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Aula 04 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital Autores: Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 04 26 de Janeiro de 2021 . Sumário 1 – Introdução ao estudo da Sexologia Forense ................................................................................................ 3 1.1 – Atualizações Legislativas ....................................................................................................................... 3 2 – Importância da perícia nos crimes de ordem sexual ................................................................................. 12 2.1 – Quesitos a serem identificados ........................................................................................................... 13 2.2 – Detalhes importantes na perícia ......................................................................................................... 14 3 – Crimes contra a dignidade sexual .............................................................................................................. 17 3.1 - Estupro ................................................................................................................................................. 18 3.1.1 – A Estupro (art. 213 – CP) ..................................................................................................................................... 20 3.1.2 – Passar as mãos no corpo da vítima: consumado ................................................................................................ 21 3.1.3 – Conjunção carnal ................................................................................................................................................ 21 3.1.4 – Estupro de vulnerável (217 – A, CP) ................................................................................................................... 24 3.2 – A Perícia Em Crimes de Estupro ........................................................................................................... 28 3.2.1 – Diagnose de esperma ......................................................................................................................................... 29 3.2.2 – Perícia do coito vaginal ....................................................................................................................................... 31 3.2.3 – Hímen e suas classificações ................................................................................................................................ 34 3.2.4 – Ruptura himenal ................................................................................................................................................. 40 3.2.5 – Conclusões .......................................................................................................................................................... 41 3.3 – A perícia nos atos libidinosos .............................................................................................................. 42 3.3.1 – Da perícia do coito anal ...................................................................................................................................... 42 3.3.2 – Da perícia do coito oral ....................................................................................................................................... 45 3.3.3 – Da perícia do coito vestibular ............................................................................................................................. 45 3.3.4 – Da perícia de penetração de objetos .................................................................................................................. 46 4 – Abuso sexual de Crianças ........................................................................................................................... 47 4.1 – Violação sexual mediante fraude ........................................................................................................ 48 Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 04 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 2 4.1.1 - Perícia em casos de violação sexual mediante fraude ....................................................................................... 49 4.2 – Prostituição ......................................................................................................................................... 49 4.2.1 – Perícia Em Casos De Prostituição Infantil ........................................................................................................... 50 5 – Transtornos sexuais e identidade de gênero ............................................................................................. 51 5.1 – Transtornos Sexuais ............................................................................................................................ 51 5.1.1 – Transtorno De Identidade De Gênero ................................................................................................................ 62 Resumo ............................................................................................................................................................. 63 Destaques à Legislação e Jurisprudências ....................................................................................................... 79 Jurisprudência .............................................................................................................................................. 86 Considerações finais ......................................................................................................................................... 90 Questões comentadas...................................................................................................................................... 91 Lista de Questões ........................................................................................................................................... 117 Gabarito ..................................................................................................................................................... 129 Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 04 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 3 1 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA SEXOLOGIA FORENSE A Sexologia Forense ou Sexologia Criminal – sinônimo – é a parte da Medicina Legal responsável por tratar de questões periciais e também médico-biológicas ligadas, principalmente, a delitos de ordem sexual, ou seja, àqueles cometidos contra a dignidade e liberdade sexual. Noutras palavras, significa que, muito importa para essa disciplina os aspectos periciais que serão subsidiados por definições médico-biológicas para desvendar violências sexuais, em regra. De forma mais abrangente, parte da doutrina entende que o capítulo de Sexologia Forense não pode ser limitado apenas às questões de violência sexual, mas engloba questões que envolvam: gravidez, parto, aborto e até mesmo a reprodução humana. É o que diz Delton Croce1: É o capítulo da Sexologia que estuda as ocorrências médico-legais atinentes à gravidez, ao aborto, ao parto, ao puerpério, ao infanticídio, à exclusão da paternidade e a questões diversas relacionadas com a reprodução humana. Fato é que, embora o exista essa divisão, ela é meramente doutrinária, sendo irrelevante para nossa vida prática. 1.1 – ATUALIZAÇÕES LEGISLATIVAS Nos últimos anos, inúmeras têm sido as alterações legislativas quando o assunto é violência sexual. Nesse sentido, destacamos o seguinte compilado sobre o tema (que, evidentemente, está vigente). Vejamos: TERMO INICIAL DA PRESCRIÇÃO ANTES DE TRANSITAR EM JULGADO A SENTENÇA FINAL Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr: (...)1 CROCE, Delton e JR. CROCE, Delton. Manual de Medicina Legal. 8ª. Edição. São Paulo: Editora Saraiva., 2011, p. 1155. Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 04 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 4 V - nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, previstos neste Código ou em legislação especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal. (Redação dada pela Lei nº 12.650, de 2012) Ainda no Código Penal, sabemos que o legislador destinou parte exclusiva ao tema de crimes contra a liberdade sexual, mas vale destacar, que os dispositivos sofreram constantes atualizações, inclusive neste ano de 2018. Então, fique esperto! Essas alterações já têm sido exploradas em provas. Destacamos que prevalecem os seguintes dispositivos (Obs. Compilamos apenas os dispositivos vigentes. Dispositivos revogados não estão sendo citados): DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL TÍTULO VI DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL CAPÍTULO I DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL Estupro Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. § 1 º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. § 2 º Se da conduta resulta morte: Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos Violação sexual mediante fraude Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 04 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 5 Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa Importunação sexual Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro: (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018). Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato não constitui crime mais grave. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018). Assédio sexual Art. 216-A . Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo- se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função. Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. Parágrafo único. § 2 º A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos. CAPÍTULO II DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEL Estupro de vulnerável Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. § 1 º Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 04 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 6 § 3 º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave: Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. § 4 º Se da conduta resulta morte: Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. § 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º deste artigo aplicam-se independentemente do consentimento da vítima ou do fato de ela ter mantido relações sexuais anteriormente ao crime. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018). Corrupção de menores Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de outrem: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável. Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone: Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. § 1 º Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa. § 2 º Incorre nas mesmas penas: Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 04 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 7 I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste artigo II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as práticas referidas no caput deste artigo. § 3 º Na hipótese do inciso II do § 2 º , constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento. Divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro de vulnerável, de cena de sexo ou de pornografia (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018). Art. 218-C. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à venda, distribuir, publicar ou divulgar, por qualquer meio - inclusive por meio de comunicação de massa ou sistema de informática ou telemática -, fotografia, vídeo ou outro registro audiovisual que contenha cena de estupro ou de estupro de vulnerável ou que faça apologia ou induza a sua prática, ou, sem o consentimento da vítima, cena de sexo, nudez ou pornografia: (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018). Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato não constitui crime mais grave. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018). Aumento de pena (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018). § 1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) se o crime é praticado por agente que mantém ou tenha mantido relação íntima de afeto com a vítima ou com o fim de vingança ou humilhação. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018). Exclusão de ilicitude (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018). § 2º Não há crime quando o agente pratica as condutas descritas no caput deste artigo em publicação de natureza jornalística, científica, cultural ou acadêmica com a adoção de recurso que impossibilite a identificação da vítima, ressalvada sua prévia autorização, caso seja maior de 18 (dezoito) anos. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018). CAPÍTULO IV Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 04 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 8 DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante ação penal pública incondicionada. (Redação dada pela Lei nº 13.718, de 2018). Aumento de pena Art. 226. A pena é aumentada: I - de quarta parte, se o crime é cometido com o concurso de 2 (duas) ou mais pessoas; II - de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tiver autoridade sobre ela; (Redação dada pela Lei nº 13.718, de 2018). IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado: (Incluído pela Leinº 13.718, de 2018). Estupro coletivo (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018). a) mediante concurso de 2 (dois) ou mais agentes; (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018). Estupro corretivo (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018). b) para controlar o comportamento social ou sexual da vítima. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018). CAPÍTULO V DO LENOCÍNIO E DO TRÁFICO DE PESSOA PARA FIM DE PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL Mediação para servir a lascívia de outrem Art. 227 - Induzir alguém a satisfazer a lascívia de outrem: Pena - reclusão, de um a três anos. Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 04 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 9 § 1 º Se a vítima é maior de 14 (catorze) e menor de 18 (dezoito) anos, ou se o agente é seu ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro, irmão, tutor ou curador ou pessoa a quem esteja confiada para fins de educação, de tratamento ou de guarda: Pena - reclusão, de dois a cinco anos. § 2º - Se o crime é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude: Pena - reclusão, de dois a oito anos, além da pena correspondente à violência. § 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa. Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual Art. 228. Induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra forma de exploração sexual, facilitá-la, impedir ou dificultar que alguém a abandone: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. § 1 º Se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância: Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos. § 2º - Se o crime, é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, além da pena correspondente à violência. § 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa. Casa de prostituição Art. 229. Manter, por conta própria ou de terceiro, estabelecimento em que ocorra exploração sexual, haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietário ou gerente: Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. Rufianismo Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 04 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 10 Art. 230 - Tirar proveito da prostituição alheia, participando diretamente de seus lucros ou fazendo-se sustentar, no todo ou em parte, por quem a exerça: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 1 º Se a vítima é menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos ou se o crime é cometido por ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou por quem assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância: Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. § 2 º Se o crime é cometido mediante violência, grave ameaça, fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação da vontade da vítima: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, sem prejuízo da pena correspondente à violência. Promoção de migração ilegal Art. 232-A. Promover, por qualquer meio, com o fim de obter vantagem econômica, a entrada ilegal de estrangeiro em território nacional ou de brasileiro em país estrangeiro: (Incluído pela Lei nº 13.445, de 2017) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 13.445, de 2017 Vigência) § 1º Na mesma pena incorre quem promover, por qualquer meio, com o fim de obter vantagem econômica, a saída de estrangeiro do território nacional para ingressar ilegalmente em país estrangeiro. (Incluído pela Lei nº 13.445, de 2017 Vigência) § 2º A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço) se: (Incluído pela Lei nº 13.445, de 2017 Vigência) I - o crime é cometido com violência; ou (Incluído pela Lei nº 13.445, de 2017 Vigência) II - a vítima é submetida a condição desumana ou degradante. (Incluído pela Lei nº 13.445, de 2017 Vigência) § 3º A pena prevista para o crime será aplicada sem prejuízo das correspondentes às infrações conexas. (Incluído pela Lei nº 13.445, de 2017 Vigência) CAPÍTULO VI DO ULTRAJE PÚBLICO AO PUDOR Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 04 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 11 Ato obsceno Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. Escrito ou objeto obsceno Art. 234 - Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob sua guarda, para fim de comércio, de distribuição ou de exposição pública, escrito, desenho, pintura, estampa ou qualquer objeto obsceno: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. § 1º. Incorre na mesma pena quem: I - vende, distribui ou expõe à venda ou ao público qualquer dos objetos referidos neste artigo; II - realiza, em lugar público ou acessível ao público, representação teatral, ou exibição cinematográfica de caráter obsceno, ou qualquer outro espetáculo, que tenha o mesmo caráter; III - realiza, em lugar público ou acessível ao público, ou pelo rádio, audição ou recitação de caráter obsceno. CAPÍTULO VII DISPOSIÇÕES GERAIS Aumento de pena Art. 234-A. Nos crimes previstos neste Título a pena é aumentada: III - de metade a 2/3 (dois terços), se do crime resulta gravidez; (Redação dada pela Lei nº 13.718, de 2018). IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o agente transmite à vítima doença sexualmente transmissível de que sabe ou deveria saber ser portador, ou se a vítima é idosa ou pessoa com deficiência. (Redação dada pela Lei nº 13.718, de 2018). Art. 234-B. Os processos em que se apuram crimes definidos neste Título correrão em segredo de justiça. Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 04 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 12 Viram a quantidade de atualizações legislativas? Pois é, elas já estão sendo cobradas em provas. Portanto, a leitura diária destes dispositivos, para a sua aprovação, é condição sine qua non! Portanto, leiam e releiam sem moderação! 2 – IMPORTÂNCIA DA PERÍCIA NOS CRIMES DE ORDEM SEXUAL Podemos afirmar que, no tocante à perícia criminal, a perícia em Sexologia Forense é, de modo muito particular, a mais delicada. Primeiro pela complexidade das estruturas analisadas, segundo pela delicadeza da situação. Embora o momento seja delicado, fato é que há necessidade de perícia – isso já sabemos – mas importa destacar que, nesta aqui exige-se que o laudo contenha redação simples, embora esta deva ser clara, objetiva e inteligível. Porém, isso não significa que esse documento pode ser elaborado de qualquer forma e sem elementos que facilitem a compreensão, ao contrário, é ele que, de forma objetiva, deve promover satisfatoriamente a compreensão sobre o fato que se quer apurar. Nesta fase, não se admite presunções de tipificações penais, menos ainda expressões de sentido dúbio ou vago, utilização de palavras inúteis e imprecisas, nessas hipóteses, o laudo, além de não permitir uma decisão exata, só servirá para criar dúvidas e confusão em quem julga. Significa dizer que, a descrição das lesões e, particularidades ali encontradas, devem ser descritas de forma minuciosa para que possibilite a descoberta da quantidade e qualidade do dano e o modo ou ação pela qual as lesões foram produzidas. Nas palavras de Genival Veloso2: 2 FRANÇA, Genival Veloso. Medicina Legal. 10ª. Edição. São Paulo: Editora Geen.,2015 p.611. Equipe Paulo Bilynskyj,Paulo Bilynskyj Aula 04 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 13 (...) Não se pode aceitar pura e simplesmente a nominação do achado, mas em que elementos e alterações fundamentou-se o perito para fazer a afirmação ou a negação de uma conjunção carnal, por exemplo. Só assim o laudo alcançará seu verdadeiro destino: o de apontar com clareza à autoridade julgadora, no momento de valorizar a prova, as condições para o seu melhor entendimento. Para se terem as necessárias condições de exercer tal atividade legispericial, é preciso não apenas que o exame se verifique em local recatado – em respeito à dignidade e à privacidade de quem se examina –, mas ainda em ambiente com condições de higiene e de fácil e tranquila visualização dos possíveis achados periciais, sendo recomendável que o exame seja feito em mesas ginecológicas com suporte para os pés e, sempre que possível, com a presença de familiares adultos ou pessoa de confiança da vítima ou de enfermeiras, a não ser que a presença delas possa inibir a vítima de contar os detalhes necessários à investigação dos fatos. Note, contudo, que a função do perito, em casos relacionados ao tema de violência sexual, por exemplo, é descrever minuciosamente as lesões e as particularidades, quando existentes, explorando bem as características que elas encerram e respondendo com clareza aos quesitos formulados. Também é comum, em casos em que as infrações são mais graves, exigir para essa perícia médico-legal alguém não apenas com habilitação legal e profissional em Medicina, mas que tenha também a capacitação e a experiência necessárias no trato dessas questões, especificamente, pois para tanto não se exigem apenas o título de médico, mas educação médico-legal, conhecimento da legislação que rege a matéria, noção clara da maneira como deverá responder aos quesitos e prática na redação de laudo. 2.1 – QUESITOS A SEREM IDENTIFICADOS Os laudos relacionados à crimes contra a dignidade sexual, em regra, identificam quesitos objetivos, simples e, geralmente, os modelos são padronizados. Evidentemente, o caso concreto pode exigir apontamentos mais complexo: 1. Há vestígios de ato libidinoso? (Em caso positivo especificar); 2. Há vestígios de violência? Se afirmativo, qual o meio empregado? 3. Da violência resultou para a vítima incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 (trinta) dias, ou perigo de vida, ou debilidade permanente de membro, sentido ou função, ou aceleração de parto, ou incapacidade permanente para o trabalho, ou enfermidade incurável, ou perda ou inutilização de membro, sentido ou função, ou deformidade permanente e/ou aborto? (Em caso positivo especificar); 4. A vítima é alienada ou débil mental? Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 04 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 14 5. Houve outro meio que tenha impedido ou dificultado a livre manifestação de vontade da vítima? (Em caso positivo especificar). 6. Há achados médico-legais que caracterizem a prática de ato libidinoso? 7. Há evidências médico-legais que sejam indicadoras ou sugestivas de ocorrência de ato libidinoso contra o examinado que, no entanto, poderiam excepcionalmente ser produzidas por outra causa?3” 2.2 – DETALHES IMPORTANTES NA PERÍCIA Sabemos que o exame pericial em matéria de Sexologia Forense é o mais delicado. Fato é que, embora isso ocorra, a perícia deve ocorrer e não pode ser negligenciada! Por isso, uma boa perícia pode evitar inúmeros dissabores além da reexposição da vítima. Mas como seria uma perícia em casos de crimes contra a dignidade sexual considerando que o assunto é tão delicado? Bem, para que você possa mensurar a dimensão e limites dessas perícias, destacamos um protocolo pericial, sugerido aos peritos, nos manuais do Mestre Genival Veloso4, que fornece in verbis; 1. Exame do local dos fatos (pela perícia criminal) a. O local onde se deu a agressão sexual deve ser inteiramente preservado e protegido; b. A descrição do ambiente e das alterações nele encontradas deve ser minuciosa; c. Procurar objetos pessoais da vítima ou do agressor, incluindo peças íntimas, pontas de cigarro etc.; 3 Este quesito, quando afirmativo, deixa claro que o perito apenas está afirmando que existem evidências sugestivas e indicadoras de ato libidinoso, o que pode possibilitar ao juiz, com existência de outras provas, tirar suas conclusões. 4 FRANÇA, Genival Veloso. Medicina Legal. 10ª. Edição. São Paulo: Editora Geen.,2015 p.690. Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 04 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 15 d. Procurar manchas e outros elementos biológicos. 2. Exame da vítima a. Identificação (nome, idade, sexo, profissão, residência etc.); b. Histórico (informes da vítima com sua própria linguagem sobre hora, local, condições, fatos mais específicos etc.); c. Exame subjetivo (condições físicas e psicológicas da vítima); d. Exame objetivo genérico (aspecto geral da vítima, lesões e alterações corporais sugestivas de violência); e. Exame objetivo específico: 1. coito vaginal (exame dos genitais externos, coleta de pelos pubianos e amostras de sêmen sobre pele, vulva, períneo e margem do ânus, procura de lesões nos genitais externos, uso do espéculo nos exames para evidenciar lesões vaginais e coleta de amostras de material biológico, lavado vaginal com soro fisiológico estéril e coleta desse material, uso do colposcópio para melhor visualização de possíveis lesões do hímen, levando em conta a existência de rupturas com descrição de suas características, como número, local, idade etc.); 2. Coito anal (estudo das lesões locais como equimoses, sufusões, rupturas, esgarçamentos das paredes anorretais e perineais, estado do tônus do ânus, coleta de pelos e amostras de sêmen, coleta de material biológico como sangue e saliva do agressor para identificação pelos testes em DNA); 3. Coito oral (estudo das lesões labiais e linguais, coleta de amostra de material biológico do lavado da cavidade oral com soro fisiológico estéril); 4. Introdução de objetos (pesquisa de possíveis lesões traumáticas e possíveis componentes do objeto usado na penetração); 5. Exame das vestes da vítima na procura de sangue e sêmen para identificar o autor. 3. Exame do agressor a. Anotação cuidadosa das características para facilitar sua identidade; Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 04 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 16 b. Exame das vestes na procura de sinais de luta, sinais da vítima (material biológico) e sinais de identificação do local dos fatos; c. Procura de sinais que o possam vincular aos fatos (sinais do coito, sinais de defesa, sinais ligados ao local dos fatos e sinais da vítima, como material biológico do tipo sangue, fezes, secreção menstrual etc); d. Coleta de material subungueal; e. Coleta de pelos e material biológico na região pubiana; f. Busca de lesões traumáticas nos órgãos genitais, de doenças venéreas e alterações que possam identificar o agressor pela vítima; g. Avaliação psiquiátrica do agressor. 4. Recomendações a. O exame deve ser feito em lugar recatado, de boas condições higiênicas e de iluminação e com instrumental mínimo necessário; b. Evitar o exame sumário, superficial e omisso; c. Não fazer conclusões açodadas e intuitivas; d. Descrever detalhadamente a sede e as características das lesões; e. Valorizar também os exames subjetivo e objetivo genérico; f. Registrar em esquemas corporais próprios todas as lesões encontradas; g. Fotografar sempre que possível essas lesões; h. Detalhar em todasas lesões forma, idade, dimensões, localização e particularidades; trabalhar sempre em equipe; i. Ter o consentimento livre e esclarecido da vítima e em casos de menores obter o consentimento de seus responsáveis legais; j. Examinar com paciência e cortesia, pois são pessoas vulneráveis; k. Respeitar as confidências; l. Em casos de exames em menores, ter sempre alguém da família presente; m. Examinar sempre com privacidade; n. Aceitar a recusa ou o limite do exame pela vítima; o. A assistência médica deve ter prioridade sobre o exame pericial; p. O laudo deve ser redigido em linguagem inteligível e objetiva e não deve ter expressões incertas ou conclusões dúbias; q. As amostras coletadas devem ser sempre em número de duas ou mais para possível contraprova. Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 04 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 17 3 – CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL Sabemos que a violência sexual é muito mais que um problema local, trata-se de contexto universal, que atinge todas as classes sociais, culturas, etnias e isso revela muito sobre esse tipo de delito, levando-o a revelações muito próximas dos demais delitos, no que se refere a aspectos estatísticos, despontando como causa elementos socioeconômicos. E se você ainda não entendeu essa relação, explico. Os números revelam que a maioria das vítimas dessa violência são as frações mais desprotegidas da sociedade, daí você já sabe, falamos de: crianças e mulheres. O crescimento populacional nas grandes periferias, o desemprego, o uso de drogas, p alcoolismo e, principalmente, a falta de segurança, são claramente, elementos que contribuem diretamente para fazer crescer esse tipo de crimes. Mas o que podemos entender por violência sexual? Erram aqueles que acreditam que a violência sexual é apenas o estupro. Obviamente, o estupro é a forma de violência sexual mais comum, porém não é a única. A Organização Mundial de Saúde - OMS definiu violência sexual como: “O uso intencional da força ou o poder físico, de fato ou como ameaça, contra uma pessoa ou um grupo ou comunidade, que cause ou tenha possibilidade de causar lesões, morte, danos psicológicos, transtornos do desenvolvimento ou privações”. Note que o conceito é muito mais amplo que estupro. Vale ressaltar que os registros de crimes relacionados à violência sexual, projetam-se muito acima das expectativas alarmantes e, a progressão delinquencial, tem extrapolados índices mais reservados. Ainda sobre os números, embora sejam alarmantes, não são confiáveis. É que esse tipo de vestígio, apesar de bem evidentes, na maioria das vezes, bloqueiam as vítimas; seja porque é criança e não pode entender o caráter da ofensa, seja porque a vítima se cala por medo ou vergonha, seja porque sente vergonha ou por culpa dos próprios responsáveis, enfim, incontáveis são os motivos. Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 04 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 18 3.1 - ESTUPRO Inicialmente, é importante destacar que, atualmente, na nossa legislação penal, há apenas 02 tipificações relacionadas ao crime de estupro, são elas: 1. ESTUPRO (art. 213, CP): exige violência ou grave ameaça 2. ESTUPRO DE VULNERÁVEL (217 – A): exige idade ou violência presumida Importante esclarecer em crimes de estupro, a violência pode ser: Violência é efetiva quando existe o concurso da força física ou o emprego de meios capazes de privar ou perturbar o entendimento da vítima, impossibilitando-a de reagir ou defender-se. Portanto, apresenta-se sob duas modalidades: I) violência física ou II) violência psicológica. Nas palavras do Mestre, Genival Veloso5, temos o seguinte: 5 FRANÇA, Genival Veloso. Medicina Legal. 10ª. Edição. São Paulo: Editora Geen.,2015 p.618. Estupro Violência Presumida Violência Efetiva Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 04 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 19 VIOLÊNCIA FÍSICA VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA A violência física não pode ser presumida, mas provada. Discute-se se há possibilidade, por exemplo, de um homem manter relação sexual com uma mulher caso haja resistência por parte desta. Os que negam essa possibilidade afirmam que tem a mulher, além dos movimentos da pélvis, dos músculos adutores das coxas e do apoio de seus membros, meios de impedir que o violentador chegue ao fim do seu ato erótico pelo desafogo natural da ejaculação antes de consumar o ato sexual. Mesmo aqueles que admitem a violência física só se convencem quando há uma desproporção muito grande de forças. Após uma luta mais breve, viriam a exaustão e perda das forças, não sendo possível o coito. Alguns admitem, mesmo a par da violência, que a vítima esboce resistência. Essa oposição deve ser real, e não a simples relutância ou negativa. A resistência deve ser contínua e idônea, em vez de uma simples simulação de resistência. Todavia, não se pode exigir que a mulher leve sua resistência até a morte. O que se exige é que o agressor tenha agido de forma violenta, anulando ou enfraquecendo a oposição da vítima. A violência efetiva psíquica é aquela em que o agente conduz a vítima a uma forma de não resistência por inibição ou enfraquecimento das faculdades mentais. A embriaguez completa, a anestesia, os estados hipnóticos (induzidos ou provocados) e a ação das drogas alucinógenas são exemplos desse tipo de violência. Violência presumida: nossa legislação penal estabelece as condições: menores de 14 anos, alienados ou débeis mentais e por outra causa qualquer que impeça a vítima de resistir. Em tais circunstâncias, denomina-se estupro de vulnerável (incluído pela Lei no 12.015/2009). As menores de 14 anos são incapazes de consentir. O mesmo se diz dos portadores de deficiências ou transtornos mentais quando o agente conhece essa circunstância ou quando a perturbação é manifesta. E, finalmente, podem surgir situações em que a vítima, por um ou outro fato, não tenha condições de oferecer resistência. Deve-se entender por grave ameaça a promessa de um mal maior. É uma forma de violência moral. Em tais circunstâncias, fica a vítima impossibilitada, por angústia, medo ou pavor, de esboçar uma resistência6. Portanto, vamos ao estudo das duas modalidades de estupro. 6 FRANÇA, Genival Veloso. Medicina Legal. 10ª. Edição. São Paulo: Editora Geen.,2015 p.618. Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 04 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 20 3.1.1 – A Estupro (art. 213 – CP) Em 2009, a Lei nº 12. 015, de 7 de agosto de 2009, promoveu significativas alterações no capítulo relativo aos crimes contra dignidade sexual, inclusive, ampliou o conceito do crime de estupro, cuja previsão é no art. 213 do CP que passou a vigorar da seguinte forma: CAPÍTULO I DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL Estupro Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. Note que a edição dessa nova lei alterou alguns dos dispositivos do Código Penal referentes aos crimes agora chamados contra a dignidade sexual traz diversas alterações cuja intenção é a melhor especificação de determinados delitos e a punição com mais rigor, notadamente quando há o envolvimento de menores de idade. Assim, significa que, agora passa a ser vítima do delito de estupro, na forma do art. 213 do CP: Toda aquela pessoa constrangida mediante violência ou grave ameaça a ter conjunção carnalou a praticar ou deixar que lhe pratique outro ato libidinoso; Por outro lado, esse dispositivo absorveu a figura do atentado violento ao pudor, antes no artigo 214 e agora revogado, incorporando-o ao texto do artigo 213, caput e dos dois parágrafos do Código Penal, para constituir um único conceito legal de crime de estupro. Importante destacar, julgado relevante do STJ, sobre o referido tema, destacamos abaixo o Resp 1.309.394. Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 04 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 21 3.1.2 – Passar as mãos no corpo da vítima: consumado (Informativo 555 – STJ) (...) O agente levou a vítima (menina de 12 anos) para o quarto, despiu-se e, enquanto retirava as roupas da adolescente, passou as mãos em seu corpo. Ato contínuo, deitou-se na cama, momento em que a garota vestiu-se rapidamente e fugiu do local. O crime se consumou. Assim, se o réu praticou esse fato antes da Lei 12.015/2009, responderá por atentado violento ao pudor com violência presumida (art. 214 c/c 224 a, do CP) ou, se depois da Lei, por estupro de vulnerável (217 – A), ambos na modalidade CONSUMADO. STJ. 6ª, turma. Resp 1.309.394 – RS, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 3/2/2015. Nas palavras de Genival Veloso7: Essa tipificação unificada atende também à linguagem penal de outros países como Portugal, França, Espanha, Chile, Colômbia e Argentina. Agora, tanto o homem como a mulher poderão ser sujeito ativo ou passivo do crime de estupro, pois admite-se que qualquer ato libidinoso praticado de forma violenta ou de grave ameaça a alguém é tido como o delito em estudo. 3.1.3 – Conjunção carnal O entendimento sobre conjunção carnal continua o mesmo. Genival Veloso conceitua em seu manual de Medicina Legal como sendo a “introdução completa ou incompleta do pênis na cavidade vaginal, ocorrendo ou não ejaculação, não se tendo como tal a cópula vestibular ou vulvar nem o coito oral ou anal.” 7 FRANÇA, Genival Veloso. Medicina Legal. 10ª. Edição. São Paulo: Editora Geen.,2015 p.616. Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 04 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 22 Assim, significa dizer que: Ato libidinoso é gênero, possuindo inúmeras espécies, veja: É importante frisar que antes, o crime de estupro era praticado apenas contra a mulher através de conjunção carnal mediante violência ou grave ameaça e os outros tipos de atos libidinosos diversos da conjunção carnal eram tidos como atentado violento ao pudor. Porém, atualmente não se distingue mais o gênero da vítima, podendo assim o homem ser vítima do crime de estupro e inclusive a mulher pode ser autora desse crime contra outra mulher, bastando que ela constranja a vítima a praticar ou permitir que com ela se pratique um ato libidinoso e, também é considerado estupro tanto a conjunção carnal quanto os outros atos libidinosos, desde que alguém seja constrangido ou ameaçado a fazê-los. Qual o conceito de ato libidinoso? Obviamente, temos algumas controvérsias de ordem doutrinária a partir do conceito de estupro pela sua nova definição, agora abrangendo também o ato libidinoso, cujos limites e circunstâncias são imprecisos. Faltou ao legislador mais clareza na definição desses atos, pois a expressão “ato libidinoso” é muito vaga e dá margem à muitas interpretações. Em geral, entende-se por ato libidinoso toda prática que tem por fim satisfazer completa ou incompletamente o apetite sexual, o qual pode traduzir-se, algumas vezes, em transtorno da preferência sexual. Ato Libidionoso (Gênero) Espécies conjunção carnal coito ectópico toques e apalpadelas de mamas masturbação contemplação lasciva Etc.. Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 04 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 23 Segundo a posição majoritária na doutrina, a simples contemplação da lascívia, por exemplo, já configura ato libidinoso descrito no art. 213 e 217-A do Código Penal, sendo irrelevante, para a consumação dos delitos, que haja contato físico entre ofensor e ofendido. O STJ, no Informativo nº 555, no julgamento de um caso concreto sobre o tema, posicionou-se da seguinte forma: (Informativo 555 – STJ) Para que o crime seja considerado consumado, não é indispensável que o ato libidinoso praticado seja invasivo (introdução viril nas cavidades da vítima). Logo, toques íntimos poder servir para consumar o delito. STJ. 6ª, turma. Resp 1.309.394 – RS, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 3/2/2015. Ainda nesse sentido: Beijo roubado em contexto de violência física pode caracteriza estupro. (Informativo 592 – STJ) (...) O agente abordou a vítima de forma violenta e sorrateiramente com a intenção de satisfazer sua lascívia, o que ficou demonstrado por sua declarada intenção de “ficar” com a jovem e pela ação de impingir-lhe, à força, um beijo, após ela ser derrubada em ao solo e mantida subjulgada pelo agressor, que a imobilizou pressionando o joelho sobre seu abdômen. Tal conduta configura o art. 213, §1º do CP, neste caso: Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: § 1 º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. STJ. 6ª, turma. Resp 1.611.910 – MT, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 11/10/2016. Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 04 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 24 Note, portanto, que ato libidinoso, como já fora dito, além da conjunção carnal, manifesta-se nas mais variadas situações, a exemplo: No coito ectópico, Na masturbação, Nos toques e apalpadelas de mamas, Coxas e vagina, Na palpação de nádegas, Na contemplação lasciva, Nos contatos voluptuosos de forma constrangedora. Esses atos, praticados em alguém ou permitidos que a ele se pratiquem, constituem elementos que podem contribuir na caracterização do delito. 3.1.4 – Estupro de vulnerável (217 – A, CP) Noutro giro, enquanto o estupro, tipificado nos termos do art. 213, CP exige violência, aqui, no estupro de vulnerável para que se configure o tipo penal, exige-se apenas, neste primeiro momento, que a vítima seja menor de 14 anos, vale lembrar que, o consentimento da vítima menor de 14 é irrelevante e não afasta o tipo penal. Frise-se!! Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com MENOR de 14 (catorze) anos configura estupro de vulnerável – o consentimento da vítima, se menor de 14 anos é irrelevante. Noutras palavras, se a vítima tem 14 anos e 1 dia, não se configura o crime de estupro de vulnerável, mas FATO ATÍPICO. Nesse sentido, temos os seguintes julgados relacionados ao tema e que merecem destaque, pois tem sido muito explorado em provas: Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 04 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 25 Basta que o agente tenha praticado o ato sexual com menor de 14 anos para tipificar o delito previsto no art. 217-A do CP. (Informativo 568) Praticar conjunção carnal ou qualquer outro ato libidinoso contra menor de 14 anos é crime. Antes da Lei 12.015/2009, tais condutas poderiam se enquadrar nos cries previstos no art. 213 c/c 224, “a” (estupro com violência presumida por ser menor de 14 anos). Depois da Lei 12. 015/2009, essa conduta é criminalizada como estupro de vulnerável. STJ. 3ª, turma. 1.480.881-PL, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 26/08/2015 – recursorepetitivo - Isso significa que, para o STJ: Se o agente pratica conjunção carnal ou atentado violento ao pudor com um adolescente de 13 anos, existe crime mesmo que a vítima consista com o ato sexual. Mesmo que o adolescente e a vítima sejam namorados e haja consenso no ato sexual existe crime Mesmo que o adolescente já tenha tido outras experiências sexuais, existe crime. Nesse sentido: (Informativo 568 – STJ) Para que haja a caracterização do crime de estupro de vulnerável previsto no art. 217 – A, caput, do CP, basta que o agente tenha conjunção carnal ou pratique qualquer ato libidinoso com pessoa menor de 14 anos. O consentimento da vítima, sua eventual experiência sexual anterior ou a existência de relacionamento amoroso entre agente e a vítima não afasta a ocorrência do crime. STJ. 3ª, turma. 1.480.881-PL, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 26/08/2015 – recurso repetitivo - Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 04 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 26 O tema é tão relevante que em 2017, ganhou até súmula do STJ, é o entendimento: Súmula 593: O crime de estupro de vulnerável se configura com a conjunção carnal ou prática de ato libidinoso com menor de 14 anos, sendo irrelevante eventual consentimento da vítima para a prática do ato, sua experiência sexual anterior ou existência de relacionamento amoroso com o agente. Ainda para o STJ, o tipo penal do art. 217-A, não exige apenas conjunção carnal, mas, vale dizer, admite toda e qualquer hipótese de ato libidinoso para sua configuração. Nesse sentido, destacamos os seguintes julgados: Passar as mãos nas coxas e seios de vítima menor de 14 anos configura estupro de vulnerável (Informativo 837) O Agente que passa as mãos nas coxas e seios da vítima menor de 14 anos, por dentro de sua roupa, pratica em tese, o crime de estupro de vulnerável (217 – A, CP), não importa que não tenha havido penetração vaginal (conjunção carnal). STJ. 1ª, turma. RHC 133121/DF, Rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. Para acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 30/08/2016. E ainda, Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 04 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 27 Contato físico entre autor e vítima não é indispensável para configurar o delito. (Informativo 587) A conduta de contemplar lascivamente, sem contato físico, mediante pagamento, menor de 14 anos desnuda em motel pode permitir a deflagração da ação penal peara apuração do delito de estupro de vulnerável. Segundo a posição majoritária na doutrina, a simples contemplação da lasciva que já configura o “ato libidinoso” descrito nos arts. 213 e 217 – A, do Código Penal, sendo irrelevante, para a consumação dos delitos, que haja contato físico entre ofensor e ofendido. STJ. 5ª, turma. RHC 70.976-MS, Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 26/08/2015. Outro tema muitíssimo relevante e atual em casos de crime de estupro de vulnerável é quando não há documento hábil capaz de comprovar a menoridade ou maioridade (para teses de defesa) da vítima. Isso importa para nossa matéria, já que, o laudo pericial pode ser documento significativo em casos assim. Neste sentido, é o entendimento do STJ: Meios de comprovação da menoridade da vítima nos crimes sexuais (Informativo 563) Nos crimes sexuais contra vulnerável, quando inexiste certidão de nascimento atestando ser a vítima menor de 14 anos na data do fato criminoso é possível a verificação etária por outros meios de prova presentes nos autos. Em suma, a certidão de nascimento não é o único meio idôneo para se comprovar a idade da vítima, que pode ser comprovada por meio das informações presente no laudo pericial, das declarações das testemunhas, da compleição física da vítima e das declarações do próprio acusado. STJ. 5ª, turma. AgRg no AREsp 12.700- AC, Min. Gurgel de Faria, julgado em 10/03/2015. Se num primeiro momento, para a configuração do crime de estupro de vulnerável, importa a idade da vítima, num segundo momento, também cabe a análise da incidência do §1º, 217-A, CP, qual seja: Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 04 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 28 Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. § 1 º Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. Significa dizer que, também comete crime de estupro de vulnerável que pratica ações com quem que por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. Note que, neste momento, a idade é insignificante e, para configuração do delito, analisa se a vítima é: Deficiente mental Não tem necessário discernimento (ainda que momentâneo); Não possa oferecer resistência. Bem, agora que já conceituamos as possibilidades de ocorrência do crime de estupro, cumpre-nos trabalhar os aspectos da perícia em relação ao tema. 3.2 – A PERÍCIA EM CRIMES DE ESTUPRO Como sabemos, o estupro é um crime que deixa vestígios e, por isso, é indispensável a realização do exame pericial, seja para a devida comprovação da conjunção carnal, seja para demonstração de outro ato libidinoso e demais elementos que caracterizam o referido delito, a exemplo: Lesões produzidas por violência física; A identidade; A determinação da idade e o estado mental da vítima; A coleta de material para as provas biológicas que confirmem o ato ou identifiquem o autor. Enfim, há outros pontos a esclarecer na perícia do estupro. Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 04 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 29 Também é importante destacar em tema pericial, também é relevante estabelecer a identidade e o estado mental do agressor a fim de medir sua capacidade de entendimento ao fato delituoso e, também, averiguar suas possibilidades físicas de constranger e dobrar a vítima aos seus instintos sexuais. Nas palavras de Delton Croce8: Os expertos devem atentar para o estado mental do agressor, para inferir sobre a sua capacidade de entendimento do fato delituoso e de determinar-se de acordo com esse entendimento, e para suas possibilidades físicas de constranger e dobrar a vítima aos seus instintos sexuais. Contudo, nesta aula, trataremos de dados mais relevantes na comprovação pericial e mais explorados em provas, quais sejam: dos coitos vagínico, anal e oral, além da penetração de objetos por via retal ou vaginal de forma violenta ou coativa. Papel fundamental tem a perícia médico-legal, nestes casos. Explico. É que é ela que permite comprovar a realidade da cópula vagínica, importando, se mulher virgem, na ruptura do hímen, ou, nos casos de complacência ou mulher não virgem, a constatação de uma moléstia venérea profundamente situada, de que o imputado seja portador e que se encontre em fase contagiante, ou de uma taxa alta de fosfatase ácida na secreção vaginal (300 a 3.000 unidades King por centímetro cúbico de esperma humano), do próprio esperma, além da barreira himenal, ou de uma gravidez. 3.2.1 – Diagnose de esperma Para a diagnose de esperma utilizam-se as reações cristalográficas, que são reações de orientação ou de probabilidade, e pelas provas de certeza e pelas provas biológicas, específicas e individuais. Delton Croce9 explica que as primeiras estão representadas especialmente pela: 1) Reação de Florence — Uma soluçãoiodo-iodetada posta em contato com um macerado de esperma reage com a lecitina, que é um lipoide espalhado na economia inteira, e forma cristais romboédricos, de colorido marrom amarelado, visíveis somente ao microscópio. Essa reação não é peculiar ao esperma humano, pois a lecitina é encontrada também nos animais; logo, a reação se positiva 8 CROCE, Delton e JR. CROCE, Delton. Manual de Medicina Legal. 8ª. Edição. São Paulo: Editora Saraiva., 2011, p. 1243. 9 CROCE, Delton e JR. CROCE, Delton. Manual de Medicina Legal. 8ª. Edição. São Paulo: Editora Saraiva., 2011, p. 1243. Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 04 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 30 com esperma de todos os animais. Outrossim, à maneira do que ocorre com outras reações cristalográficas, a reação de Florence ainda se positiva com sucos vegetais, excretas orgânicos etc. 2) Cristais de Baecchi — Originam-se dos cristais de Florence, 15 a 30 minutos após a sua formação, ao lado dos quais são vistos, numa preparação microscópica, como formações ovaladas, semilunares ou hexagonais, de tonalidade marrom-escura. 3) Reação de Barbério — Uma solução saturada de ácido pícrico em água destilada posta na presença de um macerado de esperma bem concentrado forma cristais de formas das mais variadas: ovoides, romboédricos, losangulares, de acículas grossas. As provas de certeza são feitas pela demonstração de um único espermatozoide íntegro ou, então, de muitas de suas cabeças com fragmentos de caudas aderidas no material examinado. As provas biológicas específicas têm valor para a determinação da origem do esperma, desde que os espermatozoides típicos, previamente evidenciados, não tenham sofrido alterações morfológicas. A individuação de esperma humano pela técnica da absorção de Schütze, ou pelo método de absorção de Landsteiner e Reich, quando possível realizá-las, tem inconteste valor prático; baseia-se no elevado percentual de aglutinógenos A e B existentes no esperma em estreita correspondência com o grupo sanguíneo do indivíduo. Por outro lado, as provas de certeza são feitas pela demonstração de um único espermatozoide íntegro ou, então, de muitas de suas cabeças com fragmentos de caudas aderidas no material examinado. As provas biológicas específicas têm valor para a determinação da origem do esperma, desde que os espermatozoides típicos, previamente evidenciados, não tenham sofrido alterações morfológicas. A individuação de esperma humano pela técnica da absorção de Schütze, ou pelo método de absorção de Landsteiner e Reich, quando possível realizá-las, tem inconteste valor prático; baseia-se no elevado percentual de aglutinógenos A e B existentes no esperma em estreita correspondência com o grupo sanguíneo do indivíduo10. 10 CROCE, Delton e JR. CROCE, Delton. Manual de Medicina Legal. 8ª. Edição. São Paulo: Editora Saraiva., 2011, p. 1243. Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 04 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 31 3.2.2 – Perícia do coito vaginal A doutrina clássica destaca que, para a comprovação do coito vagínico, é importante considerar alguns pontos relevantes, por isso, para fins meramente didáticos, estabeleceremos a seguinte ordem cronológica: a. HISTÓRICO: Inicialmente, é importante que os exames constantes do relatório médico sejam precedidos por um histórico da vítima que justifique a perícia, atinente aos atos sexuais praticados, na sua própria linguagem, assim como informações sobre: Hora; Local; A posição em que a vítima foi colocada e mais o que tenha relação e interesse ao caso concreto; Condições especialíssimas como foram levados a efeito; Número de relações; Se foram no mesmo dia ou em dias sucessivos. Também é importante que tudo isso sempre com a maior discrição possível11. Noutro giro, é claro que o histórico da vítima ou – em casos de crianças muito pequenas – de seu acompanhante responsável não deve comprovar objetivamente a ocorrência da alegada infração que se quer apurar, mas que ela seja consignada objetivamente pelos vestígios de configuração típica comprovados pela perícia. b. EXAMES: Os exames se subdividem da seguinte forma: 11 Hermes Rodrigues de Alcântara (in Perícia Médica Judicial, 2a edição, Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006). Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 04 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 32 EXAME SUBJETIVO: Aqui, são consideradas todas as condições psíquicas da vítima, todos os sinais e sintomas que possam ser anotados quanto ao seu desenvolvimento mental incompleto ou retardado, ou mesmo a um transtorno mental, no sentido de permitir caracterizar agravantes ou tipificações penais. EXAME OBJETIVO: há de se considerar duas partes: uma 1) genérica e outra 2) específica. (1) Exame objetivo genérico:12 Neste, leva-se em conta o aspecto geral da vítima, como peso, estatura, estado geral, lesões e alterações corporais sugestivas de violência física. Deve-se também, em casos sugestivos, pesquisar sinais de presunção e de probabilidade de gravidez na esfera genital e extragenital da examinada. Há também de se procurar as provas de violência ou de luta, apresentadas pela vítima nas mais diversas regiões do corpo: equimoses e escoriações, mais evidenciadas nas faces externas das coxas, nos antebraços, na face, em derredor do nariz e da boca – como tentativa de fazer calar os gritos da vítima – e, finalmente, escoriações na face anterior do pescoço, quando existe a tentativa de esganadura ou como forma de amedrontá-la. DESCREVENDO AS LESÕES 12 FRANÇA, Genival Veloso. Medicina Legal. 10ª. Edição. São Paulo: Editora Geen.,2015 p.619/620. EXAMES Subjetivos Considera-se condições psíquicas da vítima Objetivos Características gerais da vítima + exame específico Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 04 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 33 A descrição dessas lesões – sem seus elementos de caracterização, como disposição, dimensões, estágio evolutivo e perfeita localização – além de permitir a dúvida quanto à época de sua existência, dificulta sua interpretação como lesão típica. A simples descrição de uma escoriação em um cotovelo ou uma hiperemia vaginal, por exemplo, não permite se afirmar com segurança que uma pessoa sofreu violência sexual. A perícia deve orientar suas conclusões no sentido de valorizar as lesões corporais encontradas tentando estabelecer uma relação com o alegado fato e com isso poder configurar seu nexo causal. É preciso que fique demonstrado que tais lesões representam o último esforço da ofendida como forma de resistir à intenção anômala do agressor. Simplesmente nominar uma lesão sem expor todas as particularidades que ela encerra não leva a qualquer convicção. É claro que não se exige a precisão cronométrica em dias ou horas, mas no mínimo se ela é “muito recente”, “recente” ou “antiga”. (2) Exame objetivo específico:13 Coloca-se a paciente em posição ginecológica, examinando-se cuidadosamente o aspecto e a disposição dos elementos da genitália externa. Em seguida, tomam-se os grandes e os pequenos lábios entre as extremidades dos polegares e dos indicadores, puxando-os para fora e na direção do examinador, de modo que se exponha inteiramente o hímen. Em moças virgens, obviamente, exige-se outras formas para realização do exame específico, que poderá ser: a. No estudo da integridade himenal; e b. Nos casos de himens complacentese de mulheres de vida sexual pregressa, a perícia se louva na eventual presença de gravidez, de esperma na cavidade vaginal, na constatação da presença de fosfatase ácida ou de glicoproteína P30 (de procedência do líquido prostático c. Ou na contaminação venérea profunda. 13 FRANÇA, Genival Veloso. Medicina Legal. 10ª. Edição. São Paulo: Editora Geen.,2015 p.620. Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 04 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 34 3.2.3 – Hímen e suas classificações O hímen é uma estrutura mucosa que separa a vulva da vagina. Existem várias classificações do hímen, nesta linha, seguiremos os ensinamentos de Genival Veloso14 sobre o tema. 1. Quanto a face: o hímen possui duas faces: uma vaginal e profunda e outra vestibular ou superficial 2. Quanto a Borda: Apresenta ainda duas bordas: uma aderente ou de inserção e outra livre, que limita o óstio. Assim, quando a mulher está de pé sua situação é horizontal; Quando ela se encontra em decúbito é vertical. 3. Quanto a face: A face vaginal do hímen é ligeiramente côncava, rugosa, irregular e de coloração vermelho escura. A face vestibular, um tanto convexa, forma com a face interna dos pequenos lábios um sulco chamado de vulvo-himenal ou ninfo-himenal, não muito raramente interrompido por pequenas bridas de sentido transversal e que circunscrevem pequenas depressões cognominadas fossetas vulvo-himenais. Algumas vezes o hímen tem uma falha em sua parte superior (correspondente à posição das 12 h de um mostrador de relógio), pois neste local se inserem o meato uretral e o clitóris. A borda livre do hímen pode apresentar-se regular, irregular ou recortada, mostrando reentrâncias que são conhecidas por entalhes ou chanfraduras. Se elas avançam a pique, chegando quase à borda de inserção, e se são simétricas, denominam-se entalhes. Se são superficiais e correm em extensão, geralmente de 2 a 3 mm, dá-se-lhes o nome de chanfraduras. Algumas vezes têm sido elas, principalmente os entalhes, confundidas com rupturas. A diferença entre ruptura incompleta e entalhe não é tarefa tão difícil. Eles se mostram com características bem diversas. De um entalhe a outro, quando são muitos, surgem limitações de membrana que se conhecem por lobos, que dão ao hímen uma forma franjada. Genival Veloso de França distingue a ruptura do entalhe ao mencionar que “a primeira (ruptura) apresenta comumente profundidade completa na orla himenal, chegando até sua inserção na parede vaginal, bordas irregulares, disposição assimétrica, justaposição completa das bordas, bordas recobertas por tecido fibroso cicatricial esbranquiçado, ângulo da ruptura em forma de V, sinais de cicatrização ao nível das bordas e, quando recente, infiltração hemorrágica, sangramento ou sinais de supuração. Já o entalhe mostra pouca penetração na orla himenal, bordas regulares, 14 FRANÇA, Genival Veloso. Medicina Legal. 10ª. Edição. São Paulo: Editora Geen.,2015 p.621. Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 04 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 35 disposição frequentemente simétrica, justaposição impossível das bodas, bordas revestidas por epitélio pavimentoso estratificado idêntico ao restante do hímen, ausência de sinais de cicatrização recente e de infecção localizada e ângulo de clivagem arredondado". 4. Quanto à altura do hímen: A altura do hímen é a distância entre a borda livre e a borda de inserção. Quanto maior a altura, menor o óstio, e vice-versa. O hímen pode ser exíguo, limitando-se a uma delgada e estreita orla, e pode ser considerável, fechando bem o óstio ou excedendo-o por fora, como nos himens “em prepúcio” ou “em bolsa”. São alguns tipos de hímen15: 5. Quanto às dimensões do orifício: essas dependem da largura do óstio e, relativamente, da membrana mais ou menos larga que o fecha. 6. Sinomia: De origem grega (hymen, membrana), é a prega ou membrana, de forma variada, que, nas mulheres virgens e nas que portam hímen complacente, constitui a mucosa vulvar no sítio em que entra na vagina. É, portanto, uma membrana mucosa que separa a vulva da vagina, atrás dos pequenos lábios. Não é apanágio da espécie humana, pois outros animais, como alguns tipos de macacas, também o possuem. O inverso é verdadeiro: a agenesia himenal existe na espécie humana16. 15 Imagens: Internet: https://sexsaude.com.br/orientacao/anatomia/himen.htm Acesso em 10.10.2018 16 CROCE, Delton e JR. CROCE, Delton. Manual de Medicina Legal. 8ª. Edição. São Paulo: Editora Saraiva., 2011, p. 624. Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 04 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 36 7. Forma e classificação: Não há um hímen típico. Cada mulher apresenta uma forma quase pessoal. As classificações mais usadas são as de Afrânio Peixoto e de Oscar Freire. A classificação de Afrânio Peixoto baseia-se na presença ou não de linhas de junção formando ângulos na inserção vaginal. Divide-se em três grupos: acomissurados, comissurados e atípicos. i) HIMENS ACOMISSURADOS: imperfurados: sem abertura; anulares: orifício circular, ovalar ou elíptico; semilunares: abertura em forma de crescente; helicoidais: a membrana descreve curvas em hélice; septados: com septos transversal, longitudinal ou oblíquo, delimitando dois orifícios; cribriformes: membrana crivada por várias aberturas regulares ou irregulares. Vejamos alguns exemplos17: Hímen Circular Hímen Ovalar 17 Imagens: FRANÇA, Genival Veloso. Medicina Legal. 10ª. Edição. Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 04 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 37 Hímen Septado Hímen complacente ii) HIMENS COMISSURADOS: bilabiados: transversais ou longitudinais; trilabiados: três valvas ou três comissuras; quadrilabiados: quatro valvas e quatro comissuras; multilabiados ou coroliformes: a membrana toma a forma de flor. Vejamos alguns exemplos18: Hímen tetralabiado Hímen cordiforme 18 Imagens: FRANÇA, Genival Veloso. Medicina Legal. 10ª. Edição. Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 04 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 38 iii) HIMENS ATÍPICOS FENESTRADOS:19 com um orifício grande e outro pequeno; com apêndices salientes; com apêndices pendentes. Na classificação de Oscar Freire, foi levado em conta, principalmente, o orifício. São classificados como: imperfurados, perfurados e atípicos. IMPERFURADOS: constituindo-se em uma forma rara, embora seu conhecimento seja de muito tempo. Cícero chamou de “natureza selada”, e Plínio, de “natureza fechada”. Quando existe tal situação, indica-se uma incisão cirúrgica para dar saída ao fluxo menstrual. PERFURADOS: punctiformes: central ou lateral; circulares, ovalares ou elípticos; lineares: em forma de fenda; triangulares: trilabiado; quadrangulares: orifício com quatro bordas multiangulares: com muitos lábios; com dois orifícios: limitando um septo; com três ou mais orifícios; com vários orifícios (cribriforme). ATÍPICOS: que não se enquadram entre os anteriormente referidos nesta classificação. Himens múltiplos: Há casos de dois ou mais himens situados em um mesmo plano ou em planos diferentes, um adiante do outro. Registram-se casos de três e até quatro. Deve-se ter o cuidado de não confundir essa multiplicação himenal com as colunas rugosas da vagina. Elasticidade e permeabilidade do hímen:Tem o hímen a propriedade de elastecer-se, dando-lhe maior ou menor dilatabilidade. Sua elasticidade pode chegar ao ponto de permitir a penetração de corpos mais calibrosos sem se romper. São os himens complacentes, por excesso de membrana. Geralmente, sua complacência, quando existe, sempre é por exiguidade de membrana. O conceito de hímen complacente com certeza é o mais discutível na prática médico legal corrente, tanto pelo seu caráter subjetivo quanto pela ausência de outros meios propedêuticos, além da apreciação visual, por isso é tão discutível entre aqueles que exercem essa atividade pericial. 19 FRANÇA, Genival Veloso. Medicina Legal. 10ª. Edição. São Paulo: Editora Geen.,2015 p.627. Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 04 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 39 Vejamos alguns exemplos20: Hímen septado oblíquo Hímen septado longitudinal Hímen septado transverso Hímen cribriforme Hímen em bolsa Hímen roto 20 Imagens: FRANÇA, Genival Veloso. Medicina Legal. 10ª. Edição. Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 04 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 40 Note, que não é possível uma uniformização de critérios para se ter um modelo preciso e objetivo de hímen complacente, visto que esse conceito está arraigado na experiência e na convicção individual de cada perito. Por outro lado, não é exagero dizer que em um mesmo serviço podem-se ter variadas concepções sobre tal diagnóstico, mesmo levando-se em conta a importância e delicadeza de cada caso examinado em face da transcendência de seus resultados. 3.2.4 – Ruptura himenal É na maioria das vezes a ruptura himenal, o elemento mais essencial no diagnóstico de conjunção carnal. E, nas palavras de Delton Croce: Conjunção carnal é a relação sexual entre um homem e uma mulher. É a posse sexual, o coito, o concúbito ou ajuntamento carnal da mulher por parte do homem. É a cópula fisiológica. É a cópula vagínica. É a introductio penis in vaginam. É a intromissio penis in vaginam. É a introductio penis infra vas. É a introdução, parcial ou total, do pênis em ereção na vagina, além da barreira himenal, não importando a ocorrência de orgasmo, nem a ruptura física do hímen. É o coitus secundum naturam. A ruptura do hímen caracteriza física e anatomicamente a realidade da conjunção carnal, desde que determinada pela introdução do pênis em ereção na vagina, e não por olisbos, traumatismos, masturbação etc. Embora íntegro o hímen, asseguramos caracterizado o delito de estupro se ocorre a simples penetração do espermatozoide fecundante ejaculado em cópula vestíbulo-vulvar, além da membrana, eis que tal fato, à luz da tutela penal pátria, equivale à conjunção carnal, levando-se em conta que a vítima se sente estuprada com o coito vulvar, já que o atrito do pênis na entrada da vagina é totalmente diferente do contato em outra parte de seu corpo. Mas a jurisprudência não é pacífica nesse sentido. Daí a necessidade de se descreverem tais rupturas de forma simples e objetiva, dando todas as características, como por exemplo: Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 04 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 41 De idade dessa lesão; Sua localização; Número delas; E outras particularidades que possam se tornar úteis. É também necessário que se registrem na descrição das bordas das rupturas, quando houver: a presença de sangramento, de sufusão hemorrágica ou orvalhamento sanguíneo, de edema, de reação inflamatória ou de tecido de granulação, ou simplesmente as características de seu estágio de cicatrização, enfatizando se as bordas dessa ruptura são espessas, delgadas, regulares, irregulares, arredondadas e de que coloração. É que, esses elementos são fundamentais para o convencimento de um diagnóstico de ruptura recente ou antiga do hímen. Por esta razão, o perito não pode limitar-se a dizer que a ruptura é antiga ou recente. A fundamentação e justificativa dessa convicção é medida que se impõe! Também é muito importante que se apreciem nesse exame: O tamanho do óstio; A altura da orla e a consistência, O espessamento, A possibilidade de franqueamento e a distensibilidade himenal Uma vez que o conjunto dessas particularidades pode influir de maneira concreta nas conclusões periciais. Quanto a cicatrização, as rupturas himenais podem ser classificas em: Muito Recente: de 01 a 06 dias - período de sangramento, equimose e orvalhamento sanguíneo; Recente: 06 a 20 dias - Bordas da ruptura esbranquiçadas, com exsudação ou supuração e bordas da ruptura de coloração rósea; Antiga: Mais de 20 dias - Bordas da ruptura completamente cicatrizadas. 3.2.5 – Conclusões Não restam dúvidas que a função do exame médico legal e, consequentemente, do perito na instrução criminal, em casos dessa ordem, é descrever minuciosamente as lesões e as particularidades, quando existentes, explorando bem as características que elas apresentam e respondendo com clareza os quesitos formulados, pois só dessa forma estará ajudando a interpretar não só o aspecto quantitativo e qualitativo do dano, como o modo ou a ação pelo qual ele foi produzido. Mas muito cuidado!!! Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 04 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 42 Não é função dos peritos tipificar delitos ou capitular dispositivos de Código Penal. Essa é uma tarefa do julgador. Por mais inestimável que seja a contribuição pericial, somente ao juiz cabe essa condição. A missão dos peritos é relatar: visum et repertum. 3.3 – A PERÍCIA NOS ATOS LIBIDINOSOS Bem, já vimos que diversas são as possibilidades da caracterização de ato libidinoso, uma vez que entende- se por ato libidinoso toda prática que tem o fim de satisfazer completa ou incompletamente o apetite sexual: Por ato libidinoso, compreende-se a possibilidade de satisfazer completa ou incompletamente, com ou sem ejaculação, o apetite sexual, o qual pode traduzir-se desde a cópula carnal até as mais variadas situações, como coitos anal, vestibular e oral, toques e apalpadelas nas mamas, nádegas, coxas e vagina, nos contatos voluptuosos e na contemplação lasciva, praticados em alguém ou constrangendo que a ele se pratiquem21. Considerando a amplitude de possibilidades, destacamos as perícias mais comuns relacionadas ao tema. 3.3.1 – Da perícia do coito anal Da mesma forma que o exame anteriormente visto, no que tange ao exame subjetivo, deve considerar, nas condições psíquicas da vítima, todos os sinais e sintomas que possam ser anotados quanto ao seu desenvolvimento mental incompleto ou retardado, ou mesmo a um transtorno mental, no sentido de permitir caracterizar agravantes ou tipificações penais. Por outro lado, no exame objetivo, há de se considerar também uma parte genérica e outra específica, mas neste caso, importa o seguinte: 21 FRANÇA, Genival Veloso. Medicina Legal. 10ª. Edição. São Paulo: Editora Geen.,2015 p.635. Equipe Paulo Bilynskyj, Paulo Bilynskyj Aula 04 Medicina Legal p/ PC-PB (Delegado) 2021 Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br . . 43 (1) Exame objetivo genérico: Neste, leva-se em conta o aspecto geral da vítima, como peso, estatura, estado geral, lesões e alterações corporais sugestivas de violência física. (2) Exame objetivo específico22: é essa a perícia que tem contribuído com a materialidade dos crimes de atentado violento ao pudor comprovando o ato libidinoso, principalmente no coito anal, pelos vestígios deixados pelo
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