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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS AMANDA DE OLIVEIRA DA SILVA – RA 81727716 GEOVANNA ELENA SOARES TEIXEIRA – RA 819220824 REBECA PEREIRA CARDOSO – RA 817123806 THAIS DOS SANTOS SILVA – RA 81726204 PRÁTICA TRIBUTÁRIA – EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE SÃO PAULO 2021 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUÍZ FEDERAL DA 6ª VARA FEDERAL DE EXECUÇÕES FISCAIS DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE SÃO PAULO Processo n.º xxxxxxx RICARDO, (nacionalidade), (profissão), (estado civil), portador da cédula de identidade n.º ... e inscrito no CPF/MF sob o n. º ..., residente e domiciliado em ..., vem, respeitosamente perante a Vossa Excelência, por intermédio de seu Advogado subscritor, com endereço profissional na Rua ...., onde recebe intimações (procuração anexa), apresentar EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE Em face da execução fiscal promovida pela....., pelas razões jurídicas a seguir expostas. I. DOS FATOS Trata-se de execução fiscal movida em face da empresa .... para cobrança de débito oriundo do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica no montante de R$100.000,00. Na data de 05 de setembro de 2017, o ora Excipiente foi citado na presente demanda para pagar ou nomear a penhora tantos bens quantos necessários para satisfazer tal débito. Conforme se observa da documentação juntada, o ora Excipiente detém porcentagem das quotas da referida empresa, entretanto, não é sócio majoritário e muito menos administrador. Assim, não restou outra alternativa senão a utilização do presente meio para defesa do Excipiente. II. DO CABIMENTO Inicialmente, ressalta-se que, embora inexista previsão legal para apresentação de Exceção de Pré-Executividade, a Jurisprudência pátria pacificou o entendimento de cabimento da presente defesa, especialmente nos casos que envolvam questões de matéria de ordem pública, veja-se: Súmula n. 393 “a exceção de pré-executividade é admissível na execução fiscal relativamente às matérias conhecíveis de ofício que não demandem dilação probatória”. Nesse sentido, esse instrumento encontra-se fundado no conhecido Direito de Petição assegurado no artigo 5º, XXXIV, senão vejamos: “XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;” Sendo assim, com fundamento no disposto na Constituição Federal e Jurisprudência, bem como, os Princípios do Contraditório e da Ampla Defesa, o Excipiente demonstrará os vícios de matérias de ordem pública presente no caso em tela. Ainda, cumpre esclarecer que a ação executiva, por comprometer o patrimônio do Excipiente, não pode prosseguir enquanto não houver decisão sobre a exceção oposta pelo executado. Desta forma, requer o acolhimento e provimento da presente exceção de pré- executividade, e suspensão do feito durante o julgamento da presente objeção III. DA ILEGITIMIDADE PASSIVA DO SÓCIO Conforme narrado acima, a Exequente requereu a inclusão do sócio, ora Excipiente, na Execução Fiscal com fundamento de que ....., todavia, tal argumento não merece prosperar, senão vejamos. Ora Excelências, no caso concreto, deve ser observado quem foi o sujeito que praticou o fato gerador e não tão somente o patrimônio da pessoa jurídica e o da pessoa física que se supostamente se confundem. Segundo o Professor Eduardo Sabbag, “Contribuinte será aquela pessoa física ou jurídica que realizar a materialidade descrita na regra - matriz tributária”. E o Responsável: “é a pessoa que, sem se revestir da condição de contribuinte, tem sua obrigação decorrente de disposição expressa de lei”. (SABBAG, 2015 p.753 e 754). Portanto, o referido caso demonstra ilegalidade, abusividade em realizar a inclusão do sócio da sociedade empresária, no presente caso, pois há a não observância do devido processo legal do feito executório, bem como, o não cumprimento do disposto no Código Tributário Nacional e súmula do Superior Tribunal de Justiça. Nesse sentido, segundo o disposto no artigo 135 do Código Tributário Nacional, que somente serão pessoalmente responsáveis os sócios em caso de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei. “Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: I - as pessoas referidas no artigo anterior; II - os mandatários, prepostos e empregados; III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado.” Sendo assim, o STJ consolidou por meio de súmula o entendimento de que o mero inadimplemento da obrigação tributária, não gera responsabilidade tributária ao sócio- gerente, veja-se: “Súmula 430: O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não gera, por si só, a responsabilidade solidária do sócio-gerente.” Destaca-se que o Excipiente não é o sócio-gerente, portanto, não lhe recai qualquer responsabilidade. Ainda nesse mesmo sentido, trazemos jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, como precedente, de forma a declarar que a corresponsabilidade, a responsabilidade solidária ou a inclusão do sócio gerente em uma dívida tributária relativa à empresa, não pode ser ato unilateral da Fazenda, tendo em vista o disposto em lei, senão vejamos: “EXECUÇÃO FISCAL. RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS. COMPROVAÇÃO DO EXCESSO DE PODERES, INFRAÇÃO À LEI OU AO ESTATUTO. CASO EM QUE O NOME DOS SÓCIOS CONSTAVA DA CDA. PRESUNÇÃO DE LIQUIDEZ E CERTEZA NÃO ABALADA. I - Restou firmado no âmbito da Primeira Seção desta Corte o entendimento de que, sendo a execução proposta somente contra a sociedade, a Fazenda Pública deve comprovar a infração a lei, contrato social ou estatuto ou a dissolução irregular da sociedade para fins de redirecionar a execução contra o sócio, pois o mero inadimplemento da obrigação tributária principal ou a ausência de bens penhoráveis da empresa não ensejam o redirecionamento. De modo diverso, se o executivo é proposto contra a pessoa jurídica e o sócio, cujo nome consta da CDA, não se trata de típico redirecionamento, e o ônus da prova de inexistência de infração a lei, contrato social ou estatuto compete ao sócio, uma vez que a CDA goza de presunção relativa de liqüidez e certeza. A terceira situação consiste no fato de que, embora o nome do sócio conste da CDA, a execução foi proposta somente contra a pessoa jurídica, recaindo o ônus da prova, também neste caso, ao sócio, tendo em vista a presunção de liqüidez e certeza que milita a favor da CDA. Precedentes: EREsp. n.º 702.232/RS, Rel. Min. CASTRO MEIRA, DJ de 26/09/2005, p. 169; AgRg no REsp nº 720.043/RS, Rel. Min. LUIZ FUX, DJ de 14/11/2005, p. 214. II - Agravo regimental improvido.” (g.n.) Por fim, no tocante a confusão patrimonial, no presente caso, não pode ser observado somente essa questão, tendo em vista que, a responsabilização pelo pagamento da dívida é do contribuinte que praticou o fato gerador, devendo ser respeitada o disposto no Código Tributário Nacional, bem como, jurisprudência pátria para inclusão do sócio no polo passivo. Portanto, não há que se imputar responsabilidade descrita no artigo 135, III, do CTN aos sócios, tratando-se de cristalina hipótese de ilegitimidade passiva, em razão da impossibilidade fática dos sócios figurarem como responsáveis pelo pagamento da dívida fiscal, já que o débito não advém de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos. Com essas considerações, denota-se que os sócios são parte ilegítima para figurar no polo passivo da execução fiscal, posto que não lhes pode ser imputada responsabilidade pessoal pelo débito fiscal, em razão da simplesinadimplência da pessoa jurídica com o fisco. Ante ao exposto, requer ser determinada a exclusão do sócio da lide, reconhecendo-se sua ilegitimidade passiva, na forma do artigo 267, inciso VI do Código de Processo Civil, com o processamento e deferimento do presente pedido por ser medida de Direito e de Justiça. IV. DOS PEDIDOS Diante de todo o exposto, o Excipiente requer a Vossa Excelência que a presente Exceção de Pré-Executividade seja recebida para os devidos fins requeridos, determinando-se a imediata suspensão do executivo fiscal até o deslinde da questão apresentada, bem como requer também a suspensão de quaisquer atos expropriatórios tendentes a lhe causar prejuízos, consequentemente, recolhendo-se eventuais mandados de constrição judicial expedidos. Após os respectivos trâmites legais, requer seja acolhida a presente defesa, reconhecendo a ilegitimidade do sócio no polo passivo, haja vista não preencher os requisitos no artigo 135 do Código Tributário Nacional e Súmula 430 do STJ. Por fim, requer-se a condenação da exequente aos ônus da sucumbência com o pagamento das custas processuais e honorários advocatícios a serem arbitrados por Vossa Excelência. Termos em que pede deferimento. Local e data ... ADVOGADO ... OAB ...
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