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Gestão de Resíduos Sólidos Álefe Lopes Viana REITOR DO IFAM Antônio Venâncio Castelo Branco PRÓ-REITORA DE ENSINO Lívia de Souza Camurça Lima PRÓ-REITOR DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E INOVAÇÃO José Pinheiro de Queiroz Neto PRÓ-REITORA DE EXTENSÃO Maria Francisca Morais de Lima PRÓ-REITOR DE DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL Carlos Tiago Garantizado PRÓ-REITORA DE PLANEJAMENTO E ADMINISTRAÇÃO Josiane Faraco de Andrade Rocha Apresentação Este curso trata de um assunto de extrema importância para a sociedade atualmente, bem como influencia diretamente no bem-estar das futuras gerações: a problemática do consumo e consequente geração de resíduos sólidos. Por relacionar-se a vários eixos da ciência, como por exemplo a ciência ambiental, sociologia, engenharia e biologia, faz-se necessária, além das ações técnicas, a participação da comunidade de uma forma geral e educação ambiental, visando mudanças de hábitos e quebra de paradigmas. O que de fato fazer com tanto resíduo gerado? Não tem como fazer vista grossa e achar que apenas encerrando lixões e planejando aterros sanitários o problema será resolvido. Cada vez mais as cidades necessitam de áreas maiores para dispor e tratar seus resíduos sólidos gerados. O simples fato de enterrar o resíduo não resolve o problema, mas sim cria-se um passivo ambiental que as gerações futuras terão de resolver. São ‘toneladas’ de energia acumulada, que não estão sendo utilizadas ou transformadas em algum benefício para a sociedade. Diante deste contexto é que o presente curso está inserido, de capacitar, trazer à reflexão e habilitar cada vez mais pessoas a serem profissionalizadas na temática para buscar promover a quebra do paradigma atual, bem como atuar cada vez mais em todas as esferas da sociedade de forma a realizar uma melhor e mais adequada gestão dos resíduos sólidos. Sua participação é importante nessa ação e lembre-se da famosa frase: quando for “jogar” algo fora, repense, reflita; do ponto de vista planetário, “não existe fora”. Bons estudos! Prof. Álefe Lopes Viana Sumário 1. EVOLUÇÃO DA PREOCUPAÇÃO AMBIENTAL ................................................................................... 6 1.1 A crise ambiental ......................................................................................................................... 6 2. MEIO AMBIENTE, SOCIEDADE E CONSUMO .................................................................................. 11 2.1 Consumo .................................................................................................................................... 12 2.2 Sustentabilidade ....................................................................................................................... 14 3. OS RESÍDUOS SÓLIDOS .................................................................................................................... 16 3.1 Conceitos básicos da gestão de resíduos sólidos .................................................................... 17 3.2 Classificação dos resíduos sólidos ............................................................................................ 19 3.2.1 Classificação quanto à origem ........................................................................................... 20 3.2.2 Classificação quanto à periculosidade .............................................................................. 21 3.3 Aspectos legais sobre os resíduos ............................................................................................ 24 3.4 Política Nacional de Resíduos Sólidos ...................................................................................... 25 3.5 Compreendendo a responsabilidade compartilhada .............................................................. 28 3.6 Compreendendo a Logística reversa ........................................................................................ 30 3.7 Quanto às proibições ................................................................................................................ 32 4. PLANOS DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS – PGRS .................................................... 33 4.1 Conteúdo mínimo dos PGRS ..................................................................................................... 34 4.2 Elaborando o PGRS.................................................................................................................... 36 4.3 Planejamento ............................................................................................................................ 36 5. RECICLAGEM DOS RESÍDUOS SÓLIDOS .......................................................................................... 40 5.1 Vantagens da Reciclagem ......................................................................................................... 41 5.2 Coleta seletiva ........................................................................................................................... 42 5.3 Onde entregar o material separado? ....................................................................................... 44 6. DISPOSIÇÃO FINAL DOS RESÍDUOS ................................................................................................ 46 6.1 Lixões a céu aberto ................................................................................................................... 46 6.2 Aterro Controlado ..................................................................................................................... 47 6.3 Aterro Sanitário ......................................................................................................................... 48 6.4 Incineração ................................................................................................................................ 49 6.5 Compostagem............................................................................................................................ 50 7. TRATAMENTO DOS RESÍDUOS ........................................................................................................ 53 7.1 Resíduos de Saúde .................................................................................................................... 53 7.2 Resíduos da Construção Civil .................................................................................................... 55 7.3 Resíduos Industriais .................................................................................................................. 57 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................................... 60 Currículo do professor-autor .............................................................................................................. 62 6 1. EVOLUÇÃO DA PREOCUPAÇÃO AMBIENTAL A preocupação com o estado do meio ambiente não é recente, mas foi nas últimas três décadas do século XX que ela entrou definitivamente na agenda dos governos de muitos países e de diversos segmentos da sociedade civil organizada. Meio ambiente é um tema que ganhou as ruas, auditórios, a imprensa e faz parte do vocabulário de políticos, empresários, administradores, líderes sindicais, ONGs e cidadãos de um modo geral (Barbieri, 2012). Porém, para a maioria das empresas e até mesmo para o governo, essa preocupação ainda não se transformou em práticas administrativas e operacionais efetivas, como no caso da Política Nacional de Resíduos Sólidos, que abordaremos mais à frente. Se as ações estivessem sendo efetivas, a grande quantidade de problemas ambientais que coloca em risco todos os seres vivos certamente não se verificaria com a intensidade que se observa hoje.Prova disso foram as catástrofes ambientais recentes que ocorreram em Mariana e Brumadinho, ambos em Minas Gerais, causando inúmeras mortes e um problema socioambiental de proporções enormes, afetando a vida do Rio Doce e de que depende dele para sobrevivência, incluindo pequenos produtores e comunidades tradicionais. As manchas de óleo que poluíram as praias da costa brasileira nordestina, em 2019, e que até agora não se chegou a quem de fato causou o impacto. Temos problemas ambientais recorrentes anualmente como no caso do desmatamento da Amazônia, que ultimamente tem adquirido proporções como nunca visto na última década e que nenhum controle e acompanhamento efetivo tem sido dedicado por parte do governo. Isso apenas citando os casos ocorridos no país, mas a globalização dos problemas ambientais é um fato incontestável e todos estamos no centro desse processo. 1.1 A crise ambiental A Revolução Industrial iniciada na Inglaterra, em meados do século XVIII, com a transição da manufatura para a indústria mecânica, gerando o aumento da produção e a ascensão de novas tecnologias, alterou o modo de vida no planeta. Por sua vez, a evolução da medicina possibilitou o tratamento para inúmeras doenças, antes tidas 7 como fatais, aumentando a expectativa de vida da população, assim como a mão de obra disponível (Pott e Estrela, 2017). Quase três séculos se passaram desde a Revolução Industrial, porém a questão ambiental começou a ser levantada somente no final da década de 1960 e início da de 1970. Anteriormente, alguns episódios demonstravam a influência do crescimento desordenado na vida da população e na saúde do meio ambiente, tidos como mal necessário para o progresso (Goldemberg e Barbosa, 2004). A década de 1960 foi conhecida pelo conflito entre preservacionistas e desenvolvimentistas. O debate iniciou-se com a publicação do livro Primavera Silenciosa de Rachel Carson em 1962, que trouxe um alerta sobre a utilização de pesticidas na agricultura. Esse fato levou a preocupações ambientais inéditas para uma parcela da opinião pública americana, que visualizaram o impacto das atividades antrópicas sobre o meio ambiente. O livro impulsionou uma inversão na política nacional sobre os pesticidas levando a uma proibição nacional sobre o DDT e outros pesticidas. Os movimentos ambientalistas levaram a criação da Environmental Protection Agency – EPA, agência americana de proteção ambiental (Ruppenthal, 2014). Em 1968, o professor americano Paul R. Ehrlich fez uma previsão catastrófica. O mundo tinha pessoas demais, e milhões morreriam de fome, se não houvesse um controle do aumento populacional. A teoria era parte do livro Population Bomb (Bomba Populacional). Por suas previsões alarmistas, ele ocupou o posto de principal seguidor do inglês Thomas Malthus (Ruppenthal, 2014). Surgiu ainda o Clube de Roma, uma organização independente sem fins lucrativos em que participavam empresários, cientistas e políticos, com o objetivo de discutir e analisar os limites do crescimento econômico às custas do uso crescente dos recursos naturais. Em 1972, um grupo de cientistas do Massachusetts Institute of Technology – MIT, que assessorava o Clube de Roma, alertou sobre os riscos do crescimento econômico contínuo baseado na exploração de recursos naturais não renováveis. Utilizando modelos matemáticos, chegaram à conclusão de que o Planeta Terra não suportaria o crescimento populacional devido à pressão gerada sobre os recursos naturais e energéticos e o aumento da poluição, mesmo tendo em conta o avanço tecnológico. As projeções afirmavam o esgotamento desses recursos em poucas 8 décadas. Muitas das previsões do relatório não se concretizaram, e outras permanecem como um cenário possível, para o qual a humanidade ainda não encontrou soluções (Ruppenthal, 2014). A década de 1970 ficou conhecida como a da regulamentação e do controle ambiental. Após a conferência de Estocolmo as nações começaram a estruturar seus órgãos ambientais e estabelecer suas legislações. Poluir passou a ser considerado crime em diversos países. Em 1987, a então primeira ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, que exercia a chefia da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, apresentou um documento intitulado Nosso Futuro Comum, conhecido popularmente como Relatório de Brundtland, que propõe o termo desenvolvimento sustentável, como sendo “aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras atenderem às suas necessidades”, buscando deixar claro uma nova visão da relação homem-ambiente, afirmando que há um limite máximo para a utilização dos recursos naturais. O fenômeno da globalização das preocupações ambientais veio no final da década de 1980 com o Protocolo de Montreal, que bania os Clorofluorcarbonos - CFCs e a Convenção da Basiléia que estabeleceu regras para o transporte transfronteiriço de resíduos (Ruppenthal, 2014). Em 1988 a Constituição Federal Brasileira foi alterada, passando a estabelecer que: Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo- se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações (Brasil, 1988, art. 225). Na década de 1990, já havia uma consciência coletiva sobre a importância da preservação e o equilíbrio ambiental. A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (conhecida também como Cúpula da Terra, Rio 92 ou Eco 92) realizada na cidade do Rio de Janeiro, resultou em importantes documentos como a Carta da Terra (conhecida como Declaração do Rio) e a Agenda 21, que é definida como um processo de planejamento participativo que analisa a situação atual de uma nação, um estado, uma região ou um município, e dessa forma possibilita o 9 planejamento de um futuro sustentável (Pott e Estrela, 2017). O foco passou a ser a otimização do processo produtivo e a redução do impacto ambiental. O conceito de prevenção ganhou destaque e aumentaram os esforços para difusão de tecnologias mais limpas e menos poluentes (Ruppenthal, 2014). A cidade de Quioto no Japão, em 1997, sediou a terceira Conferência das Partes (COP - 3), culminando no Protocolo de Quioto, que consistiu no acordo dos países que se comprometeriam com a redução das emissões de gases de efeito estufa (Pott e Estrela, 2017). No ano de 2000 foi estabelecido os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio - ODM, pela Cúpula do Milênio, indicando oito objetivos internacionais de desenvolvimento para que os países assinantes alcançassem até o ano de 2015, a saber: 1. Erradicar a pobreza extrema e a fome; 2. Alcançar o ensino primário universal; 3. Promover a igualdade de gênero e empoderar as mulheres; 4. Reduzir a mortalidade infantil; 5. Melhorar a saúde materna; 6. Combater o HIV/AIDS, a malária e outras doenças; 7. Garantir a sustentabilidade ambiental; 8. Desenvolver uma parceria global para o desenvolvimento. Após vinte longos anos de discussões, em 2010 foi aprovada a Lei Federal nº 12.305/10 que instituiu a Política Nacional dos Resíduos Sólidos, visando estimular padrões sustentáveis de produção e consumo, integrar os catadores de materiais recicláveis e reutilizáveis à sociedade e eliminar os lixões, sendo um dos maiores avanços na legislação ambiental brasileira desde a Resolução Conama n. 237 de 1997 e a Lei dos Crimes Ambientais de 1998. Vinte anos após a Eco 92, em 2012, realizou-se uma nova reunião no Rio de Janeiro, denominada Rio+20, que infelizmente não produziu avanços significativos em relação à Rio-92, exceto o de manter o desenvolvimento sustentável como um desafio na agenda de preocupações da sociedade, mas com uma decisiva postura de afastamento entre discursos e compromissos concretospor parte dos governos. 10 Em 2015, os países tiveram a oportunidade de adotar uma nova agenda de desenvolvimento sustentável e chegar a um acordo global sobre a mudança climática. As ações tomadas resultaram nos novos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que se baseiam nos oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). As Nações Unidas trabalharam junto aos governos, sociedade civil e outros parceiros para aproveitar o impulso gerado pelos ODM e levar à frente uma agenda de desenvolvimento pós-2015 ambiciosa. Desta vez, foram traçadas novas metas para que os países cumpram até o ano de 2030. Foram propostos agora 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e 169 metas, conforme apresentado na figura a seguir: FIGURA 1. DEZESSETE OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL APRESENTADOS EM 2015. FONTE: HTTPS://NACOESUNIDAS.ORG/POS2015/AGENDA2030/ Eles buscam concretizar os direitos humanos de todos e alcançar a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres e meninas. Eles são integrados e indivisíveis, e equilibram as três dimensões do desenvolvimento sustentável: a econômica, a social e a ambiental. O Objetivo 12 visa assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis, com 11 metas que incluem o consumo consciente e a redução da produção de resíduos, incentivando a reciclagem, o reuso e implementação de ferramentas para um melhor controle. Mais recente, foi proposto pela Conferência das Partes (COP 21) em Paris um acordo internacional, conhecido como Acordo de Paris, que rege medidas de redução de emissão de gases estufa a partir de 2020, a fim de conter o aquecimento global 11 abaixo de 2°C, preferencialmente em 1,5°C, e reforçar a capacidade dos países de responder ao desafio, num contexto de desenvolvimento sustentável. Entre as 195 assinaturas, estão lá todos os maiores poluidores do mundo: China (incluindo Hong Kong e Macau), Rússia, Índia, Japão, Alemanha, Brasil, Canadá, Coreia do Sul e México. Os Estados Unidos ficaram de fora do acordo, sendo que é um dos países com alto percentual de emissões atmosféricas. De maneira geral, o modo de pensar e agir da população mundial mudou em parte. Há uma maior consciência ecológica em relação à produção e utilização de energia elétrica, combustíveis e formas de obtenção desses, a redução na produção de resíduos sólidos e sua reciclagem caminha a passos lentos, porém constantes, envolvendo um número cada vez maior de atores nesse processo (Pott e Estrela, 2017). 2. MEIO AMBIENTE, SOCIEDADE E CONSUMO Meio ambiente é tudo o que envolve ou cerca os seres vivos. De acordo com Viana et al., (2018), na Conferência das Nações Unidades sobre o Meio Ambiente celebrada em Estocolmo em 1972, definiu-se o conceito de meio ambiente como sendo “o conjunto de componentes físicos, químicos, biológicos e sociais capazes de causar efeitos diretos ou indiretos, em um prazo curto ou longo, sobre os seres vivos e as atividades humanas. De acordo com a Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA) brasileira, estabelecida pela Lei 6.938 de 1981, meio ambiente é definido como “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. Consultando a origem da palavra, “meio ambiente” pode ser considerado um termo redundante, pois a palavra ambiente é composta de dois vocábulos latinos: a preposição amb(o), que significa ao redor, à volta e o verbo ire (ir), que se funde numa aritmética muito simples, amb + ire = ambire. Desta simples operação resulta uma soma importantíssima, ir à volta, significando então, “como tudo o que rodeia determinado ponto ou ser” (Viana et al., 2018). É importante destacar que muitos de nós aprendemos ao longo da vida de estudante que meio ambiente é somente o rio, fauna ou as florestas, ou seja, uma 12 percepção não sistêmica (completa) do termo, considerando seus diversos fatores de forma isolada e não relacionada. Deixa-se de considerar o ambiente como sistema integrado onde não apenas o ambiente natural o compõe, mas também aquele construído, como os ambientes urbanos, que também fazem parte do contexto ambiental. Isso inconscientemente pode culminar na construção de uma relação desfavorável ente homem e ambiente, agravando problemas ambientais (Viana et al., 2018). Odum e Sarmiento (1998) distinguem três tipos de ambientes: (1) o fabricado ou desenvolvido pelos humanos, constituído pelas cidades, parques industriais e corredores de transportes como rodovias, ferrovias e portos; (2) o ambiente domesticado, que envolve áreas agrícolas, florestas plantadas, açudes artificiais etc., e (3) o ambiente natural, por exemplo, as matas virgens e outras regiões autosustentadas, pois são acionados apenas pela luz solar e outras forças da natureza como precipitação, ventos, fluxo de água etc., e não dependem de qualquer fluxo de energia controlado diretamente pelos humanos, como ocorre nos dois outros ambientes. 2.1 Consumo Inúmeros são os problemas de cunho ambiental que estão sendo evidentes cada vez mais na sociedade, veiculados tanto pela mídia ou mesmo pela percepção das alterações, onde todos estão relacionados ao consumo. De acordo com (Ruppenthal, 2014), o ato de consumir é inerente à espécie humana e implica em fazer parte da cadeia trófica. Significa, portanto, depender da natureza. Consumir é uma ação individual. O consumo é dinâmico e modifica-se. As necessidades de consumo são culturais e mutáveis. Logo, consumir é uma ação social. Toda a sociedade tem uma forma própria de governar a produção e de controlar a natureza. São formas dinâmicas que originam novas organizações sociais, econômicas e políticas. A dinâmica das mudanças na sociedade leva a novos padrões de comportamento e a demanda crescente por novos produtos que refletem no sistema produtivo. A produção só toma sentido se houver em contrapartida e na mesma proporção, o consumo. Um dos fatores para o aumento do consumo é o crescimento 13 populacional, que exerce uma forte pressão na demanda por mais produtos, elevando o volume de produção e forçando o desenvolvimento de novas tecnologias. Tem-se ainda a questão do marketing, ligado diretamente a uma busca incessante pelo crescimento econômico, onde todos os dias criam-se novas versões dos produtos, com detalhes diferenciados e novos, levando o consumidor a trocar o seu atual produto por um novo, cheios de detalhes e funções, muitas vezes desnecessárias e/ou não tão usuais no dia-a-dia. Um exemplo é a produção de celulares (que agora são chamados smartphones) e de automóveis. Os celulares atualmente têm inúmeras funções, por meio de seus aplicativos, mas a sua função principal, que seria executar uma ligação para determinada pessoa, tem sido cada vez mais difícil de ser empregada, pois com revolução digital, muitos serviços básicos estão sendo substituídos por um mero clique. Automóveis hoje estão sendo produzidos com câmbio automático, sensores automáticos para detecção de chuva e acionamento de faróis, ar condicionado digital com medição de temperatura, ajuste de volante em altura e profundidade, acionamento digital dos retrovisores e acionamento de funções por comando de voz, além de tela para ver filmes. Tudo isso quase não se via há dez anos, e vivia-se perfeitamente sem ter noção da necessidade desses atributos. A isso chamamos de obsolescência perceptiva, que é uma forma de reduzir a vida útil de um produto mesmo que esteja em condição de uso. Os fabricantes lançam produtos com visuais modernos dando aos produtos antigos aspectos de ultrapassados, fazendo com que consumidor adquira outro. Há também a obsolescência programada, que é a decisão do produtor de propositadamente desenvolver, fabricar, distribuir e vender um produto para consumo deforma que se torne obsoleto ou não-funcional especificamente para forçar o consumidor a comprar a nova geração do produto. Os produtos não estão sendo mais feitos para durar, mas sim para descartar com pouco tempo de uso. O problema disso tudo é o desperdício de recursos naturais e o resíduo gerado de forma desnecessária, que, em muitos casos, são enviados para os países pobres como se fossem produtos de segunda mão. Os problemas ambientais provocados pelos humanos decorrem do uso do meio ambiente para obter recursos necessários para produzir os bens e serviços que estes necessitam e dos despejos de materiais e energia não aproveitados no meio ambiente. 14 O aumento da escala de produção tem sido um importante fator que estimula a exploração dos recursos naturais e eleva a quantidade de resíduos. É comum apontar a Revolução Industrial como um marco importante na intensificação dos problemas ambientais. A maior parcela de emissões ácidas, de gases de estufa e de substâncias tóxicas resulta das atividades industriais em todo o mundo. Os resíduos gerados pela população está cada vez mais composto por restos de embalagens e de produtos industriais (Barbieri, 2012). A maneira como a produção e o consumo estão sendo realizados desde então exige recursos e gera resíduos, ambos em quantidades vultosas, que já ameaçam a capacidade de suporte do próprio planeta, isto é, quantidade de seres vivos que ela pode suportar sem se degradar. 2.2 Sustentabilidade Será que a prosperidade ou o desenvolvimento sempre vai depender do crescimento econômico? Essa é uma das perguntas que José Eli da Veiga (um renomado pesquisador brasileiro) aborda quando discute sobre o tema sustentabilidade. De acordo com Veiga (2010), até o final dos anos 1970, o adjetivo “sustentável” não passava de um jargão técnico usado por algumas comunidades científicas para evocar a possibilidade de um ecossistema não perder sua resiliência, especialmente ligado ao estoque de pescado, por exemplo. O fato é que o próprio termo “conceito” foi muito diluído pela banalização de seu uso. No fundo, a expressão “desenvolvimento sustentável” é um valor similar ao seu mais nobre antepassado, a “justiça social”. A noção de sustentabilidade traz consigo um novo valor. Não há bem uma resposta simples e definitiva, exigindo cautela no emprego do termo. Literalmente, a definição de desenvolvimento sustentável ficou conhecida como sendo a satisfação das necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades. Veiga (2010) afirma que tentar evitar o fim do planeta é um pensamento muito simplista para conceituar algo tão complexo. O que está em jogo quando tratamos de 15 lutar por um desenvolvimento sustentável é apenas o encurtamento do prazo de validade da espécie humana, infelizmente. O processo econômico em que se baseia o progresso humano é mera transformação de recursos naturais valiosos (baixa entropia) em resíduos (alta entropia), afetando no funcionamento do sistema planetário. Para Ruppenthal (2014), o desenvolvimento sustentável requer o aperfeiçoamento dos seguintes sistemas: ✓ Sistema político com efetiva participação dos cidadãos no processo decisório, estimulando a atuação responsável. ✓ Sistema econômico capaz de gerar excedentes e conhecimentos técnicos em bases confiáveis possibilitando o desenvolvimento sem degradação. ✓ Sistema social capaz de resolver as tensões causadas por um desenvolvimento desequilibrado e que estabeleça critérios para o crescimento populacional. ✓ Sistema de produção que preserve a base da origem dos recursos naturais com aproveitamento mais eficiente desses e dos resíduos gerados. ✓ Sistema tecnológico que busque continuamente novas soluções voltadas para a ecoeficiência dos processos e dos produtos. ✓ Sistema internacional que estimule padrões sustentáveis de comércio e financiamento, gerando vantagens para a empresa. Teste sua aprendizagem! 1. Quais são, no seu entender, os principais problemas ambientais da sua cidade? O que poderia ser feito para melhorar? 2. Dos exemplos citados sobre a ação antrópica no texto acima, quais são os mais comuns na sua cidade? 3. A destruição dos recursos naturais, com ênfase no consumismo de nossa sociedade, é o tema do documentário “A história das coisas”. De forma simples e didática, ele faz uma crítica ao consumo insustentável ambientalmente, ou, como a sua criadora Annie Leonard, define, “um sistema baseado na destruição dos recursos naturais e na geração de lixo”. Depois de assistir, como você pode colaborar no consumo consciente em sua casa e/ou no seu trabalho, contribuindo para a redução de resíduos sólidos? 16 4. Em sua comunidade, quais medidas poderiam ser adotadas para aumentar a sensibilização pela causa ambiental dos comunitários? 3. OS RESÍDUOS SÓLIDOS O ser humano, no desenvolvimento de suas várias atividades do dia-a-dia, produz e descarta grande quantidade de resíduos. Diante do grande avanço tecnológico e industrial, surgiram produtos e bens de consumo sofisticados e de baixa vida útil (conforme relatado anteriormente), consolidando-se a enorme capacidade do homem para explorar os recursos naturais (Pereira Neto, 2007). De acordo com a National Geographic (2018), a cada ano, entre 4,8 milhões e 12,7 milhões de toneladas de resíduos chegam ao mar (8 milhões em média). A maior parte do lixo não vem dos navios, mas é descartado na terra e nas margens dos rios, principalmente na Ásia. Só depois tais resíduos são carregados pelo vento e pela água e chegam até os oceanos. FIGURA 2. QUADRO-RESUMO SOBRE A QUANTIDADE DE RESÍDUOS QUE CHEGAM AOS OCEANOS. FONTE: REVISTA PLANETA. Vários desses resíduos, não possuem um ciclo de vida curto, como no caso dos plásticos, que até se desintegrar por completo, levam de 450 anos a nunca! Ainda tem uma outra questão que ameaça a vida marinha, causando a morte de milhões de animais a cada ano, incluindo algumas em risco de extinção. Muitas vezes, animais chegam a ser estrangulados por redes de pesca descartadas de forma criminal ou ainda a prejuízos invisíveis, quando plânctons ou baleias ingerem as micropartículas de plástico, com fragmentos ínfimos que medem menos de 5 milímetros. 17 FIGURA 3. UMA VELHA REDE DE NYLON PRENDE COMO ARMADILHA A TARTARUGA-CABEÇUDA, NO LITORAL ESPANHOL (À ESQ.). CEGONHA COBERTA POR UM SACO PLÁSTICO NA ESPANHA, PODENDO SER ASFIXIADA (À DIR.). FONTE: NATIONAL GEOGRAPHIC (2018). No Brasil, a cultura do desperdício de materiais diversos é apontada como um entrave à Gestão de Resíduos, seja devido ao excesso de embalagens em muitos produtos ou simplesmente pela quantidade e tipos de alimentos disponíveis que faz com que qualquer murchamento ou manchas em determinado produto alimentício seja suficiente para o descarte (SILVA, 2013). Para saber mais: Acesse o link da matéria gratuitamente veiculada pela National Geographic, intitulada “Um mar de Plásticos”. https://www.nationalgeographicbrasil.com/2018/05/lixo-plastico-planeta-poluicao- lixao-consumo . 3.1 Conceitos básicos da gestão de resíduos sólidos Afinal, o que são resíduos sólidos? Muito se confunde os resíduos sólidos com o lixo, mas isso não é correto. Quando se fala em Gestão de Resíduos, o profissional do meio ambiente precisa compreender a diferença entre Lixo e Resíduo. De acordo com Barbosa e Ibrahin (2014), conforme o senso comum, o lixo é o resultado de tudo que não pode ser aproveitado pelos consumidores ou no processo produtivo, depois de atender suas necessidades de utilização, podendo ser descartado, 18 indiscriminadamente de qualquer forma no ambiente ou disposto em algum lugar específico, como os populares lixões. Entretanto, é necessário que se entenda a diferença entre os termos lixo e resíduo,que, apesar de suas aparentes semelhanças, são tecnicamente diferenciados na forma em que são usados pelas legislações vigentes e profissionais do meio ambiente e cada palavra utilizada tem sua abordagem incorporada em contextos específicos. Lixo é qualquer material considerado inútil, indesejável ou sem valor gerado durante um determinado processo e que precisa ser descartado, sem possibilidade de reaproveitamento (Barbosa e Ibrahin, 2014; Silva, 2013). Por outro lado, resíduo também é algo que a princípio parece inservível, porém, ele pode ser aproveitado de diversas formas, seja para geração de energia através da queima ou para servir de composto orgânico e ser utilizado em lavouras através de sua degradação biológica ou bioestabilização, além de poder ser reciclado ou reutilizado (Barbosa e Ibrahin, 2014). De acordo com a norma da ABNT, resíduos sólidos são resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível. Desta forma, a partir de agora, trataremos como resíduo, pois tudo que resta depois que consumimos os diversos produtos naturais ou artificiais, são resíduos. O termo lixo se usa mais em atividades específicas aplicadas mais em materiais não convencionais como lixo radioativo e lixo espacial, por exemplo. Curiosidade: No mundo, a produção de resíduos sólidos apresenta grandes disparidades, variando de acordo com a riqueza dos vários países que constituem o globo. Segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos 2018/2019, produzido pela Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública (Abrelpe), em 2018 foram gerados no Brasil 79 milhões de toneladas de resíduos. Desse total, 92% foram 19 coletados. Apesar disso, 6,3 milhões de toneladas de resíduos ficaram sem ser recolhidos nas cidades. A tendência de crescimento na geração de resíduos sólidos urbanos no país deve ser mantida nos próximos anos. Estimativas realizadas com base na série histórica mostra que o Brasil alcançará uma geração anual de 100 milhões de toneladas por volta de 2030. A média brasileira é que cada pessoa gera de 1 a 1,5 kg de resíduos/dia, totalizando o peso médio de 456 kg por ano. Considerando uma estimativa de vida em torno de 76 anos para os brasileiros, ao longo de uma vida, cada pessoa produzirá cerca de 34656 kg ou 34,65 toneladas de resíduo. Agora, imagina o total diário para uma população de 209 milhões de brasileiros. Teste sua aprendizagem! 1. Procure os dados de geração de resíduos sólidos de acordo com os relatórios divulgados pela Secretaria de Meio Ambiente ou Limpeza Pública do município em que você mora. Se não houver relatórios, é uma excelente oportunidade para cobrar das suas autoridades municipais. Somente com o diagnóstico preciso é possível de se planejar a gestão dos resíduos de uma cidade. 2. Considerando que cada brasileiro produz em média 1,2 kg de resíduos/dia, conforme dados da Abrelpe, pode-se imaginar quanto de resíduo é produzido por ano em sua cidade? Realize esse cálculo tomando por base o tamanho da população de sua cidade e 365 dias de um ano. Após os cálculos, como você se posiciona diante disso? 3. Considerando que a geração de resíduos sólidos no Brasil é um dos grandes problemas enfrentados pelo poder público, principalmente no âmbito municipal, faça uma pequena análise e aponte soluções ou projetos que poderiam ser adotados por sua cidade e/ou comunidade em busca de um meio ambiente mais sustentável. 3.2 Classificação dos resíduos sólidos Antes da destinação final todo resíduo deverá ser processado apropriadamente e a caracterização de resíduos tem papel importante nessa etapa ao determinar os principais aspectos físico-químicos, biológicos, qualitativos e/ou quantitativos da 20 amostra. Estes resultados analíticos auxiliam na classificação do resíduo para a escolha da melhor destinação do mesmo. Os principais critérios para a classificação dos resíduos são quanto à sua origem e periculosidade, de acordo com a norma ABNT NBR 10004 de 2004. Tal classificação envolve a identificação do processo ou atividade que lhes deu origem, além de seus constituintes e características com listagens de resíduos e substâncias cujo impacto à saúde e ao meio ambiente é conhecido. 3.2.1 Classificação quanto à origem De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, pode ter as seguintes características: a) Resíduos sólidos domiciliares: originários de atividades domésticas em residências urbanas; são divididos em secos e úmidos. Secos: embalagens plásticas, papéis, metais, vidros, metais diversos e embalagens longa vida. Úmidos: restos de alimentos, folhas, cascas, sementes e outros resíduos orgânicos industrializados. b) Resíduos de limpeza pública: originários de atividades do saneamento básico e outros, como varrição, limpeza de patrimônios públicos, bueiros, bocas de lobo, feiras livres, eventos públicos, parque, cemitérios etc. c) Resíduos da construção civil: originários de restos de alvenarias, argamassas, concreto, asfalto, solo, gesso e detritos como madeira, fiação elétrica, tubos, metais etc. d) Resíduos de serviços de saúde: originários de produtos biológicos e infectantes, peças anatômicas, rejeitos radiativos, materiais perfurocortantes etc. e) Resíduos agrossilvopastoris: originários de atividades ligadas à agricultura e à pecuária, sendo divididos em orgânicos e inorgânicos. Orgânicos: resíduos de plantações, abate nas criações de animais (bovinos, caprinos, ovinos, suínos, aves etc.), gerados nas pastagens e outras atividades florestais. 21 Inorgânicos: agrotóxicos, fertilizantes, produtos farmacêuticos e diversas formas de embalagens. f) Resíduos dos serviços terrestres: originários de atividades dos transportes rodoviário, ferroviário, aéreo, aquaviário e das instalações de trânsito de usuários, como rodoviárias, portos, aeroportos e passagens de fronteiras. g) Resíduos de mineração: originários de atividades do beneficiamento, da pesquisa e extração de minérios, inclusive das atividades de suporte, como desmonte de rochas, manutenção de equipamentos e de veículos pesados e atividades administrativas. 3.2.2 Classificação quanto à periculosidade Divide-se em perigosos e não perigosos. Os resíduos perigosos fazem parte da Classe I e são aqueles tipos de material que apresentam riscos à saúde pública e ao meio ambiente, exigindo tratamento e disposição especiais em função de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade. Os resíduos perigosos são acumulados diariamente nos domicílios e empresa e, infelizmente, tem seu descarte feito de maneira ainda irregular. O descarte incorreto de resíduos perigosos é capaz de contaminar o solo e lençóis freáticos. Isso acaba colocando em risco a saúde de pessoas e do meio ambiente, visto que uma grande parte deste tipo de lixo contém substâncias químicas muito perigosas em sua composição como, por exemplo, metais pesados. São considerados resíduos perigosos: ✓ Restos de tinta (são inflamáveis, podem ser tóxicas); ✓ Material hospitalar (são patogênicos, tem material genético de outra pessoa e pode conter alguma bactéria presente ou algum vírus); ✓ Produtos químicos (podem ser tóxicos, podem ser reativos, isto é, reagir com alguma outra substância e causar incêndio ou serem corrosivos também); ✓ Produtos radioativos;22 ✓ Lâmpadas fluorescentes (elas têm dentro do vidro, o mercúrio, que é considerado metal pesado e bioacumula, contaminando o ambiente que ela for jogada, pois o mercúrio solto na natureza contamina outros organismos causando problemas para o metabolismo de quem absorver); ✓ Pilhas e baterias (têm vários metais em sua composição que podem ser corrosivos, reativos e tóxicos dependendo do ambiente); ✓ Óleo lubrificante usado ou contaminado; ✓ Lodos gerados no tratamento de efluentes líquidos de pintura industrial. Esse tipo de resíduo necessita de tratamento especial e sua gestão adequada é o primeiro passo para que as empresas contribuam para um meio ambiente mais saudável. Por isso, os resíduos perigosos, não só devem ser armazenados separadamente, como também ser transportados em diferentes veículos, que precisam possuir placa de identificação e receber uma destinação final específica e adequada. Outras orientações técnicas oferecidas pela ABNT para o correto gerenciamento desse tipo de resíduo se dão em complemento às seguintes normas: ABNT NBR 10005:2004 – Procedimento para obtenção de extrato lixiviado de resíduos sólidos. ABNT NBR 10006:2004 – Procedimento para obtenção de extrato solubilizado de resíduos sólidos. ABNT NBT 10007:2004 – Amostragem de resíduos sólidos. É importante realizar uma pesquisa na internet para conhecer essas normas. Já os resíduos não perigosos, definidos como de Classe II, são os que não apresentam periculosidade, isto é, não apresentam riscos à saúde e ao meio ambiente e subdividem-se na Classe II A (não inertes) e II B (inertes). Classe II A – Não inertes Os resíduos classe IIA, ou não inertes, são aqueles que possuem propriedades como biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água. São popularmente conhecidos com resíduos orgânicos e merecem destaque especial pela capacidade de transformação e aproveitamento de nutrientes. 23 Os componentes destes resíduos podem ser dispostos em aterros sanitários ou reciclados, dependendo do potencial de reciclagem de cada item. Os efluentes também podem ser classificados classe IIA. A seguir, alguns exemplos de resíduos classificados como classe IIA: ✓ Restos orgânicos da indústria alimentícia (restos de alimentos); ✓ Restos de madeira; ✓ Materiais têxteis; ✓ Fibras de vidro; ✓ Lodo vindo de filtros; ✓ Limalha de ferro; ✓ Lama proveniente de sistemas de tratamento de água; ✓ Poliuretano (presente em espumas, adesivos, preservativos, vedações, carpetes, tintas e mais); ✓ Gessos; ✓ Lixas; ✓ Discos de corte; ✓ Equipamentos de Proteção Individual, desde que não contaminado (inclui uniformes e botas de borracha, prensas, vidros e outros). Classe II B – Inertes Para fins didáticos, inerte é tudo aquilo que não tem atividade própria. Não são solúveis, nem inflamáveis, não sofrem qualquer tipo de reação física ou química, nem afetam negativamente outras substâncias que entrem em contato com esse tipo de resíduo. Podem ser dispostos em aterros sanitários ou reciclados, pois não sofrem qualquer tipo de alteração em sua composição com o passar do tempo. Os entulhos, de uma forma geral, são considerados inertes, podendo ser enviados ao aterro sanitário. Teste sua aprendizagem! 24 1. Com base no que foi estudado, qual a finalidade de uma correta separação dos resíduos? Pesquise alguns dos principais resíduos descartados próximo à sua residência e que poderiam ser reaproveitados se fossem devidamente separados. 2. Considerando que você realizou um levantamento dos principais resíduos que são descartados em sua casa e trabalho, classifique-os agora de acordo com a especificidade da norma apresentada anteriormente. Para facilitar, faça em forma de quadro ou tabela a sua lista. 3.3 Aspectos legais sobre os resíduos Visando a integração das políticas vigentes e sua harmonização, foi aprovada em 1981 uma política nacional como referência para definir os princípios, objetivos, instrumentos e diretrizes a serem seguidos pelas políticas estaduais e municipais de toda a união federativa (Barbosa e Ibrahin, 2014). A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), é uma lei que define os mecanismos e instrumentos de proteção do meio ambiente no Brasil. Essa lei é anterior à Constituição de 1988, apesar de ter sido prevista nos incisos VI e VII do artigo 23 e no artigo 225 da Carta, em que, neste último, se coloca que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defende-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. O texto que dispõe acerca da PNMA é a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Ao todo, são 21 artigos, modificados por diversas leis desde a sua criação. Sua finalidade, prevista no artigo segundo, é a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental. Para isso, a lei considera o meio ambiente como um patrimônio público a ser assegurado e protegido para o uso coletivo. Ela aponta também o princípio de racionalização do uso do solo, o planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais, a proteção dos ecossistemas e o controle e zoneamento das atividades poluidoras. Além disso, são previstos incentivos à pesquisa e ao estudo para a proteção dos recursos ambientais, o acompanhamento da qualidade ambiental, a recuperação de áreas degradadas, a proteção de áreas ameaçadas de degradação e a educação ambiental. 25 Entre os objetivos estão: compatibilizar o desenvolvimento econômico e social com a preservação do meio ambiente, definir áreas prioritárias de ação governamental e estabelecer critérios e padrões de qualidade ambiental e de manejo dos recursos ambientais. Seus principais instrumentos, elencados no artigo nono, são: o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental, o zoneamento ambiental, a criação de áreas de proteção ambiental, a avaliação dos impactos ambientais, o licenciamento e a revisão de atividades poluidoras, a concessão dos recursos ambientais com fins econômicos, o incentivo ao desenvolvimento tecnológico e as penalidades pelo não cumprimento das medidas de preservação ambiental. A lei prevê também que a responsabilidade pela proteção e melhoria da qualidade ambiental é da União, dos estados e dos municípios, que constituem o Sistema Nacional do Meio Ambiente. Além dos órgãos regionais, também são responsáveis pelas políticas ambientais brasileiras o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), o Ministério do Meio Ambiente (MMA), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (IBAMA) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Agora que você já conheceu o resumo da política, acesse a lei na íntegra para conhecer os seus detalhes. Acesse em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm. 3.4 Política Nacional de Resíduos Sólidos Visando regulamentar políticas públicas de controle dos recursos naturais e de preservação ambiental no Brasil, além de inserir o cidadão em todo o processo e aplicação, foram criadas outras políticas de cunho ambiental e leis que integram a PNMA, com a finalidade da criação de diretrizes para a solução em temas específicos como a Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei 9.443 de 1997), Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605 de 1998), a Política Nacional de Educação Ambiental (Lei 9.765 de 1999), o novo Código Florestal (Lei 12.651 de 2012) e, dentre as mais recentes, a Lei 12.305 de 2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). A PNRS é um marco na legislação ambiental brasileira ao contextualizar novas perspectivas sobre a gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), e legalizar a 26 responsabilidade municipal pelo gerenciamento de coleta, acondicionamento e disposição finaldos resíduos gerados em seu território, e priorizar as iniciativas de soluções consorciadas ou compartilhadas entre dois ou mais municípios (Barbosa e Ibrahin, 2014). É importante ressaltar aqui, que a PNRS é o principal guia que todo profissional deve seguir para elaborar Planos de Gestão de Resíduos (de ordem pública), bem como para elaboração dos Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (aplicados às inúmeras atividades com produção e geração de resíduos sólidos). Esta política propõe a prática de hábitos de consumo sustentável e contém instrumentos variados para propiciar o incentivo à reciclagem e à reutilização dos resíduos sólidos (reciclagem e reaproveitamento), bem como a destinação ambientalmente adequada dos dejetos. Foram elaborados instrumentos administrativos, econômicos e penais de persuasão aos infratores (poluidor-pagador) e de incentivos para as ações sustentáveis (protetor-recebedor). Dentre seus principais princípios, estabelecidos de acordo com o artigo 6º, estão: ✓ O desenvolvimento sustentável; ✓ a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos. O artigo 7º estabelece os quinze objetivos da PRNS, dentre os principais: ✓ Não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos; ✓ Estímulo à adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo de bens e serviços; ✓ Capacitação técnica continuada na área de resíduos sólidos; ✓ Integração dos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis nas ações que envolvam a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos. 27 FIGURA 4. PRIORIDADE NA GERAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS. FONTE: GIUSEPPE CERNICCHIARO PALERMO. Entre os principais instrumentos instituídos pela PNRS estão os planos de resíduos sólidos, o inventário e o sistema declaratório anual de resíduos sólidos, a coleta seletiva, o incentivo a cooperativas de catadores. Ao todo são 18 instrumentos, estabelecidos de acordo com o artigo 8º. A classificação dos resíduos, observada pelo texto descrito no artigo 13º, segue basicamente a mesma definição estabelecida de acordo com a ABNT, escrita anteriormente. Nas seções II, III e IV do capítulo II, estão descritos acerca da elaboração dos planos federais, estaduais e municipais de gestão de resíduos, descrevendo as etapas mínimas necessárias para sua elaboração, como diagnóstico, proposição de cenários, metas de redução, reutilização, reciclagem, eliminação e recuperação de lixões, programas, projetos, ações, monitoramento e atividades de educação ambiental. A lei ainda inova ao definir metas para a eliminação e recuperação de lixões, associadas à inclusão social e à emancipação econômica de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis. Conforme o Decreto Federal 5.940 de 2006, os entes da administração pública federal (direta e indireta), passam obrigatoriamente a destinar seus resíduos recicláveis gerados às associações e cooperativas dos catadores de 28 materiais recicláveis, de forma a fortalecer socioeconomicamente tais associações. É o aspecto social e legal com maior importância previsto na lei. 3.5 Compreendendo a responsabilidade compartilhada Do processo de concepção até o fim da vida útil de um produto, ele passa por diversos caminhos e por uma cadeia de responsabilidades que envolve fabricantes, fornecedores, distribuidores, importadores, comerciantes, consumidores e profissionais responsáveis pela coleta e direcionamento do resíduo para reciclagem. Esses agentes são corresponsáveis pelos problemas ambientais que cada produto possa causar, principalmente após o término de sua vida útil. Preocupada com todas as questões inerentes ao produto individualizado, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) introduziu um conceito chamado de Responsabilidade Compartilhada. Conforme descrito no Art. 3° Inciso XVII, entende-se por Responsabilidade Compartilhada pelo Ciclo de Vida dos Produtos o conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, para minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como para reduzir os impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos, nos termos desta Lei. Mais detalhamento do termo, pode ser conferido dos artigos 30º ao 36º. FIGURA 5. CICLO DA RESPONSABILIDADE COMPARTILHADA. FONTE: MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – MMA. 29 O intuito é reduzir ou impedir os impactos causados à qualidade humana e ambiental. Todas as pessoas têm responsabilidade no que diz respeito a adoção de medidas que possam evitar que determinado produto cause algum malefício à vida e ao meio ambiente. Nesse sentido, a responsabilidade compartilhada tem como objetivo explícito reduzir a geração de resíduos sólidos, do desperdício de material, da poluição, dos danos ao meio ambiente e do estímulo para que os mercados fabriquem, comprem e consumam produtos recicláveis. A partir desses objetivos, abre-se uma discussão muito importante com a sociedade sobre os padrões de consumo a serem transformados, assim como as novas oportunidades de negócios sustentáveis e com inclusão social. Cada elo da cadeia tem sua responsabilidade pelos resíduos sólidos gerados. Os que são gerados pelos agentes públicos — como hospitais, obras e escolas — devem ser recolhidos de forma adequada e para os fins apropriados. Há também os resíduos definidos como logística reversa, quando o produto volta a ser de responsabilidade do fabricante, importadores, distribuidores e comerciantes, que devem receber o material e direcionar para reciclagem ou para o descarte correto. No Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, é obrigatório que instalações de saneamento, serviços de saúde, construtores e mineradoras sejam responsabilizados diretamente por eles. Quando essa responsabilidade é compartilhada de verdade, todos buscam soluções efetivas e baratas para resolver a questão — o que acaba gerando economia de energia, de matéria-prima e de agentes químicos nocivos. Não se pode esquecer que o consumidor também tem uma grande parcela de responsabilidade nessa cadeia. Não cabe mais culpar apenas empresas e governo pela questão do descarte inadequado dos resíduos. A primeira delas é não comprar produtos com conceitos prejudiciais e que não estejam adequados à produção e ao consumo sustentável. Isso estimula a produção e venda de produtos mais engajados em busca de melhor posicionamento do mercado e valorização real da marca por meio do consumidor. De acordo com Philippi Júnior et al., (2012), há um imenso desafio na aplicação do princípio da responsabilidade compartilhada. Trata-se da efetividade da 30 responsabilidade dos fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes e dos consumidores. Age junto à logística reversa, de forma a definir o melhor uso do resíduo gerado, sem fazer com que este siga para simplesmente ser depositado em um aterro. Um de seus problemas é que não está claro na política qual a responsabilidade de cada elo dessa cadeia, fazendo com que não se torne tão efetiva. A gestão dos resíduos urbanos é um exemplo de responsabilidade compartilhada. O acúmulo em ruas, rios e praias, que está se tornando um problema cada vez mais preocupante para o ser humano e principalmente para o meio ambiente, é um problema de todos – poder público, indústria, comércio e da população. Quando uma dessas partes deixa de cumprir suas funções, o meio ambiente padece. Outro exemplo bem claro é a questão das sacolas plásticas, em que o varejo pode fazer a sua parte. Quando os supermercados optam por oferecer ao consumidor as sacolas biodegradáveisou simplesmente não oferecer sacolas, faz com o que o consumidor adote o hábito de levar sua sacola retornável, ou acomodar as compras em caixas de papelão. FIGURA 6. CONSUMIDORA ACOMODANDO SUAS COMPRAS EM ECOBAGS (BOLSAS ECOLÓGICAS REUTILIZÁVEIS). FONTE: HTTPS://OGLOBO.GLOBO.COM/ECONOMIA/SACOLAS-RETORNAVEIS-CONQUISTAM-CONSUMIDORES-4338463. 3.6 Compreendendo a Logística reversa A logística reversa nada mais é do que um dos instrumentos para aplicação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos. É definida como sendo um “instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um 31 conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada. Alguns produtos necessitam de um sistema de logística reversa independente do serviço de limpeza público, ou seja, é de total responsabilidade da empresa recolher novamente os produtos que sejam perigosos para a população e o meio ambiente. Devem possuir um sistema de logística reversa os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de: ✓ Agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, assim como outros produtos cuja embalagem, após o uso, constitua resíduo perigoso; ✓ Pilhas e baterias; ✓ Pneus; ✓ Óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens; ✓ Lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista; ✓ Produtos eletroeletrônicos e seus componentes. Para auxiliar na logística reversa, os responsáveis podem implantar um mecanismo de compra dos produtos e embalagens usados, assim a população é incentivada a retornar o material. Também podem criar postos de entrega e trabalhar em parceria com cooperativas para o recolhimento do resíduo. Cabe aos consumidores a devolução após o uso, aos comerciantes ou distribuidores, dos produtos e das embalagens e estes, retornam o produto aos fabricantes. Mas isso nem sempre é efetivo. Consumidores de todo o país possuem dificuldade para devolver, por exemplo, um celular que quebrou, uma pilha que acabou a vida útil, uma TV ultrapassada ou computador quebrado. 32 FIGURA 7. CICLO PADRÃO DE LOGÍSTICA REVERSA. FONTE: HTTPS://WWW.IGUIECOLOGIA.COM/LOGISTICA-REVERSA/. São toneladas de computadores, monitores, smartphones, celulares, tablets, smart TVs e outros eletrônicos descartados anualmente sem nenhum tipo de cuidado ou atenção. Lâmpadas, pilhas e baterias também entram nessa conta. Mais uma vez, falta uma maior efetividade de implementação do que consta na política. Os fabricantes também alegam que falta contrapartida e auxílio do governo, pois é o elo que aproxima o consumidor para o descarte adequado. 3.7 Quanto às proibições A PNRS impõe algumas proibições quanto às formas de destinação ou disposição final de resíduos sólidos ou rejeitos, de acordo o artigo 47º. Não se pode: I - Lançar resíduos em praias, no mar ou em quaisquer corpos hídricos; II - Lançar resíduos in natura a céu aberto, excetuados os resíduos de mineração; III - Queimar resíduos a céu aberto ou em recipientes, instalações e equipamentos não licenciados para essa finalidade; IV - Outras formas vedadas pelo poder público. Isso em si já é o suficiente para compreender que não há mais espaço para lixões a céu aberto, que é o que ainda mais se vê nas pequenas cidades brasileiras. A implementação da política afirmava que até o ano de 2014, não deveria mais existir 33 nenhum lixão no país (descrito no artigo 54º). Isso foi prorrogado até 2018, agora até 2021 e não se observa uma força-tarefa para priorizar essa meta. Ainda, no artigo 48º, é proibido a catação de resíduos, criação de animais domésticos e ainda residir nas áreas de disposição final de resíduos, alertando ao cuidado social pessoas que viviam normalmente nessas áreas, catando restos de alimentos apodrecendo e catando materiais recicláveis para sobreviver. Teste sua aprendizagem! 1. Existe em seu município uma legislação aplicada aos resíduos sólidos? Verifique se existe conflito entre as esferas em nível Municipal, Estadual e Federal, comparando e listando. 2. O que você destaca na situação atual da gestão de resíduos no seu município? Quais pontos fortes e fracos você percebe? 3. Analise a seguinte situação: um inseto está destruindo o plantio de laranja de uma fazenda do município de Rio Preto da Eva (AM). O proprietário resolveu utilizar um agrotóxico eficiente no combate de tal praga. Como deve ser o procedimento para o descarte das embalagens vazias que foram utilizadas? 4. PLANOS DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS – PGRS Gestão não é Gerenciamento. Ao pensarmos em gestão de resíduos chamamos atenção para uma confusão comum entre os conceitos Gestão e Gerenciamento. A gestão de resíduos sólidos tem ênfase na dimensão estratégica e refere-se ao processo de criar, planejar, definir, organizar e controlar as ações que serão operacionalizadas por sistemas de gerenciamento de resíduos. O gerenciamento complementa e fornece ferramentas para que a gestão aconteça. Ocupa-se da operacionalização e da tecnologia, buscando soluções para a prevenção da geração, redução, segregação, acondicionamento, coleta, transporte, reutilização, reciclagem, tratamento, recuperação de energia e disposição final de rejeitos. Segundo a PNRS, o gerenciamento de resíduos sólidos é o conjunto de ações exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo, 34 tratamento e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, de acordo com plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos ou com plano de gerenciamento de resíduos sólidos (MMA, 2014). Os Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos ou PGRS, como são conhecidos, são instrumentos de implementação da política nacional que contribuem para um maior controle da destinação dos resíduos pelo poder público. A elaboração desses planos pelo poder público contribuirá para aperfeiçoar as ações da coleta seletiva solidária já implementada por muitas instituições. Quem deve elaborar planos de gerenciamento: FIGURA 8. GERADORES E RESPONSÁVEIS QUE DEVEM ELABORAR O PGRS. FONTE: MMA (2014). 4.1 Conteúdo mínimo dos PGRS A Lei n° 12.305/2010 previu, no art. 21, o conteúdo mínimo para elaboração dos planos de gerenciamento de resíduos sólidos apresentado a seguir: I - Descrição do empreendimento ou atividade; II - Diagnóstico dos resíduos sólidos gerados ou administrados, contendo a origem, o volume e a caracterização dos resíduos, incluindo os passivos ambientais a eles relacionados; III - Observadas as normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama, do SNVS e do Suasa e, se houver, o plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos: 35 a) Explicitação dos responsáveis por cada etapa do gerenciamento de resíduos sólidos; b) Definição dos procedimentos operacionais relativos às etapas do gerenciamento de resíduos sólidos sob responsabilidade do gerador; IV - Identificação das soluções consorciadas ou compartilhadas com outros geradores; V - Ações preventivas e corretivas a serem executadas em situações de gerenciamento incorreto ou acidentes; VI - Metas e procedimentos relacionados à minimização da geração de resíduos sólidos e, observadas as normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama, do SNVS e do Suasa, à reutilização e reciclagem; VII - Se couber, ações relativas à responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, na forma do art. 31; VIII - Medidas saneadoras dos passivos ambientais relacionados aos resíduos sólidos; IX - Periodicidade de sua revisão, observado, se couber, o prazo de vigência da respectiva licença de operaçãoa cargo dos órgãos do Sisnama. A seguir, a figura representa o ciclo básico resumido das etapas do PGRS: FIGURA 9. RESUMO DAS ETAPAS DE ELABORAÇÃO DO PGRS. FONTE: MMA (2014). 36 4.2 Elaborando o PGRS As etapas descritas nesse item, foram retiradas da cartilha elaborado por MMA (2014), de forma mais objetiva e suscinta de como elaborar o plano. Destaco que o método do plano, segue conforme o Ciclo PDCA (planejamento, execução, correção e ação). 4.3 Planejamento Essa etapa está vinculada ao levantamento dos aspectos ambientais dos resíduos gerados, aos requerimentos legais e à definição dos objetivos e metas a serem alcançados! Na descrição do empreendimento deve ser levado em conta as seguintes informações: nome da instituição, endereço, telefone para contato, e-mail institucional, quantidade de colaboradores, área construída e demais observações sobre o prédio construído, nome do responsável pelo plano, cargo, contato e documento informando os nomes dos participantes da comissão responsável pela elaboração. Vale ressaltar que o template é livre e fica a critério de criação de cada instituição que apresenta. Quanto ao diagnóstico, devem ser apresentadas as informações sobre a origem, o volume e a caracterização dos resíduos, incluindo os passivos ambientais a eles relacionados. É nesta etapa que serão realizadas a identificação e a classificação dos resíduos sólidos que são gerados na instituição, tomando por base a norma ABNT NBR 10.004/2004. Para cada resíduo pode-se elaborar uma ficha técnica com as seguintes informações: nome de cada resíduo, composição principal, frequência de geração (se diária, mensal, semestral), quantidade gerada (se tonelada, unidade ou quilos) e classificação. Se organizar em uma tabela, fica mais organizado e de fácil visualização. Atente que todas as áreas da empresa/instituição devem ser descritas, incluindo refeitório, escritórios, banheiros, áreas de manutenção etc. e não somente o processo principal daquele ramo de atividade. 37 Para auxiliar no processo de classificação, a própria NBR sugere um fluxo a ser observado, como mostra a ilustração a seguir: FIGURA 10. FLUXO PARA CLASSIFICAÇÃO DO RESÍDUO. FONTE: MMA, (2014). Os resíduos perigosos jamais podem ser destinados às cooperativas de catadores de materiais recicláveis que não tenham licenciamento. Envolvem a elaboração de um plano de gerenciamento próprio a ser inserido no plano de gerenciamento de resíduos sólidos. O gerenciamento inclui as etapas de segregação, coleta, armazenamento, transporte e destinação final dos resíduos gerados. O processo de segregação consiste na separação dos resíduos no momento da geração, por classes, conforme norma ABNT NBR 10.004/2004. Essa norma, classifica os resíduos sólidos quanto aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, para que possam ser gerenciados adequadamente. A segregação adequada evita mistura de resíduos incompatíveis e reações químicas indesejadas, aumentando 38 a possibilidade de reutilização, reciclagem e segurança no manuseio dos resíduos sólidos. Em relação ao armazenamento dos resíduos, deve-se observar as normas Conama e ABNT. Os locais precisam ser devidamente identificados e caracterizados. O período máximo de armazenamento de cada resíduo tem que ser verificado, bem como a capacidade de armazenamento. Algumas normas da ABNT que devem ser observadas: • NBR 12235 – armazenamento de resíduos sólidos perigosos; • NBR 9191 – sacos plásticos para acondicionamento de lixo; • NBR 17505 – armazenamento de líquidos inflamáveis; • NBR 7500 – transporte e armazenamento de materiais; • NBR 11174 – armazenamento de resíduos. Quanto ao transporte, a responsabilidade é inteiramente do gerador do resíduo, podendo ser terceirizada, se documentado. A destinação final deverá ser feita conforme Resolução Conama n° 313/02 e outras normas aplicáveis. É importante que as instituições públicas apresentem as seguintes informações: Identificação do resíduo; Quantidade destinada e; Indicação da destinação realizada. Esses dados são fundamentais para o monitoramento das atividades realizadas. Além das informações já elencadas, conforme o conteúdo mínimo da legislação, as instituições devem planejar as iniciativas que levem à redução na geração de resíduos. Nesse caso, sugere-se que sejam definidas metas e as medidas que serão utilizadas para reduzir quantidade e periculosidade dos resíduos gerados. Além disso, devem-se prever no planejamento as ações preventivas e corretivas. É preciso ainda possuir um plano de contingência, que deve constar a forma de acionamento das pessoas responsáveis, os recursos humanos e materiais envolvidos para o controle dos riscos, bem como a definição das competências, responsabilidades e obrigações das equipes de trabalho e as providências a serem adotadas em caso de acidente ou emergência (SILVA, 2013). O plano de contingência deverá descrever as situações possíveis de anormalidade e indicar os procedimentos e medidas de controle para o 39 acondicionamento, tratamento e disposição final dos resíduos nas situações emergenciais (SILVA, 2013). Não se pode deixar de mencionar a questão do treinamento de pessoal, onde as pessoas envolvidas com o manuseio de resíduos devem ter conhecimento dos aspectos ambientais e legais de suas atividades. Capacitação é fundamental, tanto para os colabores internos da empresa, quanto aos externos, que atuarão no manejo. Educação ambiental pode estar inserida nesse item, de capacitação, como sendo uma das principais etapas, pois, não se trata somente da questão intelectual de conhecer os tipos de resíduos existentes, mas principalmente da sensibilização de que é preciso mudar a forma de uso dos recursos naturais e isto começa evitando a geração de resíduos sólidos. Só se colabora para o bem de algo quando se conhece o funcionamento. É fundamental. Ressalto que Programas de Educação Ambiental nas empresas não devem se restringir a datas comemorativas como o Dia Mundial do Meio Ambiente, Dia da Árvore ou Dia Mundial da Água, com palestras e folders sobre meio ambiente eventuais, mas permanentes, onde os colaboradores percebam sua importância dentro do contexto ambiental da empresa, bem como ter a oportunidade de mudar seus hábitos fora dali. Isto pode ser feito através de distribuição de panfletos com informações sobre os resíduos da empresa, eventos participativos onde as sugestões dos funcionários sejam consideradas e implantadas dentro das possibilidades, palestras, cursos de capacitação etc. Após a implementação do plano, deve ser feito o monitoramento, criando indicadores vinculados aos resíduos, seja quantitativos, qualitativos e financeiros, que são fundamentais para a avaliação e mensuração dos ganhos econômicos e ambientais, bem como para a elaboração de metas e objetivos. Indicadores devem ser comparados periodicamente. Quando for avaliar um plano de gerenciamento de resíduos sólidos, faça as seguintes perguntas: 1. Qual ramo/atividade de atuação do empreendimento? 2. Quem são responsáveis técnicos pela elaboração do PGRS? 3. Como foi elaborado o Diagnóstico dos Resíduos Sólidos gerados? Foi abordado dados de origem, volume e caracterização dos resíduos? 40 4. Como foram realizados os procedimentos operacionais relacionados ao manejo (segregação, coleta, acondicionamento, estocagem temporária, pré-tratamento e transporte interno/externo, logística de movimentação dos resíduos), tratamento e destino dos resíduos? 5. Está descrito como ocorre o Programa de Geração na Fonte (metas para redução da geração, destinação e soluções consorciadas), Plano de Contingência (ações preventivas e corretivas), Programa de Educação Ambiental (que aborde a sensibilização e treinamento para colaboradores da empresa) e periodicidade darevisão do plano? Teste sua aprendizagem! 1. Elabore um Programa de Educação Ambiental para a empresa em que você atua, com face à redução dos resíduos sólidos gerados nos setores administrativos. Dica: pense primeiramente em todas as atividades que são desenvolvidas naquele setor e o que gera de resíduo em cada atividade. 2. Faça uma pesquisa em livros e sites da internet sobre planos de gerenciamento de resíduos sólidos e depois aponte as etapas realizadas, verificando se atende aos requisitos estabelecidos na PNRS. 5. RECICLAGEM DOS RESÍDUOS SÓLIDOS Com a enorme e crescente produção de resíduos sólidos nas áreas urbanas de todo o planeta, tem-se o problema de onde colocar todo esse resíduo produzido. Uma das soluções encontradas para aumentar a vida útil dos aterros sanitários é a coleta seletiva, a reciclagem e o reaproveitamento de parte desses resíduos para as mesmas finalidades ou em usos diferenciados. Segundo Carvalho e Oliveira (2011), reciclagem é o processo de separação e transformação do lixo para sua posterior reutilização. Os materiais devem ser coletados seletivamente (separados) e podem ser classificados segundo suas possibilidades de reaproveitamento: por meio da compostagem, que irá fornecer a matéria-prima a ser utilizada na indústria, e da 41 produção de gás metano e de eletricidade. Os materiais usados para cada uma dessas finalidades são: ✓ Para reaproveitamento industrial: papéis, plásticos, metais, vidros, etc.; ✓ Para compostagem: resíduos sólidos orgânicos em geral; ✓ Para produção de gás metano: resíduos orgânicos em decomposição; ✓ Para produção de eletricidade: os que podem ser queimados sem causar danos ao meio ambiente. Tudo o que na verdade é denominado de “lixo”, é em grande parte, material reaproveitável. De acordo com Carvalho e Oliveira (2011), de 35 a 45% do que se descarta diariamente são materiais recicláveis, como jornais, revistas, latas, sucatas metálicas, garrafas e copos de vidro, embalagens e utensílios de plástico. Mais de 50% são resíduos de matéria orgânica, como restos de alimentos, que poderiam ser transformados em adubos e ser utilizados em jardins e hortas caseiras. Os rejeitos não-recicláveis representam, portanto, apenas uma pequena parte do que é gerado, ou seja, quase tudo que geramos pode ser reaproveitado, sem destinar para os aterros sanitários. 5.1 Vantagens da Reciclagem A reciclagem propicia grandes benefícios ao meio ambiente, como: ✓ Economia de matérias-primas virgens; ✓ Economia de energia no processo de produção dos reciclados; ✓ Redução do volume de lixo de difícil degradação no solo, poupando os aterros sanitários, que são escassos e problemáticos, além de facilitar a compostagem do resíduo orgânico. O quadro a seguir destaca alguns materiais (separados pela determinação de cores na coleta seletiva) que podem ser reciclados ou não, dependendo da utilização que tenham tido: 42 FIGURA 11. QUADRO COMPARATIVO DO QUE PODE E NÃO PODE SER RECICLADO, DE ACORDO COM SUA SEPARAÇÃO POR CORES. 5.2 Coleta seletiva A coleta seletiva é método que otimiza os processos de destinação do lixo. Consiste na separação dos materiais na fonte produtora para que possam ser posteriormente reciclados. A importância da coleta seletiva é justamente a redução dos impactos ambientais do consumo. Quando separamos o resíduo (ou o que sobrou do que consumimos), facilitamos muito o seu tratamento e diminuímos as chances de impactos nocivos para o ambiente e para a saúde do planeta, incluindo a vida humana. Praticar a coleta seletiva é um dos pilares do consumo sustentável. A coleta seletiva exige que os descartes sejam separados em úmidos, secos, recicláveis e orgânicos. E dentro dessas categorias há subcategorias. Os recicláveis, por exemplo, abrangem o alumínio, o papel, o papelão e alguns tipos de plástico, entre outros. Quando os materiais recicláveis são coletados e chegam às cooperativas, eles são separados minuciosamente para serem reaproveitados. O que não é reaproveitado é levado para aterros sanitários. A gestão da coleta seletiva de uma cidade deve estar intimamente ligada ás cooperativas e associações de daquele lugar, pois trata-se do 43 componente social, estabelecido de acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Nas áreas urbanas, o lixo descartado incorretamente pode se acumular em locais inadequados (conhecidos popularmente como lixeiras viciadas) formando focos de proliferação de mosquitos e de outros vetores de doenças. O vento e a chuva podem transportar o descarte para igarapés, rios e mares. O resíduo plástico que não passou pela coleta seletiva pode entrar para a cadeia alimentar. Materiais perigosos como pilhas e objetos eletrônicos (celulares, TVs e computadores), quando descartados incorretamente, poluem o solo, a água e, às vezes, até mesmo o ar, de maneira significativa. A Resolução CONAMA nº 275/2001 estabelece a seguinte relação de cores para a seletividade dos resíduos, conforme a figura a seguir: FIGURA 12. CORES PARA SEPARAÇÃO DE CADA RESÍDUO. De acordo com a resolução, os órgãos públicos ficam obrigados a seguir essa classificação de cores para a separação dos resíduos e recomenda-se a adoção de referido código de cores para programas de coleta seletiva estabelecidos pela iniciativa privada, cooperativas, escolas, igrejas, organizações não-governamentais e demais entidades interessadas. Neste contexto, a coleta seletiva deve vir acompanhada de um programa de Educação Ambiental em todos os níveis hierárquicos da empresa. 44 Esse programa deve se fundamentar não somente em separar os tipos de resíduos, mas ademais em Reduzi-los, Reutilizá-los e Reciclá-los: os 3Rs. O princípio dos 3Rs é aquele que orienta ações de educação e gestão a respeito dos resíduos, segundo o qual deve-se adotar essencialmente três atitudes de modo integrado, primeiro reduzir, depois reutilizar e reciclar. “Reduzir” significa minimizar o resíduo na fonte. Incentiva a não produção do resíduo. Tem como consequência a diminuição do gasto despendido com as etapas de coleta, transporte, tratamento e disposição final. A “reutilização” é qualquer prática que permite o reuso do resíduo sem que o mesmo seja submetido a um tratamento que altere suas características físico-químicas (CETESB, 2001). Pode ainda ser usada a criatividade no próprio local da geração do resíduo, ou após encaminhamento adequado em atividade de produção artística, artesanato, entre outros. Isto significa dar uma nova função ao objeto que tornaria um resíduo, como por exemplo, utilizar os vidros de conserva para guardar condimentos. Entre os benefícios da reutilização está a economia de espaço no aterro sanitário, contribuindo para sua vida útil e diminuição do uso de recursos naturais nos processos de fabricação. O terceiro R, a “reciclagem”, é um dos mais praticados no Brasil. É uma etapa essencial na gestão de resíduos sólidos, pois pode ser considerado um modo de tratamento destes, conforme descrito anteriormente. 5.3 Onde entregar o material separado? Se a coleta seletiva ainda não passa na sua rua, há algumas opções, como os Pontos de Entrega Voluntária (PEVs) e galpões de catadores espalhados pela cidade. Os PEVs são locais que a prefeitura normalmente implanta para receber os resíduos que cidadão gera, separa e quer entregar para que sejam reciclados, sem destinar ao aterro. 45 FIGURA 13. PEV NA CIDADE DE MANAUS. FONTE: SECRETARIA MUNICIPAL DE LIMPEZA URBANA DE MANAUS. Os PEVs ajudam a instituir a logística reversa já que seu principal objetivo é oportunizar o descarte correto dos materiais recicláveis e despertar a consciência ambiental dos consumidores. Os PEVs demonstram que com a cooperação e o envolvimento de todos é possível destinar os resíduos de forma ambientalmente correta. Desde
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