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Centro de Apoio para Pessoas com Câncer

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BRUNA APARECIDA OLIVEIRA SILVA 
 
 
 
 
 
CENTRO DE APOIO PARA PESSOAS COM CÂNCER 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para 
obtenção do t itulo de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo da Universidade de 
Guarulhos – UNG, sob a orientação da Profª Juliana Moreno. 
 
 
 
 
 
GUARULHOS 
2018 
 
 
 
 
3 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
A Deus por me dar forças para não desistir da vida, por me dar uma chance de ver o mundo 
com outros olhos, por fazer com que eu tenha animo para lutar pelos meus sonhos e aos 
poucos conquistá-los. 
A minha família por sempre me apoiar em tudo que almejo e por ter me acompanhado e me 
ajudado a lutar contra o câncer. 
A minha filha por me dar sentido a vida, que mesmo não entendendo ainda, me iluminou de 
uma forma especial, fez com que eu quisesse conquistar o mundo inteiro, para ver a felicidade 
em seus olhos. 
A Universidade e todo seu corpo docente pelo desprendimento e a atenção que me deram e 
assim enriquecendo a cada semestre o meu conhecimento. 
A minha Orientadora pela sua paciência nas orientações, pelo incentivo quando eu não tinha 
mais ideias e me entristecia, pelas palavras de ânimo e superação, pelas correções e dicas 
que me possibilitou desenvolver esta monografia. 
4 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
Esta monografia tem como objetivo o desenvolvimento de um centro de apoio a 
pessoas com câncer e com isso apresenta-se uma breve análise sobre o câncer e suas 
segmentações. Especificamente, o câncer é uma das doenças crônicas que mais afetam as 
pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 32 milhões de 
pessoas vivem com ela e o seu tratamento costuma ser delicado. Esta doença carrega 
consigo um misto de aflições e incertezas decorrentes aos longos tratamentos, a demora da 
melhora, junto com a debilitação física e o medo de falecer. Claro que, cada paciente pode 
sofrer de uma segmentação diferente da doença, porém em geral, o primeiro impacto, seja ele 
de qualquer estágio que a doença se encontra, acaba sendo chocante para o doente. Onde 
ele passa a se questionar sobre a vida e sentir uma combinação de emoções e pensamentos, 
muita das vezes, negativos. O objetivo desse trabalho é promover a qualidade de vida através 
da arquitetura em um Centro de Apoio para Pessoas com Câncer, que com a ajuda da 
psicologia ambiental irá promover bem-estar e minimizar os abalos causados pelo diagnostico, 
tanto no enfermo quanto em sua família, ajudando-os a enfrentar a batalha contra o câncer 
com esperança e que esse longo processo seja o mais suportável possível. 
Palavras Chave: Câncer, Qualidade de Vida, Psicologia Ambiental, Arquitetura. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Abstract 
This dissertation brings up a short analysis about cancer and its segments. Specifically, 
cancer is one of the chronic diseases that causes more impact in people lives in the world. 
According to World Health Organization (WHO), about 32 million people suffer of this disease 
and its treatment use to be delicate. This disease carries a mix of affliction and doubts due to 
long years of treatment, the long wait of getting better plus physical impairment and fear of 
death. Of course, each patient may suffer a different segment of the disease, but in general, it 
does not matter the level of the disease, the fact of being diagnosed is very shocking. The 
patient starts questioning about life and most of the times, to feel a combination of emotions 
and negatives thoughts. The main idea of this study is to provide life quality through 
architecture in a Cancer Support Center, which with an psychology environment, provides well-
being to people and helps to minimize the mental suffering caused by the diagnostic on the 
patients and their family, helping in this battle against cancer with hope and making this long 
process as bearable as possible. 
Key words: Cancer, Life Quality, Environmental Psychology, Architecture. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
Figura 1 – Larissa Morstalli. Fonte: https://www.altoastral.com.br/animais-estimacao-criancas-
cancer/ 
Figura 2 – Sala Hospitalar. Fonte: Fabianna Cavalcante | Arquitetura em Saúde 
Figura 3 – Sala Hospitalar. Fonte: Fabianna Cavalcante | Arquitetura em Saúde 
Figura 4 – Festa Junina Casa de Apoio Ricardo Moyses Junior 
Fonte: https://www.zinecultural.com/blog/aniversario-ricardo-moyses-jr-20-anos 
Figura 5 – Centro Oncológico da Santa Casa de São Paulo. Fonte: 
http://www.dpu.def.br/noticias-sao-paulo/155-noticias-sp-slideshow/33607-dpu-realiza-vistoria-
no-centro-oncologico-da-santa-casa-de-sao-paulo 
Figura 6 – Hospital São Daniel Comboni, em Cacoal. 
 Fonte: https://www.jornalrondoniavip.com.br/noticia/saude/rondonia-ampliou-em-60-o-
tratamento-de-pacientes-com-cancer/porto-velho/ 
Figura 7 – Maggie‟s Centre em Edimburgo no Reino Unido. Fonte: 
https://www.maggiescentres.org/our-centres/maggies-edinburgh/architecture-and-design/ 
Figura 8 – Maggie‟s Centre em Dundee no Reino Unido. Fonte: 
https://www.maggiescentres.org/our-centres/maggies-dundee/architecture-and-design/ 
Figura 9 – Casa de Apoio Ronald McDonalds 
Figura 10 – Casa de Apoio Ronald McDonalds 
 Fonte: https://www.zinecultural.com/blog/aniversario-ricardo-moyses-jr-20-anos 
Figura 11 – Casa de Apoio Ricardo Moyses Junior 
 Fonte: https://www.zinecultural.com/blog/aniversario-ricardo-moyses-jr-20-anos 
Figura 12– Festa Junina Casa de Apoio São Francisco de Assis 
 Fonte: https://www.zinecultural.com/blog/aniversario-ricardo-moyses-jr-20-anos 
Figura 13 – Casa São Francisco de Assis 
 Fonte: https://www.zinecultural.com/blog/aniversario-ricardo-moyses-jr-20-anos 
Figura 14 – Hospital do Cancer 
 Fonte: https://www.zinecultural.com/blog/aniversario-ricardo-moyses-jr-20-anos 
Figura 15 – AACD Fonte: https://www.aacd.com/ 
Figura 16 – Feira de arrecadação da AACD 
 Fonte: https://www.zinecultural.com/blog/aniversario-ricardo-moyses-jr-20-anos 
Figura 17 – Ilustração Hospitalar da idade Média 
 Fonte: Miquelin 2002 
Figura 18 – Ilustração Hospitalar da idade Média 
 Fonte: Miquelin 2002 
Figura 19 – Diferentes agrupamentos nas tipologias horizontais e verticais Fonte: GÓES 
(2004) 
Figura 20 – Boston Children‟s Hospital Fonte: https://www.zinecultural.com/blog/aniversario-
ricardo-moyses-jr-20-anos 
Figura 21 – Craig Hospital, Colorado / USA Fonte: 
https://www.zinecultural.com/blog/aniversario-ricardo-moyses-jr-20-anos 
Figura 22 – Unidade de terapia intensiva em hospital de Massachusetts, USAFonte: 
https://www.zinecultural.com/blog/aniversario-ricardo-moyses-jr-20-anos 
Figura 23 – Livsrum – Centro de Assessoria ao Cancer. Fonte; ArqWeb 
Figura 24 – Planta Livsrum – Centro de Assessoria ao Cancer. Fonte; ArqWeb 
Figura 25 – Cortes- Livsrum – Centro de Assessoria ao Cancer. Fonte; ArqWeb 
Figura 26 – Perspectiva- Livsrum – Centro de Assessoria ao Cancer. Fonte; ArqWeb 
Figura 27 –Livsrum – Centro de Assessoria ao Cancer. Fonte; ArqWeb 
Figura 28 – Sala Interna- Livsrum – Centro de Assessoria ao Cancer. Fonte; ArqWeb 
Figura 29 – Espelho d‟agua - Livsrum – Centro de Assessoria ao Cancer. Fonte; ArqWeb 
Figura 30 – Corte - Livsrum – Centro de Assessoria ao Cancer. Fonte; ArqWeb 
Figura 31 – Implantação/ Terreo- Livsrum – Centro de Assessoria ao Cancer. Fonte; ArqWeb 
Figura 32 – Cortes - Livsrum – Centro de Assessoria ao Cancer. Fonte; ArqWeb 
Figura 33 – Área Externa- GRAAC– Grupo de Apoio Adolescentes e Crianças com Câncer. 
Fonte; Vitruvius 
Figura 34 – Planta Baixa- GRAAC– Grupo de Apoio Adolescentes e Crianças com Câncer. 
Fonte; Vitruvius 
Figura 35 e 36 – Área Externa- GRAAC– Grupo de Apoio Adolescentes e Crianças com 
Câncer. Fonte; Vitruvius 
Figura 37 - Sala de Recuperação- GRAAC– Grupo de Apoio Adolescentes e Crianças com 
Câncer. Fonte; Vitruvius 
Figura 38 - Planta Pav. 1- GRAAC– Grupo de Apoio Adolescentes e Criançascom Câncer. 
Fonte; Vitruvius 
6 
 
 
 
 
 
Figura 39 - Corte - GRAAC– Grupo de Apoio Adolescentes e Crianças com Câncer. Fonte; 
Vitruvius 
Figura 40 - Entorno- GRAAC– Grupo de Apoio Adolescentes e Crianças com Câncer. Fonte; 
Vitruvius 
Figura 41 42 43 e 44 – Graacc – Grupo de Apoio ao Adolecente e a Criança com Câncer 
Figura 45 – Iluminação Zenital Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/872594/a-luz-zenital-
como-solucao-de-iluminacao-natural-em-16-projetos?ad_medium=gallery 
Figura 46 – Iluminação Zenital Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/872594/a-luz-zenital-
como-solucao-de-iluminacao-natural-em-16-projetos?ad_medium=gallery 
Figura 47 – Composição de Placas Fotovoltaicas 
Figura 48 - Área do terreno. Vila Itapegica, Guarulhos/ SP. (Fonte: Google Earth. Disponível: 
https://earth.google.com/web/@-23.48283151,-
46.55354365,769.38513031a,355.66559302d,35y,101.84137134h,0t,-0r Acesso 25/11/2018). 
Figura 49 - Cruzamento da Av. Carlos Ferreira Endres com a Rua Cavadas. Guarulhos/SP. 
(Fonte: Google Maps. Disponível em: https://www.google.com.br/maps/@-23.4779101,-
46.5533955,3a,55.7y,124.98h,77.19t/data=!3m6!1e1!3m4!1skEZ7xwVHsslKs4-
BfQHmAA!2e0!7i13312!8i6656 Acesso 25/11/2018). 
Figura 50 - Rua Cavadas. Guarulhos/SP. (Fonte: Google Maps. Disponível em: 
<https://www.google.com.br/maps/@-23.4779101,-
46.5533955,3a,55.7y,124.98h,77.19t/data=!3m6!1e1!3m4!1skEZ7xwVHsslKs4-
BfQHmAA!2e0!7i13312!8i6656> Acesso 25/11/2018). 
Figura 56– Rua Eliza Mourão. Guarulhos/SP. (Fonte: Google Maps. Disponível em: 
<https://www.google.com.br/maps/@-23.4779101,-
46.5533955,3a,55.7y,124.98h,77.19t/data=!3m6!1e1!3m4!1skEZ7xwVHsslKs4-
BfQHmAA!2e0!7i13312!8i6656> Acesso 25/11/2018). 
Figura 58 – Rodovia Presidente Dutra. Guarulhos/SP. (Fonte: Google Maps. Disponível em: 
<https://www.google.com.br/maps/@-23.4779101,-
46.5533955,3a,55.7y,124.98h,77.19t/data=!3m6!1e1!3m4!1skEZ7xwVHsslKs4-
BfQHmAA!2e0!7i13312!8i6656>Acesso 25/11/2018). 
Figura 59 – Região do Projeto (Fonte: Google Maps. Disponível em: 
<https://www.google.com.br/maps/@-23.4779101,-
46.5533955,3a,55.7y,124.98h,77.19t/data=!3m6!1e1!3m4!1skEZ7xwVHsslKs4-
BfQHmAA!2e0!7i13312!8i6656>Acesso 25/11/2018). 
Figura 60 – Equipamentos Urbanos. – Guarulhos/SP. (Fonte: GuaruGeo. Disponível em: 
<http://guarugeo.guarulhos.sp.gov.br/ms_tmp/imgIxmczaewak/mapaXOKbtgNABs.jpg> Acesso 
26/11/2018). 
Figura 61 – Localização da Praça Claudio Pereira. (Fonte: Google maps. Disponível em: 
https://www.google.com.br/maps/search/pra%C3%A7as+itapegica+/@-23.4841571,-
46.5505432,115a,45.8y,281.14h,13.82t/data=!3m1!1e3?hl=pt-BR Acesso 26/11/2018). 
Figura 62– Itapegica – Guarulhos/SP. (Fonte: Google Maps. Disponível em: < 
https://www.google.com.br/maps/place/Itapegica,+Guarulhos+-+SP/@-23.4843118,-
46.5501094,1609m/data=!3m1!1e3!4m5!3m4!1s0x94ce5f796f77f0df:0xad41dde2944186c9!8m
2!3d-23.4903513!4d-46.5589614?hl=pt-BR > Acesso 26/11/2018). 
Figura 63– Localização da Praça Leonidas P. Figueiredo. (Fonte: Google maps. Disponível 
em: https://www.google.com.br/maps/search/pra%C3%A7as+itapegica+/@-23.4841571,-
46.5505432,115a,45.8y,281.14h,13.82t/data=!3m1!1e3?hl=pt-BR Acesso 26/11/2018). 
Figura 65- Teatro Padre Bento. (Fonte: Google maps. Disponível em: < 
https://www.google.com.br/maps/@-23.4684105,-
46.5494805,3a,75y,173.5h,96.64t/data=!3m6!1e1!3m4!1sns1PL_k9TFB3dEKeWijQrA!2e0!7i13
312!8i6656> Acesso 26/11/2018). 
Figura 64– Pontos culturais Itapegica e entorno. (Fonte: Google maps. Disponível em: 
<http://grucultura.guarulhos.sp.gov.br/busca/##(global:(enabled:(space:!t),filterEntity:space,ma
p:(center:(lat:-23.464112400901872,lng:-
46.526498794555664),zoom:13)),space:(filters:(area:!(Artesanato,Circo,Educa%C3%A7%C3%
A3o,Esporte,Fotografia,Dan%C3%A7a,Livro,Museu,M%C3%BAsica,'Patrim%C3%B4nio%20M
aterial','Patrim%C3%B4nio%20Imaterial',Teatro,'Produ%C3%A7%C3%A3o%20Cultural')))) > 
Acesso 26/11/2018). 
Figura 66 - Mapa de Guarulhos. (Fonte: O melhor do bairro. Disponível em: < 
https://www.omelhordobairro.com/guarulhos-
itapegica/userfiles/image/MAPA_ITAPEGICA.png> Acesso 26/11/2018). 
Figura 67 - Insolação Município de Guarulhos. (Fonte: Inmet. Disponível em: < 
http://www.inmet.gov.br/portal/arq/upload/BOLETIM-AGRO_MENSAL_201202.pdf> Acesso 
26/11/2018) Com intervenção do autor. 
Figura 68 - Mapa Geológico do Munícipio de Guarulhos. (Fonte: Inmet. Disponível em: 
<http://servicos.guarulhos.sp.gov.br/destaques/coord_assunt_aerop/plano_diretor_drenagem.p
df > Acesso 26/11/2018) Com intervenção do autor. 
Figura 69 - Mapa Geológico do Munícipio de Guarulhos. (Fonte: Inmet. Disponível em: 
<http://servicos.guarulhos.sp.gov.br/destaques/coord_assunt_aerop/plano_diretor_drenagem.p
df > Acesso 26/11/2018) Com intervenção do autor. 
7 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 9 
1. CAPÍTULO 1 – CONCEITO HISTÓRICO DO TEMA.............................................................10 
1.1 CONHECENDO O CÂNCER ...................................................................................... 10 
1.2 O CANCER – CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA ..................................................... 12 
1.2.1. A AQUITETURA QUE CURA..................................................................................15 
1.3 CENTRO DE APOIO A PESSOAS COM CÂNCER ................................................... 16 
1.4 CASA DE APOIO A PESSOAS COM CÂNCER NO BRASIL .................................... 17 
1.4.1. CASA DE APOIO RONALD MCDONALD‟S – RIO DE JANEIRO ........................... 17 
1.4.2. CASA DE APOIO RICARDO MOYSES JUNIOR .................................................... 18 
1.4.3. CASA DE APOIO SÃO FRANCISCO DE ASSIS .................................................... 19 
 
 2. CAPÍTULO 2 – CONCEITO TEÓRICO DO TEMA...............................................................20 
 2.1 A IMPORTÂNCIA DE CASA DE APOIO NA BUSCA DA CURA .............................. 20 
 2.1.1. HOSPITAL DO CÂNCER ALDENORA BELLO .................................................... 20 
 2.1.2. AACD – ASSOSSIAÇÃO A CRIANCAS COM CANCER ..................................... 21 
 2.2 PSICOLOGIAS AMBIENTAL ..................................................................................... 22 
 2.3 A RELEVANCIA DA HUMANIZAÇÃO NESSE AMBIENTE ........................................ 23 
 2.4 ONG‟S ....................................................................................................................... 25 
 
3. CAPÍTULO 3 – TIPOLOGIAS E MORFOLOGIAS ................................................................ 27 
3.1. CONCEITO MORFOLÓGICO E TIPOLÓGICO........................................................27 
3.2. PAISAGISMO EM CASAS DE APOIOO................................................................. 29 
4. CAPÍTULO 4 - ESTUDOS DE CASO .................................................................................. 31 
4.1 LIVSRUM – CENTRO DE ASSESSORIA AO CÂNCER ......................................... 31 
4.2 HOSPITAL SARAH KUBISTCHEK – RIO DE JANEIRO ........................................ 33 
4.3 GRAACC – GRUPO DE APOIO AO ADOLECENTE E A CRIANÇA COM CÂNCER 
 ................................................................................................................................. ......36 
 
5. CAPÍTULO 5 - O PROJETO ................................................................................................ 38 
5.1 PROGRAMA DE NECESIDADES.............................................................................39 
5.2 ORGANORAMA E FLUXOGRAMA...........................................................................40 
5.3 DIRETRIZES GERAIS PARA O PROJETO........................... ..................................42 
 
6. CAPÍTULO 6 – ESTUDO DE VIABILIDADE....................................................................... 43 
6.1 USO E OCUPAÇÃO DE SOLO E ZONEAMENTO .................................................. 43 
6.2 HIERARQUIA DAS VIAS ......................................................................................... 47 
6.3 EQUIPAMENTOS E MOBILIÁRIO URBANO .................................................... ......50 
6.4 MONUMENTOS CULTURAIS............,,,,,,,,...............................................................52 
6.5 ASPECTOS ANTRÓPICOS......................................................................................53 
6.6 ASPECTOS FÍSICOS E AMBIENTAIS..................................................................... 54 
6.7 PARTIDO ARQUITETÔNICO.................................................................................. 57 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................... 58 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................... 59 
 
8 
 
 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS 
 
ABRASCO - Associação Brasileira de Saúde Colet iva 
AACN-RJ - Associação de Apoio à Criança com Neoplasia 
BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social 
DNA - Ácido Desoxirribonucleico 
FRMJ – Fundação Ricardo Moyses Junior 
FCV - Fundação Cristiano Varella 
GRAAC – Grupo de Apoio ao Adolescente e a Criança com Câncer 
INCA - Instituto Nacional de Câncer 
OMS - Organização Mundial da Saúde 
ONG – Organização Não Governamental 
SUS - Sistema Unificado de Saúde 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
O câncer encerra em sua história um estranho paradoxo relacionado ao fato de que, à 
medida que a medicina foi alargando os conhecimentos e desenvolvendo tecnologias cada vez 
mais poderosas contra seus nefastos efeitos, o pavor das populações em relação a ele 
também se ampliou. Durante muito tempo quase nada se sabia sobre a doença, e era nula a 
capacidade dos médicos em evitar o sofrimento e as mortes que causava. No entanto, o 
câncer era pouco percebido na sociedade, fazendo parte de um grande rol de mazelas que 
impingiam sofrimento e morte. Às suas vítimas, só restavam à agonia e muitas vezes à 
execração social causada pelo temor de sua contagiosidade. A partir de meados do século XX 
essa situação começou a se transformar. Os promissores tratamentos surgidos, ainda no início 
do século, começaram a se sofisticar, se mostrando mais eficazes, ao mesmo tempo em que a 
prevenção pelo diagnóstico precoce entrou na ordem do dia da medicina. No entanto, o maior 
conhecimento da doença e o surgimento de alguma esperança no tratamento dos acometidos 
também ampliavam a compreensão da extensão do mal, de suas diversas faces e da limitada 
capacidade da medicina em domá-lo, intensificando com isso o temor da sociedade, que 
passou a ver o câncer como o flagelo da modernidade. 
Segundo o INCA, Instituto Nacional de Câncer, são previstos 576 mil casos novos de 
câncer no Brasil por ano. O tumor mais incidente é o câncer de pele do tipo não melanoma 
(182 mil casos), seguido por câncer de próstata (68,8 mil), câncer de mama (57,1 mil), câncer 
de intestino (33 mil) e câncer de pulmão (27 mil). Diante dessas informações, afirmar-se que a 
abordagem do tema é relevante, assim como a sua conscientização. Considerando-se uma 
doença grave, assim que diagnosticada, ela vem acompanhada de diversos sentimentos entre 
eles a ansiedade, a preocupação e a expectativa da melhora. A possibilidade da mudança 
total da rotina do doente é o que mais os afligem, pois o seu tratamento é vagaroso e 
exaustivo, tanto físico, quanto psicológico. A não aceitação da doença, o medo de falecer e a 
desmotivação para lidar com os procedimentos podem acarretar outra doença, a depressão, 
piorando assim o estado clinico do paciente, influenciando na evolução da doença e 
acometendo a sua qualidade de vida. 
 A maior problemática vivida por essas pessoas são que além dos déficits nos 
ambientes físicos de atendimento do Sistema Unificado de Saúde – SUS, como a sua 
inadequação local, carência de conforto para usuários, imprecisão de funcionalidade e um 
desprovimento em suas infraestruturas. Poucas delas desfrutam de amparo paralelo, como 
apoio familiar, psicológico e social. Tornando-se difícil o êxito no tratamento, visando que o 
bem-estar é essencial para tal. 
Ao longo do seu tratamento o ente enfrenta uma série de mudanças, físicas e 
emocionais, que causam desequilíbrio em sua vida, esta pessoa precisa de um apoio 
especializado para que sua vida seja ressignificada. Nem sempre o paciente e sua família 
conseguem arcar com os custos de tratamentos adjacentes aos clínicos, como terapias 
alternativas, palestras, orientações psicológicas e cursos que ajudem a recuperar sua 
autoestima. Considerando que esses fatores são contribuintes para a melhora da pessoa 
portadora do câncer, pode-se observar a magnitude de projetos que ofereçam esses 
serviços. 
A problemática acima exigiu-se o desenvolvimento desse breve estudo, direcionado 
ao projeto de um centro de apoio adaptado para acolher o público alvo de adultos, de 18 á 
39 anos que sofrem com o câncer e seus familiares, que residam na região de Guarulhos. 
Os ambientes serão específicos para o cuidado dessas pessoas, conciliando a 
complexibilidade da estruturação do ambiente com a delicadeza que temos que se 
considerar, ao se tratar do câncer como a doença tema, da integração de diversos serviços 
psicossociais e da necessidade do homem se relacionar com o espaço que utiliza, com o 
intuito de promover um ambiente acolhedor que gere qualidade de vida ao utente, através 
da arquitetura. 
 
______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 
- É uma doença geralmente agressiva que atinge muitas pessoas, ela ocorre quando o indivíduo tem uma produção de célula acelerada, que se acomodam no organismo e se multiplicam em demasia, esse processo chama-se metástase. A 
produção de célula no organismo tem um ciclo natural e elas deixam de existir quando não tem mais função, o que não ocorre nas pessoas com câncer. Por falha nas instruções do seu DNA, a célula praticamente esquece-se de morrer, se 
tornando então uma célula cancerosa. Ao invadir tecidos e órgãos essas células em excesso ficam cada vez mais resistente e acabam se transformando em tumores, podendo se espalhar nas demais partes do corpo. 
10 
 
 
 
 
 
Figura 1 – Larissa Morstalli. Fonte: 
https://www.altoastral.com.br/animais-estimacao-
criancas-cancer/ 
______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 
- A ênfase dada na área oncológica é decorrente ao estado alarmante que essa doença apresenta-se. É cada vez mais difícil encontrar alguém que não conheça pessoas com o diagnóstico, em tratamento ou que tenha falecido p or 
conta dessa doença, em alguns casos, pode-se encontrar até mesmo em familiares. 
CAPÍTULO 1 – CONCEITO HISTÓRICO DO TEMA 
1.1 Conhecendo o Câncer 
A ABRASCO (Associação Brasileira de Saúde Coletiva) define o câncer como o nome 
dado a um conjunto de mais de 200 doenças que têm em comum o crescimento desordenado 
de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo espalhar-se para outras regiões do 
corpo. Dividindo-se rapidamente, estas células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, 
determinando a formação de tumores ou neoplasias malignas. 
Segundo Santini (2017) ao longo da história brasileira, o câncer foi visto de diversas 
formas. De tumor malignoe incurável à neoplasia, de tragédia individual a problema de saúde 
pública, sua história foi marcada pelo incessante esforço da medicina em controlá-lo pela via 
da prevenção, aliada ao uso das mais modernas tecnologias médicas de tratamento. No 
entanto, as dificuldades técnicas para a cura de muitas de suas formas, o alto custo das 
tecnologias empregadas com esse objetivo e seu caráter individual mostram-se como 
limitadores da ação terapêutica, fazendo com que a doença se vincule cada vez mais ao 
campo da prevenção e da saúde pública. 
 
 
 
 
 
 
O câncer encerra em sua história um estranho paradoxo relacionado ao fato de que, à 
medida que a medicina foi alargando os conhecimentos e desenvolvendo tecnologias cada vez 
mais poderosas contra seus nefastos efeitos, o pavor das populações em relação a ele 
também se ampliou. Durante muito tempo quase nada se sabia sobre a doença, e era nula a 
capacidade dos médicos em evitar o sofrimento e as mortes que causava. 
 
No entanto, o câncer era pouco percebido na sociedade, fazendo parte de um grande 
rol de mazelas que impingiam sofrimento e morte. 
 Às suas vítimas, só restavam à agonia e muitas vezes a execração social causada pelo 
temor de sua contagiosidade. A partir de meados do século XX essa situação começou a se 
transformar. Os promissores tratamentos surgidos, ainda no início do século, começaram a se 
sofisticar, se mostrando mais eficazes, ao mesmo tempo em que a prevenção pelo diagnóstico 
precoce entrou na ordem do dia da medicina. No entanto, o maior conhecimento da doença e 
o surgimento de alguma esperança no tratamento dos acometidos também ampliavam a 
compreensão da extensão do mal, de suas diversas faces e da limitada capacidade da 
medicina em domá-lo, intensificando com isso o temor da sociedade, que passou a ver o 
câncer como o flagelo da modernidade. 
A doença é conhecida desde longa data. Egípcios, persas e indianos, 30 
séculos antes de Cristo, já se referiam a tumores malignos, mas foram os 
estudos da escola hipocrática grega, datados do século IV a. C., que a definiram 
melhor, caracterizando-a como um tumor duro que, muitas vezes, reaparecia 
depois de extirpado, ou que se alastrava para diversas partes do corpo levando 
à morte. Então denominado de carcicoma ou cirro, o câncer era visto pelos 
hipocráticos como um desequilíbrio dos fluidos que compunham o organismo. 
(SANTINI, Luiz Antônio – Da Doença Desconhecida a problema de saúde 
publica – o INCA e o controle de câncer no Brasil. Rio de Janeiro, novembro de 
2007.). 
Giovanni Battista Morgagni (1662-1771) e o médico francês Marie François Xavier 
Bichat (1771-1802) relatam que somente no século XVIII, o câncer passou a ser visto como 
uma doença de caráter local. Para essa mudança mostrou-se fundamental o desenvolvimento 
da anatomia patológica e dos conhecimentos sobre as células. O primeiro enfatizou a 
localização corpórea das doenças, que passavam a se caracterizar como uma entidade 
específica, localizada em determinado órgão do corpo. Já Bichat elaborou um tratado 
revolucionário, mostrando que os órgãos são formados por diferentes tecidos, cujas lesões 
apontavam a localização das várias patologias. Seus estudos favoreceram a compreensão das 
formas distintas de câncer, a partir de seus efeitos diferenciados em diversas localizações 
tissulares. 
11 
 
 
 
 
 
Figura 2 – Cancer Charity of the Middlesex Hospital. Fonte: 
https://www.google.com.br/cancer-charity-hospital/ 
Foi então que René Théophile Laënnec (1781-1826) aumentou a precisão do 
diagnóstico ao distinguir os quistos dos rins e dos ovários e os fibromas uterinos dos casos de 
câncer. Por fim, Joseph Claude Anthelme Recamier (1774-1852), observando um tumor 
secundário no cérebro de uma paciente inicialmente atingida por um câncer no seio, deu início 
a utilização do conceito de metástase para o câncer. Seus estudos apontavam para o fato de a 
invasão de células cancerosas na corrente sanguínea ou linfática provocarem o surgimento de 
novos tumores em outros órgãos dos doentes. Essas pesquisas, assim como diversas outras 
realizadas no período, possibilitaram a compreensão do câncer como uma patologia local, 
relacionada às mais diminutas estruturas orgânicas. No século XIX, o desenvolvimento da 
teoria celular, a partir dos trabalhos de Virchow (1821-1902), finalmente possibilitou a 
vinculação da doença às células e seu processo de divisão. 
O próprio Virchow propôs essa ideia, no entanto, ele acreditava que o câncer era 
causado por uma irritação crônica e se propagava como um líquido no organismo. Em meados 
do século XIX, o anatomista Wilhelm Waldeyer (1836-1921) mostrou que as células 
cancerosas se desenvolvem a partir de células normais, e que o processo de metastase, como 
postulara Recamier, era resultado do transporte das células cancerosas pela corrente 
sanguínea ou linfática. 
 
Santini (2017) destaca em sua pesquisa que apesar do grande avanço do 
conhecimento sobre a doença, as possibilidades de tratamento eficazes permaneciam 
inexistentes, restando aos acometidos a internação em asilos para desenganados, nos quais 
em meio ao sofrimento, esperavam o momento da morte. Nesse campo, a assistência aos 
desamparados foi a ação contra a doença de maior alcance. Na Europa, ainda no século XVIII 
começaram a surgir hospitais com esse objetivo. Já em 1742, a cidade de Reims, na França, 
criou um asilo para cancerosos. 
Em 1799, seria fundado, na Inglaterra, o Cancer Charity of the Middlesex Hospital 
(Figura 2), com as mesmas características. Em meados do século XIX, várias instituições 
voltadas à proteção aos doentes de câncer começaram a proliferar em diversos países 
europeus. Na França, a Associação de Senhoras do Calvário, ou Obra do Calvário, criada em 
1842 na região de Lyon, por Jeanne Garnier-Chabot, implantou um asilo para mulheres 
cancerosas, mantido e administrado por viúvas voltadas para a caridade. Depois da morte de 
sua fundadora, em 1853, a associação criou diversas casas de abrigo na França, nas quais as 
viúvas da ordem trabalhavam cuidando de mulheres atingidas pela doença. 
Em meados do século XIX, os avanços da cirurgia pareciam dar uma nova 
esperança em relação ao câncer. As primeiras cirurgias de cânceres do reto e 
histerctomias datam da década de 1840, quando a utilização do éter e do 
clorofórmio como anestésicos possibilitou a execução de cirurgias mais 
invasivas. No entanto, o grande número de insucessos dessas operações e o 
dissenso sobre sua eficácia fizeram com que, naquele momento, elas fossem 
postas de lado. (SANTINI, Luiz Antônio – Da Doença Desconhecida a problema 
de saúde pública – o INCA e o controle de câncer no Brasil. Rio de Janeiro, 
novembro de 2007.). 
Apesar da ampliação das possibilidades de intervenção contra o câncer, abertas pelo 
desenvolvimento das técnicas cirúrgicas, as grandes transformações no tratamento viriam da 
aproximação da medicina de outros campos de investigação, como a física e a química. Os 
primeiros passos nesse sentido surgiram com a descoberta dos raios X, em 1895. A partir de 
1896, os médicos se apropriaram da descoberta, se interessando por suas extraordinárias 
potencialidades diagnósticas. Logo também passaram a testá-la freneticamente na busca da 
cura de diversas doenças. No caso do câncer, a utilização da radioterapia parecia ser 
promissora. Já em 1902, surgiram os primeiros trabalhos na Associação Americana de 
Cirurgia, afirmando a importância dos raios X no tratamento das displasias. 
12 
 
 
 
 
 
Figura 3 – Sala Hospitalar. Fonte: Fabianna 
Cavalcante | Arquitetura em Saúde 
A partir de então, a técnica começou a ser utilizada por alguns médicos no tratamento 
de cânceres cutâneos e, em seguida, em tumores internos, com a utilização de tubos que 
eram introduzidos nos pacientes para que o efeito dos raios atingisse seus órgãos afetados. 
Apesar das primeiras tentativasde uso médico dos raios X, não havia uma compreensão 
biológica sobre sua forma de ação nos organismos. Foi em 1905 que o radiologista francês 
Jean Bergonié e o histologista Louis Tribondeau esclareceram seu princípio de ação curativa, 
mostrando que as células cancerosas são mais sensíveis a ele que as células sãs. Seu 
trabalho deu fundamentação biológica à utilização da radioterapia e abriu caminho para a sua 
utilização científica contra os mais diversos tumores. 
 Apesar dos avanços, a nova tecnologia mostrava-se perigosa, pois causava 
queimaduras e, se utilizada em altas doses, chegava a ser cancerígena. Além disso, a 
impossibilidade de mensuração e padronização de sua dosagem impediam sua utilização de 
forma segura. Por muito tempo, a maioria dos médicos tanto da França, como de outros 
países tiveram uma posição conservadora sobre os raios X, continuando a ter na cirurgia a 
principal indicação para o câncer. Somente a partir da década de 1910, esta situação começou 
a mudar com o desenvolvimento dos tubos de raios catódicos (1913) e de potentes geradores 
(1921) que permitiam um maior controle da intensidade dos raios, possibilitando sua utilização 
de forma mais segura. 
As últimas décadas do século XIX marcam um período de grandes transformações na 
medicina brasileira. Num contexto de crise sanitária e modernização material vivido em nossas 
principais capitais, teve início um processo de mudanças surgido no campo do ensino médico 
e, posteriormente, radicalizado com o surgimento de novos paradigmas científicos que 
transformariam as antigas artes de curar em ciências da saúde. Data de 1880 o início do 
processo de reforma do ensino médico na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. 
O interesse pelo câncer foi rapidamente globalizado pelos congressos internacionais de 
medicina, onde avultavam trabalhos sobre a doença. Logo o câncer passaria a ser tema de 
encontros específicos, nos quais se discutiam suas causas e possível contagiosidade e, 
principalmente, a ampliação de sua incidência nas diversas partes do o mundo. Em 1906, se 
daria a Primeira Conferência Internacional contra o Câncer, em Paris. Quatro anos mais tarde, 
uma segunda conferência ocorreu na Bélgica, realizando-se, em 1923, o primeiro Congresso 
Internacional do Câncer em Estrasburgo. As resoluções desses certames normalmente 
apontavam para a necessidade de ampliação das pesquisas e para a criação de instituições 
específicas para o tratamento dos acometidos, incentivando o surgimento de novas iniciativas 
em relação à doença (figura 1). 
1.2. Arquitetura Hospitalar 
Segundo De Góes (2004) a palavra hospital (figura 3) vem do latim hospitalis, adjetivo 
que significa “ser hospitaleiro, acolhedor, que hospeda” derivado de hospes, que quer dizer 
hóspede, estrangeiro, viajante. Durante a Idade Média, o hospital serviu basicamente para 
isso: hospedar doentes, viajantes e pobres. E a função de curar? Nesse período, essas 
instituições serviam basicamente como asilo tendo por objetivo somente o isolamento de 
pessoas doentes ou pobres do convívio com o restante da sociedade, evitando, desta forma, 
riscos sociais e epidemiológicos. A função da cura e do tratamento não existia e a “medicina” – 
entendida em sua concepção atual – não era realizada: tratava-se apenas do fornecimento de 
um abrigo e do estabelecimento de uma rotina. 
 
 
 
 
 
 
 
Na Grécia, os primeiros locais destinados ao atendimento de enfermos foram templos 
dedicados ao Escapulário (nome latino de Asclépio – o deus grego da medicina), habilidoso 
médico que exerceu tal profissão durante a Guerra de Troia. Nesses templos, a serpente 
representava o símbolo da divindade e o poder da cura, portanto, era sagrada, e acreditava-se 
que era dotada de magia. Segundo Campos (1944, p.17) os templos primavam pelo ambiente 
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Figura 5 – Festa Junina Casa de Apoio Ricardo Moyses Junior 
Fonte: https://www.zinecultural.com/blog/aniversario-ricardo-moyses-jr-20-
anos 
Figura 4 – Sala Hospitalar. Fonte: Fabianna Cavalcante | Arquitetura em Saúde 
favorável à cura dos doentes. Erigiam-se nas colinas ou nas fraldas das montanhas abrigadas 
contra os ventos maléficos. Eram localizados ao lado das florestas e de uma fonte de águas 
minerais, de termas ou, pelo menos, de água puríssima. Consistiam de uma cobertura assente 
sobre colunas dóricas. Cada um destes santuários tinha um altar. 
 Os serviços eram ministrados por sacerdotes (médicos). As práticas eram impregnadas 
de misticismo e superstição. Nos primórdios e até mesmo após o surgimento do Cristianismo, 
as práticas da medicina e a religiosa se fundiam. O 4º concílio de Cartagena ordenava que os 
hospitais fossem edificados ao lado das igrejas, assim como no Islamismo, eles surgiam junto 
às mesquitas. No Renascimento, sob influência do Humanismo, os hospitais foram adquirindo 
caráter municipal e o progresso científico foi aprimorando, naturalmente, essas edificações. No 
século XVIII, graças aos avanços da medicina, a enfermidade passa a ser reconhecida como 
fato patológico. Com o surgimento desse conceito, as questões de ordem funcional e espacial 
assumem nova importância, estimulando o desenvolvimento dos primeiros processos 
projetuais dedicados às edificações hospitalares (TOLEDO, 2002). 
A partir daí, as questões espaciais e sanitárias das edificações hospitalares assumem 
extrema importância, tornando-se, inclusive, objeto de estudo para estudiosos como Pasteur, 
cientista francês que desenvolveu pesquisas sobre contaminação por meio de micro-
organismos, e Tenon, cirurgião francês que publicou o Mémoire sur les hôpitaux de Paris, que 
possuía descrições detalhadas sobre hospitais na França. Formou-se então, o conceito de 
hospital terapêutico: um instrumento destinado a curar (TOLEDO, 2002). 
 
 
 
 
 
 
A concepção do hospital (figura 4) como local de tratamento é relativamente recente. A 
partir do século 18, com o Iluminismo e a Revolução Industrial, constrói-se uma nova visão 
sobre o homem e a natureza. A crescente especialização das ciências e a ampliação dos 
conhecimentos neste período contribuíram para a busca do melhoramento das condições 
sanitárias, tendência que foi intensificada ao longo do século 19. Logo, é no século 18 – por 
volta de 1770, quando a doença passa a ser reconhecida como fato patológico – que o 
hospital se torna um instrumento de cura. 
Segundo SILVA (2001) a percepção deste equipamento como componente integrante 
do processo da cura leva a uma progressiva especialização de seus espaços. Questões 
relativas à distribuição espacial de seu programa e de seus fluxos tornam-se, paulatinamente, 
as de resolução mais prementes na prática projetual da arquitetura hospitalar. Essa 
preocupação inicia-se no século XVIII com o simples combate à superlotação de leitos – estes 
não eram individuais –, chegando ao final do século XIX com a ampliação significativa da área 
ocupada por essas edificações, através da difusão do modelo pavilionar – o qual buscava 
facilitar a circulação e renovação do ar a fim de adaptar-se às descobertas de Pasteur – e 
manifesta-se no século XX na crescente multiplicação e especialização dos componentes de 
seu programa e diferenciação de seus fluxos. O edifício hospitalar passa então a ser 
organizado segundo a especialização de áreas internas, baseada em atividades de cuidados 
aos pacientes e seus diversos apoios. 
 
 
 
 
 
 
 
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Entretanto, a partir de meados do século XX, o crescente interesse da sociologia e da 
antropologia pela saúde e pela doença – e as críticas que essas disciplinas desenvolvem à 
abordagem estritamente biológicadesses conceitos – permitiram que o foco da discussão 
sobre os espaços hospitalares fosse renovado. Sob sua influência, organizaram-se 
movimentos que buscaram reformas sanitárias em diversos países, cujo objetivo era garantir o 
direito universal à saúde e o desenvolvimento da medicina preventiva. 
Ninguém se cura somente da dor física, tem de curar a dor espiritual também. 
Acho que os centros de saúde que temos feito provam ser possível existir um 
hospital mais humano, sem abrir mão da funcionalidade. Passamos a pensar a 
funcionalidade como uma palavra mais abrangente: é funcional criar ambientes 
em que o paciente esteja à vontade, que possibilitem sua cura psíquica. Porque a 
beleza pode não alimentar a barriga, mas alimenta o espírito. (LIMA, João 
Filgueiras. O que é ser arquiteto: memórias profissionais de Lelé (João Filgueiras 
Lima). Depoimento a Cynara Menezes. Rio de Janeiro, Record, 2004, p. 50.). 
O primeiro hospital construído na América foi em 1524, no México, o Hospital de Jesus 
Nazareno. Em 1538 foi construído o primeiro da América do Sul, em Lima, no Peru, e em 1543 
foi construída a primeira Casa de Misericórdia, a Santa Cruz de Misericórdia de Santos, 
fundada por Brás Cubas. Esse tipo de hospital, as Santas Casas da Misericórdia, em pouco 
tempo se espalhou pelas províncias. Depois da de Santos, tivemos a de Vitória, de Ilhéus, de 
Salvador, do Rio de Janeiro e em 1730, a de Ouro Preto. Em 1884 foi projetada, pelo 
engenheiro Luís Pucci, a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, de partido pavilhonar, 
inspirada no modelo francês do Hospital Lariboisière. 
 
A morfologia arquitetônica pavilhonar foi usada pelos arquitetos brasileiros, segundo 
TOLEDO (2003), e a passagem desse modelo para o monobloco vertical pode ser verificada 
na obra do engenheiro Luiz Moraes Júnior, primeiro especialista em edifícios laboratoriais e 
hospitalares. Construiu a Fundação Oswaldo Cruz, em Manquinhos, no Rio de Janeiro, e 
participou das modernizações dos serviços de saúde pública, adotando inovações europeia 
nas reformas e construção de novos edifícios. 
O monobloco vertical, ou o edifício vertical sobre um bloco horizontal, foi a morfologia 
adotada e mais utilizada pelos arquitetos modernistas brasileiros. TOLEDO (2003) cita os 
exemplos de Rino Levi e Roberto Cerqueira César no projeto do Instituto Central do Câncer, 
em São Paulo, Oscar Niemeyer e Hélio Uchoa no projeto do Hospital Sul América, no Rio de 
Janeiro, Ari Garcia Rosa no Hemorio e Souza Aguiar, também no Rio de Janeiro e Jorge 
Moreira no Hospital das Clínicas de Porto Alegre. Outros arquitetos como Jarbas Karman, 
João Carlos Bross, Pompeu de Souza, Siegbert Zanettini, Irineu Breitman e outros, muito têm 
contribuído para o aprimoramento das questões técnicas no que diz respeito à arquitetura 
hospitalar. 
Para GÓES (2004), não se deve deixar de lado, falando em arquitetura moderna na 
área de saúde (figura 4), a experiência do Nordeste. Um nome, particularmente, o de Luiz 
Nunes, arquiteto levado do Rio de Janeiro pelo governador de Pernambuco, autor do projeto 
do Reservatório de água de Olinda, obra clássica da arquitetura brasileira. Construiu entre 
1934 e 1936, postos de saúde, o Hospital da Brigada Militar, o Leprosário de Mirueira, o 
Pavilhão de Óbitos da Faculdade de Medicina, hoje Sede do Instituto de Arquitetos do Brasil 
(IAB) de Pernambuco, entre outros. 
No edifício do Hospital da Brigada Militar de Recife, de 1934, Luiz Nunes já adotou o 
partido monobloco vertical ao invés do modelo pavilhonar. O conjunto é constituído por três 
blocos, dois longitudinais de três andares e um transversal de seis andares e sua estrutura é 
toda feita em concreto armado. Sua funcionalidade surpreende até hoje. Ainda está em 
funcionamento. 
Para TOLEDO (2005), a obra de Lelé pode ser comparada às edificações hospitalares 
do final do século XVIII, quando o enfermo deixou de ser tratado como um indivíduo que ficava 
pacientemente aguardando a cura ou a morte, em ambientes insalubres, daí o nome paciente, 
para sofrer a intervenção do tratamento médico. Nessa fase, os hospitais passaram a adotar a 
forma pavilhonar, os pátios com jardins internos, ventilação e iluminação naturais. 
 
[...] tais preocupações vão sendo esquecidas na 
medida em que um novo partido, o monobloco vertical, passa 
a preponderar, apoiado nas novas tecnologias de construção, 
de calefação, condicionamento de ar e exaustão mecânica, 
que permitem controlar o clima dentro do hospital. TOLEDO 
(2005) 
15 
 
 
 
 
 
 
O progresso tecnológico levou o arquiteto a se preocupar menos com o bem-estar do 
enfermo e da equipe de trabalho, criando muitas vezes espaços sem janelas, no centro do 
pavimento, resultado de uma malha modular estabelecida e de sistemas de iluminação e 
condicionamento artificial de ar eficientes, ao invés de espaços com visualização para o 
exterior, jardins, ventilação e iluminação natural. 
 
Nesse contexto, a arquitetura hospitalar (figura 6 e 7) do Lelé (João Filgueiras Lima), 
adequada ao entorno, ao clima local, com soluções como a renovação constante de ar, a 
iluminação natural, o controle da insolação, pode ser exemplificada como arquitetura que 
prioriza o conforto ambiental, onde há preocupação com a qualidade e o bem estar de todos 
os usuários dos seus ambientes projetados. 
 
 
Figuras 6 e 7 - Hospitais Sarah Kubitschek Salvador / João Filgueiras Lima (Lelé) 
 
 
 
 
 
 
 
1.2.1. A Arquitetura que Cura 
Segundo Corbella (2003) a arquitetura pode ser um instrumento terapêutico se 
contribuir para o bem-estar do paciente com a criação de espaços que, além de 
acompanharem os avanços da tecnologia, desenvolvam condições de convívio mais humana e 
ambientes menos apáticos. O desconforto ambiental nos edifícios hospitalares não pode ser 
um problema a mais, todos os ambientes precisam ser pensados levando em consideração a 
fragilidade do usuário que vai utiliza-lo. Aspectos como arquitetura leve e diferenciado, 
iluminação natural, ventilação, cores, texturas e contato com a natureza são elementos em 
que o arquiteto hospitalar deve apostar para tornar o ambiente hospitalar mais humano e 
assim fazer uma arquitetura que promova a cura. 
O hospital como instrumento terapêutico é uma invenção relativamente nova, que 
data do final do século XVIII. A consciência de que o hospital pode e deve ser um 
instrumento destinado a curar aparece claramente em torno de 1780 e é 
assinalada por uma nova prática: a visita e a observação sistemática e 
comparada dos hospitais. (FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Rio de 
janeiro, Editora Graal, 1989, p. 99.) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
 
 
 
 
Figura 8 – Centro Oncológico da Santa Casa de São Paulo. Fonte: 
http://www.dpu.def.br/noticias-sao-paulo/155-noticias-sp-slideshow/33607-dpu-
realiza-vistoria-no-centro-oncologico-da-santa-casa-de-sao-paulo 
Figura 9 – Hospital São Daniel Comboni, em Cacoal. 
 Fonte: https://www.jornalrondoniavip.com.br/noticia/saude/rondonia-ampliou-em-60-o-
tratamento-de-pacientes-com-cancer/porto-velho/ 
 
1.3. Centro de Apoio para Pacientes com Câncer 
O Ministério da Saúde, por meio da portaria 2.439/GM, de 08 de dezembro de 2005, 
instituiu a Política Nacional de Atenção Oncológica, articulando seus serviços com as 
Secretarias de Saúde dos Estados e municípios, com o objetivo de contribuir para promoção, 
prevenção, diagnóstico, tratamento, reabilitação e cuidados paliativos. Sendo, nesse processo, 
imprescindível a participação direta do Sistema Único de Saúde (SUS) para garantir a todos o 
acesso aos procedimentos de alta complexidade (figura 8). 
 
 
 
 
 
 
 
 
Neste contexto, surgiram as primeiras indagações sobre a necessidade de casas de 
apoio para hospedar pacientes portadores de câncer, pois o Ministério da Saúde com as 
entidades e hospitais oncológicos, detectaram que muitos pacientes abandonavam otratamento, por não terem como arcar com os custos de hospedagem na cidade, ou por causa 
do desgaste físico e mental ocasionados por longas viagens diárias. Os pacientes que 
precisam ficar nas casas de apoio são, em grande parte, aqueles em tratamento de 
quimioterapia e ou radioterapia, procedimentos dolorosos e agressivos, que, por serem de alta 
complexidade, se restringem a um grupo de instituições nem sempre próximas às demandas. 
Em 2005, o Ministério da Saúde estabeleceu uma política que sustentou a seriedade do 
câncer no Brasil: 
Institui-se a Política Nacional de Atenção Oncológica: Promoção, Prevenção, 
Diagnóstico, Tratamento, Reabilitação e Cuidados Paliativos, a ser implantada 
em todas as unidades federadas, respeitadas as competências das três esferas 
de gestão. (Portaria nº 2.439/gm de 8 de dezembro de 2005.) 
A partir disso surgiu-se a imprescindibilidade da projeção de ambientes que possam 
agregar no tratamento do paciente oncológico no Brasil. Visto que em outros países já se 
encontravam centros com essa finalidade, como por exemplo, o Centro de Apoio e 
Recuperação de Meggie, que tem reconhecimento mundial, com mais de 17 centros 
dedicados inteiramente ao apoio dessas pessoas e seus familiares. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A ideia desses centros surge em 1993, quando a idealizadora, Margaret Keswick 
Jencks, recebe o diagnóstico de uma neoplasia mamaria em estagio avançado, que tiraria sua 
existência em menos de 3 meses. Em busca de um ambiente aonde Maggie não iria perder 
suas energias finais, assim como narra em seus arquivos, o momento em que aguardava em 
um corredor de um hospital escocês, foi o episodio derradeiro, pois ali ela sentia que o 
ambiente acometia ainda mais as suas forças, considerando que ela teria que voltar ao 
mesmo lugar, para fazer diversas sessões de quimioterapia. Maggie descreve os ambientes 
que ela frequentava para se tratar, como negligenciados e impensados, ainda afirma que os 
pacientes tinham a sensação de estar largados sob a luz de lâmpadas florescentes. 
17 
 
 
 
 
 
Figura 12 – Casa de Apoio Ronald McDonalds 
 
 
 
 
 
 
Figura 10 – Maggie‟s Centre em Edimburgo no Reino Unido. Fonte: https://www.maggiescentres.org/our-centres/maggies-
edinburgh/architecture-and-design/ 
Estudou-se a ideia de criar ambientes mais privativos, com uma boa iluminação Porém 
foi em 2003, que o primeiro centro foi fundado pela iniciativa de Charles Jenks, o viúvo de 
Maggie. Quem projetou o Maggie‟s Dundee (figura 10), foi renomado arquiteto Frank Gehry, 
amigo da família, aonde o paciente pudesse contemplar o silencio e ter uma ligação com a 
extremidade, como por exemplo, visualizar a luz do sol e os jardins, em seu entorno, 
caracterizando-se em uma arquitetura humanizada e restauradora. Porém foi após sua morte 
que sua ideia foi concretizada, pelo seu marido Keswick Jencks, conhecido como Charles 
Jenks, um historiador e arquiteto, que contou com diversos nomes da arquitetura, para a 
projeção de centros especializados de apoio, aonde dessem atendimento gratuito para as 
pessoas, a fim de minimizar os impactos do câncer na vida das pessoas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.4. Casas de Apoio para pessoas com câncer no Brasil 
O capitulo em questão aborda as importâncias das casas de apoio às pessoas com 
câncer e os impactos que as mesmas causam na vida dos pacientes e seus familiares. Foram 
reunidos exemplos de casas para que a compreensão do tema abordado seja mais fácil e 
dinâmica de ser compreendida. 
1.4.1 – Casa de Apoio Ronald McDonald – Rio de Janeiro 
O Instituto Ronald McDonald (figura 12), localizado na cidade do Rio de Janeiro, foi uma 
das primeiras casas de apoio que surgiram no Brasil. Sua história inicia-se após um casal ter 
ficado hospedado em uma Casa Ronald McDonald nos Estados Unidos, na cidade de Nova 
York. O filho do casal não venceu a doença, mas ao retornarem para o Brasil seus pais, 
encantados com a infraestrutura que encontraram fora do país, tomaram as primeiras 
iniciativas em prol da construção de um espaço para acolher pacientes com câncer. 
Em 5 de dezembro de 1992, foi fundada, por um grupo, a Associação de Apoio à 
Criança com Neoplasia (AACN-RJ). A experiência de médicos, enfermeiros, assistentes 
sociais e voluntários do Instituto Nacional do Câncer (INCA), junto aos pequenos pacientes, 
mostrou a grande dificuldade das famílias que residem fora do município do Rio de Janeiro em 
dar continuidade ao tratamento de seus filhos, devido à falta de recursos financeiros para se 
manterem na cidade. Evidenciada tal dificuldade, a AACN-RJ estabeleceu como meta 
primordial a criação de uma casa de apoio (Instituto Ronald McDonald). 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 11 – Maggie‟s Centre em Dundee no Reino Unido. Fonte: 
https://www.maggiescentres.org/our-centres/maggies-dundee/architecture-and-
design/ 
 
18 
 
 
 
 
 
Figura 13 – Casa de Apoio Ronald McDonalds 
 Fonte: https://www.zinecultural.com/blog/aniversario-ricardo-moyses-jr-20-
anos 
 
Após a criação da Associação de Apoio à Criança com Neoplasia (AACNRJ), em menos 
de um ano conseguiram parceira para instituir a Casa de Apoio. [...] Em junho de 1993, a rede 
McDonald‟s realizou outro McDia Feliz e desta vez a arrecadação do evento foi doada para a 
AACN-RJ implantar a casa de apoio. No mesmo ano, foi adquirido um imóvel para 
hospedagem e formalizada a parceria entre INCA, AACN-RJ e McDonald‟s (Instituto Ronald 
McDonald). Pioneira na América Latina, a Casa Ronald McDonald foi fundada em 1994 para 
ser uma “casa longe de casa”, atendendo crianças e adolescentes com câncer e suas mães, 
com o apoio dos hospitais conveniados – Instituto Nacional do Câncer (INCA), Hemorio, 
Hospital Universitário Pedro Ernesto, Hospital da Lagoa e Hospital Pediátrico Martagão 
Gesteira (Fundão). Atualmente pode hospedar com conforto e opções de lazer até 32 
pacientes e 32 acompanhantes, que devem ter entre 0 e 18 anos e residir em bairros distantes 
do Rio de Janeiro ou em outros municípios. Os encaminhamentos para o Instituto são 
realizados pelos profissionais do Serviço Social dos hospitais locais (figura 13). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.4.2. Casa de Apoio Ricardo Moysés Júnior 
A Fundação de Apoio aos Portadores de Neoplasias Infantis Ricardo Moysés Júnior 
(FRMJ), (figura 14) localiza-se na cidade de Juiz de Fora (MG). Foi idealizada pelo casal 
Ricardo e Jane Moysés, após o falecimento de seu filho, em 1994, aos 17 anos, por um câncer 
fulminante. Tiveram o apoio do médico que cuidou do adolescente, Ângelo Atalla, e juntos 
começaram a desenvolver um trabalho de assistência a algumas crianças carentes em 
tratamento nos hospitais da cidade. Com o passar do tempo, conseguiram que a comunidade 
juizforana aderisse à causa. Em outubro de 2000, a instituição conseguiu sede própria, sendo 
hoje reconhecida em todo o país pela seriedade e qualidade dos serviços prestados. 
A FRMJ, para expandir seus atendimentos e se tornar uma entidade sustentável, 
idealizou a Unidade II, o Centro Educacional Ricardo Moysés Júnior, inaugurado em abril de 
2005, construído em um terreno doado pelo Lions Clube, com doações feitas pelo Banco 
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e recursos da comunidade. Com 
projeto pedagógico baseado no referencial curricular nacional para a educação infantil, 
prepara seus alunos, através de ações educativas e pedagógicas, para uma cidadania 
consciente e ativa (FUNDAÇÃO RICARDO MOÝSES JÚNIOR). A FRMJ possui 60 leitos, 30 
destinados aos assistidos e 30 para os acompanhantes, e também três apartamentos para 
transplantados. 
 
Figura 14 – Casa de Apoio Ricardo Moyses Junior 
 Fonte: https://www.zinecultural.com/blog/aniversario-ricardo-moyses-jr-20-
anos 
19 
 
 
 
 
 
 
A taxa de ocupação da casa fica em torno de 70%, já que cerca de 40% dos pacientes 
residem em Juiz de Fora. Os hóspedes em estadia,que devem ter entre 0 e 21 anos, e seus 
acompanhantes têm direito a quatro refeições diárias: café da manhã, almoço, lanche e jantar. 
Os serviços são garantidos por contribuições mensais, pela renda líquida do Centro 
Educacional, por episódios como o McDiaFeliz, e eventos diversos: festa junina, bazar da 
solidariedade, brechó, e show de prêmios, entre outros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.4.3. Casa de Apoio São Francisco de Assis 
A Casa de Apoio São Francisco de Assis (figura 15) atrela-se à história da Fundação 
Cristiano Varella (FCV) – Hospital do Câncer de Muriaé (HCM), em Minas Gerais. Após o 
falecimento de Cristiano Ferreira Varella, em 1994, seus pais, Lael Vieira Varella e Maria da 
Glória, decidiram construir algo que beneficiasse a população muriaeense e também 
eternizasse a memória de seu filho. 
Segundo o histórico da Fundação Cristiano Varella, em 1996, os Conselhos Consultivos 
formados por vinte sete membros aprovaram o primeiro Estatuto, elaborado pelo médico João 
de Souza Moreira. Neste mesmo ano, deu-se início à construção do Hospital do Câncer de 
Muriaé, em uma área de 55.523 m2 do espólio de Cristiano Varella, doada por seus pais. 
Em 1999, foram iniciadas as obras do Bloco II, que hoje é composto por três 
pavimentos. Em 2001, deu-se início as atividades do Ambulatório de Triagem e, em 2002, 
houve o credenciamento do ambulatório junto ao Sistema Único de Saúde (SUS). 
Figura 15– Festa Junina Casa de Apoio São Francisco de Assis 
 Fonte: https://www.zinecultural.com/blog/aniversario-ricardo-moyses-jr-20-
anos 
20 
 
 
 
 
 
De acordo com instituição, no ano de 2005, a Casa de Apoio São Francisco de Assis foi 
idealizada pela diretoria da instituição, após constatar que muitos pacientes abandonavam o 
tratamento por não terem condições de arcar com os custos de hospedagem na cidade, ou por 
não suportarem longas viagens. Para este fim, a instituição criou um departamento de 
telemarketing para arrecadar doações em toda a região. 
Para que um paciente possa se hospedar na Casa de Apoio da FCV é necessário estar 
em tratamento de radioterapia ou quimioterapia no HCM. Tem capacidade para acolher 138 
pacientes e, caso seja necessário permanecer com acompanhante, disponibiliza poltronas 
reclináveis para os mesmos se acomodarem. A hospedagem oferece cinco refeições diárias, 
estadia e condições adequadas de higiene e saúde. Hoje, é mantida por doações angariadas 
pelo setor de telemarketing da FCV e de outros como comércio local, pacientes e familiares. 
A Casa (figura 16), arejada, possui 35 quartos com quatro leitos hospitalares cada, 
banheiros, cozinha, refeitório, dispensa, posto de enfermagem, sala de jogos, espaço de 
leitura, sala do voluntariado, área de serviço, rouparia, sala da assistente social, e uma ampla 
área com árvores frutíferas e um lago. A instituição conta com o apoio de uma equipe bem 
treinada, composta por 10 colaboradores, sendo três na higienização e limpeza, quatro 
técnicos de enfermagem, duas cozinheiras e uma assistente social/coordenadora e outros 
profissionais que compõem a equipe multidisciplinar (enfermeiro, farmacêutico, fonoaudiólogo, 
médico, nutricionista, psicólogo). 
CAPÍTULO 2 – CONCEITO TEÓRICO DO TEMA 
2.1. A importância de casa de apoio na busca da cura 
O capitulo a seguir questiona e exemplifica a importâncias das casas de apoio na busca 
da cura da doença. Foi reunido exemples de casas para que a compreensão do tema 
abordado seja mais fácil e dinâmica de ser compreendida. 
2.1.1. Hospital do Câncer Aldenora Bello 
As casas de apoio são casas que abrigam pacientes carentes, provenientes do interior 
do estado em tratamento de câncer (figura 17). Localizadas nas imediações do Hospital do 
Câncer Aldenora Bello (HCAB) mantido pela Fundação Antonio Dino (FAD), o que facilita o 
atendimento e a continuidade do tratamento. 
Além da acolhida eles também recebem alimentação, transporte, medicamentos, 
roupas, brinquedos, cestas básicas e toda uma ajuda psicológica, pedagógica, espiritual e 
várias atividades desempenhadas por profissionais e voluntários incansáveis. 
A Casa não dispõe de recursos públicos, é sustentada pela comunidade através de 
doações, projetos e campanhas. Na Instituição temos a Casa de Apoio Erosilda Mota, que 
Hospeda senhoras carentes, a maioria com câncer de colo uterino, em tratamento ambulatorial 
no HCAB, procedentes do interior do estado. Além do apoio material (medicamentos, 
passagens e exames) recebem suporte espiritual e participam de atividades socioculturais. 
Figura 17 – Hospital do Cancer 
 Fonte: https://www.zinecultural.com/blog/aniversario-ricardo-moyses-jr-20-
anos 
Figura 16 – Casa de Apoio São Francisco de Assis 
 Fonte: https://www.zinecultural.com/blog/aniversario-ricardo-moyses-jr-20-
anos 
21 
 
 
 
 
 
E a Casa de apoio Criança Feliz, criada para atender crianças e adolescentes com 
câncer vindas do interior do estado. Recebem apoio de voluntários e profissionais 
especializados e participam de vários programas e atividades educativas. Porém, a Fundação 
pretende construir uma nova Casa de Apoio Criança Feliz, este é o objetivo da campanha 
McDia Feliz de 2013, que é coordenado nacionalmente pelo Instituto Ronald McDonald e que, 
no Maranhão, é realizado pela Fundação Antônio Dino. 
2.1.2. AACD – Associação de Apoio a Criança com Câncer 
O papel do Hospital (figura 18) é fornecer junto a toda rede o tratamento oncológico ao 
paciente, sendo, internações, sessões de QT (quimioterapia), de RT (radioterapia), cirurgias, 
entre outros tipos de terapia. Na maioria das vezes o paciente chega ao serviço hospitalar via 
encaminhamentos de PSF (Programa Saúde da Família), comissões de oncologia. 
Ressaltando que devido à demora nestes encaminhamentos e a falta de política de saúde 
pública eficaz, os casos chegam aos serviços já mais avançados. 
Outro ponto de relevância que vale ressaltar, é que os centros oncológicos 
normalmente estão localizados nas grandes capitais, sendo São Paulo um dos principais 
centros de tratamento Oncopediatrico. Os pacientes provenientes de outras regiões, em 
tempos passados, procuravam estes centros de tratamento em São Paulo, porém, não 
conseguiam se manter, não tendo condições financeiras para custear alojamento, alimentação 
entre outras necessidades, em consequência disso, acabavam abandonando o tratamento. 
As casas de apoio surgiram a partir dessa necessidade, possibilitando e viabilizando 
que estes pacientes possam realizar os tratamentos de maneira eficaz, contando com todo 
apoio que a estrutura da casa possa oferecer. 
A Associação de Apoio à Criança com Câncer é uma casa de apoio para crianças e 
adolescentes (0 a 21 anos) que são encaminhados para tratamento oncológico em São Paulo. 
A AACC tem por objetivo fornecer o suporte necessário para que estes pacientes possam 
realizar o tratamento nos hospitais de referência ao quais são encaminhados. Todo paciente 
vem com um acompanhante responsável, que na grande maioria dos casos é a mãe, mas 
pode também ser um pai ou avó, desde que seja o responsável legal. 
O apoio psicológico oferecido pela AACC visa proporcionar a intervenção psicológica 
para a criança com câncer e seus familiares na Casa de Apoio da AACC, para oferecer um 
espaço para que sejam acolhidos desde sua chegada e durante o período de permanência na 
instituição. 
Muitas vezes o câncer está relacionado com dor e sofrimento, além de ser reconhecido 
como uma doença potencialmente terminal. Por isso, ao receber o diagnóstico de câncer, há a 
necessidade de reorganização de todo o sistema familiar de modo a adaptar à condição de 
perda iminente, prestação de cuidados e mudanças impostas pela realidade do tratamento do 
câncer. Por vezes ocorre a mudança de cidade e consequente distanciamento da família, 
amigos, havendo a interrupção de planos futuros, mudanças físicas e psíquicas, mudançano 
papel social e do estilo de vida. O trabalho desenvolvido pela a AACC considera todos estes 
aspectos. 
Figura 19 – Feira de arrecadação da AACD 
 Fonte: https://www.zinecultural.com/blog/aniversario-ricardo-moyses-jr-20-anos 
Figura 18 – AACD Fonte: https://www.aacd.com/ 
22 
 
 
 
 
 
2.2. Psicologia Ambiental 
A psicologia ambiental surgiu na década de 70, tendo como objetivo estudar a relação 
do ser humano e do ambiente que ele habita ou frequenta, mesmo com uma abrangência 
interdisciplinar, é na arquitetura e na projeção de meios físicos que a percepção das pessoas é 
aguçada. Entende-se que um ambiente construído transmite sensações para o ser presente, 
como a identidade, segurança e o afeto ao lugar e também emoções negativas, como a fadiga 
e o estresse. Vários fatores podem contribuir com o estresse ambiental de um individuo como 
o clima do local, as cores das paredes e seu design, o excesso de informação, entre outros. 
O planejamento humanista serve para que não ocorram fatores geradores de estresse 
em um projeto, incrementando qualidade de vida na relação dos lugares e seu entorno, não só 
pela estética e sim por aquilo que aquele lugar pode agregar fazendo as pessoas que 
frequentam se sentirem melhor. 
Segundo Kevin Lynch, em seu livro A Imagem da Cidade, um conjunto de elementos 
transmite uma imagem ao individuo, tendo um significado diferente para cada observador. 
[...] Qualidade de um objeto físico que lhe dá uma alta probabilidade de 
evocar uma imagem forte em qualquer observador. Refere-se à forma, cor 
ou arranjo que facilitam a formação de imagens mentais do ambiente 
fortemente identificadas, poderosamente estruturadas e altamente úteis. 
(LYNCH em 1960, pág. 9) 
Diante disso, conclui-se que a arquitetura tem uma importância significativa na relação 
do ambiente físico e do comportamento humano, além de criar-se espaços edificados, 
tecnológicos e com alto poder de transformação, de acordo a percepção de cada ser, um 
projeto arquitetônico pode contribuir com a melhoria do estado psicológico do individuo e/ou 
coletivo, promovendo bem-estar, calmaria, segurança e felicidade. Fatores que tem uma 
importância significativa na busca da cura do câncer. 
Corral-Verdugo (2005) descreveu o objetivo da Psicologia Ambiental como “a 
mútua influência de fatores ambientais e comportamentais no enfoque de problemas 
específicos e de suas soluções”. Durante a vida, o ser humano cria uma identidade 
ambiental própria devido ao acúmulo de experiências e marcas deixadas por ela. 
Assim como as pessoas, os ambientes também deixam marcas, influenciam e criam 
nossa identidade. Entender as dimensões sociais e culturais dos indivíduos que 
usufruirão do espaço criado exerce grande influência nos futuros resultados de um 
projeto. 
 
Em seu artigo (Arquitetura, urbanismo e psicologia ambiental: uma reflexão 
sobre dilemas e possibilidades da atuação integrada) para a Faculdade de Arquitetura 
e Urbanismo da USP, a Arquiteta e Urbanista Sheilla Walbe Ornstein redige sobre as 
relações metodológicas e científicas estreitas entre a psicologia ambiental e a 
arquitetura e o design, citando que: 
 
Existem também relações estreitas evidentes com a Arquitetura e Urbanismo e o 
design - especialmente nas etapas profissionais do processo de produção do ambiente 
construído voltadas ao planejamento, à programação de necessidades e à formulação 
de alternativas de estudos preliminares e de ante-projetos, etapas em que o homem - 
usuário é o centro do ambiente “em fase de concepção” ou seja, um dos focos do 
problema a ser resolvido, enquanto necessidades e níveis de satisfação a serem 
atendidas. (ORNSTEIN, 2005, p. 158) 
 
 
Na psicologia ambiental para que exista plena funcionalidade dos seus preceitos 
de abordagem, o nível pessoal, o nível arquitetônico e o nível urbano-regional de 
abordagem devem trabalhar em conjunto, sem sobreposições e em harmonia. Idealizar 
uma construção no setor de saúde que transcenda a ideia de se estar numa área 
geometricamente pensada para abrigar os enfermos, idealizando um lugar que vá além 
dos sentidos físicos e seja reconhecido pelos valores atribuídos a vivência e 
pertencimento do paciente, é máxima tentativa de se fundir psicologia ambiental e 
arquitetura. 
 
Segundo Canter (1975) “[...] nós moldamos o nosso próprio ambiente, e depois 
disso esse ambiente molda nosso comportamento”. Dessa forma, o paciente com 
câncer de mama e suas várias sensações e percepções conseguirão impor no 
ambiente hospitalar algumas sensações e emoções próprias que refletirão diretamente 
no espaço físico a sua volta, possibilitando o tratamento se configurar mais leve e 
23 
 
 
 
 
 
espontâneo. 
Idealizar a probabilidade de se colocar em prática a essência da psicologia 
ambiental num ambiente construído é trazer para a arquitetura a possibilidade de se 
configurar um instrumento de cura. 
 
Referência no cenário da arquitetura hospitalar nacional e mundial, o arquiteto 
brasileiro João Filgueiras Lima, mais conhecido como “Lelé”, se destacava por 
conseguir implantar em seus projetos da área da saúde conceitos inovadores e 
humanistas, os quais se fundamentavam na relação estreita que a arquitetura possui 
com a psicologia ambiental. 
Em entrevista concedida à PINIweb, em 27 de Outubro de 2008, Lelé afirmou que 
 
 
“[...]não há arquitetura desvinculada de questões ambientais, e que, 
com a experiência adquirida em seus projetos hospitalares, humanizar 
esses ambientes se torna um aliado indispensável pra se obter uma 
arquitetura digna e funcional”. (FRANK, 2008) 
 
A Rede Sarah Kubitscheck de Hospitais de Reabilitação, conjunto de projetos 
destaques do arquiteto, através dos conceitos arquitetônicos utilizados por ele em suas 
obras, conseguiu implantar no cenário brasileiro de saúde os princípios básicos do 
cuidado humanizado ao paciente em reabilitação. 
 
Os conceitos da psicologia ambiental aplicados por Lelé em sua arquitetura se 
refletiam, concretamente, nos partidos arquitetônicos dos seus projetos: Iluminação 
natural; ventilação natural; inserção do elemento água, vegetação e luz solar na 
vivência hospitalar do paciente e questões de pertencimento e aconchego ao utilizar de 
cores e painéis lúdicos nos corredores e ambientes de permanência. 
 
 
 
 
 
2.3. A Relevância da Humanização nesse Ambiente 
Durante a Idade Média os edifícios hospitalares (figura 20) nada mais eram que 
espaços insalubres com iluminação e ventilação precárias, destinados ao depósito de 
pacientes que esperavam pela morte. A expectativa de vida era baixíssima nesses ambientes, 
denominados Salle de Mourir (COSTI, 2002). Segundo Miquelin (2002), os hospitais dessa 
época estavam mais ligados à ideia de morte e possuíam como única finalidade o confinante 
dos enfermos a fim de proteger os que estavam fora desses edifícios. Diante dessa tradição, 
os espaços hospitalares não possuíam um cuidado em seus projetos visando o bem-estar e a 
cura dos pacientes. 
Segundo LUKIANTCHUKI (2010) os edifícios que abrigavam os hospitais reproduziam a 
mesma arquitetura pesada das catedrais, com paredes largas que mais se assemelhavam à 
fortificações e prisões do que edifícios de saúde. Durante esse período acreditava-se que o ar 
era transmissor de miasmas e altamente contaminante, por conta disso, as janelas possuíam 
pequenas dimensões, deixando o ambiente escuro e amedrontador. 
 
 
 
Figura 20 – Ilustração Hospitalar da idade Média 
 Fonte: Miquelin 2002 
24 
 
 
 
 
 
O espaço reduzido das alas para abrigar os enfermos acarretava que duas ou mais 
pessoas internadas precisavam compartilhar o mesmo leito. A fim de dar maior privacidade, 
eram colocadas pesadas cortinas entre os leitos o que acabava piorando as condições de 
higiene, propiciando focos de infecções além de prejudicarem a entrada de luz e ventilação 
naturais. Para piorar, o aquecimento dosquartos era feito por meio de fornos a carvão e 
lareira, prejudicando a qualidade do ar circundante (MACEACHERN, 1951). 
No final do século XVIII denominado „‟ século das luzes‟‟ e da Revolução Industrial, 
instaura-se um descontentamento com o modelo de hospital vigente até aquele momento. 
Com condições insalubres esses locais em nada contribuíam para a recuperação dos 
pacientes, a partir disso passa-se a defender a reformulação desse. É nesse momento que a 
arquitetura passa a ser fundamental para a elaboração de um ambiente hospitalar adequado à 
reabilitação do paciente de maneira digna. Será no século XIX que essa efervescência vai 
culminar na melhoria das condições sanitárias aonde o hospital passa a ser um instrumento de 
cura. „‟O hospital como instrumento terapêutico é uma intervenção relativamente nova, que 
data do final do século XVIII. A consciência de que o hospital pode e deve ser um instrumento 
destinado a curar aparece claramente em torno de 1780 e é assinalada por uma nova prática: 
a visita e a observação sistemática e comparada dos hospitais.‟‟ (Foucault, 1989 apud 
Lukiantchuki, 2010, p. 50). 
 
No XIX que se passa a ter uma preocupação mais efetiva em relação à salubridade e o 
conforto ambiental. Na Inglaterra, Florence Nightingale cria a enfermaria Nightingale onde ela 
ampliou o espaço entre os leitos e projetou amplas janelas que além de proporcionarem 
ventilação cruzada e entrada de iluminação natural, ainda arejavam e higienizavam o 
ambiente. „‟Embora pareça estranho, é importante estabelecer que a primeira condição para o 
funcionamento de um hospital é que ele não cause nenhum mal ao paciente‟‟ (Nightingale 
apud Santos, 2004, p.60) 
A partir disso, desmistificasse o conhecimento anterior de que permitir a passagem de 
ventilação natural, por meio de aberturas, para dentro das enfermarias contaminaria o 
ambiente, estudos realizados na época provavam justamente o contrário: a falta do vento para 
higienizar os espaços e promover uma renovação continua de ar é que causa as infecções 
hospitalares e transmite doenças. Eram os primeiros passos dados rumo à humanização. „‟O 
conhecimento anterior de que o ar era contaminante e veiculador de doenças foi modificado 
através dos estudos de Florence e das descobertas de Pasteur. O calor antes indesejado, 
reduzia a umidade dos ambientes controlando a proliferação de microrganismos, e o uso de 
luz natural se tornava importante também por transmitir ao paciente a noção de tempo e a 
integração com a natureza.‟‟ (LUKIANTCHUKI, 2010, p.51). 
Todavia, somente quando o a doença passa a ser tratada para além do corpo biológico 
levando em consideração aspectos sociais, econômicos, culturais e psicológicos que ocorre a 
quebra do modelo hospitalar vigente e surge uma efetiva discussão para reformular esse, a fim 
de garantir o direito universal à saúde e o desenvolvimento da medicina preventiva. Os 
pacientes passam a exigir conforto, limpeza e segurança, e é nesse contexto que o hospital 
passa a ser um local privilegiado para a prática médica e a humanização passa a ser parte 
fundamental desse. Se antes iluminação e ventilação natural eram consideradas dispensáveis, 
para o hospital humanizado elas são fundamentais. Os hospitais passam a ser lugares onde a 
vida pode não somente ser salva, mas ter sua qualidade melhorada (MIQUELIN, 1992). 
No modelo do hospital humanizado esse torna-se uma máquina de curar centrada na 
promoção da saúde, focada na autonomia e qualidade de vida do paciente (SANTOS et al., 
2004). No entanto, por tratar-se de um edifício de alta complexidade percebe-se que a parte 
que cerne o conforto ambiental é ignorada na concepção do projeto. O que se observa é o uso 
massivo de sistemas mecânicos, o que acarreta na total despreocupação com a humanização 
e um aumento no consumo de energia elétrica. 
Porém, alguns arquitetos destacam-se como exceções no que tange a preocupação 
com a humanização dos espaços e a valorização dos pacientes na arquitetura hospitalar. 
Figura 21 – Ilustração Hospitalar da idade Média Fonte: Miquelin 2002 
25 
 
 
 
 
 
Dentro deles podemos citar o arquiteto João Filgueiras Lima, Lelé, que considera o hospital 
uma instituição de caráter abrangente envolvida com aspectos sociais, econômicos, culturais e 
que projeta hospitais feitos para curar. Nos hospitais da Rede Sarah a integração entre as 
práticas e os espaços devolvem ao edifício a capacidade de contribuir para o processo de cura 
(LUKIANTCHUKI, 2010). Atualmente a humanização se aplica de diversas formas. As mais 
recorrentes poderiam ser citadas: 1) o hotel – analogia muito frequente na arquitetura 
hospitalar americana contemporânea -; 2) a relação com a natureza; 3) a integração com 
obras de artes; 4) o lar e possibilidade de intimidade e, por último, 5) a figura do espaço 
urbano e do convívio social – geralmente associada às experimentações da arquitetura 
hospitalar francesa contemporânea (LUKIANTCHUKI, SOUZA, 2010). 
Segundo a analogia hospital/hotel o paciente deve ser tratado da mesma maneira que 
um cliente de hotel, o que resultaria em um maior bem-estar ao usuário, visando diminuir sua 
estadia nesse ambiente. Essa preocupação com o conforto na internação se dá pelo fato 
dessa ser de longa permanência, o que exige um tratamento especial ao paciente. Segundo 
Miquelin, “A meta é multiplicar exemplos de excelência para que possamos, daqui a pouco, 
entrar em um hotel bem planejado e ouvir alguém dizer que parece um hospital” (MIQUELIN, 
1997, p. 104). 
No que cerne a relação com a natureza e também, a integração com obras de arte 
temos a arquitetura hospitalar de João Filgueiras Lima como exemplo pois, observa-se nas 
obras da Rede Sarah o conjunto de grandes espaços coletivos somados à jardins, 
aproveitamento de iluminação/ventilação natural e uso obras de arte, aspectos esses que 
trabalham em conjunto com Athos Bulcão a fim de contribuir para a cura dos pacientes. Já o 
conceito de lar e intimidade é de suma importância devido ao impacto que a estadia hospitalar 
causa no paciente. 
A ideia é aproximar o hospital do paciente tornando-o o mais semelhante possível à 
moradia, através da aproximação dos usuários com objetos, pessoas e espaços. Isso pode ser 
notado no Centro de reabilitação infantil do Sarah do Rio de Janeiro, onde os 
desenhos/pinturas realizados pelos pacientes são expostos, na tentativa de deixar o ambiente 
mais familiar e com um aspecto mais intimista. 
Por fim, outro conceito para humanização dos espaços hospitalares é a inserção desse 
no espaço urbano. A ideia baseia-se em trazer a sociedade para dentro dos hospitais a fim de 
quebrar a barreira que os separam. Na França, Robert Riboulet abre o hospital para a cidade 
através de uma galeria pública que cruza o hospital até chegar à terraços-jardins, dessa 
maneira o paciente interage socialmente com indivíduos que estão fora do hospital, e ainda se 
insere a instituição hospitalar de maneira mais efetiva no espaço urbano. 
2.4. ONGs 
A partir da década de 1990, assistimos a uma expansão das chamadas organizações 
não governamentais - ONGs. É expressiva a relevância que as ONGs exercem no mundo 
(FALCONER; FISCHER, 1998; LANDIM, 2002). Como diz Rifkin (1995), o setor empregava à 
época 9% da mão-de-obra e originava 7% do PIB nos Estados Unidos. No Reino Unido eram 
mais de 350 mil organizações voluntárias, produzindo receita de 17 bilhões de libras 
esterlinas, correspondendo a 4% do PIB inglês. 
De modo geral, as ONGs podem se definidas como um grupo de pessoas que se 
organizam, formal e autonomamente, para executar ações no campo das políticas públicas, ou 
seja, para buscarem resposta a problemas da sociedade nas mais diversas áreas: 
educacional, política, econômica, cultural, de saúde etc., e pelo legítimo exercício de pressões 
políticas em proveito de populações excluídas das condições da cidadania, sem objetivo

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