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Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 12: SEXOLOGIA FORENSE 1 1. Introdução A Sexologia Forense é um dos ramos mais importantes da Medicina Legal, de vez que abrange, sob a sua denominação genérica, aspectos os mais variados todos eles revestidos de um caráter extremamente sério e delicado, porque os problemas que lhe dizem respeito são muitas vezes de difícil, senão impossível solução, delicado, porque, em que pese a crença geral de que estamos muito avançados na discussão e na apreciação natural das coisas do sexo, ainda há muitas barreiras de ordem psíquica, a serem superadas com compreensão, ou amainadas com verdadeira penetração psicoterápica. A Sexologia Forense é um estudo dos problemas médico-legais ligados ao sexo. Tem como objeto estudar todos os fenômenos ligados ao sexo, as práticas libidinosas e suas implicações no âmbito jurídico (PAES LEME, 2018).O sexo é considerado normal quando às duas pessoas estão interessadas, existe um mesmo nível, nos planos físico, psicológico e social, com a finalidade reprodutiva (CROCE; CROCE,2012).Já o sexo considerado anômalo, com desvios da atividade sexual, quando não são por transtornos mentais, são transtornos do instinto e da definição ética (CROCE; CROCE, 2012). Dentre os desvios da atividade sexual engloba-se as parafilias que são fantasias ou comportamentos frequentes, intensos e sexualmente estimulantes que envolvem objetos inanimados, crianças ou adultos sem consentimento, ou o sofrimento ou humilhação de si próprio ou do parceiro. Já transtornos parafílicos são parafilias que causam angústia ou problemas com o desempenho de funções da pessoa com parafilia ou, ainda, que prejudicam ou podem prejudicar outra pessoa. Os transtornos sexuais podem levar o indivíduo a graves crimes sexuais como é o caso dos Pedófilos, necrófilos, sádicos etc. (DALGARRONDO, 2008). A grande maioria das vítimas de violência sexual atendidas no IML é do sexo feminino (94,14%) e a faixa etária predominante é menor de 18 anos (72,39%). 60,57% fazem queixa de estupro. Desses casos, 44,63% apresentam hímen íntegro e apenas 13,30% foram comprovados como sendo estupro propriamente dito. 21,38% apresentaram queixa de sedução, sendo que 78,05% pertencem à faixa etária de 14 a 18 anos, dos quais 67,18% revelaram hímen com roturas não recentes. Apenas 9,37% das queixas de sedução apresentam hímen com rotura recente. Os casos com queixa de ato libidinoso diverso de conjunção carnal representam 17,95%, predominando o sexo masculino (56,65%) e menores de 14 anos (88,33%). Em apenas 30% foi possível comprovar a queixa. Ainda com relação à ALDCC, 91,83% foram coito anal. Com referência ao intervalo de dias entre a agressão e a perícia, 11,20% comparecem nas primeiras 24 horas, 44,79% de 1 a 7 dias, 8,07% de 7 a 15 dias e 30,21% após 15 dias. Ou seja, praticamente a metade dos casos comparece na primeira semana para a perícia. 2. Violência sexual Sexologia Forense → Parte da Medicina Legal que trata das questões médico-biológicas e periciais ligadas aos delitos contra a dignidade e a liberdade sexual. (Genival França, 2017) Definição OMS (Organização Mundial de Saúde) → O uso intencional da força ou o poder físico, de fato ou como ameaça, contra uma pessoa ou um grupo ou comunidade, que cause ou tenha possibilidade de causar lesões, morte, danos psicológicos, transtornos do desenvolvimento ou privações” Crimes contra a liberdade sexual (Lei 12.015 de 7 de agosto de 2009) → Estupro, violação sexual mediante fraude, assédio sexual, com os agravantes dos crimes sexuais contra vulneráveis. Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 12: SEXOLOGIA FORENSE 2 ❖ Estupro → Art.213. Constranger alguém mediante violência ou grave ameaça (física ou verbal), a ter conjunção carnal (pênis na vagina) ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso ➢ Pena de reclusão de 6 – 10 anos ➢ § 1 o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos – (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) ➢ Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) ➢ § 2 o Se da conduta resulta morte – (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) ❖ Violação sexual mediante fraude → Art.215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima ➢ Pena de reclusão, de 2 – 6 anos ➢ Parágrafo único → Se o crime é cometido com a fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa ❖ Assédio sexual → Art.216-A. A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função. (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de 2001) ➢ Pena de detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de 2001) ➢ § 2o A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) ❖ Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de 2001) ❖ Estupro de vulnerável ➢ Art.217-A → A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009); pena de reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) § 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) § 2o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) § 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009); pena de reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) § 4o Se da conduta resulta morte (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009); pena de reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) § 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º deste artigo aplicam-se independentemente do consentimento da vítima ou do fato de ela ter mantido relações sexuais anteriormente ao crime. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018). Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente ➢ Art.218-A → A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi- lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009); pena de reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) ❖ Importunação sexual → Art.215-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 12: SEXOLOGIA FORENSE 3 de vontade da vítima: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009); pena de reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) ➢ Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) ➢ Importunação sexual (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018) ➢ Art.215-A. → A. Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro: (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018); pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato não constitui crime mais grave. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018) ❖ Divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro de vulnerável, de cenade sexo ou de pornografia → Art.218-C. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à venda, distribuir publicar ou divulgar, por qualquer meio – inclusive por meio de comunicação de massa ou sistema de informática ou telemática –, fotografia, vídeo ou outro registro audiovisual que contenha cena de estupro ou de estupro de vulnerável ou que faça apologia ou induza a sua prática, ou, sem o consentimento da vítima, cena de sexo, nudez ou pornografia; pena de reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato não constitui crime mais grave. ➢ Aumento de pena → § 1º. A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) se o crime é praticado por agente que mantém ou tenha mantido relação íntima de afeto com a vítima ou com o fim de vingança ou humilhação. ➢ Exclusão da ilicitude → § 2º. Não há crime quanto o agente pratica as condutas descritas no caput deste artigo em publicação de natureza jornalística, científica, cultural ou acadêmica com a adoção de recurso que impossibilite a identificação da vítima, ressalvada sua prévia autorização, caso seja maior de 18 (dezoito) anos." ➢ Art.225 → Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante ação penal pública condicionada à representação. Parágrafo único - Procede-se, entretanto, mediante ação penal pública incondicionada se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa vulnerável.] ❖ Estupro coletivo → Mediante concurso de 2 (dois) ou mais agentes ❖ Estupro corretivo → Para controlar o comportamento social ou sexual da vítima (NR) ➢ Art.234-A → A. Nos crimes previstos neste Título a pena é aumentada: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) I – (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) II – (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) III – de metade a 2/3 (dois terços), se do crime resulta gravidez; (Redação dada pela Lei nº 13.718, de 2018). IV – De 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o agente transmite à vítima doença sexualmente transmissível de que sabe ou deveria saber ser portador, ou se a vítima é idosa ou pessoa com deficiência. (Redação dada pela Lei nº 13.718, de 2018). ➢ Art. 234-B. → Os processos em que se apuram crimes definidos neste Título correrão em segredo de justiça. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) ➢ Art. 234-C. → (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 12: SEXOLOGIA FORENSE 4 Fatores associados ❖ Condições socioeconômicas ❖ Cultura ❖ Uso de drogas lícitas e ilícitas ❖ Impunidade 3. Diagnóstico de conjunção carnal (pênis na vagina) Rotura himenal recente na mulher virgem ❖ Tempo de cicatrização das lesões Presença de espermatozoides na vagina → Independe da rotura himenal Alta concentração de fosfatase ácida na vagina → Presença de esperma ❖ A fosfatase ácida pode ser produzido pela vagina, mas não em grandes quantidades Presença do antígeno prostático específico (proteína P30) na vagina → Presença de esperma Gravidez (mesmo que haja integridade himenal) Analisar com cuidado outras lesões (inclusive as secundárias a outras causas), infecções sexualmente transmissíveis (IST’s) 4. Diagnóstico de ato libidinoso Coito anal ❖ Fissuras sangrantes ❖ Edema, equimose, hematomas em região perianal ❖ Lesão com extensão para vagina ❖ Análise com cuidado de IST’s, tônus esfincteriano, lesões secundárias a outras causas (ex. crianças obstipadas) Lesões corporais ❖ Análise de lesões como sugilações ❖ Lesões em locais como → Nádegas, mamas, coxas, pescoço. 5. Perícia de local Perícia criminal ❖ Preservar local ❖ Coletar objetos do agressor e da vítima (atenção para vestes e preservativos) ❖ Busca de possíveis materiais biológicos (pelos, sêmen, saliva, sangue) ➢ Fluorescência (lâmpada de Wood) → Reação da luz ultravioleta com as secreções Sangue Urina Saliva Sêmen ➢ Luminol → Reação com o ferro das hemácias, provocando quimiluminescência ❖ Dados adicionais → Imagens, áudios Quesitação ❖ Há sinal de conjunção carnal recente e/ou prática de outro ato libidinoso? ❖ Há sinal de violência da qual tivesse resultado de lesão corporal? ❖ Trata-se de pericianda que, por enfermidade ou deficiência mental não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que por outra causa, não pode oferecer resistência? (em caso afirmativo, especificar) Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 12: SEXOLOGIA FORENSE 5 Violência presumida → Art. 224. Presume-se a violência, se a vítima: a) não é maior de catorze anos; b) é alienada ou débil mental, e o agente conhecia está circunstância; c) não pode, por qualquer outra causa, oferecer resistência”. (Revogado) ❖ Art.217-A → Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos; pena de reclusão de 8 – 15 anos ❖ §1º Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer causa, não pode oferecer resistência (incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) 6. Perícia do estupro Perícia médica ❖ Identificação ❖ Histórico ➢ Cuidado ao coletar as informações ➢ Presença de acompanhante (responsável legal), se menor de idade ➢ Uso de desenhos em crianças menores ➢ Pesquisa de reações consensuais ❖ Exame subjetivo ➢ Condição psíquica da vítima ➢ Atitude, postura da vítima ❖ Recomendações gerais para o exame objetivo ➢ Acompanhante ➢ Local reservado ➢ Material disponível ➢ Iluminação adequada ➢ Informação à vítima sobre o exame a ser realizado ➢ Obter consentimento da vítima e aceitar recusa Exame objetivo ❖ Geral → Presença de lesões corporais (atentar para lesões sugestivas de luta e lesões características de ato libidinoso), coleta de material biológico (saliva, sêmen, região sub- ungueal, locais de mordida)) ❖ Específico ➢ Coito vaginal → Exame região genital Posicionamento do paciente → Posição ginecológica ou posição de rã (em crianças Inspeção à procura de lesões (equimoses, fissuras, roturas, avaliação hímen, feridas sugestivas de IST’s). Atentar para diferenciar rotura himenal e entalhe Local mais comum de lesão himenal Tempo de cicatrização (Genival França, 2017) Muito recente → De 1 a 6 dias (período de sangramento, equimose e orvalhamento sanguíneo); Recente → De 6 a 20 dias (bordas da ruptura esbranquiçadas, com exsudação ou supuração e bordas da ruptura de coloração rósea); Antiga → Mais de 20 dias (bordas da ruptura completamente cicatrizadas). Coleta de material (pelos, secreção região genital, sêmen) ➢ Coito anal → Exame da região anal Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 12: SEXOLOGIA FORENSE 6 Posicionamento do paciente → Posição de Sims Inspeção à procura de lesões (equimoses, fissuras, roturas, rágades, avaliação do tônus esfincteriano, feridas sugestivas de IST’s). Coleta de material (pelos, secreção região genital, sêmen) ➢ Sexo oral → Exame da região oral Inspeção à procura de lesões (incomuns) Coleta de material (pelos, sêmen) 7. Exames complementares Pesquisa de espermatozoides Pesquisa de fosfatase ácida Pesquisa de PSA (Antígeno prostático específico) Pesquisa de beta Hcg (Gonadotrofina coriônica) Pesquisa de Infecções sexualmente transmissíveis Pesquisa de DNA ❖ Termo de consentimento ❖ Coletar também amostras de referência Outros exames ❖ Alcoolemia ❖ Toxicológico ❖ Avaliação complementar (médico assistente) 8. Exame no suposto agressor Exame subjetivo Exame objetivo ❖ Observar lesões corporais ❖ Coleta de material (região subungueal) ❖ Exame específico ➢ Lesões genitais ➢ Coleta de material para exames (região genital, sangue) ➢ Termo de consentimento 9. AbortoAmparo da Vida humana no Direito. Definição Medicina Legal X Obstetrícia ❖ Perda do produto da gravidez até o 6º mês gestacional. ❖ O abortamento criminoso é a morte dolosa do feto no útero ou sua violenta expulsão do ventre materno, pela qual seja conseguida a morte do feto. (Carrara) Aborto X Aceleração de parto Código Penal ❖ Art. 124 → Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lhe provoque; pena de detenção, de um a três anos. ❖ Art. 125 → Provocar aborto, sem o consentimento da gestante; pena de reclusão, de três a dez anos. ❖ Art. 126 → Provocar aborto com o consentimento da gestante; pena de reclusão, de um a quatro anos. Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência. Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 12: SEXOLOGIA FORENSE 7 ❖ Art. 127 → As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para provoca-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte. ❖ Art. 128 → Não se pune o aborto praticado por médico: I – se não há outro meio de salvar a vida da gestante; II – se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal Aborto terapêutico → Não há outra forma de salvar a vida da mãe Aborto sentimental → Estupro Aborto eugênico Aborto social Aborto piedoso ou moral Excludentes de ilicitude 10. Perícia de aborto Aborto recente em mulher viva ❖ Exame dos seios ❖ Cloasma, Linha nigra ❖ Lesões região genital → Lesões vulvares e vaginais, lóquios, edema de grandes e pequenos lábios ❖ Exame de material vaginal ❖ Confirmar gravidez com beta Hcg Aborto recente em mulher morta → Acrescentar o exame interno dos órgãos (útero, pulmões Aborto antigo em mulher viva ou morta Diferenciar aborto espontâneo de aborto traumático Identificar o meio causador Exame dos restos fetais É vedado o ao médico ❖ Art. 73 → Revelar o fato de que tenha conhecimento em virtude do exercício de sua profissão, salvo por motivo justo, dever legal ou consentimento, por escrito, do paciente. ❖ Parágrafo único → Permanece essa proibição ➢ Mesmo que o fato seja de conhecimento público ou o paciente tenha falecido; Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 12: SEXOLOGIA FORENSE 8 ➢ Quando do depoimento como testemunha. Nesta hipótese, o médico comparecerá perante a autoridade e declarará seu impedimento; ➢ Na investigação de suspeita de crime, o médico estará impedido de revelar segredo que possa expor o paciente a processo penal" ❖ Art. 154 → Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência em razão de função, ministério, ofício a profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem: ➢ Pena dedetenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou ➢ multa. ➢ Parágrafo único - Somente se procede mediante ➢ representação Art. 89 → Liberar cópias do prontuário sob sua guarda, salvo quando autorizado, por escrito, pelo paciente, para atender ordem judicial ou para sua própria defesa. § 1º - Quando requisitado judicialmente o prontuário será disponibilizado ao perito médico nomeado pelo juiz 11. Infanticídio Definição (CP) → “Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após”. Durante o parto → desde a ruptura das membranas até a expulsão do feto e da placenta Logo após → Minutos, horas, 10 dias? Puerpério → Duração de até 8 semanas Depressão pós-parto X Estado puerperal 12. Perícia no infanticídio Diagnóstico de tempo de vida ❖ Natimorto → Feto morto durante o período perinatal ❖ Feto nascente → Feto morto durante o parto, não respirou (feticídio) ❖ Infante nascido → Acabou de nascer, respirou, mas não recebeu nenhum cuidado adequado ❖ Recém-nascido → Desde os primeiros cuidados após o parto até aproximadamente o 7º dia após o nascimento Diagnóstico de nascimento com vida → Vida extra-uterina Docimásia → Do grego Dokimos = eu provo ❖ Docimásia pulmonar hidrostática de Galeno ➢ 1ª fase → Pulmões, traqueia, laringe, língua, timo e coração → Respiração plena ➢ 2ª fase → Pulmões → Respiração precária ➢ 3ª fase → Fragmentos de pulmão → Respiração precária Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 12: SEXOLOGIA FORENSE 9 ➢ 4ª fase → Bolhas à expressão dos fragmentos de pulmão → Prova duvidosa ➢ Todas as fases negativas → Não houve respiração ❖ Docimásia histológica de Balthazar → Presença de gás nos alvéolos ❖ Fatores confundidores → Putrefação ou paciente assistido (IOT) Diagnóstico do mecanismo de morte Diagnóstico do estado puerperal Diagnóstico do puerpério, de parto recente ou antigo Referências bibliográficas Aula de Dra. Adriana Mello (18/11/2021) Costa, J. P. D. (2016). Sexologia forense. Cunha, E. P. D. (1984). Sexologia forense: medicina forense. Bol. Cient. Soc. Flumin. Med. Cir, 47- 8. Cohen, C., & Matsuda, N. E. (1991). Crimes sexuais e sexologia forense: estudo analítico. Rev. paul. med, 157-64. Carrara, V. A., Balduci, J. P., Rangel, P. M. B., Pershun, T. H., & Cola, C. D. S. D. (2021). SEXOLOGIA FORENSE, CRIMES SEXUAIS E ESTUPRO: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA. Revista Interdisciplinar Pensamento Científico, 6(3).
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