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CAPÍTULO 32 DINÂMICA DE PRODUÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DE ABACAXI (ANANAS COMOSUS L. MERR) NO ESTADO DO PARÁ 10.37885/200600406 Palavras-chave: Comercialização de Frutas; Fruticultura Regional. Ananas comosus L. Merr. RESUMO O abacaxi (Ananas comosus L. Merr) é a terceira fruta tropical mais cultivada no mundo e o Brasil está entre os maiores produtores, com o estado do Pará sendo líder de produção no país. A comercialização desta fruta, no Brasil, é realizada, principalmente, por meio das centrais de abastecimento (Ceasas) que são consideradas os principais canais de oferta e distribuição de produtos hortifrutigranjeiros do país. No entanto, informações sobre o comportamento do mercado de abacaxi nas centrais de abastecimento no estado do Pará, que podem contribuir no planejamento e na tomada de decisões na produção regional, não são bem documentadas. Neste contexto, o objetivo foi verificar a dinâmica de produção e comercialização de abacaxi no estado do Pará, no período entre 2012 a 2017. Para isso, foram coletadas informações sobre o volume de frutos produzidos e a quantidade comercializada, procedência, preço e receita gerada a partir da comercialização do abacaxi na CEASA-PA. Foram calculadas taxas de crescimento de produção e comercialização entre os anos avaliados. Dentre os sete estados que compõe a Região Norte, segunda região de maior produção de abacaxi do Brasil, o Estado do Pará liderou a produção, com média, do período de 2012 a 2017, igual a 323.344 frutos. Isto é, somente o Pará foi responsável por 67,6% do total colhido no norte do Brasil, com mais de 1,9 milhões de frutos produzidos. No entanto, apenas 1,2% do que foi produzido no Pará abasteceu a ceasa do estado, que recebeu somente, em média, 0,43% do abacaxi ofertado de outros estados brasileiros. O preço médio do quilo (kg) da fruta foi de R$ 1,30, com receita gerada no valor de R$ 37 milhões, entre 2012 e 2017. O Estado do Pará possui autossuficiência na oferta de abacaxi, no entanto, grande parcela do que é produzido é direcionado, principalmente, para a maior central de abastecimento do país, que fica em São Paulo. Josiene Amanda dos Santos Viana UFRA Letícia Cunha da Hun- gria UFRA André Gustavo Campi- nas Pereira UFPA Érica Coutinho David UFRA Marcus Vinicius Santia- go de Oliveira e Silva UFRA Danielle do Socorro Nunes Campinas UFRA Otoniel Monteiro da Costa Neto UFRA Priscila Cristian Noguei- ra da Silva UFRA Raimara Reis do Rosá- rio UFRA Leonardo Souza Duarte UFRA Extensão Rural em Foco: Apoio à Agricultura Familiar, Empreendedorismo e Inovação - Volume 1 241 1. INTRODUÇÃO O abacaxi (Ananas comosus L. Merr) é uma espécie pertencente à família Bromeliaceae, lotada no gênero Ananas, e que possui representantes sil- vestres e de utilização em cultivos para exploração econômica e ornamental (COLLINS, 1960). É uma herbácea de clima tropical, apresentando como cen- tro de origem os países sul-americanos, compreen- dendo as regiões situadas entre a latitude 15° N e 30° S, e longitude 40° L e 60° W, sendo o Brasil o maior centro de variabilidade genética desse gênero (SILVA et al., 2017; ROCHA, 2017). A comercialização ornamental de representantes silvestres do gênero Ananas, é um elo menos ex- pressivo quando comparado a outros setores pre- sentes na cadeia de comercialização de abacaxi, demonstrando o potencial inexplorado de comer- cialização desta vertente de produtos. A diversidade gênica presente entre as espécies silvestres do gê- nero Ananas, promove uma grande variabilidade de características morfológicas como formas e cores, contribuindo para atração do público consumidor da atividade de exploração ornamental desta cultura (SOUZA et al., 2007). O mercado do abacaxi para fins alimentícios, por outro lado, possui grande expressão no mundo, podendo ser consumido in natura ou industrializa- do na forma de doces, bebidas, sorvetes e outros derivados. O abacaxi é a terceira cultura tropical mais cultivada e consumida no mundo e o Brasil é segundo maior produtor mundial, perdendo ape- nas para a Costa Rica (CONAB, 2020; FAO, 2019). Em 2018, a produção brasileira de abacaxi foi um pouco mais de 1,7 milhões de frutos com maiores produções registradas nos estados do Pará, Paraíba e Minas Gerais, que produziram volume de frutos iguais a 426.780; 334.880 e 192.189, respectiva- mente (IBGE, 2018). Os principais fatores que justificam o alto consumo de abacaxi estão associados ao fato da fruta ofere- cer uma grande diversidade de benefícios à nutri- ção humana como o alto valor energético, grande concentração de açúcares e sais minerais, sendo também fonte de vitaminas A, B1, B2, B3 e C (DAN- TAS, 2007). Existe uma variação na concentração de alguns metabólitos presentes no abacaxi, sen- do influenciada por características como condições edafoclimáticas, nutrição e época do ano em que os frutos são produzidos, desta forma, a produção de frutos com maiores concentrações de açúcares e menor acidez, características apreciadas pelos con- sumidores, será beneficiada em períodos de verão (SANTOS, 2017). Essas condições são facilmente encontradas no Brasil, que em virtude da diversida- de climática e das tecnologias existentes no país, é possível produzir a fruta praticamente o ano inteiro. Apesar do destaque brasileiro na produção do aba- caxi, é inexpressiva a sua participação no comércio internacional, indicando a preponderância do dire- cionamento do que é produzido no país ao mercado interno (FAO, 2019). Segundo dados da Estatística de Comércio Exterior (2018), em 2017, 3.870 t de abacaxi fresco e seco e 5.247 t de suco de abacaxi foram exportados para fora do Brasil, que correspon- deram a menos de 1% do que foi produzido neste mesmo ano. No processo de comercialização de abacaxi no Bra- sil, a atuação das Centrais de Abastecimento (Ce- asas) é responsável por grande parcela da oferta e distribuição da fruta. No ano de 2017, conforme dados do sistema do Programa de Modernização do Mercado Hortifrutigranjeiro (PROHORT) da Compa- nhia Nacional de Abastecimento (Conab), as Ceasas foram responsáveis pela comercialização de 17 mi- lhões de toneladas de produtos hortifrutigranjeiros e cerca de 36% da produção anual de abacaxi, com a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP) considerada o maior canal brasileiro de comercialização de abacaxi. A Central de Abastecimento do Estado do Pará (CE- ASA-PA) é a principal fornecedora de abacaxi da CEAGESP e a única central existente no Pará. No entanto, informações sobre o comportamento do mercado de abacaxi dentro das centrais de abaste- cimento do estado do Pará, que podem contribuir no planejamento e na tomada de decisões na produção regional, não são bem documentadas (HUNGRIA et al., 2018). Desta forma, o objetivo foi verificar a dinâmica de produção e comercialização de abacaxi no estado do Pará, no período de 2012 a 2017. 2. METODOLOGIA O estudo foi conduzido a partir de dados se- cundários levantados junto ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e Central de Abasteci- mento do Estado do Pará (CEASA-PA). 2.1 DADOS DE PRODUÇÃO Para a quantificação do volume (mil frutos) de pro- dução de abacaxi foram consultados e utilizados dados agrupados nas seis mesorregiões do Esta- do do Pará, bem como as cinco regiões do Brasil, registrados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre a Produção Agrícola Muni- cipal (PAM), no período de 2012 a 2017. Extensão Rural em Foco: Apoio à Agricultura Familiar, Empreendedorismo e Inovação - Volume 1242 2.2 DADOS DE COMERCIALIZAÇÃO Os números relacionados à comercialização realiza- da dentro das centrais de abastecimento do Brasil foram adquiridos do sistema do Programa de Moder- nização do Mercado Hortifrutigranjeiro (PROHORT) da Conab. A maioria das centrais participa desse sistema de informação, o qual registradados de co- mercialização, fornece acompanhamento de preços, análises de mercado e consultas a dados históricos de regiões produtoras. As informações referentes à procedência e volu- me (mil frutos) anual de abacaxis comercializados na Central de Abastecimento do Estado do Pará (CEASA-PA), bem como o preço médio de comer- cialização e a receita gerada (R$) por este produto no período compreendido entre 2012 a 2017 foram registradas e disponibilizadas por gestores da dire- toria técnica (Ditec) da CEASA-PA. A CEASA-PA, que possui uma área total de 345.478,00 m², está localizada no Km 4 s/n, da es- trada do Murutucum, bairro do Curió, no município de Belém (01º 27’ 21” S; 48º 30’ 16” W). A central recebe produtos hortifrutigranjeiros oriundos de 18 estados brasileiros e produtos importados de nove países (Argentina, Espanha, Chile, China, Estados Unidos, Holanda Noruega, Portugal e Turquia) via CEAGESP. Os principais produtos recebidos e comercializados na CEASA-PA são divididos em subgrupos, denomi- nados: frutas, hortaliças do tipo folha, flor e haste; hortaliça fruto, hortaliça tubérculo, raiz e rizoma; e outros gêneros alimentícios. O abacaxi é categori- zado no subgrupo frutas. 2.3 TAXA DE CRESCIMENTO ANUAL Os dados originados do registro diário da central de abastecimento paraense e do IBGE obtidos foram sistematizados em um banco de dados tabulado no programa Microsoft Excel® 2010 e processados para criação de planilhas dinâmicas para análise estatística e descritiva. Para o período avaliado fo- ram calculadas as taxas de crescimento anual (%), utilizando-se a seguinte fórmula: Em que: Txc = taxa de crescimento; Canoα = comercialização do ano analisado; e Canoβ = comercialização do ano referência. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 PRODUÇÃO DE ABACAXI NAS REGIÕES BRASILEIRAS De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2018), a produção de aba- caxi no Brasil, no período entre 2012 e 2017, atingiu cerca de 10,1 milhões de frutos, distribuídos em to- das as regiões do país. O resultado anual demonstra média de 1,7 milhões de frutos, com exceção do ano de 2017, em que houve queda da produção. As principais regiões brasileiras produtoras de aba- caxi são o Nordeste, Norte e Sudeste que, juntas, assumiram 93% do que foi produzido no país entre 2012 e 2017 (Tabela 1). Neste período, cerca de 3,6 (36,2%); 2,9 (28,7%) e 2,8 (28,5%) milhões de frutos foram provenientes destas regiões, nesta ordem. No Nordeste do país, a média de produção foi de 604.957 frutos de abacaxi por ano, com 19,3% do total produzido entre 2012 a 2017, registrado apenas em 2014, enquanto a menor produção foi atingida em 2016 (514.701 frutos). As taxas de crescimento anuais oscilaram conforme os anos avaliados, sendo observadas reduções de até 16,6% e incremento de produção de até 19,6% entre os anos de 2015 e 2016; e 2012 e 2013, respectivamente. Quando avaliada a evolução de produção nordestina entre 2012 e 2017, constata-se que dentre as principais regiões produtoras, o Nordeste apresentou menor declínio na produção, com redução de apenas 3%. Tabela 1. Produção de abacaxi entre as regiões brasileiras, em toneladas e percentual de contribuição, entre os anos de 2012 e 2017. Fonte: IBGE, 2018. Elaborada pelos autores. Na Região Norte, a segunda região de maior produ- ção no período avaliado, apresentou uma média de produção de 462.574 frutos, com a maior produção em 2016 (20,4%) e menor no último ano analisado (14,2%), que comparado com o ano anterior, apre- sentou queda de 30,5% do que foi produzido nesta região. No total do intervalo, o norte do Brasil, reduziu 6,7% da produção de abacaxi. Em estudo conduzido por Embrapa (2000), sugere-se que o centro de ori- Extensão Rural em Foco: Apoio à Agricultura Familiar, Empreendedorismo e Inovação - Volume 1 243 gem de espécies de abacaxi é a região Amazônica, com a Região Norte sendo considerada o segundo centro de diversificação do gênero Ananás. O sudeste brasileiro, com produção média de 490.575 frutos, apresentou redução de 20,8% da produção entre 2012 e 2017, a maior redução quan- do comparada com as demais regiões de maior pro- dução. Em 2012, atingiu o maior volume de frutos colhidos, enquanto que em 2017, o número de frutos foi o menor da série. O Centro-oeste e o Sul do Brasil apresentam as me- nores produções de abacaxi do país, com participa- ção de 6% e 1%, respectivamente. O Centro-oeste, que possui média de 101.643 frutos por ano, foi a região com menores picos de oscilação da taxa de crescimento anual, atingindo redução máxima de 6,4% entre 2015 e 2016 e menor igual 0,5% entre 2016 e 2017. A região Sul do país, dentre todas as regiões, apresentou a menor contribuição do volume de abacaxi produzido no Brasil, com apenas 15.739 frutos (1%). No entanto, proporcionalmente ao que a região produz, o Sul do país foi o que mais incre- mentou a sua produção entre 2012 e 2017, com taxa de crescimento igual a 52,5% neste intervalo. Além disso, junto com o Nordeste, a região Sul foi uma das únicas que não reduziu a produção entre 2016 e 2017, e a que teve a maior taxa de crescimento desse período, em cerca de 43,5%. 3.2 PRODUÇÃO DE ABACAXI NA REGIÃO NORTE Dentre os sete estados que compõe a Região Norte, o Estado do Pará é líder de produção, com média, do período de 2012 e 2017, igual a 323.344 frutos (Figura 1). Isto é, somente o Pará foi responsável por 67,6% do total colhido no norte do Brasil, com mais de 1,9 milhões de frutos. O resultado anual demonstra uma produção média de um pouco mais que 349 mil frutos, com exceção do ano de 2017, em que foi registrada diminuição de 47,1% da produção, atingindo a colheita de, aproxi- madamente, 218 mil frutos. De acordo com dados do IBGE, em 2017, o rendimento da produção foi de 23,6 toneladas/hectare, redução de 21,2% quando comparado ao rendimento 2012 e de 24,4% com- parado ao ano de maior rendimento (31,2 t/ha em 2015) da cultura no período considerado. Os estados do Amazonas e do Tocantins também são importantes produtores e representaram 15,5% e 10,1%, respectivamente, do total produzido no pe- ríodo em questão. O estado de Tocantins sinaliza grande potencial competitivo no mercado interno de abacaxis em virtude dos avanços tecnológicos na produção e da logística de comercialização da fruta in natura. A maior competitividade do Tocantins, porém, confirma-se no sucesso obtido com a expor- tação dessa fruta para países europeus, cujos níveis de exigência são superiores ao nacional (LEITE; CASTRI; SANTOS, 2003). Pereira (2009) atribui o bom desempenho do setor da fruticultura em To- cantins, em virtude das condições favoráveis para a produção de frutos, como água disponível para irrigação no período da seca e alta luminosidade. O mesmo pode ser aplicado para os estados do Pará e Amazonas, que ainda contam com grande disponibilidade de áreas apropriadas ao cultivo do abacaxizeiro. Araújo et al. (2006), explicam que, a condução de fruteiras da região Amazônica atingiu posição privile- giada, incluindo a produção de abacaxis, em função de outros três fatores: a geração de tecnologias ade- quadas à produção, industrialização e seleção de variedades que atendam às exigências do mercado. 3.3 PRODUÇÃO DE ABACAXI NAS MESOR- REGIÕES DO ESTADO DO PARÁ Dentre as mesorregiões do Estado do Pará, o sudes- te paraense, constituído por trinta e nove municípios organizados em sete microrregiões (Paragominas, Tucuruí, São Félix do Xingu, Parauapebas, Marabá, Redenção e Conceição do Araguaia), produziu cerca de 1,7 milhões de frutos, que representa quase 90% do que foi colhido no estado entre 2012 e 2017 (Ta- bela 2). É no sudeste paraense que está localizada a maior indústria de suco concentrado de abacaxi do Brasil, com capacidade de quatro mil toneladas/ mês, e que exporta para países da União Europeia, Estados Unidos e Mercosul (ADEPARÁ, 2017). Por outro lado, a mesorregiãode Marajó, segunda que mais produz no estado, não ultrapassa a expressão de 5% do total, com contribuição de 81.128 de frutos colhidos. Figura 1. Produção de abacaxi por estado na Região Norte do Brasil, entre 2012 e 2017. Fonte: IBGE, 2018. Elaborada pelos autores. Extensão Rural em Foco: Apoio à Agricultura Familiar, Empreendedorismo e Inovação - Volume 1244 Tabela 2. Produção de abacaxi entre as mesorregiões do estado do Pará, em mil frutos e percentual de participação, entre os anos de 2012 e 2017. Fonte: IBGE, 2018. Elaborada pelos autores. 3.4 COMERCIALIZAÇÃO NA CENTRAL DE ABASTECIMENTO DO ESTADO DO PARÁ A dinâmica da oferta dos frutos relaciona-se dire- tamente às épocas de colheita nos estados produ- tores. No Pará, em plantios de sequeiro, quando a lavoura é implantada no período chuvoso, a colheita concentra-se de janeiro a maio, e pode ser anteci- pada para dezembro se houver irrigação entre junho a setembro (SILVA, 2015). No estado do Pará, a Ceasa ainda é considerada a principal fonte de produtos hortifrutigranjeiros para estabelecimentos comerciais, especialmente da re- gião metropolitana de Belém, capital do estado. A Figura 2 mostra a evolução do volume de abacaxi comercializado na CEASA-PA, no período de 2012 a 2017. Figura 2. Quantidade (mil frutos) e preço de venda (R$/ kg) do abacaxi comercializado na CEASA-PA, entre 2012 e 2017. Neste intervalo, foram comercializadas 807.141,6 t de frutos, sendo 27.345 frutos correspondentes ao volume de abacaxi ofertado, isto é, apenas 1,2% do que foi produzido (Figura 1) no estado. Em 2012, a oferta do abacaxi correspondeu a 16% (4.379 frutos) do total do abastecimento desta fru- ta dentre os anos avaliados. No ano seguinte, a disponibilidade do abacaxi, dentro da CEASA-PA, aumentou 25,3% (5.488 frutos) em relação ao ano anterior, sendo 2013, o ano de maior comercializa- ção da fruta, com 20,1% da oferta total dos seis anos analisados. Nos anos de 2014 e 2015, ocorreram reduções seguidas no abastecimento na ordem de 6,8% e 23,4% entre 2013 e 2014; 2014 e 2015, respectivamente. Somente a partir de 2016, a oferta da fruta passou a crescer novamente, com maior estabilidade no ano de 2017. Do total de abacaxi que foi comercializado na CEA- SA-PA entre 2012 e 2017, em média, 99,7% (dados não mostrados) foi proveniente do próprio estado e somente 0,43% oriundo de outros estados bra- sileiros. A maior importação da fruta não paraen- se ocorreu em 2016, com contribuição de 1,5% de outros estados na comercialização de abacaxi na CEASA-PA. Isto sinaliza que o Estado do Pará tem produção suficiente para abastecer o mercado es- tadual. Dentre os fatores que contribuem para a baixa co- mercialização de abacaxi via CEASA-PA, destaca- -se: a proximidade territorial da mesorregião sudeste paraense, maior produtora do estado, com a região ocidental do Tocantins somada a maior distância de municípios do sudeste paraense em relação a Be- lém, onde está localizada a central de abastecimen- to. Isto provoca impacto direto na comercialização e preço da fruta, induzindo as melhores oportunidades de venda em locais próximos da zona de concentra- ção da produção ou de maior demanda. O abacaxi da mesorregião do sudeste paraense abastece, prin- cipalmente, os estados do Centro-Oeste e Sudeste, sendo esta última a maior área consumidora do país, com a CEAGESP sendo o maior receptor do abacaxi paraense (CONAB, 2020). O preço médio do quilo (kg) do abacaxi comerciali- zado entre os anos analisados foi de R$ 1,30, com preços mais baixos atingidos em 2012 (R$ 1,20) e mais elevados em 2017 (R$ 1,61) (Figura 2). A for- mação de preços mais altos, no último ano avaliado, é atribuída às reduções na produção e comercializa- ção de abacaxi neste ano, sendo registrada queda de 9,6% na área colhida para 62.116 hectares e redução de 13,3% do volume colhido em relação a 2016. Bengozi et al., (2007), ressaltam a relação da quantidade de abacaxi comercializado e a sa- zonalidade de preços. Isto é, o comportamento dos preços possui relação com a safra e entressafra das regiões de produção. Outras variáveis que influen- ciam o preço são questões logísticas, distância de centros consumidores, concorrência de outras frutas e a própria perecibilidade da fruta (CONAB, 2020). 3.5 RECEITAS GERADAS PELA COMERCIA- LIZAÇÃO NA CEASA-PA A comercialização de abacaxi no período de 2012 Extensão Rural em Foco: Apoio à Agricultura Familiar, Empreendedorismo e Inovação - Volume 1 245 a 2017 na central atacadista do Pará movimentou R$ 7. 103 milhões, com a oferta de 27.345 frutos (Tabela 3). Tabela 3. Receita (R$) gerada pela comercialização de abacaxi na CEASA-PA, entre os anos de 2012 e 2017. Os mercados são a arena de atividades importantes e necessárias em todas as sociedades e o preço médio de comercialização altera os resultados da receita gerada por meio do comércio, uma vez que a agregação de valor estimula a receita via preço. Considerando que a CEASA-PA comercializa o aba- caxi majoritariamente in natura, a possibilidade de agregação de valor no preço do produto é muito pequena e, consequentemente, a receita irá variar muito mais atrelada a quantidade de produto ofer- tado do que por outro motivo. Logo, a o aumento da quantidade produzida resume o aumento do fatura- mento (CONAB, 2020). 4.CONCLUSÕES Entre 2012 e 2017, o Estado do Pará possuía autossuficiência de abastecimento de abacaxi para comercialização nos estabelecimentos comerciais paraenses, com média superior a 320 mil frutos pro- duzidos anualmente. No entanto, grande parcela do que é produzido, principalmente, no sudeste paraen- se, mesorregião de maior produção, é direcionado para a maior central de abastecimento do país, que fica em São Paulo, sendo apenas 1,2% do abacaxi comercializado na CEASA-PA. Existe no Pará, um potencial enorme de inserção do abacaxi, produzido neste estado, no mercado internacional, que pode criar a possibilidade de po- tencializar a economia envolvida na produção e co- mercialização dessa fruta, gerando mais empregos e renda para produtores paraenses. REFERÊNCIAS ADEPARÁ- Agência de Defesa Agropecuária do Pará. Abacaxi faz o Pará despontar como o maior produtor nacional do fruto. Disponível em:< http://www.adepara.pa.gov.br/artigos/abacaxi-fa- z-o-par%C3%A1-despontar-como-o-maior-pro- dutor-nacional-do-fruto>. Acesso: 05 jun. 2020. COLLINS, J. L. The pineapple: botany, cultivation ande utilization. Ney York: Interscience, 1960. CONAB - COMPANHIA NACIONAL DE ABAS- TECIMENTO. 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