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EBOOK COMPLETO Responsabilidade Socioambiental

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Unidade 1 - Aspectos introdutórios da temática socioambiental
INTRODUÇÃO
Atualmente, a humanidade apresenta forte preocupação com as questões
ambientais. No sentido restrito, utilizamos o termo “ambiente” para nos referirmos
aos aspectos da natureza, como a água, as plantas, os “animais”; mas
consideramos a “sociedade” como algo à parte, como se não houvesse um elo entre
ambos. Qual motivo, porém, para inserimos aspas nos respectivos termos?
Porque somos educados, ou doutrinados, a restringi-los em seus significados.
Quando abordamos a palavra “animais”, em certo ponto, inferiorizamos as demais
espécies por sermos seres pensantes – mas, nisso, fracassamos. Nós nos
consideramos inteligentes; porém, não sabemos respeitar o meio em que vivemos.
Somos definidos como sociais; todavia, negligenciamos o respeito à opinião, a
escolha, ao status social do outro. Nessa direção, chegamos ao limite: da
abundância de recursos naturais, mas também do preconceito, iniciando uma
corrida contra o tempo para equilibrar a balança, e alcançarmos a harmonia.
Podemos afirmar que a humanidade formou subgrupos. Diferentemente de outras
espécies, na nossa, um subgrupo procura sobressair-se ao outro, fazendo com que
se estruture uma pirâmide social (Figura 1), o que, em determinados momentos,
acarreta discriminação.
No entanto, por qual motivo falamos de ser humano e sociedade, se a temática é
ambiente? Essa pergunta poderá ser respondida com outra: afinal, somos também
ambiente? Se a resposta for positiva, o que nos levaria a pensar que questões
sociais não são discutidas na temática ambiental? O primeiro exercício necessário é
a reflexão de que não existe diferença entre sociedade e ambiente: ser humano e o
seu meio constituem algo mútuo e unitário. A compreensão é aparentemente
simples, mas torna-se complexa ao tentarmos colocá-la em prática.
Figura 1. Modelo de pirâmide social brasileira, classificada pela renda. Fonte: IBGE
(2015) apud Mussi, 2017, p. 20.
Uma reflexão importante é sobre o que nos leva atualmente a abordar esse discurso
socioambiental com afinco. Talvez seja a busca pela sensibilização social, não se
restringindo à conscientização. Sensibilizar a população às questões
socioambientais procura estimular seu engajamento e trabalho efetivo, com a
finalidade de um ambiente de melhor convívio.
Deve-se, por sinal, compreender que a palavra trabalho não está restrita às relações
de emprego, mas a toda e qualquer atividade socioambiental realizada. Para melhor
compreensão, pode-se afirmar que a produção do conhecimento e o desligamento
histórico entre sociedade e ambiente são formas de trabalho. Dessa forma, o
trabalho é o produto dos fenômenos e da relação entre sociedade e natureza, que
procura atingir alguma meta ou objetivo. Essa finalidade é denominada teleologia.
CONTEXTUALIZANDO
A concepção de trabalho foi estudada pelo cientista Sergio Lessa para elaboração
da sua tese de doutorado, que resultou no livro Mundo dos homens: trabalho e ser
social. O enredo da obra baseia-se na concepção de trabalho como processo de
complexidade do ser social e no trabalho abstrato (força produtiva). A abordagem da
obra é de cunho filosófico e sociológico, e convida-nos a conhecer e ampliar a visão
sobre o tema (LESSA, 2012).
Nesse enredo filosófico, podemos pensar na relação de trabalho que temos com o
nosso meio e em ambas as questões, físicas e sociais que o envolvem.
Compreender esse relacionamento socioambiental exige conhecimento de diversas
áreas – humanidades, sociais aplicadas, exatas e saúde. Cada qual traz uma forma
de construção de conhecimento – nem sempre convergente –, e essa contradição,
ou contraposição de ideias tem a capacidade de formar novos conhecimentos. É o
que se denomina dialética.
Esse debate de ideias é importante para a formação de conhecimento, pois o
ambiente se constitui na interdisciplinaridade. Dessa maneira, a implementação do
método cartesiano como forma de compreender melhor os fenômenos que nos
rodeiam acarretou alguns problemas: com o formato de fragmentação do
conhecimento, precisamos, agora, unir as diversas ciências, algo de suma
importância para compreendermos o ambientalismo.
CITANDO
Leandro Konder tratou da dialética em sua obra O que é a dialética, publicada pela
primeira vez em 1981. O livro, que faz uma abordagem estrutural histórica, filosófica
e sociológica sobre o tema, traz a seguinte definição de dialética pelo autor: “O
modo de pensarmos as contradições da realidade, o modo de compreendermos a
realidade como essencialmente contraditória e em permanente transformação”
(KONDER, 2008, p. 8).
OS PROBLEMAS AMBIENTAIS DA ATUALIDADE
A crescente demanda por uma soberania econômica dos países implica sérios
problemas ambientais. Para movimentar a “máquina” financeira e se tornarem
concorrentes, as grandes empresas buscaram o lucro e se ausentaram das
questões do ser humano e seu meio.
A crescente demanda por uma soberania econômica dos países implica sérios
problemas ambientais. Para movimentar a “máquina” financeira e se tornarem
concorrentes, as grandes empresas buscaram o lucro e se ausentaram das
questões do ser humano e seu meio.
É complexo afirmar que os governos são responsáveis pelo desenvolvimento
regional, pois, durante o processo histórico, em especial após a Segunda Guerra
Mundial, as grandes corporações, as multinacionais, iniciaram uma espécie de
regência econômica global. Em geral, torna-se perceptível a necessidade das
indústrias e do setor de serviços para a manutenção de empregos, geração de
rendas e afins.
Uma indústria multinacional, ao se instalar, por exemplo, em determinada cidade,
ocasiona o surgimento de outras pequenas empresas que lhe darão suporte
produtivo (peças, tecidos ou qualquer tipo de matéria-prima). Também ocorrerá a
ampliação do comércio e outros meios de serviços, devido à chegada de novos
moradores ou visitantes, ampliando a abertura de hotéis, restaurantes, entre outros.
Além disso, os gestores regionais procuram melhorar os serviços básicos,
principalmente aqueles relacionados ao transporte, o que facilita a locomoção. Isso
demonstra a formação de uma cadeia que, com o passar dos anos, gera maior
engajamento.
Aparentemente, todo esse processo parece positivo; contudo, há, também, um lado
obscuro. A falta de preocupação com o meio físico ocasionou a devastação de
florestas, ameaçando a sobrevivência de espécies. Essa remoção de cobertura
vegetal também ocasionou a degradação dos solos, bem essencial à manutenção
da vida, assim como dos recursos hídricos, que foram poluídos – em ambos os
casos, com consequências consideradas irreversíveis. A exploração de bens
minerais tornou-se altamente crescente, mas a manutenção dos recursos não pôde
acompanhar a demanda.
Além disso, o fenômeno da urbanização ocasionou aumento demasiado na geração
de resíduos sólidos e efluentes, bem como a constante emissão de particulados
atmosféricos (orgânicos e inorgânicos), por meio dos gases emitidos por indústrias,
transportes e pela realização de queimadas (Figura 2).
Figura 2. Ilustração dos problemas ambientais da atualidade - AR; ÁGUA; TERRA;
FOGO. Fonte: SOUZA, 2014.
Não somente as questões relacionadas ao meio físico, porém, registraram impactos.
A necessidade de mão de obra acarretou a busca por pessoas de outras regiões
que aceitassem empregos exploratórios, sujeitando-se a uma elevada carga de
trabalho e a baixos salários. Os resultados desse processo foram xenofobia e
inferiorização do trabalho feminino, e o preconceito contra raça e gênero tornou-se
crescente. O status social e profissional paira sobre o ambiente, dando margem à
inferiorização. Mesmo assim, os subgrupos, comentados anteriormente, foram
incorporados socialmente e ganharam força, mas sabemos que esses problemas
ainda se encontram presentes, embora as legislações e os movimentos para
mudanças se encontrem ativos e tenham obtido resultados positivos. Todavia, muito
ainda precisa ser feito.
CURIOSIDADE
A história de Marie Curie é inspiradora. Nascida em1867, na Polônia, desafiou
todos os preconceitos existentes quanto à inferiorização social da mulher. Realizou
um trabalho crucial sobre a radioatividade, sendo a primeira mulher, e a única
pessoa no mundo, a ganhar o Prêmio Nobel duas vezes em categorias científicas
distintas, química e física. Lutou contra toda forma de discriminação e preconceito, e
seu legado científico é reconhecido e aplicado até os dias atuais, principalmente nas
áreas de física, química e na medicina.
É importante perceber que as atividades relacionadas à economia estarão sempre
interligadas aos problemas socioambientais. A empregabilidade e a necessidade de
circulação financeira elevam as relações no interior da sociedade e o meio físico.
A educação é uma ferramenta “libertadora” para a erradicação dos problemas
apresentados; entretanto, as falhas nesse processo são enormes. O esquecimento
de que educar é a principal ferramenta para a formação de cidadãos é uma das
principais delas. A realização de mudanças deve ser iniciada a qualquer momento,
por mais simples que seja a atitude; porém, a educação será crucial e terá impactos
na construção de um novo futuro.
As questões relatadas implicam sérias consequências para um bom
desenvolvimento socioambiental. A saúde humana é a principal impactada e motivo
de estudos em diversos países. Um dos temas trabalhados em países
desenvolvidos é a influência das questões socioambientais na população, pois é
perceptível o crescimento do número de mortes por câncer devido à poluição, da
procura por psicólogos e psiquiatras devido a problemas de relacionamento etc. – e
isso influencia a qualidade de vida e bem-estar do ser humano. As melhorias
surgirão primeiramente da sensibilização, e posteriormente no trabalho para
modificação – formas de ação denominadas práxis.
DICA
A práxis é o processo da junção entre teoria e prática. A explanação desse conceito
foi realizada no trabalho realizado por Pereira e colaboradores (2016), chamado: “O
conceito de práxis e a formação docente como ciência da educação”. Mesmo com
uma abordagem mais voltada à pedagogia, os autores procuram apresentar os
princípios fundamentais do conceito.
Os meios de comunicação facilitaram nossa percepção sobre o sistema causa-efeito
dos problemas ambientais. Todavia, é importante relembrá-los para fixá-los em
nosso cotidiano. Podemos classificá-los em:
1 - Discriminação por questões de classe, gênero, razão e etnia;
2 - Exploração irregular de recursos naturais;
3 - Abuso de autoritarismo por status social, empregatício ou acadêmico;
4 - Despejo de rejeitos em locais e formas indevidas;
5 - Desmatamento e caça predatória;
6 - Exploração de mão de obra;
7 - Emissão constantes de poluentes atmosféricos;
8 - Ausência de aprendizado sobre deveres sociais éticos.
As causas dessas questões acarretam uma conjuntura de reuniões, debates e
movimentos sociais, para o despertar da sensibilização. A academia, como principal
membro estrutural de discussão dos problemas socioambientais, tem o
compromisso de trabalhar esses temas e propor soluções. Entretanto, uma única
ciência não é capaz de ter a totalidade de conhecimentos necessários para essa
finalidade.
Um sociólogo, por exemplo, não tem competência, em sua formação, para
implementar tecnologias industriais de recuperação de áreas degradadas – mas tem
o conhecimento necessário para compreender as causas humanas que levaram à
degradação do local. Um administrador não tem, em seu perfil profissional,
qualificação para análises químicas de despejo de efluentes em rios – mas pode
trabalhar em conjunto com um especialista na área ambiental para propor uma
gestão sustentável de resíduos. Esses exemplos demonstram a importância do
trabalho conjunto das diferentes áreas.
No decorrer do processo de construção do conhecimento, podemos subdividir esse
trabalho conjunto em três aspectos:
1. Multidisciplinar
Cada área contribui com seu conhecimento, sem modificações; há uma espécie de
ponto de vista.
2. Interdisciplinar
As áreas do conhecimento adentram-se umas nas outras e formam uma interligação
de conhecimentos.
3. Transdisciplinar
Não existem áreas de conhecimento. Tudo é contínuo, sem ocasionar espécie
alguma de divisão ou interrupção.
Este último aspecto é considerado, por diversos cientistas, uma utopia, devido à
complexidade de um único ser lidar com todo tipo de área existente. No caráter
multidisciplinar, a falta da construção de novos pensamentos não apresentará
eficácia quando em comparação com a interdisciplinaridade. Já a
interdisciplinaridade recebe contribuições em diferentes áreas, e ocorre um
engajamento, com a construção de novas formas de pensamentos aplicadas em
diferentes contextos. Nesse caminho, o discurso socioambiental apresenta sua
formação.
Atualmente, praticamente todos os cursos de formação profissional e tecnológica
(técnico, graduação ou pós-graduação) trazem alguma disciplina, ou assuntos
dentro de sua ementa, que abordam a temática ambiental. Nesse sentido, os
projetos ambientalistas, por abarcarem diferentes áreas do conhecimento,
demonstram robustez de elaboração e execução, uma vez que sua construção
exige diferentes pontos de vistas, que são interligados e contextualizados.
No Brasil, os cursos de pós-graduações stricto sensu (mestrado e doutorado)
inseridos na área de ciências ambientais da CAPES (Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) apresentam a interdisciplinaridade
de áreas como obrigatoriedade no processo de construção de suas dissertações e
teses. Caso o trabalho não tenha esse escopo, poderá ser penalizado com
reprovação. As questões sociais, inclusive, devem ser contempladas na
problemática da pesquisa, pois, em sua maioria, os programas têm o objetivo de
formar recursos humanos capazes de compreender e solucionar problemas
relacionados ao ambiente.
UM CONVITE PARA REPENSAR O AMANHÃ
Nossas formas de agir, sejam elas positivas, ou negativas, implicarão no futuro.
Como forma de refletir sobre a exposição anteriormente realizada, percebe-se que o
ambiental é algo mais abrangente do que os elementos físicos.
Nossas formas de agir, sejam elas positivas, ou negativas, implicarão no futuro.
Como forma de refletir sobre a exposição anteriormente realizada, percebe-se que o
ambiental é algo mais abrangente do que os elementos físicos.
Compreender a natureza e suas interligações é um processo complexo; contudo,
em um primeiro momento, talvez seja primordial respeitarmos os elementos que nos
rodeiam. Somos todos os dias convidados a refazer um novo amanhã, e repensá-lo
significa transformar nossas atitudes e propor ações de melhoria.
Procuremos deixar o pensamento focado no dinheiro, as atitudes de soberba, a
ganância para passarmos a conviver em harmonia. A teoria ética que aprendemos
no período escolar é sempre necessária de ser colocada em prática,
sensibilizando-nos com o meio em que estamos e que vivenciamos. Diferentemente
das demais espécies, somos seres pensantes – e, ao realizarmos escolhas e
ponderarmos nossas atitudes, conhecemos as consequências das nossas ações.
Portanto, ao prejudicarmos o meio em que vivemos, temos conhecimento dos
impactos que causaremos a nós mesmos.
As gerações futuras agradecerão as transformações positivas que nos propusermos
fazer hoje, e deverão dar continuidade a elas, pois este é um trabalho constante,
ininterrupto e inacabável: a manutenção do nosso meio é fundamental para
melhorar exponencialmente a qualidade de vida e, consequentemente, nossa
felicidade.
Numa sociedade harmonizada, todos têm bons lucros em ambos os aspectos,
financeiro e moral – pois passamos a refletir sobre o coletivo, e não somente sobre
as questões individuais. Procuremos, portanto, sempre fazer esse exercício de
pensar no próximo, sobre as coisas que nos rodeiam e sobre o amanhã.
Conceitos e definições
Antes de iniciarmos este tópico, é importante pensarmos que o conhecimento é
construtivo.
A academia exige constantes reflexões sobre suas teorias, pois é dela a
responsabilidadede formar novos conhecimentos. Como acadêmicos, devemos
lembrar que o conhecimento deve ser por nós construído, e não simplesmente
recebido e reproduzido. Algumas pessoas se perguntam por qual motivo existe a
necessidade de constantes e diferentes formas de leituras – livros, notas, artigos,
comunicações curtas –, e essas questões dúbias são erradicadas quando
entendemos o verdadeiro sentido de sermos acadêmicos.
Neste tópico, serão tratados alguns conceitos e definições utilizados frequentemente
na temática socioambiental. Todavia, é importante lembrar que eles são passíveis
de mudanças, uma vez que a academia é dinâmica e se encontra em constantes
transformações. As práxis implementadas são responsáveis pelo surgimento de
novas formas de visão, já que a prática é crucial na efetivação do pensamento
teórico.
// Socioambiental/ambiental
Como abordado, compreende-se como socioambientais (ou ambientais) as relações
existenciais entre sociedade e natureza. É algo inseparável, que tem como produto
o trabalho.
Não há, nessa relação, superioridade ou inferioridade entre as partes, mas um
equilíbrio. Torna-se importante a fixação dessa “balança equilibrada”, pois durante
séculos existiu uma discussão acerca de uma superioridade entre as partes: ora, a
sociedade é responsável pela regência do seu meio; ora, a gerência ocorre no
sentido inverso. Essa discussão de questões de meio físico e social foi fundamental
para o surgimento de determinadas ciências, como a Geografia.
A ideia de que o meio físico era superior ao homem fez com que surgisse o conceito
de espaço vital, de que o homem necessitava explorar os recursos para que
ocorresse um equilíbrio. Essa forma de pensamento, denominada determinista, foi
elaborada por Friedrich Ratzel e largamente incorporada nas ideologias de Hitler
para o nazismo, sendo esse um dos primeiros relatos escritos sobre a
implementação das questões sociais sobre o ambiente.
// Meio ambiente
Termo usualmente empregado nos estudos voltados às ciências ambientais.
Entretanto, há cientistas que iniciaram uma espécie de desuso, pois, ao inserirmos a
palavra “meio”, estaríamos abordando a metade de algo, e, devido à interligação
existente, não se deve realizar essa inferência.
Por muitos anos, as questões ambientais foram abordadas nos seus aspectos
físicos. Contudo, o papel social tem apresentado uma inserção gradativa e
abrangente na discussão. Por termos sido acostumados (ou até mesmo
doutrinados) a dividirmos o conhecimento para melhor compreensão, esse termo
pode ser usualmente empregado para o estudo das questões físicas ambientais.
// Áreas degradadas
Umas das maiores problemáticas ambientais existentes atualmente é a degradação
ambiental. O termo é empregado principalmente para estudos de solos e
ecossistemas.
As atividades humanas, principalmente de industrialização, agricultura, pecuária, e
mineração, destacam-se no desmatamento e improdutividade do solo, por meio do
lançamento de rejeitos, como elementos químicos tóxicos. Ao dizermos que uma
área é degradada, ocorre uma referência àquelas que se encontram altamente
poluídas e requerem regeneração, a partir de tecnologias sustentáveis para
melhoramento de solos, afluentes e reflorestamento.
No meio acadêmico, pesquisas voltadas à recuperação dessas áreas são
constantes. O avanço nas ciências dos materiais possibilitou a aplicação de
nanopartículas, hidrogéis e estruturas poliméricas que auxiliam, com sucesso, a
recuperação de solos e rios.
Atualmente, empresas propõem o financiamento de pesquisas ou compra de
patentes para solucionar tais problemas, o que implica na inserção de uma série de
profissionais, como engenheiros, físicos, químicos, administradores, biólogos e
afins.
// Desertificação
A desertificação adentra os temas globais em discussão na Organizações das
Nações Unidas (ONU).
A desertificação adentra os temas globais em discussão na Organizações das
Nações Unidas (ONU).
A utilização de recursos naturais de forma inapropriada, somada às mudanças
climáticas e aspectos físicos naturais, ocasiona uma degradação de tal forma que
torna impossível a regeneração dos locais explorados, fazendo surgir áreas áridas e
semiáridas.
Esse debate foi iniciado devido a problemas existentes no continente africano, alvo
de grandes preocupações. Por envolver aspectos de auxílio financeiro, países como
os Estados Unidos entraram na “corrida”, com o intuito de adquirir lucros,
contestando a existência de áreas em processo de desertificação em seu território.
No entanto, atualmente existe um mapeamento e acompanhamento dos países com
tendências ao processo de desertificação, que podem ser encontrados nas
Américas, África e Europa.
No Brasil, as áreas susceptíveis à desertificação são encontradas na Região
Nordeste. Um dos núcleos de estudos é o município de Cabrobó, Pernambuco, que
se encontra em processo avançado (Figura 3). A utilização das técnicas de
agricultura por inundação, associada à topografia do terreno e alta
evapotranspiração devido às condições climáticas, ocasionou a formação de
extensas camadas de sais no solo, tornando-o improdutivo e causando abandono
das áreas. As pesquisas estão concentradas nos aspectos de impactos
socioambientais, bem como na tentativa de mitigar o problema.
Figura 3. Solo salinizado no município de Cabrobó, Pernambuco, um dos núcleos de
desertificação brasileiro. Fonte: MAIA, 2015.
As problemáticas não se restringem aos aspectos físicos, pois os fatores sociais são
duramente afetados. Ao tornar o solo improdutivo, ocorre um impacto direto na
produção de alimentos, bem como o abandono dos locais pelos moradores. Nesse
processo, há uma queda na arrecadação econômica. Sendo a região responsável
por produzir alimentos para outros municípios, estados e afins, o processo
ocasionará desabastecimento e prejudicará milhares de famílias. Fatores como
esses ressaltam a preocupação das entidades governamentais sobre o tema.
// Efluentes
Umas das temáticas mais trabalhadas pelas empresas no setor ambiental são os
efluentes. A água é um bem precioso, utilizado corriqueiramente em nossas
atividades do cotidiano. O processo de “chegada, recebimento” da água é
denominado afluente; e a “saída”, denominada efluente.
Devido à mistura com outros compostos, orgânicos e inorgânicos, como gorduras,
pesticidas, metais e afins, os efluentes tornaram-se uma temática de grande
discussão, pois o destino, em sua maioria, são os rios. Ao serem lançados em
aquíferos, um dos principais problemas é a carga microbiana existente no material,
que ocasiona sequestro de oxigênio e impede o desenvolvimento e manutenção da
vida aquática.
Os metais são outro exemplo de grandes preocupações, devido à capacidade de se
acumular nos organismos. Os acúmulos podem acontecer em seres humanos, por
meio da ingestão, acarretando sérios problemas de saúde.
ASSISTA
A série Aruanas, produzida pela Rede Globo, demonstra com clareza os problemas
causados pelo não tratamento de efluentes. O enredo concentra-se nos impactos
socioambientais causados pela mineração na região amazônica. O despejo irregular
dos efluentes, com altas concentrações de metais como chumbo e mercúrio,
ocasiona problemas de saúde nos moradores da região devido à ingestão por meio
do consumo de peixes. Em algumas cenas, é demonstrada a morte gradativa
dessas pessoas.
Atualmente, há empreendimentos com estações de tratamento e monitoramento
constante, por meio de análises químicas que atendem às legislações ambientais.
Pesquisas nessa temática registram grandes avanços, principalmente pela
aplicação de carvões ativados como adsorventes. Outros buscam a utilização de
organismos vivos, como plantas aquáticas, para realização de tratamentos. O
propósito, porém, vai além do tratamento, e busca a reutilização para fins de
serviços gerais ou alguma etapa de processo produtivo. No Brasil, a importância do
tema reflete-se na construção de linhas de pesquisas em cursos de mestrado e
doutorado, que se propõem a estudar o problema e buscar soluções.
//Bioenergia
As preocupações do petróleo e carvão mineral como bens finitos acarretaram
mudanças energéticas globais. A busca por fontes alternativas de energia tornou-se
crescente, a fim de evitar um colapso energético futuro.
Não somente a falta, mas também a intenção dos países em melhorar suas
condições ambientais proporcionaram o avanço de pesquisas e implementação de
fontes limpas e renováveis.
A bioenergia é compreendida como aquela que acarreta menores níveis de
impactos ambientais, composta por fontes sustentáveis. Matérias-primas como
biomassa, sol, vento, são consideradas formas de energia limpa (Figura 4).
Figura 4. Principais fontes de energia limpa - SOLAR; EÓLICA; ONDAS;
GEOTÉRMICA; BIOMASSA; MINI-HIDRÍCAS. Fonte: CreaJR-PR, 2010.
É de suma importância saber que qualquer forma de energia trará algum nível de
impacto: o que se diferencia é o grau implicado.
Petróleo e carvão mineral, além de considerados bens finitos, emitem particulados e
compostos orgânicos quando em combustão, como os hidrocarbonetos
polissacarídeos aromáticos, altamente prejudiciais à saúde. Estudos apontam
positividade em sua substituição por outras fontes, mais sustentáveis, com
tendência mundialmente crescente; porém, são necessárias uma constante atenção
e acompanhamento.
A utilização de biomassa pode ocasionar uma competição entre produção de
energia e alimentos. Entre as matérias-primas utilizadas, os óleos derivados da soja
e do milho são os principais, mas são eles também fontes nutricionais importantes.
Pesquisas que procuram avaliar os impactos ambientais da energia solar e eólica
apontaram dois sérios problemas: elevação da morte de animais, principalmente de
aves, e erosão. A devastação de áreas para implementação desses modais
energéticos também é outra problemática. Compreender tais problemas é
importante para entendermos que, mesmo em se tratando de uma energia
sustentável, há alguma forma de impacto.
// Economia verde
Devido às preocupações com as questões ambientais, as empresas iniciaram um
processo de mudança e implementaram tecnologias em seu processo de trabalho
para proporcionar menos impactos ao ambiente.
Seu propósito sustenta-se em menores emissões de poluentes, bem como na
criação de produtos biodegradáveis. Esse novo formato produtivo é denominado de
economia verde e tem demonstrado adesão crescente por parte de
empreendimentos do setor público e privado. Essa adesão não se encontra restrita
à diminuição de impactos ambientais, mas também abrange mais lucratividade, com
diminuição de custos.
Essa nova visão econômica encontra-se presente em grandes debates e participa
da agenda da ONU. Os empreendimentos estão gradativamente reestruturando
suas linhas produtivas e investindo em tecnologias sustentáveis. Já os setores
públicos têm uma tendência em incentivar essa transição, principalmente para
atingir as metas propostas em acordos de cooperação sobre diminuições da
poluição ambiental. São mudanças que devem atingir de forma positiva a
sociedade, possibilitando e garantindo seu bem-estar, sem ocorrência de danos.
// Padrões de consumo
Vivemos numa sociedade em que somos “forçados” ao constante consumo, e essa
atividade é de suma importância para manutenção econômica. Por quaisquer
produtos utilizados necessitar, em seu processo, de alguma matéria-prima originada
do ambiente, preocupações ambientalistas foram iniciadas.
Vivemos numa sociedade em que somos “forçados” ao constante consumo, e essa
atividade é de suma importância para manutenção econômica. Por quaisquer
produtos utilizados necessitar, em seu processo, de alguma matéria-prima originada
do ambiente, preocupações ambientalistas foram iniciadas.
O consumismo demasiado poderá ocasionar, em breve, a escassez de recursos
naturais. Daí, o debate visando à mudança. Ao se mencionar sobre padrões de
consumo, estamos nos referindo à forma como a sociedade adquire e descarta seus
bens – roupas, eletrodomésticos, calçados e afins.
O desafio atual encontra-se na sensibilização social para o consumo consciente,
uma atividade de alto grau de dificuldade. Em um meio em que se aprendeu que o
comprar pode ser uma ferramenta de felicidade, ocasionar uma mudança nessa
forma de pensar é complexo.
Contudo, não ocorre a existência de uma alternativa sem ser por meio de mudança
de atitudes – e a realidade atual é a falta de recursos naturais no futuro, já que a
demanda é superior se comparada à oferta. Como consequência, poderá ocorrer
uma queda no bem-estar da população, assim como a falta de atendimento para
questões básicas e essenciais de manutenção diária.
// Mudanças climáticas
Para compreensão desse tema, uma primeira definição precisa ser esclarecida, que
é a diferença entre clima e tempo. O tempo é algo mutável – um dia poderá ser de
sol, e o outro é de chuva. Já o clima é uma observação das modificações do tempo
numa faixa mínima de 30 anos.
Quando falamos de mudanças climáticas, a referência é uma grande modificação no
clima em escala regional ou global. Essa mudança pode apresentar sérios riscos à
qualidade de vida da população. Áreas de climas frios, por exemplo, podem
apresentar constante aquecimento.
As constantes emissões de poluentes são as principais causadoras da
problemática, uma vez que podem provocar reações com o ozônio atmosférico e
ocasionar aumento na destruição de filtragem dos raios ultravioletas. Esse processo
é denominado aquecimento global.
Ocorrem grandes discussões na comunidade acadêmica sobre essa temática.
Alguns estudiosos afirmam que a Terra se encontra em um processo de
aquecimento natural, com tendências futuras de ocorrer um resfriamento, já que, no
contexto histórico de formação do planeta, existem evidências de processos de
glaciação e deglaciação.
Entretanto, a maior quantidade de pesquisas aponta que os impactos ocasionados
ao ambiente, principalmente pela emissão de gases tóxicos no ar, são os principais
responsáveis por esse processo atualmente.
// Desenvolvimento sustentável
Entende-se por desenvolvimento sustentável o emprego de tecnologias que
ocasionem menores níveis de agressão ao ambiente, como a diminuição da
emissão de poluentes na atmosfera. A terminologia tecnologias limpas também é
usualmente empregada nessa temática.
A substituição dos combustíveis fósseis (petróleo) por energia de biomassa é
considerada uma forma de desenvolvimento sustentável. As inovações tecnológicas
sustentáveis também devem ter um custo acessível, para beneficiar todas as
classes sociais. A questão social também se encontra inclusa no discurso dessa
temática, devido à necessidade de melhorar a qualidade de vida da população, em
uma tentativa de diminuir as desigualdades.
Os limites de recursos naturais devem ser respeitados, e são necessários altos
investimentos em pesquisas que busquem fontes alternativas em substituição
parcial, ou total. Atividades que contribuam para a extinção de espécies devem ser
imediatamente interrompidas e reelaboradas, por poderem provocar um
desequilíbrio no sistema ecológico. Essas novas visões e perspectivas estão sendo
gradativamente postas em práticas, principalmente por países europeus; entretanto,
muito ainda precisa ser realizado.
// Preservação e conservação
Esses termos, diferentemente do pensamento comum, têm significados totalmente
opostos. A preservação é designada para áreas com proteção total, em que não
pode ocorrer nenhuma forma de intervenção humana. Quando se trata de
conservação, poderá ocorrer a exploração de forma racional, não fomentando
indícios de qualquer tipo de impacto ao ambiente. O Brasil conta com legislações
que garantem e delimitam áreas preservadas e conservadas, tendo como punição
de descumprimento multas e/ou prisões.
O desrespeito a essas áreas, porém, é uma problemática existente e difícil de ser
erradicada. As fraudes sobre as legislações ambientais, o descompromisso de
empreendimentos, tentativas de subornos e trabalho exploratório e ilegal, são
situações encontradas na exploração de bens naturais: em muitos casos,as áreas
protegidas têm riquezas minerais, como ouro, ferro, grafeno, estanho e afins,
cobiçadas por grandes empresas devido às diversas aplicações. Uma face
esquecida é a riqueza da biodiversidade na fauna e flora existente nessas áreas, em
alguns casos, pouco conhecidas e estudadas.
Pesquisas constantes em áreas protegidas demonstram a descoberta de novas
espécies, bem como melhor compreensão das dinâmicas ecológicas. Os estudos de
base (aqueles que dão margem a outras pesquisas) apontam que há muito que ser
descoberto. São fatores como esses que demonstram a importância de proteção
das respectivas áreas, especialmente em um contexto em que, em muitos casos,
ocorre negligência para atender anseios econômicos.
// Ecologia, ecossistemas e biomas
A procura pela compreensão dos aspectos de interrelação dos seres vivos com seu
ambiente é denominado ecologia. Entre seus campos de pesquisa, busca-se o
entendimento dos padrões e diversidades de espécies, modificações fisiológicas ou
genéticas, ciclos biogeoquímicos e afins.
A procura pela compreensão dos aspectos de interrelação dos seres vivos com seu
ambiente é denominado ecologia. Entre seus campos de pesquisa, busca-se o
entendimento dos padrões e diversidades de espécies, modificações fisiológicas ou
genéticas, ciclos biogeoquímicos e afins.
São assuntos de extrema complexidade que envolvem, em determinados casos,
anos de pesquisas para obtenção de resultados.
O bioma é compreendido pela delimitação de uma região com características
(climáticas, fisiológicas, geomorfológicas, entre outros aspectos) bem definidas. No
território brasileiro há seis biomas: Mata Atlântica, Amazônia, Cerrado, Caatinga,
Pantanal e Pampa.
Denomina-se ecossistema a interação dos fatores bióticos e abióticos, e se propõe
estudar suas respectivas influências. Esse é um conceito bastante utilizado e
estudado pelos ecologistas. Contudo, os setores de tecnologia da informação
também têm-se apropriado dessa terminologia.
Recentemente, o termo ecossistemas de inovação tem ganhado espaço nos
debates. Seu objetivo é uma parceria sólida entre entidades governamentais,
empresas e instituições universitárias, visando à construção e implementação de
parques tecnológicos. Os temas que têm foco são aqueles voltados ao campo das
engenharias, informática e outros que envolvem a tecnologia da informação.
// Equidade social
A busca por uma sociedade mais justa é uma das lutas ambientais atuais. A
questão de justiça não deve se restringir aos aspectos do ser humano em sua
relação com o meio físico, mas abranger também a relação entre seres sociais.
O termo igualdade adentra este século para realizar reparos, consertar e evitar erros
relacionados à justiça social. Contudo, outro termo tem tido sua aplicação ampliada:
a equidade.
Diferentemente da igualdade, que busca realizar uma avaliação, julgamento e afins
e é aplicada igualitariamente a todos, a equidade busca estudar o caso,
ocasionando uma restruturação de regra, mas sem perda alguma da ética e da
justiça (Figura 5).
Figura 5. Exemplificação da diferença entre igualdade e equidade social. Fonte:
Shutterstock. Acesso em: 24/08/2020.
// Segurança alimentar
Esse tema pode ser definido como a capacidade de produção e distribuição de
alimentos seguros para toda a população. As políticas voltadas a mecanismos
produtivos e disponibilidade de alimentos, a serem elaboradas pelas entidades
governamentais, é denominada soberania alimentar.
A temática da segurança alimentar envolve diversos temas: todos aqueles voltados
à disponibilidade de terra, água e fertilizantes. O contexto também está relacionado
à aquisição de alimentos saudáveis para a população. Temáticas como obesidade e
doenças causadas pelo consumo alimentício inadequado também são relacionadas
à segurança alimentar.
RESÍDUOS SÓLIDOS
Esse tema é definido como qualquer tipo de material ou bem adquirido e descartado
pela sociedade. Em sua maioria, os materiais podem ser reciclados e/ou
reutilizados. Contudo, o descarte inadequado apresenta um dos principais
problemas ambientais atuais.
No Brasil, em 2010, instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei n°
12.305/10): o Ministério do Meio Ambiente (2010) aborda políticas de gestão,
responsabilidade sobre o ciclo de vida, viabilização de coleta seletiva e sistema de
informações sobre o gerenciamento de resíduos.
Contudo, falhas envolvendo aspectos financeiros inviabilizam um trabalho efetivo,
especialmente as diversas falhas no gerenciamento de resíduos. Nossas atitudes
como cidadãos são importantes, pois a separação dos resíduos ainda é algo pouco
executado na sociedade.
// Racismo estrutural
Vivemos em uma sociedade diversificada. Contudo, as políticas étnicas e de
respeito ao próximo, em alguns casos, não são implementadas.
No histórico de desenvolvimento humano, a ascensão de um determinado grupo
social e inferiorização de outro é algo ainda encontrado neste século. Essa trajetória
histórica, que põe em prática uma cultura que atinge diferentes grupos sociais de
forma negativa, sem respeito à ética civil, é denominada racismo estrutural.
Histórico dos debates a respeito de ética e responsabilidade social no Brasil e no
mundo
Seção 5 de 6
Os debates sociais sobre as responsabilidades e valores éticos ocorrem todos os
dias.
Os debates sociais sobre as responsabilidades e valores éticos ocorrem todos os
dias.
As mesas redondas e eventos científicos são constantes no mundo inteiro, sendo
eles responsáveis por traçar e fomentar a compreensão do hoje e promover ações
que terão efeitos significativos em curto ou longo prazo. Os meios acadêmicos e as
universidades são os principais polos desses debates, destacando-se as Ciências
Humanas, embora não sejam exclusivas nessas mesas.
// Uma visão de aspecto mundial
O debate sobre a reponsabilidade social tem seu principal início marcado pela
Revolução Industrial no século XVIII. A situação precária de trabalho, em maioria
exploratórios, fez diversos teóricos debaterem a problemática.
Entre as teorias realizadas, uma se encontra em debate até os dias atuais: Karl
Marx elabora as primeiras formulações sobre o capitalismo. A corrente de
pensamento de Marx era uma dura crítica à exploração exacerbada da classe
operária, e, em contrapartida, aos lucros e à concentração de renda que estavam
nas mãos dos grandes donos de empreendimentos. Além disso, as teorias de Marx
também contemplavam questões ambientais devido aos altos níveis de poluição que
se alastravam pela Europa.
As problemáticas relacionadas ao trabalho exploratório fizeram a classe operária
procurar lutar por alguma forma de garantia de direitos. Esse fator estava atrelado,
também, à constante modernização fabril, que diminuiu a dependência de mão de
obra e fez com que antigos artesões se tornassem desempregados. Essas
perspectivas levaram os operários a lutar e a construir sindicatos, reconhecidos pelo
parlamento inglês após várias lutas, que também resultaram no surgimento de
movimentos grevistas.
Outro ponto está atrelado ao engajamento dos setores públicos nas temáticas
ambientais. A preocupação com a saúde, o bem-estar e a qualidade de vida social
foi peça-chave para o surgimento de encontros que buscassem propor soluções de
mitigação. Reuniões que anteriormente eram realizadas para atender às
preocupações com as perspectivas econômicas passaram a ser substituídas pelas
pautas ambientalistas.
O movimento hippie, ocorrido nos anos 1960, também faz parte de uma importante
conjuntura dos debates sociais. Iniciado com a luta contra o uso de armas
nucleares, incorporou temáticas importantes em seu discurso, como o respeito à
natureza, homossexualidade, preconceito racial e consumo consciente, dando
margem a outros debates pouco comentados naquele período.
// O Brasil no caminho da responsabilidade social
Após o período da Ditadura Militar e constituição do Brasil como democracia, novos
debates surgiram.
Após o período da Ditadura Militar e constituição do Brasil como democracia, novos
debatessurgiram.
A elaboração da Constituição garantiu as legislações trabalhistas anteriormente
reduzidas durante a ditadura. A liberdade de expressão e de imprensa é devolvida,
ampliando a ascensão sobre os problemas sociais, principalmente relacionados à
pobreza, existentes devido à liberdade dos pesquisadores das ciências humanas
definirem seus estudos sem a ocorrência de algum tipo de retaliação.
A reforma agrária é outro importante marco, que possibilitou a distribuição e posse
de terras para os pequenos agricultores. Diferentemente do que se imagina, esse
grupo de trabalhadores são os principais responsáveis pelo abastecimento
alimentício nacional. As grandes lavouras, as agroindústrias, têm foco na
manutenção do mercado internacional, uma vez que o Brasil é um dos principais
centros do agronegócio mundial.
Movimentos mundiais
// Primavera Silenciosa: um embate com a Revolução Verde
A Segunda Guerra Mundial teve fim no ano de 1945 e deixou consequências graves
para humanidade.
O mundo precisava reestruturar-se fisicamente e economicamente. Além da morte
de milhares de pessoas, outro grande grupo ficou sem acesso a alimentos e
suprimentos de necessidades básicas. Fatores como esses impulsionaram o
problema da fome existente em diversos países do mundo, mesmo anteriormente à
guerra, e fizeram com que surgisse uma visão agrícola denominada Revolução
Verde. Entre os períodos de 1960 e 1970, países como Estados Unidos e México
procuraram implementar tecnologias que acelerassem a produção agrícola.
Por outro lado, a utilização desenfreada de pesticidas trouxe problemas ambientais.
O uso de produtos químicos como fertilizantes era algo corriqueiro. Todavia, estudos
de monitoramento do meio físico e saúde humana, bem como avaliações de riscos,
não eram realizados com frequência, e não existiam protocolos seguros de
utilização e afins. Estudos que fossem contra e apresentassem divergências de
pensamentos eram duramente criticados: um deles realizado por Rachel Carson em
1962, denominado Primavera silenciosa.
A obra, que buscava explicar os impactos da utilização inadequada de pesticidas no
desenvolvimento vegetal, biodiversidade de espécies e saúde humana, foi
considerada livro célebre pelo movimento ambientalista moderno. Mesmo sendo
duramente criticado na época, ele demonstrou com clareza os impactos desse
modelo de produção e foi crucial para o processo de mudança, que, obviamente,
não foi rápido. Atualmente, o avanço científico possibilita o desenvolvimento de
novas perspectivas e tecnologias no campo agrícola, com níveis mais baixos de
impactos ambientais.
// Conferência de Estocolmo
O fim da Segunda Guerra também ocasionou outras preocupações ambientais. O
relatório produzido pelo Clube de Roma em 1972 apontou um problema de
crescimento rápido da população e que os recursos naturais não conseguiriam
suprir as necessidades.
O fim da Segunda Guerra também ocasionou outras preocupações ambientais. O
relatório produzido pelo Clube de Roma em 1972 apontou um problema de
crescimento rápido da população e que os recursos naturais não conseguiriam
suprir as necessidades.
Naquele mesmo ano, a ONU decidiu realizar a primeira reunião com chefes de
Estado que procurassem tratar dos problemas ambientais, denominada Conferência
Mundial do Homem e do Meio Ambiente, popularmente conhecida como
Conferência de Estocolmo (Figura 6).
Figura 6. Notícia de jornal brasileiro sobre a Conferência de Estocolmo. Fonte:
FEITOSA, 2018.
Problemas como catástrofes naturais, mudanças climáticas, possível escassez de
recursos naturais e modificações econômicas e sociais foram debatidas no
encontro, que resultou na Declaração das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente,
também denominada Declaração de Estocolmo, que promovia ações ambientais. A
importância dessa reunião é pautada por ser a primeira vez que as entidades
governamentais se preocuparam, oficialmente, com os aspectos ambientais.
// A criação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC)
As mudanças globais do clima despertaram grande interesse das instituições
governamentais e seus respectivos gestores, o que culminou na criação do IPCC –
Intergovernmental Panel on Climate Change, em 1988.
A intenção do Painel é voltada à junção e difusão de dados relacionados a
mudanças climáticas, com a proposta de conhecimento sobre seus aspectos
fundamentais, formas de solução e efeitos na sociedade (pessoas e questões
econômicas).
// Protocolo de Quioto
Os relatórios de IPCC foram fundamentais para, em 1997, ser construído o
Protocolo de Quioto. A entrada em vigor do Protocolo, porém, foi realizada apenas
no ano de 2005.
Sua finalidade tem um significado importante para a manutenção da vida no planeta,
pois o intuito foi o estabelecimento do controle na emissão de gases do efeito estufa
(GEE) pelas atividades industriais na atmosfera.
Os países assinaram um compromisso para diminuição das emissões de CO2, e o
protocolo também deu margem para o surgimento do termo créditos de carbono, em
que uma tonelada de dióxido de carbono geraria um crédito em forma de certificado.
Essas certificações poderiam ser negociadas no mercado internacional.
// Eco 92 e Rio + 20
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, popularmente conhecida
como Eco 92, foi uma das principais reuniões mundiais a tratar dos temas
ambientais, com um significativo envolvimento de diversos países (176) de todo o
planeta.
Realizada no Rio de Janeiro, em 1992, a conferência procurava definir um plano de
ação para o desenvolvimento sustentável, e tornou-se o início da ascensão global
das discussões sobre os problemas ambientais, tendo como foco a busca por
alternativas de solução (Figura 7). Assim como o relatório do IPCC, a Eco 92 foi
fundamental para elaboração do Protocolo de Quioto.
Figura 7. Registro do encerramento da Eco 92. Fonte: ROZARIO, 1992.
A Rio+20, por sua vez, foi realizada 20 anos depois e teve por objetivo a
reafirmação dos compromissos adotados na Eco 92. A conferência também teve
como foco a observação e discussão de problemas ainda existentes e buscou
formas de soluções futuras. Um grande diferencial do encontro foi a intensificação
dos debates voltados à implementação da economia verde.
// Cúpula das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável
Esse importante evento ocorreu na cidade de Nova York, Estados Unidos, com o
objetivo de direcionar o planejamento para o desenvolvimento sustentável até o ano
de 2030. Foram traçados 17 objetivos, denominados ODS (Objetivos para o
Desenvolvimento Sustentável), como demonstra a Figura 8. No encontro, também
foram discutidas as ações propostas durante a Rio +20.
Figura 8. Os 17 Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável na Agenda 2030.
Fonte: ONU Brasil, 2015.
Conheça os 17 ODS:
01 – Erradicação da pobreza;
02 – Fome zero e agricultura sustentável;
03 – Saúde e bem-estar;
04 – Educação de qualidade;
05 – Igualdade de gênero;
06 – Água potável e saneamento;
07 – Energia limpa e acessível;
08 – Trabalho decente e crescimento econômico;
09 – Indústria, inovação e infraestrutura;
10 – Redução de desigualdades;
11 – Cidades e comunidades sustentáveis;
12 – Consumo e produção responsável;
13 – Ação contra a mudança global do clima;
14 – Vida na água;
15 – Vida terrestre;
16 – Paz, justiça e instituições eficazes;
17 – Parcerias e meios de implementação.
SINTETIZANDO
A industrialização e o desenvolvimento urbanos foram os principais causadores dos
impactos ambientais, transformando radicalmente o modo de vida social. Esse
processo também ocasionou o afastamento do ser humano em relação a seu meio,
o que causou uma diferença entre sociedade e natureza. Além disso, o
deslumbramento com os aspectos econômicos e ascensão do modo capitalista
fizeram com que a sociedade se dividisse em subgrupos, dando margem à
disseminação de diversas formas de discriminação.
O consumo e a falta de sensibilização com a natureza ocasionaram uma série de
consequências, como a poluição de aquíferos, do ar e do solo, queimpactam
seriamente a manutenção e qualidade de vida. Ademais, o surgimento e
disseminação de doenças relacionadas a impactos ambientais é algo presente na
sociedade atual, e tais fatores levam-nos a refletir sobre a necessidade de
reestruturarmos nossas atitudes.
As causas sociais, como preconceito racial, discriminação a grupos etc. são de
cunho ambientalista, pois devemos lembrar sempre que ser humano e natureza são
indissociáveis. A compreensão de todos os aspectos, humanos, físicos e afins, na
óptica interdisciplinar, é fundamental, devido à robustez em receber e interligar
diferentes formas de conhecimento.
Nesta unidade, vimos um pouco dos debates ambientalistas, seus conceitos e
fundamentos. A principal observação a ser feita é a atenção dos setores públicos
para as causas ambientalistas. A percepção que este é um tema que influencia
diretamente os aspectos sociais e econômicos fez com que a temática adentrasse
as agendas globais. O fomento de pesquisas também demonstra a importância da
discussão. Todos os eventos e conferências, diante disso, têm um único fim:
proporcionar para sociedade uma vida sustentável.
Devemos sempre lembrar que esta não é uma causa exclusiva dos órgãos
governamentais e das grandes empresas, porém. Assim como a sociedade
procurou lutar pelos diretos trabalhistas, deverá ater-se à sensibilização com o seu
meio. O ambiente que nos rodeia é de todos, e somos responsáveis por sua
melhoria. Pequenas atitudes hoje farão a diferença para termos um futuro melhor e
proporcionar melhor qualidade de vida para as próximas gerações.
Unidade 2 - Aspectos legais e ações globais para o desenvolvimento sustentável
Responsabilidade socioambiental
Nos últimos séculos, o ser humano passou a interferir cada vez mais nos processos
naturais. Ao longo do século XX, inúmeros avanços tecnológicos e crescimento
econômico foram obtidos. Com o aprimoramento tecnológico e inúmeras
descobertas em todas as áreas do conhecimento, passamos a controlar os
elementos da natureza e a aumentar sua capacidade de produção. Muitos desses
avanços visaram à produção e o consumo sem avaliar questões de risco ambiental
e social.
O crescimento populacional no pós-guerra (com consequente aumento pela
demanda por combustíveis fósseis, alimentos e tecnologia) resultou em um fluxo
enérgico desequilibrado ecossistemicamente. Há muitos anos estamos sendo
alertados sobre a insustentabilidade dos hábitos de consumo resultantes da
economia capitalista.
Atualmente, as sociedades tornaram-se cada vez mais complexas e conectadas.
Desenvolveu-se o modo globalizado de vida, sendo que padrões de consumo
adotados em escala mundial resultam em perdas progressivas de características
geográficas, regionais e culturais, bem como na contaminação ambiental, que
resulta em perda de diversidade de fauna e flora.
Nesse mesmo contexto, surge o termo responsabilidade socioambiental. Segundo o
Ministério do Meio Ambiente (2020), a responsabilidade socioambiental está ligada
a ações que respeitam o meio ambiente e políticas que tenham entre seus principais
objetivos a sustentabilidade. Responsabilidade socioambiental também pode ser
compreendida como um conjunto de práticas exercidas por cidadãos, governos e
empresas públicas e privadas que têm por objetivo providenciarem a inclusão social
(responsabilidade social) e o cuidado com o meio ambiente (responsabilidade
ambiental).
Se de um lado temos observado diversas atividades que causam degradação
socioambiental e colocam em risco a qualidade de vida e a sobrevivência das
futuras gerações, do outro há diversas organizações se mobilizando para nos
conscientizar da necessidade de mudança para que o planeta Terra e a humanidade
possam coexistir (Figura 1).
Figura 1. Mobilização popular enfatizando a necessidade de mudança para um perfil
responsável socioambientalmente. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 30/09/2020. ID:
1388894739.
O NASCIMENTO DO MUNDO GLOBALIZADO E A QUESTÃO
SOCIOAMBIENTAL
Nos últimos 250 anos, os impactos causados pelas diversas mudanças decorrentes
do desenvolvimento industrial ainda não estão totalmente desenhados e são
debatidos por diversas organizações e meios de comunicação. Nos dias de hoje,
podemos dizer que a máxima do desenvolvimento industrial é a globalização.
Para chegarmos ao mundo como conhecemos hoje, o mundo globalizado, alguns
momentos históricos foram cruciais. A Revolução Industrial intensificou o uso e a
pressão sobre os recursos naturais renováveis e não renováveis para atender à
intensificação da produção industrial em escala. Com a maior demanda por
trabalhadores nas indústrias e em busca de “uma vida melhor” – aos moldes
capitalistas –, muitas pessoas saíram do campo para morar nas cidades, processo
que culminou na urbanização. A revolução verde levou ao campo das tecnologias
nunca vistas, permitindo incrementos anuais na produtividade de vegetais e carnes,
comercializados para atender a demanda interna e externa das redes de mercado
global.
EXPLICANDO: Recursos naturais renováveis são aqueles que possuem maior
capacidade de manutenção e não se esgotam facilmente, são exemplos: água, solo,
matéria orgânica e vento. Os recursos naturais não renováveis são aqueles que se
esgotam quando usados sem práticas sustentáveis e seu tempo de reposição não é
comparado à cronologia de vida humana, são exemplos: petróleo, carvão mineral,
gás natural, xisto betuminoso e energia nuclear. Com exceção à energia nuclear,
todos os exemplos citados são de origem fóssil.
Estas transformações foram e são acompanhadas pelos impactos negativos ao
meio ambiente e à perda de características sociais: há aumento das áreas
desmatadas, da poluição atmosférica, do solo e hídrica, perda de biodiversidade, os
produtos consumidos não são corretamente descartados, há aumento da
desigualdade social, entre outros (Figura 2).
Figura 2. Poluição ambiental resultante da produção industrial. Fonte: Shutterstock. Acesso
em: 30/09/2020.
Nos dias de hoje, uma vez que é indiscutível que diversas fronteiras ecológicas
mundiais foram ultrapassadas, o mundo globalizado vem exigindo continuamente
modelos de produção de bens e serviços obtidos por meio de tecnologias que
repensem questões de competitividade e que considerem formas de mitigação do
impacto social e ambiental.
A importância da avaliação dos danos que a produção e os processos têm sobre o
ambiente e a sociedade toma forma neste contexto. Além da avaliação, ações de
gestão que contribuam para o desenvolvimento ambiental e para o despertar da
responsabilidade socioambiental devem ser propostas por governos, empresas e
cidadãos.
A RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL COMO COMPROMISSO DE
MODERNIDADE
Assistimos em noticiários, nas redes sociais e vivemos diretamente as questões
ambientais. Comumente, ouvimos falar sobre responsabilidade socioambiental. Isso
vem acontecendo porque o mundo moderno se deu conta de que os impactos dos
nossos hábitos de produção e consumo não estão alinhados com o poder de
resiliência do planeta, uma vez que seus recursos são limitados.
Por esse motivo, instituições públicas e privadas, organizações governamentais e
não governamentais têm se dedicado cada vez mais a programas de
implementação de práticas socioambientais e de conscientização da população. A
ideia consiste em identificar, eliminar ou, ao menos, reduzir o impacto negativo que
uma determinada atividade possa causar.
EXPLICANDO:
Diversas organizações governamentais e não governamentais se dedicam à causa
socioambiental. Veja alguns exemplos a seguir:
● Plano nacional de juventude e meio ambiente (PNJMA);
● Agenda ambiental na administração pública;
● Instituto de pesquisas socioambientais (IPESA);
● Instituto socioambiental (ISA);
● Fundo casa socioambiental;
● Verdejar socioambiental;
● Instituto Ethos.
Uma vez que elas já existem e não se mostraram totalmente efetivas, as práticas de
responsabilidade socioambiental vão além de Leis. Atualmente, os programas
devem fomentar e inserir a responsabilidade socioambiental como umcompromisso
diário a ser adotado pela sociedade, de forma a garantir a existência de um mundo
melhor para as futuras gerações.
Lembrando que se trata de uma vertente global, diversas ações podem ser
adotadas a fim de inserir as práticas de responsabilidade socioambiental no dia a
dia pessoal e profissional. Hoje, a sociedade sabe identificar cidadãos, instituições,
organizações e empresas que investem em políticas e na cultura organizacional
sustentável, posicionando-se de forma ética e responsável.
A RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL GOVERNAMENTAL, CIDADÃ E
EMPRESARIAL
Todos são responsáveis pela elaboração, difusão e aplicação das práticas de
responsabilidade socioambiental; entre seus agentes, estão os governos, as
cidades e as empresas.
O governo atua na pauta socioambiental, formulando leis e ações de
conscientização que atingem a sociedade civil e empresarial. Para que os cidadãos
se tornem cientes, possam exigir e exercer a responsabilidade socioambiental, o
governo deve encontrar meios para que as políticas públicas estejam próximas dos
cidadãos, divulgando-as nos meios de comunicação e redes sociais, adequando
currículos escolares e financiando instituições de pesquisa. Além disso, a gestão
socioambiental deve ouvir os cidadãos por meio de seus representantes municipais
e estaduais, bem como a iniciativa privada e as organizações não governamentais.
No Brasil, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e suas esferas são responsáveis
pelo desenvolvimento de políticas públicas que tenham como objetivo promover a
produção e o consumo sustentáveis. Além disso, também é responsabilidade do
governo promover o crescimento do País adotando práticas de desenvolvimento
sustentável, ou seja, grandes obras de interesse social devem fazer uso de práticas
sustentáveis e serem baseadas em estudos de impacto ambiental.
As cidades e seus cidadãos têm o compromisso de exercer as práticas de
responsabilidade socioambiental. Para isso, como mostra o Quadro 1, existem
diversas ações que podem ser adotadas no nosso dia a dia. Devemos exigir dos
governantes, políticas que fomentem tal temática e dar preferência ao consumo de
produtos e serviços de empresas atuantes na causa socioambiental.
Quando nos colocamos como agentes ativos das práticas de responsabilidade
socioambiental, estamos indiretamente praticando assistencialismo, inclusão social,
inclusão digital e educação ambiental! Envolver-se nessas ações nos torna cidadãos
participativos e responsáveis, além disso, as questões socioambientais vêm se
tornando cada vez mais importantes e moldando-se como um dever de todos.
PRÁTICA EXEMPLO
Faça escolhas conscientes Comprando de empresas que apoiam a causa
sustentável.
Estimule o uso do transporte
alternativo
Indo de bicicleta, metrô, carona, ônibus ou
caminhando.
Avalie a necessidade de consumir Atualizando os aparelhos eletrônicos, em vez de
trocá-los.
Busque a origem dos produtos Informando-se sobre práticas ilegais como
trabalho infantil.
Pratique a coleta seletiva Separando embalagens plásticas do lixo
orgânico.
Participe de atividades recreativas Organizando festas folclóricas e tradicionais.
Conheça os produtos da sua região Comprando diretamente do agricultor indo ao
comércio local.
Converse sobre meio ambiente Falando com vizinhos sobre as opções
sustentáveis existentes na cidade.
Evite fontes não renováveis Consumindo etanol e produtos biodegradáveis.
Quadro 1. Práticas de responsabilidade socioambiental que podem ser adotadas nas
cidades
Os cidadãos exercem a responsabilidade socioambiental individual. Ela consiste em
atitudes individuais reiteradas para uma maior preservação do ambiente a nossa
volta. Devemos pensar que ela deve ser praticada individualmente, mas por todos
nós, resultando em uma ação coletiva e de grande poder ambiental. São exemplos
de responsabilidade socioambiental individual:
● Evitar usar sacolas e embalagens plásticas;
● Não desperdiçar alimentos;
● Separar e reciclar o lixo;
● Armazenar e destinar corretamente o óleo de cozinha;
● Economizar água e energia elétrica, usando de forma racional;
● Adquirir eletrodomésticos com baixo consumo de energia.
As empresas que aderem à responsabilidade socioambiental buscam conhecer as
características regionais, ouvir seus colaboradores e possuem processos e/ou
serviços ambientalmente corretos. Elas reconhecem a sua responsabilidade
socioambiental e assumem voluntariamente compromissos que vão para além dos
requisitos reguladores convencionais, aos quais estão necessariamente vinculadas.
Procuram elevar o grau de exigência das normas relacionadas com a proteção
ambiental, com o desenvolvimento social e com o respeito aos direitos
fundamentais, adotando uma cultura organizacional aberta em que interesses de
todas as esferas se conciliam em direção a uma abordagem global da qualidade de
vida e do desenvolvimento sustentável.
Como podemos observar na Figura 3, adotando as práticas de responsabilidade
socioambiental e estratégias de marketing, além dos benefícios sociais e ao meio
ambiente, as empresas também melhoram sua imagem corporativa e aumentam
seus lucros. Ocorre ainda a valorização da marca, maior fidelização dos clientes,
redução dos custos, aprimoramento da comunicação externa e o melhor
desempenho dos empregados.
Figura 3. Ao adotar as práticas de responsabilidade socioambiental há geração de lucro.
Fonte: Shutterstock. Acesso em: 30/09/2020.
Empresas podem adotar práticas de responsabilidade socioambiental por meio da
adoção de programas e projetos de inclusão social ou digital, de direitos das
mulheres e inserção no mercado do trabalho de maneira igualitária, por programas
de alfabetização, reciclagem, reflorestamento e recuperação de áreas degradadas e
destinação e/ou liberação correta de resíduos industriais (efluentes ou gasosos).
Aspectos legais
No que diz respeito às leis de responsabilidade socioambiental, pode-se dizer que o
Brasil possui uma das legislações mais complexas e avançadas do mundo. O
cumprimento das leis socioambientais nacionais é, em sua grande parte, de aspecto
jurídico, mas também podem ser aplicáveis às pessoas físicas.
A Constituição Federal de 1988 prevê que toda pessoa, física ou jurídica, que
apresentar conduta ou atividade que cause dano ao meio ambiente estará passível
de sanções penais administrativas, que serão aplicadas independentemente da
obrigatoriedade de recuperar o dano causado. O poluidor é a pessoa jurídica ou
física responsável, direta ou indiretamente, pelo dano causado. O sujeito se
responsabilizará pelo dano ambiental real e potencial, que será estipulado por
entidades da área. Uma vez que o meio ambiente é um direito da atualidade e das
gerações futuras, os prejuízos e dimensões do dano são de interesse mundial, o
que torna a ação jurídica de extrema relevância. Contudo, há grande dificuldade na
comprovação da escala do dano causado, devido à complexidade de mensuração,
assim, a responsabilidade deverá ser objetiva.
O Estado, uma vez que é o responsável pela saúde pública, também pode ser
responsabilizado pelo dano causado ao meio ambiente quando há omissão de sua
responsabilidade legal.
A Constituição Federal, alicerçada nos valores da solidariedade, dignidade humana
e justiça social, instituiu o “estado social”, que deve orientar as relações sociais e
econômicas. Para que cidadãos, governos e empresas exerçam práticas de
responsabilidade socioambiental, devemos ter em mente que, antes de qualquer
coisa, há necessidade da regulação das políticas e dos direitos sociais, entre eles,
educação, saúde, habitação e assistência social.
Uma vez que há uma forte tendência de mudança com relação à adoção de uma
postura ambientalmente correta, a responsabilidade socioambiental associada às
penalidades legais e exercida pelas leis, normas e infrações devem ser conhecidas
e praticadas pela sociedade civil, governos e empresas.
Nas empresas, há a responsabilidade socioambiental empresarial, que tem natureza
de responsabilidade jurídica caracterizada como encargossociais que, quando não
cumpridos, resultam em multas e/ou penalidades. Os encargos sociais têm origem
na Consolidação das Leis de Trabalho (CLT). Eles são os custos pagos pelo
empregador sobre a folha de pagamento de salário dos colaboradores.
LEIS SOCIOAMBIENTAIS BRASILEIRAS
O Quadro 2 lista algumas das leis ambientais mais importantes no País. Existem
também as leis estaduais e municipais, bem como os órgãos que se certificam de
que elas estão sendo cumpridas, como o Conselho Nacional de Meio Ambiente
(CONAMA) e o Ministério do Meio Ambiente (MMA)
LEI DEFINIÇÃO
Lei 6.766/1979 Dispõe sobre o parcelamento do solo urbano e dá outras
providências.
Lei 6.938/1981 Dispõe sobre a política nacional do meio ambiente, seus fins e
mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras
providências.
Lei 7.347/1985 Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos
causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de
valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico e dá
outras providências.
Lei 9.433/1997 Estabelece os instrumentos para a gestão dos recursos hídricos
de domínio federal.
Lei 9.605/1998 Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de
condutas e atividades lesivas ao meio ambiente e dá outras
providências.
Lei 9.985/2000 Regulamenta o art. 225, 8 10, incisos |, II, Ill e VIl da
Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação da Natureza e dá outras providências.
Lei nº 11284/2006 Dispõe sobre a gestão de florestas públicas para a produção
sustentável; institui, na estrutura do Ministério do Meio
Ambiente, o Serviço Florestal Brasileiro.
Lei 11.445/2007 Estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico.
Lei 12.305/2010 Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei nº
9.605, de 12 de fevereiro de 1998, e dá outras providências.
Lei 12.651/2012 Estabelece normas gerais sobre a proteção da vegetação, áreas
de preservação permanente e as áreas de reserva legal; a
exploração florestal, o suprimento de matéria-prima florestal, o
controle da origem dos produtos florestais e o controle e
prevenção dos incêndios
LEI Nº 12.651, DE
2012
prima florestal, o controle da origem dos produtos florestais e o
controle e prevenção dos incêndios florestais, e prevê
instrumentos econômicos e financeiros para o alcance de seus
objetivos. também conhecido como código florestal.
Quadro 2. Exemplos de leis ambientais brasileiras Fonte: BRASIL. Acesso em: 01/10/2020.
A Lei 5.452 é uma das principais leis sociais brasileiras; ela rege os direitos dos
trabalhadores. Nela, são discutidas questões sobre registro em carteira de trabalho
e rescisão contratual, vale-transporte, descanso semanal remunerado, pagamento
de salário, férias, fundo de garantia do tempo de serviço (FGTS), décimo terceiro
salário, hora extra, adicional noturno, aviso prévio, licença maternidade e
paternidade.
A responsabilidade social empresarial aborda questões que vão além das
regulamentadas por lei. Ela trabalha a igualdade de oportunidades. Deve considerar
os critérios de promoção dos funcionários, igualdade de gênero e pessoas com
deficiência, acidentes de trabalho, capacitação continuada para o aprimoramento do
nível do conhecimento do colaborador, além da relação ética entre os
colaboradores.
A RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL ALÉM DAS EXIGÊNCIAS LEGAIS
Quando uma empresa ou organização segue leis de cunho socioambiental ou
normas determinadas por lei, ela está exercendo seu papel como pessoa jurídica,
ou seja, a empresa está somente seguindo os aspectos jurídicos inerentes ao seu
setor. Ser uma empresa social e ambientalmente responsável vai além das
obrigações legais e econômicas: significa que ela se posiciona e atua no combate
aos problemas, buscando o desenvolvimento socioambiental sustentável.
A série ISO (International Organization for Standardization – organização
internacional para padronização) estabelece sistemas de gestão na cultura
organizacional de empresas. As séries ISO são compostas por normas que vão
além das exigências legais e algumas podem se tornar tão importantes que passam
a ser exigidas em lei. As normas ISO no Brasil são controladas pela ABNT NBR
(Associação Brasileira de Normas Técnicas).
A série ISO 14001 possui normas de gestão ambiental que permitem que a empresa
pratique ideias de mitigação dos possíveis danos ambientais decorrentes de sua
atividade, objetivando tornar-se sustentável no curto e no longo prazo. A norma
estabelece algumas práticas:
● Implementação de um sistema de gestão ambiental;
● Rotulagem ambiental;
● Análise de desempenho ambiental;
● Análise de ciclo de vida;
● Integração de aspectos ambientais no projeto e desenvolvimento de
produtos;
● Comunicação ambiental;
● Mitigação das mudanças climáticas.
A adoção das normas também pode trazer benefícios, como:
● Redução de custos devido ao uso de matéria-prima, água e energia de forma
consciente;
● Captação de novos clientes, devido à inserção no mercado ambiental;
● Melhoria dos processos inter e intra setoriais, bem como, da cultura
organizacional;
● Menor risco de falência;
● Abertura a patrocínios e boa visão internacional;
● Possível diversificação setorial;
● Adesão de novos grupos de clientes;
● Maior qualidade e controle dos produtos, serviços e processos.
A série ISO 9000 fornece meios para implementação e monitoramento contínuo de
técnicas para otimização de processos pela implementação de um sistema de
gestão da qualidade. As normas que compõem a série ISO 9000 estão sempre
sendo atualizadas e são conhecidas e desejadas por empresas do mundo todo.
Aderir às normas ISO 9000 traz uma série de benefícios:
● Aumento da produtividade;
● Redução de custos;
● Produtos e serviços de maior qualidade;
● Credibilidade e reconhecimento interno e externo;
● Visão mais ampla do fluxo de trabalho;
● Segurança nos procedimentos internos;
● Colaboradores engajados e integrados.
A série ISO 45001 implementa um sistema de gestão de saúde e segurança
ocupacional com foco na melhoria do desempenho das empresas em termos de
saúde e segurança do trabalho. Segundo a própria norma, uma organização é
responsável pela saúde e segurança ocupacional dos trabalhadores e outros que
podem ser afetados por suas atividades. Esta responsabilidade inclui promover e
proteger sua saúde física e mental.
Podem ser citadas como benefícios da implementação da norma ISO 45001 em
uma empresa:
● Gerenciamento de risco e acidentes de trabalho;
● Redução de afastamentos por acidente de trabalho;
● Maior qualidade de vida e melhor relacionamento empregador x empregado;
● Redução dos prejuízos financeiros devido a processos trabalhistas.
A ISO 50001 tem objetivo de melhorar a eficiência enérgica das empresas.
Implementando um sistema de gestão de energética, a empresa tem como
benefícios:
● Uso de tecnologias modernas e eficientes;
● Redução dos custos com energia;
● Redução da emissão de gases de efeito estufa e das mudanças climáticas.
A adoção das normas ISO atesta a responsabilidade no desenvolvimento das
atividades de uma empresa. Para sua obtenção e manutenção, são realizadas
auditorias periódicas por uma empresa certificadora, que deve ser credenciada e
reconhecida por órgãos nacionais e internacionais. Organizações que aderem às
normas ISO possuem sistema de manejo integrado e se colocam no mercado como
responsáveis socioambientalmente.
Desenvolvimento sustentável
O crescimento econômico no século XX se desenvolveu nos moldes capitalistas,
passando a depender do consumo cada vez maior de energia e recursos naturais
(recursos renováveis e não renováveis). Atrelado a isto, da década de 1950 em
diante, a preocupação com uma eminente explosão demográfica global resultante
do crescimento dos países pobres causou um interesse global pelos temas
populacionais. Iniciaram-se diversos movimentos para controlar a fecundidade dos
países pobres. Na Conferência Mundial de População, realizada pela ONU em
Bucareste, 1974, de um lado, os países desenvolvidosarticulavam que, para reduzir
a pobreza, deveriam haver programas de estímulo à redução do crescimento da
população por meio de redução da taxa de natalidade, do outro, os países pobres e
em desenvolvimento defendiam que políticas de desenvolvimento eram
necessárias.
Após longos períodos de debates, constatou-se que os moldes de desenvolvimento
até então adotados poderiam ser insustentáveis, e novos meios de produção e
consumo deveriam ser adotados uma vez que a disponibilidade dos recursos era
finita.
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, a produção sustentável baseia-se na
incorporação, ao longo do ciclo de vida de bens e serviços, de medidas que
minimizem os custos ambientais e sociais resultantes da ação humana. Sobre
consumo sustentável, entende-se como o uso de bens e serviços suficientes para
atender às necessidades básicas, proporcionando melhor qualidade de vida,
enquanto reduz o uso de recursos naturais e materiais tóxicos, a geração de
resíduos e a emissão de poluentes.
De acordo com o Relatório de Brundtland, os principais objetivos das políticas de
desenvolvimento sustentável seriam os seguintes:
● Retomar o crescimento;
● Alterar a qualidade do desenvolvimento;
● Atender às necessidades essenciais do emprego, educação, alimentação,
saúde, energia, água e saneamento;
● Manter um nível populacional sustentável;
● Conservar e melhorar, por meio da tecnologia, as bases dos recursos;
● Incluir o meio ambiente e a economia nas decisões que afetem a sociedade.
Para atingir tais objetivos de produção e consumo, a modificação das organizações
deveria ser contínua, contar com o apoio da ciência e manter-se dinamicamente
equilibrada. Práticas produtivas exploratórias, predatórias e que visassem o lucro
deveriam dar espaço para relações sociais justas e para bem-estar dos seres vivos.
Em um primeiro momento, a busca pelo desenvolvimento sustentável das nações
parece limitar seu potencial de desenvolvimento. Na realidade, deve-se entender o
desenvolvimento sustentável como um conjunto de práticas que não limite o
desenvolvimento econômico, mas que considere que os recursos naturais são
finitos e devem ser usados sob um viés conservacionista. Assim, se estabelece um
paradigma que consiste em diminuir o consumo e a exploração dos recursos
renováveis e não renováveis pelos países desenvolvidos, garantindo que países
industrializados – em desenvolvimento – possam se modernizar, proporcionando
qualidade de vida às suas populações em sinergia com o meio ambiente.
Muito se discute sobre desenvolvimento sustentável; às vezes, há consenso entre
as atitudes a serem adotadas, às vezes, não há. De fato, diversas ações foram
tomadas e cada vez fica mais evidente que ainda há muito a ser feito.
ASSISTA: A Organização das Nações Unidas vem se posicionando como uma
grande difusora das ideias de desenvolvimento sustentável no mundo todo. Assista
ao vídeo da Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável,
realizada em 2015.
AÇÕES GLOBAIS RUMO AO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Chegamos a um ponto em que assuntos relacionados aos impactos da ação
humana, bem como sobre a necessidade das práticas de responsabilidade social
são vistos diariamente nos meios de comunicação. Cada dia mais é exigido que a
sociedade adote uma postura de mudança diante de seus meios de produção e de
suas opções de consumo.
As consequências do desenvolvimento em condições de insustentabilidade fizeram
com que diversos cientistas discutissem a transgressão das fronteiras planetárias.
As fronteiras planetárias se referem ao poder de fornecimento de recursos e da
resiliência do planeta diante dos hábitos e moldes de produção e consumo. O
conceito pode ajudar a sociedade civil e o poder público na definição de modelos de
produção seguros para a humanidade e a vida na Terra. As nove fronteiras
planetárias, segundo Martine e Alves, são:
[...] mudanças climáticas; mudança na integridade da biosfera (perda de
biodiversidade e extinção de espécies); depleção da camada de ozônio
estratosférico; acidificação dos oceanos; fluxos biogeoquímicos (ciclos de fósforo e
nitrogênio); mudança no uso da terra; uso global de água doce; concentração de
aerossóis atmosféricos; e introdução de poluentes orgânicos, materiais radioativos,
nanomateriais e microplásticos. Das nove, quatro já foram ultrapassadas: mudanças
climáticas, perda da integridade da biosfera, mudança no uso da terra e fluxos
biogeoquímicos (MARTINE; ALVES, 2015, p. 445).
Sobre o aquecimento global e mudanças climáticas, devemos considerar duas
situações. A primeira trata do efeito estufa natural, que consiste na absorção, pelos
gases do efeito estufa, dos raios infravermelhos emitidos pela superfície terrestre.
Este processo permite que a superfície terrestre se mantenha em temperaturas
ideais para os seres vivos. A segunda situação aborda o efeito estufa antrópico, no
qual o aumento da concentração atmosférica dos gases do efeito estufa, causados
pelo uso excessivo de recursos não renováveis – como os combustíveis fósseis –,
resulta no aumento da temperatura da superfície terrestre, chamado de
aquecimento global (Figura 4).
Figura 4. À esquerda, efeito estufa natural e, à direita, efeito estufa causado pela
atividade humana que resulta em aumento da concentração dos gases do efeito estufa na
atmosfera, entre eles o dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O).
Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 30/09/2020.
A sociedade vem discutindo ativamente as consequências do segundo caso, bem
como as formas de mitigar as emissões reduzindo a velocidade das mudanças
climáticas causadas pelo aquecimento global.
Os cientistas relatam que, caso nenhuma ação seja tomada, eventos extremos
podem começar a acontecer, como: aumento da temperatura dos oceanos, ondas
de calor, alteração dos regimes pluviométricos, desertificação, derretimento das
calotas polares, redução da diversidade de fauna e flora, entre outros.
O termo “pegada de carbono” refere-se ao consumo individual diante das práticas
de responsabilidade ambiental, ou seja, o quanto os hábitos de uma pessoa podem
impactar o desenvolvimento sustentável do planeta. A pegada de carbono pode ser
calculada, tornando-se um índice, geralmente, expresso em emissão de dióxido de
carbono – um dos principais gases do efeito estufa causado pelo homem – que
quantifica o efeito da utilização dos recursos sobre a bioesfera. Estes dados
individuais podem ser extrapolados para medir os efeitos da atividade humana,
servindo como base para elaboração de políticas públicas e desenvolvimento de
novos produtos.
CURIOSIDADE: Você pode calcular a sua pegada de carbono pessoal ou
simplesmente saber mais sobre a pegada de carbono na sua região. Fornecendo
informações sobre sua dieta, seus hábitos de transporte e consumo de energia, uma
calculadora especializada fará os cálculos e você poderá comparar sua pegada com
a de pessoas de outros países.
Sem dúvida, não podemos conceber um mundo sem uso de fontes energéticas.
Porém, existem diversas alternativas sendo disponibilizadas e aprimoradas pela
ciência. Diante desse contexto, abordamos a ideia de energia limpa. Ela vem de
fontes de energia renováveis (Figura 5), e quando optamos por utilizá-las, estamos
reduzindo a emissão de gases do efeito estufa para a atmosfera. São exemplos de
energia limpa aquelas provenientes de fontes solares, eólicas, geotérmicas,
hidráulicas e maremotrizes.
Figura 5. Energia poluente derivada de recursos não renováveis e a energia limpa
proveniente de fonte de energia renováveis. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 01/10/2020.
Empresas que reduzem as emissões de gases do efeito estufa em seus processos
produtivos podem comercializar créditos de carbono. Esse mercado internacional
cresce anualmente. Os créditos baseiam-se na quantidade de gás não emitido para
a atmosfera, sendo que cada crédito se refere a uma tonelada de dióxido de
carbono equivalente (t CO2e). Não somente o dióxido de carbono é contabilizado,
outros gases causadores do aquecimento

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