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Introdução a conservação do solo

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO 
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA
 
INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
 
CURSOS: AGRONOMIA/ENGENHARIA FLORESTAL/ZOOTECNIA 
MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA 
E 
LEVANTAMENTO E CONSERVAÇÃO DO SOLO 
MÓDULO 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA CONSERVAÇÃO DO SOLO 
 
ANTONIO RODRIGUES FERNANDES 
HERDJANIA VERAS DE LIMA 
PROFESSORES 
BELÉM/PA 
2009 
INTRODUÇÃO 
Com o aumento da população mundial, a demanda cada vez maior de 
alimentos tem levado homem a utilizar as terras sem os cuidados necessários para que 
elas produzam bem sem os riscos de desperdícios dos recursos naturais. Diante desta 
perspectiva tecnológica, o país se defronta, por um lado, com os benefícios da 
agricultura moderna e avançada e, por outro, com a mecanização intensiva dos solos, 
que se apresentam, por isso, vulneráveis à ação dos agentes intempéricos que atuam 
das mais diversas formas, proporcionando a perda de grandes quantidades de solo 
fértil da camada arável. 
No Brasil, muitas áreas já apresentam sinais evidentes de depauperamento em 
seus solos, apesar da vastidão do território e de não estar sujeito à grande demanda de 
alimentos e a excesso de população. Valendo-se de sua grande área territorial a 
agricultura brasileira tem caminhado descuidadamente em busca de outras terras, ao 
invés de melhor as já desgastadas. 
Os recursos naturais têm sido impiedosamente dilapidados por uma agricultura 
de exploração, na qual há uma tendência, pelos agricultores, de ser a fertilidade natural 
inesgotável, conduzindo assim, a exploração agrícola na direção do extrativismo 
predatório. Isto leva ao depauperamento que, muitas vezes é causado pela erosão que 
vem como conseqüência do mau uso. 
No Brasil a improdutividade de muitos solos tem vindo como conseqüência da 
erosão hídrica, facilitada e acelerada pelo homem através de práticas agrícolas 
incorretas, como o plantio contínuo e inadequado de culturas esgotantes e pouco 
protetoras do solo, o plantio em linha a favor do declive, a queimada drástica, o 
pastoreio excessivo, etc. 
Na destruição da fertilidade, a erosão hídrica não é o único agente a se fazer 
presente. A ela está aliadas a lavagem dos nutrientes pela percolação que os coloca 
em profundidades inadequadas às plantas, a combustão da matéria orgânica 
proporcionada pela ação das condições climáticas ou das drásticas e impiedosas 
queimadas, e, finalmente, o consumo dos elementos nutritivos extraídos pelos produtos 
agropecuários, sem que haja reposição. 
Atualmente, a ciência agronômica brasileira, vem demonstrando ser possível a 
conservação das propriedades produtivas das terras, desde que seja assegurado aos 
solos o emprego de medidas simples, exeqüíveis e econômicas de manejo. 
O solo como um recurso natural 
Dos recursos naturais renováveis, o solo é o que suporta a cobertura vegetal, 
sem a qual os seres vivos, de uma maneira geral, não poderiam existir. Ele é uma das 
maiores fontes de energia para a vida que, geração após geração de homens, animais 
e plantas, vêm utilizando. 
O solo é um recurso natural porque ele é fonte de todos os fatores (exceto luz) 
de desenvolvimento vegetal. Sob o ponto de vista de seus nutrientes, que podem ser 
repostos lentamente pelos processos pedogenéticos, ou mesmo mais rapidamente pela 
adição de fertilizantes; e de sua estrutura que pode ser modificada pelo manejo, ele é 
considerado como um recursos natural exaurível renovável e, como tal, deve ser 
melhorado, isto é, deve ser utilizado de forma racional, de maneira que seja mantida 
indefinidamente a sua produtividade. Deve ser conservado de forma adequada para 
garantir, às gerações futuras, melhores condições de vida, porque, embora os recursos 
bióticos sejam renováveis, a sua produção não é ilimitada. Quando olhamos, 
entretanto, para a profundidade efetiva e textura, que podem ser modificadas 
definitivamente pela erosão, ele poderia ser considerado como um recurso natural 
exaurível não renovável, como qualquer outro recurso mineral. 
A preocupação pela conservação dos solos deve estar sempre presente nos 
processos de exploração das terras. Quando eles ainda se encontram cobertos por 
vegetação arbórea ou rasteira, não existe a preocupação de sua conservação. Hoje, 
entretanto, são bastante conhecidos os prejuízos causados pela erosão, principalmente 
a encontrada na forma laminar que remove dos solos as suas camadas superficiais. 
Importância da conservação dos solos 
Sendo o solo resultante da intemperização física, química e biológica dos 
materiais pré-existentes de origem mineral e orgânico, é necessário conhecê-lo para 
que haja uma utilização racional de seus recursos em proveito de uma melhor condição 
de vida para o homem. Não terá uso racional se os dois princípios básicos da 
agricultura – a mecanização e a conservação – não estiverem agindo concomitante e 
equilibradamente no interesse da produção, com os cuidados exigidos para a 
manutenção de sua fertilidade. Isto só poderá ser conseguido mediante o 
conhecimento das noções básicas a cerca da natureza dos solos e dos fatores que 
condicionam a sua produtividade e o seu depauperamento. 
A conservação dos solos inclui: o uso adequado, o manejo adequado das 
culturas, o controle da erosão acelerada e o controle da poluição agrícola. As práticas 
conservacionistas têm aumentado ou, pelo menos, mantido os lucros dos agricultores. 
Deve-se chamar a atenção para o fato de que normalmente as práticas 
conservacionistas não aumentam necessariamente de imediato os lucros, porque 
muitas vezes os gastos iniciais são muito elevados. Entretanto os resultados a longo 
prazo são compensadores, uma vez que, em último caso, a produtividade se mantém 
indefinidamente constante ou pode até melhorar. 
Para tudo isso, condições essenciais são necessárias: o conhecimento de 
melhores e mais adequados métodos de uso das terras e o desejo da utilização de 
técnicas conservacionistas, fatores estes que, na maioria dos casos, estão ausentes. 
Práticas conservacionistas evitam a diminuição da futura produção sem 
qualquer prejuízo atual, como, uso de calagem e fertilizantes, adoção de semeadura 
em linhas ou o pousio podem estar nesta categoria; a pecuária em pasto nativo, que 
possua um programa de rotação de pastagem; variações nos métodos de produção 
madeireira sem alterações da volumetria e da quantidade de madeira obtida e sem o 
aumento dos custos de poderão deixar a terra em uma condição muito mais produtiva. 
É necessário certo sacrifício imediato para que a produtividade, que de outro 
modo continuaria a diminuir, volte ao nível original. A construção de terraços e 
barragens ou plantação de forrageiras a pastos, aliados à criação de animais, podem 
aqui ser considerado dentro desta condição. Para áreas de pastagens, período de 
recuperação com descanso parcial ou total ou nova semeadura. Neste caso, excluindo 
a nova semeadura, é quase certo que a produtividade básica futura será maior que a 
presente. Nas áreas florestadas, um programa para adiar a retirada da madeira durante 
alguns anos, de maneira a permitir, por vezes, maior e mais rápido desenvolvimento 
das espécies florestais. 
Existem poucas perspectivas de qualquer programa conservacionista conseguir 
a manutenção da produtividade futura a níveis atuais sem que haja diminuição da 
produtividade básica. Neste caso, existem duas alternativas para o usuário: ou ele 
aceita uma pequena renda hoje e sempre, com uma produtividade constante, ou 
experimenta um declínio constante na produtividade. A alternativa de continuar 
utilizando o mesmo método de exploração poderá condicionar que a produção caia 
abaixo de um nível tal, a partir do qual um programa conservacionista dificilmente 
poderá manter a produtividade a um nível constante. Nesta oportunidade a 
produtividade terá diminuído e o usuário terá ainda de fazer um ajuste para baixose 
quiser mantê-la constante daí para frente. Talvez haja necessidade de cultivo de 
gramíneas e árvores durante certo tempo. Quando os pastos estiverem 
excessivamente explorados, é necessária a diminuição do número de animais por 
unidade de área. 
O fazendeiro está diante de um declínio moderado de produtividade durante 
alguns anos, seguido de uma crise em que tal produtividade passa a cair bruscamente. 
Esta situação ocorre quando a erosão está depauperando grandemente o solo. Em um 
certo instante a produção se torna inviável. 
A conservação do solo sempre envolve comparações entre regiões. O solo 
retirado de uma determinada área pelas as chuvas ou pelo vento sempre se acumula 
em um outro local, que pode ser ao sopé de encostas, no leito de um pequeno ou 
grande rio em seu caminha para o mar, como acontece com os sedimentos rio 
Amazonas. Existe circunstância que o material depositado, como nas várzeas, pode 
ser extremamente útil. O que é mais comum é o material erodido trazer danos tanto ao 
local de origem quanto ao local que recebe. 
Um motivo importante para a existência da conservação do solo é o aumento 
de renda. Devido a defasagem do tempo entre o investimento e a produção, que a 
conservação quase sempre introduz, as comparações devem ser feitas sempre em 
termos de valor atual e da renda futura. Tudo isso conduz à conclusão de que a 
conservação do solo ou a sua falta tem uma importante relação com a produtividade e, 
por conseguinte, com a rentabilidade das propriedades. 
Conceito de manejo e conservação do solo 
Manejar o solo significa aplicar ao mesmo um conjunto de técnicas com a 
finalidade não só de protegê-lo como também melhorar a produção das culturas. 
No manejo do solo a melhor decisão é a de elevar e manter a sua 
produtividade, como: as técnicas de manejo e os programas de manejo. 
Técnicas de manejo – são aquelas que visam aumentar e manter a 
potencialidade dos solos; envolve o controle de suas propriedades e características e o 
controle da erosão. 
Programa de manejo – implica em executar um estudo genérico das técnicas 
de manejo, o estudo dos pré-requisitos e efeitos produzidos pelas diferentes 
modalidades de atividades agrícolas, a identificação do agro-sistema, o que significa 
conhecer as potencialidades e características de cada um deles e a elaboração do 
programa de manejo. 
Manejar o solo é, portanto, utilizá-lo adequadamente, tendo como base a 
relação dos vários fatores que afetam a produtividade agrícola, tais como: rotação de 
culturas, o uso de adubos verdes, a fertilização, a irrigação correta e o cultivo 
adequado. 
Já a conservação do solo é a designação coletiva dos programas de prevenção 
e controle à erosão, da excessiva perda de nutrientes e, de uma maneira geral, da 
perda de sua capacidade de sustentar a vegetação natural e/ou a agricultura. 
Conservar é aplica um conjunto de técnicas ao solo, de maneira a ser obtido 
um rendimento maior e constante e tem a finalidade de manter ou aumentar a 
produtividade sem que, contudo haja degradação de sus propriedades físicas, químicas 
ou biológicas. 
Com o manejo adequado do solo também está sendo feita a conservação. 
Através do manejo é possível aumentar a capacidade produtiva, conservando não só a 
fertilidade natural, como também os fertilizantes empregados pelo homem e uma 
quantidade adequada de água pluvial, elementos esses que em conjunto, se não forem 
bem protegidos, serão irremediavelmente perdidos. 
Como vantagens da conservação do solo podem ser distinguidas: 
- evita e controla a degradação do solo; 
- aumenta a produção; 
- mantém níveis de fertilidade natural mais elevados; 
- reduz o consumo de fertilizantes e corretivos, logo possibilita a produção 
econômica com menos custos; 
- conserva os recursos naturais (flora e fauna) em áreas impróprias à 
agricultura; 
- concorre para melhorar o nível de vida rural e, consequentemente, a fixação 
do homem à terra, evitando o êxodo rural; 
- contribui para melhor conservação das águas armazenadas; 
- evita a poluição dos recursos hídricos; 
- concorre para a melhor manutenção da umidade do solo, reduzindo os 
danos causados pelas secas; 
- evita o assoreamento de represas e obras hidráulicas; e 
- proporciona as gerações futuras condições de vida mais condigna e 
agradável. 
Decálogo conservacionista do solo 
O solo se constitui no recurso mais importante da agricultura, uma verdadeira 
dádiva da natureza, significando dizer que deve ser bem cuidado, para passar de pai 
para filho, como um legado usufruto, beneficiando as gerações subseqüentes. 
Para tanto, há que se atentar para os cuidados e técnicas de manejo que 
possibilitem tirar o máximo da terra sem lhe causar maiores danos, conforme o 
decálogo, a seguir, resumidamente, discriminado: 
I. Evitar as queimadas, uma vez que ela provoca a morte dos microorganismos do solo 
e, mais ainda, destrói a matéria orgânica, rompendo as unidades estruturais, 
ocasionando o arraste da capa superficial pela ação erosiva das gotas de chuvas, 
empobrecendo rapidamente a terra. Com isso, processa-se a erosão laminar, criam-
se crostas duras na superfície do solo e os nutrientes retidos na capa orgânica se 
perdem nas enxurradas; 
II. Não se deve deixar o solo desprotegido, ou seja, nu, inclusive nos intervalos dos 
cultivos, a fim de evitar também o desgaste da capa organo-mineral, agravada ainda 
com a invasão das ervas daninhas que consomem os nutrientes do terreno; 
III. Não cultivar o solo em relevos muito fortes, escarpados, a não ser o seu terço 
inferior, porém mantendo a vegetação intacta no seu topo. E, quando o fizer, jamais 
plantar morro abaixo, mas no sentido das curvas de níveis, de modo a evitar a 
erosão do solo. A vegetação deixada nas partes altas funciona como pára-choque, 
quebrando a força dos ventos e, sobretudo, das chuvas, evitando as enxurradas que 
danificam o solo. Adicionalmente, intercalar entre as faixas dos cultivos, linhas 
contínuas de leguminosas (plantadas bem juntas), de modo a formar anteparos 
,impedindo o arraste do solo e a ação desidratante dos ventos, ademais dos 
benefícios que proporcionam ao solo com a matéria orgânica rica produzida; 
II. Não realizar tráfegos constantes na área, sobretudo com máquinas pesadas e 
práticas de aração e gradagem com o solo úmido, evitando-se a compactação do 
terreno, fator do mau desenvolvimento do sistema radicular das plantas, seja pela 
ação física, ou pela má drenagem que provoca, refletindo no mau desenvolvimento 
das plantas e, conseqüentemente, na sua baixa produtividade; 
V. De tempo em tempo, variar o tipo de cultivo na mesma área, ou fazer seqüências de 
culturas, com a finalidade de se quebrar os ciclos dos inimigos naturais (pragas e 
doenças) e se dispor de resíduos orgânicos mais ricos ou diversificados no solo; 
VI. No caso de plantios em cova, sobretudo em solos pobres, fazê-los em buracos 
profundos (40x40x40cm), adicionando à massa do solo retirada, 3 a 5 kg de esterco 
de curral, ou outra fonte orgânica, com a finalidade de propiciar melhores condições 
de desenvolvimento para as plantas, em razão dos benefícios advindos dessa 
incorporação, tanto no que diz respeito à estruturação do solo, quanto ao aumento 
da capacidade de fornecimento e retenção de nutrientes e de umidade, resultando 
num maior volume e aprofundamento do sistema radicular, fundamental ao 
desenvolvimento dos cultivos; 
VII. Implantar leguminosas, consorciadas ou não, anuais, semi-perenes ou perenes, 
sobretudo as de alta capacidade de produção de nitrogênio natural e biomassa 
(folhas, galhos, etc), possibilitando melhorias físico-hídricas e químicas, 
consubstanciadas na maior retenção de água e nutrientes, agregação do solo e 
aporte de nitrogênio; 
VIII. Ao capinar, sobretudo no sistema de 'coroamento', só fazê-lo no sentido de fora 
para dentro, ou seja, da periferia para o pé da planta, e não aocontrário, como 
comumente se procede. Essa prática simples, evita a perda de solos, o desperdício 
da matéria orgânica oriunda das ervas daninhas e a formação de verdadeiras 
'bacias' que prejudicam o cultivo com a acumulação de água nos períodos chuvosos, 
bem como expõe as raízes finas alimentícias ao sol, prejudicando-as; e 
IX. Nos cultivos perenes, é recomendável fazer consórcios com espécies anuais, 
plantadas entre as linhas, com a finalidade de cobrir o solo, aumentar o teor de 
matéria orgânico e possibilitar uma renda adicional. Da mesma forma, utilizar 
sistemas agrossilviculturais com plantas perenes ou semi-perenes, selecionando 
espécies que se interagem na produção de biomassa, na exploração do solo em 
camadas distintas e na tolerância à fertilidade do solo. Ademais, pode-se utilizar 
sistemas de alamedas (linhas duplas de leguminosas) espaçadas de 5 em 5 metros, 
com cultivos anuais entre elas, enriquecendo o solo com as podas constantes , cujo 
material orgânico adicionado ao solo, evita as ervas daninhas, aumenta o teor de 
matéria orgânica e reduz o uso de fertilizantes com o tempo de cultivo; e 
X. Manter as matas ciliares (árvores que margeiam os rios), a vegetação das nascentes 
e dos topos das vertentes, com a finalidade de, além de conservar o solo, preservar 
o manancial hídrico, mantendo regularizados os cursos de água. 
GESTÃO AMBIENTAL - ENSAIO DE UMA DISCUSSÃO CRÍTICA 
“Constituição Federal - Art. 225. Todos têm direito ao meio 
 ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum 
 do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se 
 ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e 
preservá-lo para as presentes e futuras gerações.” 
A gestão ambiental é uma prática muito recente, que vem ganhando espaço 
nas instituições públicas e privadas. Através dela é possível a mobilização das 
organizações para se adequar à promoção de um meio ambiente ecologicamente 
equilibrado. 
Seu objetivo é a busca de melhoria constante dos produtos, serviços e ambiente de 
trabalho, em toda organização, levando-se em conta o fator ambiental. 
Atualmente ela começa a ser encarada como um assunto estratégico, porque além de 
estimular a qualidade ambiental também possibilita a redução de custos diretos 
(redução de desperdícios com água, energia e matérias-primas) e indiretos (por 
exemplo, indenizações por danos ambientais). 
“Os termos administração, gestão do meio ambiente, ou simplesmente gestão 
ambiental serão aqui entendidos como as diretrizes e as atividades administrativas e 
operacionais, tais como, planejamento, direção, controle, alocação de recursos e outras 
realizadas com o objetivo de obter efeitos positivos sobre o meio ambiente, quer 
reduzindo ou eliminando os danos ou problemas causados pelas ações humanas, quer 
evitando que eles surjam.” 
Este texto problematiza e discute o enfoque funcionalista sobre gestão 
ambiental, que atribui ao crescente nível de degradação ambiental e da qualidade de 
vida nos países menos desenvolvidos à incapacidade dos governos em fixar 
prioridades, às deficiências nas regras de regulação e às ações de gestão ambiental. 
Releva-se a abordagem que considera insuficiente conhecer os mecanismos, 
processos e instrumentos administrativos e gerenciais, de como conduzir medidas de 
controle ambiental, para a consecução das finalidades da gestão ambiental. Contudo, 
subordinam-se as questões específicas aos determinantes de ordem particular, e estes 
aos de ordem geral. 
Ao nível do geral, a premissa básica é a de que as ações de gestão ambiental 
se constituem numa racionalização das repressões sociais e ambientais conformadas 
pelos imperativos da globalização econômica e da estratégia política neoliberal. Ao 
nível do particular e do específico, discute-se as idéias em dois espaços lógicos: a) o 
que se refere aos fins da gestão ambiental, colocando sob mira os paradigmas; e, b) o 
do pensamento pragmático, que se refere aos meios. 
Embora a expectativa imediata de quem se defronta com um texto deste 
gênero é encontrar de início a apresentação do conceito central envolvido, optou-se por 
responsabilizar o leitor pela sua construção, como resultado da síntese do diálogo 
proporcionado pelo texto. Sendo assim, são apresentados e discutidos dados e 
informações que associados com as vivências e valores dos envolvidos neste diálogo, 
possibilitam a construção autônoma do conceito de gestão ambiental. 
As questões ambientais são referidas ao atual momento histórico, 
caracterizado pela intensificação da internacionalização econômica e ampliação dos 
fatores de competitividade na realização dos interesses econômicos, apropriação dos 
bens e serviços naturais. As relações comerciais internacionais apresentam-se 
submetidas aos imperativos das exportações fundados em padrões ambientais, cujo 
diferencial está em que os países desenvolvidos apresentam maior capacidade 
competitiva do que os menos desenvolvidos.1,2 
O conjunto de dados e informações atuais articulados aos seus antecedentes 
históricos da regulação internacional das questões ambientais em função de valores 
econômicos, sustentam a hipótese central deste trabalho, de que, as atuais 
contradições sociais e ambientais em nível internacional e ao nível dos países se 
conformam aos imperativos da intensificação da globalização econômica e da 
hegemonia da estratégia política do neoliberalismo. 
 
Interesses Internacionais 
As articulações entre os problemas ambientais e a globalização econômica 
resultam de um processo histórico que escapa à amplitude deste trabalho. Contudo, 
registra-se alguns aspectos históricos tomando-se a década de 1950, quando se 
acentuaram os interesses em pautar as questões ambientais a partir de diretrizes 
internacionais. Esses interesses se originaram da preocupação econômica com a 
interferência dos regulamentos nacionais sobre a competitividade das atividades 
petroleiras, de que uns países se instruíssem com regulamentos rígidos, enquanto que 
outros o fizessem com regulamentos mais permissivos, funcionando como subsídio ao 
setor. 
Na Conferência de Estocolmo, em 1972, se tornaram mais explícitos os 
diferentes interesses e contradições que circulam em nível internacional, quando os 
países do Sul se confrontaram com os países do Norte, insistindo na inclusão das 
questões sociais na agenda, como a pobreza e o acesso às tecnologias dos países 
desenvolvidos. Deste modo os países subdesenvolvidos buscavam debitar aos países 
desenvolvidos os impactos sociais e econômicos causados por eles. 
Em maio de 1998, o Conselho da Comunidade Econômica Européia, edita um 
regulamento que trata da implementação das cláusulas sociais e ambientais, 
estabelecendo que a partir de janeiro de 1998 poderia ser concedido regime especial 
de incentivos aos países em desenvolvimento em duas situações:3 
a) Para os países que adotem as normas das Convenções da Organização 
Internacional do trabalho (OIT) relativa à aplicação dos princípios do direito de 
organização e negociação coletiva, e a relativa a idade mínima de admissão ao 
trabalho. 
b) Para os países que adotem legislação que integre o conteúdo das normas da 
Organização Internacional das Madeiras Tropicais (OIMT). 
Chama atenção nestes itens reguladores o caráter de influência sobre assuntos 
dos países que ultrapassam os estritos interesses comerciais, interferindo sobre 
questões ambientais e de cumprimento da legislação trabalhista. Destaca-se ainda, o 
fato de que o item (b) atinja principalmente o manejo das florestas tropicais, embora 
sejam estimados que 80% dos negócios internacionais são feitos com madeira de 
florestas temperadas ou boreais do Canadá, Estados Unidos e Escandinávia. No caso 
do Brasil, a aplicação da norma se dirige principalmente para a madeira da Amazônia, 
aos reflorestamentos de eucalipto e araucária, que sofrem as maiores demandas. 
Estesimperativos ecológicos surgiram quando o Fundo Mundial para a Natureza 
(WWF) e empresas inglesas decidiram que só utilizariam madeira de florestas bem 
manejadas e certificadas pelo Forest Stewardship Council (FSC).4 
Verifica-se que os empreendimentos nacionais submetem-se à regulação 
jurídica e econômica internacional negociada politicamente. Dessas operações 
participa a Organização das Nações Unidas (ONU), estabelecendo diretrizes para a 
estruturação dos regulamentos internos dos países. Sendo inclusive defendida pelo 
presidente do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) a criação 
de um organismo mundial sobre o meio ambiente no âmbito da ONU. E, na "Rio + 5", 
foi levantada a necessidade de um novo arranjo institucional para monitorar os acordos 
e trabalhar na direção do desenvolvimento sustentável em parceria com a Organização 
Mundial do Comércio (OMC) e outros organismos internacionais.5 
Valores Ambientais 
O significado das variáveis ambientais enquanto valor de mercado na 
economia globalizada pode ser expresso pelo indicativo amplamente divulgado, de que 
quase a metade da produção líquida primária terrestre da biosfera, em termos de 
apropriação de recursos naturais e energia, já está comprometida para o consumo 
humano, tornando-se cada vez mais escassa. 
A ordem de grandeza dos interesses girando em torno dos valores ambientais 
é dada pela dimensão do "ecomercado" da Comunidade Econômica Européia, cuja 
estimativa em 1987 era de 278 bilhões de francos. E, somente a República Federal da 
Alemanha era responsável por 100 bilhões de francos, seguindo-se a França, Grã-
Bretanha e a Itália, com 53, 47 e 32 bilhões de francos respectivamente. Há ainda o 
fato de que a metade desse mercado era reservada para o tratamento da água. A 
perspectiva é de que o mercado europeu para os bens e serviços ambientais deva 
atingir a ordem dos 500 bilhões de francos no ano 2000, isto sem considerar o mercado 
do Leste.6 
No bojo dos interesses pelos valores ambientais circulam os organismos, 
instituições e grupos corporativos, dado o volume e direcionamento dos créditos e 
investimentos. Só o Banco Mundial realizou empréstimos de US$ 2 bilhões entre julho 
de 1992 e junho de 1993, dirigidos ao controle da contaminação urbana e industrial, 
gestão dos recursos naturais e desenvolvimento institucional. Um Plano de Inversões 
sobre o Meio Ambiente e Saúde (PIAS) para a América Latina e Caribe, formulado pela 
Organização Pan-americana de Saúde, e aprovado em 1991 pela Cúpula Ibero-
americana de Chefes de Estado, definiu como necessário o montante de US$ 216 
bilhões, 0,8% do PIB da região, a serem aplicados em 12 anos.7 
O sistema financeiro mundial que participa deste processo já movimentava 
US$ 2 bilhões na década de 90, tanto oferecendo crédito para proteção ambiental 
quanto avaliando riscos de crédito a empreendimentos com sinais de prejuízos por 
danos ambientais, pelos quais pode ser co-reponsabilizado. As seguradoras também 
vêm crescer as carteiras que cobrem danos causados a terceiros que incluem os danos 
ambientais. 
Há estimativas de que o controle de emissão de uma tonelada de carbono para 
a atmosfera deverá valer US$ 10, levando a que várias empresas nacionais e 
estrangeiras se interessem pelo mercado de captura de carbono e pela substituição de 
insumos energéticos e industriais (carvão fóssil e petróleo) por recursos com menor 
potencial poluidor. Estes interesses foram catalisados pelo acordo firmado entre 159 
países em Kyoto, em dezembro de 1997, que traçou a meta de redução das emissões 
anuais de carbono de 6 bilhões para 5 bilhões de toneladas até 2005, o que resultará 
num valor de US$ 10 bilhões.8 
Contradições em Nível Nacional 
A internacionalização intensificada da economia e ação política da estratégia 
neoliberal sobre as nações, refletidas pelas contradições sociais e ambientais locais, 
resultam do movimento de "modernização" tecnológica e econômica geradas pela 
capacidade de "destruição criativa" da economia de mercado (do capitalismo) e pelo 
processo de "desburocratização" do Estado, via a sua desregulamentação e 
privatização dos bens de produção e serviços.9 Ocorrem modificações na matriz 
tecnológica dos sistemas produtivos que passam do uso intensivo de mão-de-obra para 
o uso intensivo de capital, submetendo a conquista de vantagens competitivas ao 
domínio das inovações tecnológicas, e as atividades produtivas estatais à regulação 
das leis de mercado. 
Paralelamente aos processos da globalização e da estratégia neoliberal, há o 
dado de que a degradação ambiental e seus impactos sob a qualidade de vida humana 
são imediatamente percebidos, impelindo as pessoas e as organizações da sociedade 
civil para posicionamentos de caráter político. Os reflexos dessa mobilização social se 
encontram na "Agenda 21", cujos conteúdos de princípios norteadores das políticas 
públicas introduz o direito à vida saudável e produtiva em harmonia com a natureza, 
direito ao desenvolvimento, consideradas as necessidades das gerações presentes e 
futuras, a necessidade de redução das disparidades sociais e econômicas. 
O cenário econômico e a ação política social configuram um complexo quadro 
de pressões, que são exercidas por grupos de poder econômico e político, por 
movimentos corporativos e sociais, cujas repercussões sobre o processo de gestão 
ambiental em nível local é a sua conformação como instrumento de racionalização das 
repressões ambientais e sociais.10 Em cumprimento às exigências internacionais 
alguns países formulam Planos Nacionais de Ação Ambiental atendendo aos 
condicionantes formais para obtenção de empréstimos junto ao Banco Mundial e o FMI. 
Criam normas reguladoras, de licenciamento ou autorização para o desenvolvimento 
das atividades e empreendimentos que tenham efeitos sobre os bens e serviços 
naturais. E, mais recentemente, tendem ao estabelecimento de preços relativos para os 
recursos naturais e internalização dos danos ambientais nos custos dos produtos e 
serviços, inclusive a sua contabilização como valores passivos nas transações de 
venda e compra de empresas.11 
Na medida em que se detalha e se situam os elementos de racionalidade da 
gestão ambiental no contexto da globalização econômica e da estratégia neoliberal, 
questiona-se a visão funcionalista que atribui aos governos nacionais os fracassos das 
políticas ambientais, a incapacidade de fixar prioridades para os problemas e de definir 
as intervenções. Também se problematiza os limites e possibilidades de intervenção da 
gestão ambiental, seus fins e meios. 
Fins e Meios da Gestão Ambiental 
Ao problematizar os fins da gestão ambiental são focalizas duas categorias: a 
que denominaremos de fins últimos, exemplificados pelo sentido que se dá aos bens e 
serviços naturais, se como realização da vida ou como bem de valor no mercado; e a 
que chamaremos de fins operacionais, cujo exemplo é a busca da elevação do poder 
de competitividade dos produtos e serviços de uma empresa, bem como a obtenção de 
rentabilidade para garantir a plena realização dos negócios. 
Apesar de que os fins últimos façam parte dos discursos dos planos e relatórios 
de gestão, muitas vezes sob a forma de "missão da empresa", a racionalidade 
administrativa privilegia os fins operacionais, procurando dar conteúdo de maior 
objetividade às ações e projeções dos resultados. Isto ocorre porque os atributos de 
racionalidade encontram-se nos meios, nos recursos técnicos e científicos, cuja 
eficácia é passível de ser verificada através do alcance dos resultados esperados. Esta 
ênfase nos fins operacionais submete as questões ambientais à racionalização 
administrativa e econômica, sendo tratadas de modo a adequar os meios mínimos aos 
propósitos de maximização dos fins.12 Já os fins, por serem determinados através de 
juízos de valor, em grau maior de subjetividade na medida emque transitam dos fins 
operacionais aos fins últimos, acabam se tornando "pano de fundo", ou recurso de 
"market". 
Como estímulo para as nossas reflexões tomemos as idéias de três ilustres 
economistas que transitam em campos diferentes do pensamento econômico. O 
economista e deputado, Roberto Campos13, importante defensor do liberalismo 
econômico, nos informa que a economia de mercado (ou capitalista) não é um paraíso, 
que seu horizonte é principalmente os bens que têm valor de troca entre os agentes 
econômicos, ficando as questões dos valores humanos, culturais ou outros, na 
dependência das partes. Outro economista, Ronaldo Seroa14, que, ressaltando a 
utilidade da valoração econômica dos recursos naturais para a tomada de decisões, 
alerta para as limitações e incertezas científicas relacionadas com a capacidade de 
tratar as funções ecossistêmicas. E, o economista Celso Furtado15, nos diz que é 
possível obter maiores esclarecimentos sobre as perspectivas futuras apoiando-se em 
informações no campo das artes e da ideologia do que num bem elaborado modelo 
econômico. 
Estes três autores nos conduzem ao entendimento de que a gestão ambiental 
é uma atividade que trata de um objeto caracterizado tanto pelo valor de troca entre os 
agentes econômicos quanto pelos valores sociais e culturais. E, na medida em que, 
devido à natureza do empreendimento, são previstos impactos sociais significativos, a 
consideração dos valores sociais e culturais torna-se altamente relevante pela 
ampliação dos riscos de falhas no sistema de gestão, o que explicaria a ênfase da 
abordagem funcionalista sobre as atividades e os meios sob a premissa de que os fins 
já estão dados. 
Gestão ambiental na agricultura 
A importância da agricultura no espaço rural confere ao setor agrícola um papel 
estratégico na condução do processo de transformação estimulado pela política de 
desenvolvimento sustentável. Neste sentido, o espaço rural não é visto apenas como 
uma base física, onde o processo de produção agrícola se instala, mas também, 
associado à necessidade humana de desfrutar desta parte da natureza, como parte 
fundamental da qualidade de vida que tanto deseja a sociedade atual. 
Para a sustentação da posição competitiva da agricultura nacional no contexto 
internacional e, no próprio mercado interno, em face de uma economia aberta num 
mundo globalizado, é fundamental a redefinição das políticas públicas brasileiras. 
Nesse sentido, o primeiro aspecto dessa questão política que se converte em quesito 
estratégico é representado pela qualidade e quantidade do capital intelectual a serviço 
da agricultura, seja no setor público, seja no setor privado16. 
A agricultura é uma das principais fontes de alimentos e de sobrevivência para 
as populações que aumentam significativamente e, conseqüentemente, exigem um 
crescimento na produção de alimentos. Entretanto, a agricultura desenvolvida de forma 
intensiva e com utilização maciça de insumos químicos e tecnológicos tem provocado 
muitos impactos adversos no ambiente17. Esse modelo econômico de desenvolvimento 
agrícola, caracterizado por um alto uso de pesticidas, não considerou as 
conseqüências ambientais e para com as populações, promovendo a contaminação e 
degradação de solos e reservatórios de águas, a salinização, os desequilíbrios 
ecológicos e reduzindo a biodiversidade 
Dada a diversidade agroecológica do território nacional e pela variabilidade 
sócio-econômica existente no país, a agricultura é heterogênea e complexa em seus 
sistemas e estruturas de produção. Neste contexto, se observa dois extremos sistemas 
de produção. De um lado, sistemas agrícolas com alto consumo de recursos naturais, 
como desmatamento, perda de solos, redução de fertilidade, que por razões 
socioeconômicas evoluem de modo lento, mantendo a forma crônica e constante de 
seus impactos ambientais18. 
No outro extremo, estão os sistemas de produção altamente tecnificados que 
consomem relativamente menos recursos naturais locais, mas deixam no ambiente 
novos elementos e produtos potencialmente causadores de desequilíbrios ambientais, 
como fertilizantes químicos, herbicidas e pesticidas. 
Via de regra, os impactos ambientais adversos desencadeiam os impactos 
sociais. No entanto, qualquer que seja a ação impactante que resulte danos na 
qualidade ambiental, terá seus custos socializados. Para os grupos sociais 
economicamente menos privilegiados, os impactos ambientais e sociais representam, 
sempre, um elevado ônus material e psíquico19. 
Um sistema agrícola pode ser considerado sustentável quando proporciona 
rendimentos estáveis em longo prazo, utilizando práticas de manejo que integrem 
elementos do sistema, de modo a melhorar a eficiência biológica do mesmo 20. 
Assim, todas as atividades econômicas vêm sendo desafiadas a produzir e ao 
mesmo tempo lidar com a contrapartida, que é preservar, cuidar e limpar os elementos 
naturais dos quais fazem uso. Essas ações sobre o meio ambiente e os recursos 
naturais têm um custo que deve ser pago não apenas pela sociedade, pelos 
contribuintes ou pelos consumidores, mas também, pelos segmentos de produção que 
compõem os sistemas agro-industriais21. Este mesmo autor conceitua gestão ambiental 
como um conjunto de medidas e procedimentos bem definidos e adequadamente 
aplicados que visam a reduzir e controlar os impactos causados por um 
empreendimento sobre o meio ambiente. 
O desenvolvimento de um novo modelo de práticas agrícolas, a 
sustentabilidade na agricultura, implica na reorganização das relações essenciais da 
sociedade, das ações governamentais e das instituições de ensino e pesquisa. Deve-
se ressaltar que a sustentabilidade inclui a noção do longo prazo, quando propõe que 
as futuras gerações tenham recursos assegurados. A análise sobre a sustentabilidade 
no setor tem constatado que apesar de todos os impactos adversos na agricultura, é 
possível conciliar a melhoria da qualidade ambiental com o desenvolvimento 
econômico agrícola22. 
Muitas empresas agrícolas estão considerando as conseqüências ambientais 
de suas atividades como um meio de obter vantagem competitiva23. Essa mudança, 
segundo os autores, é delineada pelo significativo interesse em códigos de 
padronização privada, tais como aqueles encontrados na ISO 14000. Esses códigos 
são caracterizados por um acordo voluntário no qual a organização se compromete em 
estar em conformidade com um conjunto de princípios de gestão ambiental. Segundo 
os autores, as potenciais recompensas estão relacionadas a um menor custo, devido à 
redução no uso de insumos e uma maior aceitação do produto no mercado. 
apesar das instituições de ensino, universidades e escolas agrotécnicas, 
estarem inseridas de modo direto no contexto rural, e possuírem elementos ambientais 
necessários à prática de educação ambiental, há falta de dados sobre a aplicação de 
técnicas agropecuárias ministradas pelas escolas, que estejam relacionadas à 
conscientização da preservação e reabilitação dos recursos naturais20. É necessário à 
reestruturação da educação rural, pois a escola tem grande importância tanto para a 
migração, como para a fixação do homem ao campo24. 
Uma melhor preparação dos produtores rurais para o trabalho e uma melhor 
qualidade de vida, através do ensino, exige investimentos na educação, para que seja 
desmistificada a idéia de que para trabalhar no meio rural não é preciso estudo, o que 
contribui para a visão de que o produtor rural não necessita profissionalizar-se para 
administrar sua propriedade de forma produtiva e sustentável. 25ressalta que o acesso 
à educação pelos jovens rurais não é um elemento de estímulo ao abandono do meio 
rural. 
As instituições de ensino devem, portanto, implementar mudanças nos 
conteúdos educativos e na metodologia pedagógica, porque os atuais conhecimentos 
sobre educação ambiental não são suficientes para evitar distorções,como por 
exemplo, no processo produtivo agrícola. As transformações produtivas, ambientais e 
sociais que permitirão a emancipação dos produtores rurais, somente serão 
alcançadas se precedida pelo processo educacional. Neste contexto, a educação 
ambiental dentro da educação tecnológica e profissional surge como uma alternativa 
para reverter essa situação e atuar para que o conhecimento supere a ignorância sobre 
os temas ambientais 26. 
Nesse sentido, torna-se relevante investigar fatores capazes de influenciar de 
modo positivo ou negativo a conscientização ambiental dos vários atores envolvidos 
em um processo produtivo qualquer. Sobre essa proposição pesquisas têm sido 
realizadas, especialmente em estudos que investigam a relação entre atitudes 
ambientais e ações práticas sobre o ambiente. 
Considerações Finais 
Como se pretendeu argumentar, as ações de gestão ambiental estão referidas 
com as questões ambientais específicas subordinadas aos seus determinantes e 
condicionantes de ordem particular, e estes, aos de ordem geral histórico-social. Na 
realização dos interesses econômicos internacionais sob a ordem política da estratégia 
neoliberal, é imposto aos países considerar as questões ambientais como variáveis 
ecológicas dentre outras na economia de mercado. Sendo assim, não se esgota a 
compreensão dos fatos ambientais na aparência dos fatos específicos, ampliando-se a 
visão do processo de gestão com a discussão das origens dos problemas, da natureza 
profunda dos fins e meios. É com esta ótica que o gestor se torna capaz de entender o 
trânsito da realização dos interesses econômicos entre os instrumentos reguladores, ou 
do tipo comando e controle, e os instrumentos econômicos ou de mercado; da 
transição do conceito de externalidade para o de internalização dos efeitos do modo de 
produção; entender o caráter político que tem adquirido as manifestações sociais, as 
suas derivações da ampliação e intensificação dos impactos sociais causados pelos 
processos produtivos, serviços e consumo. Também deste modo, o gestor ambiental 
pode entender o caráter das políticas e atividades empresariais e dos organismos 
governamentais face aos conflitos de interesses e competição econômica pelos 
recursos escassos, onde o poder público é o principal agente regulador. 
Como síntese da reflexão, pode-se chegar à razão dialética entre juízo de fato 
e juízo de valor, impondo o reconhecimento de que os fins, meios, previsibilidade e 
conseqüências, são categorias particulares cujo sentido se refere à importância relativa 
das questões ambientais e aos fins da gestão ambiental. E, que, portanto, impõem-se 
"sociologizar" a "ecologização" dos pensamentos, compreendendo que tanto o 
pensamento técnico e científico quanto o senso comum são produtos histórico-social. 
Que, os limites e possibilidades da gestão ambiental estão dados pelas circunstâncias 
e pelos sistemas de valores que orientam as escolhas sociais, determinantes da 
significância dos problemas e condicionantes dos fins da gestão ambiental. 
REFERÊNCIAS 
1 GUTIERRES, MARIA B. SARMIENTO. (1997). Comércio e Meio Ambiente no 
Mercosul: Algumas Considerações Preliminares. TD 470. IPEA. RJ. 
2 MOTTA, RONALDO SEROA. (1997). Desafios Ambientais da Economia Brasileira. 
TD 509. IPEA. RJ. 
3 NEGRI, JÃO ALBERTO; CARVALHO, ALEXANDRE. ( 1999) O Impacto das 
Cláusulas Sociais e Ambientais do Sistema Geral de Preferência da CE nas 
Exportações Brasileiras. TD 634. IPEA. RJ. 
4 SÁ, WALTENCY R. (2000). Globalização Econômica, Neoliberalismo e Meio 
Ambiente. http://www.homeshopping.com.br/~epiambi 
http://virtual.pt.fortunecity.com/portateis/172/ CEMEA BH. MG. 
5 Gazeta Mercantil (19/03/1997). Especialistas Defendem Organismo Mundial. A-5. 
B.H. 
6 ALPHANDÉRY, P.; BITOUN, P.; DUPONT, Y. (1992). O Equívoco Ecológico, Riscos 
Políticos da Inconsequência. Ed. Brasiliense. S. P. 
7 MARCHANT, P.E.; CANDIA, R.C. (1995). Trabajo Local, El Vigilante del Entorno. 
Instituto de Ecologia Política Programa de Atención Primaria Ambiental.. Santiago. 
Chile. 
8 Gazeta Mercantil (21/03/1997). Combate ao Efeito Estufa Pode Girar US$ 10 bi, A-6. 
B.H. 
9 SÁ, WALTENCY R. (2000). Citado. 
10 LAYRARGUES, P. POMIER. (2000) Sistema de Gerenciamento Ambiental, 
Tecnologia Limpa e Consumidor Verde: a Delicada Relação empresa-meio ambiente 
no ecocapitalismo. ERA-Revista de Administração de Empresas 40(02):80-88. S. 
Paulo. 
11 SÁ, WALTENCY R. (2000). Citado. 
12 PEREIRA, JOSÉ CARLOS. (1993). Sobre o Emprego do Termo Racional em 
Economia e Administração. Revista de Administração de Empresas. 33(3):76-83. 
S.Paulo. 
13 CAMPOS, ROBERTO. (1995). Uma Crítica do Capitalismo. Jornal Folha de S.Paulo, 
26-03, cad.1 p.4. S. P. 
14 MOTTA, RONALDO SEROA. (1998). Manual para Valoração Econômica de 
Recursos Ambientais. Prefácio e p. 18-19. Min. do Meio Ambiente. Brasília 
15 FURTADO, CELSO. (1981). O Brasil Pós –"Milagre". Pg.57. Ed. Paz e Terra. RJ. 
16GONÇALVES, J. S. (2002) - Agricultura brasileira: desafios ao fortalecimento de um 
setor fundamental. Apta São Paulo. Acessível em: 
<http://www.apta.sp.gov.br/série%.htm>. Acesso em: 12 jan. 2004. 
http://www.homeshopping.com.br/~epiambi
http://virtual.pt.fortunecity.com/portateis/172/
http://www.apta.sp.gov.br/s�rie%.htm>
 
17COSTA, R. A. et al. (2002) - Desenvolvimento sustentável em áreas de impacto 
ambiental na agricultura familiar da Região do Médio Alto Uruguai-RS. Livres 
Contribuições. Porto Alegre. 
18EMBRAPA. (2002) - Impacto ambiental das atividades agrícolas. CNPM/EMBRAPA. 
Jaguariúna, SP. Disponível em: 
<http://www.cnpm.embrapa.br/projetos/cana/espec.html>. Acesso: 08 Set. 2009. 
19FILHO, F. D. A. (2002) - Impactos ambientais e gestão ambiental: comentários para 
debates. IGCE/Unesp. Rio Claro, SP. 
20BELLAVER, I. H. H. (2001) - Percepção do conhecimento sobre sustentabilidade 
ambiental entre técnicos agrícolas e produtores rurais na Região Oeste do Estado de 
Santa Catarina. Dissertação (Mestrado em Tecnologia) - Centro Federal de Educação 
Tecnológica do Paraná. Curitiba. 
21GIORDANO, S. R. (2000) - Gestão ambiental no sistema agroindustrial. Pioneira. São 
Paulo. 
22MARIA, I. C. (2000) - Agricultura e meio ambiente. Instituto Agronômico de Campinas. 
Vol.52, n.1, p.43. 
23WALL, E.; WEERSINK, A. & SWANTON, C. (2001) - Agriculture and ISO 14000. Food 
Policy. Vol.26, n.1 p.35-48. 
24MUSSOI, E. M. (1993) - Juventude rural: em busca de um trabalho sob nova 
dinâmica. EPAGRI. Florianópolis. 
25ABRAMOVAY, R. et al. (1998) - Juventude e agricultura familiar: desafios dos novos 
padrões sucessórios UNESCO. Brasília, DF. 
26GRABE, S. (1989) - La educación ambiental en la educación técnica y profesional. 
OREALC/UNESCOPNUMA.Santiago. 
http://www.cnpm.embrapa.br/projetos/cana/espec.html>
 
ATIVIDADES DE APOIO AO ENSINO-APRENDIZAGEM 
 
01. Descreva as condições de equilíbrio entre o solo e o ambiente antes da colonização. 
02. Quais são as conseqüências da quebra do equilíbrio entre o solo e o ambiente? 
03. O que é erosão? 
04. O solo é um recurso natural facilmente recuperável? 
05. Qual é a diferença entre o empobrecimento do solo pela erosão e o empobrecimento pelas 
culturas? 
06. Discuta a responsabilidade individual e da nação de conservar o solo. 
07. O que você entende por sustentabilidade? 
08. Quais os pilares da sustentabilidade? 
09. Exemplifique uma atividade sustentável? 
10. No tema Gestão ambiental elabore 5 questões e responda? 
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