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INTERLOCUÇÃO-FAMÍLIA-ESCOLA-E-RECINTO-HOSPITALAR-RELAÇÕES-INTERPESSOAIS-NO-TRABALHO-EDUCATIVO

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2 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3 
2 PEDAGOGIA HOSPITALAR: DEFINIÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO 
HISTÓRICA ................................................................................................................. 4 
3 A FORMAÇÃO DO PEDAGOGO HOSPITALAR ........................................ 9 
3.1 Pedagogo hospitalar........................................................................... 12 
3.2 A integração entre a família, os pedagogos e o espaço hospitalar .... 14 
4 A ESCUTA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO HOSPITALAR .................... 17 
5 A Atuação Socioeducativa do Pedagogo no Ambiente Hospitalar ............ 27 
6 PROFESSOR NA PEDAGOGIA HOSPITALAR: PAPEL E DESAFIOS.... 35 
6.1 O pedagogo e os desafios da educação hospitalar ............................ 38 
7 BRINQUEDOTECA HOSPITALAR: A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO PARA 
A CRIANÇA HOSPITALIZADA .................................................................................. 40 
7.1 A escola no ambiente hospitalar: seus sujeitos, rotina e atividades a 
criança da escola hospitalar .................................................................................. 44 
7.2 Especificidades da Classe Hospitalar ................................................ 48 
7.3 As aulas em classes hospitalares ...................................................... 51 
7.4 O espaço físico, atividades e materiais da classe hospitalar .............. 56 
7.5 Avaliação do trabalho na classe hospitalar ........................................ 57 
8 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................... 59 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que 
lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
2 PEDAGOGIA HOSPITALAR: DEFINIÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO 
HISTÓRICA 
 
Fonte: unicesumar.edu.br.com 
 De acordo com FERREIRA L; (2017), durante algum tempo, crianças e 
adolescentes impedidos de frequentarem a escola de ensino regular por questões 
clínicas e individuais não usufruíam da possibilidade de estarem em contato com a 
educação escolarizada. Consta nos documentos oficiais do Ministério da Educação 
por intermédio de sua Secretaria de Educação Especial: 
As condições clínicas que exigem educação em classe hospitalar ou em 
atendimento pedagógico domiciliar são, principalmente, as dificuldades de 
locomoção; a imobilização parcial ou total; a imposição de horários para 
administração de medicamentos; os efeitos colaterais de determinados 
fármacos; as restrições alimentares; os procedimentos invasivos; o efeito de 
dores localizadas ou generalizadas e a indisposição geral decorrente de 
determinado quadro de adoecimento. As condições individuais que exigem 
educação em classe hospitalar ou em atendimento pedagógico domiciliar 
são, principalmente, o repouso relativo ou absoluto; a necessidade de estar 
acamado ou requerer a utilização constante de equipamentos de suporte à 
vida. (BRASIL, 2002, p.18 apud FERREIRA L; et al., 2017). 
À vista disso, devem-se considerar essas condições e limitações especiais para 
que consigam atender as necessidades de cada sujeito, buscando a associação entre 
os sistemas educacional e de saúde a fim de que o acesso à educação seja garantido. 
 
5 
 
No Brasil, esse cenário começou a mudar na década de 50, quando houve o início da 
implantação da Pedagogia Hospitalar no país. Matos e Mugiatti (2007 apud 
FERREIRA L; et al., 2017) definem a Pedagogia Hospitalar como um mecanismo pelo 
qual esses indivíduos têm o direito à educação garantida de fato, por meio do 
atendimento educacional hospitalar ou do atendimento pedagógico domiciliar, em que 
ambos devem ser prestados de forma indissociável entre pedagogo e equipe 
hospitalar. 
Entretanto, inicialmente a Pedagogia Hospitalar tinha como intuito atender 
crianças com tuberculose; mais tarde passou a atender tanto crianças, quanto 
adolescentes enfermos. Todavia, durante 52 anos esse serviço era realizado por 
voluntários já que não havia reconhecimento documental a partir da atuação do 
pedagogo nessa modalidade de ensino, conforme FERREIRA L; (2017). 
 A pedagogia hospitalar tem como objetivo através de diferentes condições de 
aquisição de aprendizagem atender crianças e adolescentes hospitalizados com o 
intuito de garantir além da educação a qualidade de vida desse público alvo. No que 
se diz respeito aos pais e responsáveis desses indivíduos hospitalizados, tem-se uma 
preocupação em relação ao processo educacional dos mesmos. Por esse motivo 
existe a importância da atuação pedagógica em ambientes hospitalares, conforme 
FERREIRA L; (2017). 
 O professor enquanto profissional da educação, com embasamentos teóricos 
sobre o processo pedagógico em sua totalidade, poderá atuar como mediador, 
articulador, organizador e problematizador do processo de ensino e aprendizagem, 
mobilizando seus educandos para que consigam resolver situações significativas e 
contextualizadas com a realidade, bem como atingir o seu desenvolvimento integral, 
conforme FERREIRA L; (2017). 
Conforme a lei maior que rege nosso país, a Constituição da República 
Federativa do Brasil de 1988, mais precisamente no Título VIII - Da Ordem Social, 
Capítulo III - Da Educação, da Cultura e do Desposto, Seção I - Da Educação, artigo 
205: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e 
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da 
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. 
” (BRASIL, 1988 apud FERREIRA L; et al., 2017). 
 
6 
 
De conformidade com a Constituição Federal de 1988, podemos apontar que 
as crianças e adolescentes impossibilitados de frequentarem a escola de ensino 
regular por tempo indeterminado por conta de questões de saúde devem ter esse 
direito garantido, já que a educação é direito de toda e qualquer pessoa, 
independentemente das circunstâncias que esteja e de suas necessidades 
educativas. De acordo com o que é previsto nessa mesma lei é dever da União à 
garantia da equalização de oportunidades educacionais com um padrão mínimo de 
qualidade, mas isso deve ocorrer com o auxílio financeiro dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios, conforme FERREIRA L; (2017). 
 Vale frisar, que a Pedagogia Hospitalar enquanto modalidade de Educação 
Especial, é de extrema importância para o global desenvolvimento desses sujeitos 
impossibilitados de frequentarem a escola de ensino regular, sendo assim, a sua 
implantação se faz necessária para os que educandos enfermos tenham acesso à 
educação formal com um padrão mínimo de qualidade no processo de aprendizagem 
é crucial à implantação da denominada Pedagogia Hospitalar, conforme FERREIRA 
L; (2017). 
De acordo com FERREIRA L; (2017), em consoante com a Lei nº. 8.069, de 13 
de julho de 1990, dispõesobre o Estatuto da Criança e do Adolescente, pontualmente 
no Título I – Das Disposições Preliminares, artigo 3: 
A criança e ao adolescente gozam de todos os direitos fundamentais 
inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata 
esta Lei, assegurando-se lhes, por lei ou por outros meios, todas as 
oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, 
mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. 
(BRASIL, 1990, p.7 apud FERREIRA L; et al., 2017). 
Com base o exposto acima é possível, pois, pressupor que a 
criança\adolescente hospitalizado deve ter acesso à educação que vai além da sala 
de aula de uma escola de ensino regular, mas mantém ideias tradicionais de 
educação, uma vez que tem por objetivo o sucesso do indivíduo no processo de 
ensino e aprendizagem pautando-se em atividades lúdicas e que respeitam as 
necessidades e dificuldades que o educando apresenta. A Lei nº. 9.394, de 20 de 
dezembro de 1996, a denominada Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 
(LDBEN) complementa o referido anteriormente ao evidenciar o asseguramento para 
o educando com necessidades educacionais de “currículos, métodos, técnicas, 
 
7 
 
recursos educativos e organização específicos “para atender às suas necessidades.”. 
(BRASIL, 1996 apud FERREIRA L; et al., 2017). 
A Pedagogia Hospitalar é o campo da Pedagogia que tem o intuito de atender 
crianças\adolescentes impedidos de frequentarem as escolas de ensino regular por 
diversas circunstâncias. Por esse motivo esses educandos devem ter acesso à 
educação dentro de suas possibilidades, a fim de se desenvolverem integralmente. 
Historicamente, a primeira proposta em relação à Classe Hospitalar surgiu com Henri 
Sellis, que inaugurou a mesma nos arredores de Paris em 1935. 
 No entanto, no Brasil isso ocorreu apenas quinze anos mais tarde. Foi somente 
em 14 de agosto de 1950, na cidade do Rio de Janeiro que houve a implantação da 
chamada Classes Especiais Hospitalares do Hospital Estadual Jesus. A Classe 
Hospitalar primordialmente teve como objetivo suprir as necessidades educacionais 
de crianças com tuberculose, porém atualmente ela abrange muito mais do que isso, 
pois visa sanar as necessidades escolares de crianças e adolescentes hospitalizados, 
independentemente do tempo que os mesmos ficarão no hospital, conforme 
FERREIRA L; (2017). 
O pressuposto descrito anteriormente tem fundamentação na legislação 
brasileira, através dos Direitos da Criança e do Adolescente Hospitalizado, por meio 
da Resolução nº. 41 de 13 de outubro de 1995, no item 9: “Direito a desfrutar de 
alguma forma de recreação, programas de educação para a saúde, acompanhamento 
do currículo escolar, durante sua permanência hospitalar” (BRASIL, 1995 apud 
FERREIRA L; et al., 2017), conforme FERREIRA L; (2017). 
Com base no exposto acima, podemos inferir que é direito das crianças e 
adolescentes hospitalizados o acesso às atividades que viabilizam tanto o 
acompanhamento curricular, quanto a recuperação dos mesmos. A Classe Hospitalar 
deve, portanto, ofertar diferentes condições de aprendizagem com o intuito de garantir 
além da educação a qualidade de vida desses sujeitos. 
De acordo com Matos e Mugiatti (2007, p. 37 apud FERREIRA L; et al., 2017), 
[...] a Pedagogia Hospitalar é um processo alternativo de educação 
continuada que ultrapassa o contexto formal da escola, pois levanta 
parâmetros para o atendimento de necessidades especiais transitórias do 
educando, em ambiente hospitalar e/ou domiciliar. Trata-se de nova realidade 
multi/inter/transdisciplinar com características educativas. 
 
 
 
8 
 
Sendo, pois, a educação um direito de todo e qualquer cidadão, cabe a 
Pedagogia Hospitalar auxiliar o contato dos indivíduos hospitalizados com a realidade 
exterior e com o processo de aprendizagem. Garantindo assim, ao educando 
internado o seu desenvolvimento integral dentro de suas possibilidades. A Classe 
Hospitalar embasa seu trabalho na realidade multi/inter/transdisciplinar, englobando 
assim os diversos conteúdos e correlacionando-os no decorrer das atividades, 
visando à quebra do conceito tradicional de ensino, conforme FERREIRA L; (2017). 
Nesse seguimento, a multidisciplinaridade refere-se à articulação de diversos 
saberes de uma mesma disciplina. A interdisciplinaridade diz respeito a integração de 
profissionais dos diferentes campos, bem como a interação dos diversos 
conhecimentos. Enquanto que a transdisciplinaridade reporta-se a interação global 
das várias ciências embasadas em “valores e humanização, como afeto, 
envolvimento, doação, magia, entre outros atributos que permeiam esse espaço vital. 
” (MATOS e MUGIATTI, 2007, p.30 apud FERREIRA L; et al., 2017). 
Em concordância com o apresentado anteriormente, Leal e Junior (2012 apud 
FERREIRA L; et al., 2017) expõem que o trabalho com a realidade 
multi/inter/transdisciplinar agrega como objeto de estudo a integração e interação de 
diversas áreas, visando a articulação das mesmas na compreensão das 
adversidades. Buscando assim, a superação das fronteiras e limites, levando a 
criança/adolescente hospitalizado ao seu desenvolvimento integral com qualidade de 
vida 
Neste sentido, portanto, além da preocupação com a prática pedagógica, 
existe também a preocupação com a questão da infraestrutura. Em 2002, o 
Ministério da Educação, por meio de sua Secretaria de Educação Especial 
exemplifica, uma sala para desenvolvimento das atividades pedagógicas com 
mobiliário adequado e uma bancada com pia são exigências mínimas. 
Instalações sanitárias próprias, completas, suficientes e adaptadas são 
altamente recomendáveis e espaço ao ar livre adequado para atividades 
físicas e ludo-pedagógicas. (BRASIL, 2002, p. 16 apud FERREIRA L; et al., 
2017). 
É cabível destacar que as classes hospitalares devem proporcionar um 
ambiente educacional que busque uma infraestrutura adaptada e adequada ao seu 
público-alvo e ao contexto em que está inserido. O suporte as crianças e adolescentes 
impossibilitados de frequentarem a escola de ensino regular ocorrem de diversas 
maneiras, no tópico seguinte trataremos sobre essas modalidades de atendimento e 
seus respectivos tipos de auxílio, conforme FERREIRA L; (2017). 
 
9 
 
3 A FORMAÇÃO DO PEDAGOGO HOSPITALAR 
 
Fonte: pedagogianaempresa.com 
Assim como nas classes regulares o trabalho docente em ambiente hospitalar 
exige preparo profissional e afetivo em virtude dos diversos perfis, doenças e 
fragilidades que essas crianças e jovens possam apresentar. Por esta razão, muitos 
professores acabam por desistir de atuar com esse perfil de discentes, porque não se 
encontram preparados para lidar com um público tão heterogêneo, conforme MOURA 
T; (2014). 
Para atuar em Classes Hospitalares, o professor deverá estar habilitado para 
trabalhar com diversidade humana e diferentes experiências culturais, identificando 
as necessidades educacionais especiais dos educandos impedidos de frequentar a 
escola, decidindo e inserindo modificações e adaptações curriculares em um processo 
flexibilizador de ensino e aprendizagem, conforme MOURA T; (2014). 
A sua atuação nesse sentido é uma reforçada contribuição ao trabalho 
multidisciplinar no contexto do hospital tendo condições de desenvolver um 
trabalho sincronizador, didático e pedagógico educativo. (MATOS; MUGIATI, 
2006, p.16 apud MOURA T; 2014). 
Conforme as autoras, o trabalho do pedagogo reforça o caráter interativo da 
pedagogia hospitalar e contribui para dinamicidade do processo de ensino e 
aprendizagem nos hospitais. Ele deve estar interligado com os saberes na área de 
 
10 
 
educação e saúde para que o sistema de reinserção do enfermo no mundo escolar 
estabeleça vínculos entre os profissionais de cada área, os familiares e os próprios 
pacientes, conforme MOURA T; (2014). 
Destaca-se, portanto, que a formação do professor paraatuar neste espaço é 
de suma importância, pois o pedagogo será o mediador para restaurar os laços da 
criança ou adolescente internado com o cotidiano escolar, intervindo para que estes 
tenham uma melhor interação social, valorizando as suas aptidões, respeitando os 
limites clínicos de cada um, conforme MOURA T; (2014). 
Matos e Muggiati (2001 apud MOURA T; 2014) enfatizam que estamos 
passando por um momento histórico da Pedagogia, que vem sinalizando a 
necessidade da também presença do pedagogo nas equipes de saúde e 
sendo assim eles chamam atenção para o fato de que a questão da formação 
desses profissionais constitui-se num desafio aos cursos de Pedagogia, uma 
vez que as mudanças sociais aceleradas estão a exigir uma premente e 
avançada abertura de seus parâmetros, com vistas a oferecer os necessários 
fundamentos teórico-práticos, para o alcance de atendimentos diferenciados 
emergentes no cenário educacional. (MATOS; MUGGIATI, 2001, P. 15 apud 
MOURA T; 2014). 
O trabalho do professor no hospital é muito importante, pois atende as 
necessidades psicológicas, sociais e pedagógicas das crianças e jovens. Ele precisa 
ter sensibilidade, compreensão, força de vontade, criatividade persistência e muita 
paciência se quiserem atingir seus objetivos. Assim o pedagogo contemporâneo deve 
ser um profissional capaz de desempenhar diversas funções, sendo um profissional 
flexível no espaço escolar ou em campos alternativos, a exemplo do campo hospitalar, 
conforme MOURA T; (2014). 
No campo hospitalar, o pedagogo tem de observar todos os setores e a 
dinâmica hospitalar: rotinas médicas da equipe de enfermagem, procedimentos, hora 
das refeições, hora de visita. Dependendo do tipo de hospital, seja geral, 
especializados em determinadas patologias, procurar sempre estudar sobre as 
doenças ali encontradas porque, em sua profissão irá sempre encontrar barreiras. O 
estudo e o constante aperfeiçoamento são os requisitos que farão a diferença na sua 
atuação como profissional. É importante entrar no hospital com um sorriso no rosto, 
procurando diluir o clima que quase sempre é pesado, distribuir energia positiva, além 
de ler sempre os prontuários para ver a evolução do quadro e as recomendações 
médicas, conforme MOURA T; (2014). 
 
11 
 
[...] o repensar a concepção da formação dos professores, que até a pouco 
tempo objetivava a capacitação destes, através da transmissão do 
conhecimento, a fim de que "aprendessem" a atuar eficazmente na sala de 
aula, vem sendo substituído pela abordagem de analisar a prática que este 
professor vem desenvolvendo, enfatizando a temática do saber docente e a 
busca de uma base de conhecimento para os professores, considerando os 
saberes da experiência. (NUNES, 2001, p12 apud MOURA T; 2014). 
Nesse sentido os saberes vão sendo construídos ao longo da carreira docente, 
partindo da reflexão gradativa da sua prática, tendo em vista a necessidade de 
melhorias constantes na sua atuação como educador. O pedagogo que atua no 
âmbito hospitalar deve ter seus olhos voltados para o todo, objetivando o 
aperfeiçoamento humano, construindo uma nova consciência onde a sensação, o 
sentimento, a integração e a razão cultural valorizem o indivíduo, conforme MOURA 
T; (2014). 
Para que possa realizar um trabalho pedagógico educacional adequado às 
necessidades dos alunos/pacientes, o pedagogo (a) precisa estar preparado sobre 
vários aspectos pessoais e profissionais e, sobretudo, dominar conhecimentos acerca 
do desenvolvimento humano, para compreender as diversas manifestações 
apresentadas por essas crianças e jovens. Ele deve ter uma concepção de prática 
pedagógica orientada pela compreensão integradora da educação e conhecimentos 
gerais teóricos e práticos da Pedagogia como ciência, os quais dão suporte à 
Pedagogia hospitalar, conforme MOURA T; (2014). 
A pedagogia hospitalar demanda necessidades de profissionais que tenham 
uma abordagem progressista, com uma visão sistêmica da realidade do 
escolar doente. Seu papel principal não será de resgate a escolaridade, mas 
de transformar essas duas realidades fazendo fluir sistemas que as 
aproximes e as integre (MATOS, 1998, p.12 apud MOURA T; 2014). 
Nessa perspectiva, o pedagogo necessita ter uma formação que lhe dê 
condições de dar respostas efetivas a todas as suas obrigações enquanto profissional, 
como por exemplo, ter uma visão ampla dos problemas enfrentados pelo enfermo e ir 
além do âmbito educativo. O professor e professora acabam funcionando como 
agentes de transformação social, assumindo-se enquanto transformadores sociais, 
vistos como um agente conscientizador e, como tal, formador e formadora de 
cidadãos, no tocante à sua consciência crítica, frente à fragilidade das crianças e 
jovens hospitalizados que muitas vezes se encontram impossibilitados de exercer e 
exigir os seus direitos, conforme MOURA T; (2014). 
 
12 
 
O educador deve ter habilidades que o leve a reflexão de suas ações 
pedagógicas, para que possa oferecer uma orientação respeitando as particularidades 
e necessidades de cada criança ou adolescente hospitalizado. O perfil pedagógico 
educacional do professor de uma classe hospitalar deve ser adequado a realidade 
hospitalar na qual atua, destacando as potencialidades de cada aluno. Motivando e 
incentivando a inclusão desta criança no contexto da classe escolar, conforme 
MOURA T; (2014). 
3.1 Pedagogo hospitalar 
O pedagogo que opta por atuar dentro do ambiente hospitalar deve possuir 
especialização, para poder ter as competências e saberes necessários para o seu 
trabalho. Esse serviço tem por objetivo dar continuidade aos estudos de crianças 
hospitalizadas que tiveram seus estudos interrompidos por consequência de seu 
estado de saúde. E assim, sucessivamente, proporcionar bem-estar do indivíduo 
hospitalizado, mantendo um vínculo com o meio externo, como ressalta Silva e Farago 
(2014, p.167 apud MARCHI C; et al., 2017): 
Partindo-se da hipótese de que a presença e atuação de um pedagogo no 
ambiente hospitalar são de extrema importância às crianças e adolescentes em fase 
escolarização, como forma de dar continuidade ao seu aprendizado, garantindo-lhes 
seu direito a educação e possibilitando instantes lúdicos, de descontração, bem-estar, 
interatividade e de compartilhamento e aquisição de novos conhecimentos, de modo 
a preencher seu tempo ocioso de forma sadia, através de atividades variadas, fazendo 
com que se “desliguem” temporariamente, do momento tão difícil que estão 
atravessando, conforme MARCHI C; et al., (2017). 
Este profissional vem conquistando cada vez mais espaço dentro dos hospitais, 
e um desses espaços é a classe hospitalar. Segundo Brasil (2002 apud MARCHI C; 
et al., 2017), a classe hospitalar é um ambiente que possibilita o atendimento 
educacional de crianças e jovens internados que necessitam de educação especial e 
que estejam em tratamento hospitalar. Portanto é um local projetado especialmente 
para que os pedagogos tenham o propósito de favorecer o desenvolvimento de cada 
indivíduo, respeitando suas necessidades especiais e sua singularidade. 
 
13 
 
Entretanto é necessário que o pedagogo siga a mesma linha de ensino da 
escola regular, para que não aja um fracasso escolar, diminuindo as evasões e 
repetências. Os atendimentos dos pedagogos também podem ser realizados a 
domicílio para os indivíduos, de qualquer idade, que possuem os recursos e condições 
para realizar os tratamentos em sua residência. Esses atendimentos são 
providenciados pela parceria entre saúde e Assistência Social, que preparam os 
equipamentos adequados para cada paciente, de acordo com suas especificidades e 
necessidades, como: cama, mesa adaptada, cadeira de rodas, etc. São 
providenciados também os recursos pedagógicos, que serão disponibilizados aos 
educandos pelo professor, conforme MARCHI C; et al., (2017). 
Dentro do ambiente hospitalar, também existe outro espaçoque necessita da 
contribuição e auxílio do pedagogo: a brinquedoteca. Segundo Paula et al., 
(2007, p.3 apud MARCHI C; et al., 2017), a brinquedoteca no hospital 
configura-se como um espaço preparado para estimular a criança a brincar, 
permitindo o acesso a um ambiente lúdico e uma diversidade de brinquedos, 
com a possibilidade do apoio de um profissional que anime e faça a mediação 
dessas situações de brincadeiras. 
Este ambiente contribui para que a criança consiga enfrentar suas dificuldades 
dentro do hospital e sua doença com resiliência, e o pedagogo elabora brincadeiras e 
jogos educativos que proporcionam entre as crianças uma interação, por meio da qual 
possam se expressar de maneira espontânea, sem perder a essência do brincar que 
possuíam fora do âmbito hospitalar. Sobre a importância do brincar, Maia (2000, p.115 
apud MARCHI C; et al., 2017), afirma que "O brincar proporciona à criança construir 
e elaborar a relação eu-mundo; pois além de proporcionar prazer através do brincar, 
ela domina as suas angústias, controla ideias ou impulsos que conduzem às mesmas, 
caso não sejam dominados". 
Portanto o lúdico possui importância fundamental no processo de ensino-
aprendizagem. Os brinquedos e as brincadeiras proporcionam às crianças, que 
sofrem por estarem hospitalizadas, um melhor desenvolvimento e recuperação, e o 
pedagogo, com sua contribuição, oferece suporte ao indivíduo, utilizando o lúdico 
como uma ferramenta indispensável para a melhoria e avanço escolar dessas 
crianças, concebendo aos mesmos uma vida mais leve e saudável, apesar da 
enfermidade, melhorando seus aspectos físicos, social, cognitivo e emocional, 
conforme MARCHI C; et al., (2017). 
 
14 
 
3.2 A integração entre a família, os pedagogos e o espaço hospitalar 
Uma importante parceria entre a família, o pedagogo e a equipe médica, 
trabalhando de forma conjunta, pode alcançar uma recuperação mais rápida da 
criança e do adolescente hospitalizado, além de garantir que eles continuem o seu 
processo de aprendizagem. Tratando-se dos familiares, as relações se referem ao 
incentivo, à participação, ao dispêndio dos melhores cuidados à criança e ao 
adolescente hospitalizado, conforme MOURA T; (2014). 
O bom relacionamento entre o educador e o acompanhante do aluno/paciente 
é fundamental para o desenvolvimento e aceitação da educação continuada, pois 
estas atividades só podem ser concretizadas com a aceitação do enfermo, diante 
disso o acompanhamento do estudante pelos responsáveis, nas primeiras semanas 
de intervenção é indicado para que exista a familiarização entre o professor da classe 
hospitalar e o aluno-paciente, conforme MOURA T; (2014). 
É um suporte psico-sócio-pedagógico dos mais importantes, porque não isola 
o escolar na condição pura de doente, mas, sim, o mantém integrado em suas 
atividades da escola e da família e apoiado pedagogicamente na sua 
condição de doente (MATOS; MUGIATTI, 2006, p.47 apud MOURA T; 2014). 
Portanto, torna-se importantíssimo o vínculo e a ajuda obtidos junto aos 
familiares, a fim de estimular a valorização do tratamento e da escola, com a intenção 
de obter uma visão mais dinâmica do futuro da criança/adolescente. Além de motivar 
esses familiares para o envolvimento consciente, na relação entre eles e a escola e 
entre essa e o hospital. Os pais ou responsáveis, por terem maior intimidade e 
passarem mais tempo com os pacientes, devem passar tranquilidade à criança e ao 
adolescente e serem os mediadores entre os médicos e o paciente, uma vez que, 
somente eles conhecem por totalidade o que o enfermo sente e se queixa, conforme 
MOURA T; (2014). 
O que se propõe na pedagogia hospitalar é que se estimule os familiares a se 
envolverem e apoiarem os enfermos, inspirando-lhe segurança, no sentido que 
aceitem a situação de forma positiva, e que participem do processo de recuperação 
em sua totalidade. Dessa forma, as crianças ou adolescentes têm mais condições de 
progredir no seu tratamento, reestabelecer a saúde de forma mais rápida, sem tantos 
sofrimentos e crescer de maneira mais harmoniosa. A atitude estimulante dos pais 
representa uma importante contribuição, em termos psicológicos para a criança e para 
 
15 
 
o adolescente, como através do diálogo em que eles expõem dúvidas, medos, 
ansiedades, ajudando a estruturação da personalidade do jovem ou criança 
hospitalizada, além de auxiliá-la nas dificuldades encontradas, conforme MOURA T; 
(2014). 
Enfim, a presença da família é de vital importância uma vez que, a falta de afeto 
pode causar sérias dificuldades no tratamento de doenças em jovens e adolescentes. 
O afeto do pedagogo, dos médicos e dos enfermeiros não é o bastante para suprir a 
carência de um paciente enfermo, por isso a presença dos pais é essencial para que 
tanto o tratamento quanto o processo de aprendizagem no hospital sejam um sucesso. 
A atuação do pedagogo em conjunto com a família e a equipe médica é primordial nos 
casos em que durante a hospitalização o paciente apresentar ansiedade, depressão, 
solidão, busca de proteção e atrasos emocionais e cognitivos, principalmente em 
crianças, conforme MOURA T; (2014). 
Nesta perspectiva, torna-se oportuno citar Costa (2008 apud MOURA T; 
2014) que estabelece entre os principais objetivos da pedagogia hospitalar: 
Promover a integração entre a criança, a família, a escola e o hospital, 
amenizando os traumas da internação e contribuindo para a interação social. 
Para exemplificar a importância da relação entre educadores, médicos e 
família, alguns dos deveres do pedagogo em ambiente hospitalar são: promover a 
integração do corpo docente, elaborar, em conjunto com os professores e 
profissionais, o Plano de Ação Pedagógica a ser desenvolvido com os pacientes, além 
de manter contato com a família e com a escola de origem do educando sempre que 
possível e de acordo com as normas da instituição em que trabalhe. Dessa forma, 
médicos, pedagogos e família, todos estão envolvidos e precisam estar interligados, 
trabalhando em conjunto, de forma harmoniosa e paciente em busca do sucesso do 
tratamento do paciente, conforme MOURA T; (2014). 
Portanto o trabalho pedagógico nas instituições hospitalares deve contribuir na 
orientação das ações desenvolvidas pela equipe de educadores, no estabelecimento 
de parâmetros para as ações pedagógicas, na promoção de subsídios para o 
acompanhamento e avaliação pedagógica do educando. Deve, ainda, contemplar 
aspectos que possibilitem a articulação das relações entre as instituições escolar, 
hospitalar e familiar, conciliando o foco da atuação de cada uma destas instâncias no 
desenvolvimento do aluno, de modo que o mesmo tenha garantida a garantia de seus 
 
16 
 
direitos como cidadão que, ao retornar à sua escola de origem, possa prosseguir no 
seu processo de escolarização, conforme MOURA T; (2014). 
Desenvolver uma prática pedagógica que possa ir ao encontro com as 
necessidades de cada aluno, um bom vínculo entre professor e aluno e 
também entre o professor e os profissionais da saúde, é sem dúvida a chave 
para o sucesso do trabalho. (MAGALINI; CARVALHO, 2002, p.8 apud 
MOURA T; 2014). 
O pedagogo diante do processo de ensino e aprendizagem em contexto 
hospitalar deve articular e organizar o fazer pedagógico entre a escola e o hospital. 
Ele deve garantir a coerência e unidade de concepção entre as áreas do 
conhecimento, respeitando as suas especificidades. Cabe ao pedagogo, tornar 
conhecidos, pela equipe multiprofissional da instituição, na medida do possível, seus 
princípios e finalidades educacionais, conforme MOURA T; (2014). 
O papel do pedagogo hospitalar no dia-a-dia do hospital é orientar todo 
processo pedagógico e, para o sucesso deste atendimento escolar sua atuação vai 
além da capacidade de coordenação de equipes de professores, além da 
fundamentação teórica, mas o perfil necessário a este profissional requer um conjunto 
de habilidadesbásicas importantes para articular a relação da equipe, com a família, 
com a escola, com o aluno enfermo e com a comunidade externa, conforme MOURA 
T; (2014). 
A finalidade da Pedagogia Hospitalar é, justamente, integrar educadores, 
equipe médica e família, num trabalho em conjunto que permite ao enfermo, mesmo 
em ambiente diferenciado, integrar por meio de ações lúdicas, recreativas e 
pedagógicas novas possibilidades e maneiras de dar continuidade à sua vida escolar 
e beneficiar sua saúde física, mental e emocional, conforme MOURA T; (2014). 
 
17 
 
4 A ESCUTA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO HOSPITALAR 
 
Fonte: pt.depositphotos.com 
Ao abordar a pedagogia hospitalar se faz-se necessário também falar sobre 
uma condição importante dessa proposta que é a escuta à pessoa doente. O termo 
escuta pedagógica, no âmbito da educação hospitalar, foi criado por Ricardo Burg 
Ceccim, em 1997, ao organizar, em parceria com Paulo Roberto Antonacci Carvalho, 
o livro Criança Hospitalizada: atenção integral como escuta à vida, da editora da 
Universidade Federal, Rio Grande do Sul. De acordo com Ceccim (2000 apud 
SANTOS D; 2011), esta “escuta pedagógica em saúde decorre da defesa de vida 
como valor maior” (p. 16). O autor afirma que: 
Quando propomos uma escuta pedagógica à criança hospitalizada, estamos 
propondo lançar um novo pensar à atenção de saúde da criança que está 
doente e que vivencia a internação hospitalar. Sua vida não só continua em 
processo de aquisição de aprendizagens formais como tem no seu 
desenvolvimento intelectual uma importante via de apropriação 
compreensiva do que lhe acontece no hospital e na estimulação cognitiva, 
uma instalação de desejo de vida, que pode repercutir com vontade saúde 
para o restabelecimento ou para a produção de modos positivos de viver, uma 
vez que o aprender se relaciona com a construção de si e do mundo (CECCIM 
et al, 1997, p. 76 apud SANTOS D; 2011). 
 
 
18 
 
Este pensar a saúde e a vida estabelece um novo olhar que deve acontecer em 
todo o viver. Ceccim (1997 apud SANTOS D; 2011) elabora o conceito de escuta 
pedagógica, diferenciando a palavra escuta da palavra audição. Para o autor, a 
audição se refere ao órgão do sentido, a capacidade de captar os sons ou a 
sensibilidade de ouvir e a palavra escutar se refere à captação das sensações do 
outro, na realização integrada de ouvir-ver-sentir. 
Ressalta, ainda, o autor que, o termo escuta provém da psicanálise e 
diferencia-se da audição. Enquanto a audição se refere à 
apreensão/compreensão de vozes e sons audíveis, a escuta se refere à 
apreensão/compreensão de expectativas e sentidos, ouvindo através das 
palavras, as lacunas do que é dito e os silêncios, ouvindo expressões e 
gestos, condutas e posturas. [...] A escuta não se limita ao campo da fala ou 
do falado, ao contrário, busca perscrutar os mundos interpessoais que 
constituem nossa subjetividade para cartografar o movimento das forças de 
vida que engendram nossa singularidade (CECCIM, 1997, p. 31 apud 
SANTOS D; 2011). 
Este movimento de ouvir-ver-sentir está diretamente ligado à apreensão e 
compreensão da atenção integral à vida, ou seja, a visão holística que Oliveira (1997, 
p. 48 apud SANTOS D; 2011) refere usando a fala de João Carlos, um aluno de 11 
anos, que ao ser questionado sobre o atendimento pedagógico hospitalar assim se 
expressa “[...] é um alimento da alma”. Este exemplo justifica a contundente 
associação que as crianças/adolescentes hospitalizados fazem entre receber cuidado 
médico e serem ouvidos nas suas necessidades mais específicas. 
Neste sentido, Ceccim (1997 apud SANTOS D; 2011) explica que associar a 
palavra pedagógica à escuta, termo que ele denomina de “escuta pedagógica”, sugere 
que o ouvir-ver-sentir decorre da sensibilidade aos processos psíquicos e cognitivos 
experimentados pelo outro, numa atenção integral. 
A esse respeito, o autor chama atenção para a importância da atenção 
integral, quando coloca, a atenção integral como sendo escuta à vida na 
assistência de saúde da criança significa reconhecer que há uma dimensão 
vivencial na experiência de ser saudável-adoecer-curar que não se esgota na 
melhor qualidade do diagnóstico e prescrição, tampouco com a simples 
agregação da noção de realidade cultural e simbólica (CECCIM, 1997, p. 33 
apud SANTOS D; 2011). 
Nessa perspectiva, Oliveira (1997 apud SANTOS D; 2011) considera que a 
relação que se estabelece entre os profissionais de saúde e o paciente não deve ser 
despersonalizada e anônima, ou infantilizante e autoritária/desqualificante, pelo 
 
19 
 
contrário, deve ser personalizada, com reconhecimento da identidade dos sujeitos. 
Autora explica, nesse sentido, que: 
O anonimato da relação profissional de saúde-paciente no ambiente hospitalar, 
aliado a dor, muitas vezes inevitável dos procedimentos médicos, fazem com que a 
criança, de uma forma mais urgente, necessite da presença amorosa e solidária dos 
familiares a ela ligados por laços de parentesco mais estreitos (OLIVEIRA, 1997, p. 
48 apud SANTOS D; 2011). 
No hospital, quase sempre, a equipe de saúde usa a prática que estabelece 
o roteiro dos diagnósticos fisiopatológicos, dos exames laboratoriais, das 
respostas ou efeitos dos medicamentos e procedimentos de intervenções 
clínicas e a fala da criança/adolescente não é considerada. A esse respeito, 
recorremos ao próprio Ceccim (2000 apud SANTOS D; 2011), que assim se 
expressa, a prática hospitalar se mostra tecnificada e impessoal, orientada 
pela doença e pelo quadro clínico não se mostra como uma prática 
humanizada e personalizada orientada pela saúde e pela produção de vida. 
Os ouvidos ferramentas de trabalho, orientados para tirar os problemas e 
alinhar as condutas não são ouvidos táteis, orientados pelo que pede para 
ser ouvido ser dito, que ouvem o que se mostra ou se esconde sem se ouvir 
(p. 15). 
Em ambiente hospitalar, o enfermo, criança ou adolescente, pede para brincar, 
ir à escola, para ter amigos, porque quer atenção à dimensão vivencial de seu 
momento delicado de adoecimento/hospitalização. Ele está experimentando uma 
situação nova não só biológica ou psicológica em decorrência de sua doença ou 
internação, mas de vida e possibilidades de morte. A pesquisa realizada por Oliveira 
(1997 apud SANTOS D; 2011), nesse sentido, relata que: 
O medo da morte surge nas entrevistas a todo instante, ora pela referência à 
doença em si própria ou de algum familiar, ora por relatos indiretos de morte, 
medo, esse, talvez, decorrência “natural” da desintegração física que, para a 
criança, ameaça tão de perto. Medo/vivência de morte. [...], mas é na culpa e 
na sensação de ter feito algo errado que a criança vive o centro da sua 
enfermidade, apesar de na maior parte das vezes os fatos descritos não 
estarem relacionados à causa objetiva da doença. Falas que indicam 
suplício/tortura/expiação (OLIVEIRA, 1997, p. 44 apud SANTOS D; 2011). 
Diante desse fato, o adoecimento gera expectativa, stress e insegurança ao 
doente. A doença por si só já constitui um enorme vazio de como será o amanhã. 
Assim, os estudos de Ceccim (1997 apud SANTOS D; 2011) evidenciam que, quase 
sempre, a equipe da saúde está voltada para as dimensões biológicas e psicológicas 
que são atendidas, ouvidas por esta equipe, mas o vivencial não pode ser 
diagnosticado, e sim sentido. 
 
20 
 
Para explicar esta relação, Ceccim (1997 apud SANTOS D; 2011) recorre a 
Spinoza, objetivando esclarecer a importância da atenção de saúde, por ser 
um encontro, [que] produz afetos. Usando uma linguagem spinozana, todo 
encontro é afecção, isto é, quando há um encontro afetamos e/ou somos 
afetados por outro. Os afetos podem ser de alegria ou de tristeza. Afetos de 
tristeza são todos aqueles que diminuem, entravam, bloqueiam ou 
empobrecem a vida; e os de alegria são todos aqueles que expandem, 
favorecem, compõem, apontam novos olhares e caminhos (não se 
confundem com felicidade).Assim, uma escuta à vida será não só às 
vivências concretas (a vida vivida), mas, também, a captação das forças de 
vida que pedem passagem em nosso existir (CECCIM, 1997, p. 28). 
Podemos então, ressaltar que o existir estabelece uma passagem na qual o 
atendimento pedagógico hospitalar tem uma enorme importância e o professor é o 
mediador desta relação, que estabelece um novo caminho no existir da 
criança/adolescente doente. Portanto, o professor deve permitir-se escutar 
pedagogicamente a todos, pois só se pode estar “junto com a criança, quando nos 
medimos por ela, quando nos permitimos escutar seus processos afetivos e 
cognitivos, observamos suas interações e suas produções, mediamos suas 
construções e interpomos convites a que produza conosco” (Ceccim, 2000, p. 15 apud 
SANTOS D; 2011). 
Nessa realidade, podemos formular algumas propostas no sentido de tornar 
a hospitalização não só menos sofrida, como dotada de um sentido positivo, 
uma experiência através da qual seja possível à criança experimentar as 
próprias forças e com isso crescer internamente (OLIVEIRA, 1997, p. 51 apud 
SANTOS D; 2011). 
De acordo SANTOS D; (2011), percebemos, no recorte, o destaque à 
valorização da humanização do ambiente hospitalar e à relação profissional de saúde-
paciente, que deve ser personalizada, com respeito à presença da 
criança/adolescente e adequação da comunicação valorizando a fala, o corpo, os 
sentimentos, bem como, os aspectos positivos da experiência vivencial do 
hospitalizado. A este respeito, a autora relata, em sua pesquisa, a fala de uma criança 
que reafirma a importância do cuidado na relação saúde-paciente: 
[...] é preciso que vocês tenham cuidado com o que falarem ao meu lado. Eu 
estou escutando! E posso entender errado o que vocês falam! Dirijam-se a 
mim; escolham as palavras; ou vão para bem longe de forma que eu nem os 
veja. E não me tratem como uma criança menor do que eu sou (OLIVEIRA, 
1997, p. 54 apud SANTOS D; 2011). 
 
 
21 
 
Assim, por meio da análise de discurso, a autora reconhece a importância de 
se escutar pedagogicamente o outro em especial a criança/adolescente hospitalizada, 
bem como a necessidade de humanização do ambiente hospitalar. Em relação ao 
estudo do ambiente hospitalar como espaço próprio para doentes, Oliveira (1997 apud 
SANTOS D; 2011) busca seus fundamentos nos conhecimentos adquiridos na relação 
com doentes e na interpretação que a criança/adolescente e a família expressam 
sobre o estado de doença e a hospitalização. 
Nesse processo de construção de conhecimentos, ela chega, a conclusões em 
relação ao que nos diz a criança sobre a enfermidade e a hospitalização. Tomando 
como referência essas perguntas elaboradas para compor a anamnese pedagógica, 
Oliveira (1997 apud SANTOS D; 2011) em sua pesquisa categorizou o conceito de 
doença e de hospital, a partir do que dizem as crianças em relação à doença e o 
hospital, da seguinte forma: 
[...] A doença é: - dor; - evento concreto; - modificação do comportamento 
habitual; - ameaça à integridade física - medo - vivência de morte; - 
suplício/tortura; - culpa/castigo. [...] O hospital é: - desconhecido, estranho; - 
sem nada legal, em oposição à escola; - sem possibilidade de atividades ao 
ar livre; - proibição de brincar; - anonimato; - evita a morte em casa; - lugar 
de torturas, suplícios e agressões físicas com intenções punitivas; - solidão, 
tristeza e saudade (OLIVEIRA, 1997, p. 45-46 apud SANTOS D; 2011). 
Nessa análise, Oliveira (1997 apud SANTOS D; 2011), ressalta que, no 
ambiente hospitalar, é de suma importância à presença da família e flexibilidade de 
horários. Estes devem ser liberados para familiares e amigos, sempre que se fizer 
necessário. A permanência da mãe, como acompanhante, é de suma importância no 
processo de recuperação/cura da criança/adolescente. A autora afirma a positividade 
da participação da família no preparo e nos cuidados do doente durante e após a 
internação hospitalar (p. 52). 
Conforme foi esclarecido inicialmente, a escuta pedagógica envolve “a escuta” 
em todas as manifestações bio psicofísicas do ser humano. Nesse sentido, deve ser 
entendida como um escutar em toda a sua plenitude, respeitando a natureza da 
criança o que significa agir com base em suas necessidades. Nesse aspecto, entra o 
ato de brincar. O brincar no ambiente hospitalar, de acordo com Oliveira (1997, p. 52 
apud SANTOS D; 2011), deve ser adequado à faixa etária da criança. Para tanto, os 
hospitais devem recriar pedagogicamente o ambiente hospitalar. Como exemplo, ela 
sugere a criação do museu da criança hospitalizada: cama de hospital, jaleco, 
 
22 
 
estetoscópio, seringa, agulhas e outros. Também devem ser de fácil acesso: os livros, 
quadros e desenhos ilustrativos sobre centro cirúrgico, enfermaria, luzes, profissionais 
os quais relatam o dia a dia do hospital. 
Além destes cuidados voltados para a humanização do hospital e o melhor 
atendimento do doente, os autores estudados, Ceccim (1997 apud SANTOS D; 2011), 
Fonseca (2003 apud SANTOS D; 2011), Matos e Mugiatti (2009 apud SANTOS D; 
2011), Castro (1997 apud SANTOS D; 2011), Jesus (1997 apud SANTOS D; 2011) 
dentre outros demonstram, em suas pesquisas, a preocupação com a pedagogização 
da vivência hospitalar, ou seja, a promoção da aprendizagem dos hospitalizados. Eis 
como Ceccim e outros se referem ao assunto: 
A criança hospitalizada necessita de uma maior atenção e de sentir-se [...] 
próxima de sua realidade não hospitalar [...] as sessões de acompanhamento 
pedagógico tem um planejamento individualizado, que precisa ser 
estruturado de acordo com a realidade e necessidades de cada criança 
(CECCIM et al, 1997, p. 79 apud SANTOS D; 2011). 
As manifestações de birras, resistências, sorrisos, choros, olhares, gestos são 
expressões de sentimentos e vivências da criança que devem constituir conteúdo das 
escutas e objetos da atenção do educador hospitalar. Para Ceccim (2000 apud 
SANTOS D; 2011), a criança mostra e esconde suas vivências. Essas manifestações 
devem constituir-se referências de atenção por todos os envolvidos na relação 
pedagógica saúde-doença-aprendizagem. 
Na opinião do autor, a escuta pedagógica também está presente na escrita; 
no desejo, ou não, de aprender; nos recursos de leitura e escrita que utiliza; 
nas etapas do desenvolvimento cognitivo que percorre e por onde avança; no 
desenho; na colaboração em grupo, para um fim em comum; na conversa 
sobre os móveis, janelas, corredores, elevadores, luzes, macas e etc. que 
observa e convive no ambiente hospitalar (CECCIM, 2000, p. 15 apud 
SANTOS D; 2011). 
 De acordo SANTOS D; (2011), esse “ouvir-ver-sentir”, ou escutar 
pedagogicamente, criança/adolescente doente é vivenciado pelo professor hospitalar. 
Então, o que caracteriza o pedagógico em ambiente hospitalar é a escolarização, ou 
a escola no hospital, com planejamento, objetivos, frequência, sala de aula, pesquisa 
e tarefa de casa. Tudo isto pode e deve acontecer no hospital como/ou semelhante à 
escola. A respeito da questão, Ceccim afirma: 
 
 
23 
 
[...] o atendimento pedagógico [hospitalar] envolve ações pontuais diretas 
como no programa escolar-curricular e ações de acompanhamento, no 
sentido de observar a evolução do processo de desenvolvimento cognitivo e 
socioafetivo da criança. [...] no trabalho com as crianças com internações 
eventuais procuramos nos deter mais ao material escolar ou nas tarefas que 
envolvem alguns pontos ou conteúdos nos quais a criança apresente 
dificuldades (CECCIM et al, 1997, p. 80 apud SANTOS D; 2011). 
Reiteramos que, o atendimento pedagógico hospitalar está pautado na escuta 
pedagógica que, segundo Ceccim (2000, p. 16 apud SANTOS D; 2011), requer um 
espaço, uma sala de aula. Requer um professor, um mediador didático educacional 
que faz da escola o lugar de aprender. Requer a possibilidade de criança ir e vir à 
“escola” e ter seus murais e cadernos,na escola e no lugar onde faz os temas (sua 
enfermaria, seu leito, o corredor de sua unidade). Requer os objetos de aprender 
(brinquedos, sucatas, papel, lápis, tinta, computador, etc.). 
 O que mais caracteriza essa escuta [é] a continuidade e segurança dos laços 
sociais do aprender (colegas, professor, espaço coletivo de crianças) e os conexos 
com as potências infantis de criação, invenção e fantasia (o hospital impõe limites a 
socialização e interações, afastamento da escola/dos amigos/da rua/da casa e põe 
regra ao corpo/ao tempo/aos espaços), onde a cura passa a ser uma parte e não um 
fim. O fim é o crescimento, o desenvolvimento e a conquista de outras saúdes. Este 
fim é finito, mas ilimitado porque ele somente inicia outra saúde, não há término da 
saúde (nem com uma morte previsível e já próxima), conforme SANTOS D; (2011). 
Assim, faz-se necessário a conceitualização de saúde com referência nas 
contribuições de Nietzsche (1986, p. 47 apud CECCIM, 1997, p. 28 apud SANTOS D; 
2011), para quem, “ter uma grande saúde não se trata de não ter doenças, mas 
capacidade de tirar proveito da própria doença. Para alguém sadio, até mesmo, a 
doença pode vir a se tornar “um energético estimulante para a vida, para o mais viver”, 
na classe hospitalar, como nas instituições educativas, é preciso pedagogizar a 
situação. No hospital, a doença é crucial. A educação sistematizada, neste ambiente, 
é norteada pela escuta pedagógica, onde não há limites para a criatividade formativa 
e para o crescimento cognitivo. Uma educação com essa finalidade requer: 
[...] um programa escolar, [que] difere da noção de uma sala de aula e uma 
professora para fazer integração com a escola local e evitar o abandono 
escolar, porque decorre da atenção/proteção às necessidades intelectuais da 
criança. [São] cinco razões ao programa escolar: primeira, o tradicional: evitar 
a evasão e a repetência porque os afastamentos da escola, geralmente 
repercutem em dificuldades de aprendizagem pela descontinuidade e 
ameaça constante à assiduidade; [...] segunda, prover a criança com um fator 
 
24 
 
estável em sua vida, retirar o caráter de suplementaridade da escola para os 
casos de sua doença- como se só aos normais fosse necessário aprender e 
ir à escola; [...] terceira, o hospital pode prover a oportunidade de efetivo 
ensino e aprendizagem, estimular a curiosidade; [...] quarta, aprender sobre 
profissões e relações de trabalho, utilizando os trabalhadores e os serviços 
hospitalares, e realizar pesquisas escolares sobre os vários campos do saber; 
[...] quinta caracteriza a expectativa que o hospital tem de a criança ficar bem 
e progredir em domínios intelectuais, conceituais e práticos (CECCIM, 1997, 
p. 35-36 apud SANTOS D; 2011). 
De acordo SANTOS D; (2011), assim, na classe hospitalar os objetivos 
educacionais são concretizados de modo a garantir o direito da criança/adolescente à 
educação escolar e o educador precisa considerar as condições existenciais do sujeito 
da aprendizagem. Nesse contexto, a escuta pedagógica é um suporte que o professor 
deve usar para oferecer uma atenção integral à criança/adolescente, não apenas para 
as necessidades intelectuais, emocionais e o pensamento. Para tanto, cabe ao 
educador criar: 
 Um espaço propício ao encontro e aos afetos alegres, onde se intencione 
acompanhar o movimento de deixar ver e esconder (emoções, sentimentos, 
confusões, questões) que a criança usa para conectar-se com o desejo de 
crescer, conhecer, curar, viver (CECCIM, 1997, p. 29 apud SANTOS D; 
2011). 
De acordo com SANTOS D; (2011), nesta perspectiva, uma anamnese 
pedagógica se faz necessária, cabendo ao professor hospitalar perguntar à 
criança/adolescente por exemplo: o que você fazia antes de vir para o hospital? Como 
você se sentia? E agora, como se sente? Qual a sua doença? Por que acha que 
adoeceu? Quem cuida de você aqui no hospital? O que é o hospital? Você sabe como 
funciona o hospital? Você sabe como se fica saudável? Como era sua saúde antes 
de você vir para o hospital? Como será sua vida depois que receber alta e voltar para 
casa? Essas perguntas podem ser respondidas oralmente ou através de atividades 
pedagógicas como o desenho ou a produção de texto escrito e outros. 
De acordo com SANTOS D; (2011), nessa proposta, cabe ao professor realizar 
a escuta pedagógica por meio da atenção integral propiciando à criança/adolescente 
avançar na aprendizagem, partindo do conhecimento que tem. Diante do exposto, o 
professor hospitalar deve afirmar positivamente a experiência de doença ou 
hospitalização e não torná-las impedimentos da aprendizagem de si, do mundo, dos 
objetos e das relações. Nesse ambiente “escolarizado”, é preciso: 
 
25 
 
Admitir a vida como critério da saúde [...] ampliar e redimensionar a 
responsabilidade das equipes da pediatria no hospital, porque seu exercício 
de trabalho assume significação existencial, podendo (re) orientar a atenção 
para uma efetiva prestação de ajuda e cuidados pela vida [...] potencializar 
nossa capacidade humana (orgânica-intelectiva-afetiva) de estabelecer uma 
vida social de acordo com nossa necessidade de uma existência alegre e 
geradora permanente de transformações individuais e coletivas. E 
[estabelecer] uma parceria nas lutas da vida, enfrentando adoecimentos e 
condições especiais de saúde como singularidades ao “mais viver” (CECCIM, 
1997, p. 31 apud SANTOS D; 2011). 
De acordo com SANTOS D; (2011), entendemos que, o “mais viver” relaciona-
se à defesa da existência por meio de uma educação dos sentidos e tentativas de se 
promover a vida mesmo em situações tão adversas como as de doenças graves e 
sofrimentos prolongados. Admitir ‘a vida como critério da saúde’ significa dar-lhe 
prioridade, lutar a seu favor, promover a alegria de viver mesmo que por pouco tempo 
e não apenas prescrever, medicar, receitar, etc. Cabe, nessa situação, recorrer, mais 
uma vez, às contribuições de Ceccim, que tão bem explicita a educação no hospital 
como uma “escuta à vida”: 
[...] A perspectiva da escuta à vida [...] nos leva não mais à pesquisa de sinais 
e sintomas patológicos, mas à pesquisa da criança e dos seus pais (não só a 
doença, exceto o singular adoecimento de cada criança), contribuindo, 
através da prática de saúde, à manutenção das capacidades biológicas com 
que o corpo encara os eventos vitais e ao desenvolvimento de aprendizagens 
da vida em favor da própria vida (CECCIM, 1997, p. 37 apud SANTOS D; 
2011). 
Nesse aspecto, a contribuição da escuta pedagógica ao ensino aprendizagem 
de alunos doentes torna-se crucial e deve propiciar ao professor um novo olhar à 
criança/adolescente, antes, durante e após o atendimento pedagógico hospitalar. 
Essas contribuições constituirão subsídios no ato de planejar o ensino a ser ministrado 
durante as atividades educativas a serem realizadas em cada encontro. No momento 
dos relatos diários sobre o atendimento são registrados os avanços e entraves 
detectados pelos alunos doentes, utilizando-se da escuta pedagógica, fato 
importantíssimo para o planejamento, conforme SANTOS D; (2011). 
Neste contexto, a escuta pedagógica, a comunicação entre quem ensina e 
quem aprende são essenciais para o ato educativo e ajuda no processo de 
aprendizagem e cura. Considerando-se que a criança e o adolescente estão imersos 
em uma situação negativa, a escuta contribui para desenvolver suas dimensões 
possíveis de aprendizagem adaptadas às suas capacidades e disponibilidades. Desse 
modo, mediante a escuta pedagógica hospitalar, os estudantes continuam, na medida 
 
26 
 
do possível, seus estudos na escola de origem, não os interrompendo e mantendo o 
elo entre eles e a escola e evitando o movimento de evasão/reprovação escolar 
(CECCIM et al, 1997, p. 79 apud SANTOS D; 2011). 
Os autores alertam para as possibilidades que o conhecimento e o afeto que 
se estabelece na relação professor e criança/adolescente, noambiente hospitalar, 
permite ao educando hospitalizado pensar e compreender melhor sua 
situação/condição como aceitação ativa (construção cognitiva e não submissão ou 
resignação) de que a vida continua. Nesse processo de aperfeiçoamento, não se pode 
esquecer que a hospitalização da criança/adolescente constitui uma ruptura entre 
laços sociais com seus familiares, colegas de escola, amigos do bairro, enfim 
representa uma profunda cisão nos seus laços sociais, conforme SANTOS D; (2011). 
Sobre a questão, reiteramos mais uma vez as ideias de Ceccim e seus 
colaboradores de que, na condição de hospitalizado, o estudante fica entre dois 
espaços: um de prazer, brincadeiras, representado pela família/escola, e outro de 
tensão/dor, restrito ao hospital. As tentativas de manter ligação entre os dois 
ambientes perante a manutenção de relações menos estressantes possíveis tornam-
se um dos objetivos a serem alcançados pela pedagogia hospitalar, mediante o 
emprego de procedimentos de escuta, conforme SANTOS D; (2011). 
Na condição de doente a criança e o adolescente hospitalizados passam por 
uma espécie de segregação, interrompendo seus laços sociais e vivenciando outro 
momento de personalização (de doente), pois está aprendendo, com sua doença e 
com o novo ambiente em que vive, normas e regras novas, que precisam incorporar-
se, no seu dia a dia. Nessa realidade, faz-se importante uma pedagogia da escuta que 
trabalhe com a criança de modo completo respeitando e valorizando sua 
singularidade, conforme SANTOS D; (2011). 
Os argumentos apresentados nos permitem considerar a escuta pedagógica 
como uma ação holística que valoriza a singularidade das expressões de vida de cada 
criança/adolescente em estado de doença. Desse modo, entendemos essa pedagogia 
como uma proposta que tem como propósitos o sentir, o ver e o escutar o aluno nas 
menores expressões, para entendê-lo e poder mediar a aprendizagem, conforme 
SANTOS D; (2011). 
 
 
27 
 
Conforme se pode perceber, a escuta pedagógica, no ambiente hospitalar, 
difere do costumeiro ambiente de escolarização ao qual o educando está acostumado. 
Portanto, escutar o educando se faz necessário para que ele venha vencer seus 
medos reais ou imaginários com ajuda do professor. Dessa forma, é indispensável 
uma escuta efetiva do processo cognitivo a fim de que o educando não perca sua 
identidade e valor, na instituição hospitalar. Na perspectiva da Pedagogia Hospitalar, 
a criança/adolescente doente não constitui um ser passivo, mas o sujeito ativo que, 
decide, provoca, toma decisões e escolhe, conforme SANTOS D; (2011). 
5 A ATUAÇÃO SOCIOEDUCATIVA DO PEDAGOGO NO AMBIENTE 
HOSPITALAR 
 
Fonte: assiscity.com 
Devido às profundas transformações em nossa sociedade, geradas pelo 
processo de industrialização (substituição de mão-de-obra humana por maquinários) 
a partir das revoluções industriais, surgem novos problemas sociais e se acentuam os 
já existentes, tais como, miséria, desemprego, violência, dentre outros. Como 
consequência, novas demandas socioeducativas se originam e, o pedagogo, como 
agente/educador social, acompanha essas mudanças, dando origem a um profissional 
com uma visão mais ampla sobre a educação no que diz respeito a não se limitar aos 
aspectos pedagógicos da mesma, mas também aos enfoques sociais que esta possui, 
conforme Silva R; et al., (2014). 
 
28 
 
Sendo assim, o educando passa a ser visto também como um ser social, com 
anseios e necessidades específicas que variam de acordo com o contexto 
socioeconômico-cultural de cada grupo de indivíduos. Daí surge à importância de se 
pensar a educação de forma mais abrangente, não se restringindo aos espaços 
formais de educação, mas também, indo além dos muros das instituições de ensino 
oficiais, ou seja, estando em todos os ambientes em que se necessite de uma ação 
educativa, conforme Silva R; et al., (2014). 
O que verificamos é que são inúmeros os espaços não-formais de educação, 
mas no momento, nos focaremos no ambiente hospitalar que por sua natureza e 
peculiaridade, exige do profissional pedagogo um trabalho mais humano e sensível, 
através de uma Pedagogia específica, com características próprias que aqui 
denominaremos de Pedagogia Hospitalar. O que verificamos é que a Pedagogia 
Hospitalar surgiu como uma maneira de prestar atendimento especializado a criança 
e adolescente enfermos, hospitalizados ou que estejam sob tratamento de saúde em 
seu domicílio por longos períodos, conforme Silva R; et al., (2014). 
Este trabalho socioeducativo com crianças e adolescentes internados, 
proporcionado pela Pedagogia Hospitalar, é extremamente relevante no que diz 
respeito a dar continuidade aos estudos e a evitar a exclusão social dos mesmos. 
Além disso, é uma ação que permite aos educandos que, após cessação do período 
de internação ou de interrupção de seu tratamento domiciliar, tenham a capacidade 
de iniciar ou retomar o processo escolar sem ficarem frustrados ou desestimulados 
por estarem aquém dos demais alunos da sala regular de ensino, conforme Silva R; 
et al., (2014). 
Sob esse enfoque, observamos que imprescindível se faz a presença do 
pedagogo no ambiente hospitalar como agente social capaz de proporcionar este 
atendimento sócio pedagógico, com metodologias específicas a cada caso. O 
pedagogo também é responsável por desenvolver atividades lúdicas que venham a 
minimizar a ansiedade, a angústia e o temor, sentimentos estes, despertados nas 
crianças e adolescentes enfermos, principalmente nas crianças menores em face da 
nova situação imposta pela doença, que alterou drasticamente sua rotina, privando-
os do convívio familiar, social e escolar. Tais ações lúdico-pedagógicas, conforme 
demonstram alguns estudos, refletem até na recuperação clínica do enfermo, 
conforme Silva R; et al., (2014). 
 
29 
 
Percebemos também que, a inserção do pedagogo no quadro de funcionários 
do hospital, não beneficia apenas a criança e o adolescente hospitalizado, mas 
também o ambiente hospitalar como um todo, eis que este profissional contribui 
inclusive, para o processo de humanização destes espaços. Constatamos ainda que, 
diante da preocupação com o atendimento ao escolar hospitalizado, foram criadas 
diversas leis para tratar sobre essa questão, dentre estas a Resolução nº 41 de 13 de 
outubro de 1995, do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, 
que aborda especificamente sobre os direitos da Criança e do Adolescente 
Hospitalizados, conforme Silva R; et al., (2014). 
Outra legislação que merece destaque é o documento elaborado pelo MEC – 
Ministério da Educação e Cultura: “Classe hospitalar e atendimento pedagógico 
domiciliar: estratégias e orientações”, no qual podemos verificar que são definidas as 
formas de atendimento sócio pedagógico destinados ao escolar enfermo que se 
encontra impossibilitado de frequentar a escola regular, conforme Silva R; et al., 
(2014). 
Esses referidos atendimentos pedagógicos podem ocorrer tanto nas classes 
hospitalares, localizadas no hospital ou no próprio domicílio do educando 
enfermo, os quais são definidos como, denomina-se classe hospitalar o 
atendimento pedagógico educacional que ocorre em ambientes de 
tratamento de saúde, seja na circunstância de internação, como 
tradicionalmente conhecida, seja na circunstância do atendimento em 
hospital-dia e hospital-semana ou em serviços de atenção integral à saúde 
mental. Atendimento pedagógico domiciliar é o atendimento educacional que 
ocorre em ambiente domiciliar, decorrente de problema de saúde que 
impossibilite o educando de frequentar escola ou esteja ele em casas de 
passagem, casas de apoio, orfanatos e/ou outras estruturas de apoio da 
sociedade. (BRASIL, 2002, p. 13 apud Silva R; et al., 2014). 
Esses atendimentos especiais têm como principais finalidades elaborações 
táticas e orientações que permitam que o educando inicie ou dê sequênciaaos seus 
estudos, como maneira de manter seus laços com a escola, mediante um currículo 
flexível e adaptado às possibilidades e necessidades de cada criança, jovem ou adulto 
que se encontre impedido de frequentar o ensino regular por causa da enfermidade 
que lhes acometeu. (BRASIL, 2002 apud Silva R; et al., 2014). 
Cumpre ressaltar que, segundo este referido documento, o atendimento ao 
escolar hospitalizado, através da classe hospitalar ou do atendimento pedagógico 
domiciliar segue o modelo de educação inclusiva sendo, portanto, uma modalidade 
de ensino que se enquadra nos ideais da Educação Especial. (BRASIL, 2002 apud 
 
30 
 
Silva R; et al., 2014). A Educação Especial, por sua vez, é definida pela LDBEN - Lei 
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, n° 9394/96 como: “a modalidade de 
educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para 
educandos portadores de necessidades educacionais especiais” (BRASIL, 2003, p. 
46 apud Silva R; et al., 2014). 
No caso do escolar enfermo essas referidas necessidades se apresentam de 
maneira transitória, eis que, podem ser sanadas após o tratamento ou internação 
hospitalar, permitindo que este retome sua vida normalmente. Sob essa ótica da 
Educação Especial, as classes hospitalares e o atendimento pedagógico domiciliar 
não poderiam seguir os padrões do ensino regular, isso porque, a situação vivenciada 
pelo escolar enfermo exige uma forma de trabalho diferenciada. (BRASIL, 2002 apud 
Silva R; et al., 2014). 
Por essa razão, esse trabalho diferenciado, englobando os dois tipos de 
atendimentos deve ser desenvolvido em conjunto com as unidades escolares, com os 
sistemas de educação sejam federais, estaduais e municipais e com as direções dos 
estabelecimentos e dos serviços de saúde em que o escolar esteja hospitalizado ou 
vinculado. (BRASIL, 2002 apud Silva R; et al., 2014). 
No que se refere ao atendimento pedagógico hospitalar, pode ocorrer em 
instalação própria para esse fim (classe hospitalar), na enfermaria da unidade de 
saúde, no leito ou em quarto de isolamento, também sendo indicado um espaço 
adequado, de preferência ao ar livre para que sejam desenvolvidas atividades lúdico-
pedagógicas, o que irá depender das necessidades e possibilidades clínicas do 
escolar hospitalizado. (BRASIL, 2002 apud Silva R; et al., 2014). 
Quanto a estrutura física das classes hospitalares, estas devem conter, no 
mínimo, móveis adequados, uma bancada com pia e acomodações sanitárias próprias 
e adaptadas também conforme as necessidades do educando hospitalizado. 
(BRASIL, 2002 apud Silva R; et al., 2014). 
De acordo com o mesmo documento do MEC e da SEESP (2002 apud Silva R; 
et al., 2014), as classes hospitalares devem estar equipadas com variados recursos 
audiovisuais, como computadores em rede, televisão dentre outros, além de 
possibilitar à elaboração, o desdobramento, a avaliação e o contato do educando 
hospitalizado com o professor e os colegas de sala de sua escola de origem. 
 
31 
 
No caso do atendimento pedagógico domiciliar, como o próprio termo sugere, 
ele acontece na residência da criança ou adolescente enfermo. Sendo que muitas 
vezes, esta residência precisará ser adaptada de acordo com as necessidades de 
cada um, seja através da eliminação de barreiras arquitetônicas para favorecer o 
acesso a outros ambientes da casa tanto internos quanto externos ou da compra de 
equipamentos ou mobiliários adequados, tais como cama, cadeiras e mesas 
especiais, dentre outras. (BRASIL, 2002 apud Silva R; et al., 2014). 
É importante frisar que este processo de adaptações deve ser desenvolvido de 
forma integrada entre o sistema de educação, de saúde e de assistência social. 
(BRASIL, 2002 apud Silva R; et al., 2014). Além disso, os materiais e conteúdos 
didático-pedagógicos a serem trabalhados com este educando também devem ser 
adaptados as suas necessidades e possibilidades, o que será essencial para que o 
processo de ensino-aprendizagem se concretize. (BRASIL, 2002 apud Silva R; et al., 
2014). 
Outra adaptação imprescindível é a do ambiente escolar, quando este 
educando retornar ao ensino regular, o que também varia de acordo com as 
necessidades do mesmo, contemplando desde a eliminação de obstáculos físicos, até 
os cuidados pessoais e com a alimentação desse aluno. Os profissionais que fazem 
parte da equipe de pedagogia hospitalar são compostos por um professor 
coordenador que além de organizar as propostas pedagógicas a serem desenvolvidas 
na classe hospitalar e no atendimento pedagógico domiciliar, deve orientar e prestar 
assistência aos professores que atuarem nesses espaços. (BRASIL, 2002 apud Silva 
R; et al., 2014). 
Também fará parte da equipe educacional, o professor, que será responsável 
por planejar, organizar e desenvolver atividades e avaliações adequadas às 
necessidades e possibilidades dos educandos. Cabe também a este profissional 
cuidar do processo de inserção ou reinserção do educando no ensino regular, quando 
este estiver em condições para tanto. (BRASIL, 2002 apud Silva R; et al., 2014). 
Este profissional contará com o apoio de um assistente que poderá pertencer 
ao quadro de funcionários do hospital ou da escola ou poderá ser composto por 
estudantes universitários tanto da área da saúde quanto da área da educação. Estes 
terão como principal função auxiliar o professor em tudo o que for necessário, desde 
a devida higienização do ambiente e materiais até a prestação de cuidados pessoais 
 
32 
 
ao educando, tais como, levá-los para fazer uso do sanitário ou auxiliá-los no momento 
de alimentação. (BRASIL, 2002 apud Silva R; et al., 2014). 
Daí, mais uma vez, destacamos a importância da atuação do profissional 
pedagogo no ambiente hospitalar, tanto no trabalho junto a classe hospitalar quanto 
no que se refere ao atendimento pedagógico domiciliar à educandos acometidos de 
enfermidades graves que por conta disso se encontram impedidos iniciar sua 
frequência no ensino regular ou de retornar a sua rotina escolar, conforme Silva R; et 
al., (2014). 
Segundo Fonseca (2008 apud Silva R; et al., 2014) a atuação do professor na 
classe hospitalar é extremamente importante, não se limitando em apenas dar 
continuidade ao processo educativo da criança ou adolescente, mas também 
contribuindo para proporcionar a interação deste educando com o ambiente hospitalar 
e com os profissionais da saúde que o compõe, além de auxiliá-lo a compreender essa 
nova situação imposta pela doença e de contribuir para a recuperação de sua saúde. 
Sobre esta questão, esta mesma autora enfatiza que o professor da escola 
hospitalar é, antes de tudo um mediador das interações da criança com o 
ambiente hospitalar. Por isso, não lhe deve faltar, além de sólido 
conhecimento das especialidades da área de educação, noções sobre as 
técnicas e terapêuticas que fazem parte da rotina da enfermaria, e sobre as 
doenças que acometem seus alunos e os problemas (mesmo os emocionais) 
delas decorrentes, tanto para as crianças como também para os familiares e 
para as perspectivas de vida fora do hospital. (FONSECA, 2008, p. 29 apud 
Silva R; et al., 2014). 
O professor que atuar na classe hospitalar ou no atendimento pedagógico 
domiciliar deve estar preparado para lidar com a particularidade de cada criança ou 
adolescente enfermo e, com base nisso criar estratégias adequadas às necessidades 
e possibilidades dos mesmos, como uma forma de oferecer condições de ensino-
aprendizagem de qualidade, permitindo assim, que esta se concretize de maneira 
significativa. (FONSECA, 2008 apud Silva R; et al., 2014). 
Cabe, também, ao professor da classe hospitalar manter contato com o docente 
da escola de origem do aluno (no caso de educando já frequentavam do ensino 
regular), como uma maneira de dar continuidade ao cronograma curricular organizado 
pela sua escola, bem como, para manter o professor do ensino regularinformado 
sobre todo trabalho realizado com este aluno na classe hospitalar, inclusive seu houve 
ou não desenvolvimento por parte deste. (FONSECA, 2008 apud Silva R; et al., 2014). 
 
33 
 
Além disso, com base nessas considerações a respeito do papel do professor 
que atua no ambiente hospitalar, Fonseca (2008, p. 30 apud Silva R; et al., 2014) 
destaque que o professor, para melhor desempenhar suas funções no ambiente 
hospitalar, deve ter “destreza e discernimento para atuar com planos e programas 
abertos, móveis, mutantes, constantemente reorientados pela situação especial e 
individual de cada criança, ou seja, o aluno da escola hospitalar. ” 
Fonseca (2008, p. 36 apud Silva R; et al., 2014) ainda destaca que, uma boa 
relação entre o pedagogo e os profissionais da saúde é essencial no ambiente 
hospitalar, o que traz benefícios diretos para o escolar hospitalizados, bem como para 
seus familiares, pois auxilia esses profissionais “em suas percepções e nas decisões 
para a efetividade das intervenções junto aos pacientes, que também são alunos da 
escola hospitalar, e seus familiares”. De acordo com a referida autora o perfil do 
pedagogo hospitalar deve ser diferenciado, apresentando algumas particularidades 
especiais: 
O perfil pedagógico-educacional do professor deve adequar-se à realidade 
hospitalar na qual transita, ressaltando as potencialidades do aluno e 
auxiliando-o no encontro com a vida que, apesar da doença, ainda pulsa 
dentro da criança com força suficiente para ser percebida. Em outras 
palavras, o professor contribui para o aperfeiçoamento da assistência de 
saúde, de maneira a tornar a experiência da hospitalização, ainda que 
sempre indesejável, um acontecimento com significado para as crianças que 
dela necessitam. (FONSECA, 2008, p. 37 apud Silva R; et al., 2014). 
Outro trabalho de grande relevância, desenvolvido pelo professor da classe 
hospitalar e do atendimento pedagógico domiciliar é de registro diário de todas as 
impressões e observações do desempenho, atitudes, receptividade e interesse do 
escolar atendido pelo mesmo, durante as atividades propostas, como uma forma 
necessária para pensar e repensar sobre sua prática docente, buscando com isso, 
melhor, adequar, dar continuidade ou excluir estratégias de ensino-aprendizagem 
utilizadas com este educando. (FONSECA, 2008 apud Silva R; et al., 2014). 
No que se refere a avaliação realizada pelo pedagogo hospitalar, salientamos 
que esta acontece gradativamente, através das observações diárias em relação ao 
desempenho de cada escolar enfermo quando da realização das atividades 
desenvolvidas na classe hospitalar ou durante o atendimento pedagógico domiciliar, 
como uma maneira de identificar o desenvolvimento, a aprendizagem, as dificuldades 
 
34 
 
e as necessidades de cada aluno em específico. (FONSECA, 2008, p. 53 apud Silva 
R; et al., 2014). 
É importante ressaltar que a criança não trabalha de forma isolada. Ela 
constrói novos conceitos, os reformula e os aprimora diante das trocas que 
faz com o professor e com os colegas. Ao conhecimento que cada um já 
domina e traz consigo, são acrescentadas outras nuances [...] (FONSECA, 
2008, p. 53-54 apud Silva R; et al., 2014). 
Outro aspecto importante no trabalho do pedagogo hospitalar que merece 
destaque, diz respeito ao trabalho social do mesmo junto aos familiares da criança ou 
adolescente hospitalizado ou sob atendimento domiciliar, eis que tal como, o escolar, 
seus familiares se encontram fragilizados e assustados, diante dessa nova realidade 
desencadeada pela enfermidade que acometeu o educando, conforme Silva R; et al., 
(2014). 
Este trabalho social em prol dos familiares consiste em prestar conforto, 
auxiliando-os, de maneira ética, a compreender o problema de saúde da criança, 
estreitar a relação dos mesmos com os profissionais de saúde ao orientá-los a não ter 
receio de procurar estes profissionais quando tiver dúvidas ou para obter maiores 
informações sobre o estado patológico da criança, o período de 
internação/tratamento, as chances reais de cura, dentre outras informações que julgar 
necessárias. (FONSECA, 2008 apud Silva R; et al., 2014). 
Ademais, o pedagogo como agente social, poderá também orientar os 
familiares do escolar hospitalizado a, por exemplo, buscar assistência junto ao Serviço 
Social do hospital, caso venha a ter alguma dificuldade, por estar afastado de suas 
atividades profissionais, já que está como acompanhante do menor hospitalizado ou 
por ainda não ter feito o registro de nascimento, no caso de recém-nascidos 
internados. Outro exemplo é nortear os familiares a procurar pelo Serviço de Saúde 
Mental do hospital para fins de desabafar, expressando suas aflições e dificuldades 
em saber lidar com essa situação imposta pela doença ou com conhecimento de que 
a enfermidade deixará sequelas na vida da criança. (FONSECA, 2008 apud Silva R; 
et al., 2014). 
Segundo Fonseca (2008 apud Silva R; et al., 2014) a relação com o pedagogo 
no ambiente hospitalar, para os familiares, é mais fácil do que a relação com os 
profissionais de saúde, isso porque a sensibilidade acentuada desse profissional da 
educação aliado ao contato diário com estes familiares faz com este perceba a 
 
35 
 
mudança no comportamento destes, podendo notar se estão cansados, angustiados 
ou estressados e, assim poderá sugerir que busquem por auxílio junto aos 
atendimentos especiais acima mencionados. 
Diante do exposto, podemos observar que o trabalho pedagógico do professor 
nos hospitais seja nas classes hospitalares ou no atendimento domiciliar é um recurso 
que vai além de proporcionar os aspectos formais da educação. Este profissional, 
também na qualidade de agente social, contribui diretamente para o processo de 
humanização hospitalar, presta assistência em várias esferas, ao familiar do 
hospitalizado, proporciona a integração entre os educandos internados e seus 
familiares com os profissionais de saúde, o que torna a estadia desse aluno-paciente 
menos penosa, amenizando assim, os traumas da internação e criando, através de 
seu trabalho, maiores perspectivas de cura, conforme Silva R; et al., (2014). 
6 PROFESSOR NA PEDAGOGIA HOSPITALAR: PAPEL E DESAFIOS 
 
Fonte: shutterstock.com 
 
A atuação de docentes em hospitais é um tema polêmico, porém, acreditamos 
que o professor é um elemento fundamental na busca de qualidade do ensino, mas 
um profissional com formação qualificada e que compreenda criticamente seu papel 
e função no contexto educacional brasileiro, principalmente no espaço da Pedagogia 
 
36 
 
Hospitalar. A prática docente é fortemente marcada pelas relações afetivas, servindo 
de reforço para que a criança não desista da luta por sua saúde e se mantenha 
esperançosa em sua capacidade de esforço. O professor passa a ser um mediador 
de estímulos cauteloso, solícito e atento, reinventando formas para desafiar o enfermo 
quanto à continuidade dos trabalhos escolares, a vencer a doença e a engendrar 
projetos na vida emancipatória. (ORTIZ; FREITAS, 2005, p.67 apud MELO D; et al., 
2015). 
O pedagogo deve estar preparado para ocupar este lugar específico, 
conhecendo tal contexto e suas peculiaridades, interagindo com os profissionais que 
estão em contato direto com a criança em situação de internação, com os familiares, 
e conhecer a história de vida dos alunos procurando desenvolver um trabalho 
pedagógico eficiente ao auxílio do aluno neste momento delicado, possibilitando um 
processo de humanização no ato de educar, conforme MELO D; et al., (2015). 
Outra metodologia utilizada é escuta pedagógica cujo objetivo é “acolher a 
ansiedade e as dúvidas da criança hospitalizada, criar situações coletivas de reflexão 
sobre elas, construindo novos conhecimentos que contribuam para uma nova 
compreensão de sua existência, possibilitando a melhora de seu quadro clínico” 
(FONTES, 2005, p. 135 apud MELO D; et al., 2015).

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