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ser ed1 ~acmna1 s G gontn r.rinndo o fu-ruro a a H SOLUÇÕES EDUCACIONAIS INTEGRADAS Revisão técnica: Miguel do Nascimento Costa Advogado Graduado em Ciências Sociais Especialista em Processo Civil Mestre em Direito Público LS 14 Legislação empresarial aplicada [recurso eletrônico]/ Tiago Ferreira ~antas ... [et ai.]; [revisão técnica: Miguel do Nascimento Costa].- Porto Alegre: SAGAH, 2018. (ditado também como livro impresso em 2018. ISBN 978-85-95(12 438-0 1. Direito empresarial. 2. Direito comercial. 1. ~ntos, Tiago Ferreira. CDU347.72 Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB 10/2147 -LEGISLAÇAO EMPRESARIAL APLICADA Tiago Ferreira Santos Pós-graduado em Ciências Criminais Pós-graduado em Direito do Estado Janaina Carla de Oliveira Dihl Graduada em Direito MBA em Direito da Empresa com Ênfase em Direito Tributário Especialista em Docência e Gestão do Ensino Superior Miriany Cristini Stadler llanes Advogada Especialista em Estado Democrático de Direito Jeanine dos Santos Barreto Graduada em Ciência da Computação Especialista em Engenharia de Sistemas Mestre em Ciência da Educação 2018 s a G a H - Versão impressa desta obra: 2018 © SAGAH EDUCAÇÃO S.A., 2018 Gerente editorial: Arysinha Affonso Colaboraram nesta edição: Editora responsável: Dieimi Deitos Assistente edi torial: Yasmin Lima dos Santos Preparação de original: Daniela Costa Arte sobre capa original: Cíntia Garáa de Souza Editoração: Kaéle Finalizando Ideias Importante Os links para sites da Web fornecidos neste livro foram todos testados, e seu funcio namente foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas esrão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, preci~ão ou integralidade das informações referidas em tais links. Reservados todos os d ireitos de publicação à SAGAH EDUCAÇÃO SA., uma empresa do GRUPO A EDUCAÇÃO S.A. Av. Jerônimo de Ornelas, 6 70 - Santana 90040-340 Porto Alegre RS Fone: (51) 3027-7000 Fax: (51) 3027-7070 São Paulo Rua Doutor Cesário Mota Jr., 63 - Vila Buarque 01221 020 SãoPaulo SP Fone: (11) 3221 9033 SAC 0800 703-3444 -www.g rupoa.com.br É p roibida a duplicação ou reprodução deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia, dist ribuição na Web e outros), sem permissão expressa da Editora. PALAVRA DO GRUPO SER EDUCACIONAL É por meio da educação que a igualdade de oportunidades surge, trazendo consigo maior desenvolvimento econômico e social para a nação. Há alguns anos, o Brasil vive um período de mudanças. as quais, obviamente, respingam na educação. A demanda por mão de obra qualificada, o aumento da competiti- vidade e a produtividade fizeram o Ensino Superior ganhar força e ser tratado como prioridade no Brasil. Dessa forma, as instituições do Grupo Ser Educacional buscam ampliar as competências básicas da educação de seus estudantes, além de oferecer-lhes uma sólida formação, sempre pensando nas ações dos alunos no contexto da sociedade. • UNINASSAU CElfTRO \ltl l\lU:SllÁ.RIO MA.URiCIO Ot tit.SSA.U PA?f11DO PAIUf 0A SUA HISl OIU,_ GNIIO $41( l;d11C11CQ!ill \ Oftlllll t:fill111lll o llm,1-0 Janguiê Diniz Esta página foi deixada em branco intencionalmente. APRESENTAÇÃO A recente evolução das tecnologias digitais e a consolidação da internet modificaram tanto as relações na sociedade quanto as noções de espaço e tempo. Se antes levávamos dias ou até semanas para saber de aconte- cimentos e eventos distantes, hoje temos a informação de maneira quase instantânea. Essa realidade possibilita a ampliação do conhecimento. No entanto, é necessário pensar cada vez mais em formas de aproximar os estudantes de conteúdos relevantes e de qualidade. Assim, para atender às necessidades tanto dos alunos de graduação quanto das Instituições de ensino, desenvolvemos livros que buscam essa aproximação por meio de uma linguagem dialógica e de uma abordagem didática e funcional, e que apresentam os principais conceitos dos temas propostos em cada capítulo de maneira sim pies e concisa. Nestes livros, foram desenvolvidas seções de discussão para reflexão, de maneira a complementar o aprendizado do aluno, além de exemplos e dicas que facilitam o entendimento sobre o tema a ser estudado. Ao iniciar um capítulo, você, leitor, será apresentado aos objetivos de aprendizagem e às habilidades a serem desenvolvidas no capitulo, seguidos da introdução e dos conceitos básicos para que você possa dar continuidade à leitura. Ao longo do livro, você vai encontrar hipertextos que lhe auxiliarão no processo de compreensão do tema. Esses hipertextos estão clas- sificados como: / ' I ~ \ 1 \\ \ _'4 / ' / Saiba mais lraz dicas e informações extras sobre o assunto tratado na seção. ----ª~) ( /lpre,entaçào Fique atento Alerta sobre alguma informação não explicitada no texto ou acrescenta dados sobre determinado assunto. Exemplo Mostra um exemplo sobre o tema estudado, para que você possa compreendê lo de maneira mais eficaz. Link Indica, por meio de links e códigos QR*, infor mações complementares que você enconrra na web. https://goo.gl/rrRz3h Todas essas facilidades vão contribuir para um ambiente de apren- dizagem dinâmico e produtivo, conectando alunos e professores no processo do conhecimento. Bons estudos! • Atenção: para que seu celular leia os códigos. ele precisa estar equipado corn câmera e corn um aplica1ivo de léilura de código, QR. Ex,stern inúmeros aplrca11vo, 9ra1u,1os para esse 1,m. d,s- ponívei; na G<,ogle Play, na App S101e e e,n outras lojas de aphcativos. Certifique-se de que o seu celular atende a essas espoofiéaçõe, antes de uliliLar os côdigo,. PREFÁCIO A Constituição Federal em seu artigo 170 e seguintes disciplinou a Ordem Econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tendo por finalidade assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social. Tambêm estabeleceu como prin- cípios norteadores a soberania nacional, a propriedade privada, a função social da propriedade, a livre concorrência, a defesa do consumidor, a defesa do meio ambiente, a redução das desigualdades regionais e sociais, a busca do pleno emprego e o tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. É o Código Civil no Livro li que regulamenta o Direito de Empresa, que já em seu primeiro artigo considera empresário quem exerce pro- fissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços, sendo obrigatória sua inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do inicio de sua atividade. Existem diversas espêcies empresariais sendo as mais conhecidas a sociedade limitada, a sociedade anônima, a sociedade em nome coletivo, a sociedade em comandita simples e comandita por ações. Mas você saberia a diferença entre estas duas últimas espêcies? Na so- ciedade em comandita simples tomam parte sócios de duas categorias: os comanditados, pessoas físicas, responsáveis solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, e os comanditários, obrigados somente pelo valor de sua quota. Já a sociedade em comandita por ações tem oca- pital dividido em ações, regendo-se pelas normas relativas à sociedade anónima, ou seja, enquanto na comandita simples há uma sociedade de pessoas, na comandita por ações há uma sociedade de capitais (uma vez que o capital ê divido por açôes). Neste livro você estudará, tambêm, as hipóteses de transformaçôes societárias, o conceito e a teoria geral dos títulos de crêdito, bem como as características e diferenças entrecontratos civis e mercantis. Por fim, aprenderá sobre a recuperação de empresas e a sua distinção com a concordata. raniere Realce Esta página foi deixada em branco intencionalmente. SUMÁRIO Unidade 1 Atividade empresarial ...................................................................................... 15 Tiago Ferreiro Santos Ciuacte,uação da al1V1ddde etl)presarial - ·····-·····-·····-·····-·····-·····-·····-·····-·-··-·-··-·····-·····-·····- 1 S lnsa,çào e capacidade do emp,esário .................................................................. - .... - .... - .... - .... - ... 19 lrnportância do ,egistro da ernpresa ........................................................................................................ 24 Empresário individual e sociedades empresárias ................................. 31 Tiago Ferreiro Santos Empresa, ernp,esário e sociedade empre,ária ............................................. - .... - .... - .... - .... - .... -31 DislÍnção entre empresa e emp,es~rio, bem corno entre emprewírio ,ndivrdu•I e sociedade e.npresári• ..................................................................................................... ..36 Reconhecimento dos in!-Jti1utos e correlata 1egularne111aç.do ·- ·-··-·-··-·-··-·-·····-·····-·-··-.39 Estabelecimento e ponto empresarial ..................................................... .47 Tiago Fe"eiro Santos Conceito e proteção do estabeledmento ........... - .... - .................................................................... -47 P1oteç,ío do ponto ernpresarial ................................................................................................................... 52 Metani~,nos de alienaÇdo e tutela do ~tdbeledme,llo e do ponto empre~ariaf _ ... 56 Nome empresarial, titulo do estabelecimento, marcas e patentes ... 63 Tiago Ferreiro Santos Ccmc.eilos de norne emJ){eMJrial, til ulo do e1abeledr11en10. marca:. e patente~ .... -.63 Nome empresarial x titulo de est•belec,mento e marca x p;,tente ................. - .... - .... - ... 69 Fornl/lS de proteção dos ,nstitutos ................................................................................. - .... - .... - .... - ... 70 Unidade2 Sociedades empresárias: espécies ............................................................. 77 Tiago Ferreiro Santos Soc..iedades s1mµJe~ e soàedade~ emp,e~áridS ·-·-··-·-··-·····-·····-·····-··-·-··-·-··- ····- ·····- ·····- ·-77 Classificação das sociedades ernpresárias. ............................................................................................ 80 Princrpais disposições sobre cada sociedade empres;íria .......................................................... .84 Sociedade limitada .......................................................................................... 93 Tiago Ferreiro Santos Regul•mentação das sociedades limitadas .............................. - .... - .... - .... - ... ·- · .. ·- ·--·--·- · .. 93 Distinção das regra, gerais e especificas das socaedades limitadas ..................................... 96 Órgão, d• ,ocied•de lin11tada ..................................................................................................................... 101 12) ( Sumário ___ _, Sociedade em nome coletivo .................................................................... 109 Tiago Ferreira Santos Conce,to de sociedade em norne coleuvo ·····-··-·-··-·-··--··--··- ····- ·-·- ·-·- ····- ····- ····- ··-· 109 Responsabrlidade dos sócios e ca,acterisuca, da sociedade em nome coletivo ._ .. 113 J u r isµr u dênôa dos uibunais ··-··-·-··-·-·····-·····-·····-·····-·-··-·-··-·-··-·-··-·····-·····-·····-··-·-··-·-··-·····- 116 Sociedade anônima: regras gerais ........................................................... 123 Tiago Ferreira Santos c.arac. 1e, ís t k.a~ ma is irn por ta nt es ·····-·····- ····- ····- ··-·-··-·-··-·-·····-·····-·····-·-··-·-··-·-··- ····- ····- ·· 123 Rey r as espedfi< ~'-··-·-··-·-··-·-··-·-··-·····-·····-·····-··-·-··-·-··-·····-·····-·····-··-·-··-·-·····-·····-·····-···-·-··-· 128 Beneíic,os e I iscos da soc,edade anón, n 'ª-··-·-··-·-·····-·····-··-·-·····-·····-·····-·····-·····-·····-·-··-·- 131 Sociedade em comandita simples e por ações ................................... 139 Miriany Cristini Stadler Jlanes Análise acerCd dd comarid1ld sirnples e dd comaruJitd po, açdo .... ·-·····-···--···--···-·····-· 140 Análise da resµonsab,lidade dos sóuos ··- ····- ·-·- ·-·- ·-··-·-··-··--·- ·-·- ·-·- ·-·- ·-·- ····- ·--· M3 N . . t· • . d' . d T b · . 14' o r rnas JUI IUICas e JUIISJX u enodS os fl Ufldl5. ... - .. ···- ·····- ····- ····- ·····- ·····- ·····- ···--···--···- · ;.} Sociedade em conta de participação ..................................................... 149 Janaino Carla de Oliveira Dihl Ca , · ·r· d · á · 1so 1actes1s.t1Cas espeu 1<..as · ~e 11po sooet rKJ ..... -·····-·····-···--···--···-·-··-·-··-·····-·····-·····-· Tipo, de negócio jurídico em que esse 10odelo de sociedade se enquadra .. ·-·····-· 152 Con0i10:,, jurídicos soC1eLário~ existe,ne~ deconentes dessa p,áLica empresariaL.. 153 Operações societárias ................................................................................... 159 Janoino Cor/a de Oliveira Dihl As oper açôes socie tá r ,as ... ·-·-··-·····-·····-·····-·····-··-·-··--··--··- ····- ····- ·-·- ····- ····- ····- ····- ··-·-··-· 160 f 01 rnas de ope, ações sodetárias ...... -·····-·····-··-·-··-·-·····-·····-·····-·····-·-··-·-··-·-··-·····-·····-·····-···· 161 Estratégias emp,esar iais utiliLadas rlds operações socie1á1ias. __ ···-·····-·····-·····-·····-·····-· 164 Unidade3 Conceito, teoria geral dos créd itos e títulos de crédito .................... 169 Janoina Cario de Oliveira Dihl Gk1110_ ..... -·····-·····-·····-·····-·····-·-··-·-··-·····-·····-·····-··-·-··-·-··--··- ····- ····- ·-·- ·-·- ····- ····- ····- ··-·-··-· 169 Princípios gerais do c1édito tarnbiário - ····- ··-·-··-·-··-·-··-·-·····-·····-·-··-·-··-·-··-·-··- ····- ····- ·· 178 Classrficaç.lo dos I itulos de crédito .. -.. ···-·····-·····-·····-·····-·····-·-··-·-··-·-··-·····-·····-·····-·····-··-·-··· 181 Propriedade industria l e intelectual e necessidade de registro .... 187 Jonaina Carla de Oliveira Dihl Conceito e diferença entre prop1iedade induslrial e p,opriedade imelectual ··-······ 187 Os direitos de µioµriedade intelectual e µroµ, iedade mdustnaL..-·····-·····-·····-·····-··-·· 192 Necessidade e nnpor tanda de registro na proµrredade industrial e intelectual.._. 195 Sumário ) ( 13 '---- Unidade4 Contrato social e administração da sociedade limitada .................. 201 Tiago Ferreira Santos Obrigações dos sócios. conuato social e ,egi> 110 ... _,,_,,_,,_,_,,_,_,,_,,_,,_,,_,,_,,_,,_,,_,_,,_,_,,, .. _ 202 Regras ge,ais da adrninist,a~áo sodetá, ia e revogação de a1os_,_,, ___ ,, ___ ,,_,,.,,_ ... ,,_ ..... 207 hnped,dos de exerce, a administração societária ... _ ... ,,_,, ___ ,, ___ ,, __ ,, __ ,,_,.,,_, _______ .... _.212 Contratos comercia is: noções gerais ....................................................... 219 Miriany Cristini Stadfer llones Teoria yeral dos <.Onlrato> c.un1e1ciais._ ..... -.. ···-·····-·····-·····-·-··-·····-·····-·····-·····-··-·-··-.. ···-.. ···- 219 Coo 11 ato civi I e co, 1 L1 a 10 1 net can 1 il ·-·····-·-··-·-··-·-··- ····- ····- ····- ·-·- ·-·- ·--·--·- ·-·- ····- ····-· 223 Pfinc.ípios dpl icáveis dos cor H1 atos comer eia is ···-·····-·····-·····-·····-·····-·····-·····-·····-·····-·-··-··-· 224 Atuação empresarial e função social ...................................................... 231 Jeanine dos Santos Barreto Reg, as que r evelarn a I unçâo social d,J e, n presa,_,,_,,.,,_ ..... -..... _,, ___ ,, ___ ,,_,,.,,_ ..... - .... -..... _, 231 Dislinçdo ernre íunçdu >OCidl, ,epércuMo e resixms.abilidade ~)C:idL·- ····-····-····-2~5 ConK> u LiliLàr d íuoçdo ~Ocidl~m íavo1 da emµreSd.-··-·-··-·····-·····-·····-··-·-··-·-··-.. ···-.. ···-239 Recuperação de empresas e sua d iferenciação da concordata .... 247 Miriany Cristini Stadler llanes Diferenças entre oonco,data e ,ecupe,ação einp,esarial _,_, ___ ,, ___ ,, ___ ,, ___ ,, ___ ,,_,,.,,_,,_,248 Ca, acre, íst ,cas da ,ecu pe, ação Judicial ,_, ___ ,, ___ ,, ___ ,, ___ ,, ___ ,, ___ ,,_,,.,,_ ..... -..... -..... _,, ___ ,, __ ,,_ 250 Pecu I ia,Jdades da co ncor dd ta _,,.,_,, ___ ,, ___ ,, ___ ,, ___ ,,_,,.,,_ ... ,,_ ... ,,_,, ___ ,, ___ ,,.,,_ ... ,,_ ... ,,_ ... ,,_,_,, ___ .. 254 Convenções coletivas, acordos coletivos e comissões de conciliação prévia .................................................................................... 261 Tiago Ferreira Santos Convenção coletiva e acordo coleuvo ,,_,_,,_,,.,,_ ..... -..... _,, ___ ,, ___ ,,_,,.,,_ ... ,,_,_,, ___ ,, ___ ,,_,,_,, ___ ,262 Dts~íd10 coleLivo de naturea econôm1ca e dts~ídio de natureL.a jurídica -··--··- ····-267 Con ,iss.lo de conciliação prévia _,_,, ___ ,, ___ ,,_,,.,,_ ..... -..... _,, ___ ,, ___ ,,.,,_ ..... -..... -..... _,_,, ___ ,, ___ ,, ___ , 2 71 A falência ........................................................................................................... 279 Jonaina Cor/a de Oliveira Dihf Diante da f d I ência ,, _______ ,, ___ ,, .. ,_ .... ,_ .... _ .... _,, ___ ,, ___ ,, ___ ,,.,,_ ... ,,_,_,, ___ ,, ___ ,, ___ ,,_,.,,_ .. ,,_ .. ,,_,_, 279 A falência do encerramento da atividade sern falência _,,_,_,, ___ ,,_,,.,,_ ..... -..... _,, ___ ,, ___ ,,_282 lrnphcaç.õe da tdlêt1Cia para ernµr~~a. e, nµresár io e uedore~-·-··-··-·-··-·-·····-···--···-···283 Recuperação de empresas .......................................................................... 293 Janaina Carla de Oliveira Dihl Recu pe, ar,ão de e, 11 µ, esa,_,_,,.,,_ ... ,,_,, ___ ,, ___ ,,.,,_ ... ,,_ ..... -..... -..... -..... _,_,, ___ ,,_,,.,,_ ..... -..... _,, ___ ,, .. , 293 Recupe, açAo de emp, esas e lalê11cia ..... _,_,,.,,_ ... ,, ____ ,, ___ ,, ___ ,, .. ,_ .... ,_,_,, ___ ,, ___ ,, ___ ,, ___ ,, ___ ..296 Quando se pode µleitea, a ,ecupe1i1ç.Jo de ernp,esas_, ___________________ .. ,,_ .. ,,_, ___ ,297 Gabaritos .......................................................................... 304 UNIDADE Atividade empresarial Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: • Caracterizar a atividade empresarial. • Analisar a inscrição do empresário, bem como a sua capacidade. • Explicar a i1nportância do registro da empresa. Introdução Na contemporaneidade, ê inegável a importância das empresas na sociedade. Diversas tecnologias, antes inexistentes, foram desenvol- vidas pela criatividade de pessoas que trabalhavam para elas e, alêm disso, muitos dos inventos apenas puderam ser objeto de produção em larga escala devido a essa forma específica de atividade econômica. Na verdade, mesmo áreas que em outros momentos eram incum- bidas exclusivamente ao Estado, atualmente estão sendo exercidas empresaria lmente. Neste capitulo, você vai estudar os requisitos que caracterizam a atividade empresarial, bem como as principais disposições normativas acerca da inscrição e da capacidade do empresário. Ademais, será capaz de indicar a importância do seu registro e destacar os prejuízos decor- rentes do seu exercício irregular. Caracterização da atividade empresarial Na primeira fase do Direito comercial, a sua atividade era caracterizada por uma perspectiva subjetiva proveniente do registro das pessoas nas corporações de oficio e respaldo cm usos e costumes. Posteriormente, surgiu a teoria dos atos do comércio de natureza objetivista, a qual iníluenciou o Direito brasileiro. ___ 1..,6) ( Alivídade enip,e.sarial Por lim, atualmente, após a edição do atual Código Civil (CC), adotou-se a teoria da empresa de caráter subjetivista, mas com a peculiaridade de que ser empresário independe, em regra, de inscrição, bastando apenas o cumprimento de certos req uisilos. A seguir serão estudadas as duas teorias que mais inlluenciaram o Direito brasileiro, acerca da forma de caracterização da atividade empresarial e de- signação mais condizente com o atual momento, embora não se negue que, por tradição, há ainda quem a designe como comercial. Teoria dos atos de comércio Na França, com o Código Comercial vigorante a partirdc 1° de janeiro de 1808, um dos códigos napoleôaicos, consolidou-se a teoria dos aios do comércio nesse país, o que iníluenciou, durante um largo período da história, o restante do mundo, sendo certo que no Bras il foi aprovado o Código Comercia l de 1850 sob essa inspiração. Por essa teoria, as normas jurídicas exempli !Jcavam os atos de comércio, os quais delimitavam, apenas por consequência, a figura do comerciante. Desse modo, ela é conside rada pela doutrina como objet iva. O Direito brasileiro a adotava na primeira parte do mencionado código, o qual fo i revogado, parcialrnentc, pelo CC de 2002, que preferiu a teoria da empresa de origem ital iana. Segundo Tarcísio Teixeira (2018, p. 34), essa crise pela qual passou a teoria dos atos de comércio no Direi to brasilei ro se justifica, historicarnente, pelo desenvolvimento das atividades econômicas industriais e de prestação de serviços, sendo que "f ... ] a teoria dos atos de comércio tomou-se insuficiente como disciplinajuridica para o Di reito Comercial, até porque as novas ativi- dade.~ econômicas não eram alcançadas" por ela. Em verdade, mesmo que o rol de atos de comércio previsto em normas jurídicas pudesse ser ampliado para fins de alcançar as novas atividades econôn1icas, a inda ass im, terminologicamcnle, essa teoria de inlluência francesa parecia ser inadequada, além disso, tal situação poderia ser solu- cionada de forma mais satisfatória de acordo com a teoria da empresa de inspiração italiana. Teoria da empresa e atividade empresarial Em 1942, com a adoção da teoria da empresa pelo Direito ital iano, espe- cialmente ao arl. 2081 do seu CC, ainda vigente, Ltma nova !ase iniciou Atividade e,np,esaria 1) (_1_1 __ _ no Dire ito empresarial , sendo esta mais adequada ao d iminuído papel do comerc iante, em contraste com o crescimento dos setores industriais e de serviços. Essa teoria, tanto no Di.reito italiano como no bras ilei ro, conceitua legal- mente a figura do ernpresário. Assim, é considerada uma teoria subjet iva moderna, ou seja, a conceituação jurídica de at ividade eLnpresarial não é diretamente proveniente da lei, mas, sim, de uma construção doutrinária e j urisprudencial. Nesse sentido, poruma interpretação do art. 966 do CC brasileiro, entende- -se que a atividade empresarial é aquela econômica, organizada e exercida profissionalmente para a produção ou a circulação de bens e serviços. A inílu- ência da teoria da empresa é evidente. Na verdade, as disposições brasilei ras e italianas são quase idênticas. / ' I ~ \ I \\ 1 \ -· j Saiba mais ' / Em consequéncia de uma interpretaçãodosfequisitos de empresarialidade, a doutrina destaca ainda a habitualidade. Há de se destacar que não há empresarialidade, portanto, quanto à fina- lidade for atender ao consumo próprio ou familiar em vez de p rodução ou circulação de bens e serviços para o n1ercado. Nesse sentido, André Luiz Santa Crl12 Ramos (2016, p. 38): "[ ... ] só restará caracterizada a empresa quando a produção ou circulação de bens ou serviços destinar-se o n1ercado, e não ao consumo próprio". Essa é a regra adotada pelo CC no arl. 966, caput, consoante visto até o momento. Entretanto, hã uma exceção relevante. Em principio, essa atividade que será analisada a seguir atende, integralmente, aos requisitos estudados até aqui, mas, por determinação legal, especificarnente do art. 966, parágrafo único, não é enquadrada na condição de atividade empresarial. Assim, no âmbito da teoria da empresa adotada no Brasil porinfluência ital iana, o conceito de ati vidade empresaria l decorre de uma interpretação doutrinária e jurisprudencial acerca da defin ição legal de empresário. Pois bem, ao dispor sobre a exceção, não foi diverso o tratamento. A lei arirmou, expressan1cnte, que não "[ ... ] se considera empresário q uem exerce profissão intelectual, de natureza c ientífica, lite rária ou ___ 1-8) ( Alivídade enip,e.sarial arlistica, ainda com o concurso de auxi liares ou colaboradores, salvo se o exerc ício da profissão const itu ir elemento de empresa" (BRASTL, 2002, documento on-l ine). Fique atento Profissão intelectual = científica, literária ou artística A profissão intelectual não é atividade empresarial, salvo se o exercício da prof,ssão constituir elemento da empresa. A profissão intelecllial de natureza cientifica "[ ... ] está relacionada com quem é pesquisador ou cientista, ou seja, alguém especial izado em uma ciência (conhecimentos sistêmicos)" (TEIXEIRA, 20 18, p. 53). Nesse sentido, segue lição elucidativa: As atividades realizadas pelos profissionais de uma das àrcas do conhecimento (humanas. exatas e biológ-ica'i) podem se enquadrar na atividade intelectual, citando-se, como exemplos, o preparador tisico, o fisioterapeuta, o psicólo- go, o químico, o médico etc. Pode-se dizer que esses são cientistas nas suas respectivas áreas (TEíXEIRA, 2018, p. 53). Por sua vez, a p rolissão intelectual de natureza literária"[ .. . ] está relacio- nada com a expressão da linguage,n, ideias, sentidos e símbolos, especial- mente por meio da escrita" (TEIXEIRA, 20 18, p. 53). São seus exemplos, conlonne aponta doutrina, "[ ... ] o escritor, o composi tor, o poeta, o jornalista etc." (TEIXEIRA , 2018, p. 53-54). Por fi m, a profissão intelectual de natureza artística"[ ... ] está relacionada com a arte, que é a produção de algo extraordinário com a utilização de habilidades c certos métodos para a realização. Também está relacionada corn a expressão de sentidos e símbolos por meio de linguagem não escrita" (TEIXETRA, 2018, p. 54), sendo seus exemplos 'l--1 o ator e o cantor (que não são intérpretes), o desenhista, o fotógrafo, o artista plástico" (TEIXEIRA, 2018, p. 54). ln1porta destacar, entretanto, que mesmo os profissionais intelectuais podem exercer atividade empresarial, mas apenas caso constitua elemento da ernpresa. Ou seja, se um médico abre um consullór io cm seu nome e atende pessoas, a inda que com o auxílio de empregados, não é uma atividade Atividade e,np,esaria 1) (_1_9 __ _ empresarial por preponde rar, especialmente, a sua intelectualidade para atração dos pacientes. Nout ro giro, caso comece a ampliar seu consultório cada dia mais, até o ponto em que haja tantos médicos que a intelectualidade do sócio pouco importe e as pessoas passem a v isitar a clínica ou o hospital inaugurado devido à credibi lidade da institu ição, não mais pela intelectualidade desse sócio, então há, inegavelmente, uma ativ idade empresarial. A final, vê-se q ue, nessa hipótese, a profissão inte lectual se tornou tão somente um e le n1ento da empresa. / ' I ~ \ I \\ 1 \ _<111 / Saiba mais ' / Enunóado 194da IIIJornada de Direito Gvil do Conselho da Justiça Federal (CJF) Os profissionais liberais não são considerados empresários, salvo se a organização dos fatores de produção for mais importante que a atividade pessoal desenvolvida. Enunóado 195 da Ili Jornada de Direito Ovi l do CJF A expressão elemenro de empresa demanda interpretação econômica, devendo ser analisada sob a égide da absorção da atividade intelectual, de natureza cientifica, literária ou artlstica, como um dos fatores da organização empresarial. A pessoalidade exerce papel decisivo entre os profissionais intelectuais, também chamados de profissionais liberais . Entretanto, na atividade empresa- rial, ao contrário, essa característica é absorvida pela empresa, constituindo-se apenas como um de seus elementos. Ainda nesse assunto, circunstância peculiar há nos escritórios de advo- cacia, porque não são admitidas, nem podem funcionar todas as espécies de sociedades que apresentam forma ou caracteristicas empresariais, consoante d iretriz do an. 16, do Estatuto da Advocacia, c-0nsiderado destoante da rea- lidade por parle da doutrina. Inscrição e capacidade do empresário Neste tópic-0, serão estudadas a insc rição e a capacidade do empresário. De logo, a incapacidade acontece nas mesmas hipóteses da Legislação Civil, arls. 3° e 4° do Código Civil, embora haja rcgramenlos específicos sobre o ___ 2..,0) ( Alivídade enip,e.sarial assunto em Direito empresarial, com destaque para o a rt. 972 e seguintes do referido diploma normativo. Após essas análises, serão estudados, ainda neste título, os principais dispositivos acerca da inscrição do emprcsãrio, regidos tanto pelo Código Civil , quanto pela Lei nº 8.934/94, a qual regula o Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins. Da capacidade do empresário A incapacidade do empresário para o exercício individual de sua at ividade acontece nas mesmas hipóteses em que as pessoas são absolutamente ou rela- tivamente incapazes para atos civis. Assim, os artigos que regulam a matéria são os 3° e 4° do Código Civil. Portanto, são incapazes, para o exercício da atividade empresarial, os absolulrunenlc incapazes consistentes nos menores de 16 anos (arl. 3°, caput, do Código Civil), bem como os relativamente, os quais são os seguintes: l - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; l l - os maiores de dc?..esscis e menores de de7..oito anos; 111 - aqucles que. por causa. transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; rv - os pródigos. (BRASIL, 2002, documento on-line). Entretanto, há uma relevante exceção à exigência da maioridade para a capacidade civil com repercussão direta no Direito empresarial. Ela está prevista no arl. 5°, parágrafo único, inciso V, do Código Civil, ao dispor que cessará, "[ ... ] para os menores, a incapacidade pelo es tabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com 16 anos completos lenha economia própria" (BRASIL, 2002, documento on-line). Nessa hipótese acima trazida, há a emancipação civi l, ou seja, a capa- cidade civil pelo estabelecimento civi l ou comercial que gera economia própria ao menor com 16 anos ou mais. Outra situação interessante a ser estudada é a poss ibilidade excepcional de o empresário individual exercer a sua atividade, mesmo sendo incapaz. Assim, o arl. 974 dispõe que poderã, "[ ... ] o incapaz, por meio de re- presentante ou dev idamente assistido, cont inuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança" (BRASIL, 2002, documento on-line). raniere Realce Atividade ernp,esaria 1) (_2_1 __ _ Fique atento Enunciado 203 da Ili Jornada de Direito Civil do UF O exercício da empresa por empresário incapaz, representado ou assistido, somente é possível nos casos de incapacidade superveniente oo incapacidade do sucessor na sucessão por morte. Ressal!a-se, inclusive, que a vedação é para tilularizar a empresa na con- d ição de empresário, ou seja, não há qualquer vedação para que ele assuma a condição de quotista ou acionista, observando-se o fato de que não poderá ser adrninistrador de nenhuma delas (art. 974, parágrafo te rcei ro, inciso 1, do Código Civil) (BRASIL, 2002). Caso o representante ou assistente legal sejam impedidos do exercício da at ividade empresaria l, será incumbido ao juízo nomear gerente, ainda que sob a !1sca lização do responsável pelo civilmente incapaz de exercer os atos. Da inscrição do empresário Quem pratica uma at ividade empresarial (empresa em sentido funcional) tem alguns deveres a cumprir de natureza formal, entre eles, o de se regist rar na Junta Comercial (COELHO, 2017). Nesse sentido, o art. 967 do Código Civil é categórico:"É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade" (COE- LHO, 2017, p. 105). Aluar se,n o registro, portanto, imporia em irregularidade. / ' I ~ \ 1 \\ ' ' _ ... J " .- Saiba mais A todo ato constitutivo de empresa será atribuído um Número de Identificação do Registro de [mpresas (NIRE). ( como o CPf das pessoas físicas, mas é de empresas e é obtido na Junta Comercial. Há, entretanto, uma exceção importante. O empresár io rural tem o registro facultativo, nos termos do arl. 971, e sua natu reza, consoante aponta o Enun- ciado 202 da III Jornada de Direito Civil da CJF, é constitut iva porquanto inaplicável o regime empresarial até a inscrição. ___ 22_,) ( Alivídade enip,e.sarial Já se apontou que o registro é executado na Junta Comercial, entretanto, importa conhecer todos os órgãos que compõem o Siste,na Nacional de RegistJo de Empresas Mercantis e suas respectivas pr incipais runçõcs. Primeiro, o Departamento Nacional de Registro do Comércio (DNRC), consoante designa a legislação, atualmente Departamento de Reg istro Empre- sarial e Integração (OREI) (COELHO, 2017, p. 107) por prática administrativa, tem s uas competências reguladas pelo C.,ódigo Civ il e é um órgão federal (COELHO, 2017). Entre outras funções, incumbe-lhe "supervisionar e coordenar, no plano técn ico, os órgãos incumbidos da execução dos serviços de Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins" (arl. 4°, inciso I, da Lei nº 8.934), quer-se dizer, J untas Comercia is; C.-1 exercer ampla fiscalização juridfoa sobre os órgãos incumbidos do Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins. representando para os devidos fins às autoridades administrativas contra abusos e infrações das respectivas normas, e requerendo tudo o que se afigurar necessário ao curn• primento dessas normas. (art 4°, inciso V, da Lei nº 8.934); [. .. ] promover ou providenciar, supletiva mente. as medidas tendentes a suprir ou corrig-ir as ausências, falhas ou deficiências dos serviços de Registro Pú· blico de Empresas Mercantis e Atividades Afins (art. 4°, inciso VII. da Lei nº 8.934). (BRASIL, 1994, documento on-line). Além disso, é sua aLnô uição ainda "organizar e manter atualizado o cadastro nacional das empresas mercantis em funcionamento no País, com a cooperação das Juntas Conterciais) (art. 4°, inciso fX, da Lei nº 8.934) e (. .. ]instruir, examinar e encaminhar os processos e recursos a serem decididos pelo Ministro de Estado da Indústria, do Comércio e do Turismo, inclusive os pedidos de autori7...ação para nacionali7..ação ou instalação de fi lial, agência, sucursal ou estabelecimento no ·rais, por empresa estrangeira> sem prejuízo da competência de outros órgãos federais (arL 4º, inciso X, da Lei nº R.934) ( BRASIL, 1994, documento on- line). Como se pode verificar nos enunciados legais destacados, o OREI exerce "[ ... ] funções supervisora, orientadora, coordenadora e normativa, no plano técn ico; e supletiva, no plano administrativo" (art. 3°, inciso I, da Lei nº 8.934) (BRASIL, 1994, docurnento on-line). Assitn, em caso de dúvidas sobre as nor- mas que incidirão para realizar registro do crnpresãrio, a s ugestão é pesquisar pelas suas instruções normativas sobre a matéria. Atividade e,np,esaria 1) (~2_3 __ _ Segundo as Juntas Comerciais, são órgãos locais presentes "f ... ] em cada unidade federativa, com sede na capital e jurisdição na área da circunscrição terri tor ial respect iva" (art. 5°, da Lei nº 8.934/94) (BRASIL, 1994, documento on-line). Estes são admin istrativamente vinculados à esfera estadual, ao passo que tecnicamente são subordinados ao DNRC, atualmente OREI, tendo de seguir suas instruções normativas. A exceção a esse caráter híbrido da subordinação h ierárquica das juntas fíca com o Distrito Federal, onde ela é um órgão federal. Assim, o profíssional irá se direcionar à Junta Comercial da capital da unidade federativa (Estados ou Distrito Federal) para realizar o registro do alo constitutivo da ernpresa, observando as instruções normativas do OREI. A fínal, a ela incumbe o registro pelo arquivamento. No caso de enlj?resário, o requerimento conterá, nos termos do arl. 968 do Código Civi l, os seguintes dados: / ' I ~ \ 1 \\ ' ' -· J ' / 1- o seu nome,, nacionalidade, domicílio. estado civil e, se casado, o regime de bens; n - a firma .. com a respectiva assinatura autógrafa que poderá sersubstitu.ida pela assinatura autenticada com certificação digital ou meio equivalente que comprove a sua autenticidade, ressalvado o disposto no inciso ( do § lo do art. 4° da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006; IV - o capital; V - o objeto e a sede da empresa. (BRASIL, 2002, documento on-line). Saiba mais O empresário que instituir sucursal, filial ou agência, em lugar sujeito à jurisdição de outro Registro Público de Empresas Mercantis, neste deverá inscrevê-la com a prova da inscrição originária. Nesse ínterim, ainda cabe ressaltar o relevante papel exercido pelo advo- gado no registro dos aios consliluli vos de sociedades empresárias, porquanto, nos termos do art. 1°, parágrafo segundo, do Estatuto da Advocacia, os "aios e contratos administrat ivos constitutivos de pessoas j urídicas, sob pena de nulidade, só podem ser admitidos a registro, nos órgãos compelentes, quando visados por advogados". Tal norrna 1cm exceções, a saber, microempresas e empresas de pequeno porte, nos termos do a rt. 9°, parágrafo segundo, da Lei Complementar nº 123/06. ___ 2..,4) ( Alivídade enip,e.sarial Algumas terminologias técnicas dcvern ser tL~adas de forma adequada sobre essa matéria, importando distingui-las dev idamente. Assim, há três atos que podem ir ao registro empresarial. A matrícula e seu cancelamento são os registros de profissionais elencados no art. 32, inciso 1, da Lei nº 8.934/94, ou seja, "[ ... ] leiloeiros, tradutores públicos e intérpretes comerciais, trapichei ros e admin ist radores de armazéns-gerais" (BRASIL, 1994, documento on-line). O arqLLivamenlo envolve, em princípio, nos termos do ar t. 32, inciso n, da Lei nº 8.34/94, "[ ... ] const itu ição, alteração, dissolução e ext inções de fi rmas mercantis indiv iduais, sociedades mercantis e cooperativas", bem como "[ ... 1 atos relativos a consórcio e f,'íupo de sociedade" e"( ... ] declarações de micro- empresa". Por fim, a autent icação se destina aos instrumentos de escrituração (art. 32, inciso !TI, da Lei nº 8.934/94) (BRASIL, 1994, documento on-line). Há de ser destacado, ainda, que sociedades cooperativas são, nos Lermos da legislação, sociedades simples e, assim, não regidas pelo Direito empre- sarial, situação oposta ás sociedades por ações. Excetua-se, desse modo, o arl. 966, caput, do Código Civil, para incidi r o art. 982, parágrafo único, cuja redação segue: "Independentemente de seu o~jeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa". Entretanto, é-lhes exig ido o registro por arqu ivamento de seus atos constitutivos nas Juntas Comerciais, sendo, portanto, uma s ituação atípica. Importância do registro da empresa O registro público preserva informações importantes em repartições oficiais, além de dar. lhes publicidade para a segurança dos envolvidos e de tcrccims (MAM.EDE, 2018). Assim, sócios, "credores, trabalhadores, clientes e o próprio Estado podem ncccssilardc informações, atuais ou passadas, socorrcndo~lhcs o registro mercantil" (MAMEDE, 2018, p. 54). No entanto, esclarece-se que não há nenhuma necessidade de indicar interesse para a obtenção de informações nas Juntas Comerciais, portanto, qualquer um pode requerê-las e obtê-las, desde que o faç.a adequadamente, assumindo os ônus, inclusive. As fina lidades de tal registro são "f ... ] dar garantia, publicidade, auten- t icidade, scgLLrança e eficácia aos aios jurídicos das empresasrnercantis" (arL 1°, inciso 1, da Lei nº 8.934/94); e"[ ... ] cadastrar as empresas nacionais e estrangeiras cm funcionamento no País e manter atua lizadas as informações pertinentes" (art. 1°, inciso TI, da Lei nº 8.934/94). Além disso, o registro Atividade e,np,esaria 1) (_2_s __ _ empresarial objetiva, ainda, a ''[. .. l p roceder à matrícula dos agentes auxiliares do comércio, bem corno ao seu cancelamento" (arl. 1°, inciso Til, da Lei nº 8.934/94) (BRASIL, 1994, documento on-line). Entretanto, mesmo com as relevantes finalidades apontadas acima, ressalta- -se, para a caracterização da atividade empresarial, que não há necessidade de registro, ainda que seja inegável o fato de, pelo reconhecimento de sua situação irregular, haver restrições. Fique atento Enunciado 198 da Ili Jornada de Direito Civil do UF A inscrição do empresário na Junta Comercial não é requisito para a sua caracterização, admitindo-se o exercício da empresa sem tal providência. O empresário irregular reúne os requisitos do art. 966, sujeitando-se às normas do Código Civil e da legislação comercial, salvas as incompatibilidades com a sua condição ou diante de expre>.ssa disposição em contrário. Sobre isso, Fábio Ulhoa Coelho (2017) indica algumas dificuldades que ernprcsários irregulares terão ao desenvolver s uas at ividades. Por cxcn1plo, não serão realizados contratos com a administração públ ica, nem contrai rão empréstimos em instituições bancárias, alérn disso, estes estarão impossibi- litados de requerer a recuperação judicial. Além dessas hipóteses, o arl. 33, da Lei do Registro Público de Empresas Mercantis e Ativ idades Afins, indica que a"[ ... ] proteção ao nome empresarial decorre automaticamente do arquivamento dos atos consti tutivos de firma individual e de sociedades, ou de suas a lterações" (BRASIL, 1994, documento on-line), ou seja, lan1bérn essa segurança não lhes aplica rá integralmente. A impossibilidade de celebrar contratos com a administração, entre outros, é consequência do arl. 28, da Lei nº 8.666/93, o qual dispõe sobre a necessi- dade de comprovar documentalmente a habilitação jurídica. Noutro giro, a restrição à recuperação judicial decorre de expressa vedação legal do arl. 48, caput, da Lei nº 11. 1 O 1/05. Pode-se apontar, ainda, que, na hipótese de empresa irregular, haverá res- ponsabilidade ilimitada decorrente da incidência também do regime da socie- dade cm comum reconhecida pelo Direito (art. 990 do Código Civi l), a única questão é saber se haverá beneficio de ordem, ou seja, se os bens sociais serão executados inicialmente. No caso, apenas aquele que contrate por ela perderá ___ 2-6) ( Alivídade enip,e.sarial até mesmo esse direito. Elucidativa é a lição de Fábio Ulhoa Coelho (2017, p. 112), como segue: "O sócio que se apresentou como representante da sociedade tem responsabilidade djreta, enquanto os demais, subsidiária (CC, art. 990". Essa é a adequada interp retação do Arl. 990, o qual, sem muito acerto, afirma que todos "f ... ] os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do beneficio de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela sociedade" (BRASIL, 2002, documento on-l ine) . Saiba mais Enunciado 208 da Ili Jornada de Direito Civil A5normasdoCódígoCivil para as sociedades em comum e em conta de participação são aplicáveis, independentemente de a atividade dos sócios, ou do sócio ostensivo, ser ou não própria de empresário sujeito a registro (distinção feita pelo an. 982 do Código Civíl entre sociedade simples e empresária). Assim, embora não seja o registro o que caracteriza a atividade empresarial, não é por isso que a atuação irregular se sujeitará integralmente ao regime empresarial, a fi nal, como expl icado, há exceções decorrentes de incompati- bilidade ou expressa disposição normat iva em contrário. Ma is um prejuízo da ausência do devido registro consiste na ausência de"[ ... ] legitimidade ativa para o pedido de falência de outro comerciante" (COELHO, 2017, p. 112). Por fi m, ainda hã de se destacar dificuldades trazidas por Fábio Ulhoa Coelho sobre a lg uns cadas tros: ( ... ] o descumpri mento da obrigação comercial acarretará a impossibilidade de inscrição da p~soa jurídica no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ), e nos cadastros e."S'.ta.duais e municipais; também impos.<iibilitará a matricula do empresário no Instituto Nacional da Sct,'llridade Social. Aliás. são simultâneos o rcgi~"tm na Junta e a matrícula no INSS ( Le i n~ 8 .212/92. art. 49, 1) (COELHO, 2017. p. 112). É importante ressaltar a exceção. Para o caso do empresário cuja atividade rural constitua sua principal profissão, o registro não é obrigatório, mas, sim, facultativo. Entretanto, é constitutivo do regime empresarial, ou seja, antes da inscrição não lhe incidirão tais normas. Assim,"[ ... ] se aquele que desenvolve atividade rural não efetuar sua inscrição no Registro Público das Empresas Mercantis, não será Atividade e,np,esaria 1) (~2_1 __ _ tido conto empresário" (TEIXEfRA, 2018, p. 70) e, portanto, não se submeterá ã disciplina da recuperação judicial e das falências, por exemplo. Dessa forma,para quem exerce atividade rural, o registro tem importância diferenciada. Ademais, é importante destacar também a relevância dese real izar o registro no prazo correto, alinal, o a rquivamento na Junta, dentro de 30 (trinta) dias 1. Considera se atividade empresarial aquela realizada por quem exerce: ai atividade econõmic.a organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços, ainda que não seja profissionalmente. b) profissionalmente atividade econômica para a produção ou a circulação de bens ou de serviços, ainda que de forma desorganizada. e) profissionalmente atividade econômica organizada, mesmo nas hipóteses destinadas para consumo próprio ou familiar. d) profissão intelecrual, de natureza cientifica, literãria ou artística, com o concurso de auxiliares ou colaboradores. e) profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. 2. I'. considerada atividade empresarial aquela exercida nas condições ou pelas pessoas seguintes: a) sociedades cooperativas. b) profissão intelectual de natureza científica, literária ou artística que não seja elemento da empresa. e) escritórios de advocacia. d) atividade rural não inscrita na Junta Comercial. e ) sociedades por ações. 3. Assinale a alternativa de uma prática ou circunstãncia possível ao empresário sem registro. a) Contratar com a administração pública por meio de procedimento licitatório. b ) Obtenção de falência de outro empresário. e) Recuperação judicial. d ) Contratar plenamente empréstimos com instituições bancárias. e) C'.aracterização da arividade empresarial. 4. Assinale a alternativa correra. a ) O empresário que instituir sucursal, filial ou agência, em lugar sujeito à jurisdição de outro Registro Público de Empresas Mercantis, deverá rambêm inscrevê-la neste, com a prova da inscrição originária. bl f>oderá o incapaz. por meio de representante ou devidamente assistido, iniciar a empresa. e) O sócio incapaz pode exercer a administração da sociedade. d ) O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, deve requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede. ___ 2~8) ( Alividade emp,e.sarial e) t facultativa a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede antes do início de sua atividade. S. A inscrição do empresário será feita mediante requerimento que contenha: a) capital. b) objeto. e) peõodicidade máxima em que os sócios se reunirão. Referências d) seu nome, nacionalidade, domicílio, estado civil e, se casado, regime de bens. e) firma, com a respectiva assinatura autografa, a qual poderáse, substituída pela assinatura autenticada com certificação digital ou meio equivalente que comprove a sua autenticidade, ressalvados eventuais casos de microempresas ou empresas de pequeno porte. BRASIL. Leicomplementarn• 123, de 14 de dezembro de 2006. lnslitui o Estatuto Nacional da Microempresa e da lmpresa de Pequeno Pone; altera dispositivos das Leis no 8.212 e 8.213, ambas de 24 de julho de 1991, da Consolidaç,10 das Leis do Trabalho CLT, aprovada pelo Decreto Lei no 5.452, de lo de maio de 1913, da Lei no 10.189, de 14 de fevereiro de 2001, da Lei Complementar no 63, de 11 de janeiro de 1990; e revoga as Leis no9.317, de 5 de dezembro de 1996,e9.84l,de 5deoutubrode 1999. llrasilia, Dr, 2006. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/leis/LCP/ Lcp123.htm>. Acesso em: 26 fev. 2018. BRASIL. lei no 8.934, de 18 de novembro de 1994. Dispõe sobre o Registro Público de lmpresas Mercantis e Atividades Afins e dá outras providêncJas. Brasília, DI, 1994. Disponível em: <ht:tp://www.planaho.gov.br/cclvil 03/leis/L8934.htm>. Acesso em: 26 fev. 20l8. BRASIL. Lei nº 10.406, de IOdejaneito de 2002. Institui o Código Civil. Brasília, DF, 2002. Disponível em: <hnp://www.planalto.gov.b1/CCiv1l 03/leis/2002/LI0406.hLm>. Acesso em: 16ab,. 2018. BRASIL Lei no I 1.101, de 9 de fevereiro de 2005. Regula a recuperação judicial, a extra- judicial e a falência do empresário e da sociedade empr!'.sária. Brasllia, D~. 2005. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ _ato2004-2006/2005/lei/l 1110l. htm>. Acesso em. 26 fev. 2018. COELHO, F. U. wrso de direito comerciat direito empresa. 21. reN. atual. São Paulo: Revista dos íribunais, 20l7. v. 1. MAMCD(, (,. Direitoempresafialbtasileiro:empresa e atuação empresarial. 10. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Atlas, 2018. Atividade e,np,esarial ) (~2_9 __ _ RAMOS, A. L. S. C. Direito empresarial esquematizado. 6. ed. rev., arual. e ampl. Rio de Janeiro: r orense; São Paulo: Mêtodo, 2016. l DXLIRA, T. Direitoempresaria/brasileiro:doutrina,jurisprudência e prática. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2018. Leituras recomendadas BERLINI, L. F;CAMPOS, Ar: O direito empresarial e o estatuto da pessoa com deficiên- cia: a (in) capacidade do empresário. Revisra Brasileira de D/reiro Empresarial, v. 2, n. 2, p. 60--79, 2016. Disponível em: <www.index.law.org/index.php/direitoempresariaVarticle/ view/1285/pdf>. Acesso em: 27 fev. 2018. BRASIL. Conselho de Justiça federal./// Jornada de Direito Civit enunciados. Brasília, DF, 20!6. Disponível em: <httpJ/www.cjf.jus.br/cjf/CEJCoedl/jomadas-<:ej/111%20.lOR NADA'l620D(%20DIREJl O'l6200VIL%202013'l620ENUNCIAl)OS'l620Al'ROVADOS%20 DE%20NS.%20138%20A%202 ll.pdf/view>. Acesso em: 16 abr. 2018. BRASIL. lei no 8.906/94, de 4 de julho de 1994. Dispõe sobre o Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Brasília, DF, 1994. Disponível em: <h1tp:// www.planalto.gov br/cciv,I 03/Le,s/l8906.hrm>. Acesso em· 26 fev. 2018 f LRNANDU, J. A. da C. G. A caracterização da atividade empresária: identificação dos elementos de empresa sob a ótica sistémica. Revistada [5Mf5C, v. 17, n. 23, p. 259 280, 2010. Disponível em: <https://revista esmesc.org br/re/article/view/11/22> Acesso em: 26 fev. 2018. Esta página foi deixada em branco intencionalmente. Empresário individual e sociedades empresárias Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: • Identificar o que é empresa, empresário e sociedade empresária. • Distinguir empresa de empresário e empresário individual de socie- dade empresária. • Reconhecer esses institutos e sua correta regulamentação. Introdução Conhecer as possibilidades de formatação jurídica para quem quer empre- ender é de fundamental importância para calcular os riscos do negócio. Assim, torna-se fundamental aprender quais são as distinções entre as diversas roupagens jurídicas para o negócio. Neste capítulo, serão abordados a empresa, o empresário e a socie- dade empresária e suas distinções conceituais. Empresa, empresário e sociedade empresária Uma das concepções tradicionais acerca do conceito de empresa é trazida por Alberto Asquini (1996, p, 109), para quem "é[ ... ] um lcnõrneno econômico poliédrico, o qual tera sob o aspecto jurídico, não um, mas diversos perfis em relação aos elementos que o integram [ ... ]", os quais são o subjetivo, o funcional, o objetivo e o corporativo. Pelo perfil subjetivo da empresa, ela se confunde com a figura do cmpre- sãrio, o que não é um uso adequado, segundo a doutrina. De qualquer modo, o "Código Civil e as leis especiais consideram., corn frequência, a organização econômica da empresa pelo seu vértice, usando a palavra cm sentido subjetivo como sinônimo de empresãrio" (ASQUTNT, 1996, p. 114). 32) Empresário ind1v1dual e sociedades empresárias ___ .., Di ferentcmenle, ''[. .. l sob o ponto de vista runcional ou dinâmico, a empresa aparece como aquela força em movimento que é a atividade empresarial dirigida para um escopo produtivo" (ASQUTNI, 1996, p. 116). Essa é a noção preferida pela doutrina. Fábio Ulhoa Coelho (2017, p. 104) a adola, afinal, pois entende que essa"[ ... ] expressão designará a atividade, e nunca a sociedade". Assim, "[ ... l não hã dúvida que o conceito da atividade empresarial tern uma notável relevância na teoria jurídica da empresa" (ASQUTNI, 1996, p. 117), o qual é, também, chamado de aspecto dinâmico da ernprcsa. A perspectiva objetiva da empresa, por sua vez, designa o que o Código Civil (CC) chama de estabelecimento, o qual consiste em"[ ... ] todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária" (Arl. I .142°) (BRASIL, 2002, documento on-line). Este também é charnado de aspecto estático da empresa. O perfil corporativo da empresa implica em considerá-la "[ ... l aquela espe- cial organização de pessoas que é forrnada pelo empresário e pelos empregados, seus colaboradores" (ASQUlNI, 1996, p. 122). Esse é, sem dúvidas, um perfil anacrôn icú, ou s~ja, não se adequada ã contemporaneidade. Assim, dos quatro perfis da teoria poliédrica de Asquini, os mais relevantes para o Di reito brasileiro são o subjetivo e o funcional, com destaque, espe- cialmente, para o último, já que empresa, no sentido subjetivo, é tecnicamente descr ita pelo termo empresário. Não se duvida, entretanto, que esses estudos mais clássicos sobre a teoria da empresa são relevantes para entender o conceito de empresa, até mesmo para que se entenda, ao final, que prevalece a perspectiva fu ncional, consoante lição de Fábio Ulhoa Coelho. Empresário, por sua vez,"[ .. . ] é a pessoa que toma a in iciativa de organizar uma atividade econômica de produção ou ci rculação de bens ou serviços" (COELHO, 2017, p. 103). Ou, como dispõe expressamente o CC, no art. 966, considera-se "empresário quem exerce profissiona lmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de servi- ços", é, pois, a adoção da teoria da empresa de caráter s ubjet ivo no Direito brasilei ro. Em outros tcnnos, conceitua-se a figura do empresário a partir do q ual a doutrina e a jurisprudência depreendem o restante dos conceitos, a exemplo da empresa. O conceito de empresário, bem como o de empresa, não é Lmívoco na dou- trina, nem na legislação civil. Nesse sentido, inicialmente, a parlir da leitura do art. 966 do CC, conclui-se que"[ ... ] a palav ra 'empresário' é gênero do qual o empresário individual, a sociedade empresária e a empresa individual de responsabilidade individual são espécies" (TEIXEIRA, 2018, p. 57). Emp1e,,d1io individual e soc,edades ernp,esária~ ( 33 '---- Entretanto, tal concepção não é pacífica e sua oposição também encontra respaldo no p róprio CC. Em outros trechos, ele menciona empresário e so- c iedade empresária como se por aquele não estivesse já incluído es te, bem aocontrário. Merece destaque especialrnente o arl. 982, cuja redação segue: "Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (arl. 967); e, s imples, as demais" (BRASIL, 2002, documento on-line). Nesse sentido, há adeptos ã doutrina de que empresário é sempre o empre- sário individual, sendo até mesmo redundância tal tcrrn inologia. Etn outros lermos, empresátio não engloba a sociedade empresária. Segue opinião de Gladston Mamede (2018, p. 77): [ ... ] o empresário é a pessoa natural que exerce profissionalmente a atividade econômica organi7..ada (artigo 966 do ('.,ôdigo Civil). Obviamente. a expressão empresário individual contém uma redundância.já que na palavra empresário já está expressada a ideia de ind ivíduo, opondo--.-re ao conceito sociedade empresária, própria da coletividade (universitas personarum). Com o devido respeito às opiniões contrárias, uma vez que a a tual legislação utiliza empresário, ora como gênero, ora como sinônimo de etnpresário individua l, a constatação inevitável é que se trata de um con- ceito não unívoco. Assim, importa ressaltar que a ''[. .. l atividade empresarial pode ser exercida, do ponto de vista de sua titula ridade, basicamente sob duas formas d istintas" (GOMES, 2017, p. 34), a saber: exercício individual da empresa e exercício coletivo da empresa. O exercício individual da empresa pode ser de titularidade da pessoa natural, o que acontecerá com responsabilidade ilimitada, na área de atuação do empresário individual. Na verdade, não raro, o CC, ao tratar de empresário, na verdade está se reíerindo apenas a essa categoria, como já visto. Essa é, portanto, uma relevante figura no Direito Empresarial. Segue 1 ição: A expressão exercício indh•idual da empresa sempre foi utilizada pela doutrina comercialista para identificar a situação em que uma pessoa na• tural inscreve-se no registro de empresas a fim de que possam legalmente desenvolver, cm seu próprio nome e sob sua exclusiva responsabilidade, uma atividade econômica de produção ou circulação de bens. ou ainda prestação de serviços. mediante organi7..ação empresarial, consoante disposto no art. 966 do Código Civi l. (MAMEDE, 2018, p. 34, grifo nosso). ___ 3-4) Empresário ind1v1dual e sociedades empresárias Fique atento O empresário individual não é pessoa jurídica, tendo, portanto, inscrição no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas do Ministério da Fazenda (CNPJ/MF) unicamente para que sejam recolhidos tributos pelas mesmas alíquotas asseguradas às pessoas físicas como forma de incentivo à atividade empresarial. Entretanto, a responsabilidade ili rnitada do empresário individual é um inconveniente. Para solucioná-lo, havia urna prática de const ituição de socie- dades limitadas de rachada para rins de segregar o patrimônio, limitando a responsabilidade. São conhecidas as sociedades empresárias rormadas com a mera inclusão de sócios com participação de I úu 0,5% do capital súcial, sem qua lquer participação na ativ idade. Para solucionar essa s ituação, a"[ ... ] empresa individual de responsabi- lidade limitada" (EIRELI), consoante a legislação no arl. 44, inciso VI, do CC (BRASIL, 2002, documento on-line), íoi legalmente prevista, sendo uma forma de exercício da atividade empresarial de rorma individual. Entretanto, em vez de pessoa natural, tal qual o empresário individua l, há aqui uma pessoa j LLrídica. É importantc destacar que microempresa, empresa de pequeno porte c microempreendedor individual não são pessoas do ponto de vista legal, mas, sirn, regimes diíerenciados. Assim, apenas hã pessoas naturais, regidas pelo Título I do CC, e pessoas jurídicas. Sobre essas úl!irnas, importa analisar os incisos do art. 44, do CC, os qua is podem ensejar a constituição de uma pessoa juríd ica di retamente relevante para ú Direito Empresaria l. São eles: ''í---1 II - as sociedades; [ ... ] Vl - as empresas individuais de responsabi lidade limitada". (BRASIL, 2002, documento on-line). Sobre a natureza jurídica das empresas individuais de responsabilidade lin1 ilada, há também aqueles que entendem ser uma espécie de sociedade empresária, como leciona Gladston Mamede (2018, p. 96): C.-] a empresa individual de responsabil idade limitada é wna sociedade unipes- soal (sociedade de um só sócio), particularidade que jlL'itificou seu tratamento em separado, por meio do inciso Vf, deixando claro que a ele se submetem os princípios que são próprios das pessoas jurídicas: personalidade jurídica distinta da pessoa de seu sbcio (o empresário)~ patrimônio distinto da pessoa do empresário e ex istência distinta da pessoa do empresário. Emp,es~rio individual e SO<.iedade,, empresária~ ( 35 '---- Em outro gi ro, o Enunciado nº 3 da J Jornada de Direito Comercial do Conselho da Justiça Federal o trata como um novo ente distinto do empresário (individual) e da sociedade empresária, como segue: ''A Empresa Individual de Responsab ilidade Limitada - EIRELI não é sociedade unipessoal, mas um novo ente, distinto da pessoa do empresár io e da sociedade empresária" (BRASfL, 2012). O que realmente importa é que a EIR.ELI, diversamente do empresár io indiv idual, constitui uma pessoa jurídica com patrimônio distinto da pessoa natural, bem como a limitação da responsabilidade, ou seja, seu regime j urí- dico é similar ao das sociedades limitadas. Entretanto, a forma de exercer a atividade, no que se refere à titularidade, é individual. Outra forma de exercício da titularidade da empresa é a coletiva, realizada por meio de sociedades: "No direito empresaria l, sociedade signi ftca um ente que tern natureza contratual, ou seja, sociedade é um contrato por meio do qual pessoas se agrupam em razão deum objeto comum" (TEIXEIRA, 2018, p. 117). Importa salientar que há uma distinção doutrinária acerca de sociedades contratuais, cuja figura central é a sociedade limitada e as sociedades inst i- tucionais representadas, principalmente, pelas sociedades anôni1nas. Aftnal, naquela hã um contrato social e nesta um estatuto social. Entretanto, como bem salienta Tarcísio Teixeira (2018, p. 117): Ainda que alguns tentem estabelecer uma distinção entre sociedades contra- tuais (como a sociedade limitada) e institucionais (a exemplo, da sociedade anônima), no fundo mesmo estas ainda que constituídas por estatuto social e não por contrato social - têm sua naturc7.a no instituto do contrato. Sua lição é respaldada na legislação, especialmente, no a rt. 981 do CC: "Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de ativ idade econômica e a part ilha, entre si, dos resultados" (BRASIL, 2002, documento on-line), Sobre as sociedades, este capítulo enfoca as duas modalidades que represen- tam a quase totalidade da atividade empresarial regularmente exercida. Assim, nos investimentos elevados, encontra-se, geralmente, a sociedade anônima, ao passo que, nos empreendimentos menores, há a sociedade limitada. Para justiftcar essa limitação da análise sobre sociedades nesse momento, segue lição de Fábio Ulhoa Coelho (2017, p. 104), para quem a "[ ... l sociedade empresária assume, hoje em dia, duas das cinco formas admitidas pelo d ireito comercial cm vigor: a de uma sociedade por quotas de responsabilidade limitada (Ltda.) ou a de uma sociedade anônima (S/A)". ___ 3~6) Empresário ind1v1dual e sociedades empresárias Distinção entre empresa e empresário, bem como entre empresário individual e sociedade , . empresar,a No presente tópico, serão destacadas as di fcrenças conceitua is lrazidas até o momento pelo estudo comparati vo de algumas terminologias já anali sa- das isoladamenle. Assim, as dist inções entre empresa e empresário, bem como entre empresário individual e sociedade empresária, serão apontadas. Espera-se que, dessaforma, os assuntos sejam revisados e aprofundados. Por empresa, já foi visto que tradicionalrnente havia quatro perfis. O perfil subjetivo da empresa é idênlico a uma das concepções de empresário, que é de titular de atividade empresarial (pessoa natural ou pessoa juríd ica). Assim entendidos, nenhuma <li !crença é possível mencionar. Entretanto, mesmo a empresa no perfil subjetivo não se confunde com outra concepção de empresário, ou seja, a que o iguala ao empresário individual. Nessa situação, trata-se de gênero (empresa em perfil subjetivo) em relação à espécie (empresário individual). A doutrina contemporânea, entretanto, prefere o perfil funcional para definir empresa. Portanlo, já que nesse aspecto ela consiste na atividade empresaria l, empresário será, em princípio, aquele que a exerce, a menos que seja considerado o conceito de empresário trazido por Tarcísio Teixeira. Caso se entenda que empresário é sinônimo de empresário individual, então ele será, tão somente, um dos seus possíveis titulares, afinal, já foi estudado que os conceitos de empresa e empresário não são unívocos. Do ponto de vista objet ivo, empresa é o estabelecimento, dessa forma, a única possibil idade de aproximação entre essa perspectiva e o empresário consistente em entender que ele uli lizará o complexo de bens organizados ou, no mínimo, será um dos que o uti lizará. Por fim, o perfil corporati vo da empresa corresponde às relações entre empregadores e empregados, Nesse sentido, entendida a ressalva quanto às inlerpretaçõcs sobre a extensão de empresário, pode-se equivaler o empresário àquele que contrata os trabalhadores. / ' I ~ \ l ,, \ _"4 I Saiba mais ' / O registro, nos termos do CC, refere-se ao empresário, não à atividade empresarial, empresa. Emp,e~, ia individudl e sociedades en1pce~1ia s (~3_7 __ _ Para deixar mais clara a ideia trazida neste capítulo, pode-se dizer que há dois conceitos diversos de empresário. Em uma perspectiva ampla, ele corresponde a todo aquele que titulariza uma atividade empresarial, ao passo que é, restritivamente, apenas relacionado com o empresário individual, não incluindo as sociedades empresárias: Empresário em sentido restrito Empresário individual Empresário em sentido amplo= quem titulariza uma empresa • Empresário individual • Sociedade empresária • Empresa individual de responsabilidade limitada Feitas as distinções acerca de empresa e empresário explicadas anterior- mente, imporia agora empreender as comparações entre empresá rio individual e sociedade empresária. C'...omo !oi destacado, o empresário indiv idual não cria, com o seu registro, uma pessoa jurídica, ou seja, trata-se de uma pessoa natural que litulariza urna empresa. O que gera algumas vantagens, algumas com repercussões jurídicas relevantes, outras não. Por exemplo, enquanto a pessoa natural tem a finitude inerente à mortalidade, tal não acontece com as jurídicas, sendo essa ideia de superar a morte uma das motivações que podcn1 conduzir à instauração destas. Nessa perspectiva, a sociedade empresária é bem diversa da pessoa natural, afinal, é uma pessoa jurídica necessariamente formada por duas ou n1ais pessoas. Nesse caso, se é assirn, então hã repercussões jurídicas razoáveis. Por exemplo, inexiste desconsideração de personalidade j urídica de empresário individual, apenas de pessoas jurídicas, especialmente aquelas de respon- sabilidade limitada utilizadas em geral (sociedades limitadas e anônimas). Hã outras modalidades societárias disponíve is no Direito, inclusive cort1 responsabilidade mista, mas suas ut ilizações são muito pontuais, ou melhor, "[ ... l tais sociedades caíram em desuso, à semelhança das sociedades de responsabil idade il imitada" (GOMES, 2017, p. J 17). Alért1 disso, enquanto o empresário individual consiste em uma pessoa natural, na sociedade ernpresária, há UJna pessoa jurídica, na qual podem constar como sócios as pessoas naturais ou jurídicas, desde que, no mín imo, duas, consoante direlriz do arl. 981 do CC: ___ 3_s_) Empresário ind1v1dual e sociedades empresárias Empresário individual Sociedade empresária Uma pessoa natural Duas pessoas ou mais Ademais, a"[ ... ] sociedade adquire personalidade juríd ica com a inscrição, no registro próprio e na fonna da lei, dos seus atos constitutivos" (MAMEDE, 2018, p. 92), situação bem diversa das pessoas naturais, as qua is têm a sua personalidade juríd ica a partir do nascimento com vida. À doutrina de Glad~ton Marnede (2018, p. 92): ( ... ] a empresa é apena~ urna parte do patrimônio da pessoa natural; não há outra personalidade jurídica. nem outro patrimônio, ao contrário do que ocorre com a sociedade cmprcsãria. na qual a pessoa jurídica tem personalidade e patrimônio próprios, não se confundindo com a personalidade e o patrimônio de seus sócios. A consequência dessa doutrina é o princípio da intangibilidade do capital, o que, se desrespeitado, pode gerar motivo para a desconsideração da perso- nalidade jurídica nos termos da teoria rnaior prevista no CC: Principio da intangibilidade: o capital registrado deve ser preservado na cm• presa e usado exclusivamente na empresa. Não podc(m) o(s) responsàvcl(is) pela empresa lançar mão dc.'ises valores para si ou para outras finalidades, o que caracteriza indevida confusão patrimonial (artigo 50 do Código Civil). (MAMEDE, 2018, p. 81). Essa dist inção ent re empresário individual e sociedade empresária tem reílexos também no rcgramento da incapacidade, podendo-se falar em duas hipóteses d iversas, cada uma com suas consequências, sendo elas a incapaci- dade do empresário individual e a incapacidade do sócio. Estas acontecem nas hipóteses cm que falta a capacidade civ il da pessoa natural, entretanto, têm consequências diversas, atinai, não se confundem. Enquanto o empresário é aquele que titulariza a empresa, exercendo a atividade, o sócio é quem possui quotas ou ações em uma sociedade empresária. Emp,e,,a,io individual e soc,edades ernp,esária s (_3_9 __ _ Reconhecimento dos institutos e correlata regulamentação Urn dos principais instrumen tos jurídicos distinti vos dos empresários in- dividua is e das sociedades empresárias, consoante visto anteriormente, é a possibilidade de desconsideração da personalidade j urídica, dessa forma, pode-se explicá-la de forma mais acurada. A legislação civil e, por consequência, o Di reito Empresarial adotaram a teoria maior da desconsideração da personalidade juríd ica, consoante previsto no ar!. 50 do CC, com as consequências j urídicas que lhe são aplicáveis. É sabido que o Código de Defesa do Consumidor (CDC) e outras leis elegeram a teoria menor da desconsideração da personalidade j urídica, a qual é, por óbvio, inaplicável para regular as relações j urídicas empresariais, mas tão somente as de seus sistemas. Entrcranto, por haver uma menor proteção da limitação patrimonial nessa legislação eonsu.merista e nas demais, havia juízes que a aplicavam de forma indevida, desconsiderando a personalidade j urídica em situação que não caberia. Tal a magnitude da situação que, na I Jornada de Direito Comercial da CJF, houve dois enunciados sobre a matéria. r ' I ~ \ 1 \\ ' \ _ .. / Saiba mais ' / Enunciado n° 9da I Jornada de Direito Comercial da Uf Quando aplicado às relações juridicas empresariais, o art. 50 do Código Ovil não pode ser interpretado analogamente ao art. 28, § 5<\ do COC ou ao art. 2" da CLf. Enunciado n° 19 da I Jornada de Direito Comercial da Of Não se aplir.a o CDC às relações entre sócios/acionistas ou entre eles e a sociedade. Há, ainda, quem considere uma classificação mais precisa acerca da adoção da disregard leory no Di reito brasilei ro. Para seus adeptos, o abuso de direito pode acontecer por desv io de fi nalidade, hipótese decorrente da chamada teoría maior subjetiva da desconsideração, bem como por confusão patrimonial por meio dateoria maior obj etiva da desconsideração. Importa ressaltar que mesmo a chamada teoria maior subjetiva haverá de ser objetivamente demonstrada ao processo por meio, inclusive, de provas. A li nal, não se adota, nessa seara, a teoria menor do CDC. ___ 40~) Fmp,eáfio ind1v1dual e s.oc:iedades. emple!láridS / ' I ~ \ ' \\ 1 \ _'4 I Saiba mais ' / Enunciado n• 37 da I Jornada de Direito Civil A responsabilidade civil decorrente do abuso de direito independe de culpa e se fundamenta somente no critério objetivo-finalisrico. As consequências do casarnento dos sócios das sociedades também recebe tratamento bem diverso daquele realizado pelo empresário individual, haja vista que o CC é expresso em facultar "[ ... ] aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que não tenham casado no regime da comu- uhão universal de bens, ou no da separação obrigatória" (BRASIL, 2002, documento on-line). Já o empresário individual casado, nos termos do art. 978, "[ ... ] pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens, alienar os irnóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real" (BRASTL, 2002, documento on-1 ine). Para não restar dúvidas sobre o des- tinatário do referido disposi tivo, segue o Enunciado nº 58 da li Jornada de Direito Comercial transcrito: O empresário individual ca.'iado é o destinatário da norma do art. 978 do CCB e não depende da outorga conjugal para alienar ou gravar de ônus real o imó- vel utili1..ado no exercício da empresa, desde que exista prévia averbaç-jo de autorização conjugal à conferência do imóvel ao palTimônio empresarial no C3rtório de registro de imóveis, com a con.~equcntc averbação do ato à margem de sua inscrição no registro público de empresas mercantis. (BRASIL, 2015). Por fim, há de se ana lisar a regularnentação da empresa individual de responsabilidade limitada (EIREL!), consoante designação legislativa, a qual alguns chamam de empresário individual de responsabilidade limi tada. Importa destacar o art. 980-A, que o regula: "A empresa individual de responsabilidade limitada será c.onstituída por u,na ún ica pessoa titu lar da total idade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cern) vezes o maior salário-mínimo vigente no País" (BRASIL, 2002, documento on-line). Logo se vê que há apenas uma pessoa que é titular de todo o capital social. É, como já visto, uma modalidade de exercício ind ividual da empresa. Hã disposição legislativa ainda no sentido de que a EIRELL "[ ... ] também poderá resultar da concentração das quotas de outra modalidade societária num único Emp1e,,d1io individual e soc,edades ernp,esária~ ( 41 '---- sócio, independentemente das razões que motiva ram tal concentração" (art. 980-A, parágrafo primeiro) (BRASJL, 2002, documento on-line). lrr1porta ressaltar que o capital hã de estar devidamente integralizado, ou seja, não se aceita a mera menção do instrumento a ser arquivo no órgão competente, sob pena, inclusive, de se considerar irregular a EIRELI. Destaca-se que o capital social não pode ser, pela expressa previsão le- gislativa, in ferior a 100 vezes o maior salário mínimo. Há quem o considere inconst itucional. Primeiro, violaria a livre-iniciativa, segundo, há p roibição constitucional de vinculação ao salário mín imo de índices. Hã, até mesmo, ação de controle de constituciona lidade abstrato-concentrado no Supremo Tribunal Federal (STF) par-.i questionar tal exigência. Embora os arg urnentos sejam razoáveis pela inconstitucionalidade, hã bons argumentos no sentido contrário também. Pode-se indicar que os princí- pios fundamenta is são relativos. Assim, mesmo que a ordem econômica seja fundada no trabalho e na livre--iniciativa, hã de se considerar a final idade de"[ ... ] assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social" (BRASIL, 1988). Entre os argumentos contrapostos para restri ng ir a incidência da livre iniciativa está a necessidade de haver um capital social integralizado para assegurar o cumprimento das obrigações da EIRELI perante os credores que não poderiarn incidir mais na pessoa natural, sendo, tal exigência, razoável para fins de assegu.rar ajust iça social. Além disso, a limitação constitucional de indenixação ao sa lário 1nínimo não se apl ica no caso, jã que a sua utili- zação é apenas para fins de parâmetro j LLrídico, não um reajuste apto a gerar consequências inflacionárias sistêmicas. De qualquer lorrna, essa questão ainda está em aberto. Portanto, há de pre- valecer a presunção de constitucionalidade dos atos legislativos, ou seja, exige- -se esse capital social minimamente integralizado de 100 salários mínimos. Imagine a seguinte situação: o capi tal social foi estabelecido no limite mín imo prev isto pela legislação, entretanto, o salário mín imo, ao transcorrer dos anos, sorreu reajustes inflacionários ou ganhos reais de poder de compra. Logo, a EIRELI passou a titularizar um capital social inferior à exigência. Dessa forma, como resolver tal s ituação? Tem prevalecido a interpretação oferecida pelo Enunciado n. 4 da 1 Jornada de Direito Comercial do CJF: "Uma vez subscrito e efetivamente integralizado, o capital da empresa individual de responsabil idade limitada não sofrerá nenhuma influência decorrente de ulleriores alterações no salãrio mínimo" (BRASIL, 2012). Além d isso, o nome empresarial da EIRELI pode ser firma ou denominação, desde que seja inchtÍdo ElRELl ao l"inal. O que não pode é o titu.lar pessoa ___ 4_2~) Frnp,esá,io ind1v1dual e sociedades empresárias natu ral integrar mais de uma pessoajuridiea dessa natureza por expressa de- terminação legal, a saber: ''A pessoa natural que constituir empresa individual de responsabilidade limitada somente poderã figurar em uma única empresa dessa moda I idade" (BRASIL, 2011 ). Ainda não se estabeleceu, com segurança, a possibilidade de EfRELI, cujo titular é uma pessoajurídiea. Hã pouco tempo se proibia, mas atualmente há essa possibilidade. Nessa circunstância, é possível a existência de múltiplas EI RELis, porquanto ausente p roibição. Ademais, poderá ser atribuída ( ... ] à empresa individual de responsabilidade limitada constituída para a prestação de serviços de qualquer natureza a remuneração decorrente da cessão de direitos patrimon iais de autor ou de imagem, nome, marca o u \'OZ de que seja detentor o titular da pessoa jurídica, v inculados à atividade profissional (BRASIL, 201 1). Como exemplo, ternos um cantor, um apresentador de televisão ou um ator, que são pessoas naturais e exercem atividades de pessoa naturais. Imagine a situação de que um destes é contratado sob uma dada remuneração para ceder seus direitos de imagem, nome, marma ou voz. Assim, por exemplo, uma emis- sora obterá lucros de atividade empresarial utilizando esses direitos, mas será obrigada a pagar uma porcentagem ao titular da ETRELI. Pois bem, é possível que tal valor seja dest inado à pessoa j urídica, ETRELI, não à pessoa natural. 1. As atividades humanas encontraram, na pessoa jurldica, uma forte mola propulsara. entre as vantagens de se criar uma pessoa jurídica, NÃO podemos considera~ a) que a pessoa jurídica é uma criação do Direito para permitir um novo sujeito de direitos a partir da união de outras pessoas. b) que o fundamento da existência da pessoa jurídica está ligado à finitude da vida humana. e) que, uma vez que as pessoas naturais são finitas, ou seja, têm uma vida esgotável, as atividades exercidas por elas poderiam se extinguir com a sua morte. d) que, quando se cria uma pessoa jurídica, esta tende a existir indeterminadamente e pode ser gerida por diversas pessoas, geração após geração. e) que com a criação da pessoa jurídica, ocorre uma fusão enrre os direitos e as obrigações de cada sócio, como pessoa natural, e os direitos e as obrigações
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