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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS CURSOS: AGRONOMIA/ENGENHARIA FLORESTAL/ZOOTECNIA MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA E LEVANTAMENTO E CONSERVAÇÃO DO SOLO MÓDULO INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA CONSERVAÇÃO DO SOLO ANTONIO RODRIGUES FERNANDES HERDJANIA VERAS DE LIMA PROFESSORES BELÉM/PA 2009 INTRODUÇÃO Com o aumento da população mundial, a demanda cada vez maior de alimentos tem levado homem a utilizar as terras sem os cuidados necessários para que elas produzam bem sem os riscos de desperdícios dos recursos naturais. Diante desta perspectiva tecnológica, o país se defronta, por um lado, com os benefícios da agricultura moderna e avançada e, por outro, com a mecanização intensiva dos solos, que se apresentam, por isso, vulneráveis à ação dos agentes intempéricos que atuam das mais diversas formas, proporcionando a perda de grandes quantidades de solo fértil da camada arável. No Brasil, muitas áreas já apresentam sinais evidentes de depauperamento em seus solos, apesar da vastidão do território e de não estar sujeito à grande demanda de alimentos e a excesso de população. Valendo-se de sua grande área territorial a agricultura brasileira tem caminhado descuidadamente em busca de outras terras, ao invés de melhor as já desgastadas. Os recursos naturais têm sido impiedosamente dilapidados por uma agricultura de exploração, na qual há uma tendência, pelos agricultores, de ser a fertilidade natural inesgotável, conduzindo assim, a exploração agrícola na direção do extrativismo predatório. Isto leva ao depauperamento que, muitas vezes é causado pela erosão que vem como conseqüência do mau uso. No Brasil a improdutividade de muitos solos tem vindo como conseqüência da erosão hídrica, facilitada e acelerada pelo homem através de práticas agrícolas incorretas, como o plantio contínuo e inadequado de culturas esgotantes e pouco protetoras do solo, o plantio em linha a favor do declive, a queimada drástica, o pastoreio excessivo, etc. Na destruição da fertilidade, a erosão hídrica não é o único agente a se fazer presente. A ela está aliadas a lavagem dos nutrientes pela percolação que os coloca em profundidades inadequadas às plantas, a combustão da matéria orgânica proporcionada pela ação das condições climáticas ou das drásticas e impiedosas queimadas, e, finalmente, o consumo dos elementos nutritivos extraídos pelos produtos agropecuários, sem que haja reposição. Atualmente, a ciência agronômica brasileira, vem demonstrando ser possível a conservação das propriedades produtivas das terras, desde que seja assegurado aos solos o emprego de medidas simples, exeqüíveis e econômicas de manejo. O solo como um recurso natural Dos recursos naturais renováveis, o solo é o que suporta a cobertura vegetal, sem a qual os seres vivos, de uma maneira geral, não poderiam existir. Ele é uma das maiores fontes de energia para a vida que, geração após geração de homens, animais e plantas, vêm utilizando. O solo é um recurso natural porque ele é fonte de todos os fatores (exceto luz) de desenvolvimento vegetal. Sob o ponto de vista de seus nutrientes, que podem ser repostos lentamente pelos processos pedogenéticos, ou mesmo mais rapidamente pela adição de fertilizantes; e de sua estrutura que pode ser modificada pelo manejo, ele é considerado como um recursos natural exaurível renovável e, como tal, deve ser melhorado, isto é, deve ser utilizado de forma racional, de maneira que seja mantida indefinidamente a sua produtividade. Deve ser conservado de forma adequada para garantir, às gerações futuras, melhores condições de vida, porque, embora os recursos bióticos sejam renováveis, a sua produção não é ilimitada. Quando olhamos, entretanto, para a profundidade efetiva e textura, que podem ser modificadas definitivamente pela erosão, ele poderia ser considerado como um recurso natural exaurível não renovável, como qualquer outro recurso mineral. A preocupação pela conservação dos solos deve estar sempre presente nos processos de exploração das terras. Quando eles ainda se encontram cobertos por vegetação arbórea ou rasteira, não existe a preocupação de sua conservação. Hoje, entretanto, são bastante conhecidos os prejuízos causados pela erosão, principalmente a encontrada na forma laminar que remove dos solos as suas camadas superficiais. Importância da conservação dos solos Sendo o solo resultante da intemperização física, química e biológica dos materiais pré-existentes de origem mineral e orgânico, é necessário conhecê-lo para que haja uma utilização racional de seus recursos em proveito de uma melhor condição de vida para o homem. Não terá uso racional se os dois princípios básicos da agricultura – a mecanização e a conservação – não estiverem agindo concomitante e equilibradamente no interesse da produção, com os cuidados exigidos para a manutenção de sua fertilidade. Isto só poderá ser conseguido mediante o conhecimento das noções básicas a cerca da natureza dos solos e dos fatores que condicionam a sua produtividade e o seu depauperamento. A conservação dos solos inclui: o uso adequado, o manejo adequado das culturas, o controle da erosão acelerada e o controle da poluição agrícola. As práticas conservacionistas têm aumentado ou, pelo menos, mantido os lucros dos agricultores. Deve-se chamar a atenção para o fato de que normalmente as práticas conservacionistas não aumentam necessariamente de imediato os lucros, porque muitas vezes os gastos iniciais são muito elevados. Entretanto os resultados a longo prazo são compensadores, uma vez que, em último caso, a produtividade se mantém indefinidamente constante ou pode até melhorar. Para tudo isso, condições essenciais são necessárias: o conhecimento de melhores e mais adequados métodos de uso das terras e o desejo da utilização de técnicas conservacionistas, fatores estes que, na maioria dos casos, estão ausentes. Práticas conservacionistas evitam a diminuição da futura produção sem qualquer prejuízo atual, como, uso de calagem e fertilizantes, adoção de semeadura em linhas ou o pousio podem estar nesta categoria; a pecuária em pasto nativo, que possua um programa de rotação de pastagem; variações nos métodos de produção madeireira sem alterações da volumetria e da quantidade de madeira obtida e sem o aumento dos custos de poderão deixar a terra em uma condição muito mais produtiva. É necessário certo sacrifício imediato para que a produtividade, que de outro modo continuaria a diminuir, volte ao nível original. A construção de terraços e barragens ou plantação de forrageiras a pastos, aliados à criação de animais, podem aqui ser considerado dentro desta condição. Para áreas de pastagens, período de recuperação com descanso parcial ou total ou nova semeadura. Neste caso, excluindo a nova semeadura, é quase certo que a produtividade básica futura será maior que a presente. Nas áreas florestadas, um programa para adiar a retirada da madeira durante alguns anos, de maneira a permitir, por vezes, maior e mais rápido desenvolvimento das espécies florestais. Existem poucas perspectivas de qualquer programa conservacionista conseguir a manutenção da produtividade futura a níveis atuais sem que haja diminuição da produtividade básica. Neste caso, existem duas alternativas para o usuário: ou ele aceita uma pequena renda hoje e sempre, com uma produtividade constante, ou experimenta um declínio constante na produtividade. A alternativa de continuar utilizando o mesmo método de exploração poderá condicionar que a produção caia abaixo de um nível tal, a partir do qual um programa conservacionista dificilmente poderá manter a produtividade a um nível constante. Nesta oportunidade a produtividade terá diminuído e o usuário terá ainda de fazer um ajuste para baixose quiser mantê-la constante daí para frente. Talvez haja necessidade de cultivo de gramíneas e árvores durante certo tempo. Quando os pastos estiverem excessivamente explorados, é necessária a diminuição do número de animais por unidade de área. O fazendeiro está diante de um declínio moderado de produtividade durante alguns anos, seguido de uma crise em que tal produtividade passa a cair bruscamente. Esta situação ocorre quando a erosão está depauperando grandemente o solo. Em um certo instante a produção se torna inviável. A conservação do solo sempre envolve comparações entre regiões. O solo retirado de uma determinada área pelas as chuvas ou pelo vento sempre se acumula em um outro local, que pode ser ao sopé de encostas, no leito de um pequeno ou grande rio em seu caminha para o mar, como acontece com os sedimentos rio Amazonas. Existe circunstância que o material depositado, como nas várzeas, pode ser extremamente útil. O que é mais comum é o material erodido trazer danos tanto ao local de origem quanto ao local que recebe. Um motivo importante para a existência da conservação do solo é o aumento de renda. Devido a defasagem do tempo entre o investimento e a produção, que a conservação quase sempre introduz, as comparações devem ser feitas sempre em termos de valor atual e da renda futura. Tudo isso conduz à conclusão de que a conservação do solo ou a sua falta tem uma importante relação com a produtividade e, por conseguinte, com a rentabilidade das propriedades. Conceito de manejo e conservação do solo Manejar o solo significa aplicar ao mesmo um conjunto de técnicas com a finalidade não só de protegê-lo como também melhorar a produção das culturas. No manejo do solo a melhor decisão é a de elevar e manter a sua produtividade, como: as técnicas de manejo e os programas de manejo. Técnicas de manejo – são aquelas que visam aumentar e manter a potencialidade dos solos; envolve o controle de suas propriedades e características e o controle da erosão. Programa de manejo – implica em executar um estudo genérico das técnicas de manejo, o estudo dos pré-requisitos e efeitos produzidos pelas diferentes modalidades de atividades agrícolas, a identificação do agro-sistema, o que significa conhecer as potencialidades e características de cada um deles e a elaboração do programa de manejo. Manejar o solo é, portanto, utilizá-lo adequadamente, tendo como base a relação dos vários fatores que afetam a produtividade agrícola, tais como: rotação de culturas, o uso de adubos verdes, a fertilização, a irrigação correta e o cultivo adequado. Já a conservação do solo é a designação coletiva dos programas de prevenção e controle à erosão, da excessiva perda de nutrientes e, de uma maneira geral, da perda de sua capacidade de sustentar a vegetação natural e/ou a agricultura. Conservar é aplica um conjunto de técnicas ao solo, de maneira a ser obtido um rendimento maior e constante e tem a finalidade de manter ou aumentar a produtividade sem que, contudo haja degradação de sus propriedades físicas, químicas ou biológicas. Com o manejo adequado do solo também está sendo feita a conservação. Através do manejo é possível aumentar a capacidade produtiva, conservando não só a fertilidade natural, como também os fertilizantes empregados pelo homem e uma quantidade adequada de água pluvial, elementos esses que em conjunto, se não forem bem protegidos, serão irremediavelmente perdidos. Como vantagens da conservação do solo podem ser distinguidas: - evita e controla a degradação do solo; - aumenta a produção; - mantém níveis de fertilidade natural mais elevados; - reduz o consumo de fertilizantes e corretivos, logo possibilita a produção econômica com menos custos; - conserva os recursos naturais (flora e fauna) em áreas impróprias à agricultura; - concorre para melhorar o nível de vida rural e, consequentemente, a fixação do homem à terra, evitando o êxodo rural; - contribui para melhor conservação das águas armazenadas; - evita a poluição dos recursos hídricos; - concorre para a melhor manutenção da umidade do solo, reduzindo os danos causados pelas secas; - evita o assoreamento de represas e obras hidráulicas; e - proporciona as gerações futuras condições de vida mais condigna e agradável. Decálogo conservacionista do solo O solo se constitui no recurso mais importante da agricultura, uma verdadeira dádiva da natureza, significando dizer que deve ser bem cuidado, para passar de pai para filho, como um legado usufruto, beneficiando as gerações subseqüentes. Para tanto, há que se atentar para os cuidados e técnicas de manejo que possibilitem tirar o máximo da terra sem lhe causar maiores danos, conforme o decálogo, a seguir, resumidamente, discriminado: I. Evitar as queimadas, uma vez que ela provoca a morte dos microorganismos do solo e, mais ainda, destrói a matéria orgânica, rompendo as unidades estruturais, ocasionando o arraste da capa superficial pela ação erosiva das gotas de chuvas, empobrecendo rapidamente a terra. Com isso, processa-se a erosão laminar, criam- se crostas duras na superfície do solo e os nutrientes retidos na capa orgânica se perdem nas enxurradas; II. Não se deve deixar o solo desprotegido, ou seja, nu, inclusive nos intervalos dos cultivos, a fim de evitar também o desgaste da capa organo-mineral, agravada ainda com a invasão das ervas daninhas que consomem os nutrientes do terreno; III. Não cultivar o solo em relevos muito fortes, escarpados, a não ser o seu terço inferior, porém mantendo a vegetação intacta no seu topo. E, quando o fizer, jamais plantar morro abaixo, mas no sentido das curvas de níveis, de modo a evitar a erosão do solo. A vegetação deixada nas partes altas funciona como pára-choque, quebrando a força dos ventos e, sobretudo, das chuvas, evitando as enxurradas que danificam o solo. Adicionalmente, intercalar entre as faixas dos cultivos, linhas contínuas de leguminosas (plantadas bem juntas), de modo a formar anteparos ,impedindo o arraste do solo e a ação desidratante dos ventos, ademais dos benefícios que proporcionam ao solo com a matéria orgânica rica produzida; II. Não realizar tráfegos constantes na área, sobretudo com máquinas pesadas e práticas de aração e gradagem com o solo úmido, evitando-se a compactação do terreno, fator do mau desenvolvimento do sistema radicular das plantas, seja pela ação física, ou pela má drenagem que provoca, refletindo no mau desenvolvimento das plantas e, conseqüentemente, na sua baixa produtividade; V. De tempo em tempo, variar o tipo de cultivo na mesma área, ou fazer seqüências de culturas, com a finalidade de se quebrar os ciclos dos inimigos naturais (pragas e doenças) e se dispor de resíduos orgânicos mais ricos ou diversificados no solo; VI. No caso de plantios em cova, sobretudo em solos pobres, fazê-los em buracos profundos (40x40x40cm), adicionando à massa do solo retirada, 3 a 5 kg de esterco de curral, ou outra fonte orgânica, com a finalidade de propiciar melhores condições de desenvolvimento para as plantas, em razão dos benefícios advindos dessa incorporação, tanto no que diz respeito à estruturação do solo, quanto ao aumento da capacidade de fornecimento e retenção de nutrientes e de umidade, resultando num maior volume e aprofundamento do sistema radicular, fundamental ao desenvolvimento dos cultivos; VII. Implantar leguminosas, consorciadas ou não, anuais, semi-perenes ou perenes, sobretudo as de alta capacidade de produção de nitrogênio natural e biomassa (folhas, galhos, etc), possibilitando melhorias físico-hídricas e químicas, consubstanciadas na maior retenção de água e nutrientes, agregação do solo e aporte de nitrogênio; VIII. Ao capinar, sobretudo no sistema de 'coroamento', só fazê-lo no sentido de fora para dentro, ou seja, da periferia para o pé da planta, e não aocontrário, como comumente se procede. Essa prática simples, evita a perda de solos, o desperdício da matéria orgânica oriunda das ervas daninhas e a formação de verdadeiras 'bacias' que prejudicam o cultivo com a acumulação de água nos períodos chuvosos, bem como expõe as raízes finas alimentícias ao sol, prejudicando-as; e IX. Nos cultivos perenes, é recomendável fazer consórcios com espécies anuais, plantadas entre as linhas, com a finalidade de cobrir o solo, aumentar o teor de matéria orgânico e possibilitar uma renda adicional. Da mesma forma, utilizar sistemas agrossilviculturais com plantas perenes ou semi-perenes, selecionando espécies que se interagem na produção de biomassa, na exploração do solo em camadas distintas e na tolerância à fertilidade do solo. Ademais, pode-se utilizar sistemas de alamedas (linhas duplas de leguminosas) espaçadas de 5 em 5 metros, com cultivos anuais entre elas, enriquecendo o solo com as podas constantes , cujo material orgânico adicionado ao solo, evita as ervas daninhas, aumenta o teor de matéria orgânica e reduz o uso de fertilizantes com o tempo de cultivo; e X. Manter as matas ciliares (árvores que margeiam os rios), a vegetação das nascentes e dos topos das vertentes, com a finalidade de, além de conservar o solo, preservar o manancial hídrico, mantendo regularizados os cursos de água. GESTÃO AMBIENTAL - ENSAIO DE UMA DISCUSSÃO CRÍTICA “Constituição Federal - Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.” A gestão ambiental é uma prática muito recente, que vem ganhando espaço nas instituições públicas e privadas. Através dela é possível a mobilização das organizações para se adequar à promoção de um meio ambiente ecologicamente equilibrado. Seu objetivo é a busca de melhoria constante dos produtos, serviços e ambiente de trabalho, em toda organização, levando-se em conta o fator ambiental. Atualmente ela começa a ser encarada como um assunto estratégico, porque além de estimular a qualidade ambiental também possibilita a redução de custos diretos (redução de desperdícios com água, energia e matérias-primas) e indiretos (por exemplo, indenizações por danos ambientais). “Os termos administração, gestão do meio ambiente, ou simplesmente gestão ambiental serão aqui entendidos como as diretrizes e as atividades administrativas e operacionais, tais como, planejamento, direção, controle, alocação de recursos e outras realizadas com o objetivo de obter efeitos positivos sobre o meio ambiente, quer reduzindo ou eliminando os danos ou problemas causados pelas ações humanas, quer evitando que eles surjam.” Este texto problematiza e discute o enfoque funcionalista sobre gestão ambiental, que atribui ao crescente nível de degradação ambiental e da qualidade de vida nos países menos desenvolvidos à incapacidade dos governos em fixar prioridades, às deficiências nas regras de regulação e às ações de gestão ambiental. Releva-se a abordagem que considera insuficiente conhecer os mecanismos, processos e instrumentos administrativos e gerenciais, de como conduzir medidas de controle ambiental, para a consecução das finalidades da gestão ambiental. Contudo, subordinam-se as questões específicas aos determinantes de ordem particular, e estes aos de ordem geral. Ao nível do geral, a premissa básica é a de que as ações de gestão ambiental se constituem numa racionalização das repressões sociais e ambientais conformadas pelos imperativos da globalização econômica e da estratégia política neoliberal. Ao nível do particular e do específico, discute-se as idéias em dois espaços lógicos: a) o que se refere aos fins da gestão ambiental, colocando sob mira os paradigmas; e, b) o do pensamento pragmático, que se refere aos meios. Embora a expectativa imediata de quem se defronta com um texto deste gênero é encontrar de início a apresentação do conceito central envolvido, optou-se por responsabilizar o leitor pela sua construção, como resultado da síntese do diálogo proporcionado pelo texto. Sendo assim, são apresentados e discutidos dados e informações que associados com as vivências e valores dos envolvidos neste diálogo, possibilitam a construção autônoma do conceito de gestão ambiental. As questões ambientais são referidas ao atual momento histórico, caracterizado pela intensificação da internacionalização econômica e ampliação dos fatores de competitividade na realização dos interesses econômicos, apropriação dos bens e serviços naturais. As relações comerciais internacionais apresentam-se submetidas aos imperativos das exportações fundados em padrões ambientais, cujo diferencial está em que os países desenvolvidos apresentam maior capacidade competitiva do que os menos desenvolvidos.1,2 O conjunto de dados e informações atuais articulados aos seus antecedentes históricos da regulação internacional das questões ambientais em função de valores econômicos, sustentam a hipótese central deste trabalho, de que, as atuais contradições sociais e ambientais em nível internacional e ao nível dos países se conformam aos imperativos da intensificação da globalização econômica e da hegemonia da estratégia política do neoliberalismo. Interesses Internacionais As articulações entre os problemas ambientais e a globalização econômica resultam de um processo histórico que escapa à amplitude deste trabalho. Contudo, registra-se alguns aspectos históricos tomando-se a década de 1950, quando se acentuaram os interesses em pautar as questões ambientais a partir de diretrizes internacionais. Esses interesses se originaram da preocupação econômica com a interferência dos regulamentos nacionais sobre a competitividade das atividades petroleiras, de que uns países se instruíssem com regulamentos rígidos, enquanto que outros o fizessem com regulamentos mais permissivos, funcionando como subsídio ao setor. Na Conferência de Estocolmo, em 1972, se tornaram mais explícitos os diferentes interesses e contradições que circulam em nível internacional, quando os países do Sul se confrontaram com os países do Norte, insistindo na inclusão das questões sociais na agenda, como a pobreza e o acesso às tecnologias dos países desenvolvidos. Deste modo os países subdesenvolvidos buscavam debitar aos países desenvolvidos os impactos sociais e econômicos causados por eles. Em maio de 1998, o Conselho da Comunidade Econômica Européia, edita um regulamento que trata da implementação das cláusulas sociais e ambientais, estabelecendo que a partir de janeiro de 1998 poderia ser concedido regime especial de incentivos aos países em desenvolvimento em duas situações:3 a) Para os países que adotem as normas das Convenções da Organização Internacional do trabalho (OIT) relativa à aplicação dos princípios do direito de organização e negociação coletiva, e a relativa a idade mínima de admissão ao trabalho. b) Para os países que adotem legislação que integre o conteúdo das normas da Organização Internacional das Madeiras Tropicais (OIMT). Chama atenção nestes itens reguladores o caráter de influência sobre assuntos dos países que ultrapassam os estritos interesses comerciais, interferindo sobre questões ambientais e de cumprimento da legislação trabalhista. Destaca-se ainda, o fato de que o item (b) atinja principalmente o manejo das florestas tropicais, embora sejam estimados que 80% dos negócios internacionais são feitos com madeira de florestas temperadas ou boreais do Canadá, Estados Unidos e Escandinávia. No caso do Brasil, a aplicação da norma se dirige principalmente para a madeira da Amazônia, aos reflorestamentos de eucalipto e araucária, que sofrem as maiores demandas. Estesimperativos ecológicos surgiram quando o Fundo Mundial para a Natureza (WWF) e empresas inglesas decidiram que só utilizariam madeira de florestas bem manejadas e certificadas pelo Forest Stewardship Council (FSC).4 Verifica-se que os empreendimentos nacionais submetem-se à regulação jurídica e econômica internacional negociada politicamente. Dessas operações participa a Organização das Nações Unidas (ONU), estabelecendo diretrizes para a estruturação dos regulamentos internos dos países. Sendo inclusive defendida pelo presidente do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) a criação de um organismo mundial sobre o meio ambiente no âmbito da ONU. E, na "Rio + 5", foi levantada a necessidade de um novo arranjo institucional para monitorar os acordos e trabalhar na direção do desenvolvimento sustentável em parceria com a Organização Mundial do Comércio (OMC) e outros organismos internacionais.5 Valores Ambientais O significado das variáveis ambientais enquanto valor de mercado na economia globalizada pode ser expresso pelo indicativo amplamente divulgado, de que quase a metade da produção líquida primária terrestre da biosfera, em termos de apropriação de recursos naturais e energia, já está comprometida para o consumo humano, tornando-se cada vez mais escassa. A ordem de grandeza dos interesses girando em torno dos valores ambientais é dada pela dimensão do "ecomercado" da Comunidade Econômica Européia, cuja estimativa em 1987 era de 278 bilhões de francos. E, somente a República Federal da Alemanha era responsável por 100 bilhões de francos, seguindo-se a França, Grã- Bretanha e a Itália, com 53, 47 e 32 bilhões de francos respectivamente. Há ainda o fato de que a metade desse mercado era reservada para o tratamento da água. A perspectiva é de que o mercado europeu para os bens e serviços ambientais deva atingir a ordem dos 500 bilhões de francos no ano 2000, isto sem considerar o mercado do Leste.6 No bojo dos interesses pelos valores ambientais circulam os organismos, instituições e grupos corporativos, dado o volume e direcionamento dos créditos e investimentos. Só o Banco Mundial realizou empréstimos de US$ 2 bilhões entre julho de 1992 e junho de 1993, dirigidos ao controle da contaminação urbana e industrial, gestão dos recursos naturais e desenvolvimento institucional. Um Plano de Inversões sobre o Meio Ambiente e Saúde (PIAS) para a América Latina e Caribe, formulado pela Organização Pan-americana de Saúde, e aprovado em 1991 pela Cúpula Ibero- americana de Chefes de Estado, definiu como necessário o montante de US$ 216 bilhões, 0,8% do PIB da região, a serem aplicados em 12 anos.7 O sistema financeiro mundial que participa deste processo já movimentava US$ 2 bilhões na década de 90, tanto oferecendo crédito para proteção ambiental quanto avaliando riscos de crédito a empreendimentos com sinais de prejuízos por danos ambientais, pelos quais pode ser co-reponsabilizado. As seguradoras também vêm crescer as carteiras que cobrem danos causados a terceiros que incluem os danos ambientais. Há estimativas de que o controle de emissão de uma tonelada de carbono para a atmosfera deverá valer US$ 10, levando a que várias empresas nacionais e estrangeiras se interessem pelo mercado de captura de carbono e pela substituição de insumos energéticos e industriais (carvão fóssil e petróleo) por recursos com menor potencial poluidor. Estes interesses foram catalisados pelo acordo firmado entre 159 países em Kyoto, em dezembro de 1997, que traçou a meta de redução das emissões anuais de carbono de 6 bilhões para 5 bilhões de toneladas até 2005, o que resultará num valor de US$ 10 bilhões.8 Contradições em Nível Nacional A internacionalização intensificada da economia e ação política da estratégia neoliberal sobre as nações, refletidas pelas contradições sociais e ambientais locais, resultam do movimento de "modernização" tecnológica e econômica geradas pela capacidade de "destruição criativa" da economia de mercado (do capitalismo) e pelo processo de "desburocratização" do Estado, via a sua desregulamentação e privatização dos bens de produção e serviços.9 Ocorrem modificações na matriz tecnológica dos sistemas produtivos que passam do uso intensivo de mão-de-obra para o uso intensivo de capital, submetendo a conquista de vantagens competitivas ao domínio das inovações tecnológicas, e as atividades produtivas estatais à regulação das leis de mercado. Paralelamente aos processos da globalização e da estratégia neoliberal, há o dado de que a degradação ambiental e seus impactos sob a qualidade de vida humana são imediatamente percebidos, impelindo as pessoas e as organizações da sociedade civil para posicionamentos de caráter político. Os reflexos dessa mobilização social se encontram na "Agenda 21", cujos conteúdos de princípios norteadores das políticas públicas introduz o direito à vida saudável e produtiva em harmonia com a natureza, direito ao desenvolvimento, consideradas as necessidades das gerações presentes e futuras, a necessidade de redução das disparidades sociais e econômicas. O cenário econômico e a ação política social configuram um complexo quadro de pressões, que são exercidas por grupos de poder econômico e político, por movimentos corporativos e sociais, cujas repercussões sobre o processo de gestão ambiental em nível local é a sua conformação como instrumento de racionalização das repressões ambientais e sociais.10 Em cumprimento às exigências internacionais alguns países formulam Planos Nacionais de Ação Ambiental atendendo aos condicionantes formais para obtenção de empréstimos junto ao Banco Mundial e o FMI. Criam normas reguladoras, de licenciamento ou autorização para o desenvolvimento das atividades e empreendimentos que tenham efeitos sobre os bens e serviços naturais. E, mais recentemente, tendem ao estabelecimento de preços relativos para os recursos naturais e internalização dos danos ambientais nos custos dos produtos e serviços, inclusive a sua contabilização como valores passivos nas transações de venda e compra de empresas.11 Na medida em que se detalha e se situam os elementos de racionalidade da gestão ambiental no contexto da globalização econômica e da estratégia neoliberal, questiona-se a visão funcionalista que atribui aos governos nacionais os fracassos das políticas ambientais, a incapacidade de fixar prioridades para os problemas e de definir as intervenções. Também se problematiza os limites e possibilidades de intervenção da gestão ambiental, seus fins e meios. Fins e Meios da Gestão Ambiental Ao problematizar os fins da gestão ambiental são focalizas duas categorias: a que denominaremos de fins últimos, exemplificados pelo sentido que se dá aos bens e serviços naturais, se como realização da vida ou como bem de valor no mercado; e a que chamaremos de fins operacionais, cujo exemplo é a busca da elevação do poder de competitividade dos produtos e serviços de uma empresa, bem como a obtenção de rentabilidade para garantir a plena realização dos negócios. Apesar de que os fins últimos façam parte dos discursos dos planos e relatórios de gestão, muitas vezes sob a forma de "missão da empresa", a racionalidade administrativa privilegia os fins operacionais, procurando dar conteúdo de maior objetividade às ações e projeções dos resultados. Isto ocorre porque os atributos de racionalidade encontram-se nos meios, nos recursos técnicos e científicos, cuja eficácia é passível de ser verificada através do alcance dos resultados esperados. Esta ênfase nos fins operacionais submete as questões ambientais à racionalização administrativa e econômica, sendo tratadas de modo a adequar os meios mínimos aos propósitos de maximização dos fins.12 Já os fins, por serem determinados através de juízos de valor, em grau maior de subjetividade na medida emque transitam dos fins operacionais aos fins últimos, acabam se tornando "pano de fundo", ou recurso de "market". Como estímulo para as nossas reflexões tomemos as idéias de três ilustres economistas que transitam em campos diferentes do pensamento econômico. O economista e deputado, Roberto Campos13, importante defensor do liberalismo econômico, nos informa que a economia de mercado (ou capitalista) não é um paraíso, que seu horizonte é principalmente os bens que têm valor de troca entre os agentes econômicos, ficando as questões dos valores humanos, culturais ou outros, na dependência das partes. Outro economista, Ronaldo Seroa14, que, ressaltando a utilidade da valoração econômica dos recursos naturais para a tomada de decisões, alerta para as limitações e incertezas científicas relacionadas com a capacidade de tratar as funções ecossistêmicas. E, o economista Celso Furtado15, nos diz que é possível obter maiores esclarecimentos sobre as perspectivas futuras apoiando-se em informações no campo das artes e da ideologia do que num bem elaborado modelo econômico. Estes três autores nos conduzem ao entendimento de que a gestão ambiental é uma atividade que trata de um objeto caracterizado tanto pelo valor de troca entre os agentes econômicos quanto pelos valores sociais e culturais. E, na medida em que, devido à natureza do empreendimento, são previstos impactos sociais significativos, a consideração dos valores sociais e culturais torna-se altamente relevante pela ampliação dos riscos de falhas no sistema de gestão, o que explicaria a ênfase da abordagem funcionalista sobre as atividades e os meios sob a premissa de que os fins já estão dados. Gestão ambiental na agricultura A importância da agricultura no espaço rural confere ao setor agrícola um papel estratégico na condução do processo de transformação estimulado pela política de desenvolvimento sustentável. Neste sentido, o espaço rural não é visto apenas como uma base física, onde o processo de produção agrícola se instala, mas também, associado à necessidade humana de desfrutar desta parte da natureza, como parte fundamental da qualidade de vida que tanto deseja a sociedade atual. Para a sustentação da posição competitiva da agricultura nacional no contexto internacional e, no próprio mercado interno, em face de uma economia aberta num mundo globalizado, é fundamental a redefinição das políticas públicas brasileiras. Nesse sentido, o primeiro aspecto dessa questão política que se converte em quesito estratégico é representado pela qualidade e quantidade do capital intelectual a serviço da agricultura, seja no setor público, seja no setor privado16. A agricultura é uma das principais fontes de alimentos e de sobrevivência para as populações que aumentam significativamente e, conseqüentemente, exigem um crescimento na produção de alimentos. Entretanto, a agricultura desenvolvida de forma intensiva e com utilização maciça de insumos químicos e tecnológicos tem provocado muitos impactos adversos no ambiente17. Esse modelo econômico de desenvolvimento agrícola, caracterizado por um alto uso de pesticidas, não considerou as conseqüências ambientais e para com as populações, promovendo a contaminação e degradação de solos e reservatórios de águas, a salinização, os desequilíbrios ecológicos e reduzindo a biodiversidade Dada a diversidade agroecológica do território nacional e pela variabilidade sócio-econômica existente no país, a agricultura é heterogênea e complexa em seus sistemas e estruturas de produção. Neste contexto, se observa dois extremos sistemas de produção. De um lado, sistemas agrícolas com alto consumo de recursos naturais, como desmatamento, perda de solos, redução de fertilidade, que por razões socioeconômicas evoluem de modo lento, mantendo a forma crônica e constante de seus impactos ambientais18. No outro extremo, estão os sistemas de produção altamente tecnificados que consomem relativamente menos recursos naturais locais, mas deixam no ambiente novos elementos e produtos potencialmente causadores de desequilíbrios ambientais, como fertilizantes químicos, herbicidas e pesticidas. Via de regra, os impactos ambientais adversos desencadeiam os impactos sociais. No entanto, qualquer que seja a ação impactante que resulte danos na qualidade ambiental, terá seus custos socializados. Para os grupos sociais economicamente menos privilegiados, os impactos ambientais e sociais representam, sempre, um elevado ônus material e psíquico19. Um sistema agrícola pode ser considerado sustentável quando proporciona rendimentos estáveis em longo prazo, utilizando práticas de manejo que integrem elementos do sistema, de modo a melhorar a eficiência biológica do mesmo 20. Assim, todas as atividades econômicas vêm sendo desafiadas a produzir e ao mesmo tempo lidar com a contrapartida, que é preservar, cuidar e limpar os elementos naturais dos quais fazem uso. Essas ações sobre o meio ambiente e os recursos naturais têm um custo que deve ser pago não apenas pela sociedade, pelos contribuintes ou pelos consumidores, mas também, pelos segmentos de produção que compõem os sistemas agro-industriais21. Este mesmo autor conceitua gestão ambiental como um conjunto de medidas e procedimentos bem definidos e adequadamente aplicados que visam a reduzir e controlar os impactos causados por um empreendimento sobre o meio ambiente. O desenvolvimento de um novo modelo de práticas agrícolas, a sustentabilidade na agricultura, implica na reorganização das relações essenciais da sociedade, das ações governamentais e das instituições de ensino e pesquisa. Deve- se ressaltar que a sustentabilidade inclui a noção do longo prazo, quando propõe que as futuras gerações tenham recursos assegurados. A análise sobre a sustentabilidade no setor tem constatado que apesar de todos os impactos adversos na agricultura, é possível conciliar a melhoria da qualidade ambiental com o desenvolvimento econômico agrícola22. Muitas empresas agrícolas estão considerando as conseqüências ambientais de suas atividades como um meio de obter vantagem competitiva23. Essa mudança, segundo os autores, é delineada pelo significativo interesse em códigos de padronização privada, tais como aqueles encontrados na ISO 14000. Esses códigos são caracterizados por um acordo voluntário no qual a organização se compromete em estar em conformidade com um conjunto de princípios de gestão ambiental. Segundo os autores, as potenciais recompensas estão relacionadas a um menor custo, devido à redução no uso de insumos e uma maior aceitação do produto no mercado. apesar das instituições de ensino, universidades e escolas agrotécnicas, estarem inseridas de modo direto no contexto rural, e possuírem elementos ambientais necessários à prática de educação ambiental, há falta de dados sobre a aplicação de técnicas agropecuárias ministradas pelas escolas, que estejam relacionadas à conscientização da preservação e reabilitação dos recursos naturais20. É necessário à reestruturação da educação rural, pois a escola tem grande importância tanto para a migração, como para a fixação do homem ao campo24. Uma melhor preparação dos produtores rurais para o trabalho e uma melhor qualidade de vida, através do ensino, exige investimentos na educação, para que seja desmistificada a idéia de que para trabalhar no meio rural não é preciso estudo, o que contribui para a visão de que o produtor rural não necessita profissionalizar-se para administrar sua propriedade de forma produtiva e sustentável. 25ressalta que o acesso à educação pelos jovens rurais não é um elemento de estímulo ao abandono do meio rural. As instituições de ensino devem, portanto, implementar mudanças nos conteúdos educativos e na metodologia pedagógica, porque os atuais conhecimentos sobre educação ambiental não são suficientes para evitar distorções,como por exemplo, no processo produtivo agrícola. As transformações produtivas, ambientais e sociais que permitirão a emancipação dos produtores rurais, somente serão alcançadas se precedida pelo processo educacional. Neste contexto, a educação ambiental dentro da educação tecnológica e profissional surge como uma alternativa para reverter essa situação e atuar para que o conhecimento supere a ignorância sobre os temas ambientais 26. Nesse sentido, torna-se relevante investigar fatores capazes de influenciar de modo positivo ou negativo a conscientização ambiental dos vários atores envolvidos em um processo produtivo qualquer. Sobre essa proposição pesquisas têm sido realizadas, especialmente em estudos que investigam a relação entre atitudes ambientais e ações práticas sobre o ambiente. Considerações Finais Como se pretendeu argumentar, as ações de gestão ambiental estão referidas com as questões ambientais específicas subordinadas aos seus determinantes e condicionantes de ordem particular, e estes, aos de ordem geral histórico-social. Na realização dos interesses econômicos internacionais sob a ordem política da estratégia neoliberal, é imposto aos países considerar as questões ambientais como variáveis ecológicas dentre outras na economia de mercado. Sendo assim, não se esgota a compreensão dos fatos ambientais na aparência dos fatos específicos, ampliando-se a visão do processo de gestão com a discussão das origens dos problemas, da natureza profunda dos fins e meios. É com esta ótica que o gestor se torna capaz de entender o trânsito da realização dos interesses econômicos entre os instrumentos reguladores, ou do tipo comando e controle, e os instrumentos econômicos ou de mercado; da transição do conceito de externalidade para o de internalização dos efeitos do modo de produção; entender o caráter político que tem adquirido as manifestações sociais, as suas derivações da ampliação e intensificação dos impactos sociais causados pelos processos produtivos, serviços e consumo. Também deste modo, o gestor ambiental pode entender o caráter das políticas e atividades empresariais e dos organismos governamentais face aos conflitos de interesses e competição econômica pelos recursos escassos, onde o poder público é o principal agente regulador. Como síntese da reflexão, pode-se chegar à razão dialética entre juízo de fato e juízo de valor, impondo o reconhecimento de que os fins, meios, previsibilidade e conseqüências, são categorias particulares cujo sentido se refere à importância relativa das questões ambientais e aos fins da gestão ambiental. E, que, portanto, impõem-se "sociologizar" a "ecologização" dos pensamentos, compreendendo que tanto o pensamento técnico e científico quanto o senso comum são produtos histórico-social. Que, os limites e possibilidades da gestão ambiental estão dados pelas circunstâncias e pelos sistemas de valores que orientam as escolhas sociais, determinantes da significância dos problemas e condicionantes dos fins da gestão ambiental. REFERÊNCIAS 1 GUTIERRES, MARIA B. SARMIENTO. (1997). Comércio e Meio Ambiente no Mercosul: Algumas Considerações Preliminares. TD 470. IPEA. RJ. 2 MOTTA, RONALDO SEROA. (1997). Desafios Ambientais da Economia Brasileira. TD 509. IPEA. RJ. 3 NEGRI, JÃO ALBERTO; CARVALHO, ALEXANDRE. ( 1999) O Impacto das Cláusulas Sociais e Ambientais do Sistema Geral de Preferência da CE nas Exportações Brasileiras. TD 634. IPEA. RJ. 4 SÁ, WALTENCY R. (2000). Globalização Econômica, Neoliberalismo e Meio Ambiente. http://www.homeshopping.com.br/~epiambi http://virtual.pt.fortunecity.com/portateis/172/ CEMEA BH. MG. 5 Gazeta Mercantil (19/03/1997). Especialistas Defendem Organismo Mundial. A-5. B.H. 6 ALPHANDÉRY, P.; BITOUN, P.; DUPONT, Y. (1992). 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Prefácio e p. 18-19. Min. do Meio Ambiente. Brasília 15 FURTADO, CELSO. (1981). O Brasil Pós –"Milagre". Pg.57. Ed. Paz e Terra. RJ. 16GONÇALVES, J. S. (2002) - Agricultura brasileira: desafios ao fortalecimento de um setor fundamental. Apta São Paulo. Acessível em: <http://www.apta.sp.gov.br/série%.htm>. Acesso em: 12 jan. 2004. http://www.homeshopping.com.br/~epiambi http://virtual.pt.fortunecity.com/portateis/172/ http://www.apta.sp.gov.br/s�rie%.htm> 17COSTA, R. A. et al. (2002) - Desenvolvimento sustentável em áreas de impacto ambiental na agricultura familiar da Região do Médio Alto Uruguai-RS. Livres Contribuições. Porto Alegre. 18EMBRAPA. (2002) - Impacto ambiental das atividades agrícolas. CNPM/EMBRAPA. Jaguariúna, SP. Disponível em: <http://www.cnpm.embrapa.br/projetos/cana/espec.html>. Acesso: 08 Set. 2009. 19FILHO, F. D. A. (2002) - Impactos ambientais e gestão ambiental: comentários para debates. IGCE/Unesp. Rio Claro, SP. 20BELLAVER, I. H. H. (2001) - Percepção do conhecimento sobre sustentabilidade ambiental entre técnicos agrícolas e produtores rurais na Região Oeste do Estado de Santa Catarina. Dissertação (Mestrado em Tecnologia) - Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná. Curitiba. 21GIORDANO, S. R. (2000) - Gestão ambiental no sistema agroindustrial. Pioneira. São Paulo. 22MARIA, I. C. (2000) - Agricultura e meio ambiente. Instituto Agronômico de Campinas. Vol.52, n.1, p.43. 23WALL, E.; WEERSINK, A. & SWANTON, C. (2001) - Agriculture and ISO 14000. Food Policy. Vol.26, n.1 p.35-48. 24MUSSOI, E. M. (1993) - Juventude rural: em busca de um trabalho sob nova dinâmica. EPAGRI. Florianópolis. 25ABRAMOVAY, R. et al. (1998) - Juventude e agricultura familiar: desafios dos novos padrões sucessórios UNESCO. Brasília, DF. 26GRABE, S. (1989) - La educación ambiental en la educación técnica y profesional. OREALC/UNESCOPNUMA.Santiago. http://www.cnpm.embrapa.br/projetos/cana/espec.html> ATIVIDADES DE APOIO AO ENSINO-APRENDIZAGEM 01. Descreva as condições de equilíbrio entre o solo e o ambiente antes da colonização. 02. Quais são as conseqüências da quebra do equilíbrio entre o solo e o ambiente? 03. O que é erosão? 04. O solo é um recurso natural facilmente recuperável? 05. Qual é a diferença entre o empobrecimento do solo pela erosão e o empobrecimento pelas culturas? 06. Discuta a responsabilidade individual e da nação de conservar o solo. 07. O que você entende por sustentabilidade? 08. Quais os pilares da sustentabilidade? 09. Exemplifique uma atividade sustentável? 10. No tema Gestão ambiental elabore 5 questões e responda? This document was created with Win2PDF available at http://www.win2pdf.com. The unregistered version of Win2PDF is for evaluation or non-commercial use only. This page will not be added after purchasing Win2PDF. http://www.win2pdf.com
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