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Aluna: Flávia P. Crusoé DIREITO PROCESSUAL PENAL II Profª: Mayana Salles TEORIA GERAL DAS MEDIDAS CAUTELARES PESSOAIS E MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO 1. Medidas Cautelares Pessoais As medidas cautelares são aplicadas pelo poder judiciário com a finalidade de resguardar o objeto jurídico penal, ou seja, são aplicadas no objetivo de acautelar algo no curso da investigação ou do processo, principalmente algo que afete o seu resultado final. 1.1. Espécies -Natureza patrimonial: quando envolver o património do investigado ou do réu. -Natureza probatória: quando for necessária a produção antecipada de provas -Natureza pessoal: são aquelas que restringem, ou seja, diminui ou privam a liberdade do indivíduo. Obs.: A polimorfologia cautelar é o estabelecimento de medidas cautelares diversas da prisão Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). I - Comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). II - Proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas infrações; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). IV - Proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou necessária para a investigação ou instrução; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). V - Recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o investigado ou acusado tenha residência e trabalho fixos; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). VI - Suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de reiteração; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). IX - Monitoração eletrônica. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). § 4o A fiança será aplicada de acordo com as disposições do Capítulo VI deste Título, podendo ser cumulada com outras medidas cautelares. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). 1.2. Características Acessoriedade: significa dizer que para que se tenha uma medida cautelar é necessária a existência da investigação ou seja, ela não existe sozinha. Instrumentalidade: possuem instrumentalidade qualificada, de modo que é um instrumento de um instrumento, ou seja, do processo, visto que a medida cautelar é um instrumento de salvaguardar o processo. Sumariedade: a analise é feita de forma mais superficial, sem o aprofundamento de uma decisão de mérito, vez que o processo ou a investigação ainda esta em curso, nem a necessidade de um juízo de cert4eza, não significando que a decisão não é fundamentada, apenas sumária, superficial. Preventividade: isto porque a medida cautelar visa a prevenção de danos ao curso da investigação e ao próprio processo criminal. Provisoriedade: a medida cautelar pessoal é temporária, vez que pode ser modificada e existente enquanto houver necessidade, não tendo força de definitiva. Revogabilidade: da mesma forma que o juiz pode decretar a medida, ele pode revogá-la, tanto de ofício, ou sem, sem manifestação das partes, ou após a manifestação de uma das partes. Aluna: Flávia P. Crusoé Referibilidade: a medida cautelar deve se referir ao risco, vigorando a analise em relação à contemporaneidade do risco, ou seja, o juiz deve demonstrar o risco ao processo em curso e por isso a medida cautelar, devendo existir a relação entre a contemporaneidade e o risco ao processo ou à investigação. Jurisdicionalidade: significa dizer que quem aplica as medidas cautelares é o poder judiciário, via de regra, vez que a existe exceção, como por exemplo, uma situação em que é aplicada a lei maria da penha e não há juiz no momento, possibilitando o delegado aplicar a medida cautelar, sendo controlado posteriormente pelo judiciário. Legalidade: as medidas cautelares judiciais precisam estar previstas em Lei. 1.3. Princípios Presunção de inocência: enquanto não houver sentença penal condenatória transitada em julgado, considera- se o reu diz presumidamente inocente, fazendo com que as medidas cautelares só sejam aplicadas em real necessidade. Homogeneidade: é a necessidade de se analisar proporcionalidade entre a medida e o curso do processo e à possibilidade do sujeito ser condenado, não podendo, assim, a medida ser mais grave do que aquilo que o sujeito pode receber no fim do processo. Vedação à prisão por força da lei: é a vedação automática a prisão que a lei mesmo estabelece. Excepcionalidade: as medidas cautelares, principalmente as prisionais, são excepcionais, vez que a regra é a liberdade e a exceção a restrição da liberdade. Princípio da confiança no juiz: é aquele que diz sobre a confiança depositada na ideia de que o juiz tem a capacidade e condição de decidir da melhor forma possível, considerando, até, a sua proximidade com o processo. Obs.: A medida cautelar, por via de regra, é decretada pelo judiciário analisando o caso concreto. Desta forma, o juiz de garantias estabelece o afastamento do juiz que decretou a medida cautelar, de modo que, caso a denuncia já para o Ministério Público, seja julgada por um juiz imparcial, vez que é considerado que o juiz que já decretou a prisão do réu, em determinado momento do curso do processo, não tenha mais contato e, a partir de então, seja conduzido por um juiz considerado “limpo”. 1.4. Pressupostos Se fala em pressupostos no que se refere ao que é obrigatório, o que é necessário para se decretar a medida cautelar. Femus comissi delicti é a fumaça do cometimento do delito. Ou seja, trata da necessidade de se ter o crime para se decretar a medida cautelar de natureza criminal. Mas o crime por se só não é suficiente, sendo necessário o juiz demonstrar o perigo da liberdade, ou seja, a periculum libertatis. Cumpre destacar que as medidas cautelares prisionais são exceções por ser medidas mais drásticas e severas, considerando que, hoje em dia, existem outras medidas cautelares, além da prisão, e considerando, ainda, o sistema carcerário brasileiro. 1.5. Poder geral de cautela No processo civil, o juiz pode decretar a medida cautelar que ele entenda mais adequada pra situação concreta, ainda que não prevista em lei. Todavia, no âmbito do processo penal, antes, as medidas cautelares deveriam ser aquelas previstas em lei, mas, o entendimento mais moderna entende que se pode utilizar do poder do magistrado para que ele possa aplicar a medida cautelar que mais se adeque no caso concreto. 1.6. Necessidade e adequação Para que haja decretação de medida cautelar é necessário que tenha necessidade e adequação, ou seja, uma razão, demonstrada pelo juiz, e assim, se analisa a medida cautelar mais adequada, a partir da razão dela estar existindo. É possível que o juiz aplique mais de uma medida cautelar, ou seja, acumulativa, partindo do pressuposto da adequação, de modo que se o juiz julga não ser adequado, no caso concreto, apenas uma, poderá aplicar outras. 1.7. Legitimidade para decretarÉ sobre a regra geral de só o juiz poder decretar medida cautelar, não podendo decretar de ofício. Aluna: Flávia P. Crusoé A doutrina entende que, como o titular da denuncia é o Ministério Publico – MP, ele possa opinar quando a decretação da medida cautelar, mesmo que a lei se cale em relação a isso, fazendo com que, mesmo não sendo obrigatório, a maioria dos juízes acabem escutando o MP quanto à decretação da medida cautelar. Em caso de descumprimento de medida cautelar e o sujeito for flagrado, sendo essa diversa da prisão por razão obvias, o juiz volta a analisar a necessidade e adequação, podendo, assim, acrescentar outras medidas cautelares ou até substituir uma nova medida. 1.8. Revogação Pode ser revogada de ofício ou a pedido das partes, quando o juiz entender que o motivo que fundamentava a decretação não existe mais, como por exemplo, quando as testemunhas de acusação já foram ouvidas, ou quando o sujeito já é preso definitivamente. PRISÕES 1. Conceito Não se pode confundir prisão cautelar com prisão pena, vez que essa é imposta em decorrência de uma sentença penal condenatória transitada em julgado. Enquanto não houver transito em julgado e a referida sentença, qualquer prisão é a cautelar. 1.1. Execução de uma prisão 1.1.1. Mandado de prisão A prisão em flagrante não precisa de mandado, apenas a preventiva e a temporária. A regra para que seja executada uma prisão, a regra é a apresentação do mandado, porem, excecionalmente, em caso de crime inafiançável, é possível que a execução da prisão, já decretada pelo juiz, seja sem o mandado. 1.1.2. Restrição de horário e inviolabilidade domiciliar Para a prisão em flagrante não há restrição de horário, mas, a decretada, a preventiva e a temporária, é necessário que haja o respeito de horário, principalmente se envolver a violação domiciliar. 1.1.3. Prisão em perseguição Prisão em perseguição ocorre quando o executor avista o condenado e o persegue, mesmo que depois o perca de vista. Ou então, quando sabe, por fontes confiáveis, que o capturado passou, há pouco tempo, em determinada direção. 1.1.4. Prisão em território diverso da atuação judicial Quando realizada em outra comarca, o preso se apresenta à autoridade judicial do local da prisão, e depois é feita a remessa ao local da atuação judicial. Obs.: O uso de algemas é excepcional. Durante muito tempo era praticamente a regra. Súmula nº 11 do STF: Só é lícito o uso de algemas em caso de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado" 2. Prisão em Flagrante A ideia da prisão em flagrante é o sujeito ser pego cometendo o crime, ou seja, quando ele está acontecendo, de modo que a prisão acontece pelo a crime está sendo cometido. 2.1. Natureza jurídica precautelar Majoritariamente se entende que a prisão em flagrante tem natureza precautelar, porque depois que ela acontece, o juiz analisa se existe a necessidade de se decretar uma medida cautelar ou não, fazendo com que o sujeito não fique preso por conta da prisão em flagrante e sim as consequências dessa. 2.2. Fundamento Cessar a lesão penal; Aluna: Flávia P. Crusoé Colher o maior número de provas; Evitar fuga do infrator; Proteger o infrator. 2.3. Sujeitos da prisão em flagrante Sujeito ativo: quem realiza a prisão, quem prende. ▪ Sujeito ativo facultativo: nos casos em que o sujeito tem a opção ou não de prender o criminoso. Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito. ▪ Sujeito ativo obrigatório: aqueles que trabalham com a segurança pública tem a obrigação de realizar a prisão em flagrante. Sujeito Passivo: é o sujeito que esta sendo preso. 2.4. Espécies de flagrante Para o CPC, a prisão em flagrante deve ser feita dentro da legalidade, ou seja, dentro das hipóteses que a lei autoriza, materialmente legal. Depois de realizada, ainda é necessário atender as formalidades da autuação do flagrante, ou seja, quando ela é formalizada. Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem: I - Está cometendo a infração penal; II - Acaba de cometê-la; III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração; IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração. Flagrante próprio (propriamente dito, real ou verdadeiro) É quando o sujeito está cometendo a infração penal (inciso I do art. 302 do CPP), de modo que entra perfeitamente no conceito de flagra. Também é considerado flagrante próprio quando o sujeito acabou de cometê-la (inciso II do art. 302 do CPP), de modo que ele não esta, ainda, praticando atos de execução, mas o crime acabou de acontecer. Flagrante impróprio (irreal ou quase flagrante) Nesse tipo de flagrante o sujeito é perseguido logo após a prática do crime, fazendo presumir ser ele o autor da infração penal (inciso III do art. 302 do CPP), de modo que a perseguição deve ser iniciada logo após a prática do crime e interrupta, vez que as autoridades podem até perder de vista o sujeito, mas não podem interromper a perseguição, já que caso interrompida, a prisão em flagrante deixa de ser autorizada. Flagrante presumido (ficto ou assimilado) Acontece quando o agente é encontrado logo depois da prática do crime (inciso IV do art. 302 do CPP). Obs.: A doutrina costuma dizer que “logo após” da uma ideia de imediatidade, e que “logo depois” carrega uma ideia de lapso temporal um pouco mais extendido. Flagrante esperado É aquele realizado quando a autoridade policial já sabe que o crime vai acontecer, antes do crime acontecer, e apenas espera o ato executório para realizar a prisão em flagrante. É legal pois a autoridade policial, mesmo sabendo que irá acontecer, ela não tem envolvência nenhuma na ocorrência do crime. Flagrante preparado (flagrante provocado, crime de ensaio) Nesse caso, já um incentivo à prática do crime para que o flagrante possa ser realizado, existindo a figura do terceiro provocador, geralmente o policial, se diferenciando assim do flagrante esperado. É considerado pela maioria da doutrina e pelo STF, ilegal. Súmula 145 do STF: Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação. Aluna: Flávia P. Crusoé O fundamento para ser ilegal é a ideia de o agente estatal não poder estimular a a prática do crime para realizar a prisão em flagrante, de quem quer que seja. Há gente que acredite também que tanto o flagrante esperado, quanto o preparado, seja apenas um reflexo de um bom trabalho da polícia, que investigou e sabe da intenção de cometer o crime. Flagrante prorrogado (retardado, postergado, diferido ou ação controlada) É a espécie que a polícia posterga a prisão em flagrante com o objetivo de prender o maior número de agentes possíveis ou de colher o maior número de provas. Não é possível em todo e qualquer crime, é preciso haver previsão legal. Flagrante forjado É o flagrante em que o crime de fato não existe, ele é criado para prejudicar alguém e o sujeito ser preso em flagrante, sendo um tipo de flagrante ilegal, que encontra como dificuldade principal a questão probatória. Flagrante cataléptico É o flagrante da vingança, em que a autoridade policial realiza após não ter atendido um pedido de suborno. É como se tivesse o direito de prender, não realiza a prisão e depois realizaa prisão novamente. Acontece muitas vezes quando o sujeito não aceita o suborno da autoridade policial. É considerado ilegal justamente pela motivação da sua ocorrência. Apresentação espontânea A apresentação espontânea do sujeito na delegacia não tem como configurar a prisão em flagrante, mesmo que ele seja preso depois. 2.5. Flagrante nos crimes habituais, crime permanente e crime continuado Crime permanente é aquele cuja execução se prolonga no tempo, e, nesses casos, enquanto não for cessada a permanência, a prisão em flagrante pode ocorrer. A mesma lógica para os crimes continuados, que é uma espécie de concurso de crimes, de modo que enquanto houver continuidade delitiva, a prisão pode ocorrer. Os crimes habituais são aqueles que é necessário que o sujeito realize o crime mais de uma vez, sendo necessária a habitualidade. Portanto, nesses casos, para a ocorrência da prisão em flagrante, a dificuldade é provar a certeza da habitualidade, vez que a doutrina diz que se aquela conduta que esta sendo flagrada for passível de prova de habitualidade, a prisão em flagrante pode ocorrer. Todavia, se a conduta se mostra, no primeiro momento, como isolada, a prisão, no primeiro momento, não pode ocorrer. 2.6. Flagrante de acordo com a ação penal do delito praticado Nos crimes de ação penal publica incondicionada, o flagrante pode acontecer independente da vontade da vítima. Nos crimes de ação penal pública condicionado a representação e nos crimes de ação penal privada, é necessária a manifestação de vontade da vítima ou do seu representante. 2.7. Formalidade para lavratura do auto de prisão em flagrante Deve considerar as hipóteses autorizadoras de quando pode ser realizada. Já sobre a lavratura do auto de prisão em flagrante, quem realiza é o escrivão, sendo que o delegado, a autoridade de polícia, é quem formaliza, então é necessário que ele esteja. I. Autoridade competente para lavratura; II. Necessidade de comunicação a família do preso ou a pessoa por ele indicada; III. Comunicação imediata ao juiz competente e ao MP; IV. Oitivas (condutor, testemunhas, vítima e conduzido, nessa ordem). → Condutor: aquele que realiza a prisão e a primeira pessoa a ser ouvida, normalmente um policial. → Testemunhas: pessoas que presenciou a infração e da realização da prisão. → Vítima: caso haja alguma vítima a infração realizada. → Conduzido: o sujeito que foi preso. -Nota de Culpa: documento que informa ao preso porque ele está preso que deve ser entregue ao preso em até 24hrs. Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por ele indicada. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). Aluna: Flávia P. Crusoé § 1o Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). § 2o No mesmo prazo, será entregue ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). -Prazo: o auto de prisão em flagrante, ou seja, a formalização do flagrante e o envio para justiça, deve ser encaminhado em até 24hrs. Caso haja advogado, deve ser encaminhado para a defensória pública no mesmo prazo. -Liberdade concedida pelo delegado de polícia: a verificação sobre a possibilidade de conceder liberdade é feita pelo juiz, via de regra. A exceção é a liberdade provisória pelo delegado de polícia, nos casos de crimes com pouco potencial ofensivo, com pena em abstrato de até 4 anos. -Recolhimento do preso: o preso só é recolhido ao cárcere depois da formalização do flagrante. -Audiência de custódia: ela vem para estabelecer o contato visual do preso com o juiz, o MP e o defensor público ou advogado. Ocorre 24hrs após o auto chegar na justiça. LIBERDADE PROVISÓRIA 1. Conceito É a medida de contracautela que visa reestabelecer a liberdade, evitando-se assim, a decretação da prisão preventiva. Se discute, então, a liberdade do sujeito, não se ele é culpado ou inocente. É se ele pode ou não pode responder o processo em liberdade. O instituo, por ser mais antigo, traz consigo uma ideia que de prisão é a regra e a liberdade é exceção, mas, hoje em dia, o entendimento já é claro quanto a ideia de que a prisão sempre exceção. 2. Relaxamento de prisão x Revogação da prisão x Liberdade provisória A expressão relaxamento traz a ideia da prisão ilegal. Assim, cumpre destacar que a ideia de ilegalidade trata da uma prisão realizada fora dos parâmetros. Ao se falar de revogação, se trata de dois tipos de prisão, a temporária e a preventiva. Se pede, então, a revogação da prisão quando houver discordância dos fundamentos apresentados para aquela decretação de prisão. Quando se estiver diante de uma prisão em flagrante realizada de forma legal, é solicitada a liberdade provisória, de modo que a defesa demonstra ao juiz que não há necessidade da prisão preventiva, ou seja, que seus requisitos não estão presentes, vez que antecede a decretação da prisão preventiva. Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, o juiz deverá promover audiência de custódia com a presença do acusado, seu advogado constituído ou membro da Defensoria Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz deverá, fundamentadamente: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) I - Relaxar a prisão ilegal; ou (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). II - Converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão; ou (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). § 1º Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente praticou o fato em qualquer das condições constantes dos incisos I, II ou III do caput do art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade provisória, mediante termo de comparecimento obrigatório a todos os atos processuais, sob pena de revogação. (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) § 2º Se o juiz verificar que o agente é reincidente ou que integra organização criminosa armada ou milícia, ou que porta arma de fogo de uso restrito, deverá denegar a liberdade provisória, com ou sem medidas cautelares. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) Aluna: Flávia P. Crusoé § 3º A autoridade que deu causa, sem motivação idônea, à não realização da audiência de custódia no prazo estabelecido no caput deste artigo responderá administrativa, civil e penalmente pela omissão. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) § 4º Transcorridas 24 (vinte e quatro) horas após o decurso do prazo estabelecido no caput deste artigo, a não realização de audiência de custódia sem motivação idônea ensejará também a ilegalidade da prisão, a ser relaxada pela autoridade competente, sem prejuízo da possibilidade de imediata decretação de prisão preventiva. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) (Vide ADI 6.298) (Vide ADI 6.300) (Vide ADI 6.305) 3. Espécies de liberdade provisória 3.1. Liberdade provisória obrigatória Essa espécie era específica de uma regramento, já não mais existente, que trazia a ideia do réu “livrar-se solto”, que previa certos tipos de “livramento” obrigatório, dependendo do crimeque foi cometido. Só que essa expressão não existe mais, mas a doutrina costuma dizer que ainda existe a liberdade provisória obrigatória, contemplando as situações em que o sujeito preso em flagrante permaneça, obrigatoriamente, solto. Ex.: Quando há flagrante de usuário de maconha, que não há necessidade de se analisar se precisa ou não que o sujeito permaneça preso. Ou então o sujeito que se envolve em um crime do Código de Trânsito Brasileiro e parar pra prestar socorro à uma vítima. 3.2. Liberdade provisória vedada É a liberdade provisória que a própria lei proíbe, abstratamente, de ser concedida, sem analisar qualquer caso concreto. Quando se fala nessa espécie, é como se colocasse todos os sujeitos fossem iguais, vez que não há como se vedar a liberdade provisória sem analisar, concretamente, o caso e o sujeito. Obs.: O STF declarou inconstitucional a proibição da liberdade provisória nos crimes hediondos e aqueles previstos na Lei de Drogas, justamente pela impossibilidade de se julgar o caso de forma abstrata. Todavia, existe uma possibilidade de liberdade provisória vedada por lei, conforme descrito abaixo: Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, o juiz deverá promover audiência de custódia com a presença do acusado, seu advogado constituído ou membro da Defensoria Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz deverá, fundamentadamente: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) § 2º Se o juiz verificar que o agente é reincidente ou que integra organização criminosa armada ou milícia, ou que porta arma de fogo de uso restrito, deverá denegar a liberdade provisória, com ou sem medidas cautelares. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) 3.3. Liberdade provisória possível É a liberdade provisória que é falada normalmente, possível de ser concedida e analisada pelo juiz para saber se vai ser concedida ou não. 3.3.1. Com Fiança A liberdade provisória com fiança é aquela que, para ser concedida, vai ser necessário uma espécie de calção, que tem como principal objetivo é efetivar o vínculo do sujeito com o processo. Importante destacar que quando é previsto um crime “inafiançável”, não significa dizer que não cabe a liberdade provisória genericamente, e sim, que não cabe a liberdade provisória através do pagamento do calção. FIANÇA = CALÇÃO PRESTADO DE DIVERSAS FORMAS, OBJETIVANDO ESTABELECER O VÍNCULO SUJEITO-PROCESSO O valor é decidido com base nos critérios objetivos e subjetivos. ▪ Critérios objetivos: valor fixado com base no crime praticado. Art. 325. O valor da fiança será fixado pela autoridade que a conceder nos seguintes limites: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). Aluna: Flávia P. Crusoé I - De 1 (um) a 100 (cem) salários-mínimos, quando se tratar de infração cuja pena privativa de liberdade, no grau máximo, não for superior a 4 (quatro) anos; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). II - De 10 (dez) a 200 (duzentos) salários-mínimos, quando o máximo da pena privativa de liberdade cominada for superior a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). § 1o Se assim recomendar a situação econômica do preso, a fiança poderá ser: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). I - Dispensada, na forma do art. 350 deste Código; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). II - Reduzida até o máximo de 2/3 (dois terços); ou (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). III - aumentada em até 1.000 (mil) vezes. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). ▪ Critérios subjetivos: natureza da infração penal. Art. 326. Para determinar o valor da fiança, a autoridade terá em consideração a natureza da infração, as condições pessoais de fortuna e vida pregressa do acusado, as circunstâncias indicativas de sua periculosidade, bem como a importância provável das custas do processo, até final julgamento. São as formas de prestação de fiança: Depósito de dinheiro, pedras, objetos ou metais preciosos; Títulos da dívida pública federal, estadual ou municipal; Hipoteca inscrita em primeiro lugar. Art. 330. A fiança, que será sempre definitiva, consistirá em depósito de dinheiro, pedras, objetos ou metais preciosos, títulos da dívida pública, federal, estadual ou municipal, ou em hipoteca inscrita em primeiro lugar. § 1o A avaliação de imóvel, ou de pedras, objetos ou metais preciosos será feita imediatamente por perito nomeado pela autoridade. § 2o Quando a fiança consistir em caução de títulos da dívida pública, o valor será determinado pela sua cotação em Bolsa, e, sendo nominativos, exigir-se-á prova de que se acham livres de ônus. Dessa forma, é estabelecido, ao afiançado, algumas obrigações, prevista no Código Penal. Art. 327. A fiança tomada por termo obrigará o afiançado a comparecer perante a autoridade, todas as vezes que for intimado para atos do inquérito e da instrução criminal e para o julgamento. Quando o réu não comparecer, a fiança será havida como quebrada. Art. 328. O réu afiançado não poderá, sob pena de quebramento da fiança, mudar de residência, sem prévia permissão da autoridade processante, ou ausentar-se por mais de 8 (oito) dias de sua residência, sem comunicar àquela autoridade o lugar onde será encontrado. Os crimes afiançáveis são dados por lógica, vez que são considerados aqueles que a lei não veta o pagamento de fiança, como por exemplo: Art. 323. Não será concedida fiança: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). I - Nos crimes de racismo; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). II - Nos crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo e nos definidos como crimes hediondos; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). III - nos crimes cometidos por grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). A liberdade provisória é concedida após a autuação da prisão em flagrante, antes, logicamente, da eventual decretação da prisão preventiva. A regra é que o juiz, com ou sem fiança, conceda a liberdade provisória, de modo que, de mesma forma, por regra, quem concede a fiança, também será o juiz. Mas o delegado também tem competência para conceder, nos crimes com pena de até 4 anos. Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). → RÉU POBRE Aluna: Flávia P. Crusoé Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança será requerida ao juiz, que decidirá em 48 (quarenta e oito) horas. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). São as possíveis consequências processuais da fiança: Cassação da fiança Vai ser cassada quando for concedida de forma equivocada, por erro. Art. 338. A fiança que se reconheça não ser cabível na espécie será cassada em qualquer fase do processo. Reforço da fiança Será necessário quando for percebido que há uma necessidade de se complementar a fiança. Art. 340. Será exigido o reforço da fiança: I - Quando a autoridade tomar, por engano, fiança insuficiente; II - Quando houver depreciação material ou perecimento dos bens hipotecados ou caucionados, ou depreciação dos metais ou pedras preciosas; III - quando for inovada a classificação do delito. Fiança Inidônea É aquela que, quando solicitada, não é reforçada. Art. 340. Será exigido o reforço da fiança: Parágrafo único. A fiança ficará sem efeito e o réu será recolhido à prisão, quando, na conformidade deste artigo, não for reforçada. Quebra de Fiança É a ideia de que o Estado deposita ao sujeito uma certa confiança e ele a quebra. Art. 341. Julgar-se-á quebrada a fiança quando o acusado:(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). I - Regularmente intimado para ato do processo, deixar de comparecer, sem motivo justo; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). II - Deliberadamente praticar ato de obstrução ao andamento do processo; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). III - descumprir medida cautelar imposta cumulativamente com a fiança; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). IV - Resistir injustificadamente a ordem judicial; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). V - Praticar nova infração penal dolosa. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). Art. 343. O quebramento injustificado da fiança importará na perda de metade do seu valor, cabendo ao juiz decidir sobre a imposição de outras medidas cautelares ou, se for o caso, a decretação da prisão preventiva. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). Se o sujeito quebra a fiança, é dada a possibilidade ao juiz decretar outras medidas cautelares, além da prisão, ou a preventiva, e, ainda, decretar a perda, ao sujeito, da metade da fiança, ainda que ele seja absolvido no final do processo. Perda da fiança Quando o sujeito condenado não se apresenta para o cumprimento da pena, perdendo assim a totalidade aplicada em fiança. Se ele for condenado, se apresentar e não ter quebrado a fiança, o valor vai ser usado para outros gastos e o que sobrar, ao fundo penitenciário. Art. 344. Entender-se-á perdido, na totalidade, o valor da fiança, se, condenado, o acusado não se apresentar para o início do cumprimento da pena definitivamente imposta. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). Art. 345. No caso de perda da fiança, o seu valor, deduzidas as custas e mais encargos a que o acusado estiver obrigado, será recolhido ao fundo penitenciário, na forma da lei. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). Aluna: Flávia P. Crusoé 3.3.2. Sem Fiança A liberdade provisória sem fiança é aquela que sera concedida sem nenhuma necessidade de pagamento algum. Vai haver a liberdade provisória sem fiança nas seguintes hipóteses: Excludente de ilicitude: quando ocorre uma excludente na prática do crime; Desnecessidade de prisão preventiva: quando o juiz entende que não há necessidade de preventiva e não cabe fiança; Situação econômica do preso: quando, assim, ela indicar que o sujeito não tem condição de pagar a fiança, qualquer que seja o valor; Liberdade provisória obrigatória: quando a própria lei decreta, como no caso do Código de Transito. 3.3.3. Recurso Cabível CONTRA DECISÃO QUE CONCEDE A LIBERDADE PROVISÓRIA CONTRA DECISÃO QUE DENEGA A LIBERDADE PROVISÓRIA Cabe recurso em sentido estrito (RESE). Não há um recurso, apenas a possibilidade de impetrar um habeas corpus. PRISÃO PREVENTIVA 1. Conceito É uma espécie de prisão cautelar decretada pelo poder judiciário, presumindo ordem judicial, desde que preenchidos os requisitos dos art. 312 e 313 do CPP. Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) § 1º A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas cautelares (art. 282, § 4o). (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) § 2º A decisão que decretar a prisão preventiva deve ser motivada e fundamentada em receio de perigo e existência concreta de fatos novos ou contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida adotada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Possui natureza jurídica de medida cautelar, já que visa proteger a percussão penal, tanto a investigação quanto o processo. 2. Momento A prisão preventiva pode ser decretada tanto na fase de investigação quanto no curso do processo penal, segundo a jurisprudência. Em ambas as fases, a prisão preventiva não pode ser decretada de ofício, ou seja, é necessário que haja uma provocação do poder judiciário. Isto por conta da separação necessária para uma imparcialidade do juiz. 3. Legitimidade O poder judiciário possui legitimidade para decretar a prisão preventiva, seja o juiz de 1ª ou 2ª instância. Já para requerer, pode o MP, o querelante e o assistente de acusação, podem requerer o interesse de decretação da prisão preventiva, enquanto quem pode representar é o delegado de polícia. O entendimento recente é de que não há como ocorrer a conversão do auto de prisão em flagrante em prisão preventiva, de ofício. 4. Espécies Prisão Preventiva Originária É aquela que é a primeira prisão decretada, não deriva da prisão em flagrante. Aluna: Flávia P. Crusoé Prisão Preventiva Derivada É aquela que deriva de uma prisão em flagrante, ou seja, aquela convertida em prisão preventiva. Prisão Preventiva Decorrente de descumprimento de outras medidas É possível decretar a preventiva em decorrência do descumprimento outras medidas cautelares não prisionais, anteriormente decretadas. 5. Pressupostos São pressupostos da prisão preventiva, são os mesmos já citados, femus comissi delicti, ou seja, a necessidade de se ter o crime para se decretar a medida cautelar de natureza criminal, e ainda, o perigo da liberdade, ou seja, periculum libertatis. Isso é posto claro no art. 312, que demonstra as causas podem gerar a prisão preventiva. 6. Hipóteses de justificação (art. 312 do CPP) Importante destacar que essas não são acumulativas, bastando apenas uma delas 6.1. Garantia da ordem pública É a mais abstrata, vez que ordem pública tem uma relação com paz social, segundo a doutrina e a jurisprudência, ou seja, com a tranquilidade da vida em sociedade. A gravidade do crime deve ser levada em concreto, não abstratamente, ou seja, não há como se analisar o tipo penal em abstrato, e sim considerando o caso real. A periculosidade do agente também se relaciona com a garantia da ordem pública, vez que analisa qual o perigo que o agente demonstra a sociedade. Esta análise é feita juntamente com a ideia da vida progressa do sujeito, vez que a existências de ações penais demonstrariam uma certa personalidade do sujeito e sua conduta e, dessa forma, a sua periculosidade. De todo modo, é importante destacar a Súmula nº 444 do STJ não é aplicada nesse caso, apenas na dosimetria de pena. Súmula nº 444 do STJ: É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base. O modus operandi, ou seja, como o crime foi executado e seu nível de crueldade também se relacionam com a garantia da ordem pública, vez que, quanto mais grave a forma que o crime foi realizado, consequentemente aumenta a sua gravidade no caso concreto e ainda, afeta mais a ordem pública, mesmo que comparado com outros casos do mesmo tipo penal em abstrato. Importante destacar que, mesmo que a teoria não preveja dessa forma, na prática o clamor popular acaba sendo um fundamento para a decretação da prisão preventiva, em casos de crime com grande repercussão social. 6.2. Garantia da ordem econômica Nesses casos, é necessário que haja um crime com repercussão econômica não individualizada, de forma global, não estritamente relacionados ao património, como furto, mas sim como os crimes previstos na Lei de crimes tributários, por exemplo. 6.3. Conveniência da instrução criminal Aqui se entende tanto a conveniência da investigação, quanto a do processo, ou seja, se entende que o perigo da liberdade do individuo vai pôr em risco o curso natural, normal, do qualquer um dos dois procedimentos. 6.4. Assegurar a aplicação da lei penal Garante que o sujeito não se furte a aplicação da lei penal, é a garantia de que se o sujeitocondenado for, ele cumpra que cumpra a pena garantida na tipificação penal. 6.5. Descumprimento de outras medidas O descumprimento de uma medida cautelar não gera automaticamente a prisão preventiva, mas, pode ser considerado um argumento para a decretação da prisão preventiva. Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) § 1º A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas cautelares (art. 282, § 4o). (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) Aluna: Flávia P. Crusoé 7. Hipóteses de admissibilidade (art. 313 do CPP) Aqui trata da legalidade da decretação da prisão preventiva, sendo as suas hipóteses: Crime doloso com pena superior a 4 anos; Reincidente em crime doloso; Violência domésticas e familiar (não apenas a Lei Maria da Penha); Prisão esclarecedora (art. 313, §1º do CPP). Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). I - Nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). II - Se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). § 1º Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da medida. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) § 2º Não será admitida a decretação da prisão preventiva com a finalidade de antecipação de cumprimento de pena ou como decorrência imediata de investigação criminal ou da apresentação ou recebimento de denúncia. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) A diferença é que o art. 312, §1º trata das medidas cautelares não prisionais do art. 139, enquanto o art. 313 trata de medida específica protetiva à mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência Obs.: a prisão ilegal, mesmo reconhecida, não impede que o juiz decrete a preventiva, pois são fundamentos distintos, de modo que há como se acumular pedidos, o de relaxamento de prisão e o de liberdade provisória. 8. Duração Não há prazo determinado para a prisão preventiva pelo CPP. O judiciário só analisava a durabilidade da prisão preventiva quando era provocado, sendo ela introduzida por lei, apenas no Pacote Anti-crime, que estabelece o prazo de 90 dias para revisão da prisão preventiva, enquanto ela ainda ocorra até o 2º grau, não gerando a liberdade automática do individuo caso não ocorra 8.1. Configuração de excesso Existe a legação de excesso de prazo na prisão preventiva quando o processo em si, de acordo com o caso concreto, já passou de uma duração razoável. A dificuldade é exatamente essa, a dependência do caso concreto e a razão da demora. O reconhecimento do excesso, com a consequente revogação da prisão preventiva, não impede uma posterior nova decretação, desde que seja por um novo fundamento. O excesso reconhecido em relação a um corréu se estende ao outro, quando é algo genérico, mas quando o excesso tem uma relação pessoal com o individuo, não se estende. 9. Apresentação espontânea O sujeito não pode ser preso em flagrante se se apresentar, espontaneamente, na delegacia, mas não impede a decretação de prisão preventiva, estando na legalidade e justificado. 10. Revogação e relaxamento PRISÃO É ILEGAL → SE PLEITEIA O RELAXAMENTO PRISÃO É LEGAL E SE DISCORDA DO FUNDAMENTO → SE PLEITEIA A REVOGAÇÃO Aluna: Flávia P. Crusoé PRISÃO TEMPORÁRIA 1. Conceito Não esta prevista no CPP e sim na Lei nº 7.960, de 1989. Surge em meio de muita polêmica, por ter decorrido de uma medida provisória, e, portanto, por sua característica, houve ação de inconstitucionalidade. No mesmo ano surge a Lei nº 7.960, e o STF entende que ela não foi originada da medida provisória e, assim, trouxe a constitucionalidade da prisão temporária. A prisão temporária é uma espécie de prisão cautelar, decretada pelo juiz, exclusivamente na fase de investigação, que busca colher elementos relacionados à materialidade e a autoria delitiva. Ou seja, não há como se decretar prisão temporária na fase processual, de ação penal, caso aconteça é ilegal. Sua natureza é de medida cautelar, nesse caso, para assegurar o normal andamento da investigação. É importante destacar que a preventiva não se confunde com a temporária, sendo muito mais complexo a decretação da temporária, até pelo seu prazo. 2. Requisitos São os requisitos de cabimento da prisão temporária são essencialmente o periculum libertatis e o femus comissi delicti: Risco para o curso das investigação criminal; O fato de não ter residência física ser um fator determinante, conjugado com a dificuldade para a investigação; Dificuldade de esclarecimento da identidade do sujeito civilmente; Fundada razão de autoria daquele sujeito, em determinados crimes. Art. 1° Caberá prisão temporária: (Vide ADI 3360) (Vide ADI 4109) I - Quando imprescindível para as investigações do inquérito policial; (periculum libertatis) II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade; (periculum libertatis) III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes: (femus comissi delicti) a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2°); b) sequestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus §§ 1° e 2°); c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°); d) extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1° e 2°); e) extorsão mediante sequestro (art. 159, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°); f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo único); (Vide Decreto-Lei nº 2.848, de 1940) g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo único); (Vide Decreto-Lei nº 2.848, de 1940) h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com o art. 223 caput, e parágrafo único); (Vide Decreto-Lei nº 2.848, de 1940) i) epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1°); j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal qualificado pela morte (art. 270, caput, combinado com art. 285); l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Penal; m) genocídio (arts. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889, de 1° de outubro de 1956), em qualquer de sua formas típicas; n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n° 6.368, de 21 de outubro de 1976); o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n° 7.492, de 16 de junho de 1986). p) crimes previstos na Lei de Terrorismo. (Incluído pela Lei nº 13.260, de 2016) Obs.: Além desses, também cabe prisão temporária nos crimes hediondos e aqueles equiparados, vez que a própria Lei dos Crimes Hediondos prevê a possibilidade de prisão temporária, complementando a Lei nº 7.960.Não sendo nenhum crime previsto nem hediondo, será uma prisão ilegal, incidindo, assim, o pleito de relaxamento. Para que o juiz decrete a prisão, o entendimento majoritário é de que o requisito disposto no inciso III deve sempre estar presente, junto com o inciso I ou o II, não sendo suficiente, para a decretação, a presença apenas do inciso III, podendo ser identificado junto com os outros dois incisos, ou apenas um dos outros dois. https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2259375 https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2629686 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art121 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art148 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art157 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art158 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art159 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art213. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art223 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art223 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art223 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art214 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art223 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art223 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art223 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art219 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art223 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art219 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art219 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art267%C2%A71 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art270 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art285 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art288 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L2889.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L2889.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L2889.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6368.htm#art12 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7492.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13260.htm#art18 Aluna: Flávia P. Crusoé 3. Procedimento → Decretação: não há como haver decretação de prisão temporária de ofício, pelo magistrado, sendo decretada pelo juiz desde que haja um pedido nesse sentido. Assim, a temporária, por ser mais urgente, tem sua decretação mais rápida, portanto, é dado o prazo de pelo menos 24 horas para que seja o juiz decida sobre a decretação. → Legitimidade para requerer: já a legitimidade para requerer é dada ao Ministério Público e para o Delegado de polícia irá representar, sendo que se vier desse, o juiz vai ouvir o MP antes, sendo direto dele, não há, logicamente, essa necessidade, decidindo o juiz direto. → Requisitos: Periculum libertatis, sendo o perigo da liberdade nos contextos já vistos, e o femus comissi delicti, não sendo, no caso dessa prisão, aplicada a qualquer delito, apenas os previstos na Lei e os crimes hediondos. → Prazo para decidir e duração da prisão: para decidir é dado o prazo de 24 horas ao juiz, por seu caráter de urgência, enquanto a duração da prisão é de 5 dias, prorrogáveis por mais 5 dias, não sendo automática nem decretada de ofício, sendo prorrogada apenas seguindo o entendimento manifestado pelo MP ou pelo delegado, fundamentado pelo juiz. Para os crimes hediondos ou equiparados a hediondos, o prazo é de 30 dias, prorrogáveis por mais 30 dias, seguindo a mesma lógica de manifestação e decretação. É possível que haja mais de uma decretação de prisão, no sentido que deve apenas ser respeitado os dois prazos, seja os iniciais de 5 ou 30, e os secundários de 5 ou 30 também. Ou seja, no caso dos crimes hediondos, pode ser decretado 10 dias, e depois mais 20 dias, seguindo o prazo de máximo de 30 dias, não podendo ser decretado, por exemplo, 10 dias e depois mais 50 dias, porque por mais que esteja dentro dos 60 dias previstos, não respeita os dois prazos de 30 dias. Em tese, é possível ocorrer nos dois casos de prazos, mas na prática, mal acontece nos casos dos crimes hediondos, muito menos nos outros crimes com prazo de 5 dias. 4. Recurso Caso o juiz indefira o pedido da temporária pelo MP, por exemplo, cabe recurso em sentido estrito (RESE), não sendo comum. Em caso da decretação do juiz, não cabe recurso, mas Habeas Corpus ou pedido de revogação/relaxamento. 5. Conversão em prisão preventiva É possível que o juiz converta a prisão temporária em prisão preventiva, devendo seguir todo o rito da manifestação do MP ou do delegado, seguida da fundamentação do juiz. O STF reconheceu como fundamento para decretação a prisão temporária os requisitos indicado abaixo: Indícios de autoria; Necessidade de investigação; Fatos contemporâneos a decretação; Gravidade concreta do delito. PRISÃO DOMICILIAR 1. Conceito Não se confunde com a prisão domiciliar prevista na Lei de Execução Penal, sendo que lá é tratada da prisão pena, e aqui será tratada da prisão cautelar. A prisão domiciliar, como prisão cautelar, é um substitutivo da prisão preventiva, nas hipóteses que a lei autoriza, sendo que o sujeito, o investigado, vai ficar recolhido em sua residência, só podendo sair com autorização judicial. É considerado da mesma forma, só não é na prisão. JUIZ INDEFERIU PEDIDO DE PRISÃO TEMPORÁRIA CABE RECURSO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO - RESE JUIZ DEFERIU PEDIDO DE PRISÃO TEMPORÁRIA NÃO CABE RECURSO CABE PEDIDO DE OU PEDIDO DE REVOGAÇÃO OU RELAXAMENTO Aluna: Flávia P. Crusoé PRISÃO DOMICILIAR = PRISÃO EM CASA Significa dizer que o sujeito não pode sair de casa, não, necessariamente, impondo a limitação de entrada à visitantes, A dependendo do caso, pode haver medidas cautelares que regulem a visita de terceiros, mas sempre seguindo a ideia de que a decretação é imposta ao sujeito investigado, não podendo seus efeitos, em tese e formalmente, atingir outros. 2. Requisitos É importante destacara que a prisão domiciliar decorre da prisão preventiva, de modo que se entende que seria decretada a preventiva, mas, por presença de certos requisitos, foi substituído por domiciliar. São os requisitos de substituição: Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). I - Maior de 80 (oitenta) anos; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). II - Extremamente debilitado por motivo de doença grave; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). IV - Gestante; (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) V - Mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos; (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) VI - Homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) → O PAI, DESDE QUE SEJA O ÚNICO RESPONSÁVEL (IDEIA DE IMPRESCINDIBILIDADE) Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigirá prova idônea dos requisitos estabelecidos neste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). Art. 318-A. A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência será substituída por prisão domiciliar, desde que: (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018). I - Não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa; (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018). II - Não tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente. (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018). Art. 318-B. A substituição de quetratam os arts. 318 e 318-A poderá ser efetuada sem prejuízo da aplicação concomitante das medidas alternativas previstas no art. 319 deste Código. (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018). O ónus da prova cabe a quem alega, ou seja, se o sujeito quer dizer que é imprescindível à criança de 6 anos, ele quem deve provar que é necessário, ou seja, o que tem intenção de ser beneficiado com a prisão domiciliar. Não havia, até então, Habeas Corpus – HC, um paciente, ou seja, o beneficiado, pessoas indeterminadas, ou seja, uma coletividade, sendo o primeiro caso de HC Coletivo foi direcionado para a substituição da prisão coletiva para a domiciliar, justamente por entender que o sistema prisional brasileiro não oferece a estrutura necessária, essencialmente para as mulheres, de fornecer o mínimo de direito sendo respeitado dentro do estabelecimento prisional. A decisão do STF, de certa forma, originou o art. 318-A. TEORIA GERAL DO PROCEDIMENTO 1. Processo x Procedimento Se tem o conceito de processo em sentido amplo o conjunto de atos processuais, dirigidos a uma finalidade, ou seja, resolver um conflito, se materializando pelo procedimento. Em sentido estrito, se relaciona com os sujeitos processuais, em que se tem algum acusando, o MP ou querelante, o réu ou o querelado, se defendendo e, ainda, o Estado, decidindo o resultado do conflito. O procedimento já é o instrumento pelo qual se instaura e se finaliza o processo, ou seja, ele diz como o processo vai andar, como seguir, até o seu resultado. 2. Fases do procedimento penal De forma geral, o procedimento penal tem quatro fases: postulatória (pedido), instrutória (prova), decisória (juiz) e recursal (duplo grau de jurisdição). Aluna: Flávia P. Crusoé FASE POSTULATÓRIA → FASE INSTRUTÓRIA → FASE DECISÓRIA → FASE RECURSAL A fase postulatória é a fase inicial, em que se pede a condenação de alguém, seguindo a ideia de que ninguém pode ser condenado sem que haja um pedido, da parte interessada, para tal. A fase instrutória é a fase probatória, onde ocorre a audiência, produção de outras provas, a testemunha ouvida, onde irá se provar aquilo que foi alegado na fase postulatória. Em seguida, se instaura a fase decisória, em que o juiz irá analisar o que foi produzida na fase instrutória e decidir, de forma fundamentada e motivada, o resultado do pedido, baseando-se no princípio do livre convencimento motivado. Por fim, a fase recursal é quando uma das partes, seja acusação ou defesa, inconformada com a decisão do juiz, decide recorrer a uma instância superior, estabelecendo, assim, o duplo grau de jurisdição. 3. Classificação dos procedimentos Existe o procedimento especial e o procedimento comum. → Procedimento Especial: que pode estar previsto tanto no CPP, como na legislação extravagante, sendo aquele que traz um procedimento específico para determinados crimes. São exemplos de procedimento especial o procedimento do júri, que ocorrerá nos crimes dolosos contra a vida, ou, ainda, o tráfico de drogas previstos na Lei de Drogas, que estabelece da mesma forma um procedimento especial. → Procedimento Comum: é o subsidiário, ou seja, são todos os tipos penais que não tiverem procedimento especial. Art. 394. O procedimento será comum ou especial. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). § 1o O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo: (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). I - Ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). II - Sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). III - sumaríssimo, para as infrações penais de menor potencial ofensivo, na forma da lei. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). § 2o Aplica-se a todos os processos o procedimento comum, salvo disposições em contrário deste Código ou de lei especial. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). § 3o Nos processos de competência do Tribunal do Júri, o procedimento observará as disposições estabelecidas nos arts. 406 a 497 deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). § 4o As disposições dos arts. 395 a 398 deste Código aplicam-se a todos os procedimentos penais de primeiro grau, ainda que não regulados neste Código. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). § 5o Aplicam-se subsidiariamente aos procedimentos especial, sumário e sumaríssimo as disposições do procedimento ordinário. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). Art. 394-A. Os processos que apurem a prática de crime hediondo terão prioridade de tramitação em todas as instâncias. (Incluído pela Lei nº 13.285, de 2016). 3.1. Espécies de procedimento comum Há, basicamente, três tipos de procedimento: ordinário, sumário e sumaríssimo. Existem diversas diferenças entres eles, mas, essencialmente, se diferenciam os as penas dos crimes que estão sendo julgados. → Procedimento ordinário: ocorre em crimes com penas até 4 anos ou mais. → Procedimento sumário: ocorre naqueles com penas de mais de até 2 anos à até 4 anos incompletos. → Procedimento sumaríssimo: ocorre nos crimes com até 2 anos de pena. A presença de qualificadoras ou privilégio, causas de aumento ou causas de diminuição e/ou concurso de crimes influenciam na determinação do procedimento a ser adotado. Já agravantes e atenuantes não influenciam, pois possui a fração definida pela doutrina e jurisprudência. CONCURSOS DE CRIME Concurso material: mais de uma conduta e mais de um crime, que tem regra de soma para aplicação da pena. Concurso formal: é o fato de que uma única ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes. ▪ Concurso formal próprio ou perfeito: onde as multiplicidades de crimes decorrem da culpa, ou quando um resultado decorre de dolo e, os outros de culpa, utilizando assim, a exasperação, aumentando de 1/6 até 1/2. ▪ Concurso formal impróprio ou imperfeito: ocorre a soma. Concurso continuado: é a regra da exasperação, sendo aplicado 1/6 até 2/3, até 3x. Aluna: Flávia P. Crusoé Em caso de concurso de procedimentos, deve-se proceder normalmente analisando aquele que é mais amplo, que da mais possibilidade de defesa. Em caso de procedimento de júri, ele irá atrair o julgamento de outros crimes conexos, dolosos contra a vida. 4. Aplicação das regras procedimentais Art. 394. § 4o As disposições dos arts. 395 a 398 deste Código aplicam-se a todos os procedimentos penais de primeiro grau, ainda que não regulados neste Código. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). O procedimento especial traz um procedimento específico para determinados crimes, como a Lei de Drogas, podendo, por exemplo, o CPP ser aplicado nesses casos, caso não seja conflitante. As hipóteses de rejeição da inicial estão previstas no art. 395 do CPP, como inépcia, ausência de justa causa, falta de condição da ação, enquanto o recebimento da inicial é tratado no art. 366, seja a queixa-crime, ou seja, a denúncia, e, no art. 397, são estabelecidas as hipóteses de absolvição sumária. Esses artigos podem ser aplicados à ambos os procedimentos, comum do próprio CPP, seja o especial, dentro ou fora do CPP. A prioridade de tramitação para os crimes hediondos está prevista no art. 394-A do CPP, sendo repetidas em algumas legislações especiais. Art. 394-A. Os processos que apurem a prática de crime hediondo terão prioridade de tramitação em todas as instâncias. (Incluído pela Lei nº 13.285, de 2016). Além do CPP, existe ainda leis que preveem a prioridade de tramitação – na teoria, já que na prática raramente acontece, só em casos de réu preso e réu solto, que acaba realmente acontecendo por causa dos prazos. É importante destacar que não existe uma sançãopara o não cumprimento dessa prioridade, vez que torna a sua aplicação prática ainda menor. São elas, por exemplo, a Lei de Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas, Lei Maria da Penha, que enfrenta menos problema por serem tratadas em varas especializadas, em alguns lugares, e o Estatuto do Idoso. 5. Rito ordinário e sumário no procedimento comum Na resposta à acusação, pode-se alegar aspectos processuais, como inépcia, ausência de justa causa, incompetência. Também pode-se alegar aspectos de mérito, considerando, assim, para a absolvição sumária do sujeito, aspectos como a tipicidade da conduta, excludente de ilicitude e de culpabilidade, salvo inimputabilidade – haja vista que se o sujeito for inimputável, não vai haver a absolvição sumária, e sim uma absolvição imprópria no final –, e, ainda, uma causa de extinção de punibilidade. É importante destacar que não é preciso, obrigatoriamente, alegar uma dessas hipóteses na resposta à acusação – o mais interessante na prática é alegar apenas que exista uma chance muita alta de absolvição sumária, de modo que, caso não seja muito provável, estaria apenas adiantando a tese de defesa. Ocorre petição inicial, que é a denúncia, nos crimes de ação pública, ou queixa crime, nos casos de ação privada, respeitando a regra do art. 41 do CPP. É preciso identificar aquele que está sendo acusado, além de narrar, de forma mais detalhada possível, o fato ocorrido e, por fim, solicitar, postular, a acusação. Na petição inicial, deve ter ainda a indicação do rol de testemunhas. É distribuída para uma Vara Criminal e, assim, o juiz que recebe o processo instaurado vai receber ou rejeitar a queixa crime ou a denúncia. Caso o juiz receba a petição inicial, o réu será citado, ou seja, será informado acerca da existência do processo. Após a citação, o réu tem o prazo de 10 dias para apresentação a sua defesa escrita, ou seja, a sua resposta à acusação, à inicial, começando a contar no 1º dia útil seguinte depois da citação. É possível que na resposta à acusação pode levar à absolvição sumária (art.397), de imediato encerrando o processo. Não sendo o caso de absolvição sumária, segue para a audiência de instrução ou julgamento, com as oitivas. O juiz pergunta se as partes irão requerer diligência, não havendo, passa-se para as alegações final Havendo uma das hipóteses do art. 403, §3º ou art. 404, § único, passa-se para as alegações finais escritas, na prática no prazo de 5 dias, e com sentença escrita. Em regra, são feitas oralmente, com prazo de 20 minutos (prorrogáveis por +10min caso a defesa requeira, para ambas as partes) e feita na audiência de instrução, sendo a última manifestação no processo. Se há diligência, as alegações finais serão obrigatoriamente escritas. Nesse momento se alega tudo o que tiver, como ainda teses relacionadas ao cumprimento da pena. Aluna: Flávia P. Crusoé Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar: (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). I - A existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). II - A existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). IV - Extinta a punibilidade do agente. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). DIFERENÇAS ORDINÁRIO SUMÁRIO Número de testemunhas 8 testemunhas 5 testemunhas Prazo para ocorrer a instrução e julgamento, após a resposta à acusação 60 dias 30 dias Requerimento de diligências Pode haver (art. 402 do CPP) Art. 402. Produzidas as provas, ao final da audiência, o Ministério Público, o querelante e o assistente e, a seguir, o acusado poderão requerer diligências cuja necessidade se origine de circunstâncias ou fatos apurados na instrução. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). Não há previsão legal. Mas nada impede que seja deferido caso haja pedido para. Alegações finais Pode ser realizada de forma escrita em casos previstos em lei. Não há previsão legal para manifestação escrita, mas acaba sendo realizada na prática. Sentença É possível a conclusão dos autos para que seja proferida sentença. Deve ser proferida oralmente, mas não há previsão legal para sentença escrita. Na prática 5.1. Realização da audiência Primeiramente vai ocorrer as oitivas, na ordem já estudada: primeiro a vítima, depois das testemunhas de acusação depois das testemunhas de defesas e por último o reu. O importante é que ordem seja seguida. Em seguida, é realizado o reconhecimento de coisas e pessoas. O interrogatório é entendido hoje como um meio de autodefesa, sendo um meio que o reu tem de contar a versão dele. Uma vez marcado o interrogatório, o reu tem o direito de não comparecer ou então de ir e não falar nada, exercendo o direito constitucional de permanecer em silêncio, ou até mesmo de só responder as perguntas das defesas. PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO 1. Previsão Constitucional O procedimento sumaríssimo para os crimes cuja pena não ultrapassa dois anos, previsto na Constituição, na Lei 9.099/95, no âmbito estadual, que prevê os juizados especiais criminais, e na Lei nº 10.259/01, no âmbito federal. A Lei 9.099/95 trata tanto dos juizados civis, quanto dos criminais, a partir do art. 60. Trata, assim, do procedimento sumaríssimo para os crimes considerados de menor potencial ofensivo, quando se tem uma contravenção penal ou, como dito, crimes cuja pena máxima em abstrato não ultrapasse dois anos. Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. (Redação dada pela Lei nº 11.313, de 2006) 2. Conceito de infrações de menor potencial ofensivo São as contravenções penais ou os, crimes cuja pena máxima em abstrato não ultrapasse dois anos. Aluna: Flávia P. Crusoé As causas de aumento e diminuição influenciam na definição do procedimento que será aplicado, da mesma forma das qualificadoras e que a regra de concurso de crimes. Não se leva em consideração as agravantes e as atenuantes, vez que não há previsão expressa de fração de agravar e de atenuar. Para a análise se competência vai ser o juizado ou não, o aumento sempre vai ser o máximo possível e, havendo causa de diminuição, irá se diminuir o mínimo possível. O juizado criminal especial tem como objetivo principal a reparação do dano sofrido pela vítima, vez que vai tentar, de todas as formas, realizar um acordo entre o autor do fato e a vítima. Tem ainda o objetivo da aplicação de pena não privativa de liberdade, vez que, o sujeito foi preso cometendo um crime de menor potencial ofensivo, na delegacia, ele apenas assina um termo de comprometimento de comparecimento ao juizado e liberado. O procedimento sumaríssimo, ainda que haja crime de menor potencial ofensivo, não ira ocorrer em: Crimes contra a mulher, lesão corporal leve (Vara da Paz), não se aplicando nenhum benefício da Lei 9.099/95; Citação por edital, ou seja, quando não for encontrado o réu, então o procedimento que começa no juizado é encaminhado para a justiça comum, com outro tipo de procedimento; Crimes militares; Provas muito complexas, mais detalhada, perícia ou até um maior número de testemunhas. É um procedimento mais simples, norteado pelos seguintes princípios: Oralidade – a resposta a acusação, por exemplo, é feita de forma oral, só sendo reduzido a termo aquilo que for realmentenecessário, vez que a oralidade é um princípio que garante diversos dos outros princípios; Simplicidade; Informalidade; Economia processual; Celeridade; Publicidade. → CAUSAS DE MODIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIA (TRANSFERÊNCIA DO JUZADO PARA JUSTIÇA COMUM): Necessidade de citação por edital ou carta rogatória (art. 66, Lei nº 9.099/95); Complexidade da causa (art. 777, §2º, Lei 9.099/95) Conexão e continência, vez que caso haja um crime de menor potencial ofensivo conexo a um de maior potencial, se estabelece o julgamento do crime de menor potencial ofensivo de acordo com o procedimento do crime mais grave, não significando dizer que o sujeito não receba os benefícios da Lei 9.099, como uma proposta de transação penal, o que não ocorre são julgamentos separados, se há conexão. 2.1. Competências relativa x absoluta e territorial A competência é relativa vez que, no juizado, a importância é que os benefícios sejam respeitados. LJE - Lei nº 9.099 de 26 de setembro de 1995 Dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e dá outras providências. Art. 65. Os atos processuais serão válidos sempre que preencherem as finalidades para as quais foram realizados, atendidos os critérios indicados no art. 62 desta Lei. § 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha havido prejuízo. Já a competência territorial é dada através do lugar da infração de menor potencial ofensivo Art. 63. A competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi praticada a infração penal. PARA CONTRAVENÇÕES E CRIMES COM PENAS ATÉ 2 ANOS PARA CRIMES COM PENAS ACIMA DE 2 ANOS ATÉ 8 ANOS INCOMPLETOS PARA CRIMES COM PENAS DE 8 ANOS PARA MAIS PROCEDIMENTO ORDINÁRIO PROCEDIMENTO SUMÁRIO PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103497/LJE-Lei-n-9.099-de-26-de-Setembro-de-1995#art-65_par-1 Aluna: Flávia P. Crusoé 3. Medidas despenalizadoras Após o boletim de ocorrência de um crime de menor potencial ofensivo e a assinatura do autor do fato no termo de compromisso de comparecimento ao juizado, quando for intimado, é feito na delegacia um Termo Circunstanciado de Ocorrência – TCO, que é uma espécie de inquérito simplificado. Depois irá ocorrer o envio desse termo para o juizado especial criminal, onde existe a fase preliminar, que prevista ocorrer obrigatoriamente, independente de denúncia ou queixa formal. Na audiência preliminar, que ocorre nessa fase, nada mais é que uma audiência de conciliação, onde duas coisas podem acontecer: composição civil dos danos e transação penal, que são medidas despenalizadoras. O juizado tenta evitar a imposição de pena, seja privativa de liberdade, seja de restrição de direito. ▪ Composição Civil dos Danos A primeira medida despenalizadora é a composição civil dos danos, prevista no art. 62, em que há, na teoria, o conciliador, promotor (o que na prática pouco acontece), autor do fato e vítima, se houver, e os defensores. Nessa audiência preliminar vai ocorrer, logo de início, a tentativa do conciliador de conciliar as partes. Art. 62. O processo perante o Juizado Especial orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, objetivando, sempre que possível, a reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa de liberdade. (Redação dada pela Lei nº 13.603, de 2018) O objetivo é estabelecer a conciliação das partes, tendo ou não indenização, ou apenas uma retratação, dependendo muitas vezes do tipo de dano, que não necessariamente será patrimonial. Assim, no âmbito penal, a sentença que homologa a composição civil dos danos acarreta a renúncia do direito de queixa-crime ou de representação, renunciando ao processo. A representação, que ocorre na ação penal pública condicionada, pode ser feita na audiência preliminar, mas, possivelmente, esse direito é exercido anteriormente, podendo até ser reiterada, mas não necessariamente irá ocorrer, primeiramente, na audiência preliminar. Art. 75. Não obtida a composição dos danos civis, será dada imediatamente ao ofendido a oportunidade de exercer o direito de representação verbal, que será reduzida a termo. Parágrafo único. O não oferecimento da representação na audiência preliminar não implica decadência do direito, que poderá ser exercido no prazo previsto em lei. ▪ Transação Penal Não havendo composição civil dos danos, já que se encerraria o processo naquele momento, ocorre a proposta de transação penal, ainda na mesma audiência. TRANSAÇÃO PENAL = ACORDO ENTRE MINISTÉRIO PÚBLICO E AUTOR PARA FIM DO PROCESSO Infração de menor potencial ofensivo Termo circunstanciado Juizado Especial Criminal (JECRIM) Marcação a audiencia preliminar de conciliação Tentantiva de composição civil (vítima-autor do fato), gerando a renúncia ao direito de queixa ou de representação). Caso a ação penal for pública incondicionada, eventual composição civil não gera renúncia ao direito Representação (em penal pública continuada) sempre na ação penal publica incondicionada Avaliação se cabe proposta de acordo para transação penal (MP-autor do fato, sem participação da vítima) Denúncia oral e as partes ja saem intimadas para a audiencia de inscrição. Aluna: Flávia P. Crusoé A transação penal, extingue a punibilidade, não é assunção de culpa, é apenas uma forma de dizer que prefere aceitar a transação penal do que ser processado, ainda que seja um processo no Juizado. Via de regra, a vítima não se manifesta em relação a transação. Deve ser proposta na audiência de conciliação, preliminar, após a tentativa de composição civil dos danos. São os requisitos para a proposta de transação penal: Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta. § 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até a metade. § 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado: I - Ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade, por sentença definitiva; II - Ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo; III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida. § 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será submetida à apreciação do Juiz. § 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o Juiz aplicará a pena restritiva de direitos ou multa, que não importará em reincidência, sendo registrada apenas para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos. § 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apelação referida no art. 82 desta Lei. § 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste artigo não constará de certidão de antecedentes criminais, salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo, e não terá efeitos civis, cabendo aos interessados propor ação cabível no juízo cível. Na prática, o respeito aos prazos acontece muito pouco, vez que a chance do sujeito ser beneficiado com a proposta de transação penal, mesmo que tenha sido anteriormente, é muito alta. Importante destacar que cabe transação penal em ação penal privada, de modo que quem faz a proposta de transação é o Ministério Público, não o querelante, segundo o entendimento mais atual. De todo modo, ele precisa estar presente. Enunciado nº 112 do FONAJE – Na ação penal de iniciativa privada, cabem transação penal e a suspensão condicional do processo, mediante proposta
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