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Processo 8º semestre

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Prévia do material em texto

– PROCESSO PENAL – Prof.Carlos Paschoalik Antunes - Curso de Processo Penal 
 1 
 ÍNDICE 
Juizados especiais.......................................................................................................................................02 
Organização do Júri..................................................................................................................................37 
Primeira fase do Júri.................................................................................................................................59 
Segunda fase do Júri................................................................................................................................101 
Nulidades..................................................................................................................................................140 
Teoria Geral dos Recursos......................................................................................................................167 
Recursos em sentido estrito.....................................................................................................................215 
Apelação....................................................................................................................................................223 
Embargos infringentes e de nulidade.....................................................................................................234 
Embargos de declaração..........................................................................................................................239 
Agravo em execução................................................................................................................................241 
Revisão criminal.......................................................................................................................................242 
Habeas Corpus.........................................................................................................................................259 
Mandado de Segurança...........................................................................................................................274 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 – PROCESSO PENAL – Prof.Carlos Paschoalik Antunes - Curso de Processo Penal 
 2 
LEI DOS JUIZADOS ESPECIAIS 
Introdução: você precisa ter em mente os princípios adotados pela Lei 9.099, já que em torno 
deles giram todos os institutos dos Juizados Especiais. Portanto, toda vez que você estiver na 
dúvida sobre alguma questão, lembre-se que a resposta pode ser encontrada com base nos 
princípios da: CELERIDADE, OBJETIVIDADE, ECONOMIA PROCESSUAL E 
INFORMALIDADE. 
COMPETÊNCIA TERRITORIAL NO ÂMBITO DO JUIZADO 
Art. 63 - A competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi praticada a 
infração penal. 
Comentários: Cuidado com o teor do art. 63, da Lei dos Juizados. Você tem que ficar muito 
atento a esse dispositivo por conta de prova objetiva. Sobre a competência territorial você tem 
que lembrar que a regra, sempre, é usarmos o CPP. E o CPP, em seu art. 70, nos diz que a 
competência territorial é determinada pelo local da consumação da infração penal. Até aí 
tranqüilo. O problema é quando nós saímos na regra e vamos olhar algumas exceções, dentre 
elas, a Lei dos Juizados, trazendo o art. 63, isso porque esse dispositivo ao falar do local da 
infração, ao invés de silenciar sobre o assunto, usa a expressão “lugar em que foi praticada a 
infração penal.” Para a prova objetiva, tenha sempre em mente aquilo que diz a lei. Agora, 
o grande problema é você entender o que significa “praticada a infração penal”. O 
legislador elabora a lei e deixa o problema nas mãos da doutrina para resolver. O que significa 
essa palavra “praticada”? 
 1ª Corrente: Alguns doutrinadores vão dizer que a Lei dos Juizados adota o local da 
conduta. Por “praticada” você deve entender o local da conduta, ou seja, onde o agente 
desenvolveu sua ação ou omissão. 
 2ª Corrente: Vai dizer que “praticada” seria o local da consumação. 
 3ª Corrente: Que é a que parece prevalecer na jurisprudência, e é a que você deve 
observar para provas, fala em uma teoria mista. Você poderia colocar as duas, tanto o local 
da ação/omissão, como também o local da consumação. Então, no âmbito da jurisprudência, 
prevalece essa terceira corrente, mista ou da ubiqüidade, vai dar preferência ao critério misto, 
inclusive em atenção aos princípios da Lei 9.099: celeridade, economia processual, 
informalidade. Por isso, para não termos maiores problemas, tanto o local da conduta, quanto o 
do resultado serão capazes de determinar a competência territorial. Agora vamos ingressar na lei 
propriamente dita. 
 – PROCESSO PENAL – Prof.Carlos Paschoalik Antunes - Curso de Processo Penal 
 3 
TERMO CIRCUNSTANCIADO DE OCORRÊNCIA 
Comentários: o termo circunstanciado é uma das primeiras novidades trazidas pela Lei dos 
Juizados. Esse termo circunstanciado, também conhecido como TC ou TCO está previsto no art. 
69, da Lei dos Juizados. Entenda, no âmbito dos juizados não precisamos de um inquérito 
policial. Pelo próprio critério de informalidade que vai nortear os juizados, de celeridade 
economia processual, não precisamos de um inquérito policial no âmbito dos juizados. Essa 
é a importância do termo circunstanciado. Ou seja, ao invés de instaurarmos um inquérito 
policial, vamos só lavrar um termo circunstanciado. “O termo circunstanciado funciona 
basicamente como um relatório sumário, contendo a identificação das partes envolvidas, a 
menção ao delito praticado e demais provas ou elementos de informação que tenham sido 
apurados.” Grosso modo, termo circunstanciado é igualzinho a um boletim de ocorrência. É 
outro nome para aquilo que é a mesma coisa. Então, quer dizer, buscando uma ideia de 
informalidade, ao invés de instaurar o IPL, você vai lá e lavra um termo circunstanciado, com o 
nome das pessoas envolvidas, infração penal praticada, a versão dada por cada um dos 
envolvidos, obviamente, elementos de convicção, de informação já colhidos ali naquele 
momento inicial e demais provas. Então, esse é o termo circunstanciado 
Caiu em prova: posso ter um inquérito instaurado para apurar uma infração de menor potencial 
ofensivo? Em outra oportunidade, nós vimos causas modificativas da competência. Vimos 
aquelas hipóteses em que uma infração de menor potencial ofensivo sai do âmbito dos juizados e 
vai para o juízo comum. Falamos da impossibilidade de citação por edital, falamos da 
complexidade da causa e esse talvez seja o melhor exemplo. Num caso de complexidade da 
causa, se você raciocina que ela já justifica o deslocamento da competência do juizado para o 
juízo comum, é óbvio que, nesse caso, nada impede a instauração de um inquérito policial. 
Vamos dar uma lida no art. 69: 
Art. 69 - A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo 
circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor de fato e a 
vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários. 
Parágrafo único - Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente 
encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá 
prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz 
poderá determinar, como medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local 
de convivência com a vítima. 
Caiu em prova: um examinador, numa prova para delegado de polícia, perguntou o seguinte: 
“quem lavra o termo circunstanciado?” aí é que está o problema porque a lei vai dizer, no art. 69, 
que quem lavra o termo circunstanciado é a autoridade policial. E aí eu pergunto: qual autoridade 
 – PROCESSO PENAL – Prof.Carlos Paschoalik Antunes - Curso de Processo Penal 
 4 
policial? De polícia civil? Ou a autoridade de polícia militar pode fazê-lo?Sobre esse assunto, 
dúvida não há quanto à legitimidade da polícia civil que, tranquilamente, ou a polícia federal, 
que são aquelas polícias que exercem as funções investigativas, podem lavrar o TC. O grande 
problema é o seguinte: e a polícia militar? Será que um soldado, um cabo, um sargento da PM, 
um tenente podem lavrar um termo circunstanciado? “Atentem para o Provimento 758/2001 do 
Conselho Superior da Magistratura do Estado de SP. De acordo com esse provimento, a PM 
também estaria autorizada a lavrar o TC.” Para os demais Estados, vale a pena pesquisar sobre 
o assunto, mas você pode usar esse provimento a título de exemplo. Aí vem o problema: até que 
ponto, então, esse provimento 758 seria ou não compatível com a Constituição? É um desses 
pontos espinhosos para a prova. Você tem que tomar cuidado e ter um pouco de maldade. Prova 
para delegado da polícia civil, você tem que tentar preservar as prerrogativas, funções e 
atribuições da sua carreira e muitos integrantes da polícia civil visualizam que ao 
compartilharmos a lavratura do TC com a PM, uma atribuição sua estaria sendo esvaziada. 
Então, se você for fazer prova pra a polícia civil, eu acho que o examinador gostaria de ouvir de 
você a seguinte resposta à pergunta sobre quem lavra o TC: a lei diz que é autoridade policial, 
há inclusive um provimento que diz que no Estado de SP, até mesmo a PM poderia lavrar, mas 
convenhamos, a lavratura de um termo circunstanciado está ligada a uma atribuição que não 
pertence à polícia militar à qual incumbe a atribuição de polícia ostensiva, preventiva e não, 
nesse caso, já que a lavratura está muito ligada às funções investigatórias. “A lavratura do TC 
está ligada às atribuições de polícia investigativa, portanto, a polícia militar, como tem 
atribuições meramente preventivas, ostensivas, não poderia lavrar um termo 
circunstanciado.” 
Observação: para os demais concursos, o que vale a pena você dizer é que se você pensa que o 
TC somente pode ser lavrado por autoridade de polícia civil, você fulmina a própria lei, cujo 
objetivo foi o de tirar esses crimes de menor potencial ofensivo do âmbito de delegacias. 
Portanto, se você defender que um termo circunstanciado tenha que ser lavrado numa delegacia 
você fere o bom-senso e o raciocínio lógico. E por quê? Porque o próximo ponto que eu vou ver 
com vocês é que esse próprio art. 69 diz assim: não se imporá prisão em flagrante. A própria lei, 
ao falar do termo circunstanciado diz que não se imporá prisão em flagrante. Agora, eu pergunto: 
porque a lei passou a prever que não se imporá prisão em flagrante? Qual foi o objetivo prático e 
imediato isso? Foi o esvaziamento das delegacias com relação a isso. O raciocínio do legislador 
foi: não tem como a gente, diante de delegacias lotadas, e necessitando o delegado de investigar 
crimes mais graves, colocá-lo para ficar lavrando auto de prisão em flagrante. Por isso a lei diz 
que não se imporá prisão em flagrante. Se você começar a exigir que o termo circunstanciado 
seja lavrado numa delegacia de polícia, você está acumulando uma quantidade de trabalho, 
 – PROCESSO PENAL – Prof.Carlos Paschoalik Antunes - Curso de Processo Penal 
 5 
talvez, desnecessária. Então, o melhor, talvez, para os demais concursos, seja você dizer:“Por 
autoridade policial, compreende-se todos os órgãos encarregados da segurança pública 
previstos no art. 144, da Constituição Federal.”Essa, sem dúvida alguma, é a melhor 
interpretação, por mais que não agrade nossos colegas da polícia civil, é algo que vai ao encontro 
dos objetivos da Lei dos Juizados: objetividade, informalidade, celeridade, economia processual. 
A partir do momento que você exige que esse TC seja lavrado sempre em delegacia de polícia, 
vai gerar uma lentidão, um acúmulo de atribuições que poderiam ser repartidas com outros 
órgãos de segurança pública. 
Observação: sobre o assunto: ADI 2862 (STF). Essa ADI, obviamente, foi ajuizada buscando 
que esse provimento 758 do Conselho Superior da Magistratura de SP fosse declarado 
inconstitucional pelo Supremo. Ele foi impugnado pelo Partido Liberal, influenciado pela 
Associação dos Delegados de Polícia. O Supremo decidiu que o provimento não seria lei e, 
portanto, não conheceu da ADI. Esse provimento, na verdade, estaria tão-somente interpretando 
um artigo de lei e você não poderia impugná-lo via ADI. Quer dizer, no final, a questão ainda 
ficou pairando porque o Supremo não apreciou o mérito dessa ADI. 
Encaminhamento imediato: para concluir esse assunto, tem-se que o art. 69, § único fala em 
encaminhamento imediato. A gente bem sabe que em algumas cidades, em alguns estados, você 
tem esse encaminhamento imediato aos juizados no caso de jogos de futebol, em que o juizado 
funciona no próprio estádio de futebol e ai, aquelas ocorrências de menor potencial ofensivo, já 
são levadas ao plantonista de imediato. Em outras cidades, há casos de acidentes de trânsito em 
que as pessoas são imediatamente encaminhadas ao juizado. Mas, geralmente, a pessoa assume o 
compromisso de comparecer. 
Prisão em flagrante: diz ainda, o §único que “não se imporá a prisão em flagrante e nem se 
exigirá fiança.” Esse dispositivo, que fala do TC, vai trazer um dos primeiros e mais importantes 
benefícios da Lei dos Juizados que é exatamente esse aí: “não se imporá prisão em flagrante.” 
Vamos falar um pouco sobre isso. Quando a lei diz que não se imporá prisão em flagrante, é uma 
importante medida de descarcerização. Ou seja, o legislador atento à infração de menor potencial 
ofensivo e atento aos efeitos deletérios que um recolhimento, ainda que de curtíssima duração 
produz em uma pessoa, previu: “aquele que praticar infração de menor potencial ofensivo não 
vai preso”. É o que você entende por “não se imporá prisão em flagrante.” Então, ao invés de 
efetuarmos a prisão em flagrante, ela acaba sendo substituída pela lavratura do termo 
circunstanciado. 
Caiu em prova: Imagine aquele delegado que acabou de passar no concurso e está esperando a 
nomeação. Dá de cara com alguém embriagado e sofre um desacato: “você perdeu, a casa caiu, 
 – PROCESSO PENAL – Prof.Carlos Paschoalik Antunes - Curso de Processo Penal 
 6 
você está preso, por ter praticado esse crime de menor potencial ofensivo.” Ao que o corintiano 
responde: “você deve ser delegado recém aprovado porque, na minha opinião, quando você diz 
que eu estou preso em flagrante, você demonstra não ter conhecimento do art. 69, § único da Lei 
dos Juizados.” 
Parágrafo único - Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente 
encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se 
imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o 
juiz poderá determinar, como medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou 
local de convivência com a vítima. 
Quando a Lei dos Juizados fala que “não se imporá prisão em flagrante”, tome o cuidado de não 
achar que nada pode ser feito contra essa pessoa. É óbvio que pode. Na verdade, o que você tem 
que entender é o seguinte: imaginando uma pessoa praticando uma infração de menor potencial 
ofensivo, teoricamente, você tem que pensar nas fases da prisão em flagrante: 
 1. Captura do agente – você começa a prisão em flagrante com a captura do agente. 
 2. Condução coercitiva à delegacia – é o segundo momento. 
 3. Lavratura do APF (auto de prisão em flagrante). 
 4. Recolhimento à prisão. 
Observação: isso numa primeira fase, porque depois vamos comunicar ao juiz, à família ou 
pessoa por ele indicada e à defensoria pública também. Mas quando a Lei dos Juizados diz que 
não se imporá a prisão em flagrante, ela não diz que nada disso poderá ser feito. Ela diz o 
seguinte: posso efetuar a capturar, posso fazer a condução coercitiva. O que eu não vou fazer é 
lavrar o APF. Então, entenda bem comigo. Depois da condução coercitiva, vou lavrar umtermo circunstanciado. Posso levá-lo à delegacia da polícia civil ou a um posto da PM e lá, 
então, ao invés de lavrar um APF, vou lavrar um TC. Só que aí vem um problema porque 
a lavratura do TC, pela Lei dos Juizados, está sujeita a duas condições: ou você comparece 
imediatamente ao juizado ou você, pelo menos, assume o compromisso de a ele comparecer. 
Aí qual é o detalhe importante? É só você ler o art. 69, que ele vai dizer exatamente isso: 
Art. 69 - A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo 
circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor de fato e a 
vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários. 
Você percebe que a própria lei condiciona a não lavratura do auto de prisão em flagrante ao seu 
comparecimento imediato ou, a pelo menos à assunção do compromisso de comparecer ao 
juizado. E aí, qual é o problema? Por incrível que pareça tem quem não assine. O cara é levado à 
delegacia por desacato, é instado a assinar o termo circunstanciado para ser liberado e diz que 
 – PROCESSO PENAL – Prof.Carlos Paschoalik Antunes - Curso de Processo Penal 
 7 
não vai assinar nada e não vai assumir o compromisso de comparecer. E aí? Voltando ao 
exemplo do corintiano. Ele diz: “eu não vou assumir o compromisso de comparecer ao juizado.” 
E aí? Cuidado com isso porque se a pessoa não assume o compromisso ou se não 
comparece imediatamente, o que vai acontecer? Eu já não posso mais lavrar o TC, porque 
eu acabei de ver com vocês que a lavratura do TC está condicionada à assunção do 
compromisso. Se o cara não quer assumir o compromisso, para onde eu vou? Não tem 
jeito. Na prática, é diferente da teoria. Na prática, você, num caso desses, deixa o cara lá 
um tempo pensando sobre o assunto, porque o delegado não lavra um APF por conta de 
uma bobagem dessas. Você deixa o cara lá uma hora, ele escuta os gritos da carceragem, e 
reflete. Agora, tecnicamente, se ele não assume o compromisso de comparecer ao juizado, 
sinto muito, vou ser obrigado a lavrar o APF. Lavrado o APF, qual é o passo seguinte? É o 
recolhimento à prisão? Não. É aí que o aluno erra. Cuidado com isso. Por mais que a pessoa 
tenha se recusado a comparecer ao juizado, sou obrigado a lavrar o APF. Isso está tranqüilo. Só 
que, cuidado, porque, teoricamente, o passo subseqüente seria o recolhimento à prisão. Porém, 
chamo a atenção de vocês porque, no caso do desacato, fixa-se fiança. Esse é que é o detalhe 
ótimo para cair em prova da OAB. Portanto, não se esqueçam jamais da fiança 
AUDIÊNCIA PRELIMINAR OU FASE PRELIMINAR 
Art. 70 - Comparecendo o autor do fato e a vítima, e não sendo possível a realização 
imediata da audiência preliminar, será designada data próxima, da qual ambos sairão 
cientes. 
Art. 71 - Na falta do comparecimento de qualquer dos envolvidos, a Secretaria 
providenciará sua intimação e, se for o caso, a do responsável civil, na forma dos arts. 
67 e 68 desta Lei. 
Art. 72 - Na audiência preliminar, presente o representante do Ministério Público, o autor 
do fato e a vítima e, se possível o responsável civil, acompanhados por seus advogados, 
o Juiz esclarecerá sobre a possibilidade da composição dos danos e da aceitação 
da proposta de aplicação imediata de pena não privativa de liberdade. 
Comentários: o que você precisa entender a partir da leitura do art. 72? A Lei dos Juizados traz 
basicamente duas fases, uma fase preliminar, que antecede a fase judicial. E nessa fase 
preliminar, o que vamos buscar? Duas coisas. Nessa audiência ou fase preliminar, vamos buscar 
duas coisas, dois objetivos: 
• 1º Objetivo imediato: Composição dos danos civis 
• 2º Objetivo imediato: Transação penal 
 – PROCESSO PENAL – Prof.Carlos Paschoalik Antunes - Curso de Processo Penal 
 8 
Esses são os dois objetivos dessa fase preliminar. Importante que você enxergue que, se nós não 
atingirmos um desses dois objetivos, aí a gente segue. Se você consegue uma transação penal, 
esvaziou, menos um caso e aí você não precisa seguir para a fase judicial. Então, vamos falar 
primeiramente sobre a composição dos danos civis. 
COMPOSIÇÃO DOS DANOS CIVIS 
Art. 73 - A conciliação será conduzida pelo Juiz ou por conciliador sob sua orientação. 
Art. 74 - A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz 
mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil 
competente. 
Parágrafo único - Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal 
pública condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao 
direito de queixa ou representação. 
Comentários: a composição dos danos civis tem natureza jurídica de medida 
despenalizadora. Se o crime for de ação penal privada ou crime de ação penal pública 
condicionada à representação, uma vez feita essa composição dos danos civis, a 
conseqüência será a renúncia ao direito de queixa ou ao direito de representação. A 
composição dos danos civis, portanto, funcionará como uma causa extintiva da 
punibilidade. 
Cuidado: pergunta ótima para cair em prova objetiva: é possível a composição dos danos 
civis em crimes de ação penal pública incondicionada? À primeira vista, a tendência do 
aluno é dizer que não, mas cabe. A lei não veda isso, haja vista o que diz o art. 74. Na 
verdade, o que se tem que entender é que se o crime for de ação penal privada ou pública 
condicionada à representação, aí vale muito a pena ele fazer essa composição porque vai 
acarretar a renúncia ao direito. Mas isso não significa dizer que não seja viável essa 
composição dos danos civis em crime de ação penal pública incondicionada. Só que, 
atente: essa composição civil em crimes de ação penal pública incondicionada não 
extingue o processo, ele vai continuar com a possibilidade de análise de transação 
penal. É essa a idéia. Então, a primeira constatação importante: composição dos danos 
civis também é possível em crimes de ação penal pública incondicionada. 
PARTICIPAÇÃO DO MP NA COMPOSIÇÃO DOS DANOS CIVIS 
Comentários: essa composição dos danos civis, na verdade, é importante medida 
despenalizadora, mas que foi pensada naqueles crimes que produzem danos materiais ou até 
mesmo danos morais a uma vítima determinada. Não adianta você querer pensar em composição 
dos danos civis em um crime de perigo, que não vai produzir dano algum porque não haverá 
 – PROCESSO PENAL – Prof.Carlos Paschoalik Antunes - Curso de Processo Penal 
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parâmetro para aferição. Então, teoricamente, se isso serve para buscar a reparação de danos 
materiais ou morais a uma vítima determinada, seu primeiro raciocínio é buscar sempre uma 
vítima determinada. E aí vem o problema do MP. Será que ele intervém nessa fase?“Em regra, o 
MP não intervém nessa fase, salvo se o ofendido for incapaz, aí o MP entra 
obrigatoriamente.” 
Vítima pobre: alguns doutrinadores vão conciliar a participação do MP também com o art. 68, do 
CPP, que é aquele que fala que o MP pode intervir na ação civil ex delicto quando a vítima for 
pobre. “Quando a vítima for pobre e não houver defensoria pública na comarca, justifica-se a 
intervenção do MP com base no art. 68, do Código de Processo Penal.” E vai lembrar que 
alguns doutrinadores vão dizer também o seguinte: na medida em que o MP pode promover a 
ação civil ex delicto, em favor de vítima pobre, buscando a reparação patrimonial, por que não, 
também, autorizarmos a intervenção do MP essa composição dos danos civis, buscando esse 
interesse patrimonial em favor da vítima pobre? 
Título executivo: homologada a composição, vale como título executivo judicial a ser executado 
no próprio Juizado Especial Cível se o valor não ultrapassar, no caso do âmbito estadual, de 40 
salários-mínimos.” 
Art. 3º - O Juizado Especial Cível tem competência para conciliação, processo e 
julgamento das causas cíveis de menor complexidade, assim consideradas: I -as causas 
cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário mínimo; 
Sobre composição dos danos civis, esses eram os três pontos que interessavam: 
• Cabe em ação pública incondicionada 
• Intervenção do MP 
• Homologação e sua eficácia no juizado civil. 
Observação: e agora para concluir: a composição dos danos civis finaliza o caso ou não? Não 
necessariamente. Se o crime é de ação penal privada ou pública condicionada à representação, 
feita a composição, todo mundo vai embora para casa. Mas, aqui a gente vai ter que considerar 
que não foi feita a composição ou que foi feita em ação penal pública incondicionada. Esse é o 
nosso próximo passo: “Não ocorrendo a composição dos danos civis, o processo segue 
normalmente.” E esse seguimento vai estar no art. 75, da Lei dos Juizados: 
Art. 75 - Não obtida a composição dos danos civis, será dada imediatamente ao 
ofendido a oportunidade de exercer o direito de representação verbal, que será 
reduzida a termo. 
 – PROCESSO PENAL – Prof.Carlos Paschoalik Antunes - Curso de Processo Penal 
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Parágrafo único - O não oferecimento da representação na audiência preliminar não 
implica decadência do direito, que poderá ser exercido no prazo previsto em lei. 
Apesar de a lei falar apenas em não obtida a composição dos danos civis, você deve entender que 
é também nos casos da ação penal pública incondicionada. O melhor exemplo sobre o que diz o 
art. 75 é o caso de lesão corporal leve. Termo circunstanciado, a pena é de 03 meses a 01 ano, 
você vai para o Juizado. Se não houve acordo, a composição dos danos civis, você, como 
ofendido, tem a oportunidade de fazer valer o seu direito de representação, que será reduzida a 
termo. Se você não faz isso, não implica a decadência do direto de representação que poderá ser 
exercido no prazo previsto em lei. 
REPRESENTAÇÃO NOS JUIZADOS (Art. 75, da Lei 9.099/95) 
Observação: a primeira pergunta é a seguinte: a vítima comparece à audiência. Você apanhou em 
determinado local. Talvez você chame a polícia e o termo circunstanciado é lavrado. Você vai à 
audiência do juizado? A probabilidade de você comparecer é muito pequena porque a pessoa 
deixa isso para lá. Mas aí é que vem o problema porque a Lei dos Juizados está dizendo que a 
sua representação tem que ser feita lá dentro do Juizado, tanto é que usa a expressão “reduzida a 
termo no juizado”. Então, será que o não comparecimento da vítima significa renúncia, 
decadência, depois de 06 meses ao direito de representação? Vamos ver esse tema em seguida. 
Comentários: “para o art. 75, a representação deve ser feita em juízo. No entanto, a 
jurisprudência tem considerado válida a representação feita perante a autoridade policial 
quando da lavratura do TC.” Essa é um a primeira observação importante porque se você 
interpreta a ferro e fogo o que diz a Lei dos Juizados, você vai entender que a representação 
obrigatoriamente deveria ser feita nos juizados. Ora, em relação a ela, vige aquela idéia de 
informalidade. Eu não preciso de um papel escrito “representação”, mas deve ser encarada como 
qualquer ato que demonstre a sua intenção de que o autor seja processado. Pense num crime 
desse tipo que, convenhamos, mesmo que não haja nos autos um papel com o nome 
“representação”, o simples fato de uma mulher se submeter a um exame de corpo de delito em 
relação ao delito de estupro já nos diz que ela está representando contra o autor. Imagine o que 
significa para uma mulher ter que comparecer ao IML de madrugada para se submeter a um 
exame de corpo de delito depois de ter sido vítima de um crime de estupro. Essa é uma 
demonstração clara e inequívoca de que ela tem interesse na persecução penal. “Não sendo feita 
a representação, deve-se aguardar o decurso do prazo de 06 meses para que se possa falar em 
decadência.” Se você entender que a representação não foi feita perante a autoridade policial, 
que ela não tenha sido feita na audiência preliminar, não significa que já tenha se operado a 
 – PROCESSO PENAL – Prof.Carlos Paschoalik Antunes - Curso de Processo Penal 
 11 
renúncia. Nós esperamos o decurso do prazo de 06 meses e aí, então, vamos ter a decadência e aí 
estará extinta a punibilidade. 
Caiu em prova: quais as conseqüências da ausência do ofendido à audiência preliminar nos 
crimes de ação penal pública condicionada (num caso de lesão corporal leve, não foi feita a 
representação antes e o indivíduo não compareceu à audiência)? Para esta resposta o candidato 
deveria saber as seguintes correntes: 
 1ª TESE DE ACUSAÇÃO: desde que não ultrapassado o prazo decadencial, a audiência 
deverá ser suspensa, aguardando-se em cartório o oferecimento da representação. 
 2ª TESE DE DEFESA: Ausente o ofendido, presume-se que tenha renunciado, 
tacitamente, ao direito de representação. 
3ª Corrente: ausente o ofendido, deve ser pessoalmente intimado para oferecer 
representação; somente então, será reconhecida à renúncia tácita ao direito de representação. 
Aqui, o que você tem? A segunda é a pior de todas. Na prática, a primeira é a que tem 
prevalecido. Ou seja, se você já sabe que a vítima tem ciência da data da audiência e ela não 
compareceu, teoricamente, aguarda-se o prazo de 06 meses. Esse raciocínio é válido, não só para 
a ação penal pública condicionada à representação, como também é válido para os casos de ação 
penal privada em que a situação é absolutamente semelhante (não podemos levar adiante o 
processo se a vítima não oferece queixa). 
TRANSAÇAO PENAL 
Art. 76 - Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública 
incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a 
aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na 
proposta. 
§ 1º - Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até 
a metade. 
§ 2º - Não se admitirá a proposta se ficar comprovado: 
I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de 
liberdade, por sentença definitiva; 
II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação 
de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo; 
III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem 
como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida. 
 – PROCESSO PENAL – Prof.Carlos Paschoalik Antunes - Curso de Processo Penal 
 12 
§ 3º - Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será submetida à 
apreciação do Juiz. 
§ 4º - Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o Juiz 
aplicará a pena restritiva de direitos ou multa, que não importará em reincidência, sendo 
registrada apenas para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos. 
§ 5º - Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apelação referida no Art. 82 
desta Lei. 
§ 6º - A imposição da sanção de que trata o § 4º deste artigo não constará de certidão de 
antecedentes criminais, salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo, e não terá 
efeitos civis, cabendo aos interessados propor ação cabível no juízo cível. 
Essa é a transação penal. Vamos conceituá-la: 
Conceito:trata-se de acordo celebrado entre o MP e o autor do delito, pelo qual se propõe a 
aplicação imediata de pena restritiva de direito ou multa, dispensando-se a instauração do 
processo. Mais uma vez, a Lei dos Juizados, visa trazer uma idéia de busca pelo consenso e a 
transação talvez seja o melhor exemplo. O legislador, tendo conhecimento dos efeitos deletérios 
de um processo penal, estimulou a busca de um acordo. Sentam à mesa, MP, juiz, acusado e seu 
defensor para buscar um acordo. Feito esse acordo, ele não só é bom para o aparato estatal, na 
medida em que evita um processo, e já vai buscar também a aplicação imediata de uma pena 
restritiva de direitos ou de multa, como também é extremamentebenéfico para o investigado 
porque evita que responda a um processo criminal no qual, mesmo que ele seja absolvido, só o 
fato de responder já é extremamente complicado como, também, vai lhe trazer o benefício disso 
não gerar reincidência. Então, é importante que vocês entendam que o fato de a pessoa aceitar a 
transação, não significa que está reconhecendo a culpa. Alguns doutrinadores dizem que a 
transação penal está muito ligada ao chamado nolo contendere, ou seja, eu não quero discutir. 
Você quando transaciona, você não está dizendo que é inocente ou culpado. Simplesmente não 
se discute o assunto, apenas se faz a transação penal. Essa é a ideia relacionada à transação 
penal, ou seja, evita-se um processo, você não é considerado reincidente, buscamos a aplicação 
imediata de uma pena restritiva de direitos ou multa. É a ideia do nolo contendere, ou seja, não 
contestação. Você não contesta aquilo ali. Para todos os efeitos, você é considerado inocente. 
Observação: O único efeito propriamente dito da transação penal é a impossibilidade de 
nova transação no prazo de cinco anos. Transação penal funciona também como uma 
importante forma de mitigação ao princípio da obrigatoriedade da ação penal pública. Estudamos 
esse princípio nas aulas de ação penal e vimos que o MP diante de elementos, de prova, da justa 
causa e verificada a presença das condições da ação, o MP é obrigado a oferecer a denúncia. O 
MP não tem, como há em outros países, a oportunidade de avaliar a conveniência de oferecer ou 
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 13 
não a peça acusatória. Porém, a transação penal funciona como uma importante exceção a esse 
princípio porque no caso da transação penal, por mais que haja elementos para oferecer denúncia 
contra alguém, a transação penal possibilita que o MP deixar de oferecer denúncia fazendo um 
acordo. Haveria aí uma discricionariedade ampla por parte do MP? Não, porque a própria lei já 
estabelece os requisitos para a transação penal. Por isso, vários doutrinadores vão dizer que no 
âmbito da transação penal você deixa de lado o princípio da obrigatoriedade e cai no princípio da 
discricionariedade regrada ou mitigada. Esses são os primeiros pontos importantes aí para você 
visualizar a proposta. 
 CONCESSÃO DE OFÍCIO PELO JUIZ 
Comentários: será que vamos imaginar que o juiz possa conceder de ofício a transação penal? 
Durante muito tempo, da mesma forma que ocorre com a suspensão condicional do processo, 
houve essa discussão. Uma discussão até acalorada, mas que perdeu tanta relevância. Mas 
quando surgiu a transação penal, há 17 anos, esse assunto provocou muita controvérsia. Por quê? 
Uma corrente que a transação penal seria um direito subjetivo do acusado. Por isso, era possível 
a concessão de ofício pelo juiz. Não ganhou corpo na jurisprudência, mas para defensoria 
pública, talvez seja uma posição que ainda valha a pena brigar numa prova aberta. Mas não 
ganhou corpo. O nome é transação penal. Se você diz que a transação estaria sendo concedida 
de ofício pelo juiz, você não está visualizando nenhuma transação. E outro detalhe importante: 
ao realizarmos a transação, estou privando a parte do seu exercício do seu direito de ação. 
Pudesse o juiz conceder a transação de ofício, ele estaria usurpando um poder que não é seu, que 
é exatamente, a titularidade da ação penal pública. Por isso, o que prevalece é a segunda 
corrente, segundo a qual:“Caso o juiz não concorde com a recusa injustificada da proposta de 
transação penal por parte do MP, deve remeter a questão ao Procurador-Geral nos termos do 
art. 28, do CPP.”Para ficar bem claro: se o juiz concedesse de ofício a transação, ele estaria 
usurpando uma atribuição que não é dele, que é a titularidade da ação penal. Por isso, a melhor 
posição é essa. Mas você também não pode achar que o promotor pode exercer o arbítrio, que é 
olhar para a pessoa e não oferecer a transação. Na verdade, a forma de controle é essa. Ou seja, o 
juiz, não concordando com a recusa do MP aplica o art. 28 e manda para o Procurador-Geral. A 
Súmula 696 do STF não fala sobre a transação penal, mas sobre a suspensão condicional do 
processo, mas o raciocínio é idêntico porque ambos os institutos vão importar na restrição 
do direito de ação. Então diz a súmula: 
STF Súmula nº 696 - DJ de 13/10/2003 - Reunidos os pressupostos legais permissivos da 
suspensão condicional do processo, mas se recusando o Promotor de Justiça a propô-la, o 
Juiz, dissentindo, remeterá a questão ao Procurador-Geral, aplicando-se por analogia o art. 
28 do Código de Processo Penal. 
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PRESSUPOSTOS PARA A FORMULAÇÃO DA PROPOSTA DE TRANSAÇÃO PENAL 
1. Tratar-se de infração de menor potencial ofensivo: isso é muito óbvio. Grosso modo, 
infrações cuja pena não ultrapassem dois anos. 
2. Não ser caso de arquivamento: esse requisito é o mais ignorado no dia-a-dia e, a 
depender do caso, é o que causa maior perplexidade. Em muitas hipóteses, acaba sendo 
feita uma transação penal quando, na verdade deveria ter havido um pedido de 
arquivamento. Ao invés de se fazer uma análise do caso concreto para saber se a pessoa, 
de fato, teria praticado o delito não, é mais rápido você vai fazer uma transação penal. Eu 
costumo dar um exemplo: uma amiga da minha mãe tinha um sítio que alugava para 
finais de semana. Numa ocasião, ela alugou e as pessoas fizeram uma algazarra. Ela foi 
chamada para o juizado, colocaram lá na contravenção de perturbação. Aí eu pergunto: 
ela, dona do sítio, colocaram o nome dela no termo circunstanciado. Pergunto: na hora do 
acordo, da audiência preliminar, qual seria o papel dela diante da proposta? Recusar sob 
o argumento de que no direito penal vige a regra da responsabilidade penal subjetiva. 
Como é que ela poderia ser responsabilizada por conduta de terceiros que alugaram o 
sítio? Mas, na prática,a pessoa não diz isso. Essa análise deveria partir do órgão 
ministerial que, analisando o termo circunstanciado, deveria dizer que é caso de 
arquivamento, que não pode querer responsabilizar criminalmente essa pessoa pela 
prática do delito feito por um terceiro. No dia-a-dia, devido ao grande número de 
processos, a pessoa acaba aceitando a transação. No caso concreto, depois que eu fiquei 
sabendo, ela já havia aceitado a transação. A pessoa se sente muito pressionada, mesmo 
estando na presença de um advogado. É que a coisa é colocada dessa forma: “você não 
quer aceitar? Então você vai ser processado criminalmente.” Para aquela pessoa leiga, 
que pela primeira vez é chamada a um fórum criminal, ela não quer correr o risco de 
tentar uma absolvição. Ela prefere pagar uma cesta básica, sair dali imediatamente do que 
tocar o processo buscando um decreto absolutório. 
Art. 76 - Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública 
incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a 
aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na 
proposta. 
3. Crime de ação penal pública incondicionada ou crime de ação penal pública 
condicionada à representação: é o terceiro requisito que também pode ser extraído da 
leitura do caput do art. 76 que diz isso. Representação (é crime de ação penal pública 
condicionada). O grande detalhe é o seguinte: a lei não fala em crime de ação penal 
privada. Então, a pergunta interessante sobre esse assunto é: 
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Caiu em prova: Seria cabível a transação penal em crimes de ação penal privada? O art. 76 
não fala nada sobre esse assunto. Saibam a prova que estão fazendo. Sendo prova cópia do texto 
de lei, é uma coisa. Mas a doutrina e a jurisprudência sempre sustentaram a possibilidade de a 
transação penal também ser admissívelem crimes de ação penal privada e isso, basicamente, sob 
o prisma do princípio da isonomia. Por que cabe no crime de ação penal pública e por que 
não em crime de ação penal privada? Então, por força do princípio da isonomia a doutrina 
sempre entendeu que também seria cabível a transação penal em crimes de ação penal 
privada. Já há alguns julgados do STJ admitindo essa possibilidade. Mas aí vem o problema 
que disso deriva. O examinador continuando na questão:“se é cabível a transação penal em 
crime de ação penal privada, a quem cabe formular a proposta?”Aí, tem gosto pra tudo. Tem 
gente que diz dizendo que pode ser o juiz, e outros dizem que poderia ser o MP. Mas a melhor 
posição é você sustentar que se é cabível a transação na ação penal privada, a proposta deveria 
partir do ofendido ou do seu representante legal. Obviamente, através do advogado do 
querelante. O ideal é que se estamos falando de transação penal que resultará em uma 
disposição do próprio direito de ação que pertence ao querelante, talvez o ideal seja dizer 
que quem tem legitimidade para propor proposta de transação penal seria o ofendido por meio de 
seu advogado. Mas ressalto porque há doutrinadores que dizem que é o MP e outros que seria o 
juiz. 
4. Não ter sido o agente condenado por sentença definitiva a pena privativa de 
liberdade: cuidado com esse requisito que é ótimo para confundir em prova objetiva. A 
lei usa a expressão “não ter sido o agente condenado por sentença definitiva a pena 
privativa de liberdade.” Cuidado para não achar que isso aí é sinônimo de reincidência. E 
não é verdade porque a própria lei delimitou, ou seja, falou em “pena privativa de 
liberdade.” Anotem: “Caso o agente tenha sido condenado a uma pena de multa, cabe 
transação penal.” Para prova objetiva, o que há de interessante é você se lembrar que 
caso o agente tenha sido condenado a uma pena de multa, caberá transação penal. A lei 
exige que essa condenação anterior tenha sido a pena privativa de liberdade. Logo, se 
foi a uma pena de multa, cabe transação penal. 
5. Circunstâncias favoráveis; são as seguintes circunstâncias (art. 76, § 2º, III): 
III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem 
como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida. 
Cuidado para não pensar em circunstâncias judiciais porque circunstâncias judiciais, na verdade 
são aquelas do art. 59. São mais e não só essas. O promotor tem que analisar o caso concreto e 
verificar se os antecedentes, se a conduta social, se a personalidade, se os motivos, enfim, e fazer 
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uma prognose e se você verificar que o prognóstico é favorável, você vai formular a proposta de 
transação penal. 
6. Aceitação da proposta pelo autor da infração e por seu advogado: 
§ 3º - Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será submetida à 
apreciação do Juiz. 
a lei está preocupada com essa aplicação imediata de uma pena restritiva de direitos, mas não 
podemos nos olvidar da ampla defesa. Por isso, aplicação imediata de uma restritiva de direitos 
ou de multa, depende da aquiescência dos dois, tanto do acusado, quanto do seu defensor. 
Pergunta boa que já caiu em prova: E se houver discrepância entre eles? E se o acusado 
quiser e o advogado não quiser? No exemplo do sítio: “ah, doutor, sabe de uma coisa? Eu 
prefiro pagar isso logo para embora...” Mas o advogado quer provar a inocência e buscar a 
absolvição com base do princípio da não culpabilidade. E aí, qual vontade prevalece? O 
raciocínio precisa ser pragmático. Se você é um advogado constituído, é lógico que prevalece a 
vontade do acusado porque ele está pagando o advogado. Agora, imaginando um defensor 
público, um advogado dativo, como fica? A melhor resposta para prova seria a seguinte:“Da 
mesma forma que ocorre com a suspensão condicional do processo (art. 89, §7º), prevalece a 
vontade do acusado.”A transação e suspensão são muito semelhantes. Quando formos falar de 
suspensão será mais rápido. 
§ 7º - Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste artigo, o processo prosseguirá 
em seus ulteriores termos. 
Ou seja, a partir do momento que a lei fala em “o acusado” não aceitar, deixa claro que a vontade 
que prevalece é a do acusado. Por mais que o advogado, no caso concreto, queria, seria submeter 
a pessoa a um processo. Para um advogado criminalista é tranquilo. Agora, para uma pessoa 
leiga, para um cidadão comum, submeter-se a um processo significa muito. Então, por isso, a 
melhor posição é essa. Se o acusado não aceita, acabou. Mesmo que o advogado não concorde 
deve haver a homologação. 
Observação: não devemos nos confundir com a divergência no momento da interposição de 
recursos. O que eu quero deixar claro: uma coisa é nos juizados que, por força da própria lei, 
prevalece a vontade do acusado. Outra coisa é na hora de interpor o recurso. A vontade que 
prevalece é do advogado. Eu, como defensor, queria recorrer. O acusado não queria. Qual 
vontade deve prevalecer? Nesse caso, prevalece a vontade de quem tem interesse em recorrer. 
(princípio do non reformatio in pejus). Pode ser tanto o advogado quanto o acusado. E por que é 
assim? Quando você recorre, recurso exclusivo da defesa, sua situação jamais é 
prejudicada. Ou a sua situação melhora ou fica do jeito que está. Por isso, a doutrina diz 
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 17 
que prevalece a vontade de quem quer recorrer, por não haver prejuízo. Prova disso é a 
Súmula 705, do STF: 
STF Súmula nº 705 - DJ de 13/10/2003 - A renúncia do réu ao direito de apelação, 
manifestada sem a assistência do defensor, não impede o conhecimento da apelação 
por este interposta. 
7. Composição do dano no caso de crime ambiental: no caso de infração ambiental de 
menor potencial ofensivo, a proposta de transação penal depende de composição quanto 
ao dano ambiental. Lei 9.605/98, salvo impossibilidade de fazê-lo. Em se tratando de 
crimes ambientais de menor potencial ofensivo, mas a lei dos crimes ambientais vai 
trazer esse outro requisito: para que a transação seja feito, você tem que recompor o 
dano ambiental. É o que diz o art. 27, da Lei 9.605/98: 
Art. 27. Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de aplicação 
imediata de pena restritiva de direitos ou multa, prevista no Art. 76 da Lei nº 9.099, de 26 
de setembro de 1995, somente poderá ser formulada desde que tenha havido a prévia 
composição do dano ambiental, de que trata o Art. 74 da mesma lei, salvo em caso de 
comprovada impossibilidade. 
Recursos cabíveis em relação à transação penal: da decisão homologatória caberá apelação no 
prazo de 10 dias. 
 DESCUMPRIMENTO DA TRANSAÇÃO PENAL 
Comentários: Imagine: você praticou infração de menor potencial ofensivo e faz um acordo. E 
em alguns casos se busca uma pena restritiva de direitos, como a prestação de serviços à 
comunidade. E aí é fixada, por exemplo, 01 hora por semana no prazo de 06 meses. O grande 
problema que ocorre é quando você não cumpre. Qual a conseqüência desse descumprimento 
injustificado? Quando esse tema começou a surgir, veio o grande problema. A partir do 
momento em que eu já tenho uma decisão homologatória (é por isso que muitos juízes deixam 
para homologar isso depois), muito começaram a entender que se a pessoa não cumpriu o 
quantum pactuado, simplesmente, vamos executar a decisão. Mas como? Sendo uma pena de 
multa, dá para visualizar uma execução. O problema vem quando não há pena de multa, mas 
prestação de serviço à comunidade. Se o sujeito não cumpre, como executar essa sentença 
homologatória? Muitos começaram a dizer que você deveria executar essa decisão. Mas como 
fazer isso? Pensa no caso de alguém que é condenado por um homicídio culposo no juízo 
comum e é condenado à penarestritiva. Como é que eu posso obrigá-lo a cumprir serviços à 
comunidade? Por que você se sente encorajado a prestar serviços à comunidade? Por causa da 
espada pairando sobre sua cabeça. Você sabe de antemão que, não cumprida à pena restritiva, 
 – PROCESSO PENAL – Prof.Carlos Paschoalik Antunes - Curso de Processo Penal 
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você tem aquela ameaça pairando sobre você que é a conversão em pena privativa de liberdade. 
O que muitos começaram a dizer? Mesmo raciocínio na hora da transação penal. Se você não 
cumprir, vamos converter a sua pena em pena privativa de liberdade. Mas qual é o problema? 
São dois. O primeiro deles é que na hora que eu faço a transação não há acordo quanto à 
privativa de liberdade, mas somente quanto à restritiva de direitos. Então, o primeiro problema 
prático é que você não teria um parâmetro para a conversão. E o segundo problema seria 
exatamente qual? Um dos objetivos da Lei dos Juizados é evitarmos a pena privativa de 
liberdade e a transação penal busca a aplicação de penas restritivas de direitos ou multa. Então, 
se você autoriza a conversão dessa pena restritiva em privativa de liberdade, de maneira direta, 
você estaria possibilitando que alguém fosse preso a partir da transação penal, o que contraria a 
própria lei dos juizados. No final das contas, então, depois de toda essa discussão, o que tem 
prevalecido? Era um imbróglio isso aí, mas o Supremo resolveu o problema por meio da súmula 
Vinculante 35: 
Súmula vinculante 35-STF: 
A homologação da transação penal prevista no artigo 76 da Lei 9.099/1995 não faz 
coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação 
anterior, possibilitando-se ao Ministério Público a continuidade da persecução 
penal mediante oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito policial. STF. 
Plenário. Aprovada em 16/10/2014. 
Comentários à súmula acima citada: recordando o que já foi comentado acima: em que consiste 
a transação penal? Transação penal é um acordo - celebrado entre o MP (se a ação penal for 
pública) ou o querelante (se for privada) - e o indivíduo apontado como autor do crime, por meio 
do qual a acusação, antes de oferecer a denúncia (ou queixa-crime), propõe ao suspeito que ele, 
mesmo sem ter sido ainda condenado, aceite cumprir uma pena restritiva de direitos ou pagar 
uma multa. Em troca disso a ação penal não é proposta e o processo criminal nem se inicia. 
Caiu em prova: a transação penal é compatível com a Constituição Federal? SIM. A 
transação penal é, inclusive, uma determinação constitucional. Confira: 
Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão: I - juizados 
especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a 
conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e 
infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e 
sumariíssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de 
recursos por turmas de juízes de primeiro grau; 
A transação penal não ofende os princípios do contraditório e da ampla defesa porque se trata de 
uma escolha (faculdade) colocada à disposição do suposto autor do fato, que pode preferir fazer 
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logo o acordo e cumprir uma medida restritiva de direitos (mesmo sem ter sido julgado), do que 
se submeter aos transtornos de um processo criminal. Logo, por não ser obrigatória, a transação 
penal não é incompatível com as garantias constitucionais. 
Descumprimento injustificado da transação penal: o que acontece se o autor do fato aceitar 
a proposta, mas acabar descumprindo a obrigação por ele assumida no acordo (ex: o autor 
tinha que prestar 60h, mas acabou realizado apenas 40h de trabalhos comunitários)? O juiz 
deverá determinar a abertura de vista dos autos ao MP. O membro do Parquet terá, então, duas 
opções: 
1. Oferecer denúncia; ou 
2. Requerer mais investigações, por meio da realização de um inquérito policial, caso 
entenda que ainda não existem provas suficientes. Tal entendimento é baseado no fato de 
que a decisão homologatória da transação penal não faz coisa julgada material. Dessa 
forma, diante do descumprimento das cláusulas estabelecidas na transação penal, retorna-
se ao status quo ante, viabilizando-se, assim, ao Parquet a continuidade da persecução 
penal. 
Essa solução não viola o contraditório e a ampla defesa? NÃO. Isso porque o acusado terá 
direito ao contraditório e a ampla defesa durante a ação penal que ainda irá se iniciar. Haveria 
sim violação ao devido processo legal se, após descumprir a transação, o autor do fato fosse 
desde logo condenado (sem processo) ou preso. 
Problema: prazo prescricional: o prazo prescricional penal inicia-se com a consumação do 
crime (art. 111, I, do CP). O fato de o autor do fato ter aceitado a proposta de transação penal 
não altera o curso do prazo prescricional (não interrompe nem suspende). Em outras palavras, o 
prazo prescricional iniciou-se com a consumação do crime e continuou correndo 
normalmente, mesmo o autor tendo aceitado a transação. Enquanto se aguarda que ele 
cumpra as obrigações assumidas na transação, o prazo permanece fluindo regularmente. Mesmo 
que ele descumpra as condições, o prazo está tramitando. Somente se o MP oferecer a denúncia e 
o juiz recebê-la é que o prazo de prescrição se interrompe na data do recebimento (art. 117, I, do 
CP). Assim, o que se quer demonstrar é que, se o autor do fato aceitar a transação, começar a 
descumprir o acordo e o Juiz demorar a revogar a transação, oferecer a denúncia e proferir 
decisão recebendo-a, muito provavelmente o crime estará prescrito. Isso porque em se tratando 
de infrações de menor potencial ofensivo, o prazo máximo de prescrição será de 04 anos, período 
não muito longo. 
 
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Não pagamento da multa 
Comentários: sobre esse assunto, só fazendo uma última observação, cuidado quanto ao não 
pagamento da multa. Qual a consequência? Merece atenção especial a leitura do art. 85, da Lei 
9.099/95, antes, nós vamos ler o art. 84: 
Art. 84 - Aplicada exclusivamente pena de multa, seu cumprimento far-se-á mediante 
pagamento na Secretaria do Juizado. 
Parágrafo único - Efetuado o pagamento, o Juiz declarará extinta a punibilidade, 
determinando que a condenação não fique constando dos registros criminais, exceto 
para fins de requisição judicial. 
Art. 85 - Não efetuado o pagamento de multa, será feita a conversão em pena 
privativa de liberdade, ou restritiva de direitos, nos termos previstos em lei. 
Esse artigo merece uma atenção muito especial. A primeira vista, você vai achar que, não pagou 
a multa, converterá em pena de prisão ou restritiva de direitos. Mas isso não vale. Nada dele 
vale. O artigo 85, na sua primeira parte, foi revogado pela Lei 9.268/96, que deu nova redação 
ao art. 51, do Código Penal. Desde 1996, é proibida a conversão. Se a pessoa não efetua o 
pagamento da multa, a consequência é simples: a multa passa a ser considerada dívida de valor e 
será cobrada pela respectiva Fazenda. 
Conversão da Multa e Revogação 
Art. 51 - Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será considerada 
dívida de valor, aplicando-se-lhes as normas da legislação relativa à dívida ativa da 
Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da 
prescrição. (Alterada pela L-009.268-1996) 
Observação: apesar daquele artigo 85 ser anterior a essa lei, a lei não ter alterado, convenhamos, 
se no CP já não se admite mais a conversão da multa em prisão, na lei do juizado, com mais 
razão. Quanto à segunda parte do art. 85, não há lei que disponha sobre a conversão da pena de 
multa em restritiva de direitos. Como não há lei que disponha sobre esse assunto, esseartigo não 
vale para absolutamente nada. Podem esquecê-lo. 
PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO 
Comentários: a só vai chegar ao procedimento sumaríssimo, que é exatamente o procedimento 
previsto na Lei dos Juizados Especiais Criminais, se a transação penal não tiver sido feita 
anteriormente. Para que haja o procedimento sumaríssimo, é só você imaginar que não houve a 
transação ou que a composição de danos civis não extinguiu a punibilidade. 
http://www.dji.com.br/penal/conversao_da_multa_e_revogacao.htm
 – PROCESSO PENAL – Prof.Carlos Paschoalik Antunes - Curso de Processo Penal 
 21 
Art. 77 - Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver aplicação de pena, pela 
ausência do autor do fato, ou pela não ocorrência da hipótese prevista no Art. 76 desta 
Lei, o Ministério Público oferecerá ao Juiz, de imediato, denúncia oral, se não houver 
necessidade de diligências imprescindíveis. 
§ 1º - Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no termo de 
ocorrência referido no Art. 69 desta Lei, com dispensa do inquérito policial, prescindir-
se-á do exame do corpo de delito quando a materialidade do crime estiver aferida 
por boletim médico ou prova equivalente. 
§ 2º - Se a complexidade ou circunstâncias do caso não permitirem a formulação da 
denúncia, o Ministério Público poderá requerer ao Juiz o encaminhamento das peças 
existentes, na forma do parágrafo único do Art. 66 desta Lei. 
§ 3º - Na ação penal de iniciativa do ofendido poderá ser oferecida queixa oral, cabendo 
ao Juiz verificar se a complexidade e as circunstâncias do caso determinam a adoção 
das providências previstas no parágrafo único do Art. 66 desta Lei. 
Observação: esse procedimento sumaríssimo caracteriza-se por quais detalhes? O primeiro ponto 
importante sobre esse procedimento sumaríssimo é o oferecimento de uma peça acusatória, 
seja ela denúncia, seja ela queixa. Esse oferecimento se dá de modo oral. Tamanha a 
importância da peça acusatória, a lei fala em oral, mas será reduzida a termo. Geralmente, o MP 
faz por escrito, mas se quiser fazer oralmente, o escrivão do juizado vai digitando o teor da peça 
acusatória. Na hora do oferecimento da peça acusatória, quais são os requisitos? São aqueles que 
estão previstos no CPP, em seu art. 41. 
Art. 41 - A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas 
circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa 
identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas. 
Corpo de delito: o segundo ponto importante, sobre esse procedimento sumaríssimo é que diz a 
lei que será dispensável o exame de corpo de delito. Art. 77, § 1º. Sobre esse artigo, coloque uma 
observação porque ele é interpretado pela doutrina de duas formas: Há doutrinadores que 
entendem que o exame de corpo de delito seria desnecessário no momento do oferecimento 
da peça acusatória. Você não precisaria do exame de corpo de delito para oferecer a peça 
acusatória. É uma interpretação que se faz a partir de uma leitura gramatical do §1º que vai dizer: 
“para o oferecimento da denúncia, prescindir-se-á do exame do corpo de delito diante de boletim 
médico ou prova equivalente.” Então, parte da doutrina entende que essa dispensa do exame do 
corpo de delito é no momento do oferecimento da peça acusatória, porém, quando da sentença, o 
exame seria imprescindível. O exame seria dispensável na hora do oferecimento da peça 
acusatória. Porém, quando da sentença condenatória, o exame de corpo de delito seria 
indispensável. É essa a melhor interpretação? Não. Se fosse para entender isso, ficássemos no 
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CPP, que já diz isso. Todo mundo sabe que eu não preciso do exame de corpo de delito para 
oferecer denúncia, a não ser no caso de drogas, em que eu preciso daquele laudo provisório. Por 
isso, é que a melhor doutrina é aquela que nos diz que o exame de corpo de delito, na 
verdade, devido à informalidade no próprio juizado, é dispensável, seja no momento do 
oferecimento, seja no momento da própria sentença condenatória. Sairíamos daquele critério 
rígido do CPP que atrela a materialidade ao exame de corpo de delito e, por força de princípios 
do juizado, poderíamos, então, substituir aquele tradicional exame de corpo de delito por outras 
provas equivalentes. 
Defesa preliminar 
Comentários: oferecida a peça acusatória, qual é o passo seguinte? O que o juiz vai fazer? 
Receber? Errou! Eu já falei isso. A Lei dos Juizados prevê defesa preliminar. Não se esqueça 
disso. Oferecida a peça acusatória, e marcada a audiência de instrução e julgamento, o juiz vai 
observar a chamada defesa preliminar. A defesa preliminar visa impedir a instauração de 
uma lide temerária. A defesa preliminar é uma espécie de defesa não prevista em todos 
procedimentos, mas é uma maravilha. Você pode se manifestar antes do juiz receber a peça 
acusatória. Está prevista no art. 81, da Lei dos Juizados. 
Art. 81 - Aberta a audiência, será dada a palavra ao defensor para responder à 
acusação, após o que o Juiz, receberá, ou não, a denúncia ou queixa; Havendo 
recebimento, serão ouvidas a vítima e as testemunhas de acusação e defesa. 
Interrogando-se a seguir o acusado, se presente, passando-se imediatamente aos 
debates orais e a prolação da sentença. 
Para responder à acusação é uma defesa preliminar, leia-se é uma oportunidade que você tem de 
ser ouvido, na pessoa de seu advogado visando exatamente à rejeição da peça acusatória. Depois 
da defesa preliminar, qual é o prazo seguinte? Há dois caminhos: 
1. Rejeição da peça acusatória – o juiz acompanha os argumentos lançados na defesa 
preliminar e rejeita a peça acusatória. 
2. Recebimento da peça acusatória – recebida a peça acusatória, vai ocorrer a citação. 
Para a prova objetiva, não errem: nos juizados, a citação é pessoal, pode ser também por 
hora certa (lembrar do enunciado do FONAJE – trazida no ano passado). Mas não se 
admite citação por edital. 
Art. 78 - Oferecida a denúncia ou queixa, será reduzida a termo, entregando-se cópia ao 
acusado, que com ela ficará citado e imediatamente cientificado da designação de dia 
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e hora para a audiência de instrução e julgamento, da qual também tomarão ciência o 
Ministério Público, o ofendido, o responsável civil e seus advogados. 
§ 1º - Se o acusado não estiver presente, será citado na forma dos arts. 66 e 68 desta 
Lei e cientificado da data de audiência de instrução e julgamento, devendo a ela trazer 
suas testemunhas ou apresentar requerimento para intimação, no mínimo cinco dias 
antes de sua realização. 
§ 2º - Não estando presentes o ofendido e o responsável civil, serão intimados nos 
termos do Art. 67 desta Lei para comparecerem à audiência de instrução e julgamento. 
§ 3º - As testemunhas arroladas serão intimadas na forma prevista no Art. 67 desta Lei. 
Observação: a lei, no art. 78, usa a expressão citação. Mas, tomem cuidado, porque aí a gente vai 
para o art. 81 que fala daquela defesa preliminar. Apesar do art. 78 estar usando a palavra 
citação, eu só posso falar citação quando já houve o recebimento da peça acusatória. Então, a 
palavra citação aí no art. 78 está mal colocada porque o recebimento da peça acusatória só vai 
ser dar no art. 81, depois da defesa preliminar. Citação é só depois do recebimento da peça 
acusatória. 
Cuidado: agora a gente tem um ponto importante que merece ser analisado, que é aquele relativo 
à absolvição sumária. A absolvição sumária, outrora prevista somente no procedimento do júri, 
agora também existe no procedimento comum e é fácil se lembrar dela porque são aquelas 
hipóteses do crime: quando a conduta for atípica, excludente da ilicitude, excludente da 
culpabilidade ou quando extinta a punibilidade. São as quatro hipóteses.É o art. 397, do CPP. 
Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o 
juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar: (Alterado pela L-
011.719-2008) 
I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; (Acrescentado pela L-
011.719-2008) 
II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo 
inimputabilidade; 
III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou 
IV - extinta a punibilidade do agente. 
Caiu em prova: o detalhe interessante sobre isso é o seguinte: será que a absolvição sumária, 
prevista no art. 397, do CPP, também seria cabível na Lei dos Juizados? Cabe. Você tem que 
sustentar que cabe. Por que isso só vale para o CPP? O próprio CPP corrobora isso no art. 
394, § 4º: 
§ 4º As disposições dos artigos 395 a 398 deste Código aplicam-se a todos os 
procedimentos penais de primeiro grau, ainda que não regulados neste Código. 
http://www.dji.com.br/leis_ordinarias/2008-011719/2008-011719.htm
http://www.dji.com.br/leis_ordinarias/2008-011719/2008-011719.htm
http://www.dji.com.br/leis_ordinarias/2008-011719/2008-011719.htm
http://www.dji.com.br/leis_ordinarias/2008-011719/2008-011719.htm
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Então, cuidado porque apesar de a Lei dos Juizados não falar nada em absolvição sumária, seria 
um óbvio contra-senso você imaginar que essa absolvição sumária, novidade inserida no CPP, 
seria aplicável apenas aos procedimentos penais mais complexos e não seria aplicável à Lei dos 
Juizados. E, convenhamos, qual seria o argumento a justificar um tratamento diferente a alguém 
que está respondendo a um procedimento comum e alguém que está respondendo a um 
procedimento sumaríssimo. Portanto, a absolvição sumária, apesar de prevista somente no art. 
397, do CPP, também é aplicável no âmbito dos juizados e isso, não só por força do princípio da 
isonomia, como também por força do próprio CPP, que vai dizer isso no art. 394, 4º. Depois 
disso, a instrução segue normalmente, as alegações são orais, o juiz vai proferir sua sentença. 
Caiu em prova (TJ/SC): cuidado com isso, por quê? Aqui, é possível que o crime saia dos 
Juizados e vá para o juízo comum. Se isso ocorrer, o procedimento vai ser o procedimento 
comum sumário. Eu pergunto: quando é que um crime que estava sendo processado nos Juizados 
pode de lá sair e ir parar no juízo comum? Duas possibilidades: 
 1ª Possibilidade: Complexidade da causa. Imagine esses casos de multidudinários. 
Invasão de torcedores em estádio. Deixar isso no Juizado fica difícil. 
 2ª Possibilidade: quando não for possível a citação pessoal do acusado. Nos juizados 
não se admite citação por edital. Não sendo o acusado encontrado, eu sou obrigado a remeter 
os autos ao juízo comum. Caiu isso, mais ou menos, no MP/SP, segunda fase. Caiu o seguinte: A 
competência dos Juizados era absoluta ou relativa. E não dá para entender, porque caiu e todo 
mundo errou. Sabe por quê? Porque caiu o seguinte: o cidadão tinha praticado uma infração de 
menor potencial ofensivo, leia-se, deveria estar nos Juizados. Porém, por um erro, foi parar no 
juízo comum. Não foi nenhuma dessas duas possibilidades. Mas a própria questão dizia: apesar 
de estar no juízo comum, ele teve a análise dos benefícios despenalizadores. Aí, perguntava-se: 
nulidade absoluta ou relativa? Todo mundo que fez a prova, respondeu que era relativa. Mas o 
examinador queria que você respondesse que era absoluta. Um absurdo! Por quê? Veja bem, se a 
própria Lei dos Juizados, nessas duas hipóteses, prevê a possibilidade de modificação de 
competência, a conclusão a que se chega é que não é absoluta. Se fosse absoluta, não poderia ser 
modificada. O que é importante é se os benefícios despenalizadores foram aplicados. Se foram, 
independentemente de onde foram, não tem problema algum. Mera nulidade relativa. O 
examinador queria o contrário. Todo mundo dançou. 
Sistema Recursal na Lei 9.099/95 
Comentários: sobre isso, nossa primeira constatação, mais do que óbvia é que no juízo ad quem é 
uma turma recursal. Quem julga recurso interposto contra juiz dos juizados é a turma recursal. 
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Turma recursal essa que é composta por três juízes de primeira instância. Apesar dessa turma 
recursal ser composta por três juízes de 1º grau, aquele juiz de primeiro grau que julgou a causa, 
não pode apreciar o recurso, não pode integrar a turma recursal em relação a esse recurso. Ele 
seria obrigado a chamar o substituto legal para apreciar o recurso. 
Observação: quem atua na turma recursal como órgão ministerial? Não é um procurador de 
justiça, mas sim um promotor de justiça. Sobre a questão dos recursos, a gente começa 
analisando com vocês o art. 82. 
Art. 82 - Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença caberá apelação, 
que poderá ser julgada por turma composta de três Juízes em exercício no primeiro grau 
de jurisdição, reunidos na sede do Juizado. 
§ 1º - A apelação será interposta no prazo de dez dias, contados da ciência da sentença 
pelo Ministério Público, pelo réu e seu defensor, por petição escrita, da qual constarão 
as razões e o pedido do recorrente. 
§ 2º - O recorrido será intimado para oferecer resposta escrita no prazo de dez dias. 
§ 3º - As partes poderão requerer a transcrição da gravação da fita magnética a que 
alude o § 3º do Art. 65 desta Lei. 
§ 4º - As partes serão intimadas da data da sessão de julgamento pela Imprensa. 
§ 5º - Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a súmula do julgamento 
servirá de acórdão. 
Observação: esse é um tema bom para cair em prova objetiva. Você tem que lembrar que no CPP 
a regra no tocante à rejeição da peça acusatória, é que o recurso cabível seja o RESE, por força 
do art. 581, I. Você deve lembrar que na Lei dos Juizados sofre uma exceção porque contra a 
rejeição da peça acusatória é o recurso de apelação. Essa é a primeira diferença. A segunda 
diferença: cuidado para não confundir a apelação do CPP, com a apelação do juizado. 
APELAÇÃO DO CPP APELAÇAÕ DO JUIZADO 
Prazo de 05 dias Prazo de 10 dias 
Interposição da apelação em 05 dias + razões 
recursais em 08 dias. 
Obrigatoriamente, a interposição já deve estar 
acompanhada das razões recursais. 
 
Observação: quando você olha para o CPP você, primeiro interpõe a apelação e, para tanto teria 
o prazo de 05 dias e, interposta a apelação no prazo de 5 dias, você teria mais 8 dias para 
apresentar razões. Na área cível, quando você entra com o recurso, você já apresenta as razões. 
No processo penal, não. Você tem a possibilidade de, primeiro, entrar com a apelação em 05 dias 
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e depois, apresentar as razões recursais em 08 dias. Mas pode apresentar tudo junto. No âmbito 
dos juizados, pelo menos segundo a letra da lei, obrigatoriamente, já deve estar 
acompanhada das razões recursais. Daí, inclusive, você extrai a conclusão da previsão de 
prazo maior. Porque parece ilógico, o CPP ter um prazo menor e no juizado ter um prazo maior. 
Mas quando você entende isso, você entende a razão dos 10 dias. Aí a pergunta óbvia: e se por 
acaso as razões recursais não forem oferecidas concomitantemente? 
 1ª Corrente: Se as razões recursais não forem apresentadas concomitantemente, 
uma primeira corrente entende que o recurso sequer deveria ser conhecido. Sobre isso: um 
julgado da 2ª turma do Supremo, que é o HC 85210. Essa corrente existe, mas parte de um 
pressuposto equivocado, de uma interpretação muito literal do dispositivo e que pode, até 
mesmo, colidir com o princípio da ampla defesa. Daí ser melhor a 2ª corrente. 
 2ª Corrente: Apesar do teor do art. 82, §1º, nada impede que as razões recursais 
sejam apresentadas posteriormente.STF – 1ª Turma: HC 85344. Vejam como essa questão é 
palpitante. Tem decisões divergentes de duas turmas do Supremo. 
HIPÓTESES DE CABIMENTO DE APELAÇÃO NO JUIZADO 
São basicamente três: 
1. Rejeição da peça acusatória 
2. Sentença homologatória da transação penal 
3. Decisão condenatória ou absolutória 
 HIPÓTESES DE CABIMENTO DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO JUIZADO 
Comentários: esse é um ponto que pode ser cobrado em prova objetiva. Na prova de delgado/DF 
colocaram um monte de pegadinha. Para esse tipo de examinador, a questão dos embargos 
declaratórios é interessante porque ele vai querer confundir você com os embargos de declaração 
do CPP e dos juizados. 
Art. 83 - Caberão embargos de declaração quando, em sentença ou acórdão, houver 
obscuridade, contradição, omissão ou dúvida. 
§ 1º - Os embargos de declaração serão opostos por escrito ou oralmente, no prazo de 
cinco dias, contados da ciência da decisão. 
§ 2º - Quando opostos contra sentença, os embargos de declaração suspenderão o 
prazo para o recurso. 
§ 3º - Os erros materiais podem ser corrigidos de ofício. 
Olha só como isso cai na prova como pegadinha. 
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EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO 
CPP 
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO 
JUIZADO 
Prazo de 02 dias Prazo de 05 dias 
Hipóteses de cabimento: 
• Obscuridade, 
• Ambigüidade, 
• Contradição ou 
• Omissão 
Hipóteses de cabimento: 
• Obscuridade, 
• Dúvida 
• Contradição 
• Omissão 
Interrupção do prazo recursal – seu prazo, 
para o outro recurso será renovado, a partir do 
zero. 
Contra sentença – Suspende 
Contra acórdão – Interrompe 
 
Caiu em prova: embargos de declaração no juizado suspendem ou interrompem? Se opostos 
contra sentença, suspendem o prazo para o outro recurso; se opostos contra acórdão de 
turma recursal, interrompem o prazo para o outro recurso. A lei diz isso. Infelizmente, para 
a prova objetiva o examinador pode cobrar. Se o legislador delimitou, no § 2º, que o prazo será 
suspenso, você pode concluir que, se opostos contra acórdão, segue a regra geral, ou seja, vai 
aplicar o CPP que, por sua vez, aplica subsidiariamente o Código de Processo Civil que vai dizer 
que o prazo será interrompido. 
HIPÓTESES DE CABIMENTO DE RESP E RE NO JUIZADO 
Comentários: são cabíveis no âmbito do juizado? A questão aqui é de mera interpretação da 
Constituição. Não vou nem cansá-los, mas quando a Constituição fala sobre o cabimento do 
Resp ela diz, lá no art. 105 que, para que seja cabível o Resp, a decisão deve ter sido proferida, 
em única ou última instância, por um Tribunal de Justiça ou por um TRF. Portanto, como 
turma recursal não pode ser considerada como tribunal, chega-se à conclusão de que não 
cabe Resp no âmbito do juizado. Prova disso, inclusive, é a Súmula 203, do STJ: 
STJ Súmula nº 203 - DJ 03.06.2002 - Não cabe recurso especial contra decisão 
proferida, nos limites de sua competência, por órgão de segundo grau dos Juizados 
Especiais. 
Observação: recurso extraordinário, por sua vez, é plenamente cabível. Obviamente, desde que 
preenchidos os requisitos tratados na Constituição Federal. 
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HIPÓTESES DE CABIMENTO DE HABEAS CORPUS NO JUIZADO 
Comentários: quem julga HC? Aí há um primeiro problema que gera controvérsia. Imagine que 
eu tenho um juiz do juizado e acima dele está uma turma recursal. Se o HC for contra o juiz do 
juizado, quem julga? Aí vem o problema porque se o HC está relacionado a um determinado 
processo, o ideal é que esse HC fosse apreciado pela própria turma recursal, já que é ela que 
julga o recurso e muitas vezes o HC funciona como substitutivo do recurso. Só que, cuidado, 
alguns vão dizer que esse juiz de primeira instancia, quando do julgamento do HC pode resultar 
o reconhecimento da prática de um crime (v.g. abuso de autoridade por parte do juiz do juizado), 
esse HC deveria ser julgado pelo TJ. Não é um tema tão pacífico quanto parece. O ideal é você 
dizer: se o HC funciona como substitutivo de um recurso, que seja julgado, então, pela turma 
recursal porque senão, de maneira oblíqua, você estaria permitindo que o TJ apreciasse um caso 
submetido à decisão do juizado. Porém, se houver prática, em tese, de abuso de autoridade, o HC 
deve ser apreciado pelo TJ. Cuidado! O ideal, para a prova, é dizer que vai para a turma 
recursal e só na hipótese de haver algum crime é que você pode cogitar do TJ. Um julgado 
que fala que quem julga HC contra juiz do juizado é a turma recursal é o RHC 9148. 
Caiu em prova: e o habeas corpus contra a turma recursal, vai para onde? Sobre esse assunto, 
precisamos primeiro dar uma olhada na Súmula 690: 
TF Súmula nº 690 - DJ de 13/10/2003 - Compete originariamente ao Supremo Tribunal 
Federal o julgamento de habeas corpus contra decisão de turma recursal de juizados 
especiais criminais. (Não Prevalência pelos HC 86834-DJ de 9/3/2007, HC 89378 AgR-
DJ de 15/12/2006 e HC 90905 AgR-DJ de 11/5/2007 - Determinam Competência para 
Tribunais de Justiça dos Estados) 
Essa súmula é o que há de mais absurdo. Se você para e pensa em celeridade, a partir do 
momento em que você afeta o julgamento desse HC ao Supremo, você acaba com qualquer idéia 
de celeridade. Um amigo meu defensor me contou um caso em que ele impetrou um HC. Era um 
caso complexo e ele entrou em 2005. Esse HC, sem pedido de liminar, foi julgado em 2008. 
Imagine o que significaria se todo HC interposto contra decisão de turma recursal tivesse que ser 
apreciado pelo Supremo. Na grande maioria dos casos não haveria liminar porque você 
dificilmente veria um constrangimento imediato à liberdade de locomoção. Sobre HC contra 
turma recursal, você vai anotar que a Súmula 690 está ultrapassada. Hoje prevalece que HC 
contra turma recursal vai para o respectivo TJ ou TRF, no âmbito federal. O julgado que 
marcou essa mudança de orientação é o HC 86009 e o HC 86834. 
 
 
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CONFLITO DE COMPETÊNCIA 
Comentários: em relação a isso, cuidado com a Súmula 348, do STJ. Anotem também o RE 
590409. Explico: imaginem que haja um conflito de competência entre um juiz do juizado 
especial criminal federal e um juiz federal. Quem vai dirimir esse conflito de competência? 
Quando a gente fala sobre isso, a dica que é dada é subir na hierarquia do Judiciário e buscar o 
órgão jurisdicional que seja comum, superior a ambos em matéria recursal. Nesse caso, você vai 
cair em qual órgão comum? Você poderia pensar, no TRF, mas o problema é que o TRF, no 
âmbito recursal, não tem como apreciar uma decisão dada pelo juizado especial porque isso vai 
ser apreciado por uma turma recursal. Então, na verdade, quando você sobe, o que acontece? No 
caso dos juizados, você sobe para a turma recursal, depois você sobre para o STJ (quando 
couber) e depois você sobe para o Supremo. No caso do juiz federal, você sobe para o TRF, 
depois para o STJ e depois você sobe para o STF. Se você olhar, o primeiro órgão comum a 
ambos seria o STJ. 
STF 
STJ STJ 
Turma Recursal TRF 
Juiz JEC FEDERAL Juiz Federal 
Daí surge a súmula que eu citei, que é a Súmula 348, do STJ: 
STJ Súmula nº 348 - DJe 09/06/2008 - Compete ao Superior Tribunal de Justiça decidir 
os conflitos de competência entre juizado especial federal e juízo federal, ainda que da 
mesma seção judiciária. 
O que acontece? Essa súmula valeu por um bom tempo, só que agora, o Supremo mandou 
embora. Então, cuidado com isso, e para quem vai fazer prova para a UNB é uma ótima questão. 
A Súmula 348 dizia que a competência seria do STJ. E você vai anotar: Para o Supremo, no 
entanto, se o juiz do juizado e o juiz federal estão submetidos à jurisdição do mesmo TRF, 
caberá a este TRF o julgamento do conflito de competência. O Supremo

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