bem estar de seus trabalhadores sem descuidar também dos aspectos que contribuem para a sobrevivência das empresas. O autor Flannery (2002) ao abordar sobre o papel das pessoas nas organizações evidencia que: “seja qual for a estrutura ou estratégia de seus negócios, as empresas estão rapidamente percebendo que é o desempenho de seus ativos humanos, de seu pessoal, que pode fazer a diferença entre o fracasso e o sucesso”. Mayo (2003), ao abordar o valor humano na empresa, salienta que hoje as organizações se preocupam tanto com a "guerra pelo talento" como com qualquer outra questão relacionada a negócios e explica que isso acontece em função das mudanças progressivas desde 1990, quando se passou a atribuir um valor muito mais elevado aos ativos intangíveis como conhecimento, competências, marcas e sistemas. Esses ativos são conhecidos como capital intelectual da organização e são as pessoas o capital humano que constroe valor. A definição de qualidade de vida no trabalho conforme FRANÇA (1997, p.80) é “Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) é o conjunto das ações de uma empresa que envolve a implantação de melhorias e inovações gerenciais e tecnológicas no ambiente de trabalho. A construção da qualidade de vida no trabalho ocorre a partir do momento em que se olha à empresa e as pessoas como um todo, o que chamamos de enfoque biopsicossocial. O posicionamento biopsicossocial representa o fator diferencial para a realização de diagnóstico, campanhas, criação de serviços e implantação de projetos voltados para a preservação e desenvolvimento das pessoas, durante o trabalho na empresa.” Atualmente, nenhum empresário desconhece a premissa de que o sucesso organizacional está diretamente ligado a satisfação das pessoas que trabalham na organização, assim de uma forma 4 pragmática programas de Qualidade de vida no Trabalho são implantados visando contribuir tanto para elevar o bem estar dos trabalhadores quanto no retorno financeiro para a organização. Para HUSE & CUMMINGS apud RODRIGUES (2001) a QVT pode ser definida como uma forma de pensamento envolvendo pessoas, trabalho e organização, onde se destacam dois aspectos distintos: 1. A preocupação com o bem-estar do trabalhador e com a eficácia organizacional. 2. A participação dos trabalhadores nas decisões e problemas do trabalho. Esta definição, torna um programa de QVT diferente de outras abordagens tradicionais, uma vez que a eficácia da operacionalização do conceito só é possível através da plena participação do trabalhador nos problemas e soluções organizacionais. Para que isso ocorra, é necessário que ocorra, também, as reestruturações de cargos de tal forma que atendam às necessidades tecnológicas do trabalhador incluindo uma variedade maior nas tarefas, nos feedbacks e também, nos grupos de trabalho auto-regulados.Evidentemente, essa reestruturação também traz implicações nas políticas de remuneração. A qualidade, também se reflete no sistema de recompensas visando minimizar as diferenças salariais e de status entre os trabalhadores. Outro ponto relevante é a melhoria no ambiente de trabalho, envolvendo mudanças físicas ou tangíveis nas condições de trabalho como: flexibilidade de horário, modificação do local dos equipamentos de trabalho, etc. Para Huse & Cummings com as melhorias das condições de trabalho, os operários tornam-se mais satisfeitos com seus serviços, ou seja, os programas de QVT afetam positivamente a produtividade de forma indireta conforme o esquema abaixo demonstra: Qualidade de Vida no Trabalho X Produtividade 5 NADLER & LAWLER apud ROGRIGUES (2001), identificaram fatores que prevêem o sucesso dos projetos de QVT. Os autores afirmam que: “Provavelmente, o fator determinante mais critico de sucesso, de viabilidade e de impacto a longo prazo dos esforços de QVT é a estrutura dos processos participantes que são criados”. Para que isso ocorra são necessários dois fatores: a existência de uma teoria notável e de um processo estruturado. Aspectos que exigem um treinamento prévio dos participantes. Para que o programa de QVT seja bem sucedido, existem ainda três necessidades básicas. A primeira, seria o desenvolvimento do projeto em níveis diferentes, coerentes com o contexto em que será aplicado. O segundo, envolve mudanças nos sistemas de gerenciamento e disposições organizacionais. E, finalmente, são necessárias mudanças no comportamento do gerenciamento superior. É preciso que a alta gerência não só esteja comprometida com o processo, mas participando ativamente dele, para que este possa ser disseminado em toda a organização. Apesar das vantagens referidas, às empresas encontram dificuldades em implantar ou manter os programas, muitas vezes pela necessidade de quebrar paradigmas, para garantir a efetiva implantação. Assim, é necessário que a implantação dos programas de qualidade de vida ocorra de maneira gradual para minimizar as resistências a mudanças. Em algumas empresas a resistência a mudanças é facilmente identificável, podendo vir de diferentes áreas, como por exemplo, da financeira ao exigir redução de custos e desconsiderando que o aparente “custo” é muito menor do que às vezes se imagina; além de aparentemente Qualidade de Vida no Trabalho Maior coordenação Maior motivação Maior capacidade Maior produtividade 6 ignorarem que muitas das medidas que se relacionam com qualidade de vida na empresa são exigências da legislação. Outra questão referente à resistência a mudança é a forma de comportamento dos colaboradores. Para se ter um programa de qualidade de vida no trabalho também é necessário que haja um comprometimento com o trabalho e um bom relacionamento entre os colaboradores, independente do nível hierárquico na organização. A falta de compromisso da gerência e diretoria da organização é sem dúvida um expressivo fator de insucesso dos programas de qualidade de vida, mais ainda quando vem acompanhada de falta de transparência nas relações e na comunicação. Há casos em que os chefes proíbem os subordinados de ir até a sala de outro colega para falar sobre trabalho. Normalmente, esse tipo de atitude dos líderes, reflete um sistema completamente falido de comunicação interna. Nesse tipo de ambiente, a equipe é sempre a última a ficar sabendo das decisões que afetam seu trabalho. A falta de diversidade de ambientes e experiências também afeta diretamente o desempenho. As organizações estão cada vez mais facilitando a vida dos colaboradores inserindo academias, postos bancários ou sessões de massagens. O fato, porém, é que muitos dos colaboradores se sentem cada vez mais exauridos sob a intensa pressão, sem tempo para a família ou para si mesmo. O que pode estar por trás dessa estratégia é garantir que os profissionais sintam-se acuados e coagidos a dar cada vez mais tempo para o trabalho. Lovelock (2001, p. 390-391) cita como exemplo a Southwest Airlines, considerada a melhor empresa para trabalhar nos Estados Unidos, no ano de 1998. Seu mérito decorre do fato de que seus gestores acreditam que o principal recurso é o pessoal, desde o momento da seleção, eles procuram pessoas que se enquadrem à cultura empresarial e que trabalhem em equipe. Alguns pesquisadores, como Thomas Jones e Earl Sasser da Harvard Business Review, têm estudado a relação entre as atitudes dos funcionários e as percepções da qualidade de serviço, fundamentando que as intenções dos clientes, para mudar para um concorrente poderiam ser vistas com base nas percepções da qualidade nos serviços. Segundo Melo (2008, p. 23), O novo paradigma para as organizações pressupõe troca, participação, rede de relacionamentos, aprendizagem individual e coletiva, favorecendo a conexão afetiva e intelectual entre as pessoas, tudo isso, é claro, de forma absolutamente ética. 7 A integração entre os colaboradores e a integridade dos indivíduos devem ser observados e valorizados nas organizações. A gestão de pessoas exerce papel fundamental no ambiente organizacional. 3. Estudo de caso A empresa objeto desta análise, possui nacionalidade Francesa, atua no Brasil há seis anos. Atualmente, possui 480 colaboradores distribuídos em quatro unidades operacionais. A área de Recursos Humanos foi responsável pela implementação das atividades desenvolvidas pela empresa que integram o programa de qualidade de vida do trabalhador. Abaixo, a descrição das ações implantadas na organização, cujo objetivo, é promover a qualidade de vida no trabalho: a) Capacitação e aperfeiçoamento profissional Para manter o padrão de qualidade dos serviços e atualização profissional, a empresa oferece treinamentos internos na área comportamental e operacional. Também é oferecida capacitação extracurricular que consiste em cursos externos conforme os dados do Levantamento de Necessidades de Treinamento. b) Avaliação de desempenho A empresa possui um sistema de avaliação de desempenho técnico de cada colaborador da produção onde são realizados testes referentes às funções de cada um. O objetivo é avaliar o grau de domínio de cada colaborador sobre os conhecimentos requeridos no desempenho de sua função e, evidenciar possibilidades internas de cooperação, dentro do próprio setor ou em outros setores. Com isso pretende-se estimular o colaborador a buscar seu autodesenvolvimento, abandonando postura passiva e dependente da empresa como a única responsável pelo desenvolvimento de competências e habilidades profissionais de seus colaboradores. c) Desenvolvimento Profissional Para oportunizar a valorização e crescimento profissional a empresa realiza seleção interna para preenchimento de cargos em aberto. No período de janeiro a julho ocorreram 17 processos seletivos internos sendo os cargos preenchidos através deste remanejamento. Nesses processos participaram aproximadamente 70 colaboradores. A empresa somente contrata profissional externamente para cargos específicos onde não haja colaboradores qualificados para a vaga dentro da própria empresa. O processo de seleção é conduzido de forma transparente e 8 esclarecedora através de entrevistas devolutivas a todos os interessados sobre os resultados obtidos. d) Qualidade A empresa adotou em maio de 2004 a ferramenta de qualidade denominada 5S2 buscando promover segurança, bons hábitos de saúde, limpeza e organização e combate os desperdícios causados durante o processo de trabalho. Com freqüência mensal são realizadas auditorias em todos os setores da empresa e atuam como auditores os colaboradores que manifestaram interesse e receberam qualificação. e) Comunicação interna Em relação á comunicação interna o principal meio éo jornal informativo com edição mensal. Os conteúdos das matérias são eventos e novidades ocorridas no período. A empresa também possui a “caixinha de sugestões” onde os colaboradores podem deixar seu recado, enviar sugestões e críticas para a melhoria da empresa. Há ainda o rádio interno que facilita a comunicação com relação a anúncios e demais informações. f) Eventos No dia 8 de março, dia internacional da mulher, e como aproximadamente 65% dos colaboradores da empresa são do sexo feminino, essas são homenageadas nesse dia. Foi realizado um almoço especial onde havia decoração de flores e música ao vivo durante as refeições. No final do dia todas as colaboradoras receberam um vaso de flor. Na semana em que se comemorou o dia da independência do Brasil foi realizado o Dia verde e amarelo, onde os colaboradores decoraram seus setores nas cores da bandeira do Brasil. Buscando promover a integração e o desenvolvimento de competências sociais e interpessoais foi implantado o evento denominado Show de Talentos. Os colaboradores participam do evento semanal através de equipes e os trabalhos em destaque realizam novas apresentações. Houve adesão e participação de todos os setores demonstrando empenho e motivação pela atividade. Com o objetivo de promover a integração entre a empresa, os colaboradores e suas famílias são realizados festejos comemorativos, tais como: Festa Junina, Festa do Trabalhador, etc. g) Benefícios 2 Ferramenta integrante dos Programas de Qualidade Total. Os 5 sensos são denominados: Senso de Utilização/Descarte (Seiri), Senso de Ordenação (Seiton), Senso de Limpeza (Seiso), Senso de Saúde e Higiene (Seiketsu), Senso de Auto-Disciplina/Ordem mantida (Shitsuke). 9 A empresa oferece cesta básica, convênios com academias, escolas de aperfeiçoamento profissional e alimentação no local de trabalho. No refeitório são realizadas decorações personalizadas para a celebração de datas comemorativas, por exemplo, festas juninas, natal, dia das mães, também são divulgados os nomes dos aniversariantes do mês além da decoração típica de aniversário. O refeitório possui um modelo de avaliação diária das refeições com três conceitos (bom, Regular e a melhorar), onde os colaboradores deixam sua opinião sobre a refeição. Os colaboradores organizam-se em agremiação que oferece vantagens como: cartão farmácia, utilização de mesa de jogos, churrasqueira, promoção de festas e eventos com entrada gratuita, desconto nos passeios e viagens e participação nos sorteios de brindes para os associados durante as festas. h) Responsabilidade social A empresa possui projetos de responsabilidade social que incluem ajuda financeira a duas instituições com caráter social, além de estimular a participação em atividades comunitárias. Existem colaboradores voluntários que realizam atividades em hospitais, casas lares e campanhas, rifas e campeonatos esportivos para arrecadação de fundos para projetos sociais. A empresa realiza freqüentemente reuniões com os voluntários para adquirir novas idéias e decidir quais ações comunitárias serão realizadas no mês. A mentalidade de responsabilidade social interna é estimulada através de um acompanhamento mensal de suporte com colaboradores afastados do trabalho por motivo de doença ou acidente de trabalho. O objetivo de manter contato com estes colaboradores é o de esclarecer dúvidas a respeito da sua situação ocupacional e acompanhar o engajamento e assiduidade no tratamento médico prescrito. Estes colaboradores recebem informações e encaminhamentos sobre o tratamento e indicações de tratamentos auxiliares para a recuperação. Nos encontros são abordados temas de interesse do grupo, através de realização de dinâmicas de grupo orientadas pela equipe do setor de Gestão de Pessoas. Em termos de Responsabilidade Social Interna há também investimentos na educação formal dos colaboradores, com a possibilidade de estudos e colação de grau de Ensino médio. A formatura é realizada na empresa bem como a subseqüente confraternização com formandos e seus familiares. j) Gestão ambiental 10 A empresa possui a seguinte política ambiental formalizada: “A empresa cumpre com todos os requerimentos ambientais, atendendo a legislação e regulamentação de seus clientes. Os processos são medidos e melhorados continuamente de maneira preventiva, os resíduos sólidos, gerados pelas atividades, e os materiais utilizados, são controlados com uma gestão ambiental efetiva”. Os colaboradores estão conscientes da importância da coleta seletiva de resíduos que contribuem para poupar os recursos naturais, aumentar a vida útil dos depósitos de lixo e diminuir a poluição. k) Esportes e Lazer A empresa incentiva à realização de esportes promovendo assim uma melhora na saúde física, lazer e convívio social, com o respaldo e patrocínio necessário para que o atleta possa treinar e competir em nível de igualdade com os demais atletas. Freqüentemente os colaboradores participam de torneios e eventos esportivos. g) Segurança no Trabalho Anualmente ocorre a Semana Interna do Meio Ambiente (SIMA), que consiste em palestras e atividades para informar e conscientizar da importância do bom aproveitamento dos recursos naturais. Os assuntos tratados incluem reciclagem de materiais, manejo de resíduos prejudiciais à saúde humana, educação ambiental relativa à preservação das florestas nativas e animais silvestres, evitação do desperdício, atividades de captação, tratamento e destino final da água. Também anualmente ocorre a SIPAT (Semana Interna de Prevenção a Acidentes de Trabalho) abordando assuntos pertinentes a prevenção de acidentes e promoção de saúde, a partir das sugestões dos próprios colaboradores. O Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT), conta com quatro profissionais com a finalidade de promover a saúde e proteger a integridade do trabalhador além de manter um ambiente saudável e seguro. Esta área realiza inspeções de segurança no ambiente laboral, com o apoio da brigada de emergência e a CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes). O conjunto de iniciativas da empresa no campo de preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores abrange ações como: Programa de prevenção de riscos ambientais (PPRA) e Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), com exames admissionais, demissionais e periódicos feitos pelo médico do trabalho. A empresa oferece atendimento médico ambulatorial diário, com o objetivo de solucionar dentro da empresa as questões de saúde que envolvem procedimentos de baixa complexidade. Todos os colaboradores 11 recebem acompanhamento ergonômico periódico nos postos de trabalho e realizam ginástica laboral seguindo os exercícios prescritos pelas fisioterapeutas, com o objetivo principal de preservar a saúde ergonômica e prevenir doenças ocupacionais. 4. Considerações: O relato mostrou ações referentes ao Programa de Qualidade de Vida no Trabalho implantado na organização. Para verificar a eficácia do programa apresentamos índices dos anos anteriores a implantação. O primeiro índice refere-se aos resultados da pesquisa de satisfação interna realizada semestralmente. A pesquisa de satisfação tem como objetivo dar oportunidade de cada um manifestar sua opinião sobre a empresa. São avaliados diversos itens como limpeza do setor, qualidade das refeições, espaço físico, instruções recebidas quanto á segurança do trabalho, política de benefícios, relacionamentos interpessoais, relacionamentos entre áreas, treinamentos oferecidos, atividades desenvolvidas pelo Grêmio, informativo interno, área disponível para descanso. Abaixo a apresentação dos gráficos com relação ao grau de satisfação interna: AGOSTO DE 2005 Nível geral de satisfação interna 41% 25% 9% 12%13% Sempre Quase sempre Poucas vezes Raramente Nunca AGOSTO DE 2006 12 INDICE GERAL DE SATISFAÇÃO INTERNA 45% 30% 11% 8% 6% Sempre Quase sempre Indiferente Poucas vezes Raramente Através dos gráficos observa-se que há uma melhora no índice de satisfação interna dos colaboradores da empresa. Somando os índices de aprovação (sempre e quase sempre) verificamos um aumento de 14% e uma queda de 44% quanto ao índice de desaprovação (poucas vezes e raramente) em relação aos dados da pesquisa realizada em agosto de 2005 e agosto de 2006. Outro índice importante esta relacionado a qualidade do produto e ao PPM (peças por milhão) referentes ao número de erros encontrados por inspetores da qualidade durante a fabricação dos produtos. As falhas nos produtos encontradas durante o processo de produção são retornadas ao setor que as cometeu para serem reparadas. Este fato gera custo para a empresa, pois perde tanto em matéria prima quanto em hora de mão de obra. Percebe-se através dos gráficos que no ano de 2005 houve uma média de 263 PPM e durante o mesmo período de 2006 o índice foi de 168 PPM. A partir destes dados pode-se perceber que houve uma queda de 42% no índice de erro no ano de 2006 em comparação com o ano de 2005. Esta melhora da qualidade dos produtos pode estar relacionada com o total de horas investidas em treinamento. Pois aumentando a quantidade e a qualidade dos treinamentos oferecidos, o profissional aumenta seu conhecimento em relação ao que está produzindo, melhora sua capacitação e a qualidade dos produtos por ele fabricados. Durante o período de janeiro a agosto de 2006 foram investidas 18 horas de treinamento por colaborador. Durante o mesmo período de 2007 foram realizadas 55 horas de treinamento por colaborador. 13 5. Conclusões: Percebemos que programas de qualidade de vida são atrativos para as pessoas envolvidas e proporcionam vantagens competitivas para as empresas. Mais do que simplesmente elevar os níveis de bem estar dos trabalhadores e seus familiares, as empresas passam a investir no próprio lucro, seja pelo aumento da produtividade, seja pela melhoria da qualidade dos produtos e serviços. O retorno de investimentos na qualidade de vida do trabalhador tem efeito direto sobre os níveis de produtividade e competitividade das empresas, especialmente quando realizados a partir do local de trabalho e tendo seus resultados acompanhados pelos dirigentes. Indicadores como estes podem ser utilizados para mostrar que o crescimento econômico também pode ser obtido a partir de investimentos sociais realizados no âmbito da empresa, e não somente com a incorporação de novas tecnologias e forte regulação do mercado de trabalho. De acordo com JULIÃO (2001) a promoção da qualidade de vida no trabalho é um assunto estratégico nas empresas: os impactos da baixa qualidade de vida do trabalhador nas atividades da empresa são conhecidos como baixa produtividade, elevados índices de rotatividade, elevados custos de assistência médica, entre muitos outros. Por outro lado, as pessoas estão cada vez mais exigentes com as condições de trabalho, resgatando valores sobre a importância do trabalho em suas vidas. O estudo efetuado que fomentou a elaboração deste artigo pretendeu explicitar que investimentos para aumentar a qualidade de vida resultam em ganhos concretos, tangíveis e perfeitamente mensuráveis, como aumento da produtividade e conseqüentemente na lucratividade da empresa; e não apenas naqueles considerados intangíveis e subjetivos. Toda ação que leva ao aumento do bem-estar, independente do lugar onde ocorra, irá necessariamente expandir-se e refletir-se no aumento da qualidade de vida percebida. Sendo o ambiente de trabalho o lugar onde o adulto costuma passar, senão a maior parte, pelo menos as horas mais concentradas de seu dia - se faz necessário que os profissionais comprometidos com o exercício profissional e conscientes de sua responsabilidade social, não meçam esforços para incrementar ações genuínas e verdadeiras que possam contribuir para aumentar a qualidade de vida do trabalhador. Referências Bibliográficas: 14 FLANNERY, Thomas P. Pessoas, desempenho e salários: as mudanças na forma de remuneração nas empresas. São Paulo: Futura, 2002. JACOMINO, Dalen- Revista Você S/A. As Piores Empresas Para se Trabalhar. São Paulo: Editora Abril, 2003. JULIÃO, Patrícia. Qualidade de Vida no Trabalho – Avaliação em empresa do setor automobilístico a partir do clima organizacional e do sistema da qualidade baseado na especificação técnica ISO/TS 16949. USP 2001. LOVELOCK, Christofer. Serviços: marketing e gestão. São Paulo: Saraiva 2002. MAYO, Andrew. O valor humano da empresa. São Paulo: Editora Pearson, 2003. MELO, Paulette Albéris Alves de. Aspectos comportamentais e éticos na gestão de pessoas. Fundação Getúlio Vargas, 2008. RODRIGUES, Marcus V. C. Qualidade de Vida no Trabalho: evolução e análise no nível gerencial. Petrópolis: Editora Vozes,1999. SESI – Coletânea de textos – Seminário de Responsabilidade Social e Qualidade de Vida no Trabalho. São Paulo: 2004 VASCONCELOS, Ferreira, Anselmo. Qualidade de vida no Trabalho: Origem, Evolução e Perspectivas. 2001. http://www.abqv.org.br/artigos003.php acessado em 09 de setembro de 2007 as 14:20h. http://www.abqv.org.br/artigos001.php acessado em 11 de setembro de 2007 as 16:50h. http://www.ethos.org.br acessado em 15 de maio de 2008 as 12:15h. http://www.mte.gov.br/empregador acessado em 20 de maio 2008 as 19:50 hs.
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