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Trabalho de conclusão de curso

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Prévia do material em texto

CAPA
C
A
P
SCENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL 
DESTINADO A CRIANÇAS E ADULTOS COM 
TRANSTORNOS MENTAIS
C
A
P
S
Letícia Gouveia Silva
CENTRO UNIVERSITÁRIO DO TRIÂNGULO
ARQUITETURA E URBANISMO
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
2019
C
A
P
S
CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL 
DESTINADO A CRIANÇAS E ADULTOS COM 
TRANSTORNOS MENTAIS
Letícia Gouveia Silva
LETÍCIA GOUVEIA SILVA
CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL
UBERLÂNDIA
2019
Trabalho de conclusão de curso apresentado 
ao curso de Arquitetura e Urbanismo da 
Universidade do Triangulo (UNITRI), como 
requisito para a obtenção do titulo de bacharel 
em Arquitetura e Urbanismo.
Figura de abertura 1: Última pintura de Van Gogh*. Disponível em: Wikipedia Acessado em: 01/04/2019
* Vinvenct WillemVan Gogh foi um pintor holandês pós impressionista, possuía distúrbios mentais por perturbações epiléticas. Durante suas crises, ele não conseguia pintar devido 
as suas frequentes e intensas alucinações, mas recusava-se a conviver com os outros doentes mentais.
“A única diferença entre a loucura e a saúde mental,
é que a primeira é muito mais comum.”
Millôr Fernandes
Figura de abertura 2: Obra encontrada em um antigo sanatório. O artista era um esquizofrênico. Disponível em: Geekness. Acessado em: 01/04/2019 
Resumo
Assim como há o avanço de inúmeras tecnologias hoje existentes no mundo desde
suas criações, por que não mesclar os avanços arquitetônicos, hospitalares e
terapêuticos para se obter um novo parâmetro de projeto?
Com este questionamento em pauta, tem-se em mente a correlação com a criação de
um projeto de Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) especializado em transtornos
mentais destinado à todas as idades. O trabalho desenvolvido em um CAPS é a
reintegração do paciente que sofre de algum transtorno na comunidade que o circula.
Aqui, será concebido de total plenitude a dignidade aos usuários do espaço, garantindo-
lhes segurança, conforto físico e psicológico na realização de suas atividades.
O enfoque é proporcionar aos enfermos ambientes agradáveis, convidativos,
saudáveis e produtivos, revertendo o pensamento que muitos tem sobre ser um local
sóbrio e melancólico. Seguindo as recomendações obrigatórias que um CAPS deve ter
para funcionar, e trabalhando em conjunto com a psiquiatria, a psicologia, a arquitetura,
grandes resultados serão obtidos para dar a melhor assistência àqueles que
necessitam.
Figura de abertura 3: Desenho de Eugene Andelsek.* Disponível em: Geekness. Acessado em: 01/04/2019
*Andelsek era um desenhista americano que sofria de esquizofrenia. Este desenho foi criado usando um compasso, régua, e um conta -gotas de colírio para acrescentar cores.
Abstract
Just as there is the advancement of countless technologies today existing in the
world since its creations, why not merge the architectural, hospital and therapeutic
advances to get a new project parameter?
With this point, we have in mind the correlation with the creation of a Psychosocial
Care Center (CAPS) project specializing in mental disorders destined to all ages. The
work developed in a CAPS is the reintegration of the patient who suffers from some
disorder in the community that surrounds it. Here, it will be fully conceived of the dignity
of the users of space, guaranteeing them safety, physical and psychological comfort
during their activities.
The focus is to provide for the diseased, welcoming, healthy and productive
environments, reversing the thought that many people have about being a sober and
melancholyc place. Following the mandatory recommendations that a CAPS must have
to function, and working together with psychiatry, psychology, architecture, great
results will be obtained to give the best assistance to those who need it.
Lista de figuras
Figura 1: Esquema introdutório
Figura 2: Esquema introdutório
Figura 3: Franco Basaglia no Brasil
Figura 4: Franco Basaglia no Brasil
Figura 5: Linha do tempo
Figura 6: Linha do tempo
Figura 7: Similaridades entre o Hospital de Barbacena e o
campo de concentração nazista
Figura 8: Estação Bias Fortes, conhecida pelos “trens de
doido”
Figura 9: Dormitórios do Hospital de Barbacena
Figura 10: A loucura e as grades
Figura 11: A falta de alimentação retratada no corpo
Figura 12: As crianças do colônia
Figura 13: Cartilha do censo 2010
Figura 14: Características de Pessoas com Deficiência
Intelectual e Psicossocial
Figura 15: Representação da localidade de um CAPS
Figura 16: Corredor humanizado em Vejle Psychiatric
Hospital
Figura 17: Corredor humanizado BNA Academy
Figura 18: Peter Rosegger Casa de Cuidados
Figura 19: Hospital das Clínicas de Uberlândia
Figura 20: Pacientes esperam atendimento em corredor
Figura 21: Uso da cor verde
Figura 22: Uso da cor laranja
Figura 23: Uso da cor vermelha
Figura 24: Uso da cor azul
Figura 25: Uso da cor amarela
Figura 26: Uso da cor branca
Figura 27: Uso da cor preta
Figura 28: Uso da cor lilás
Figura 29: Grupos voluntários visitam a Santa Casa da
Bahia na ala infantil
Figura 30: Esquema elaborado com relação as terapias
psicológicas alternativas ao CAPS
Figura 31: Esquema elaborado com relação as terapias
físicas alternativas ao CAPS
Figura 32: Voluntário da Associação Viva e Deixe Viver
Figura 33: ONG Patas Therapeutas em uma de suas
visitas a Santa Casa de São Paulo
Figura 34: Imagem 3D UBS Riacho Fundo
Figura 35: Setorização
Figura 36: Processo de criação arquitetônica de
espaços
Figura 37: Planta baixa setorizada e fluxos
Figura 38: Planta baixa setorizada
Figura 39: Jardim interno
Figura 40: Corte
Figura 41: Espelho d’agua como mecanismo de conforto
Figura 42: Praça aberta
Figura 43: Maquete física
Figura 44: Vista aérea do hospital infantil
Figura 45: Pavimento projetado por Mikyoung Kim
Figura 46: Imagem 3d do terraço
Figura 47: Vista superior do jardim
Figura 48: Planta humanizada
Figura 49: Esquema de artifícios
Figura 50: Ativador manual de sons
Figura 51: Espaços de convivência
Figura 52: Painéis de madeira recuperada
Figura 53: Caminho pelos painéis luminosos
Figura 54: Mezanino no terraço
Figura 55: Visão aérea do hospital
Figura 56: Vista de um dos jardins internos
Figura 57: Planta esquemática setorizada do 1 pavimento
Figura 58: Masterplan do hospital com setorização e fluxos
Figura 59: Masterplan do hospital com paisagismo
Figura 60: Espaço jardim externo
Figura 61: Jardim de entrada
Figura 62: Visão superior do edifício
Figura 63: Corte esquemático
Figura 64: Localização de Uberlândia
Figura 65: Visão panorâmica da cidade
Figura 66: Center Shopping
Figura 67: Parque do Sabiá
Figura 68: Setores da cidade de Uberlândia
Figura 69: Bairros integrados
Figura 70: Mapa 3d da cidade com localização dos CAPS
Figura 71: Localização do bairro Segismundo Pereira
Figura 72: Visão aproximada do bairro Segismundo Pereira
Figura 73: Terminal Novo Mundo
Figura 74: Terminal Santa Luzia
Figura 71: Localização do bairro Segismundo Pereira
Figura 72: Visão aproximada do bairro Segismundo Pereira
Figura 73: Terminal Novo Mundo
Figura 74: Terminal Santa Luzia
Figura 75: Mapa de zoneamento da região
Figura 76: Mapa satélite aproximado a área de projeto com
principais edificações do entorno
Figura 77: Principais edificações do entorno
Figura 78: Mapa satélite da área com demarcação do terreno
Figura 79: Mapa satélite da área e fachadas do terreno
Figura 80: Visão Noroeste e Nordeste do terreno
Figura 81: Visão Sudeste e Sudoeste do terreno
Figura 82: Visão panorâmica Leste e Oeste
Figura 83: Carta Solar fachada Norte
Figura 84: Carta Solar fachada Leste
Figura 85: Carta Solar fachada Sul
Figura 86: Carta Solar fachada Oeste
Figura 87: Direção dos ventos dominantes
Figura 88: Mapa topográfico
Figura 89: Corte topográfico
Figura 90: Mapa da malha viária
Figura 91: Mapa dos espaços públicos e privados
Figura 92: Mapa perfil fundiário
Figura 93: Mapa dos espaços construídos
Figura 94: Mapa de uso e ocupação do solo
Figura 95: Empreendimentos Avenida Francisco RibeiroFigura 96: Mapa de gabaritos
Figura 97: Atribuições das unidades assistenciais de saúde
Figura 98: Esquema da distribuição dos blocos
Figura 99: Setorização e fluxos
Figura 100: Setorização 3d
Figura 101: Disposição não linear do edifício
Figuras de abertura e tabelas
Figura 1: Última pintura de Van Gogh
Figura 2: Obra encontrada em um antigo sanatório.
Figura 3: Desenho de Eugene Andelsek.
Figura 4: Watercolor background.
Figura 5: Watercolor background.
Figura 6: Watercolor background.
Figura 7: Watercolor background.
Figura 8: Watercolor background.
Figura 9: Desenho de Louis Wain.
Tabela 1: Divisão dos modelos de CAPS
Tabela 2: Uso das cores e suas influencias segundo o FengShui
Tabela 3: 4 municípios mineiros mais populosos
Tabela 4: Legislação de zoneamento urbano
Tabela 5: Atribuições dos serviços setorizados
Tabela 6: Programa de necessidades
INTRODUÇÃO
PARTE 1 | ARQUITETURA HOSPITALAR
PARTE 2 | PARALELOS
17
23
29
35
55
57
63
69
21
Figura de abertura 4: Watercolor background. Fonte: PNG Tree
Aspectos históricos
Raízes hospitalares: Holocausto Brasileiro
Manicomialidade: ambiência e alternativas
Concurso para UBS Riacho Fundo
Sky Crown Garden
Hospital Infantil Nelson Mandela
PARTE 3 | INSERÇÃO
PARTE 4 | CORPÓREO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
APÊNDICE
77
79
86
109
111
118
121
122
125
Aproximação
Posição
Necessidades
Partido
Introdução
Diante da busca por um programa que tivesse como foco primordial sanar um espaço
arquitetônico em que sejam exploradas a solução técnica de uma problemática pré-
existente com foco no bem estar e sensações humanas, é que foi escolhido este tema.
Desde os primórdios, a sociedade possuía uma mentalidade obscura quanto aos
doentes mentais, em que sua cura estava relacionada a salvação de sua alma, ou seja,
havia uma ligação entre instituições religiosas. Por meio dos avanços da medicina e da
psiquiatria, que serão abordados neste trabalho posteriormente de maneira explicativa,
é que houve uma preocupação quanto a essas pessoas. Atualmente existem diversos
locais destinados a tratamentos terapêuticos para dar suporte à população que
necessita de tais cuidados, excluindo as repugnantes medidas adotadas em um
passado próximo.
A partir de uma metodologia indireta, baseando-se na leitura de dissertações, livros,
documentários, e filmes, é possível entender a trajetória da arquitetura hospitalar bem
como a abordagem psiquiátrica dos enfermos ao longo dos anos, incluindo todo o
programa de necessidades. Ademais, é imprescindível o uso das normas da Vigilância
Sanitária nestes ambientes hospitalares. Somados, é possível redigir o embasamento
teórico deste trabalho para posteriormente ser implantado no projeto.
Nise da Silveira foi uma mulher de grande influencia existente na área da psiquiatria,
pois, além de ter sido uma das primeiras mulheres a se formarem em medicina,
posteriormente especializada em psiquiatria, foi uma revolucionária quanto aos antigos
manicômios, dando início à luta antimanicomial. Nise defendia a loucura necessária
para se viver; ela se rebelou perante a gravidade da situação dentro dos hospícios da
época que contava com torturas, e ficou presa entre 1934 a 1936, denunciada por uma
colega de trabalho por envolvimento com o comunismo. Em 1944, após recusar-se a
seguir o tratamento da época por meio de tortura, ela foi transferida para o Setor de
Terapia Ocupacional do Pedro II, e, a partir disso, ela implementou a Terapia Ocupacional
no tratamento psiquiátrico.
17
. 
psiquiátrico. Graças à ela, doentes mentais puderam ser autores de algumas obras que
encontram-se no Museu de Imagens do Inconsciente, no Rio de Janeiro. De acordo com
Nise, o canal de comunicação com paciente esquizofrênicos graves, que até o momento
não se comunicavam através da fala, foi direcionada às artes plásticas, dando “voz” às
angustias internas que estavam vivenciando. Além da arte introduzida no tratamento,
ela também encorajou os pacientes a conviverem com animais domésticos como cães e
gatos durante o tratamento, ocasionando em uma afetividade mútua, antes não
imaginável. É notória a importância dos métodos usados por ela nos hospitais, uma vez
que faz uso dos avanços da medicina psiquiátrica.
Conclusivamente, também fazendo uso da metodologia direta, através de visitas
técnicas ao CAPS X em Uberlândia e realização de entrevistas a funcionários que
trabalham no local e a psicólogos, passa a existir uma preocupação perante a estes
locais na cidade, visto que os CAPS existentes aqui, estão alocados em antigas
residências alugadas pela prefeitura. Devido a este fato, tais estabelecimentos não
estão totalmente propícios para atender com eficiência as necessidades requeridas,
consequência de uma má adaptação do espaço antigo. Consequentemente não há
acessibilidade no local para alguns deficientes e o espaço não suporta de maneira
integra as atividades propostas.
Nas duas páginas seguintes, há um esquema (figura 1) realizado pela autora de modo
a sintetizar com mais clareza a parte introdutória deste trabalho, seguido de algumas
referências utilizadas.
1818
19
1
3
Apresentação do corpóreo
Necessidades do programa;
O terreno e suas condicionantes;
Conceito da proposta e concepção;
Estudo ambiental;
Apresentação do projeto;
Compreensão do
usuário, histórico e
entendimento das
normasPesquisa bibliográfica
Pesquisa história sobre o assunto no mundo e no Brasil;
Estudo sobre conceitos psicológicos e psiquiátricos das pessoas com deficiência 
mental;
Apresentação dos Centros de Atenção Psicossocial;
Estudo da arquitetura hospitalar e sua humanização como fortalecedor do 
processo de cura;
Estudo da acessibilidade aplicada;
Entendimento dos
estudos para projeção
do edifício
19
Figura 1: Esquema elaborado pela autora de forma a sintetizar a parte introdutória do trabalho. Fonte: a autora.
Agência Nacional de Vigilância
Sanitária – Resolução RDC nº 50
(2002)
Politica Nacional de Humanização
Ministério da Saúde
Franco Basaglia
Phillipe Pinel
Nise da Silveira
Nise da Silveira
20
2
Análise da área de projeto
Estudo do contexto regional;
Diagnóstico da cidade de Uberlândia, análise da legislação existente, morfologia; 
urbana, analise ambiental e infraestrutura urbana;
Apresentação da demanda da cidade de Uberlândia sobre os CAPS;
Estudo de um raio de 500m da área de projeto a fim de entender o seu 
funcionamento através de visita em campo a área;
O terreno e suas características topográficas;
Análise em campo 
e estudos de caso
Pesquisa qualitativa
Pesquisa quantitativa
Análise urbana
20
Figura 2: Esquema elaborado pela autora de forma a sintetizar a parte introdutória do trabalho Fonte: a autora..
Entrevistas concebidas 
a autora
Dados estatísticos
Legislação Urbana da
cidade de Uberlândia com
relação a área de inserção
21
Figura de abertura 5: Watercolor background. Fonte: PNG Tree
PARTE 1 
Arquitetura 
Hospitalar
A arquitetura hospitalar é um campo difícil, pois o hospital reúne,
em um único prédio, diferentes funções, algumas incompatíveis
entre si.
Mas, o que a torna ainda mais difícil é que temos que desenhar um
edifício capaz de acolher, de forma digna, as pessoas, quando se
encontram mais debilitadas e carentes de todo o conforto físico e
mental que a arquitetura pode proporcionar. (TOLEDO, [19--?])
22
1.1) Aspectos históricos
O entendimento por doença mental sofreu inúmeras transições ao longo dos anos na
história da humanidade, bem como a nomeação do espaço que servira de abrigo e
amparo aos doentes ou necessitados dos cuidados médicos. Asylum, sanatório e
manicômio, foram alguns dos diversos nomes que estes locais eram denominados.
Ao analisar-se a linha do tempo (ilustrado pela autora na pagina x), no período da
antiguidade clássica, a justificativa para as doenças mentais estava relacionada a ação
sobrenatural. Os filósofos gregos propuseram uma ideia organicista* para esta
questão, e, com isso, passou a existir um apoio aos doentes mentais. No entanto,no fim
da Idade Média a concepção foi totalmente alterada: esses indivíduos foram vistos como
possuídos pelo demônio, consequentemente começaram a aprisionar essas pessoas,
sendo submetidos a tortura, Os primeiros hospícios na Europa datam do século XV. Já
no século XVII, já proliferados, os hospícios eram locais que abrigavam doentes
mentais, marginalizados, e cidadãos excluídos pela sociedade (mendigos, portadores
de doenças etc.).
Contudo, no século XVIII surge Phillippe Pinel** modificando a ideia dos manicômios e
libertando os doentes das correntes. Para ele, deveria haver uma reeducação do
paciente impondo respeito as normas e desencorajando-o de más posturas. Porém,
com o passar dos anos, passa a existir uma leitura equivocada do pensamento de Pinel,
que propunha um equilíbrio entre firmeza e gentileza para com os necessitados. Ou
seja, passaram a adotar a tortura como um método de correção distorcido da ideia
original, como banhos frios, eletrochoques etc. A ideia de submissão ainda persistia
mesmo no século XX.
No Brasil, os hospitais psiquiátricos surgiram de acordo com a influencia da
psiquiatria francesa e o tratamento moral. Em 1853 foi construído o Asilo Pedro II, no Rio
de Janeiro; em 1884 foi inaugurado o Hospício São Pedro de Porto Alegre (atual Hospital
Psiquiátrico de São Pedro).
* Conceito organicista: explicar o
comportamento em termos físicos – os
biologistas.
** Phillippe Pinel (1745-1826): francês,
influenciado pelos ideais do iluminismo
e da revolução francesa, Pinel,
considerado o pai da psiquiatria, foi um
dos precursores do ato de libertar os
pacientes inseridos nos manicômios
das correntes, devolvendo-lhes a
liberdade de movimento.
23
A partir de todo esse pretexto, nota-se que o doente mental tem sua total autonomia
revogada, tornando-se vulnerável ao mundo a sua volta. Não bastando a doença em si,
surge a preocupação com os que o rodeiam e suas metodologias de “correção”, como
descreve Ugolotti abaixo.
Em Minas Gerais, nesta época passou a existir algumas alternativas para os doentes
mentais, como anexos para loucos (inseridos nas Santas Casas de Misericórdia).
Barbacena foi contemplada com a instalação de um hospital especializado em
psiquiatria em 1903. Nos primeiros 30 anos o hospital funcionava corretamente,
tornando-se um centro de referencia para internação de pacientes. No entanto, o
número de enfermos aumentava drasticamente, ocasionando mudanças no local para
atender a todos, chegando a abrigar mais de quatro mil detentos. O que muitos não
esperavam é que isso era o início do Holocausto Brasileiro que será discorrido neste
trabalho posteriormente.
No ano de 1961, Franco Basaglia* atuou na luta antimanicomial na Itália. Em Trieste, o
tratamento hospitalar e manicomial deu-se origem a uma rede de tratamento que
oferecia centros de convivência, moradias assistidas, inserção de emergência
psiquiátrica em hospital geral, dentre outros serviços de atenção comunitária.
Mais tardar, a reforma psiquiátrica foi um movimento que se originou após o fim da
Segunda Guerra Mundial nos países ocidentais. Com o objetivo de desospitalizar e
inserir o doente mental novamente na sociedade, buscava alterações nas formas de
tratamento utilizadas por alternativas humanizadas. Tal questão é abordada no Brasil
em 1970 e as mudanças começaram a ocorrer: como alternativa às internações, foi
criado o ambulatório, enquanto que em meados de 1990 o governo participa de tal
"Eles são mais mal tratados que os criminosos; eu os vi nus, ou vestidos de
trapos, estirados no chão, defendidos da umidade do pavimento apenas por
um pouco de palha. Eu os vi privados de ar para respirar, de água para matar
a sede, e das coisas indispensáveis à vida. Eu os vi entregues às mãos de
verdadeiros carcereiros, abandonados à vigilância brutal destes. Eu os vi
em ambientes estreitos, sujos, com falta de ar, de luz, acorrentados em
lugares nos quais se hesitaria até em guardar bestas ferozes, que os
governos, por luxo e com grandes despesas, mantêm nas capitais."
(Esquirol, 1818, apud Ugolotti, 1949)
* Franco Basaglia (1924 – 1980) foi um
psiquiatra italiano. Responsável por
promover e influenciar uma importante
reforma no sistema de saúde mental
italiano e em outros países.
24
em 1970 e as mudanças começaram a ocorrer: como alternativa às internações, foi
criado o ambulatório, enquanto que em meados de 1990 o governo participa de tal
reforma, regulamentando os serviços de atendimento extra hospitalares. Por fim, a
reforma no Brasil firmou-se definitivamente em Abril de 2001, graças à Lei Paulo
Delgado (baseada na lei 180 italiana).
LEI Nº 10.216, DE 06 DE ABRIL DE 2001 - define novas diretrizes para o tratamento de
doenças mentais no Brasil, que traz a responsabilidade para o Estado de cuidar e tratar
doentes mentais, em instituições próprias e com a participação da família. São
assegurados os tratamentos sem qualquer forma de discriminação quanto à raça, cor,
sexo, orientação sexual, religião, opção política, nacionalidade, idade, família, recursos
econômicos e ao grau de gravidade ou tempo de evolução de seu transtorno, ou
qualquer outra. Com os pacientes sendo tratados em ambientes terapêuticos pelos
meios menos invasivos possíveis, recebendo informações a respeito da doença e dos
tratamentos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001).
LEI ITALIANA Nº 180 DE 13 DE MAIO DE 1978 - adota normativamente os pressupostos do
movimento anti-institucional (o fechamento dos manicômios e a criação de serviços
alternativos na comunidade); criação de regras rígidas quando da necessidade de
tratamento involuntário e também proíbe a internação psiquiátrica; construção de
novos hospitais psiquiátricos.
A arquitetura começa a ser vista como um papel primordial a fim de se obter um
ambiente hospitalar digno e adequado ao processo de cura, assim como afirma Foucault
em uma de suas passagens, destacando a função de cura do hospital.
A arquitetura hospitalar é um instrumento de cura do mesmo estatuto que um
regime alimentar, uma sangria ou um gesto médico. O espaço hospitalar é
medicalizado em sua função e em seus efeitos. Esta é a primeira característica da
transformação do hospital no final do século XVIII .
(Foucault, 1979: 109).
25
As propostas de Franco Basaglia finalmente passaram a gerar influencia no país,
posteriormente ocasionando, como ponto de partida, a criação dos Centros de Atenção
Psicossocial, Além disso, houve uma reestruturação do Serviço de Atendimento ao
Alcoolista, tornando-se um hospital sem internação. Ademais, pode-se citar mais três
serviços, como o Programa de Saúde da Família (PSF), o Centro de Convivência e o
Ambulatório de Saúde Mental, ocasionando o processo de desospitalização. Ainda hoje
existem diversas palestras, seminários e afins com relação a metodologia utilizada por
Basaglia.
Em meados de 1979, Basaglia esteve no Brasil, especificamente na Comunidade
Terapêutica Enfance e Instituto de Psiquiatria Social, fotografado por Rogelio Casado
(figuras 3 e 4). “Foi um momento inesquecível da reforma psiquiátrica antimanicomial
brasileira, marcando a trajetória de jovens aspirantes à psiquiatria social”, (Casado,
2015).
Figura 4: 35 anos de Franco Basaglia no Brasil, na
Comunidade Terapêutica Enfance e Instituto de
Psiquiatria Socia
Fonte: Rogelio Casado
Figura 3: Franco Basaglia na Comunidade Terapêutica Enfance e Instituto de Psiquiatria Social
Fonte: Rogelio Casado
26
Os “loucos da cidade” do Rio de
Janeiro foram diagnosticados como
doentes mentais merecedores de
um espaço social digno a sua
reintegração e tratamento
Hospício Pedro II (1º Hospício
brasileiro), dominado pela Igreja
Católica.
Com a Proclamação da República, os
médicos assumem e o local é
administrado pelo Poder Público,
renomeando o para Hospício Nacional
de Alienados.
Ampliação da estrutura
manicomial no país através
de colônias para os doentes.
Utilização do trabalho como
tratamento.
1830 1852-1890 1920Intensificação das
técnicas de
eletroconvulsoterapi
a, choque, lobotomias.
1930-1950 
Início da privatização: o
Estado passa a comprar
serviços de saúde no
setor privado
1960
Inviabilidade do modelo
privatista para manter a
questão financeira do
Estado.
1970
27
27
Nas figuras 5 e 6 a seguir, foi-se criado uma linha do tempo pela autora com
embasamento no texto anteriormente aqui discorrido e suas devidas referências, de
maneira a sintetizá-lo.
Figura 5: Linha do tempo do avanço da psiquiatria de 1830 a 1970 Fonte: a autora
1º Congresso Brasileiro
de Psicanálise de
Grupos e Instituições
no Rio de Janeiro.
1º Congresso Nacional
de Trabalhadores em
Saúde Mental em São
Paulo.
II Encontro
Nacional de
Trabalhadores de
Saúde Mental em
Salvador.
19791978
5º Conferência Nacional
de Saúde em Brasília, que
impulsionou
politicamente a Reforma
Psiquiátrica.
1980 1986 
1º Conferência Nacional de Saúde Mental (influencia italiana);
2º Congresso Nacional de Trabalhadores da Saúde Mental;
Criação dos Núcleos de Atenção Psicossocial, Centros de
Referência em Saúde Mental, Centros de Atenção Psicossocial,
Moradias Assistidas, Hospitais-dia;
1º CAPS em São Paulo: CAPS Itapeva.
1987 
Projeto de Lei que propõe a extinção
dos manicômios e sua substituição
por moradias de atendimento. Lei
10.216;
3º Conferência Nacional de Saúde
Mental em Brasília destacando a
Reforma Psiquiátrica.
2001
28
Figura 6: Linha do tempo do avanço da psiquiatria de 1978 a 2001 Fonte: a autora
1.2) Raízes: Holocausto brasileiro
1933, Alemanha. De repente, como um sopro, parece que voltamos à época dos
temidos campos de concentração nazista (ilustrado na figura 7), à época em que Hitler
tomou o poder alemão e extinguiu inúmeros inocentes, apenas por serem contrários
ao poder ou serem judeus. É assim que resume a canção de Sueli acima, uma das
pacientes do Hospital de Barbacena.
O Hospital Colônia de Barbacena, localizado na cidade de Barbacena, em Minas
Gerais, teve seu início no ano de 1903. A cidade recebeu a denominação de “cidade dos
loucos”, por ser constituída de sete instituições psiquiátricas inseridas em sua
localidade. Inicialmente fora criado como um Sanatório*, no entanto, pouco depois
recebeu a nomeação de Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena, tornando-se
“referência” para o país em psiquiatria. O que muitos não sabiam, é justamente como
eram tratados os então “enfermos” e “desajustados”, visto que eram encaminhados
para o local aqueles diagnosticados com tristeza, rebeldia etc. A verdade veio à tona
em meados de 1980, quando o psiquiatra italiano Franco Basaglia denominou a
instituição como um campo de concentração nazista, devido ao tratamento
* Sanatórios: comuns em épocas
antigas, eram edificações direcionadas
ao tratamento de doentes com
tuberculose, excluindo-os da
sociedade.
“Ô seu Manoel, tenha compaixão 
Tira nós tudo desta prisão 
Estamos todos de azulão 
Lavando o pátio de pé no chão
Lá vem a boia do pessoal
Arroz cru e feijão sem sal
E mais atrás vem o macarrão
Parece cola de colar bolão 
Depois vem a sobremesa
Banana podre em cima da mesa
E logo atrás vem as funcionarias 
Que são umas putas mais 
ordinárias.”
(ARBEX, D. Holocausto brasileiro. São Paulo. 
Editora: Geração Editorial. 2013)
29
instituição como um campo de concentração nazista, devido ao tratamento desumano
direcionado aos pacientes. Basaglia impôs o fechamento do local, porém isso só
ocorreu no final da década de 80.
No livro “Holocausto Brasileiro”, de Daniela Arbex*, pode-se perceber claramente a
relação das medidas adotadas entre um campo de concentração nazista e o Colônia.
Havia o “trem de doido”** (figura 8) (denominação famosa após Guimarães Rosa
descreve-lo em seu poema apresentado na próxima pagina), que era responsável por
levar os indivíduos de todo o país (com uma viagem única de somente ida) para o local,
sendo um real campo de extermínio para os pacientes. Assim que chegavam ao local,
eram separados em ala feminina, masculina e infantil, posteriormente alguns eram
direcionados à trabalhos forçados. Eram obrigados à humilhação ao ficarem nus para o
banho coletivo e, em seguida, recebiam os “azulões” (similar ao pijama azul usado nos
campos de concentração nazista.
Figura 7: Similaridades entre o Colônia e um campo de concentração nazista.
Fonte: Luiz Alfredo.
* Daniela relata, em seu livro, de
maneira bem descritiva os
acontecimentos do hospital em
Barbacena, e inclui uma vasta
quantidade de entrevistas aos
sobreviventes do holocausto.
** O “trem de doido” foi o transporte
férreo designado por levar os
enfermos ao hospital quase que
diariamente.
30
“A hora era de muito sol – o povo caçava jeito de ficarem debaixo da sombra das
árvores de cedro. O carro lembrava um canoão no seco, navio. A gente olhava:
nas reluzências do ar, parecia que ele estava torto, que nas pontas se empinava.
O borco bojudo do telhadilho dele alumiava em preto. Parecia coisa de invento
de muita distância, sem piedade nenhuma, e que a gente não pudesse imaginar
direito nem se acostumar de ver, e não sendo de ninguém. Para onde ia, no levar
as mulheres, era para um lugar chamado Barbacena, longe. Para o pobre, os
lugares são mais longe.”
(ROSA, G. Primeiras Estórias: Sorôco, sua mãe, sua filha. Editora: José 
Olympio. 1962.)
direcionados a trabalhos forçados, além de que eram obrigados à humilhação ao
ficarem nus para o banho coletivo e, em seguida, recebiam os “azulões” (similar ao
pijama azul usado nos campos de concentração nazista).
Ali não existia um sistema de água encanada, leitos hospitalares com maca, e muito
menos uma alimentação digna, causando uma grande quantidade de pessoas
anoréxicas. Os enfermos eram obrigados a dormir sobre folhas (figura 9) e até mesmo
empilhados, afim de reduzir o frio com o calor humano. Além disso, precisavam lidar
com torturas físicas e psicológicas, como terapia de choque, estupros – grávidas se
sujeitavam a cobrir-se de fezes afim de proteger a si e a seu filho dos funcionários e
outros pacientes – e até mesmo com o frio intenso de Barbacena (consequentemente
muitos não conseguiam sobreviver às noites frias e amanheciam sem vida).
Direitos Humanos era algo inexistente aos ali presentes. O cemitério criado ao lado do
hospital já não suportava a extensiva demanda de corpos e, com isso, deu-se inicio ao
tráfico de corpos. Faculdades de medicina, enfermagem, e até odontologia entravam
neste comércio para encomendar os corpos das vítimas para posterior estudo,
principalmente a Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais.
Figura 8: Estação Bias Fortes, onde chegava o
“trem de doido”, originada pelo conto “Sorôco, sua
mãe, sua filha”, de 1962, descrito por Guimarães
Rosa de maneira poética.
Disponível em: ShortHand Social
Acessado: 26/02/2019
31
Figura 9: A imagem retrata o espaço
destinado aos leitos cobertos de grama
e folhagens.
Fonte: Luiz Alfredo
32
Vale ressaltar que 70% dos diagnosticados como enfermos, não haviam sequer uma
doença mental. Na época, a instituição funcionava basicamente como um grande
depósito humano. Eram levados para lá pessoas consideradas alcoólatras,
homossexuais, pobres, adolescentes rebeldes e pessoas rejeitadas pelas famílias.
Além de tudo citado anteriormente, ainda tem-se um ponto totalmente imoral e
infeliz: a situação das crianças. Aquelas que ali cresceram, nunca aprenderam a ler, a
escrever e muito menos puderam desfrutar das brincadeiras de criança. Eram
tratadas como qualquer outro adulto.
Com relação à imprensa, a revista “O Cruzeiro” realizou uma matéria com fotos feitas
pelo fotografo Luiz Alfredo (figuras 9, 10, 11 e 12) na década de 1960, como uma denúncia
à o que acontecia no local, mas acabou sendo esquecidodepois de um tempo. Em 1980 o
tema voltou à tona em novos meios de comunicação, atraindo olhares de nomes
importantes da psiquiatria e impulsionando a reforma psiquiátrica no país.
Nos dias atuais, o local ainda funciona sob administração da Fundação Hospitalar do
Estado de Minas Gerais (FHEMIG), e foi renomeado como Centro Hospitalar
Psiquiátrico de Barbacena, com aproximadamente 160 pacientes da época. Das 33
crianças internadas, apenas quatro ainda estão vivas, e foram transferidas para o
Centro Psíquico da Adolescência e Infância, em Belo Horizonte. Também foram criadas
casas terapêuticas para abrigar os antigos internos que sobreviveram, dando-lhes
melhores condições de vida, bem como oferecendo-lhes seus direitos humanos
anteriormente revogados.
Por fim, como forma de marcar a história e lembrar a sociedade de tudo o que
aconteceu, criou-se o Museu da Loucura em 1996, no torreão do antigo Hospital
Colônia, dedicando-se a relembrar a história que muitos tiveram a infelicidade de estar
presente. A passagem abaixo de Wellerson Durães, no artigo de Daniela Arbex,
discorre de sua visita ao hospital enquanto estudante de Neuropsiquiatria Infantil.
Figura 10: A loucura e as grades
Fonte: Luiz Alfredo
Figura 11: A falta de alimentação adequada é
refletida na magreza dos pacientes
Fonte: Luiz Alfredo
33
“Wellerson Durães de Alkmin, 59 anos, membro da Escola Brasileira de Psicanálise e da Associação
Mundial de Psicanálise, jamais esqueceu o primeiro dia em que pisou no hospital em 1975. “Eu era
estudante do Hospital de Neuropsiquiatria Infantil, em Belo Horizonte, quando fui fazer uma visita à
Colônia ‘Zoológica’ de Barbacena. Tinha 23 anos e foi um grande choque encontrar, no meio daquelas
pessoas, uma menina de 12 anos atendida no Hospital de Neuropsiquiatria Infantil. Ela estava lá numa
cela, e o que me separava dela não eram somente grades. O frio daquele maio cortava sua pele sem
agasalho. A metáfora que tenho sobre aquele dia é daqueles ônibus escolares que foram fazer uma visita
ao zoológico, só que não era tão divertido, e nem a gente era tão criança assim. Fiquei muito impactado e,
na volta, chorei diante do que vi.”
ARBEX, Daniela. Holocausto Brasileiro: 50 anos sem punição. 2011. 
https://tribunademinas.com.br/noticias/cidade/20-11-2011/holocausto-brasileiro-50-anos-sem-
punicao.html Acesso em: 26/02/2019. 
Figura 12: As crianças do Colônia
Fonte: Luiz Alfredo
34
1.3) Manicomialidade: ambiência e 
alternativas
Inicialmente, é necessário entender algumas questões com relação às pessoas que
fazem uso deste espaço. Para o Estatuto da pessoa com deficiência (2016), a
denominação correta para estes indivíduos é “Pessoa com Deficiência” (PCD), sendo
este resultado de inúmeras terminologias utilizadas anteriormente, hoje
consideradas inadequadas. Para crianças, ainda é valido usar o termo “especial”.
Atualmente, no brasil há 23,9% (45 milhões de pessoas) da sociedade diagnosticada
com algum tipo de deficiência (visual, auditiva, mental, intelectual ou motora), como
apresentado no gráfico de figura 13, com dados retirados do IBGE de 2010.
Ao longo dos anos, a sociedade havia criado parâmetros sociais que excluíam e
descriminalizavam pessoas “anormais”. Desde a antiguidade, como fora apresentado
neste trabalho, essas pessoas, em especifico com algum tipo de deficiência mental,
sofreram muito preconceito e dificuldade de aceitação. Até hoje ainda é possível
encontrar um certo preconceito para com elas, mas, no entanto, é um processo que
obtém avanços e obteve diversas melhorias e garantias de direitos das PCDs.
Segundo o Estatuto da Pessoa com Deficiência. de Lei nº 13.146/2015), pode-se
identificar uma PCD aquela que permanentemente não possui capacidade plena para
realizar determinadas atividades consideradas “normais” para a sociedade, devido a
perda total ou parcial de sua estrutura ou função.
“Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de
natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais
barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de
condições com as demais pessoas.” (Estatuto da Pessoa com Deficiência. 2015, p. 08)
* A região do sudeste é onde mais
possui a incidências dessas
pessoas. Assim sendo, é
imprescindível a criação de locais
adequados que irão atender as
necessidades dessa parcela da
população.
Figura 13: Cartilha do Censo 2010
35
Intelectual
Redução dos padrões intelectuais, anterior aos 18 anos de idade, considerando-os abaixo da media.
Classifica-se quanto ao grau de limitação: nível leve, moderado, severo ou profundo. Associam-se a duas ou
mais limitações nas áreas de habilidades como comunicação, socialização, autonomia, adaptação, segurança e
cuidados pessoais. (decreto 5.296/04). Ou seja, são deficiências causadas por algumas doenças que limitam o
desenvolvimento da pessoa e modifica o sistema nervoso. Exemplos:
- Síndrome de Down
- Síndrome do X Frágil
- Síndrome de Angelman
Psicossocial
Este, em contrapartida, não é denominado como um distúrbio psicológico, mas por sequelas ocasionadas por
um transtorno mental, bem como aquelas desencadeadas por estados, como:
- Esquizofrenia
- Transtorno bipolar
- Depressão
- Epilepsia
- Transtorno por uso de álcool e drogas
De acordo com a Cartilha dos Direitos das Pessoas com Deficiências (p. 9-13, 2013), a
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência garante o acesso a saúde
sem discriminação e ainda especializado às suas necessidades. Dessa forma, deve ser
oferecido serviços específicos aos pacientes, como diagnostico e intervenção precoce,
de maneira a prevenir deficiências adicionais. Ainda implica que os profissionais.
Figura 14: Esquema que apresenta as características de Pessoas com Deficiência Intelectual e Psicossocial. Fonte: A autora, com base no artigo 5º do decreto 5296/2004
Além disso, segundo o artigo 5º do decreto 5296/2004, as PCDs são classificadas
em: auditiva, física, intelectual, visual e múltipla deficiência. Por sua vez, será
discorrido na figura 14 de maneira prática somente aqueles que dizem questão da
proposta deste trabalho .
36
oferecido serviços específicos aos pacientes, como diagnostico e intervenção precoce,
de maneira a prevenir deficiências adicionais. Ainda implica que os profissionais
devam ser qualificados, recebendo instruções previas, relacionando-se as atuais
praticas de humanização que será discorrido no decorrer do trabalho. Além de tudo,
também garante o direito a educação, a acessibilidade, ao lazer, e a liberdade.
Criados para superar o modelo traumático asilar posterior a reforma psiquiátrica,
os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) foram feitos como pontos estratégicos da
Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), do Sistema Único de Saúde (SUS). Tem como
objetivo primordial atender a população com deficiência mental ou psicossocial em
sua área de abrangência, oferecendo acompanhamento clínico e reabilitação* social
através de atividades comunitárias, acesso ao lazer e exercícios de direito. Além disso,
visa criar um novo parâmetro de espaço para pessoas que sofrem com algum
transtorno psíquico, seja este gerado por um transtorno mental, dependência de álcool
e drogas ou outras situações clinicas que geram obstáculos para que esses indivíduos
criem laços sociais ou realizem projetos de vida.
Estes espaços funcionam como um método substitutivo às internações em hospitais
psiquiátricos antiquados, como foi em Barbacena, em que o paciente perdia totalmente
os laços familiares e sociais devido as internações de longa data. Levando em
consideração o altíssimo teor social que estes ambientes possuem, é imprescindível a
projeção de um local acolhedor para apoiar e ajudar os que sofrem de algum
transtorno mental ou experiencias traumáticas de sofrimento. Ademais, os espaços
visam promover interações sociais entre eles e a comunidade local afim de existir uma
reintegração.
Seu funcionamento pode destinar-se a funções diurnas,que possibilitem o usuário
frequentar o serviço diariamente e retornar ao seu lar após as atividades, ou requerer
um cuidado intensivo** devido a algum transtorno mental severo que justifique sua
permanência noturna. Nestes espaços, são oferecidos diversas atividades
terapêuticas, com auxilio de uma equipe composta por psicólogos, psiquiatras,
assistentes sociais, enfermeiros, terapeutas, educadores artísticos e físicos.
* No contexto de reabilitação, o
indivíduo deixa de ser considerado
um “paciente”, como quem espera
pelo tratamento, e passa a se tornar
um “usuário” da rede.
** A internação deve se prolongar
exclusivamente o tempo necessário
para que aja o reestabelecimento da
desordem psicológica do paciente.
Esse tempo em geral não passa de 3
dias e qualquer internação de maior
período não se justifica.
37
Na tabela abaixo, criada pela autora, tem-se a explicação dos CAPS e como são
divididos, levando em consideração o público, a população do município e horários de
funcionamento:
Dentre eles, resumidamente, o CAPS III é destinado a pacientes com transtornos
mentais e permite internação, além de funcionar durante 24 horas diariamente.
CAPS I CAPS II CAPS III CAPS infantil
CAPS álcool e 
droga
Público
Atendimento 
geral
Atendimento 
geral
Atendimento 
geral
Especializado no 
atendimento de 
crianças e 
adolescentes
Especializado no 
atendimento de 
usuários de álcool e 
drogas
População mínima 
para implantação 
do serviço
Entre 20.000 a 
70.000 
habitantes
Entre 70.000 e 
200.000 
habitantes
Acima de 
200.000 
habitantes
Acima de 200.000 
habitantes
Acima de 200.000 
habitantes
Funcionamento
Dias 
comerciais, das 
8 às 18:00
Dias comerciais, 
das 8 às 18:00 ou 
até as 21:00
24 horas 
diariamente, 
incluindo 
feriados e finais 
de semana
Dias comerciais, 
das 8 às 18:00 ou 
até as 21:00
Dias comerciais, 
das 8 às 18:00 ou 
até as 21:00
Tabela 1: Divisão dos modelos de CAPS Fonte: a autora
38
De acordo com o Manual de Estrutura Física dos Centros de Atenção Psicossocial e
Unidades de Acolhimento (2013, p. 17), do Ministério da Saúde (2013), esses ambientes
devem considerar;
- a afirmação da perspectiva de serviços de portas abertas, no sentido literal e simbólico:
espaços e relações de “portas abertas”;*
- a disponibilidadee o desenvolvimento de acolhimento, cuidado, apoio e suporte;
- a configuração de um serviço substitutivo, territorial, aberto e comunitário
- espaços que expressem o “cuidar em liberdade” e a afirmação do lugar social das pessoas
com a experiência do sofrimento psíquico e da garantia de seus direitos;
- a atenção contínua 24 horas compreendida na perspectiva de hospitalidade;
- a permeabilidade entre “espaço do serviço” e os territórios no sentido de produzir serviços
de referência nos territórios.(Ministério da Saúde, 2013)
- respeito aos direitos humanos, garantindo a autonomia e a liberdade das pessoas;
promoção da equidade, reconhecendo os determinantes sociais da saúde;
- combate a estigmas e preconceitos;
- garantia do acesso e da qualidade dos serviços, ofertando cuidado integral e assistência
multiprofissional, sob a lógica interdisciplinar;
- atenção humanizada** e centrada nas necessidadesdas pessoas;
- desenvolvimento de atividades no território, que favoreça a inclusão social com vistas à
promoção de autonomia e ao exercício da cidadania;
- ênfase em serviços de base territorial e comunitária, com participação e controle social
dos usuários e de seus familiares;
- desenvolvimento da lógica do cuidado para pessoas com sofrimento ou transtorno mental,
incluindo aquelas com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas,
tendo como eixo central a construção do projeto terapêutico singular”. . (Ministério da
Saúde, 2013)
* Este mecanismo tem como
objetivo integrar o espaço hospitalar
a comunidade local, afastando
antigos parâmetros sobre esses
locais serem assimilados a uma
prisão.
** A humanização preza um
relacionamento entre profissional e
paciente de maneira mais
humanitária e amigável, como forma
de fazer com que seu tratamento
seja mais tranquilo.
Além disso, é imprescindível focar em algumas diretrizes da RAPS, segundo o Manual 
de Estrutura Física dos Centros de Atenção Psicossocial e Unidades de Acolhimento 
(2013, p. 6):
39
Para facilitar o acesso do enfermo ao ambiente do CAPS, é necessário que o terreno
selecionado esteja inserido em uma área mais residencial, possuindo um entorno
acessível (transporte público) e seja bem localizado, ou seja, que ofereça uma
diversidade de pontos estratégicos por perto, tais como comércio local, serviços
próximos, espaços destinados a cultura e ao lazer, a fim de facilitar o contato do
paciente com a comunidade* local, bem como a inserção da mesma com o ambiente
hospitalar. Além disso, é preferível a alocação do edifício em vias locais, objetivando
um menor fluxo veicular. A figura 15 representa um local característico para uma boa
inserção do CAPS, como discorrido acima.
* Inserido em uma zona sem
um alto trafego veicular e com
um apoio comunitário, a
relação do CAPS com os
moradores da região pode se
tornar mais forte, inspirando
as pessoas a visitarem o local
e participarem das oficinas
junto aos usuários e pacientes
da rede. Além disso, com o
apoio desses locais, os
próprios pacientes podem
trabalhar com a sua liberdade
e autonomia e usufruir desses
espaços comunitários,
CAPS
RESIDENCIA RESIDENCIA
CULTURA 
E LAZER
CULTURA 
E LAZER
COMÉRCIO
LOCAL
COMÉRCIO
LOCAL
TRANSPORTE
PÚBLICO
TRANSPORTE
PÚBLICO
TRANSITO CALMO
Figura 15: representação de inserção de um CAPS Fonte: a autora
40
Além do cuidado primordial na escolha da localização do terreno, é importante
atentar-se na relação entre o espaço do CAPS e o ambiente externo. Inicialmente, a fim
de se retirar a sensação de ser uma edificação enclausurada* com o objetivo de
resguardar a sociedade dos que sofrem de alguma doença mental, vale tornar o local
mais permeável com espaços abertos em meio a natureza, que provoque a sensação
de um cuidado mais libertador e de portas abertas, disponível para trocas sociais. O
uso de artifícios naturais é bem vindo neste objetivo, com o uso de árvores, arbustos,
etc., consegue-se gerar um fluxo acessível ao meio externo; quando necessário, basta
fazer uso de cercas vivas ou arbustos altos para criar a privacidade necessária em
determinada região, evitando o aprisionamento que cercas por todo o terreno iriam
transmitir.
A edificação também deve conter um aspecto mais fluido (figura 16) e aberto ao
exterior, conectando ambientes e possibilitando a livre circulação de pacientes. Com
relação aos ambientes internos, estes também devem estar integrados aos externos
para facilitar o acesso dos pacientes às áreas de convívio, bem como a integração a
natureza (figura 17).
Após uma entrevista realizada pessoalmente com um profissional da área de Terapia
Holística, Lucas Cárpio Galvão (buscar no apêndice p. 125), no dia 27 de Fevereiro de
2019, ele enfatizou o uso da arte terapia no tratamento de enfermidades psicológicas,
tornando-se valioso criar espaços de convivência entre os pacientes que ao mesmo
tempo faça uso de mecanismos terapêuticos,
Figura 17: Corredor 
humanizado Fonte: Koen van 
Velsen Disponível em: 
01/04/2019 Acessado: 
13/03/2019
Figura 16: Vejle Psychiatric Hospital 
Fonte: Niels Nygaard Disponível em: 
ArchDaily Acessado: 13/03/2019
41
Um assunto que cada vez tem tomado mais espaço nos debates, é a questão da
humanização hospitalar. Devido a relevância do assunto, o Ministério da Saúde
desenvolveu o Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar, que, em
2013, teve seu projeto convertido em uma política pública de saúde, a Política Nacional
de Humanização (PNH)*.
O processo de humanização no ambiente hospitalar implica a compreensão da
valorização individual de cada individuo que se dirige ao espaço, ou seja, prega a
importância de serem recebidos e acolhidos pelos profissionaisali inseridos, dando-
lhes mais atenção enquanto discorrem sobre seus problemas, queixas e
necessidades. Os enfermos necessitam de cuidados humanitários para que seja
gerada uma experiencia positiva entre ambos os lados, e isso inclui a cordialidade, a
preocupação, o sorriso e o acolhimento do profissional, além de uma arquitetura
voltada ao âmbito humanizado, com presença da natureza e cores (figura 18), a fim de
se quebrar a sobriedade de espaços hospitalares comuns (figura 19) (figura 20).
* O programa visa investir na melhoria
e qualidade dos serviços oferecidos
pelo SUS.
Figura 18: Peter Rosegger Nursing Home Fonte: Paul Ott
Disponível em: ArchDaily Acessado: 13/03/2019
Figura 19: Hospital das Clínicas Uberlândia Fonte: TV 
Integração Disponível em: G1 Acessado: 13/03/2019
Figura 20: Pacientes esperam atendimento em corredor de 
hospital Fonte: TV Integração Disponível em: G1 Acessado: 
13/03/2019
42
Atualmente, há diversos estudos na área da medicina que afirmam que as cores
produzem efeitos diversos na psicologia humana, podendo ocasionar tranquilidade,
fome, raiva, paz, etc. Por exemplo, uma nota a se levar durante a projeção de quartos
para os pacientes, é a de se evitar o uso da cor branca no teto, pois, uma vez que a cor
branca reflete intensamente a luz, pode gerar um ofuscamento ao individuo,
consequentemente causando uma sensação exaustiva, dando-lhe a necessidade de
repouso. (FARINA, 1990, p. 91).
O referencial teórico com relação ao estudo sobre a psicologia das cores é extenso,
no entanto, as cores mais usuais possuem efeitos surpreendentes, capazes de
harmonizar ambientes e retirando a sobriedade. No esquema abaixo, há alguns
exemplos de cores e seus respectivos efeitos nos usuários do espaço, bem como no
ambiente.
Verde
A cor promove uma calmaria ao ambiente e transmite o equilíbrio. Por outro lado, deve ser
usado de maneira dosada, pois seu excesso pode causar depressão aos usuários. (Figura x)
Figura 21: Uso da cor verde Disponível em: Pinterest Acessado: 13/03/2019
Laranja
Promove a sensação de alegria, jovialidade e entusiasmo. Também provoca fome (muito usado
em marcas de alimentos).
Figura 22 Uso da cor laranja em leito hospitalar. Disponível em: Pinterest Acessado: 13/03/2019
43
Vermelho
Associa-se ao desempenho físico, é capaz de promover estímulos relacionados a agitação,
ação, e até agressividade.
Figura 23: Uso da cor vermelha em sala de espera hospitalar. Disponível em: Pinterest Acessado: 13/03/2019
Amarelo
Influencia diretamente o intelecto, podendo favorecer a concentração do individuo. Possui
efeito antidepressivo.
Figura 25: Uso da cor amarela em leito hospitalar. Fonte: Alder Hey Children’s Hospital Acessado: 13/03/2019
Azul
Possui os mesmos efeitos que o verde, no entanto, é usado de maneira bem mais ampla em
espaços terapêuticos. Seu uso também deve ser dosado.
Figura 24: Uso da cor azul em sala de espera hospitalar. Disponível em: https://jdarquiteturahospitalar.blogspot.com/2013/04/
Acessado: 13/03/2019
44
https://jdarquiteturahospitalar.blogspot.com/2013/04/
Branco
Por ser uma cor neutra, permite uma ampla propagação das outras cores no ambiente. No
entanto, se usado em excesso, possui um teor sóbrio.
Figura 26: Uso da cor branca em sala de espera hospitalar. Fonte: Aiyuhua Hospital for Children and Women Acessado:
13/03/2019
Preto
Possui a capacidade de anular os efeitos das outras cores inseridas no ambiente.
Figura 27: Uso da cor preta em sala de espera. Fonte: Pinterest Acessado: 13/03/2019
Lilás
Promove o relaxamento por possuir propriedades sedativas.
Figura 28: Uso da cor lilás em sala de espera. Fonte: Pinterest Acessado: 13/03/2019
Tabela 2: Uso das cores e suas influencias segundo o FengShui Fonte: a autora
45
Conclusivamente, hoje a terapia pode fazer um uso constante das cores,
considerando-as como aliadas, para que seja possível guiar um paciente ou
funcionário através de sua mente com a ajuda da psicologia das cores. Tal estudo com
relação a consequência sofrida pela mente humana é refletido na conclusão de
Fernand Léger, previamente citado por Modesto Farina,
O avanço das áreas cientificas e tecnológicas tem requerido muita competência dos
profissionais nestes ambientes hospitalares, mas, atualmente, a convivência com os
pacientes também tem cobrado sua postura ética e solidariedade. Felizmente hoje
pode-se fazer uso de diversas técnicas para tornar o processo de internação ou
terapia mais humanizado, como discorrido anteriormente. Além de todo o teor técnico,
é imprescindível a inserção de atividades complementares aos pacientes e internos, a
fim de se buscar sua individualidade. Assim como afirma Pessini, muitos dos hospitais
e suas equipes pregam medidas exclusivamente técnicas, excluindo o teor
humanitário e sua compreensão com a individualidade do ser humano.
“(...) o hospital policromo, a cura pelas cores, um domínio desconhecido que
começa a apaixonar os jovens médicos. Salas repousantes, verdes e azuis para
os nervosos, outras vermelhas e amarelas para os deprimidos e anêmicos (...) e
a influencia da luz-cor agiu sobre eles”.
[Fernand Léger (1975:101-108, apud FARINA, 1990, p. 92)]
“Vivemos numa sociedade dominada pela analgesia, em que fugir da dor é o
caminho racional e normal. À medida que a dor e a morte são absorvidas pelas
instituições de saúde, as capacidades de enfrentar a dor, de inseri-la no ser e de
vivê-la são retiradas da pessoa. Ao ser tratada por drogas, a dor é vista
medicamente como um barulho de disfuncionamento nos circuitos fisiológicos,
sendo despojada de sua dimensão existencial subjetiva. Claro que esta
mentalidade retira do sofrimento seu significado íntimo e pessoal e transforma a
dor em problema técnico. “
(PESSINI, Bioética 2002, p.57)
46
A inserção de atividades complementares aos pacientes simboliza um avanço na
abordagem humanizada com essas pessoas, no entanto, também evidencia a
necessidade de espaços melhor estruturados para que seja possível dar apoio à elas.
Hoje, os CAPS, por serem instalados na maioria das vezes em residências alugadas
pelo setor publico, não possuem espaços propícios e reservados para sediar
procedimentos e atividades em grupo, seja em um ambiente fechado ou ao ar livre. A
arte terapia, a musicoterapia, a terapia ocupacional e a meditação, por exemplo,
requerem espaços amplos para a interação coletiva e/ou locais destinados a
armazenagem de instrumentos e materiais.
Apesar de tais atividades não possuírem espaços direcionados a elas, funcionários e
profissionais colocam-nas em prática na rede publica de saúde. Na Santa Casa da
Bahia, por exemplo, há ações humanitárias inseridas no tratamento de pacientes,
como comemoração de datas especiais, música nas enfermarias, apoio do Núcleo do e
Atendimento ao Cliente (responsável por ouvir queixas e sugestões de clientes).
Ademais, também promovem visitas de grupos a fim de entreterem os pacientes, como
ilustra a figura 29 ao lado.
Estes cuidados com os pacientes e usuários da rede propiciam uma valorização da
individualidade de cada ser ali presente, praticando sua autonomia, valorização de
suas particularidades e promovendo suas expressões artísticas, uma vez que, ao
serem inseridos num espaço hospitalar, sofrem de um “desculturamento”, ou seja, são
retirados de si seus hábitos rotineiros para que se encaixem num ambiente mais hostil.
"Nos novos dispositivos da rede de atenção, a ênfase na particularidade de cada
caso, o trabalho multiprofissional, a escuta e o respeito ao louco e a invenção de
novas estratégias de intervenção sobre o campo social e clínico deram ensejo à
recuperação do uso da atividade como um valioso recurso no tratamento clínico
e na reabilitação psicossocial"
(Guerra, 2004, p.24)
Figura 29: Grupos voluntários visitam a Santa 
Casa da Bahia na ala infantil
Disponível em: Hospital Santa Izabel
Acessado: 11/03/2019
47
De maneira sucinta, nas figuras 30 e 31 serão apresentadas algumas terapias
alternativas ou integrativas (complementaresaos tratamentos convencionais da
medicina), divididas em dois grupos: psicológicos, e físicos. Reconhecidos pela
Organização Mundial da Saúde, estes métodos buscam meios menos agressivos,
fazendo uso de trabalhos psicológicos em busca pelo bem estar e, conclusivamente, a
cura, partindo de seu interior.
Arte terapia
Atividade terapêutica que faz uso da arte para que o paciente interaja expondo seus
sentimentos e pensamentos. Visa o autoconhecimento e autonomia do individuo,
trabalhando com a educação, a arte, e a ciência,
Musicoterapia
Essa atividade é responsável por utilizar a musica e seus elementos no
desenvolvimento do individuo, favorecendo o aprendizado, a expressão e a
comunicação. Pode ser realizada em grupo, além de que atende as necessidades
físicas da pessoa.
Pet terapia
Neste caso, a atividade terapêutica se da através do convívio entre os animais e os
pacientes, como um apoio ao tratamento de pessoas, estimulando seus aspectos
emocionais e físicos, além de melhorar a qualidade de vida.
Psicológicos
Figura 30: Esquema elaborado com relação as terapias psicológicas alternativas ao CAPS Fonte: a autora
48
Jardim sensorial
São abordados exercícios autônomos do usuário do espaço que o permite interagir
com o mesmo em questão. Sons e luzes que podem ser ativados pela própria pessoa
incentivam sua automação. Além disso, há o trabalho com o olfato, através de flores.
Exercícios físicos
Essa atividade é responsável por utilizar a musica e seus elementos no
desenvolvimento do individuo, favorecendo o aprendizado, a expressão e a
comunicação. Pode ser realizada em grupo, além de que atende as necessidades
físicas da pessoa.
Biodança
Neste caso, a atividade terapêutica se da através do convívio entre os animais e os
pacientes, como um apoio ao tratamento de pessoas, estimulando seus aspectos
emocionais e físicos, além de melhorar a qualidade de vida.
Físicos
Conclusivamente, é importante que os ambientes hospitalares façam uso destes
meios alternativos a exclusivamente os medicamentos. Dessa maneira, trabalhando a
questão psicológica/mental somada as atividades físicas, de maneira a se evitar que o
corpo fique totalmente inerte no período de internação, o individuo estará em equilíbrio
entre sua mente e seu corpo, favorecendo sua melhora e bem estar,
consequentemente reduzindo o tempo necessário de internação ou de melhora de seu
estado no momento em questão.
Figura 31: Esquema elaborado com relação as terapias físicas alternativas ao CAPS Fonte: a autora
49
Além disso, há visitas de grupos para prestar atividades voluntárias, como é o
exemplo da Associação Viva e Deixe Viver, que oferecem oficinas de leitura (figura 32)
para crianças em hospitais. Além de promover atividades, eles também oferecem
pequenos cursos para treinar e capacitar pessoas que desejam participar das
atividades voluntarias para tornarem-se contadores de histórias.
Além dessas oficinas, é importante que aqueles que sofrem de algum transtorno
mental tenham acesso à brincadeiras e atividades físicas para trabalhar sua
autonomia
Figura 32: Voluntário da Associação Viva e Deixe Viver promovendo oficina de leitura. Disponível em: Associação viva e deixe viver 
Acessado: 13/03/2019
50
Bem como se faz necessária a presença dos grupos de apoio aos pacientes e
oficinas, também deve-se atentar a importância de atividades físicas e brincadeiras
em espaços externos, que são deixadas de lado muitas veze pela falta de espaço nos
ambientes dos CAPS. Além de um estimulo psíquico e social, não se pode deixar de
lado as questões físicas do paciente como ser humano, ou seja, deve-se criar espaços
ao ar livre direcionados a brincadeiras e exercícios físicos. O trabalho com jogos
propicia, para o individuo, uma maior interação em grupo e até consigo mesmo, de
maneira a trabalhar seu pensamento e raciocínio.
Assim sendo, partindo do pressuposto da importância de tais atividades, Bettelheim
(1988) afirma que as brincadeiras promovem a superação de traumas e frustrações,
favorecem a interação social entre os indivíduos, e ainda estimula a expressão dos
sentimentos e pensamentos. Brincar relaciona-se e a uma leitura e análise de um
possível problema, em conjunto com sua posterior solução, ou seja, na brincadeira os
participantes exercitam sua mente e capacidade intelectual. O valor da brincadeira
está justamente por ela ser agradável em si, proporcionando prazer imediato diversos
benefícios psicológicos e emocionais.
Mesmo com o avanço da medicina, as medicações que são indicadas aos pacientes
com transtornos mentais não são o suficientes para suprir sua melhora,
principalmente em crianças e adolescentes, aí entra a psicoterapia e a prática de
atividades lúdicas no ambiente hospitalar.
“O brincar foi uma maneira que o ser humano encontrou de buscar o equilíbrio
entre a satisfação e não satisfação de seus impulsos mais primitivos, bem como
o equilíbrio de sua emoção e de sua afetividade. Jogar e brincar permite que as
pessoas se adaptem ao meio, passem a valorizar os demais integrantes e a
respeitar regras e valores”. (ROCHA, 2005).
51
Nos dias atuais, muito se discute perante pesquisas no campo da interação humana-
animal, as quais provam que tal relação promove benefícios psicológicos para os
seres humanos. Biologicamente, há melhoras nas taxas de pressão sanguínea e
batimentos sanguíneos, melhora dos diagnosticados com depressão e ansiedade por
promover uma menor agitação etc. Na Universidade da Califórnia, há uma pesquisa
que comprova que pacientes com Alzheimer sofrem menos estresse quando há a
presença de um animal por perto. Além dos adultos, os cães e gatos promovem
benefícios também a crianças, pois ensinam os pequenos a terem compaixão e
empatia, além de reduzir os riscos de se desenvolver alergia e asma.
Posteriormente, depois de todos os exemplos de atividades que podem ser
realizadas no espaço do CAPS, também há a Atividade Assistida por Animais (AAA), ou
pet terapia. Esta técnica baseia-se na forte relação da saúde humana com a interação
animal, e é visada desde meados do século XIX, como pode-se notar através do
depoimento de Florence Nightingale*.
A Atividade Assistida por Animais nada mais é do que uma atividade casual que
envolve voluntários e/ou profissionais e seus animais de estimação, a fim de oferecer
exercícios educacionais, um momento de descontração, recreação, entretenimento e
socialização. Os animais passam por rígidos critérios de avaliação sobre sua saúde e
seu comportamento para ser liberado para uma visita aos pacientes de todas as
idades. Sua programação pode ser semanal, quinzenal ou até esporádica, podendo ser
uma atividade coletiva.
“Um animal de pequeno porte é geralmente uma ótima companhia para os
convalescidos, principalmente aqueles acometidos de casos crônicos. Um
pássaro de estimação na gaiola é muitas vezes o único prazer de um invalido que
está confinado ao seu quarto há anos. Se ele consegue limpar e alimentar o
animal sozinho, ele deve sempre ser encorajado a fazê-lo”.(Nightingale,
1859/2003, p. 86)
* Florence Nightingale (1820-1910,
Londres), foi uma enfermeira britânica
pioneira nas praticas de enfermagem
moderna.
52
Em São Paulo há uma ONG denominada de Patas Therapeutas* (figura 33), que
promovem atividades com os pets como a Atividade Assistida por Animais (visitas
casuais), Terapia Assistida por Animais (atividades especificas para cada patologia
com o suporte de um animal), e a Educação Assistida por Animais (mesmo critério da
TAA, no entanto, destinada a área de educação).
Imagem 33: ONG Patas Therapeutas em uma de suas visitas a Santa Casa de São Paulo Fonte: ONG Patas Therapeutas Acessado: 
13/03/2019
* A ONG é uma organização sem fins
lucrativos composta por uma equipe
baseada em voluntários e profissionais
que participam com seus próprios
animais de estimação. Eles fazem
visitas a hospitais, asilos e abrigos nas
cidades de São Paulo e Porto Feliz.
53
54
55
Figura de abertura 6: Watercolor background Fonte: PNG Tree
PARTE 2 
Paralelos“Toda uma problemática se desenvolve então: a de uma
arquitetura que não é mais feita simplesmente para ser
vista (fausto dos palácios), ou para vigiar o espaço exterior
(geometria das fortalezas), mas para permitir um controle
interior, articulado e detalhado – para tornar visíveis os
que nela se encontram”. (Foucault, 1983, p.154)
56
3.1) Concurso para a Unidade Básica de 
Saúde de Riacho Fundo
No ano de 2016, segundo Eduardo Souza, no endereço online denominado ArchDaily,
foi-se criado, pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal
(Codhab/DF), um concurso para implantação de uma Unidade Básica de Saúde no
Residencial Riacho Fundo, Distrito Federal, Este trabalho serviu de inspiração e
embasamento para este projeto final de graduação, principalmente devido ao fato de
apresentar necessidades mínimas para um bom funcionamento deste espaço, ou seja,
o projeto premiado em 1º lugar dos arquitetos Alexandre Ruiz da Rosa, André Bihuna
D’Oliveira, Haraldo Hauer e Rodrigo Vinci, oferece um local totalmente simplificado,
funcional, e fluído (imagem 34).
Tabela 1: 4 municípios mineiros mais 
populosos. Fonte: autora
Imagem 34: Imagem 3D do local de espera com vista para jardim interno. Disponível em: ArchDaily Acessado em: 14/03/2019
57
Em defesa de seu projeto, os arquitetos fizeram uso da seguinte citação de Oscar
Hagerman para relacionar o projeto:
Segundo Eduardo Souza (Archdaily, 2017), a criação (figura 36) foi baseada na
utilização de blocos quadrados com pátios internos para se ter dois focos projetuais, o
interno sendo a humanização funcional e o externo sendo o espaço urbano. Na
setorização retirada do ArchDaily, é possível analisar a setorização do espaço (figura
35).
Figura 36: Processo de criação arquitetônica dos 
espaços. Disponível em: ArchDaily Acessado em: 
14/03/2019
58
“Para mim, os pátios são como espaços exteriores domesticados: neles se está
conectado a natureza, se escuta o canto dos pássaros, sente o cheiro do campo
depois das chuvas e se pode observar as estrelas pela noite. Mas também são
lugares que estão protegidos de correntes de ar, isolados de ruídos. Em seus
corredores você pode estar enquanto chove.” (HAGERMAN, Oscar. Oscar
Hagerman. Monterrey: Biblioteca de Disenõ Quórum, 2006, apud RUIZ, BIHUNA,
HAUER e VINCI, 2016).
Imagem 35: Setorização Disponível em: ArchDaily Acessado em: 14/03/2019
Na planta baixa retirada do ArchDaily pode-se analisar a distribuição de espaços e os
acessos à edificação (figura 37). A entrada da edificação possui uma área de
estacionamento aberta e um acesso de embarque e desembarque, contando com uma
praça para pedestres. Ao se adentrar na edificação através do bloco central, que tem o
papel de distribuidor de fluxos, encontra-se a recepção, o setor administrativo e apoio,
uma área técnica e o jardim interno. Nos outros dois blocos há a concentração do setor
clínico.
59
Imagem 37: Planta baixa Disponível em: ArchDaily, adaptado pela autora Acessado em: 14/03/2019
LEGENDA
Setor clínico/fluxo técnico
Setor administrativo
Fluxo veicular
Fluxo público
Acesso serviço/funcionários
Acesso público
Acesso veículos
SETORIZAÇÃO E FLUXOS
Abaixo pode-se observar a divisão do espaços do projeto, composto por ambientes
clínicos, técnicos, áreas de espera entre outros (figura 38).
60
Imagem 38: Planta baixa Disponível em: ArchDaily, adaptado pela autora Acessado em: 14/03/2019
LEGENDA
Jardim interno
Terraço
Praça pública
Vestiários/WC privado
Salas clínicas
Salas administrativas
Salas técnicas
Enfermaria
Salas de apoio admin.
Recepção
Embarque/desembarque
Espaço de espera
Estacionamento
Banheiros públicos
DIVISÃO DOS ESPAÇOS
Os espaços de espera destinados aos usuários são inseridos em zonas de circulação
reduzidas, que são ampliadas externamente graças ao jardim interno que possui um
pequeno pátio (figura 39), ou seja, mesmo internamente possuem fluidez e vista livre
para a área verde. No corte da edificação é possível observar a simplicidade das linhas e
o uso do vidro para permitir a integração com o exterior (figura 40).
61
Imagem 39: Jardim interno com vista para área de espera interna Disponível em: ArchDaily Acessado em: 14/03/2019
Imagem 40: Espelho d'água como mecanismo para conforto térmico Disponível em: ArchDaily Acessado em: 14/03/2019
A simplicidade arquitetônica também está presente na forma estrutural do espaço,
que conta com lajes de concreto moldadas in loco, pilares em tubo de aço e rampas em
laje de concreto conectando os níveis de cada bloco. A vedação conta com placas pré-
moldadas de concreto e o sistema de cobertura conta com treliças metálicas. Em todo o
corpo foi visado a economia, a simplicidade, e a modulação. Os blocos foram um pouco
elevados do nível do solo, ligado ao conforto térmico (figura 41), além de possibilitar o
uso de piso elevado a fim de dar apoio às instalações técnica como fios, tubos etc.
Um dos principais focos do projeto foi o conforto térmico através de medidas praticas,
como o espelho d'água que utiliza da captação de agua das chuvas posteriormente
tratada, criando faixas de ar confortáveis, fachada dupla externa, cobogós horizontais
que podem ser observados na praça de acesso (figura 42) que quebram a insolação
excessiva no interior. Também foi disponibilizada a maquete física do projeto, onde é
possível observar atentamente a relação dos espaços fechados com os jardins (figura
43).
62
Imagem 41: Espelho d'água como mecanismo para conforto térmico Disponível em: ArchDaily Acessado em: 14/03/2019
Imagem 43: Maquete física projetual Disponível 
em: ArchDaily Acessado em: 14/03/2019
Imagem 42: Praça aberta no acesso a edificação 
Disponível em: ArchDaily Acessado em: 14/03/2019
3.2) Crown Sky Garden
Na cidade de Chicago, no estado de Illinois nos Estados Unidos, foi construído no ano
de 2012, o Hospital Infantil de Chicago (figura 44), segundo fontes retiradas do
ArchDaily; os arquitetos responsáveis foram Solomon Cordwell Buenz, Anderson
Mikos Architects e ZGF Architects. O hospital foi inserido em uma zona
predominantemente urbana na cidade, com vista para o “Parque Seneca”, próximo
também ao Museu de Arte Contemporânea. Posteriormente, no 11º andar, foi criado o
projeto paisagístico de Mikyoung Kim Design (arquiteto paisagista de Boston), espaço
denominado por Crown Sky Garden (figura 45). A explicação para tal, segundo o
próprio arquiteto, foi baseado em pesquisas cientificas sobre a importância da
valorização da luz natural e espaços contemplativos em ambientes hospitalares, a fim
de se reduzir o tempo de recuperação do paciente.
Imagem 44: Vista aérea da fachada principal do hospital infantil Disponível 
em: ArchDaily Acessado em: 14/03/2019
63
Imagem 45: Pavimento projetado por Mikyoung Kim Disponível em: ArchDaily Acessado em: 14/03/2019
O terraço (figura 46) tem como função primordial ser um local destinado a
interações para as famílias, profissionais do hospital e crianças, oferecendo muita
conexão com a natureza, por ter sido explorado exaustivamente o uso da luz natural
graças a pele de vidro que circula o pavimento (WORLDLANDSCAPEARCHITECT, 2013).
O projeto paisagístico abusa de artifícios naturais para que seja possível obter-se
uma experiencia agradável com a natureza, como uso de pedras naturais, muito
bambu (imagem 47) para criar espaços um pouco mais privativos (parede vegetal) e
acolhedores, como um nicho. Além disso, também há um sistema de som que é ativado
pelas pessoas, emitindo sons da natureza, e um sistema de iluminação automática.
Imagem 46: Imagem 3D do projeto. Disponível em: World Landscape Architect Acessado em: 14/03/2019
64
Imagem 47: Visão superior do jardim Disponível 
em: World Landscape Architect Acessado em:
14/03/2019
Com relação à setorização do pavimento (figura 48), há espaços de contemplação
com bancos de madeira recuperada, jardins destinados ao plantio de bambu que emite
um agradável cheiro, espaço de exposição de arte, umaparede luminosa e uma área
com luz e som interativos para os usuários.
Imagem 48: Planta humanizada. Disponível em: World Landscape Architect Acessado em: 14/03/2019
65
LEGENDA
Plantação de bambu
Espaço de contemplação
Área de exposição de arte
Área interativa (luz e som)
Livre circulação
Segundo Toni Backes (2016), paisagista fundador da escola de paisagismo Perau do
Enconto, no Rio Grande do Sul, a natureza atua como principal elemento de
recuperação e cura da pessoas. Para ele, os jardins saciam todos os 5 sentidos
humanos (tato, visão, olfato, audição, paladar), pois em um jardim terapêutico tem-se o
aroma das flores, sons de pássaros e água, aguçando os sentidos enquanto se
promove uma distração positiva, sendo esta considerada um ponto para plena
recuperação de doentes.
De acordo com a concepção de Backers, pode-se analisar que o local trabalhou
muito bem os sentidos humanos relacionados ao tato (ativação manual dos sons e luz),
olfato, visão e audição, como é apresentado o esquema abaixo (figura 49).
Figura 49: Esquema de artifícios. Disponível em: Lurie Childrens, adaptado pela autora Acessado em: 14/03/2019
66
Este projeto também possui um teor sustentável, assim como o primeiro estudo de
caso apresentado. Aqui, Mikyoung Kim abusou de materiais naturais para compor todo
o cenário: os bancos (imagem 51), painéis e esculturas de madeira (imagem 52)
espalhados pelo ambiente existentes são todos de madeira recuperada, que foram
posteriormente tratadas para serem utilizadas. O terraço de vidro foi constituído de
agregados de vidro reciclados. No local, há uma escultura de madeira que possui um
molde de uma mão, que funciona como ativador dos sons ambientes (figura 50).
67
Imagem 52: Paineis de madeira recuperada 
Disponível em: World Landscape Architect 
Acessado em: 14/03/2019
Imagem 51: Espaços de convivência Disponível 
em: World Landscape Architect Acessado em:
14/03/2019
Imagem 50: Ativador manual de sons Disponível em: World Landscape Architect Acessado em: 14/03/2019
Outro destaque sustentável são as parede com iluminação embutida (figura 53), que
foram construídas com painéis de resina criadas com no mínimo 40% de material
reciclado. Estes painéis são extremamente efetivos contra micróbios, e possibilitam
uma gradativa mudança de cor ao se transitar pelo caminho sinuoso.
A fim de incluir todos os doentes, no 12º pavimento, com vista para o Sky Garden, há o
espaço denominado de “casa da árvore” (figura 54). Este local é o preferido de crianças
extremamente tímidas ou que possuem algo distúrbio imunológico que as impede de
visitar o jardim. O espaço é todo protegido por uma camada de vidro e conta com piso
de madeira reciclada.
68
Imagem 53: Caminho pelos painéis de madeira luminosa 
Disponível em: World Landscape Architect Acessado em:
14/03/2019
Imagem 54: Pequeno mezanino da casa da arvore 
Disponível em: World Landscape Architect Acessado 
em: 14/03/2019
3.3) Nelson Mandela Childrens Hospital
Construído em 2016, localizado na cidade de Joanesburgo, África do Sul, o edifício
(figura 55) foi fruto de um concurso* em 2009, com uma área de aproximadamente
29.900m². Sheppard Robson e JCA foram os responsáveis pelo projeto conceitual,
recebendo apoio dos escritórios locais GAPP e Ruben Reddy. Para se criar um projeto
funcional, a equipe solicitou ajuda de especialistas na área medica e de conhecimento
local para a instalação pediátrica moderna no campus da Universidade de
Witwatersrand em Parktown, uma localização central. (Archdaily, 2017)
Imagem 55: Visão da entrada principal do hospital Disponível em: ArchDaily Acessado em: 19/03/2019
69
* Nelson Mandela (ex-presidente da
África do Sul), havia feito um ultimo
pedido antes de seu falecimento,
baseado em melhorar os serviços de
saúde publica oferecidos pelo governo.
O hospital emprega 150 médicos pediátricos e 450 enfermeiros, possuindo
instalações que possuem 200 leitos, auditório, e diagnósticos avançados. O objetivo
era evitar a construção de um único bloco, que consequentemente ocasiona extensos
corredores fechados ao mundo exterior. Então, criou-se seis alas (cada uma com uma
especialidade clinica), todas conectadas por uma “rua”, que contem três pontos de
encontro principais com vista para o jardim (figura 56).
70
Imagem 56: Vistas para o jardim interno Disponível em: ArchDaily Acessado em: 19/03/2019
O prédio possui instalações especializadas em tratamentos neurológicos,
oncológicos, endócrinos, cardiovasculares e até processos cirúrgicos pediátricos
(figura 57). Além disso, também conta com acomodações para acompanhantes e
familiares
71
Imagem 57: Planta esquemática do 1 pavimento. Disponível em: ArchDaily Acessado em: 19/03/2019
9. Corredor de circulação
10. Enfermaria ala oncológica
11. Enfermaria ala cirúrgia
12. Enfermaria ala cardíaca
13. Sala de aula
Estacionamento
Escadas/elevadores
LEGENDA
1. Ala oncológica Diurna
2. Enfermaria
3. Ala renal
4. Brinquedoteca
5. Sala da família
6. Sala de jogos família 
7. Área de estudo/pesquisa
8. Sala de família central
9
1
11
7
13
5
10
5
5
5
6
2
3
5
4
4
4
4
4
8
12
Os acessos ao hospital se dividem em espaços para pedestres e veículos (figura 58).
A fachada principal abriga o estacionamento público com acesso ao estacionamento
coberto. Além disso, há um estacionamento exclusivo para funcionários.
72
Imagem 58: Masterplan do hospital com setorização externa Disponível em: 
ArchDaily Acessado em: 19/03/2019
Estacionamento publico
Setor ambulatorial
Estacionamento funcionários
LEGENDA
Acesso principal público
Acesso veículos
SETORIZAÇÃO E FLUXOS
73
Imagem 59: Masterplan do hospital com paisagismo Disponível em: World landscape architect Acessado em: 19/03/2019
Resultado do desejo de criar espaços convidativos aos pacientes, tem-se cinco
pátios internos e três jardins externos direcionados a terapia ocupacional, e também
espaços recreativos para as crianças. O entorno possui uma reserva ambiental,
tornando a paisagem predominantemente verde. (figura 59)
LEGENDA
JARDINS EXTERNOS
01 Entrada principal
02 Jardim público
03 Jardim infantil
04 Jardim sensorial
05 Jardim de terapia 
ocupacional
JARDINS INTERNOS
06 Diurno
07 Recreativo
08 Da família
09 Da cura
10 Silencioso
11 Terraço
12 Espaço esportivo
ESPAÇOS GERAIS 
13 Estacionamento coberto
14 Ambulatório
15 Contenção de água 1
16 Contenção de agua 2
17 Estacionamento para 
funcionários
18 Jardim para reabilitação
19 Área de serviços
20 Contenção de água 3
21 Espaço de caminhada
Entrada principal
PAISAGISMO
Pode-se observar que o hospital é composto por 5 jardins externos (figura 60), cada
um composto por uma função especifica, e 5 jardins internos. Na entrada (figura 61), de
maneira a reduzir a experiencia desgastante de um hospital, há um jardim para
recepcionar os indivíduos, que conta com flores bem coloridas, assentos, arvores,
pergolados em madeira e muito paisagismo que favorecem bons espaços de
permanência ao ar livre para pacientes, funcionários e familiares.
74
Imagem 60: Espaço de jardim externo Disponível em: World landscape architect Acessado em: 19/03/2019
Imagem 61: Jardim frontal Disponível em: World 
landscape architect Acessado em: 19/03/2019
O hospital havia sido planejado com 200 leitos, com possibilidade de extensão para
até 300 leitos. O prédio possui instalações especializadas em tratamentos
neurológicos, oncológicos, endócrinos, cardiovasculares e até processos cirúrgicos
pediátricos. Além disso, também conta com acomodações para acompanhantes e
familiares.
Em seu exterior, o edifício é revestido predominantemente de tijolos, referenciando o
solo argiloso da região. Algumas fachadas recebem brises horizontais de diferentes
cores para diferenciar os departamentos internos (figura 62).
No corte conceitual é possível observar a divisão de serviços do hospital em seus
diversos níveis (figura 63).
75
Cuidados graves
Área de apoio
Imagem 63: Corte conceitual Disponível em: ArchDaily

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