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Agronegócio do Palmito no Brasil

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O Agronegócio 
do Palmito no Brasil
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56
ROBERTO REQUIÃO
Governador do Estado do Paraná
VALTER BIANCHINI
Secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento
INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ - IAPAR
JOSÉ AUGUSTO TEIXEIRA DE FREITAS PICHETH
Diretor-Presidente
ARNALDO COLOZZI FILHO
Diretor Técnico-Científico
ALTAIR SEBASTIÃO DORIGO
Diretor de Administração e Finanças
MARIA LÚCIA CROCHEMORE
Diretora de Gestão de Pessoas
CIRCULAR TÉCNICA Nº 130 ISSN 0100-3356
SETEMBRO/07
O AGRONEGÓCIO DO PALMITO NO BRASIL
Aníbal dos Santos Rodrigues
Maria Eliane Durigan
INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ
Londrina 2007
COMITÊ EDITORIAL
Rui Gomes Carneiro – Coordenador
Sueli Souza Martinez - Editora Executiva
Antonio Carlos Rodrigues da Silva
Séphora Cloé Rezende Cordeiro
Telma Passini
EDITOR REVISOR
Álisson Néri
ASSISTENTE EDITORIAL/ESTAGIÁRIA
Stephanie Bergamo
DIAGRAMAÇÃO
Devanir de Souza Moraes
CAPA
Devanir de Souza Moraes
DISTRIBUIÇÃO
Área de Difusão de Tecnologia - ADT
adt@iapar.br / (43) 3376-2373
TIRAGEM: 1.500 exemplares
Impresso na Gráfica do IAPAR
Todos os direitos reservados
É permitida a reprodução parcial, desde que citada a fonte.
É proibida a reprodução total desta obra.
INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ
Impresso no Brasil / Printed in Brazil
2007
R696a Rodrigues, Aníbal dos Santos
 O agronegócio do palmito no Brasil / Aníbal dos Santos
 Rodrigues e Maria Eliane Durigan – Londrina: IAPAR, 2007.
 131 p. – ( IAPAR. Circular técnica, 130)
 ISSN: 0100-3356
 1. Palmito–Agronegócio–Brasil. I. Durigan, Maria Eliane.
 II. Instituto Agronômico do Paraná, Londrina, PR. III. Título.
 IV. Série.
 CDD 634.9745
 338.1
AUTORES
Aníbal dos Santos Rodrigues
Eng. Agr. Dr. Pesquisador da Área de Socioeconomia
IAPAR – Curitiba - PR
anibal@iapar.br
Maria Eliane Durigan
Eng. Agr. MSc. Pesquisadora da Área de Fitotecnia
IAPAR – Curitiba - PR
mdurigan@iapar.br
APRESENTAÇÃO
Este estudo faz parte do projeto “Palmito de pupunha (Bactris gasipaes):
uma alternativa sustentável para o aproveitamento de áreas abandonadas e/ou
degradadas pela agricultura no domínio da Mata Atlântica”, proposto ao Programa
de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Agricultura Brasileira (PRODETAB). O
projeto foi desenvolvido de outubro de 2000 a setembro de 2003, tendo como
instituição coordenadora a EMBRAPA/CNPF. Os executores foram a EMBRAPA, o
Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR) e a Universidade Estadual de Maringá (UEM).
Trata-se de estudo prospectivo, com o objetivo de caracterizar o agronegócio
do palmito com enfoque nas questões do mercado, em que constem os fatores
críticos e as oportunidades ao desenvolvimento da atividade. Foram abrangidas as
regiões e as espécies mais importantes em produção, extração, transformação e
consumo do palmito. Foram levantados e sistematizados dados, informações e estudos
relativos ao mercado interno e externo, quantificou-se a produção, a transformação
(agroindústria) e a comercialização do produto nas suas diferentes formas.
O objetivo foi elaborar um quadro que permitisse uma visão atual do
agronegócio do palmito, estabelecer referências para o futuro e mapear com
mais acerto as restrições, oportunidades e tendências, ou seja, construir
cenários para o bom encaminhamento das atividades próprias de cada agente
e do conjunto da atividade.
 O estudo é apresentado em duas partes. A primeira, na qual dados e
informações são sistematizados e comentados numa perspectiva histórica da
formação do agronegócio do palmito no Brasil e em países concorrentes. A segunda,
em que se caracteriza a situação contemporânea da atividade no país a partir de
informações obtidas em entrevistas diretas, com diversos agentes, nas regiões
onde a atividade é relevante.
O IAPAR apóia o desenvolvimento da atividade por meio de projetos de
pesquisa com pupunha iniciados em 1985, primeiramente no litoral e posteriormente
nas regiões do Paraná onde havia indicações de adaptação agronômica. Existe um
acervo de conhecimentos sobre a produção em estações experimentais e em
unidades de produtores: manejo da cultura, zoneamento da pupunha para o estado
e diversificação do produto na comercialização in natura.
Este estudo procura complementar, com informações de cunho
econômico, o quadro de referências necessárias ao entendimento do agronegócio
do palmito como um todo.
José Augusto Teixeira de Freitas Picheth
Diretor-Presidente do IAPAR
AGRADECIMENTOS
Embora a responsabilidade e as eventuais falhas sejam dos autores,
este estudo foi realizado com a colaboração de um grande número de pessoas
que, em maior ou menor grau, contribuíram para sua realização e finalização
a bom termo.
No levantamento dos dados, contamos com a prestimosa colaboração
de colegas pesquisadores e técnicos, que além de informar sobre as
especificidades da sua área de trabalho, abordaram as diversas questões com
as quais se defronta a atividade.
Os proprietários e gerentes das agroindústrias, bem como os agricultores,
em diversos eventos, prestaram informações valiosas. Também os gerentes
dos supermercados, dentro dos limites das suas ocupações, colaboraram
sobremaneira para a obtenção dos dados e informações sobre o “elo da cadeia”
em que atuam.
Agradecemos a todos e, apesar de corrermos o risco de falhar no
procedimento, nominamos instituições e pessoas que apoiaram de modo decisivo
a realização deste trabalho.
Em Manaus, agradecemos aos pesquisadores Lenoir Santos, Kaoru
Yuyama e Charles Clement. Ao Clement agradecimentos especiais, porque
colaborou significativamente ao orientar alguns procedimentos na primeira
entrevista do trabalho e quando da percuciente revisão deste. Agradecimentos
a Teruyuki Matsugu, diretor de produção da Cooperativa Mista Efigênio de
Sales, aos pesquisadores da EMBRAPA Amazônia Ocidental, Gladys de Souza e
Rosildo Simplício da Costa, a Geraldo Couto Araújo, Chefe do Departamento
de ATER, do IDAM.
Em Belém, agradecimentos especiais ao Carlos Eduardo Gorrësen, gerente
comercial da Meg Gorrësen, que nos bem recepcionou e colaborou sobremaneira
com informações e na organização do trabalho naquela cidade. Também ao
Luciano Correa, da Agroindústria Riomar e diretor presidente do SINDIPALM.
Aos pesquisadores da EMBRAPA Amazônia Oriental, Manoel Cravo, Oscar Nogueira
– este quando da entrevista por videoconferência – e Alfredo Homma, que nos
recepcionou em demorada entrevista e se empenhou no trabalho de revisão
deste. Agradecimentos também a Deusimar Miranda Rodrigues, engenheira
agrônoma da SAGRI-Pará.
No Sul da Bahia foram colaboradores importantes os colegas Ismael de
Souza Rosa e Maria das Graças Parada, pesquisadores da CEPLAC, Manoel
Aboboreira Neto, gerente de produção da Inaceres e José Humberto Mafuz,
diretor da agroindústria Estrela do Rio.
No Espírito Santo, agradecimentos ao Adilson Pereira, produtor de mudas,
ao Joaquim Amorim, gerente da Coimex, ao pesquisador César Pereira Teixeira
do INCAPER e ao Maurício Magnago, empresário em Venda Nova que nos
receberam muito bem e apoiaram o trabalho na região.
Os colegas Benito Igreja Junior, diretor técnico, Jairo R. G. Silva, gerente
técnico estadual e Herval F. Lopes, gerente de agroecologia da EMATER-RJ,
foram importantes para o entendimento da atividade no Rio de Janeiro.
Em Registro, agradecimentos aos colegas da CATI-Regional de Registro,
Luís Gustavo S. Ferreira e Nelson Basílio da Silva, que além de informar sobre
as questões do agronegócio do palmito, compartilham informaçõesimportantes
para o Projeto PRODETAB. Agradecimentos ao Waldomiro Talib, da Agroindústria
Conservale. Agradecimentos ao agricultor e empresário Ricardo Luiz de Oliveira,
do Palmito Selo Verde, de Itariri, pelas informações sobre palmito in natura e
ao Samuel G. Oliveira, representante comercial da Mafuz em São Paulo.
No Paraná, agradecimentos aos colegas do Projeto PRODETAB, que
contribuíram para que o estudo fosse a bom termo. Ao Álvaro Figueiredo e ao
colega Luiz Roberto Graça, pesquisadores da EMBRAPA Florestas e ao Cirino
Correa, da EMATER-PR. Ao Neder Corso, quando da realização da sua dissertação
de mestrado, ao Aniceto Zanuzzo, da Indústria de Conservas Zanuzzo e ao
Nelson Weideman Filho, da Tropical Distribuidora de Alimentos.
Aos colegas Milton Ramos e Terezinha Heck, da EPAGRI-SC, especial
agradecimento pelo apoio e companheirismo no desenvolvimento dos projetos
de pesquisa. Milton Ramos colaborou, ainda, na revisão deste estudo.
Agradecimentos ao professor Alfredo Fantini da UFSC, ao pesquisador Luiz
Toresan do ICEPA, ao Alcibaldo German, secretário de agricultura de
Guaramirim, aos proprietários de agroindústrias Elói Soter Correa Neto (Juriti),
Wilson Tomelin (Verde Vale), Agnaldo e Álvaro (Schoepping).
Agradecimentos a todos os agricultores, de diversas localidades, que se
dispuseram de boa vontade a participar das entrevistas. Sr. José Altoé (Venda
Nova-ES), Sr. Florentino Kiefer (processador de palmito em Marechal Floriano-
ES), Sr. Zoca (Guarapari-ES), Sr. Vigando Voigt (Pirabeiraba/Joinville-SC), Sr. Jorge
e Sra. Maria, do Sítio Morototó (Guaraqueçaba-PR) e a outros aqui não nominados,
mas que de alguma forma colaboraram com informações a respeito do agronegócio
do palmito.
LISTA DE SIGLAS
ABIPTI - Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica
ABRAPALM - Associação Brasileira dos Produtores de Palmito Cultivado
AGRIANUAL - Anuário da Agricultura Brasileira
ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária
BASA - Banco da Amazônia
CADA - Consejo Andino de Desarrollo Alternativo
CAMES - Cooperativa Agrícola Mista Efigênio Sales
CATI - Coordenadoria de Assistência Técnica Integral
CENEX - Centro de Extensão
CEPA - Centro de Estudos de Safras e Mercados
CEPEC - Centro de Pesquisas do Cacau
CEPLAC - Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira
CNPF - Centro Nacional de Pesquisa de Florestas
CPATU - Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Úmido
CRDR - Centro Regional de Desenvolvimento Rural
EDR - Escritório de Desenvolvimento Regional
EMATER - Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural
EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
EMCAPA - Empresa Capixaba de Pesquisa Agropecuária
EPAGRI - Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina S.A.
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná
FAO - Food And Agriculture Organization
FATMA - Fundação do Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina
FDA - Food and Drug Administration
FGV - Fundação Getúlio Vargas
FINAM - Fundo de Investimentos da Amazônia
FNO - Fundo Constitucional de Financiamento do Norte
FOB - Free on Board
FUNDAP - Fundo de Recuperação Econômica do Espírito Santo
IAC - Instituto Agronômico de Campinas
IAPAR - Instituto Agronômico do Paraná
IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICRAF - Word Agroforestry Centre
IGP-DI - Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna
IDAM - Instituto de Desenvolvimento Agropecuário do Estado do Amazonas
IICA - Instituto Interamericano de Cooperación para la Agricultura
INCAPER - Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural
INFOAGRO - Sistema de Información de Sector Agropecuário Costarricence
INPA - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
ITAL - Instituto de Tecnologia de Alimentos
ITER - Instituto de Terras do Estado de Minas Gerais
MERCANET/CNP - Sistema Integrado de Información de Mercado - Costa Rica
PAPS - Pão de Açúcar Produtos Selecionados
POF/IBGE - Pesquisa de Orçamento Familiar
PRODETAB - Projeto de Apoio ao Desenvolvimento de Tecnologia Agropecuária
para o Brasil
PROPALM - Programa de Desenvolvimento da Cultura de Palmáceas Produtoras
de Palmito no Espírito Santo
RMs - Regiões Metropolitanas
RMSP - Região Metropolitana de São Paulo
SAGRI - Secretaria Executiva de Agricultura do Pará
SEAGRO - Secretaria da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SINDIPALM - Sindicato da Indústria de Palmito do Estado do Pará
SUDAM - Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia
UEM - Universidade Estadual de Maringá
UEPG - Universidade Estadual de Ponta Grossa
UFAM - Universidade Federal do Amazonas
UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina
UNESP - Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
UPAs - Unidades de Produção Agrícola
ZFM - Zona Franca de Manaus
SUMÁRIO
RESUMO ................................................................................. 15
INTRODUÇÃO ........................................................................... 17
OBJETIVO ............................................................................... 21
METODOLOGIA ......................................................................... 22
CARACTERIZAÇÃO DO MERCADO DO PALMITO NO BRASIL E NO MUNDO
PRODUÇÃO, EXPORTAÇÃO, CONSUMO ............................................. 25
A PRODUÇÃO E A EXPORTAÇÃO DE PALMITO NO BRASIL ......................... 27
1 As Décadas de 40 a 70 ............................................................. 27
1.1 Agroindústria ..................................................................... 27
1.2 Exportação na década de 60................................................... 27
2 As Décadas de 70 e 80 ............................................................. 28
2.1 Agroindústria ..................................................................... 28
2.2 Produção .......................................................................... 29
2.3 Exportação ........................................................................ 30
3 A Década de 80 ..................................................................... 30
3.1 Produção .......................................................................... 30
3.2 Exportação ........................................................................ 31
4 A Década de 90 ..................................................................... 31
4.1 As indústrias de palmito no Pará .............................................. 31
4.2 Produção .......................................................................... 32
4.3 Exportação ........................................................................ 35
5 Síntese da Variação de Preços da Exportação de 1970 a 2001 ............. 36
O CONSUMO DE PALMITO NO BRASIL ............................................... 37
1 As Estimativas de Consumo ....................................................... 37
2 Razões que Afetam o Consumo do Palmito .................................... 40
PRODUÇÃO E EXPORTAÇÃO DE PALMITO EM OUTROS PAÍSES ................... 41
1 Costa Rica ........................................................................... 41
1.1 Produção .......................................................................... 41
1.2 Exportação ........................................................................ 42
1.3 Custos de produção ............................................................. 42
1.4 Informações não oficiais ....................................................... 43
1.5 Causas da crise na Costa Rica ................................................. 44
2 Equador .............................................................................. 45
2.1 Produção e exportação ......................................................... 45
2.2 Preços pagos ao produtor...................................................... 46
2.3 Custo de produção .............................................................. 47
3 Informações dos Demais Países ................................................... 47
3.1 Bolívia .............................................................................. 47
3.2 Colômbia .......................................................................... 48
3.3 Peru ................................................................................ 49
3.4 Estados Unidos da América do Norte – importações ....................... 49
CARACTERIZAÇÃO DO AGRONEGÓCIO DO PALMITO NO BRASIL ................ 51
1 AMAZONAS ........................................................................... 53
1.1 A Atividade no Estado ......................................................... 53
1.1.1 Área plantada .................................................................. 53
1.1.2 Agroindústria ................................................................... 54
1.2 Aspectos da Produção ........................................................... 54
1.2.1 Produtividade .................................................................. 55
1.3 O Mercado ........................................................................ 55
1.3.1 Marcas e preços nos supermercados ....................................... 55
1.3.2 Apresentação do produto nas gôndolas ................................... 57
1.3.3 Estimativa de vendas ......................................................... 57
1.4 Comentários Gerais ............................................................. 59
2 PARÁ .................................................................................. 59
2.1 A Atividade no Estado .......................................................... 59
2.1.1 Área plantada .................................................................. 61
2.1.2 Agroindústria ................................................................... 62
2.2 Aspectos da Produção ........................................................... 64
2.2.1 Preços pagos ao agricultor ................................................... 64
2.3 O Mercado ........................................................................ 64
2.3.1 Marcas e preços nos supermercados ....................................... 65
2.4 Comentários Gerais ............................................................. 65
3 REGIÃO SUL DA BAHIA ............................................................. 68
3.1 A Atividade na Região .......................................................... 68
3.1.1 Área plantada .................................................................. 68
3.1.2 Agroindústria ................................................................... 69
3.2 Aspectos da Produção .......................................................... 70
3.2.1 Produtividade .................................................................. 70
3.2.2 Preços pagos ao agricultor ................................................... 70
3.3 O Mercado ........................................................................ 71
3.4 Comentários Gerais ............................................................. 71
4 ESPÍRITO SANTO .................................................................... 71
4.1 A Atividade no Estado .......................................................... 71
4.1.1 Área plantada .................................................................. 72
4.1.2 Agroindústria ................................................................... 73
4.2 Aspectos da Produção ........................................................... 74
4.2.1 Produtividade .................................................................. 74
4.2.2 Preços pagos ao agricultor ................................................... 75
4.3 O Mercado ........................................................................ 75
4.3.1 Marcas e preços nos supermercados ....................................... 75
4.4 Comentários Gerais ............................................................. 76
5 RIO DE JANEIRO .................................................................... 76
5.1 A Atividade no Estado .......................................................... 76
5.1.1 Área plantada .................................................................. 76
5.1.2 Agroindústria ................................................................... 77
5.2 Aspectos da Produção ........................................................... 77
5.3 O Mercado ........................................................................ 77
5.3.1 Marcas e preços nos supermercados ....................................... 77
5.4 Comentários Gerais ............................................................. 78
6 SÃO PAULO ........................................................................... 78
6.1 A Atividade no Estado .......................................................... 78
6.1.1 Área plantada................................................................... 79
6.1.2 Agroindústria ................................................................... 80
6.2 Aspectos da Produção ........................................................... 80
6.2.1 Produtividade .................................................................. 80
6.2.2 Preços pagos ao agricultor ................................................... 81
6.3 O Mercado ......................................................................... 81
6.3.1 Marcas e preços nos supermercados ........................................ 81
6.3.2 Preços de palmito em Registro .............................................. 82
6.3.3 Condições do produto nas gôndolas ........................................ 83
6.4 Comentários Gerais ............................................................. 83
7 PARANÁ............................................................................... 84
7.1 A Atividade no Estado .......................................................... 84
7.1.1 Área plantada .................................................................. 85
7.1.2 Agroindústria ................................................................... 85
7.2 Aspectos da Produção .......................................................... 86
7.2.1 Produtividade .................................................................. 86
7.2.2 Preços pagos ao agricultor ................................................... 87
7.3 O Mercado ........................................................................ 87
7.3.1 Marcas e preços nos supermercados ........................................ 87
7.4 Comentários Gerais .............................................................. 88
8 SANTA CATARINA ..................................................................... 89
8.1 A Atividade no Estado ............................................................ 89
8.1.1 Área plantada................................................................... 90
8.1.2 Agroindústria ................................................................... 90
8.2 Aspectos da Produção ........................................................... 91
8.2.1 Produtividade e preços pagos ao agricultor ............................... 91
8.3 O Mercado ......................................................................... 91
8.4 Comentários Gerais ............................................................. 93
8.4.1 Legislação ambiental ......................................................... 93
8.4.2 Observações das agroindústrias ............................................ 93
8.4.3 Observações dos agricultores ............................................... 95
9 SÍNTESE DOS PREÇOS DO PALMITO E DOS PRODUTOS CONCORRENTES .... 96
CONCLUSÕES ...........................................................................98
REFERÊNCIAS .......................................................................... 107
ANEXOS................................................................................. 113
15O Agronegócio do Palmito no Brasil
RESUMO
Na última década, o agronegócio do palmito perdeu o caráter de
atividade extrativa e clandestina devido às questões ambientais, exaustão
das espécies nativas, exigências da ANVISA e aumento do cultivo de espécies
nativas e exóticas. Os dados para este estudo foram obtidos de fontes
secundárias e por entrevistas diretas, entre junho de 2002 e março de 2003.
Nesse período, a produção de palmito no Brasil foi estimada em torno de
160.000 t/ano. Os dados oficiais de área plantada e produção (IBGE) são
inconsistentes. Para 2003 a produção informada foi de 51.378 t (73,7% seriam
de palmito cultivado). Em 2003, Goiás teria sido o maior produtor, com 20.004
t em 1.601 ha. O pólo dominante ainda era Belém, baseado na extração de
açaí. Além de Goiás (palmito de guariroba), no Sul da Bahia e no Vale do
Ribeira (SP) aumentam as lavouras de pupunha, assim como em Santa Catarina
e Paraná (palmeira-real e pupunha), com área total estimada em 14.396 ha,
em 2002. A diminuição dos estoques de palmito nativo e a pressão
ambientalista favorecem a expansão dos cultivos. As exportações decresceram
de 11.793 t em 1977 para 2.222 t em 2004. Com os preços (FOB) ocorreu o
mesmo, de US$ 5.772,00/t em 1977 para US$ 3.421,00/t em 2004. Equador e
Costa Rica, com 16.334 t e 14.443 t exportadas em 2001, são os principais
exportadores e atualmente apresentam a atividade em recuperação, após a
crise de preços de 1998. Na década de 90, outros países da América do Sul
tiveram alguma expressão no mercado, explorando palmito nativo. Excluindo
o Brasil, o mercado mundial do palmito é pouco expressivo (US$ 65,6 milhões
em 2002), tendo a França, Espanha e Estados Unidos como principais
importadores. As estimativas de consumo no Brasil variam de 100 g a 940 g/
pessoa/ano, sendo esta última alcançada neste estudo, com base na POF/
IBGE 1996 e ajustada com dados recentes. No mercado interno predomina o
palmito de açaí e o palmito de pupunha. Em 2003, os preços ao consumidor
variaram entre R$ 20,46 e R$ 25,23/kg/vidro 300 g/tolete, com variações
importantes: em São Paulo (capital) alcançavam valores 20% acima da média
e em Belém 30% abaixo. A comercialização de palmito in natura é incipiente,
mas crescente no Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo. A diversificação
do produto é baixa: palmito couvert, rodelas, fatiado, bandas, toletinhos e
palmito com picles são pouco freqüentes. Atualmente (2007) falta matéria-
prima em algumas regiões e os preços do produto estão elevados.
17O Agronegócio do Palmito no Brasil
INTRODUÇÃO
Este estudo faz parte do Projeto “Palmito de pupunha (Bactris gasipaes):
uma alternativa sustentável para o aproveitamento de áreas abandonadas e/
ou degradadas pela agricultura no domínio da Mata Atlântica”, proposto ao
Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Agricultura Brasileira
(PRODETAB). O desenvolvimento do projeto ocorreu de outubro de 2000 a
setembro de 2003, tendo como instituição coordenadora a EMBRAPA/CNPF e
como executores a própria EMBRAPA Florestas, o Instituto Agronômico do Paraná
(IAPAR) e a Universidade Estadual de Maringá (UEM).
O trabalho é prospectivo e tem por objetivo apresentar a caracterização
do agronegócio do palmito, com enfoque nas questões do mercado, em que
constem os fatores críticos e as oportunidades ao desenvolvimento da atividade,
com ênfase nas regiões e espécies mais importantes em produção, extração,
transformação e consumo. Foram levantados e sistematizados dados,
informações e análises relativas ao mercado interno e externo, quantificada a
produção, transformação (agroindústria) e comercialização do produto, nas
suas diferentes formas.
Buscou-se a elaboração de um quadro de referências que permitisse
elaborar uma visão compartilhada do agronegócio do palmito, atual e futuro,
visando a mapear e construir cenários com mais acerto das restrições,
oportunidades e tendências, permitindo o bom encaminhamento das
atividades próprias de cada agente envolvido na atividade e do conjunto do
agronegócio do palmito.
O estudo é apresentado em duas partes. A primeira, na qual dados e
informações são sistematizados e comentados numa perspectiva histórica da
formação do agronegócio do palmito no Brasil e em países concorrentes. A
segunda, na qual se caracteriza a situação contemporânea da atividade no
país a partir de informações obtidas em entrevistas diretas, com diversos
agentes, nas regiões em que a atividade é importante.
A exploração econômica do palmito é recente e tornou-se uma atividade
relevante a partir da década de 40 no Sul do país, onde se extraía palmito de
juçara (Euterpe edulis) da Floresta Atlântica. A partir de 1970, houve o
deslocamento das empresas do Sul (Santa Catarina, principalmente) para
explorar o palmito de açaí (Euterpe oleracea) no delta do Rio Amazonas,
atualmente o maior pólo de produção de palmito do país.
18 Circular Técnica nº 130
Até o início da década de 90, a atividade era predominantemente
extrativa e pouco organizada. A partir desse período, o agronegócio
1
 do palmito
passou a ser uma atividade importante e altamente promissora nos aspectos
produtivos e econômicos. Os estudos técnico-científicos ainda são poucos e se
referem à produção física, o que é compreensível em uma atividade
relativamente nova no setor agrícola. Os artigos, reportagens jornalísticas e
entrevistas têm apresentado mais especulações do que informações conclusivas
a respeito dos diversos aspectos da produção e da importância econômica da
atividade. Dados sobre a economia do palmito – área em exploração, área
plantada, produção, produtividade, comercialização – são geralmente frágeis
e, por decorrência, as análises e conclusões.
Especula-se que o mercado mundial do palmito alcança valores entre
R$ 840 milhões (US$ 350 milhões) e R$ 1,4 bilhão (US$ 500 milhões)
2
. Esses
valores são razoáveis, considerando o segmento da produção agrícola
(primeira cifra) e/ou o valor recebido pelas indústrias (segunda cifra).
Porém, de acordo com as estimativas de produção deste estudo (160.000 t/
ano) e os preços médios do palmito pagos pelo consumidor final (R$ 21,00
kg/palmito tolete e R$ 13,00 kg/palmito picado) os valores podem ser bem
maiores, em torno de US$ 900 milhões no Brasil, e US$ 76,8 milhões nos
demais países estudados, em 2001
3
.
Além do palmito, a exploração do fruto para consumo como “vinho” de
açaí, na região de Belém, é importante fonte de renda e emprego. Nogueira e
Homma (2000), citam que a produção de frutos de açaí chegou a 156.046 t em
2000, e que são gerados 25.000 empregos diretos e R$ 40 milhões anualmente
nas atividades de extração, transporte, comercialização e industrialização de
frutos dos açaizeiros no Amapá e no Pará.
Embora não se compare às principais commodities do agronegócio (soja,
milho e café)
4
, a economia do palmito é relevante em âmbito nacional. É
superior ao valor da produção da erva-mate cancheada, calculado em R$ 92,5
milhões, e aproximadamente o mesmo valor da produção de madeira em tora,
1
Agronegócio é “a soma das operações de produção e distribuição de insumos agrícolas, das operações de
produção nas unidades agrícolas, do armazenamento, processamento e distribuição dos produtos agrícolas e
itens produzidos a partir deles” (BRANDÃO e MEDEIROS,1998, apud MOTTER, 2000).
2
a) BOVI, M. L. A. O agronegócio do palmito pupunha. O Agronômico, Informações Técnicas, 52 (1): 10-12,
2000. Disponível em: www.iac.br/oagronom/v.521/informacoestecnicas/pupunha. Acesso em: 07 maio 2002;
b) COSER FILHO, O. O Suplemento Agrícola do Estado de São Paulo. O Estado de São Paulo, 20/04/1997, pg. 14;
c) Associação Brasileira dos Produtores de Palmito Cultivado – ABRAPALM. Disponível em: www.unicamp.br/
nipe/rbma.Acesso em: 11 jul. 2001.
3
Em janeiro de 2001, US$ 1,00 = R$ 2,40.
4
Em 2000, o valor da produção desses produtos foi: soja (grão) – R$ 8,6 bilhões; milho (grão) – R$ 6,0 bilhões;
café (coco) – R$ 4,3 bilhões (IBGE, 2003).
19O Agronegócio do Palmito no Brasil
que foi de R$ 1,25 bilhão (IBGE, 2003). O palmito tem aportado renda em
regiões pobres com populações excluídas da economia formal. A atividade
cresceu e se expandiu sob a forma extrativista, com implicações
socioeconômicas como a formação de latifúndios extrativos, disputas violentas
por território e alterações ambientais desastrosas.
Dados oficiais de extração e produção de palmito no país são inexatos,
com enormes variações de um ano para outro, sem explicação, gerando
informações inconsistentes sobre qual o valor ou a importância dessa economia
(se os valores referem-se ao preço da matéria-prima, do produto ao sair da
agroindústria ou ao preço final para o consumidor, p. ex.). O dimensionamento
dos diversos agentes do mercado informal e as quantidades negociadas por
eles também não é exato.
Este estudo visa a agregar informações e análises mais conclusivas sobre
o agronegócio do palmito, fundamentalmente porque a atividade desponta de
modo diferente em relação ao seu desenvolvimento histórico, baseado em
atividade eminentemente extrativa, economia escondida, estigmatizada pela
clandestinidade de parte significativa da produção e da comercialização. Esse
cenário vem se modificando substancialmente desde a última década,
principalmente com relação às condições do segmento fornecedor da matéria-
prima e às exigências do segmento consumidor.
No segmento fornecedor, a par da exaustão dos estoques de juçara na
região de Floresta Atlântica e do raleamento do açaí para palmito no delta do
Rio Amazonas, aumenta a pressão das organizações governamentais e não-
governamentais para regular, fiscalizar e impedir a extração desordenada de
recursos naturais, sendo o palmito nativo um dos mais importantes. Assim, a
busca por novas formas de manejo, extração e, sobretudo, de matéria-prima
tornou-se obrigatória.
No segmento do consumo, as exigências crescentes dos clientes e a
concentração do mercado varejista pelas redes de supermercados exigem
padrão de qualidade, de apresentação e de regularidade no fornecimento
que não coadunam com relações clandestinas de produção e de
comercialização informal. Esse segmento está cada vez mais conscientizado
e valoriza a produção ecológica, a sanidade do que consome e a relação
custo/benefício. Postura reforçada pelos recentes eventos da contaminação
de carnes e lácteos – peste suína, gripe aviária, vaca-louca, aftosa – e pela
discussão dos efeitos dos transgênicos.
No caso do palmito, apesar de a questão qualidade e sanidade ser crônica,
como indica o extenso noticiário a respeito da contaminação bacteriana
20 Circular Técnica nº 130
denominada botulismo (Clostridium botulinum), em 1998
5
, outros fatores
induziram a racionalizar a atividade de forma mais adequada ao agronegócio
moderno. Os principais fatores foram
6
:
a) Crescente exigência dos consumidores e do mercado por qualidade,
sanidade, apresentação e preço justo;
b) Perda do mercado externo, devido à falta de controle de qualidade
do produto envasado pelas agroindústrias extrativistas e à
competitividade da Costa Rica;
c) Ação da ANVISA que adequou a legislação e fiscaliza com maior ênfase
a industrialização do produto;
d) Consolidação de diversas áreas de proteção ambiental no Sul do país
e a exigência do IBAMA por planos de manejo para a extração de
espécies vegetais nativas a partir de 1985, em todas as regiões
extrativistas;
e) Crescente profissionalização e entrada de novas agroindústrias no
mercado: melhores técnicas de processamento, diminuição do envase
clandestino, padronização, valorização das marcas;
f) Expansão da atividade via produção de palmito cultivado.
Este último, embora com maiores exigências tecnológicas e custos mais
elevados do que o extrativismo, segue a tendência histórica da organização da
produção agrícola. A produção cresce de forma acelerada e tende a se firmar
com algumas vantagens econômicas diretas e indiretas. À medida que a
produção e a agroindústria se profissionalizarem, e a geração e aplicação de
conhecimento técnico-econômico responderem às exigências do novo
agronegócio, o palmito – extrativo ou de cultivo – terá cada vez mais relevância.
Assim, a profissionalização do segmento é necessária e inevitável, dadas as
exigências do mercado moderno, a sua crescente valorização como produto
para o público gourmet, a dispersão para novos mercados e o aumento crescente
da sua importância econômica.
Este estudo se inscreve na perspectiva do aumento da importância do
agronegócio do palmito, do ordenamento da atividade como forma de evitar a
exploração predatória dos recursos naturais, da substituição de áreas agrícolas
em uso inadequado por sistemas de produção com palmeiras cultivadas, bem
5
Na mídia a questão é recorrente, como mostra a reportagem publicada pela Revista ESTAMPA, ano 2, n.
 
16, fev.
2003 (Ed. Valor Econômico), em que se comenta o uso do C. botulinum (Botox) em estética humana: “Difícil
imaginar que espetar o rosto com agulhas acopladas de seringas recheadas com uma substância conhecida por
envenenar consumidores de palmito estragado...” (grifo nosso).
6
Parte dos comentários é de Charles Clement, quando da revisão deste estudo.
21O Agronegócio do Palmito no Brasil
como no desenvolvimento de uma atividade sustentável para um número maior
de agricultores e agroindústrias.
Tentou-se caracterizar e analisar os principais elementos que regem o
agronegócio dessa cultura, sem pretender estudar o que usualmente se concebe
como cadeia produtiva de um produto, tarefa mais complexa que deverá ser
levada a cabo oportunamente. Foram alinhados dados e informações visando a
registrar e analisar os principais fatos que conformaram historicamente a
atividade, objetivando construir um quadro atual das principais restrições e
oportunidades ao desenvolvimento do agronegócio do palmito, com enfoque
no segmento do mercado.
Não foi possível abranger estados e regiões onde o agronegócio do palmito
tem alguma importância: Acre, Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul,
nos quais se produz palmito de pupunha extrativo e cultivado, não foram
analisados, assim como as regiões do Cerrado Central, com palmito de guariroba
(Syagrus oleracea); do Sul do Pará até Rondônia, onde se extrai palmito de
açaí-solteiro
7
 (Euterpe precatoria); outras regiões de São Paulo, além do litoral,
e de Minas Gerais, nas quais se expandem lavouras de pupunha e de palmeira-
real-da-austrália.
Foram realizadas tentativas de obtenção dessas informações junto
às instituições de pesquisa das regiões citadas, via questionário
estruturado e consultas por correio eletrônico, entretanto não houve
retorno por parte de nenhuma delas.
Como é característico em mercados de produtos relativamente novos
e/ou informais, a exemplo do palmito, há grande carência de informações
organizadas. Há poucos estudos a respeito e parte das informações é de
baixa confiabilidade. Por essa razão, serão apresentadas informações
complementares no rodapé das páginas, com o propósito de registrar os dados
obtidos em diversas situações.
OBJETIVO
Apresentar um quadro das referências históricas e das condições em
que se desenvolve o agronegócio do palmito no Brasil, com enfoque nas
questões de organização da atividade produtiva, transformação e
comercialização do produto.
7
Também denominado de açaí-do-amazonas, açaí-da-mata, açaí-de-terra-firme (RIBEIRO, 2005). George Duarte
Ribeiro é pesquisador em Sistemas Agroflorestais da EMBRAPA-RO.
22 Circular Técnica nº 130
METODOLOGIA
As etapas principais foram conduzidas aos moldes da maior parte dos
estudos de mercado com objetivos semelhantes:
a) Coleta e sistematização de dados estatísticos e não-estatísticos;b) Análise dos dados, fatos e antecedentes importantes;
c) Projeções de cenários e tendências (FONTES, 1983).
As informações estatísticas para a primeira parte deste estudo –
análise histórica do agronegócio no Brasil – foram obtidas pelo método usual,
a partir dos dados secundários oficiais (IBGE, 1996; 2002; 2003; 2005), de
teses, monografias e consultas a bancos de dados, via Internet. Os dados
relativos às exportações, importações, área plantada e informações de
outros países são provenientes de sites oficiais (Ministérios da Agricultura,
da Fazenda, etc)
8
. A revisão e a análise das informações coletadas na
primeira parte permitiram a caracterização histórica do agronegócio, além
de, junto com indicações diversas, identificar agentes importantes a
entrevistar na segunda parte do estudo.
A metodologia de Diagnóstico Participativo Intersetorial norteou a coleta
de informações não-estatísticas (ABIPTI, 1999). Esse processo prevê a
participação dos diversos agentes envolvidos nos diferentes segmentos do
agronegócio e na construção do diagnóstico, permitindo um bom prognóstico.
Em geral é realizado com agentes previamente selecionados, em entrevistas
pré-elaboradas, e compõe-se dos seguintes itens:
a) Diagnóstico de campo: realizado com agricultores, gerentes,
proprietários de agroindústrias e outros, individualmente, para definir
os diversos aspectos, restrições e oportunidades relacionadas ao seu
segmento e aos demais, que afetam o agronegócio como um todo;
b) Entrevistas em grupos focais: um entrevistador e um grupo de
entrevistados discutem suas percepções sobre o tema de interesse.
Cada membro influencia o outro e assim as informações são checadas.
Aplica-se mais a agroindústrias, gerentes e administradores;
c) Entrevistas semi-estruturadas: é necessário ter conhecimento prévio
do entrevistado e do seu conhecimento sobre o tema. São realizadas
por meio de roteiro adequado ao perfil do entrevistado (ABIPTI, 1999).
8
No caso do Brasil, as informações são do Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior. Exportação
brasileira. Disponível em: <http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br/consulta>. Acessos em: 13 maio 2002 e
18 mar. 2005.
23O Agronegócio do Palmito no Brasil
A segunda parte teve início com a elaboração de uma lista de
instituições e pessoas que deveriam ser entrevistadas para obter as
informações e os dados necessários.
Os dados foram obtidos da seguinte forma:
a) Questionário: roteiro estruturado em quatro módulos específicos, a
serem preenchidos em entrevistas diretas com agentes
representativos – pesquisadores, produtores, comerciantes
intermediários e gerentes de supermercados – dos diferentes
segmentos em cada região do estudo.
Em cada módulo havia questões objetivas – dados de área plantada,
localização na respectiva região, produção, custos de produção – e questões
que traduziam o senso comum dos agentes envolvidos a respeito da situação
do seu setor e da atividade, ou seja, dos problemas e oportunidades para o
desenvolvimento desta sob diversos aspectos. Parte do questionário foi semi-
estruturado, para comportar itens em aberto, sendo obtidas as opiniões pessoais
e das instituições a respeito do futuro da atividade e os prognósticos com as
soluções para o seu desenvolvimento. Houve especial atenção para que o roteiro
e a forma das entrevistas permitissem adicionar novas questões que o
entrevistado julgasse pertinentes.
b) Seleção das regiões da pesquisa: face aos recursos disponíveis, foram
privilegiadas as regiões de maior importância histórica e atual no
desenvolvimento da atividade. Optou-se pela seqüência: Manaus,
Belém, Região Sul da Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo
(Capital e Vale do Ribeira), Paraná e Santa Catarina.
O levantamento foi iniciado em junho de 2002, nas cidades de Manaus
e Belém. Nos estados de São Paulo, Santa Catarina e Paraná, foi realizado
em novembro de 2002. No Sul da Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro,
ocorreu em março de 2003.
Devido à diferença temporal, há certa defasagem nas informações, o
que não acarreta prejuízos significativos aos resultados, pois não houve
alterações de grande porte na economia nacional, no câmbio, etc.
Os dados referentes ao mercado no Paraná foram obtidos, em sua maior
parte, por Corso (2003).
Foram entrevistados técnicos e representantes das seguintes Instituições:
24 Circular Técnica nº 130
a) Manaus-AM: EMBRAPA, IDAM, INPA, UFAM, SEBRAE, CAMES, gerentes
de empresas de produção, gerentes de supermercados;
b) Belém-PA: EMBRAPA, IBAMA, Secretaria de Estado da Agricultura,
SINDIPALM, proprietários e gerentes de agroindústrias;
c) Bahia: Técnicos da CEPLAC, proprietários e gerentes de agroindústrias;
d) Espírito Santo: gerente de produção da Coimex, proprietário de
empresa de produção de mudas de pupunha, INCAPER, proprietário
de agroindústria (em fase instalação), comerciantes de palmito,
produtores de palmito, gerente de supermercado;
e) Niterói-RJ: Secretaria de Estado da Agricultura, EMATER-RJ, gerentes
de supermercados;
f) São Paulo: CATI/EDR-Registro, Casa da Agricultura/CATI-Registro,
gerentes e proprietários de agroindústrias, produtores de palmito,
gerentes de supermercados;
g) Paraná: EMATER-PR, proprietários de agroindústrias, gerentes de
supermercados;
h) Santa Catarina: EPAGRI, UFSC/CCA, Instituto CEPA, proprietários de
agroindústrias, produtores de palmito, produtores de sementes e
mudas.
Parte importante das informações foi obtida em entrevistas formais e
informais com diversos agentes, nos seguintes eventos:
a) Simpósio de Avaliação sobre o Manejo, Industrialização, Comercialização
e Legislação de Frutos e Palmito de Euterpe oleracea Mart. (Açaizeiro/
Palmiteiro). IBAMA/SINDIPALM, Belém (PA), 19/06/2002;
b) 1º Encontro Paranaense sobre Palmitos Cultivados: O Agronegócio
Pupunha e Palmeira-Real. EMATER-PR/EMBRAPA/IAPAR, Pontal do
Paraná (PR), 05 a 07/09/2002;
c) 1º Seminário sobre Palmito Pupunha no Litoral Paulista e Exposição
Itinerante – Ciclo do Palmito no Brasil. CATI, IAC, SEBRAE, São Vicente
(SP), 16 a 19/01/2003.
CARACTERIZAÇÃO DO MERCADO
DO PALMITO NO BRASIL E NO MUNDO
Produção, Exportação, Consumo
27O Agronegócio do Palmito no Brasil
A PRODUÇÃO E A EXPORTAÇÃO DE PALMITO NO BRASIL
1 As Décadas de 40 a 70
1
1.1 Agroindústria
A industrialização do palmito no Brasil começou em 1949, no município
de Guaraqueçaba, litoral do Paraná. Na década de 60, a expansão da atividade
se deu no Litoral Norte de Santa Catarina e no Litoral Sul de São Paulo,
culminando com 1.163 agroindústrias em 1970 (ROSETTI, 1988) (Tabela 1). A
matéria-prima principal era a juçara (Euterpe edulis), mas havia o
aproveitamento comercial da palmeira indaiá (Attalea dubia) em menor escala.
Em 1970 já havia duas indústrias registradas no Pará.
1.2 Exportação na Década de 60
2
Os dados (Tabela 2) indicam que o agronegócio do palmito estava
fortemente centrado no mercado interno e que o avanço para o mercado externo
ocorreu de forma lenta, levando uma década para se exportar volumes de
palmito mais expressivos.
Os volumes exportados e os preços até 1969 foram baixos, em comparação
com anos futuros. É interessante notar que em 2001 o Brasil exportou menos
palmito (total de 2.573 t) do que no último ano dessa série.
1
Não foram obtidos dados da produção nas décadas de 50 e 60. As séries históricas do IBGE/Estatísticas do
Século XX/Estatísticas Econômicas não informam a produção de palmito. Disponível em: www.ibge.gov.br/
seculosxx/estatisticas_economicas.shtm. Acesso em: 23 mar. 2003.
2
Os valores apresentados foram corrigidos e atualizados para o dólar de julho de 2002, em todas as citações
desta primeira parte do estudo.
Tabela 1. Agroindústrias de palmito no Brasil, Paraná e Pará de 1949 a 1970.
Fonte: Adaptado de Rosetti (1988)
Nº de agroindústrias
Ano
Brasil Paraná Pará
1949 2 2 -
1959 95 95 -
1970 1.163 196 2
28 Circular Técnica nº 130
2 As Décadas de 70 e80
2.1 Agroindústria
Entre 1970 e 1974 houve um grande rearranjo na atividade – fechamento
de indústrias no Paraná, São Paulo e Santa Catarina e transferência de empresas
para o Pará – mas não há explicação para o desaparecimento de 1.097 indústrias
em tão curto período
3
 (Tabela 3).
Segundo Nascimento e Moraes (1991), os primeiros registros da
agroindústria do palmito no Pará mostram que em 1968 foi implantada a primeira
empresa nesse estado (Massoler Ltda) e em seguida surgiram outras como a
Oarde Correa (“Palmito Caiçara“).
3
A reestruturação da oferta do produto extrativo, devido à diminuição dos estoques de palmeiras, explica parte
da questão (GRAÇA, 2003), mas não explica a magnitude do evento, ou seja, a diminuição de 1.097 fábricas.
Tabela 2. Exportação de palmito pelo Brasil de 1960 a 1969.
Volume
Ano
Toneladas US$/t
1960 445 864
1961 547 968
1962 741 990
1963 1.000 1.019
1964 1.802 1.217
1966 2.380 1.397
1967 3.643 1.361
1968 2.424 1.288
1969 3.156 1.320
Fonte: Adaptado de Nascimento e Moraes (1991)
Tabela 3. Agroindústrias de palmito no Brasil, Paraná e Pará de 1970 a 1987.
Fonte: Rosetti (1988)
1
Sem informação após 1970
Nº de agroindústrias
Ano
Brasil Paraná Pará1
1970 1.163 196 2
1974 66 10 -
1977 81 5 -
1979 76 7 -
1980 260 4 -
1987 - 7 -
29O Agronegócio do Palmito no Brasil
No Sul do país, o que determinou a migração e extinção das agroindústrias
foi a diminuição dos estoques de juçara ocorrido de forma direta, devido à
extração das palmeiras sem qualquer técnica de manejo, e indireta, pelo
desmatamento para prática da agropecuária ou extração de madeira.
Na Amazônia, além dos abundantes estoques de matéria-prima de açaí,
as políticas governamentais de expansão das fronteiras foram fortes atrativos,
principalmente a constituição dos pólos de desenvolvimento (1967/1971), dos
pólos agropecuários e agrominerais (1974), do primeiro plano de
desenvolvimento da Amazônia (1974) e a abertura de estradas como a
Transamazônica.
2.2 Produção
Entre 1974 e 1976 a extração de palmito cresceu 600% no país e,
oficialmente, o Pará produziu quase a totalidade do palmito brasileiro. Porém,
em 1977 a produção já apresenta um forte decréscimo, sem explicação
plausível. A retomada do crescimento da produção ocorre em 1980, mas
alcançou pouco mais da metade do montante de 1976.
Ao longo dessa década, Paraná e Santa Catarina participavam com
percentuais irrisórios na produção. São Paulo apresentava melhor desempenho,
mas com forte declínio (Tabela 4).
Em um curto período (1970-1973), uma importante estrutura
agroindustrial de palmito foi instaurada no Pará. Em 1973, o estado já contribuía
com a maior parte do palmito produzido no país (Tabela 5)
4
.
4
O Maranhão teria sido o segundo (7.030 t) produtor de palmito em 1973 e o terceiro (3.096 t) em 1974. Nos anos
seguintes a produção no estado foi irrelevante.
Participação percentual (%)
Ano Brasil (t)
Pará Paraná São Paulo Santa Catarina
1973 36.586 53,0 8,1 11,4 2,2
1974 34.273 62,0 8,9 10,8 3,3
1976 203.948 97,0 0,8 1,6 0,7
1977 35.123 85,0 4,2 6,4 2,9
1979 31.358 86,0 2,3 7,2 2,7
1980 114.408 95,0 0,5 2,0 0,9
Tabela 4. Produção de palmito no Brasil, Pará, Paraná, São Paulo e Santa Catarina de
1973 a 1980.
Fonte: Adaptado de Nascimento e Moraes (1991)
30 Circular Técnica nº 130
2.3 Exportação
Como se pode observar pelas quantidades exportadas (Tabela 6) o
mercado interno consumia a maior parte do palmito produzido no país.
De 1970 para 1971 houve, sem explicação, expressivo acréscimo nas
exportações, que se firmaram a partir de então com volumes e preços mais
significativos
5
. O preço por tonelada alcançou US$ 5.772,00 em 1980.
3 A Década de 80
3.1 Produção
Os dados de produção na década de 80 apresentaram oscilações
significativas, com crescimento a partir do início da década, alcançando novo
ápice em 1989, quase a mesma produção recorde de 1976 (Tabela 7). A
participação dos demais estados, salvo em anos específicos, continua irrisória,
visto que cerca de 90% da produção vem do Pará. Porém, os registros oficiais
são incongruentes, em particular quanto à produção em São Paulo, Paraná e
Santa Catarina a partir de 1987.
5
A Costa Rica iniciou plantios experimentais de palmito de pupunha em 1970, quando o mercado europeu
começou a ganhar importância.
Tabela 5. Produção de palmito no Pará de 1970 a 1973.
Fonte: Adaptado de Nascimento e Moraes (1991)
Tabela 6. Exportação de palmito pelo Brasil de 1970 a 1979.
Fonte: Adaptado de Nascimento e Moraes (1991)
Volume
Ano
Toneladas US$/t
1970 2.315 1.334
1971 7.177 1.331
1973 4.416 1.825
1974 8.510 2.605
1977 11.793 2.756
1979 6.832 5.110
Ano Produção (t/ano)
1970 258
1971 742
1972 8.820
1973 19.282
31O Agronegócio do Palmito no Brasil
3.2 Exportação
No início dos anos 80 (1980 a 1983)
6
 as exportações alcançaram os valores
mais expressivos, os quais só vão se repetir dez anos depois, em 1993 e 1994,
quando o Brasil começou a perder mercado para a Costa Rica. Contudo, os
preços se mantiveram elevados (Tabela 8).
4 A Década de 90
4.1 As indústrias de palmito no Pará
Nascimento e Moraes (1991) afirmam que as empresas não são
exatamente indústrias, mas unidades comerciais que recebem palmito de
diversas fontes, resultando em produto de menor qualidade (aqui se referindo
6
A falta dos dados em 1981 e 1982 significa que os montantes do ano anterior se repetiram, com poucas diferenças.
Isso vale para todas as tabelas.
Tabela 8. Exportação de palmito pelo Brasil de 1980 a 1989.
Volume
Ano
Toneladas US$/t
1980 10.056 5.772
1983 10.691 4.082
1985 5.136 3.048
1987 9.615 5.763
1989 5.982 4.950
Fonte: Nascimento e Moraes (1991) e AGRIANUAL (2000)
Tabela 7. Produção de palmito no Brasil, Pará, Paraná, São Paulo e Santa Catarina de
1980 a 1990.
Fonte: Adaptado de Nascimento e Moraes (1991) e de AGRIANUAL (2000)
Participação percentual (%)
Ano Brasil (t)
Pará Paraná São Paulo Santa Catarina
1980 114.408 95,0 0,5 2,0 0,9
1981 90.540 84,6 4,7 2,4 1,3
1984 105.225 88,1 1,7 8,7 0,8
1985 132.104 88,5 0,1 1,2 0,9
1987 142.060 92,0 0,01 1,5 0,6
1989 202.440 96,4 0,04 0,0003 0,0004
32 Circular Técnica nº 130
a palmito de açaí)
7
. Embora não haja informações para os demais estados, o
Pará dominava expressivamente a produção de palmito envasado no Brasil.
Considerando que as indústrias de palmito do estado representavam, em 1991,
um total de 105 empresas com 486 fábricas (mais de uma fábrica por empresa)
e uma produção de 145.800 t, os números são razoavelmente confiáveis
8
, ficando
patente a imprecisão dos dados oficiais quanto ao palmito.
4.2 Produção
Os dados oficiais da produção de palmito no Brasil a partir de 1990
indicam notável declínio (Tabela 9 e Fig. 1) para 15% do montante produzido
em 1989, sem evidências significativas que expliquem o fato
9
.
7
Embora emitida há mais de dez anos, a observação vale para o presente. Segundo relato de gerentes de agroindústrias,
permanece o modo de envase do palmito em pequenas “fábricas” junto às áreas de extração das palmeiras.
8
Foram obtidos pelas autoras em entrevistas diretas (NASCIMENTO e MORAIS, 1991).
9
A razão mais plausível – falhas nas estatísticas do IBGE – é defendida por Homma (2003), pesquisador da EMBRAPA
Amazônia Oriental. A imprecisão dos dados oficiais pode ser demonstrada com os dados do próprio IBGE. A Tabela
546 (IBGE, 2003), “Quantidade produzida por produtos da extração vegetal e condição do produtor/produtos da
extração vegetal/produto açaí (palmito ou guariroba)”, informa a produção de 86.080 t em 1996, quase quatro
vezes mais que o informado na Tabela 9 deste estudo com os dados oficiais (IBGE – Tabela “Quantidade produzida”/
Brasil), já com a designação geral de “palmito”. Também não se explica o notável decréscimo da produção
extrativa, que em 2003 teria sido de apenas 13.704 t, menos de 27% do total da produção nacional.
Tabela 9. Produção de palmito no Brasil, Pará, Paraná, São Paulo e Santa Catarina de
1990 a 2003.Fonte: IBGE (2003)
1
Os dados da coluna referem-se à soma da produção extrativa e da produção em lavouras (Tabelas 289
e Lavouras Permanentes, IBGE, 2003).
Participação percentual (%)
Ano Brasil (t)1
Pará Paraná São Paulo Santa Catarina
1990 27.031 81,0 0,003 0,0006 0,02
1991 23.687 82,0 0,4 0,0007 1,8
1992 21.003 81,0 0,01 0,0005 0,003
1993 21.596 83,0 0,003 0,0002 0,003
1994 22.400 84,8 0,006 0,0002 -
1995 21.889 82,3 0,006 0,01 -
1996 21.616 89,5 0,004 0,009 -
1997 41.222 95,4 0,2 0,6 0,0004
1998 35.637 95,0 0,0002 1,2 0,0004
1999 37.664 95,0 0,0003 0,4 0,3
2000 41.510 39,5 0,1 7,0 1,1
2001 41.714 34,7 0,2 5,4 3,6
2002 55.648 24,9 0,4 6,3 2,3
2003 51.376 24,5 1,0 8,9 3,4
33O Agronegócio do Palmito no Brasil
Desde a drástica queda apontada pelos dados oficiais em 1990, a
produção brasileira continuou em declínio até 1997, quando houve notável
recuperação até a época atual. Neste ano, o salto na produção (próximo ao
dobro de 1996) ocorreu em função da extração de 36.449 t
10
. A partir de
1998, a retomada se deu pelo cultivo, cuja participação foi a seguinte: 1998
- 32%; 1999 - 51%; 2000 - 59%; 2001 - 63%; 2002 - 74% e 2003 - 73%. O Pará
perdeu a posição de prevalência que mantinha desde 1973, quando
subitamente passa de 95% de participação em 1999 para 39,5% em 2000,
diminuindo para 24,5% em 2003 (Tabela 9).
Até 1993, toda a produção de palmito é relacionada no tópico
“Extração Vegetal” do IBGE (2003). A partir de 1994 aparece o registro da
produção de palmito também como produto agrícola, atividade que ganha
relevância a partir de 1998
11
.
Desde 1999, os registros mostram a produção por região e por estado
(Tabela 10). A Região Centro-Oeste participa com mais de 70% (26.369 t em
2003) da produção nacional de palmito cultivado. Da produção nacional,
Goiás, o maior produtor, participou com os seguintes percentuais: 1999 -
77%; 2000 - 72%; 2001 - 68%; 2002 - 71% e 2003 - 66%. A Região Sudeste ocupa
o segundo lugar, com 18% da produção nacional em 2003. São Paulo produziu
de 1999 a 2003, respectivamente: 4,4%; 11,6%; 8,4%; 8,3%; e 13,3% do total
de palmito cultivado no país.
10
Somando-se às 4.773 t de palmito cultivado, alcança-se 41.222 t citadas na Tabela 9, em 1997.
11
A produção de palmito cultivado entre 1994 e 1998 teria sido a seguinte: 1994 - 497 t; 1995 - 1.236 t; 1996 -
3.461 t; 1997 - 4.773 t e 1998 - 11.449 t (IBGE, 2003). Os dados estão disponíveis por região e por estado a
partir de 1999.
Figura 1. Produção de palmito no Brasil de 1990 a 2003.
Fonte: IBGE (2003).
0
5.000
10.000
15.000
20.000
25.000
30.000
35.000
40.000
45.000
50.000
55.000
60.000
1
9
9
0
1
9
9
1
1
9
9
2
1
9
9
3
1
9
9
4
1
9
9
5
1
9
9
6
1
9
9
7
1
9
9
8
1
9
9
9
2
0
0
0
2
0
0
1
2
0
0
2
2
0
0
3
Ano
T
o
ta
l
B
ra
s
il
(t
)
34 Circular Técnica nº 130
Com relação à área plantada, os registros oficiais começam em 1994,
com 213 ha; 1995 – 1.217 ha; 1996 – 1.495 ha; 1997 – 1.575 ha; 1998 –
2.507 ha; 1999 – 3.731 ha; 2000 – 4.985 ha; 2001 – 4.447 ha; 2002 – 7.772
ha e 2003 – 8.343 ha
12
.
Segundo os dados oficiais (IBGE, 2003), a produtividade do palmito
cultivado no Brasil foi a seguinte, de 1999 a 2003, respectivamente: 5,1 t; 4,8
t; 5,9 t; 5,5 t; e 4,5 t
13
. Nas condições atuais, tais produtividades são
improváveis, mesmo em situações especiais (p. ex., experimentação), o que
reforça sobremaneira as dúvidas quanto à consistência dos dados oficiais. A
inconsistência das informações de área e produção em Goiás são ainda mais
graves, pois desde 1999 a produtividade de palmito alcançou números sempre
superiores a 14 t
14
. Em comparação com informações de São Paulo, os dados
12
Segundo as estimativas de Bovi (2000), haveria no ano de 2000 entre 12.000 e 13.000 ha plantados com
pupunha para palmito e não os 4.985 ha dos dados oficiais. São Paulo era o estado com maior produção (mais
de 25% do total), seguido por Espírito Santo, Rondônia, Pará, Bahia, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Rio
Grande do Norte, Amazonas, Acre, Paraná e Santa Catarina.
13
O cálculo da produtividade é feito em relação à área colhida, usualmente menor que a área plantada: em 1994
– 213 ha; 1995 – 1.217 ha; 1996 – 1.411 ha; 1997 – 1.499 ha; 1998 – 1.693 ha; 1999 – 2.551 ha; 2000 – 3.649 ha;
2001 – 4.158 ha; 2002 – 6.176 ha e 2003 – 7.117 ha (IBGE, 2003).
14
Segundo os dados oficiais, em 1999, área colhida (A) – 829 ha e produtividade (P) – 17,7 t; em 2000, A – 911 ha
e P – 19,1 t; em 2001, A – 1.276 ha e P – 14,0 t; em 2002, A – 1.721 ha e P – 16,9 t; e em 2003, A – 1.443 ha e P
– 17,3 t. Apesar de haver plantios de palmeira-real e de pupunha, quase toda a produção é de guariroba
(Syagrus oleracea) (informação pessoal, Jairton de Almeida Diniz, SEAGRO–GO/Agência Rural). Somente em
2003 surge registro de palmito extrativo em Goiás, com 99 t (IBGE, 2005).
Tabela 10. Produção de palmito (t) cultivado no Brasil nas regiões e principais estados
produtores de 1999 a 2003.
Fonte: IBGE (2003)
Região/estado 1999 2000 2001 2002 2003
Centro-Oeste 14.975 17.984 18.588 30.099 26.369
Goiás 14.737 17.460 17.889 29.052 25.004
Sudeste 2.055 4.297 3.727 5.697 6.809
São Paulo 846 2.827 2.199 3.436 4.978
Minas Gerais 748 1.252 655 909 715
Espírito Santo 390 375 651 811 839
Norte 2.013 1.820 2.394 3.984 2.281
Rondônia 1.030 1.030 - 1.622 1.366
Acre 581 385 2.392 1.955 915
Sul 43 220 1.322 1.205 1.969
Santa Catarina 43 220 1.271 1.012 1.869
Nordeste 3 35 87 134 244
Total Brasil 19.089 24.356 26.118 41.119 37.672
35O Agronegócio do Palmito no Brasil
oficiais são menos discrepantes, mas também pouco defensáveis, pois o estado
produziu, em média, 3,5 t de palmito/ha em 2003.
Dados de área plantada mais confiáveis foram obtidos neste estudo,
com informantes de diversas regiões do país (Tabela 11).
4.3 Exportação
Com exceção dos anos de 1993 e 1994 (Tabela 12 e Fig. 2), os montantes
exportados são irrisórios, se comparados às exportações das décadas de 70 e
80. Os preços foram erráticos e também declinantes ao longo da década, embora
com valores elevados na maioria dos anos da série
15
. O volume exportado nos
anos 2000 foi o menor desde 1970 e continua declinante. A razão maior pode
ser o bom nível dos preços do produto no mercado interno
16
. Em 2004, o Brasil
exportou menos 93 t de palmito que em 1970.
15
Como termo comparativo de preços e valores exportados, em 2002 o preço médio da tonelada de carne
exportada foi de US$ 1.200,00. No ano, o complexo carne exportou US$ 1,47 bilhão (FAEP, 2003).
16
Em 2002, o preço de venda das agroindústrias para os supermercados de São Paulo foi de R$ 50,00/cx de 15
vidros (4,5 kg de palmito), equivalente a R$ 11,10/kg. Em 2002, o produto para exportação foi vendido (FOB)
a R$ 12,21/kg, com o câmbio supervalorizado (US$ 1,00 = R$ 3,70). De acordo com o câmbio de 2004, o preço
do produto exportado foi de R$ 9,00/kg, portanto, menor que no mercado interno.
Tabela 11. Estimativa da área plantada com pupunha e palmeira-real no Brasil em 2002.
1
Segundo informação oficial, havia projetos totalizando os 3.950 ha, mas extra-oficialmente
apenas 1.500 ha plantados.
2
Predomina pupunha (aproximadamente 900 ha), entretanto havia cerca de 4 milhões de mudas
de palmeira-real plantadas/a plantar em 2003, cerca de 200 ha com essa palmeira, na região
de Venda Nova do Imigrante.
Área (ha)
Estado
Plantada Em produção
Observações
Amazonas 500 150 Pupunha
Pará1 3.950 1.500 Pupunha
Bahia (Sul) 2.983 1.672 Pupunha - 494 produtores
Espírito Santo2 1.100 900 Pupunha e palmeira-real
Rio de Janeiro 213 92 Pupunha - 293 produtores
São Paulo (Vale do Ribeira) 3.600 2.700 Pupunha - 200 produtores
Paraná 950 880 Pupunha e palmeira-real
com 65% da área
Santa Catarina 1.500 1.300
Palmeira-real e pupunha
com 12% da área
495 produtores
Total 14.896 9.194
36 Circular Técnica nº 130
5 Síntese da Variação de Preços da Exportação de 1970 a 2001
Os preços variaram (Tabela 13) positiva e significativamente até 1980,
com queda a partir desseano e notável recuperação de 1985 a 1990,
manutenção dos preços entre 1990 e 1995 e, novamente, acentuada queda
de 1995 a 2001.
Figura 2. Volumes e valores de exportação de palmito pelo Brasil de 1990 a 2004.
0
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
12.000
1
9
9
0
1
9
9
1
1
9
9
3
1
9
9
4
1
9
9
5
1
9
9
6
1
9
9
7
1
9
9
8
1
9
9
9
2
0
0
0
2
0
0
1
2
0
0
2
2
0
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0
0
4
Ano
V
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m
e
(t
)
0
1.000
2.000
3.000
4.000
5.000
6.000
U
S
$
m
il
/t
VOLUME (t) US$ mil/t
Tabela 12. Volumes e valores de exportação de palmito pelo Brasil de 1990 a 2004.
Fonte: Brasil (2005)
Volume
Ano
Toneladas US$ mil/t
1990 7.400 5.163
1991 6.983 4.871
1993 11.389 3.984
1994 10.065 4.031
1995 6.038 5.007
1996 4.853 2.487
1997 4.536 5.688
1998 3.797 5.377
1999 3.441 4.190
2000 2.489 3.905
2001 2.573 3.642
2002 1.946 3.302
2003 2.284 3.255
2004 2.222 3.421
37O Agronegócio do Palmito no Brasil
O CONSUMO DE PALMITO NO BRASIL
1 As Estimativas de Consumo
A estimativa de consumo da agroindústria em Belém é de 100 g/pessoa/
ano
17
. De acordo com esse cálculo, o consumo no mercado interno estaria em
torno de 17.500 t/ano. Dado aproximado aos números oficiais, pois o IBGE
(2003) informa produção de 20.599 t em 2000. Deduzindo-se as 2.489 t
exportadas em 2000, o saldo aproxima-se do valor citado anteriormente. Porém,
conforme os dados a seguir, a estimativa da agroindústria e os dados oficiais
não refletem a realidade.
Morsbach et al. (1998), citam informação de importante agroindústria
no Espírito Santo, cuja estimativa do consumo per capita no país está entre
160 e 300 g/palmito/ano. Citam ainda Rodriguez et al. (1995) que estimam em
660 g/palmito/ano o consumo per capita no Brasil.
A Pesquisa de Orçamento Familiar, realizada em 1996 na Região
Metropolitana de São Paulo (RMSP) aponta para conclusões diferentes dessas
estimativas (Tabela 14).
17
Estimativa do diretor de importante agroindústria de Belém, ex-dirigente do SINDIPALM, no mercado há mais
de 40 anos, e a estimativa com a qual diz operar o sindicato.
Tabela 13. Variação de preços do palmito exportado pelo Brasil de 1970 a 2004.
Fonte: IBGE (2003)
Ano/série Variação %
1970-71 0,03
1971-73 37,0
1973-75 61,0
1970-75 121,0
1974-78 88,0
1975-80 166,0
1980-83 - 36,7
1983-85 - 21,3
1985-90 82,4
1990-93 16,0
1993-95 34,0
1995-96 - 96,0
1995-98 7,0
1995-2004 - 46,0
38 Circular Técnica nº 130
A RMSP tinha cerca de 17 milhões de habitantes em 1996
18
. O consumo
de palmito nesses domicílios foi de 40.245 t (Tabela 14), ou 2,4 kg/pessoa/ano
(8 vidros/300 g), bastante superior às estimativas anteriores para o país e
pouco mais que o dobro da produção nacional no ano
19
.
A elaboração de uma estimativa para todo o país deve levar em
consideração:
a) A renda média das famílias na RMSP é maior que a renda média
do país;
b) A RMSP abriga aproximadamente 10% da população do país;
c) Há regiões metropolitanas menos populosas, mas com renda média
aproximada à da RMSP (Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Porto Alegre,
Rio de Janeiro);
d) No país havia cerca de 39 milhões de domicílios e, presume-se, na
metade deles (19,5 milhões) não se consumia palmito;
e) Nesses 19,5 milhões de domicílios, pode-se consumir em média, o
mesmo que a faixa 2 da Tabela 14, ou seja, – 340 g de palmito,
aproximadamente um vidro de 300 g/mês, o que corresponde a 12
vidros/ano/domicílio (3,6 kg/ano);
f) Em uma estimativa subestimada, haveria no país o consumo de no
mínimo 66.300 t/ano. Somando-se as quase 5.000 t exportadas em
1996, a produção de palmito teria que ser maior do que mostram os
dados oficiais.
Para uma estimativa mediana, podem ser usados os dados da Tabela 15,
pois somadas as demais nove regiões metropolitanas do país (excluída a RMSP)
18
A capital, onde o consumo de palmito é mais elevado, tinha 10 milhões de habitantes em 1996.
19
Os dados referem-se à pesquisa dos gastos familiares em 19.816 domicílios nas dez maiores regiões metropolitanas
do país, incluída a cidade de Goiânia, realizada entre outubro de 1995 e setembro de 1996 (IBGE, 2002).
Tabela 14. Consumo de palmito por faixa de renda familiar na região metropolitana
de São Paulo em 1996.
Fonte: Adaptado de Pontes et al. (2001)
1
Os valores da tabela têm como referência o salário mínimo mensal em 1996 (R$ 112,00).
ConsumoFaixas de renda familiar1
(R$/mês) Nº de domicílios G/domicílio mensal Anual (t)
1ª faixa até 400,17 538.796 60 388
2ª faixa 400,17 a 747,39 768.883 340 3.137
3ª faixa acima de 747,39 2.942.295 1.040 36.720
Total 4.249.974 - 40.245
39O Agronegócio do Palmito no Brasil
e Goiânia, em 1996, havia 8.261.332 domicílios. Considerando que nessas regiões
o consumo tenha sido a metade daquele registrado na RMSP, teriam sido
consumidas mais 32.521 t/ano.
No país havia cerca de 39 milhões de domicílios, subtraindo os 12,5
milhões das RMs, resta estimar o consumo em mais 26,5 milhões de domicílios.
Nesse caso, aplicando-se o mesmo conceito (a metade do consumo da RMSP),
desde que o consumo nesses domicílios esteja entre a média dos valores das
duas menores faixas de consumo (30 g + 170 g), tem-se mais 31.800 t de
palmito consumido no Brasil.
Os cálculos até aqui referem-se ao consumo domiciliar. É preciso adicionar
o consumo em restaurantes e afins, que pode ser estimado em torno de 25%
20
do consumo domiciliar.
A Tabela 16 apresenta a síntese que totaliza a estimativa do consumo
interno de palmito no Brasil em 1996.
Somando as 5.000 t exportadas, totalizam-se 135.707 t de palmito,
quase o montante da produção do Pará e Amapá obtida por Nascimento e
Moraes (1991) em pesquisa no campo e com agroindústrias do Pará em 1991
(145.800 t). Partindo desse valor e somando a produção em outros estados
(11,5%) e os estoques (5%), é razoável adicionar mais 22.000 t à produção
nacional, em 1996.
20
Em 1996, os gastos das famílias com alimentação fora do domicílio foram calculados em 25,5% dos gastos nos
domicílios (IBGE, 2002).
Tabela 15. Número de domicílios nas principais regiões metropolitanas do país, exceto
a RMSP, e consumo de palmito em 1996.
Fonte: IBGE (2002)
1
Valores atualizados para julho de 2002: 1ª faixa - até R$ 550,00; 2ª faixa - R$ 550,00 a
R$ 1.005,00; e 3ª faixa - mais de R$ 1.005,00
2
Estimativa de metade do consumo da RMSP
Consumo
Faixas de renda familiar1
(R$/mês)
Nº de domicílios G/domicílio mensal
(1/2 RMSP)
2
Anual
estimado (t)
1ª faixa até 400,17 1.798.214 30 648
2ª faixa 400,17 a 747,39 2.013.637 170 4.108
3ª faixa acima de 747,39 4.449.481 520 27.765
Total 8.261.332 - 32.521
40 Circular Técnica nº 130
Assim, a produção de palmito no Brasil pode ser estimada em torno de
160.000 t, em 1996. Tendo em vista a ausência de oscilações significativas no
mercado nos últimos anos, essa pode ser a produção atual, com consumo per
capita no país em torno de 940 g/ano ou aproximadamente três vidros de 300
g/pessoa/ano. Entretanto, diferenças na estrutura de consumo devem ser
consideradas, pois no Nordeste e no Norte (este, menos ainda) consome-se
pouco palmito e pessoas e famílias pobres raramente compram o produto.
2 Razões que Afetam o Consumo do Palmito
As razões a seguir foram apontadas por diversos agentes entrevistados,
porém refletem mais o ponto de vista dos gerentes de agroindústrias e de
supermercados:
a) Queda da renda da classe média e salários do funcionalismo sem
reajuste;
b) Vulgarização e preços mais acessíveis dos produtos concorrentes e
similares: aspargos, azeitonas, cogumelos e picles;
c) Aumento da cesta de gastos: celular, internet, tv a cabo, multas de
trânsito, seguros, educação privada, alimentação fora do lar (em
restaurantes sem palmito);
d) Divulgação, de forma sensacionalista
21
, dos casos de botulismo em
1998;
e) Merchandising fraco, exposição inadequada nas prateleiras dos
supermercados, profusão de marcas, baixa qualidade do palmito, etc.
21
Ocorreu em palmito de Euterpe precatória, oriundo da Bolívia.
Tabela 16. Síntese da estimativado consumo interno de palmito no Brasil em 1996.
Região/condição Volume consumido (t)
Metropolitana de SP 40.245
Outras metropolitanas 32.521
Demais regiões/Brasil 31.800
Consumo fora do domicílio 26.141
Total 130.707
41O Agronegócio do Palmito no Brasil
PRODUÇÃO E EXPORTAÇÃO DE PALMITO EM OUTROS PAÍSES
1 Costa Rica
A Costa Rica iniciou os plantios de pupunha em 1970 e a primeira partida
de produto exportado ocorreu em 1978 (Agroindústria Del Campo, atual
Demasa). Em 2000 o palmito correspondia a 0,4% do agronegócio da Costa
Rica, incluída a pesca.
1.1 Produção
O agronegócio do palmito teve início na década de 70, porém só começou
a tomar vulto a partir do início dos anos 90, no tocante à área plantada.
Não há explicação para valores tão baixos em valor da produção total
e em valor da produção/ha, como os apresentados pelos dados oficiais da
Tabela 17 (3ª e 4ª colunas). Os dados apresentados, assim como no Brasil,
são pouco consistentes.
Houve acentuado declínio da área plantada após 1999, o que corrobora
especulações há tempos na imprensa e em sites
22
 sobre o declínio da
atividade no país.
22
Diversas reportagens sobre o tema. Disponível em: www.mercanet.cnp.go.cr. Acesso em: 27 mar. 2002; Disponível
em: www.incae.edu/seminarios. Acesso em: 25 abr. 2002; Disponível em: www.agesti.org/news/newsfiles/
external/Nacion_com_Economia.htm. Acesso em: 23 maio 2001.
Tabela 17. Área e valor da produção de palmito na Costa Rica de 1991 a 2001.
Fonte: INFOAGRO (2002)
1
Valores corrigidos para o dólar de dezembro de 2001
2
Estimativa
Ano
Área plantada
(ha)
Valor total
US$1
Valor
US$/ha
1991 - 3.827.453 -
1992 3.500 3.627.132 1.036
1993 3.822 3.185.898 833
1994 3.926 2.875.134 732
1995 4.200 2.645.550 630
1996 4.500 2.460.442 547
1997 10.169 4.498.146 442
1998 12.500 3.685.104 295
1999 11.005 2.512.660 228
2000 8.804 2.104.433 239
2001 6.5002 1.592.548 239
42 Circular Técnica nº 130
1.2 Exportação
Houve significativa queda na área plantada após 1999. Contudo,
surpreendentemente, o volume exportado aumentou, chegando a 14.433
t em 2001. O valor da tonelada de palmito exportado decresceu a partir
de 1998 e manteve a tendência declinante. O principal cliente da Costa
Rica sempre foi a França, com tendência crescente para o mercado dos
Estados Unidos (Tabela 18).
1.3 Custos de produção
Oquendo (1999) apresenta os custos de produção, preço de venda e
rendimento do palmito obtidos em uma agroindústria na Costa Rica (Tabela 19)
23
.
23
O autor trabalhou com dados de 1998 da Empresa Agropalmito, considerada uma plantação tradicional para a
análise econômica da atividade na Costa Rica. Um stand de 5.000 plantas/ha (recomendado pela pesquisa),
permitiria cortar 1 palmito/planta/ano no 2
o 
ano, 1,6 no 3
o
 e 2,5 palmitos/planta/ano do 4
o
 ano em diante.
Tabela 18. Exportação de palmito pela Costa Rica de 1998 a 2001.
Participação percentual (%)
Ano Volume (t) US$ Total US$/t
Espanha França EstadosUnidos
1998 11.531 24.676.340 2.140 12 57 11
1999 12.078 20.411.820 1.690 15 51 14
2000 10.991 18.354.970 1.670 9 59 13
2001 14.433 23.525.790 1.630 8 60 14
Fonte: INFOAGRO (2002)
Tabela 19. Custos de produção, preço de venda (US$) e rendimento do palmito na
Costa Rica em 1998.
Fonte: Agropalmito (1998), citado por Oquendo (1999)
Anos após o plantio
Variáveis
1º 2º 3º 4º ... 15º
Nº estipes colhidos 0 5.000 8.000 12.500 ...
Custo produção (ha) 1.914 1.842 1.914 2.064 ...
Custo/estipe colhido - 0,37 0,24 0,17 ...
Renda bruta (ha) - 1.360 2.176 3.400 ...
Renda bruta/estipe - 0,27 0,27 0,27 ...
Renda líquida/estipe - - 0,03 0,11 ...
Renda líquida/ha - (492) 262 1.336 ...
43O Agronegócio do Palmito no Brasil
A síntese dos custos de produção mostra o seguinte: mão-de-obra – 52%;
insumos – 33%; imprevistos – 9%; e transporte – 6%.
Segundo os dados da Agropalmito, a empresa recebeu US$ 0,27/estipe
de palmito, uma renda líquida de US$ 1.336,00/ha/ano, a partir do 4º ano,
quando há estabilização do projeto (OQUENDO, 1999). Corrigido para junho
de 2002, o preço pago por estipe foi de US$ 0,30 na Costa Rica, valor que em
dólares (em 2003) daria aproximadamente R$ 1,00. Este valor corresponde ao
preço pago pelo palmito cultivado no Brasil. Porém, na Costa Rica colhe-se
três vezes mais estipes de palmito/ha.
1.4 Informações não oficiais
Alguns periódicos locais noticiaram que em 2002 o custo de produção foi
de US$ 0,54/estipe e que as fábricas pagaram US$ 0, 38/estipe (INCAE, 2002).
Assim, aos produtores coube prejuízo de US$ 0,16/estipe, o que não
faz sentido e só pode ser explicado pela imprecisão dos dados ou por uma
situação momentânea de preços. A Tabela 20 mostra o resumo dos preços
pagos aos agricultores.
Os dados são díspares. Um noticiário informou que as fábricas pagaram
US$ 0,38/estipe em 2002. Os dados da Agropalmito, com os quais
trabalharam os pesquisadores da Universidade da Costa Rica, mostram que
a empresa recebeu US$ 0,27/estipe em 1998. Os dados da Tabela 20
apresentam preços declinantes pagos aos agricultores, chegando a US$ 0,16/
estipe em junho de 2001
24
.
O preço recebido pelo produto exportado vem declinando desde 1998,
com base nos dados oficiais ou extra-oficiais, o que reflete em queda nos
preços internos (Tabela 21).
24
Valor corrigido para junho de 2002.
Tabela 20. Histórico do preço pago ao produtor, por estipe de palmito, na Costa Rica.
Fonte: INCAE (2002)
1
Moeda da Costa Rica
2
O valor é menor, pois a inflação em colones foi maior que a correção em dólares
Ano Colones1 US$ da época US$ dez/2001
Antes de 1998 85 0,33 US$ Jun/97 0,36
Em 1998 40 0,16 US$ Jun/98 0,17
Em 2001 55 0,17 US$ Jun/01 0,162
44 Circular Técnica nº 130
1.5 Causas da crise na Costa Rica
25
a) Falta de planificação dos plantios nos principais países exportadores,
situação que se prolongará por causa das novas áreas que ainda não
entraram em produção (Equador e Brasil);
b) Grandes quantidades de produto em estoque nos principais
importadores mundiais e redução do ritmo normal de vendas;
Obs: As citações acima foram enunciadas em 1998, quando já se
prenunciava a crise na Costa Rica e no Equador.
c) Crise monetária no Brasil, que o forçou a vender parte de sua produção
para autoconsumo no mercado internacional. O valor era de
aproximadamente sete milhões de caixas a US$ 23,00/caixa, enquanto
o preço local (Costa Rica) era de US$ 40,00, em março de 1999;
Obs.: A informação é incorreta, porque o Brasil teria exportado 67.000 t
de palmito em 1999, o que de fato não ocorreu.
d) Falta de efetiva promoção e diferenciação para um produto que por
muito tempo compartilhou prateleiras com outros reconhecidos e de
menor preço, como a alcachofra e o espargo, nos países desenvolvidos
(importadores);
e) Falta de tecnologia para comercializar o produto natural e fresco no
exterior;
f) Competição do Equador, cujas exportações para a Europa registraram
aumentos de até 90% de um ano para outro, com oferta de palmito
em conserva, fresco e desidratado (CNP, 1998);
25
As citações dos autores neste item não estavam referenciadas nos textos originais na Internet. Por isso não se
referenciam na bibliografia.
Tabela 21. Preço do produto (US$/kg palmito) exportado pela Costa Rica de 1997 a 2001.
Fonte: MERCANET/CNP (2002)
1
Dados oficiais
Ano MERCANET/CNP1 Outros informes
1997 - 2,36
1998 2,10 -
1999 1,70 1,56
1999 - (Demasa) 3,00
2000 1,70 1,64
2001 1,60 (Demasa) 1,76
45O Agronegócio do Palmito no Brasil
g) Aumento das áreas produtivas de outros países como Colômbia, Peru
e Bolívia, em alguns casos subsidiadas e como alternativa ao cultivo
da folha de coca (ZÚÑIGA, 1999);
h) Dependência de mercados tradicionais e falta de exploração de
mercados não tradicionais (BOGANTES, 1999);
i) Lenta e difícil mudança dos padrões de consumo de palmito de pupunha
na Europa, situação que poderia ser alterada se houvesse
desabastecimento de palmito silvestre/extrativo (açaí, juçara) por
parte do Brasil (ANGULO, 1999);
j) Falta de

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