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PEDAGOGIA HOSPITALAR

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Pedagogia Hospitalar e o uso das Artes
SÃO PAULO
2021
RESUMO
Temos neste trabalho, um plano pedagógico hospitalar que trabalha com o conhecimento, a apreciação e a releitura de obras de arte da brasileira Tarsila do Amaral, visando a expressão dos sentimentos e a interpretação dessas obras. O valor pedagógico está pautado neste valor expressivo que as artes tem e que acabam sendo abafados pela criança diante da situação de dor, medo, solidão, angústia, revolta que podem acontecer diante de uma doença, e da retirada súbita dela de seus locais de convívio, sendo inserido em um contexto estranho e por diversas vezes frio, racional e sem cor. Toda criança e adolescente tem direito a educação de qualidade, e a criança hospitalizada não deixa de ser criança, pelo contrário, demanda ainda mais empenho e apoio em sua condição, seja ela momentânea, ou atemporal.
Palavras-Chave: Pedagogia Hospitalar, Artes, Aprendizagem.
INTRODUÇÃO
Toda criança e adolescente tem direito garantido à educação, segundo Dias e Rodrigues (2019), este direito foi negligenciado por inúmeras vezes para a aqueles que não estavam aptos ao comparecimento no ambiente da escola. O fracasso escolar, advento da privação do ensino, a não inserção de um profissional capacitado, que possa entender as peculiaridades das doenças e transtornos enfrentados pelo paciente, mas que tenha domínio da pedagogia, fizeram do hospital, um local de segregação educacional, e não se tratamento e cura do corpo e da mente, juntos, aliados e em conformidade.
Vemos aí então, a função do profissional da educação no contexto hospitalar, este deve ter uma formação específica, para que possa ter uma visão diferenciada e desconectada de teorias conteudistas, que privilegie ações educativas, não basta apenas saber ensinar, é preciso levar em conta a realidade de cada aluno que se encontra hospitalizado, uma educação humana deve prevalecer, e a adaptação deve ser o “carro chefe” das aulas. (Farfus, 2012 apud Dias; Rodrigues, 2019) A educação toma seu espaço no contexto social, fazendo valer sua principal função que é a de formar um cidadão completo, crítico e ativo socialmente, dessa forma, ela seria incoerente se não ocupasse os mais diversos espaços sociais, especialmente no hospital, contribuindo para uma sociedade mais justa e humana. Falando em humanidade, seria desumano ver a pedagogia, especialmente a hospitalar como um fator intelectual, pensando apenas nas teorias da mente, corpo e mente andam e caminham juntos, se um não vai bem, o outro também tem problemas, por isso, o pedagogo hospitalar deve buscar sempre o equilíbrio desses dois aspectos.
“De acordo com a filosofia Humanista, enfatizada em muitos hospitais do Brasil, o principal objetivo da Pedagogia Hospitalar é orientar e ensinar os profissionais da educação e da saúde um modo de trabalho mais humanizado, no qual se consideram as pessoas de maneira integral, de modo que esses profissionais não respondam somente às necessidades do corpo e de maneira fragmentada”. (MUNHOZ; LEITE, 2014)
Este atendimento pedagógico na instituição hospitalar está documentado como Educação especial pelo Ministério da Educação (Brasil, 1994), sendo uma modalidade de ensino especial. Este documento assegura a oferta educacional à crianças e adolescentes com transtornos de desenvolvimento e deficiências, além de crianças e adolescentes que estejam em internação hospitalar, por período de tempo indeterminado, ou por longo período. As relações sociais escolares são priorizadas, e acredita-se que possam ter efeito benéfico no processo de cura, bem como no processo de aceitação da doença, por parte do paciente e de sua família.
A inserção do pedagogo hospitalar deve proporcionar momentos de bem-estar, onde a criança consiga ser ajudado, e não cobrado, o que salienta ainda mais o diferencial deste profissional.
A ação educativa conjunta depende dos profissionais da educação e da saúde, para que se ajudem mutuamente na busca do bem-estar desde cidadão e cidadã que está temporariamente afastado da escola regular. A conexão paradigmática da saúde e educação pode se tornar num forte elo para o encontro possível na escolarização das crianças e dos adolescentes. (MUTTI, 2019)
Se o bem-estar é a grande intenção da pedagogia hospitalar, vamos nos utilizar de um plano de ensino que trabalhe um conteúdo que tem a característica de aflorar bons sentimentos: a Arte.
Desenvolvimento
1 PLANO DE AULA
	ALUNO: Flávia Nunes Macedo
	ANO/SÉRIE: 4º ano
	ESCOLA: EMEF Daisy Maria Marques
	IDADE: 9 anos
	ANOTAR SE O ALUNO POSSUI ALGUMA CONDIÇÃO ESPECIAL: Restrição de Mobilidade
	SITUAÇÃO DE DIAGNÓSTICO MÉDICO: Leucemia
	BIMESTRE: 2.
	
ÁREAS DE CONHECIMENTO:
(Unidade Temática)
	Linguagens.
	
TEMÁTICA DA TURMA:
(Conteúdo)
	Artes.
	
HABILIDADES CONSOLIDADAS
	Escrita e leitura, raciocínio lógico matemático.
	
METAS COGNITIVAS
	Conhecer um pouco mais sobre a história das artes através das pinturas de Tarcila do Amaral.
Desenvolver as habilidades motoras finas presentes nas artes.
Proporcionar a expressão artística e emocional através dos mais diversos materiais e do uso da Arteterapia.
	
ESTRATÉGIAS DE ADAPTAÇÃO:
· ROTINA
· CONTEÚDO
· AMBIENTE
	No primeiro encontro, levamos a aluna imagens variadas de pinturas famosas da ilustre Tarcila do Amaral, pintora brasileira, de grande influência artística. A paciente escolhe entre estas, quatro (4) que mais lhe chamaram a atenção. Após, o vídeo ___________________ com a história da autora é apresentado, e 
Na próxima aula, ela passa a conhecer a história da primeira imagem escolhida por ela, seu nome, ano, significado, e se possível, o contexto histórico social no qual foi pintado. E é convidada a realizar uma releitura desta obra, realizada em papel A3, com aquarela, ou guache.
No terceiro encontro, ela conhece a história da segunda imagem escolhida, bem como suas características, então, é convidada a realizar uma releitura da obra, porém agora, em forma de escultura com massinha de modelar e/ou argila.
Em quarto momento, o mesmo ciclo se inicia, uma imagem nova é contextualizada e acontece a releitura da obra, que dessa vez ocorre através de sua interpretação em arte escrita, verso ou prosa.
Por fim, no quinto dia, a aluna passa pelo mesmo nível de informação, descobre um pouco mais sobre determinada obra, e faz sua última releitura, fazendo uma estrutura com arame fino, para manuseio com as mãos, e fitas diversas para enfeite.
Após todo esse processo, convidamos a mesma a escolher o materia que mais gostou de trabalhar, e realizar uma obra própria, manifestação de seus sentimentos naquele momento. Temos então, uma pequena exposição particular, que se possível, poderia ser enviada à escola, e apresentada ao corpo discente e docente, uma representação da obra de Tarcila, na visão de uma aluna da escola.
	
METODOLOGIA E RECURSOS DIDÁTICOS
	Mídia para apresentação do vídeo;
Folha de papel A3;
Aquarela, guache, pinceis diversos e pano para limpeza;
Massa de modelar, argila para escultura e uma base para apoio;
Papel e caneta, ou lápis para escrita do poema, ou texto;
Arame fino para artesanato, fitas e cola.
	PRAZOS:
	6 encontros.
	
AVALIAÇÃO:
	A avaliação está na construção da criança, não na obra apresentada em si, até mesmo pelo fato de que seu limites diante da doença devem ser respeitados e podem gerar alguns desconfortos, mas no que ela se dispôs a fazer, na atenção destinada ao trabalho, no empenho e especilmente na participação dela.
	ACONSELHAMENTO FAMILIAR (TRABALHO DESENVOLVIDO COM A FAMILIA)
	Com a família, precisamos desenvolver um trabalho de acolhimento e aconselhamento, tendo em mente a fragilidade do momento, onde não somente a aluna, mas também a família se torna muito vulnerável e muitas vezes arredia diante de opiniões divergentes. O conselho a se dispor é que não se faz vália a ideia de reprovar aquela criança, que ela está sendo acompanhada pedagogicamente pela escola, emcontato com o pedagogo hospitalar, e por ele, que com o trabalho de projetos busca estreitar os laços de aprendizagem, e que a reprovação poderia ter um caráter muito mais punitivo, e portanto, ruim para a criança que não tem culpa de seu estado físico.
	CITE QUAL FOI O SEU PREPARO PARA ADENTRAR O AMBIENTE HOSPITALAR
	É preciso planejamento e prepação dos materiais, esterelização de tudo, além de si mesmo, além de no momento pandêmico em que vivemos, o uso de máscara, luva e vestimenta adequada.
	DESCREVA PROCEDIMENTOS ÉTICOS APRA O INÍCIO DO TRABALHO
	Os aspéctos éticos estão baseados em uma abordagem aberta, consciente, onde família, intituição hospitalar e escola estejam cientes de todos processo e das demandas necessárias.
	DESCREVA A ABORDAGEM E MEDIAÇÃO DO CONTATO ESCOLAR
	Com relação ao contato com a escola, se faz necessária uma interação com os membros da equipe gestora, além dos docentes responsáveis pela turma, talvez uma reunião em forma de sondagem, onde eles possam apresentar o que já foi trabalhado e a “que pé andava” a aprendizagem deste alunos, tendo acesso a documentos como provas e portifólios. Depois do projeto realizado, a ideia de enviar o resultado a escola pode ser colocada em prática.
	CONCLUSÃO E OBSERVAÇÕES
	Quando uma criança é hospitalizada por longo tempo, e tem sua ida a escola cessada, ela não sofre apenas com a hospitalização, ela tem seu direito básico a aprendizagem negado, ela se afasta de amigos, parentes, professores, do convívio social e familiar, ela fica aquém das informações, ela passa a fazer par com o ócio, e tirar ela da ociosidade, levando-a se expressar através das artes, mostrando um pouco mais sobre o brilho que as cores podem trazer a vida se faz de total importância, e torna o trabalho do pedagogo hospitalar muito importante.
	REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
	https://www.publionline.iar.unicamp.br/index.php/abrace/article/view/3911
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A internação hospitalar não pode ser vista como algo que afasta a criança de seu direito garantido por lei à aprendizagem, é um momento onde a rotina de vida da criança se altera, ela necessita de mais cuidados, e algumas vezes, tem suas capacidades físicas reduzidas. Não se faz justo que ela seja impedida de ter acesso à educação, pelo contrário, se ela não pode ir até a escola, a escola deve ir até ela. E assim, o pedagogo hospitalar é aquele que levará essa escola ao aluno.
Além de ser o professor que fará a vez da escola formal, o pedagogo hospitalar é de suma importância, seu trabalho é vincular entre todos envolvidos na vida da criança para a família, do aluno para o professor, do paciente para os médicos, funções que parecem distintas, mas que precisam conversar para que haja uma formação de fato participativa e válida. Quando todos trabalham juntos, para o bem maior da criança, ela de fato se torna o centro das atenções, sente-se valorizada e o processo doloroso de internação é facilitado.
A escolha pelo uso das artes neste projeto, se dá pelo fator expressivo desse componente, a arte tem o poder de ressignificação de momentos e sentimentos, levando a criança a transpor situações mal enfrentadas, e a tratar traumas que geralmente nem se tenha noção da existência, mas que são marcas deixadas pela retira abrupta do ambiente familiar, social e educacional, pelas feridas que a doença pode trazer, e especialmente para o paciente que se encontra em fase terminal, proporcionando bem estar físico e mental, especialmente para o paciente que se encontra em fase terminal de alguma doença, onde a felicidade do momento é o que realmente importa.
REFERÊNCIAS
BRASIL, Ministério da Educação. Política Nacional de Educação Especial. Brasília: Secretaria de Educação Especial, 1994.
BRITO, Luiza Alves de. O Teatro Atravessado, o Palhaço e a Pedagogia Hospitalar. Anais de Congresso ABRACE, v. 19, n. 1, 2018. Disponível em: https://www.publionline.iar.unicamp.br/index.php/abrace/article/view/3911. Acesso em: 26 jun. 2021.
DIAS, Maria M. Tenório da Silva; RODRIGUES, Karina Gomes. Pedagogia Hospitalar: o pedagogo e suas práticas educativas em espaços não escolares. EDUCERE. 2019. Disponível em: https://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2017/23541_13120.pdf. Acesso em: 02 jul. 2021.
MUNHOZ, Elizabete.; LEITE, Vânia. Pedagogia Hospitalar: a construção de um direito legitimado. Revista Interação, 14. ed., n. 2. Goiás: 2014. Disponível em: https://docplayer.com.br/6413640-Pedagogia-hospitalar-a-construcao-de-um-direito-legitimado.html. Acesso em: 18 jun. 2021.
MUTTI, Maria do Carmo da Silva. Pedagogia Hospitalar e Formação Docente: A Arte de Ensinar, Amar e se Encantar. Jundiaí: Paco Editorial, 2019.

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