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CITRICULTURA BRASILEIRA 20111

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Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Embrapa Mandioca e Fruticultura
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Citricultura brasileira
em busca de novos rumos
Desafios e oportunidades 
na região Nordeste
Clóvis Oliveira de Almeida
Orlando Sampaio Passos
Editores Técnicos
Embrapa Mandioca e Fruticultura
Cruz das Almas, BA
2011
Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na:
Embrapa Mandioca e Fruticultura
Rua Embrapa - s/n°, Caixa Postal 007
44380-000, Cruz das Almas, Ba
Fone: (75) 3312-8048
Fax: (75) 3312-8097
www.cnpmf.embrapa.br
Comitê Local de Publicações
Aldo Vilar Trindade – Presidente
Ana Lúcia Borges – Vice-presidente
Maria da Conceição Pereira Borba dos Santos – Secretária-executiva
Cláudia Fortes Ferreira – Membro
Fernando Haddad – Membro
Edson Perito Amorim – Membro
Hermínio Souza Rocha – Membro
Marcio Eduardo Canto Pereira – Membro
Paulo Ernesto Meissner Filho – Membro
Augusto César Moura da Silva – Membro suplente
Sônia Maria Sobral Cordeiro – Membro convidado
Coordenação editorial: Clóvis Oliveira de Almeida
Orlando Sampaio Passos
Revisão de texto: Léa Cunha
Normalização bibliográfica: Lucidalva Ribeiro Gonçalves Pinheiro
Projeto gráfico, editoração eletrônica e capa: Anapaula Rosário Lopes
Foto da Capa: Orlando Sampaio Passos
1ª edição
1ª impressão (2011): 500 exemplares
Todos os direitos reservados
A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte,
constitui violação dos direitos autorais (Lei nº 9.610).
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Embrapa Mandioca e Fruticultura
C581 
Citricultura brasileira: em busca de novos rumos desafios e oportunidades na região Nordeste / 
Clóvis Oliveira de Almeida, Orlando Sampaio Passos, editores; autores, Clóvis Oliveira de 
Almeida ... [et al.]. − Cruz das Almas : Embrapa Mandioca e Fruticultura, 2011. 
160p. : il. color.; ; 21 cm.
ISBN: 978-85-7158-027-5
1.Citricultura . I Almeida, Clóvis Oliveira de ... II Passos, Orlando Sampaio 
 
CDD 641.343 04 (21.ed.)
© Embrapa, 2011
Autores
Clóvis Oliveira de Almeida
Engenheiro agrônomo, D.Sc. em Ciências (Economia Apli-
cada), pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, 
Cruz das Almas, BA, calmeida@cnpmf.embrapa.br
Orlando Sampaio Passos
Engenheiro agrônomo, pesquisador da Embrapa Mandio-
ca e Fruticultura, Cruz das Almas, BA, orlando@cnpmf.
embrapa.br
Almir Pinto da Cunha Sobrinho
Engenheiro agrônomo, MSc. em Fitotecnia, pesquisador 
aposentado da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Cruz das 
Almas, BA, apcsobrinho@hotmail.com
Walter dos Santos Soares Filho 
Engenheiro agrônomo, D.Sc. em Melhoramento Gené-
tico, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, 
wsoares@cnpmf.embrapa.br
Apresentação
A citricultura brasileira, hegemônica na produção e exporta-
ção mundial de suco congelado de laranja, vem enfrentando 
desafios tão grandes quanto a sua importância para a 
economia do País. A forte concentração na região Sudeste, 
a implantação em áreas contínuas e extensas, bem como 
a grande dependência do mercado externo de suco, talvez 
estejam na origem da ameaça pela qual passa a citricultura 
no momento atual. 
A multiplicidade de climas e solos existentes no vasto 
território nacional torna quase que natural a necessidade 
de melhor distribuição espacial e de espécies da produção 
nacional de citros – uma lenta mudança que deve passar 
da concentração à diversificação. A região Nordeste, pelos 
seus variados ecossistemas, apresenta-se como uma das 
maiores oportunidades para a expansão da citricultura e o 
desencadeamento do processo de diversificação.
Na presente obra são abordados temas relacionados ao 
setor produtivo e de processamento de citros no Brasil, 
mercados externo e interno de frutas cítricas de mesa e 
novas variedades e regiões de produção. As possibilidades 
para a expansão da citricultura em terras nordestinas, de-
tentoras de condições adequadas ao cultivo de diferentes 
espécies e variedades, são amplamente discutidas. 
A Embrapa Mandioca e Fruticultura e o Banco do Nordeste 
têm a satisfação de trazer ao público o livro “Citricultura 
brasileira em busca de novos rumos – desafios e oportu-
nidades na região Nordeste”, com a esperança de estar 
contribuindo para um entendimento atualizado da ativida-
de e o seu desenvolvimento em bases mais sustentáveis 
no País. 
Domingo Haroldo Reinhardt 
Chefe Geral da Embrapa Mandioca e Fruticultura
Sumário
Introdução............................................................................................ 9
Capítulo 1: Produção brasileira de citros de uso industrial ............... 11
Vulnerabilidade na produção ..........................................................................13 
Capítulo 2: O setor de processamento de suco ................................ 21
Tendências do setor de processamento de suco ...........................................23
Tendências do mercado externo de suco .......................................................24
Capítulo 3: O mercado externo de frutas cítricas de mesa ............... 33
Capítulo 4: O mercado interno de frutas cítricas de mesa ................ 39
Capítulo 5: Necessidade de diversificação 
e alternativa de produção .................................................................. 59
Produção de citros em áreas tradicionais da região Nordeste ...................... 63
Áreas potenciais para produção de citros de mesa na região Nordeste ........66
Capítulo 6: Seleção de cultivares 
porta-enxertos para o Nordeste brasileiro ......................................... 73
Uso de porta-enxertos na região do Nordeste do Brasil ............................... 76
Capítulo 7: Comportamento de variedades cítricas na região 
da Chapada Diamantina, Estado da Bahia, Nordeste do Brasil ...... 101 
Laranjas doces .............................................................................................105
Tangerinas e híbridos ...................................................................................129
Limas e Limões ............................................................................................149
Referências ..................................................................................... 157
9Citricultura brasileira em busca de novos rumos
Introdução 
As espécies cítricas são originárias das áreas subtropicais 
e tropicais da Ásia, de onde se disseminaram a outras 
partes do mundo de forma tal que, para Webber (1967), 
a sua história poderia ser lida como se fosse um romance. 
Fora do seu habitat original, os cítricos encontraram as con-
dições mais favoráveis na faixa subtropical, embora seja nos 
trópicos onde se verificou a maior evolução no seu cultivo.
Os portugueses introduziram sementes de laranja doce 
nas ilhas da Madeira, nas Ilhas Canárias e em outras colô-
nias do Atlântico leste. Cristóvão Colombo, na sua segunda 
viagem, em 1493, levou sementes desta espécie, que se 
encontravam nas ilhas Canárias, à ilha do Haiti, em 1518. 
Depois, a laranja doce se dispersou pela América Central e 
pela América do Norte, introduzindo-se assim pela primeira 
vez no Novo Mundo. Na América do Sul, especificamente 
no Brasil, a laranja doce foi introduzida pelos jesuítas por-
tugueses por volta do ano 1530 nos estados da Bahia e de 
São Paulo, onde permaneceu por mais de quatro séculos 
sem constituir uma atividade econômica.
Atualmente o Brasil é o primeiro produtor mundial de citros 
e o maior exportador de suco concentrado e congelado de 
laranja doce – principal produto do complexo agroindustrial 
da citricultura brasileira. Embora tenha desfrutado e con-
tinue desfrutando de inegável importância econômica, as 
condições internas de produção e as recentes mudanças 
10 Citricultura brasileira em busca de novos rumos
na demandaexterna por suco concentrado e congelado 
têm contribuído para o aumento da vulnerabilidade do setor 
citrícola nacional. 
Nas páginas seguintes deste livro, realiza-se um breve 
diagnóstico dos principais desafios associados à produção 
de citros no Brasil e, em especial, na região Nordeste - 
área com grande potencial de expansão da citricultura no 
País. Uma vez identificados os desafios, são apresentados 
novos rumos, tendências e oportunidades que se apre-
sentam a esse importante setor do agronegócio brasileiro, 
especialmente aqueles relacionados ao grupo das laranjas 
doces, das limas ácidas e das tangerinas. 
1 Capítulo 1Produção brasileira de citros de uso industrial 
Clóvis Oliveira de Almeida
Orlando Sampaio Passos
13Citricultura brasileira em busca de novos rumos
Vulnerabilidade na produção
A produção brasileira de citros está distribuída por todas 
as regiões do País, mas com uma notória concentração na 
região Sudeste, especialmente no Estado de São Paulo, 
cujos pomares estão demasiadamente concentrados na 
laranja doce, vindo a seguir as tangerinas e as limas ácidas. 
A Tabela 1 traz a distribuição geográfica da produção bra-
sileira de citros e especialmente de laranja doce, principal 
espécie frutífera cultivada no Brasil, seja em área plantada 
ou colhida, quantidade produzida, valor da produção ou 
geração de emprego.
Além da concentração espacial, a produção brasileira de 
laranja também apresenta expressiva concentração com 
respeito às variedades copas e porta-enxertos utilizadas. 
Estima-se que o limoeiro Cravo responda por mais de 85% 
dos porta-enxertos, sendo a laranjeira Pera, à exceção 
do Rio Grande do Sul, a variedade-copa predominante. 
Tabela 1. Distribuição geográfica da produção de laranja doce, tangerina 
e lima ácida no Brasil, média percentual do período 2000 a 2009.
Região
Participação na produção 
(%) 
Laranja doce Tangerina Lima ácida
Sudeste 84,76 56,96 87,50
Nordeste 8,31 3,26 6,73
Sul 4,79 37,92 3,34
Norte 1,39 0,59 1,25
Centro-Oeste 0,75 1,27 1,18
Fonte: IBGE, 2011.
14 Citricultura brasileira em busca de novos rumos
Quanto ao destino da produção, mais de 70% são destinados 
à indústria de suco, o que explica a atual preferência pelas 
variedades-copa mais exploradas. A Tabela 2 apresenta 
uma estimativa da predominância de variedade porta-
enxerto nos principais estados produtores de laranja no 
Brasil. Diferentemente de países como Argentina, Espanha 
e Estados Unidos, no Brasil a utilização de espécies e 
variedades-copa é bastante restrita (Tabela 3).
Tabela 2. Variedades porta-enxerto predominantes nos principais 
estados brasileiros produtores de citros, em porcentagem.
Estados
Variedades porta-enxerto
Limoeiro ‘Cravo’ 
(Citrus limonia 
Osbeck)
Limoeiro ‘Rugoso’
(C. jambhiri Lush.)
Trifoliata
‘Poncirus 
trifoliata (L.) Raf.’
São Paulo 85 – –
Bahia 90 – –
Sergipe 50 50 –
Minas Gerais 90 – –
Paraná 90 – –
Pará 90 – –
Rio de Janeiro 98 – –
Rio Grande do Sul – – 92
Fonte: Passos et al. (2005).
Tabela 3. Variedades-copa predominantes nos principais estados 
brasileiros produtores de citros.
Estados Variedades-copa
São Paulo
Laranjeira Pera 
Laranja Valência
Continua...
15Citricultura brasileira em busca de novos rumos
A estreita base genética, tanto das variedades-copa como 
porta-enxerto atualmente utilizadas, torna a citricultura al-
tamente vulnerável, podendo se repetir o que aconteceu 
no final da década de 30 e início dos anos 40, quando, 
por introdução do vírus da tristeza, o Brasil perdeu mais de 
10 milhões de plantas, ou seja, a quase totalidade da sua 
citricultura à época. Isso ocorreu, justamente, porque havia 
um único porta-enxerto em uso: a laranjeira ´Azeda`. Ainda 
hoje, a monocitricultura e a falta de uma eficiente barreira 
que possa evitar a rápida proliferação de pragas e doenças 
nos principais pomares de laranja do País expõem a citri-
cultura brasileira a uma situação de vulnerabilidade e de 
alto custo de manutenção. Essa situação é especialmen-
te observada no Estado de São Paulo, onde a produção 
cresceu, por décadas, de forma acelerada e orientada 
para a indústria de suco e, impulsionada, principalmente, 
Estados Variedades-copa
São Paulo Tangerineira Ponkan
Bahia
Laranjeira Pera
Limeira ácida Tahiti C. latifolia (Yu. Tanaka) 
Tanaka
Sergipe Laranjeira Pera
Minas Gerais Laranjeira Pera
Rio Grande do Sul Laranjeira Valência (C. sinensis)
Paraná Laranjeira Pera
Pará Laranjeira Pera
Rio de Janeiro Laranjeira Seleta
Tabela 3. Continuação.
16 Citricultura brasileira em busca de novos rumos
pela expansão da área de plantio1. Não é por acaso que os 
gastos com defensivos já representam a maior parcela do 
custo operacional de produção nos pomares do Estado de 
São Paulo (Figuras 1, 2 e 3).
A distribuição percentual de custos de produção apresen-
tada nas Figuras 1 e 2 leva em consideração somente um 
número mínimo de pulverizações realizadas pela maioria 
dos pequenos e médios citricultores do Estado de São 
Paulo. Tais pulverizações têm por objetivo o controle das 
1 Recentemente a área plantada com laranja no Estado de São Paulo vem diminuindo, ao tempo 
em que se observa um incremento de produtividade decorrente da adoção de um conjunto de 
tecnologias: adensamento de plantio, variedades melhoradas e adaptadas, mudas de boa qualidade 
e irrigação. Cerca de 17% a 20% dos pomares do estado são irrigados, o que tem proporcionado, 
por si só, um incremento médio de 35% de rendimento em relação aos não irrigados.
Figura 1. Distribuição percentual do custo operacional total relativo à cultura 
da laranja [Citrus sinensis (L.) Osbeck] para indústria. Pomar em produção, 
1 ha, 300 pés, produção de 600 caixas de 40,8 kg, Norte do Estado de 
São Paulo, safra 2003/2004. 
Fonte: Ghilardi et al., 2004.
17Citricultura brasileira em busca de novos rumos
Figura 2. Distribuição percentual do custo operacional relativo à 
cultura da laranja [Citrus sinensis (L.) Osbeck] para indústria. Pomar 
em produção, 1 ha, 300 pés, produção de 600 caixas de 40,8 kg, Sul 
do Estado de São Paulo, safra 2003/2004. 
Fonte: Ghilardi et al., 2004.
Figura 3. Distribuição percentual do custo operacional total ampliado 
relativo à cultura da laranja [Citrus sinensis (L.) Osbeck] para indústria. 
Pomar em produção, 1 ha, 300 pés, produção de 600 caixas de 
40,8 kg, Norte do Estado de São Paulo, safra 2003/2004. 
Fonte: Ghilardi et al., 2004.
18 Citricultura brasileira em busca de novos rumos
principais pragas e doenças: ácaros da leprose e da ferru-
gem, mosca-das-frutas, Colletotrichum, formigas, além do 
controle de plantas infestantes por meio de herbicidas e da 
aplicação de macro e micronutrientes (Ghilardi et al., 2004).
A Figura 3 traz a distribuição percentual do custo de produção 
ampliado para a região Norte, uma das principais produtoras 
de laranja no Estado de São Paulo. Nesta estimativa estão 
incluídas as despesas com defensivos para controle de 
outras pragas e doenças como bicho-furão, ortézia, pinta 
preta e podridão floral. As despesas com o controle do 
cancro cítrico, clorose variegada dos citros, morte súbita 
(problema de natureza provavelmente viral) e da mais 
recente e ameaçadora doença, o huanglongbing (HLB), 
também conhecido por greening, não foram incluídas. 
Na última década, essas quatro doenças provocaram 
a erradicação de 39 milhões de plantas dos pomares 
citrícolas dos estados de Minas Gerais e São Paulo (Neves 
et al., 2011). Se adicionadas as perdas provocadas por 
pragas, o total de plantas erradicadas chega a 40 milhões 
de plantas, atestam os mesmos autores. Neves et al. (2011, 
p. 62) também retratam a crescente pressão das despesas 
com pesticidas sobre os custos de produção da citricultura: 
“a maior pressão do greening e do CVC tem aumentado 
exponencialmente o custo de inseticida na citricultura. 
De 2003 até os dias atuais houve um crescimento de cerca 
de 600%”. 
Os problemas fitossanitários merecem especial atenção 
porque podem pressionaro custo médio unitário de pro-
dução de duas formas: aumentando o custo variável com 
19Citricultura brasileira em busca de novos rumos
a compra e aplicação de defensivos e reduzindo a produ-
tividade do pomar. 
Nos últimos anos, os custos de produção também têm sido 
pressionados pela elevação dos preços de outros insumos 
no mercado interno, a exemplo dos preços de mudas, 
fertilizantes e máquinas. A pressão sobre o preço das 
mudas também decorre de acertadas medidas preventivas 
contra problemas fitossanitários. Por força da lei, desde 
2001, a produção de mudas no Estado de São Paulo 
somente é permitida sob proteção em viveiros telados. 
Mais recentemente o Estado de Sergipe também estabe-
leceu a obrigatoriedade de produção de mudas cítricas 
em viveiro telados; caminho esse que também vem sendo 
trilhado pela Bahia, na qual a lei que determina a produção 
de mudas cítricas de forma protegida está prevista para 
entrar em vigor a partir de 2013.
2 Capítulo 2O setor de processamento de suco
Clóvis Oliveira de Almeida
Orlando Sampaio Passos
23Citricultura brasileira em busca de novos rumos
Como relatado no primeiro capítulo, o principal destino da 
produção de laranja na região Sudeste do Brasil é a indústria 
de suco, a qual é voltada essencialmente para o mercado 
externo. Portanto, as transformações ocorridas no setor de 
processamento e no mercado externo de suco são refletidas 
sobre os demais elos da cadeia produtiva do suco de laranja 
no Brasil. A seguir são apresentadas as principais tendências 
em andamento no setor.
Tendências do setor de processamento de suco
Nos últimos anos, as indústrias de suco vêm aumentando a 
produção própria de laranja no sentido de assegurar parte 
do suprimento de matéria-prima e assim manter a regula-
ridade na produção. No início da atual década, a produ-
ção própria de laranja já respondia por aproximadamente 
35% das necessidades da indústria (Neves et al., 2011). 
Essa estratégia diminui o risco das indústrias associado ao 
suprimento de matéria-prima, mas simultaneamente pode 
enfraquecer o elo da produção (representado pelos agri-
cultores) no estabelecimento, manutenção e/ou renovação 
de contratos. 
O segmento de processamento e exportação de suco 
também tem manifestado, nas últimas décadas, uma 
nítida tendência de concentração em torno de um pequeno 
número de entidades privadas: em 1998 as quatro 
principais empresas processadoras e exportadoras de suco 
respondiam por 66% do volume total de suco exportado 
e em 2003 chegaram a 78%. Com a venda da Cargill 
para Cutrale e Citrosuco, essas duas maiores empresas 
24 Citricultura brasileira em busca de novos rumos
brasileiras do setor passaram a responder pela maior 
parcela do processamento e das exportações brasileiras 
de suco (Boteon, 2004). A mais recente iniciativa, ainda 
não concluída, em busca de fusão ocorreu em 2010, entre 
a Citrosuco, do grupo Fischer, e a Citrovita, do grupo 
Votorantim. A concentração potencializa o ganho de escala 
das empresas processadoras e exportadoras de suco, 
porém enfraquece a cadeia de produção porque restringe 
sensivelmente as opções de venda e, consequentemente, 
de negociação do produtor de laranja. 
Concomitantemente ao processo de concentração aqui 
relatado, também adveio o aumento do risco da capacidade 
ociosa das indústrias de processamento, o que não só 
eleva o custo unitário médio de produção como igualmente 
inibe a entrada de novas indústrias no setor.
Tendências do mercado externo de suco
Até a década de 1980 o mercado cativo norte-americano 
de suco concentrado e congelado de laranja levou o Brasil 
à negligência tanto da produção de laranja típica de mesa 
quanto da produção de suco pronto para beber (Boteon, 
1999). O mais importante, entretanto, não foi deixado de 
lado: a busca de novos mercados para o escoamento das 
exportações de suco, principal produto do complexo agroin-
dustrial da laranja, do qual o País desfruta de reconhecida 
vantagem competitiva (Almeida, 2004). A década de 1980 
distinguiu-se como aquela em que os preços internacionais 
do suco concentrado e congelado de laranja registraram os 
melhores níveis históricos.
25Citricultura brasileira em busca de novos rumos
A partir da década de 1970, enquanto a produção de laranja 
no Brasil aumentava continuamente, ano após ano, a pro-
dução norte-americana também exibia uma impressionan-
te capacidade de reação às condições adversas do clima. 
Graças ao redirecionamento, estrategicamente planejado e 
executado ao longo de décadas, dos plantios de laranja da 
região Norte para as regiões Central e Leste (Indian River) 
do Estado da Flórida, menos suscetíveis à incidência de 
geadas, os Estados Unidos passaram a registrar consi-
deráveis aumentos de produção nos anos 1990 (Passos, 
1990; Boteon, 1999). A Tabela 4 traduz em números o 
histórico esforço do citricultor do Estado da Flórida no 
sentido de escapar das adversidades climáticas impostas 
por rigorosas e sucessivas geadas que aconteceram nas 
décadas de 70 e, principalmente, 80. 
Tabela 4. Área cultivada, perdas provocadas pelas geadas e novos 
plantios de citros no Estado da Flórida, 1966-1988.
Ano Área total 
(ha)
Perdas 
(ha)
Novos 
plantios 
(ha)
Diferença
1966 347.265 – – –
1968 376.876 5.629 35.240 29.611
1970 381.013 10.568 14.705 4.137
1972* 355.334 33.569 7.890 -25.679
1974 349.700 16.261 10.627 -5.634
1976 344.953 16.397 11.650 -3.099
1978* 336.400 19.881 11.328 -8.553
1980 342.082 10.491 16.177 5.686
Continuação...
26 Citricultura brasileira em busca de novos rumos
Tabela 5. Taxa geométrica de crescimento, média anual, da produção 
de laranja nos Estados Unidos.
Período Taxa geométrica de crescimento
(%)
1961 – 1969 5,20
1970 – 1979 2,32
1980 – 1989 -2,80
1990 – 1989 4,98
Fonte: FAO, 2004. Dados básicos.
Essa estratégia permitiu a recuperação da produção 
norte-americana de laranja, interrompendo o período de 
queda provocado pelas geadas que ocorreram na década 
de 1980 (Almeida, 2004). Ao mesmo tempo, diminuiu a 
dependência norte-americana da importação de suco, 
especialmente do Brasil (Boteon, 1999). A Tabela 5 traz as 
taxas de crescimento da produção de laranja nos Estados 
Unidos, em que se pode observar os períodos de expansão, 
declínio e recuperação.
Ano Área total 
(ha)
Perdas 
(ha)
Novos 
plantios 
(ha)
Diferença
1982* 343.127 21.020 22.062 1.041
1984* 308.124 64.638 29.635 -35.003
1986* 252.731 75.111 19.719 -55.393
1988 282.451 21.141 50.861 29.720
*Geadas em janeiro de 1971, 1977, 1981, 1982, 1985 e 1986 e em dezembro de 1983 e 1985. 
Embora não conste na Tabela, a primeira geada de grande intensidade ocorreu em 1962 
(Passos, 1990).
Fonte: Flórida Agricultural Statistics Service, 1988, citado por Passos (1990).
Tabela 4. Continuação.
27Citricultura brasileira em busca de novos rumos
Refletindo a nova conjuntura, as cotações internacionais 
dos preços do suco de laranja registraram fortes quedas nos 
anos 1990 (Figura 4). Igual comportamento foi observado 
nos preços da laranja destinada ao mercado doméstico e à 
indústria de suco.
Na virada do milênio atual (2000 a 2003), os preços in-
ternacionais do suco concentrado e congelado de laranja 
continuaram a trajetória de declínio, agravando a situação 
de descapitalização que o setor já vinha enfrentando desde 
a década anterior.
Naquele período, aliavam-se à tendência de declínio dos 
preços internacionais do suco na Bolsa de Nova York as 
Figura 4. Evolução dos preços de suco de laranja [Citrus sinensis (L.) 
Osbeck] no mercado internacional, da laranja no mercado doméstico e 
da laranja destinada à indústria nacional, 1980 a 1999. 
Fonte: Boteon, 1999.
28 Citricultura brasileira em busca de novos rumos
barreiras tarifárias, que até então perduram, impostas 
ao suco brasileiro pelos principais países importadores 
de suco de laranja. Nos Estados Unidos essas tarifas 
sobre o suco brasileiro chegam a ser proibitivas, relati-
vamente àquelas aplicadas a outrospaíses, a exemplo 
do México e da Costa Rica (Almeida, 2004). Enquanto 
sobre o suco concentrado e congelado de laranja do 
Brasil incide uma tarifa, equivalente ad valorem, das mais 
altas aplicadas pelos Estados Unidos, as exportações 
de suco de laranja realizadas pelo México e pela Costa 
Rica gozam de tratamento privilegiado (Brasil, 2003). 
O primeiro, em função do Acordo de Livre Comércio da 
América do Norte (Nafta) criado em 1994, e o segundo, 
em decorrência do Acordo para Recuperação Econômica 
da Bacia do Caribe (Cbera), de 1983 (Brasil, 2003). Na 
Europa, o tratamento também é discriminatório em relação 
ao suco brasileiro: enquanto o suco proveniente do Brasil 
é tarifado, estão isentos de tarifas os sucos de laranja ori-
ginados do México e dos países do Caribe e do Norte da 
África (Neves et al., 2011). 
Mesmo diante de uma conjuntura externa desfavorá-
vel, registrada a partir de meados da década de 1990 – 
caracterizada por excesso de oferta de laranja e de suco, 
redução das importações norte-americanas e barreiras 
tarifárias – o Brasil não só conseguiu preservar, mas au-
mentar a posição conquistada no mercado internacional. 
Essa conquista não aconteceu por acaso, mas como 
resultado de uma acertada e feliz estratégia de diver-
sificação de mercados e da produção (Almeida, 2004). 
29Citricultura brasileira em busca de novos rumos
Há mais de uma década, a União Europeia passou a ser o 
principal mercado de destino das exportações brasileiras 
de suco concentrado e congelado de laranja, situando-se 
o bloco Nafta, que tem os Estados Unidos como principal 
importador, na segunda posição. Em produção, a opção 
do Brasil foi pela manutenção e aceleração do processo 
de diversificação iniciado em 1980, quando o País também 
passou à condição de produtor e exportador de suco de 
laranja de maior valor agregado, o suco simples. A manu-
tenção dessa privilegiada posição alcançada ao longo de 
décadas depende de uma estratégia que priorize a perma-
nência nos mercados cativos, a busca de novos mercados 
e o aumento do poder de negociação do País nos acordos 
bilaterais, multilaterais e, especialmente, na Organização 
Mundial do Comércio – OMC; como, aliás, já vem ocorren-
do nos últimos anos. Em 2011 o Brasil registrou uma histó-
rica vitória contra os Estados Unidos na OMC, em relação 
às medidas antidumping aplicadas às importações do suco 
de laranja, as quais foram consideradas incompatíveis com 
as normas do comércio internacionais. 
Na última década, as cotações internacionais do suco 
concentrado e congelado de laranja na bolsa de Nova 
York mantiveram a típica trajetória de forte oscilação, ora 
com viés de baixa explicado por excesso de produção de 
laranja e de estoque de suco concentrado, no Brasil e/ou 
nos Estados Unidos, e ora com viés de alta provocado por 
redução na produção de laranja e de suco. Trata-se, portan-
to, de um mercado com forte viés de ajuste do lado da oferta. 
Nos últimos anos, as temporadas de furacões na Flórida, 
30 Citricultura brasileira em busca de novos rumos
2 Neves et al. (2011, p. 06) atestam que “Nos Estados Unidos, principal consumidor mundial, a 
demanda per capita de suco de laranja decresceu 23% nos últimos sete anos, saindo de 23 litros 
para 17 litros per capita. Nos 14 principais mercados da Europa Ocidental, a retração foi de 13 
para 12 litros per capita. Na Alemanha, o primeiro em consumo na Europa, a diminuição foi de 
26%”. Recentemente, a revista Globo Rural divulgou um “estudo encomendado pela CitrusBR, 
com dados da Tetrapack e Euromonitor copilados pela consultoria Markestrat” evidenci-
ando que no período de 2003 a 2010, a retração no mercado global de suco de laranja chegou a 
127 mil toneladas, o equivalente ao consumo total da França em um ano. As maiores retrações 
aconteceram nos Estados Unidos, 194 mil toneladas (19%); Alemanha, 58 mil toneladas (22,8%); 
Japão, 23 mil toneladas; e Reino Unido, 3 mil toneladas (2,5%). No entanto, com base na mesma 
fonte, o consumo cresceu na Rússia, 84 mil toneladas (63,8%); China, 88 mil toneladas (99%); 
Marrocos, 5 mil toneladas (743%); Argentina, 13 mil toneladas (358%); Indonésia, 6 mil toneladas 
(212,8%); e Romênia, 4 mil toneladas (162,7%). Apesar disso, o sabor laranja continua sendo o 
mais consumido entre as bebidas de frutas prontas para beber (Neves et al., 2011). 
principal região produtora de laranja de uso industrial nos 
Estados Unidos, têm contribuído para aumentar as incerte-
zas no mercado internacional de suco. Os danos causados 
pelos furacões certamente não serão capazes de mudar 
a tendência de longo prazo das cotações internacionais 
de suco concentrado e congelado de laranja, e de redução 
da dependência de importações norte-americanas do suco 
brasileiro – especialmente se mantido o recuo na demanda 
per capita e global nos principais mercados importadores, 
e a forte concorrência com outros sucos mais baratos e/ou 
menos calóricos2. Uma outra fonte de incerteza, no entanto, 
que age em sentido oposto ao movimento de acomodação 
da demanda de suco de laranja, é ainda mais “nebulosa” e 
preocupante: a crescente incidência do HLB nos pomares 
da Flórida, nos Estados Unidos, e em São Paulo, no Brasil, 
principais produtores mundiais do suco da fruta. Esse é um 
problema capaz de mudar não só a tendência nas cotações 
dos preços internacionais do suco, como também todo o 
cenário atual da citricultura mundial.
31Citricultura brasileira em busca de novos rumos
Em função da notória vantagem competitiva do Brasil no 
mercado internacional de suco, o País deve continuar 
priorizando o mercado externo da commodity sem, 
contudo, negligenciar o que ainda é secundário: o mercado 
doméstico e a produção de frutas cítricas de mesa 
(Almeida, 2004). Um mercado doméstico forte, além de 
ser uma opção para o escoamento da produção, serve 
também como “amortecedor” dos inevitáveis, recorrentes 
e na maioria das vezes imprevisíveis, choques externos 
(Almeida, 2004). Aliás, o fortalecimento do mercado interno 
foi uma das principais estratégias de proteção da economia 
brasileira contra as crises externas que ocorreram nos 
últimos dez anos – uma lição que também pode e deve ser 
aplicada à economia setorial.
3 Capítulo 3O mercado externo de frutas cítricas de mesa
Clóvis Oliveira de Almeida
Orlando Sampaio Passos
35Citricultura brasileira em busca de novos rumos
Assim como as condições naturais, o conhecimento sobre 
o mercado também constitui um pilar sobre o qual deve 
apoiar-se a decisão do citricultor em relação a qual varie-
dade plantar. Por natureza, a citricultura é um negócio de 
médio e longo prazos, que requer e imobiliza um aporte 
expressivo de capital inicial para investimento na formação 
e condução do pomar. Uma vez instalado, o pomar leva em 
torno de três anos para entrar em produção, mas o retorno 
econômico só começa por volta do sexto ano. Uma outra 
dificuldade afeta ao mercado de produtos agrícolas pere-
cíveis, e especialmente ao de frutos de mesa, é a quase 
impossibilidade de estocagem, imposta pelo elevado custo 
de aquisição e operação das câmaras frias – inacessíveis 
ao pequeno produtor. Portanto, de forma geral, a comer-
cialização de frutos de mesa deve acontecer logo após a 
colheita. Cada tempo que se perde entre a colheita e a 
comercialização, perde-se também em qualidade interna e 
externa de fruto e, consequentemente, em preço.
O mercado de frutas cítricas de mesa é fortemente influen-
ciado pela aparência externa do fruto. Ainda que se tenha 
boa qualidade interna, sem uma adequada aparência 
não se consegue alcançar os mercados mais exigentes. 
Portanto, o conhecimento das principais formas de co-
mercialização e de consumo nos mercados que se deseja 
alcançar são condições necessárias na escolha do que 
plantar, especialmente se considerada a especificidade das 
cultivares (frutos típicos de mesa e frutos de uso industrial).
Nas últimas três décadas, a produção mundial de frutas cí-
tricas aumentouem resposta à demanda global por suco e 
36 Citricultura brasileira em busca de novos rumos
frutas in natura, especialmente nos países desenvolvidos. 
A evolução dos meios de comunicação, transporte e emba-
lagens contribuiu, por sua vez, para dinamizar o comércio 
a longas distâncias, beneficiando diretamente o setor de 
perecíveis, tais como o de frutas frescas. 
A produção de citros no mundo está dispersa em vários 
países e continentes, mas há uma certa especialização 
geográfica na produção e na comercialização. Os dados 
da FAO revelam que os países do continente americano 
(Brasil, Estados Unidos e Argentina) são dominantes na 
produção e comercialização de sucos cítricos enquanto os 
países do Mediterrâneo são mais especializados na pro-
dução e comercialização de frutas cítricas frescas, espe-
cialmente laranjas doces e tangerinas. Em limas ácidas, 
Brasil e México são os líderes de produção e exportação. 
No Brasil, a lima ácida ‘Tahiti’ é predominante enquanto no 
México há tanto a ‘Tahiti’ quanto ‘Galego’, chamados de 
‘limón Persa’ e ‘lima Mexicana’, respectivamente.
No grupo das tangerinas, com destaque para as Clementi-
nas, e das laranjas doces, o principal exportador é a Espanha. 
A citricultura espanhola, embora tradicional no continente 
europeu, só conseguiu desenvolver o seu potencial nas duas 
últimas décadas. As condições ecológicas adequadas, o 
mercado amplo e próximo aos grandes centros de consumo, 
bem como o ingresso na União Europeia, foram fatores 
que alavancaram o seu crescimento. Decisões de ordem 
política, assim como a aliança entre os setores público e 
privado, também foram decisivos para o sucesso da ativida-
de no País. A obtenção e a liberação para os agricultores de 
material básico certificado foi um dos principais resultados 
37Citricultura brasileira em busca de novos rumos
dessa aliança. Desde a criação do programa de certificação 
nos anos 80, mais de 120 milhões de plantas certificadas 
foram utilizadas na citricultura espanhola.
Além da Espanha, outros países do Mediterrâneo também 
figuram como exportadores de frutas cítricas de mesa, tais 
como: Chipre, Egito, Grécia, Israel, Itália, Marrocos e Turquia. 
Outros países que estão fora da área do Mediterrâneo, 
mas que também exportam frutas cítricas in natura e estão 
situados no hemisfério Norte são: Estados Unidos, China e 
México. No hemisfério Sul, os principais exportadores são 
a África do Sul, a Argentina, o Chile e o Uruguai, que con-
seguem produzir no período de entressafra dos países do 
hemisfério Norte. O Brasil, também situado no hemisfério 
sul, tem expressão apenas nas exportações de lima ácida 
‘Tahiti’. As exportações de laranja ainda são inexpressivas.
Nas últimas três décadas, o comportamento das expor-
tações de frutos cítricos no mundo evidencia uma clara 
tendência de aumento das exportações das laranjas e dos 
limões na forma de suco e do pomelo, das tangerinas e de 
outras frutas cítricas na forma in natura (Imbert, 2006). Tal 
registro corrobora com a afirmação de Neves et al. (2011 
p. 30), que constataram nas regiões citrícolas do mundo 
especializadas na produção de frutos de mesa uma ten-
dência de substituição da laranja por outros cítricos, espe-
cialmente tangerinas ou “mandarinas”, como são denomi-
nadas na Europa. Segundo os mesmos autores, a principal 
motivação dessa gradual substituição é a preferência dos 
consumidores por frutos mais fáceis de descascar.
Embora seja normal a renovação das preferências dos 
consumidores em relação às variedades demandadas no 
38 Citricultura brasileira em busca de novos rumos
Tabela 7. Fases do ciclo de vida e principais variedades de tangerinas 
comercializadas no mercado europeu.
Fase do ciclo de vida no mercado Variedade / híbrido 
Inicial ‘Clemen’ e ‘Ruby’
Crescimento ‘Nour’ e ‘Oronules’
Maturidade ‘Nules’ e ‘Nova’
Declínio ‘Marisol’, ‘Oroval’ e ‘Satsuma’
Fonte: Imbert (2006).
Tabela 6. Predominância varietal de tangerinas plantadas em países 
do Mediterrâneo, por década.
Década Variedades / híbridos predominantes
80 ‘Satsuma’, ‘Clementinas’ e ‘Mineola’
90 ‘Marisol’, ‘Nova’, ‘Hernandina’ e ‘Ortanic’
2000 ‘Oronules’, ‘Clemenpons’, ‘Nadorcot’, ‘Mor 
e Or.’
Fonte: Imbert (2006).
mercado, em geral as mais preferidas são aquelas que 
apresentam - além de frutos sem sementes e fáceis de 
descascar - ausência de manchas, coloração intensa e 
uniforme, acidez equilibrada, resistentes ao transporte e 
vida útil de prateleira mais longa. 
Em resposta às preferências do mercado, a produção de 
tangerinas dos países do Mediterrâneo vem passando, ao 
longo do tempo, por um contínuo processo de renovação 
de variedades. A Tabela 6 traz as mudanças ocorridas na 
produção enquanto a Tabela 7 apresenta aquelas ocorridas 
no mercado, em que podem ser observadas as várias fases 
de ciclo de vida de um produto (variedade) no mercado: 
inicial, crescimento, maturidade e declínio.
4 Capítulo 4O mercado interno de frutas cítricas de mesa 
Clóvis Oliveira de Almeida
Orlando Sampaio Passos
41Citricultura brasileira em busca de novos rumos
Em outra seção deste livro foi mencionado que o desen-
volvimento de um mercado doméstico forte destinado à 
citricultura de mesa, além de uma opção para o escoa-
mento da produção, também pode proteger o setor contra 
os inevitáveis, recorrentes, e na maioria das vezes im-
previsíveis, choques externos – os distúrbios de mercado 
que fogem ao controle da economia doméstica. 
A demanda insatisfeita por frutos cítricos de mesa 
de boa qualidade, evidenciada pela necessidade de 
importações anuais, bem como a vantagem de poder 
contar com demanda não concentrada em poucas em-
presas e em poucos países, são razões a mais para 
o desenvolvimento da citricultura de mesa no Brasil. 
Razões essas que são especialmente válidas para os 
pequenos produtores (que não gozam do privilégio de 
ganho de escala ou poder de barganha proporcionado 
pelo tamanho da área de cultivo), desde que estejam 
localizados em áreas geográficas com condições climá-
ticas adequadas. 
Atualmente, o mercado brasileiro de frutas cítricas de 
mesa ainda é pouco conhecido em dimensão e preferên- 
cia dos consumidores quanto às variedades. A histórica 
tradição do Brasil na produção de laranja de uso indus-
trial criou, por falta quase absoluta de opção, um hábito 
de consumo singular no mercado de citros: o consumo de 
variedades de uso industrial como se fossem frutos típicos 
de mesa. Na liderança desse processo está a laranja 
42 Citricultura brasileira em busca de novos rumos
‘Pera’, a mais produzida e consumida no País entre todas 
as frutas cítricas (Tabela 8). 
No Brasil, a multiplicidade de floradas da laranjeira Pera, 
combinada com o seu cultivo em diferentes regiões, pro-
porciona uma oferta mais regular durante o ano, principal-
mente no Estado de São Paulo, o que confere vantagens 
comerciais a esta variedade relativamente às demais, 
especialmente no mercado de suco, que é mais exigen-
te em volume e regularidade de suprimento. No entanto, 
observa-se uma recente mudança de preferência em favor 
da ‘Valência’ e ‘Natal’.
Depois da laranja, as tangerinas são as mais produzidas no 
País mas, diferentemente da laranja, ainda apresentam oferta 
pouco regular ao longo do ano. O principal destino das tange-
rias é o mercado interno de frutas frescas. 
Assegurada a qualidade do fruto no pomar, a próxima etapa 
é a da classificação e beneficiamento, que não só eviden-
cia a qualidade como também agrega valor ao fruto. A falta 
de critérios de classificação causa prejuízos principalmente 
Tabela 8. Consumo aparente de frutas cítricas frescas no Brasil: média 
do período 2000 a 2009.
Fruta cítrica Consumo aparente (milhões de toneladas)a
Laranjasb 3,6
Tangerinasc 0,9
Limas e limões 0,9
a Não considera as perdas pós-colheita
b Com desconto de 80% para uso industrial
c Com desconto de 20% para uso industrial
Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal (2011) e Brasil (2011). Dados básicos.43Citricultura brasileira em busca de novos rumos
aos produtores e consumidores. Os produtores tornam-
-se reféns dos compradores imediatos, que geralmente 
escolhem as melhores frutas e não pagam um prêmio 
por isso na forma de melhores preços. Quando a comer-
cialização é realizada a longas distâncias, a situação é 
ainda pior porque o produtor, ao não utilizar um critério ob-
jetivo de classificação nacionalmente aceito, tem seu poder 
de contestação praticamente anulado. Os consumidores 
também podem ser prejudicados, na medida em que pagam 
o mesmo preço por frutas de distintos padrões de qualida-
de. A normatização serve, também, como instrumento de 
defesa no processo de comercialização, tanto do produtor 
quanto dos atacadistas e varejistas. Nesse processo, os 
consumidores são beneficiados em virtude do aumento da 
oferta de frutas de melhor padrão de qualidade e da opção 
de escolha, a diferentes preços, entre distintos padrões. 
Em janeiro de 2000, o que era limitado ao Programa Pau-
lista para a Melhoria dos Padrões Comerciais e de Em-
balagens de Hortigranjeiros transformou-se em programa 
brasileiro. Entre as frutas com padrões já definidos de clas-
sificação, embalagem e rotulagem, estão as frutas cítricas 
(laranja, limão e tangerina) que possuem normas oficiais 
do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento 
aprovadas e publicadas no Diário Oficial da União. As carti-
lhas com as normas estão disponíveis no site da Ceagesp 
(www.ceagesp.gov.br), link “Apoio ao Produtor”. No grupo 
das laranjas, a norma é para as variedades mais comuns: 
‘Bahia’, ‘Hamilin’, ‘Lima’, ‘Natal’, ‘Pera’, ‘Rubi’ e ‘Valência’. 
No grupo das limas ácidas, apenas a ‘Tahiti’, conhecida 
44 Citricultura brasileira em busca de novos rumos
popularmente no Brasil como limão ‘Tahiti’, possui norma. 
Entre as tangerinas, a norma também foi elaborada para 
as variedades mais comuns, tanto em produção quanto em 
consumo: ‘Cravo’, ‘Dancy’, ‘Mexerica Montenegrina’, ‘Mexeri-
ca do Rio’, ‘Satsuma’, ‘Tangerina Ponkan’ e ‘Tangor Murcote’. 
O Brasil figura entre os maiores produtores mundiais de 
frutas, mas o consumo per capita na forma in natura ainda 
encontra-se abaixo dos padrões de outros países emer-
gentes. Na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do 
IBGE no período 2008/2009, o consumo domiciliar anual de 
frutas por pessoa no Brasil foi da ordem de 28,86 kg, apro-
ximadamente 4,4 kg a mais que o registrado no período 
2002/2003, quando cada pessoa consumiu em média 
24,49 kg ao ano3. A categoria frutas cítricas apresentou 
valor ainda menos expressivo tanto em consumo per capita 
anual quanto em crescimento: 7,21 kg em 2008/2009 e 
6,41 kg em 2002/2003, contabilizando um incremento em 
torno de 800 gramas (Tabela 9). 
Nas duas pesquisas a laranja ‘Pera’ foi a fruta cítrica mais 
consumida, seguida de outras laranjas, tangerina, limão 
comum (limas ácidas e limões) e laranja ‘Lima’. A laranja 
‘Seleta’ que ocupava a sexta posição em 2002/2003 
passou à sétima em 2008/2009, perdendo posição para a 
laranja ‘Bahia’ (Tabelas 9). Entre as frutas cítricas, apenas 
a Laranja ‘Seleta’ e outras laranjas apresentaram redução 
de consumo em 2008/2009 relativamente ao período 
2002/2003. 
3Para efeito de simplificação considerou-se consumo domiciliar equivalente à aquisição nos domicílios.
45Citricultura brasileira em busca de novos rumos
Tabela 9. Consumo domiciliar per capita anual de frutas cítricas no 
Brasil: 2002/2003 e 2008/2009.
Fruta cítrica
Consumo per capita Variação
(kg)
Variação
(%)2002/2003 2008/2009
Laranja ‘Bahia’ 0,074 0,183 0,109 147,297
Laranja ‘Lima’ 0,305 0,376 0,071 23,279
Laranja ‘Pera’ 2,194 2,807 0,613 27,940
Laranja 
‘Seleta’ 0,120 0,086 -0,034 -28,333
Outras 
laranjas 1,999 1,985 -0,014 -0,700
Limão comum 0,548 0,589 0,041 7,482
Tangerina 1,170 1,183 0,013 1,111
Total 6,410 7,209 0,799 12,465
Fonte: IBGE – Pesquisa de Orçamentos Familiares (2011). Dados básicos.
Tabela 10. Produção e consumo domiciliar total anual de frutas cítricas 
no Brasil: 2008/2009.
Fruta cítrica
Produção média 
2008/2009
(1000 t)
Consumo domiciliar 
2008/2009
(1000 t)
Absorção
(%)
Laranja 18.078,00 1.037,36 6
Limão 933,00 112,38 12
Tangerina 1.087,00 225,71 21
Total 20.098,00 1.375,45 7
Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal (2011) e Pesquisa de Orçamentos Familiares (2011). 
Dados básicos.
Na pesquisa de 2008/2009, o consumo total de frutas cítricas 
nos lares brasileiros foi da ordem de 1,4 milhão de tonelada - 
uma absorção aproximada de 7% da produção média nacio-
nal de citros do período 2008/2009 (Tabela 10). O consumo 
domiciliar por categoria de fruta cítrica também pode ser 
observado na Tabela 11, na qual se evidencia que a laranja 
‘Pera’ é a fruta cítrica mais consumida nos lares brasileiros, 
seguida da tangerina e do limão comum. 
46 Citricultura brasileira em busca de novos rumos
Tabela 11. Consumo domiciliar total anual de fruta cítrica no Brasil, por 
categoria: 2008/2009.
Fruta cítrica Consumo total
(1000 t)
Participação
(%)
Laranja ‘Pera’ 535,56 38,94
Outras laranjas 378,73 27,53
Tangerina 225,71 16,41
Limão comum 112,38 8,17
Laranja ‘Lima’ 71,74 5,22
Laranja ‘Bahia’ 34,92 2,54
Laranja ‘Seleta’ 16,41 1,19
Total 1.375,45 100,00
Fonte: IBGE – Pesquisa de Orçamentos Familiares (2011). Dados básicos.
A pesquisa permite constatar ainda que o consumo per 
capita de frutas cítricas nos domicílios brasileiros cresce 
à medida que a renda média mensal familiar também 
cresce: 3,033 kg na faixa de renda inferior, até dois salários 
mínimos; e 15,269 kg na faixa de renda mais alta, acima de 
15 salários mínimos. No entanto, foi a faixa de renda inter-
mediária e de maior número de pessoas, com recebimento 
acima de três a dez salários mínimos, que respondeu por 
50% do volume total de frutas cítricas consumidas nos do-
micílios brasileiros (Tabela 12). Na pesquisa de 2008/2009, 
o valor de referência do salário mínimo foi R$ 415,00 e 
a categoria até dois salários mínimos inclui as famílias 
sem rendimento.
Com exceção da região Sul do País, onde o consumo per 
capita de frutas cítricas nos domicílios apresentou pequeno 
47Citricultura brasileira em busca de novos rumos
Tabela 12. Consumo domiciliar per capita anual de frutas cítricas no 
Brasil, por faixa de renda4: 2008/2009.
Faixa de renda 
mensal
Salários mínimos
Consumo per capita
(kg)
Participação no 
consumo total
(%)
Até 2 3,033 8
Mais de 2 a 3 4,638 11
Mais de 3 a 6 6,851 29
Mais de 6 a 10 9,451 21
Mais de 10 a 15 10,817 11
Mais de 15 15,269 20
Fonte: IBGE – Pesquisa de Orçamentos Familiares (2011). Dados básicos.
4Nas Tabelas 12, 16, 20, 21, 22, 23, 24, 25 e 26 o valor do salário mínimo de referência é R$ 415,00.
Tabela 13. Consumo domiciliar per capita anual de frutas cítricas no 
Brasil e regiões geográficas: 2002/2003 e 2008/2009.
Brasil e 
regiões 
2002/2003 2008/2009 Variação 
(kg)
Variação 
(%)
Brasil 6,410 7,209 0,799 12,460
Norte 3,933 4,167 0,234 5,950
Nordeste 3,933 4,796 0,863 21,94
Sudeste 8,071 8,799 0,728 9,020
Sul 9,114 9,063 -0,051 -0,560
Centro-Oeste 4,660 7,073 2,413 51,780
Fonte: IBGE – Pesquisa de Orçamentos Familiares (2011). Dados básicos.
declínio em razão da redução de consumo no Estado de 
Santa Catarina, nas demais houve crescimento, especial-
mente nas regiões Centro-Oeste e Nordeste (Tabelas 13 
e 14). Na região Nordeste, apenas o Estado de Alagoas 
apresentou pequeno recuo no consumo per capita. 
48 Citricultura brasileira em busca de novos rumos
Tabela 14. Consumo domiciliar per capita anual de frutas cítricas nas 
unidades da federação: 2002/2003 e 2008/2009.
Unidade da 
federação 
2002/2003 2008/2009 Variação 
(kg)
Variação 
(%)
Rondônia 3,104 5,682 2,578 83,054
Acre 1,327 2,913 1,586 119,518
Amazonas 1,973 3,998 2,025 102,636
Roraima 0,816 3,489 2,673 327,574
Pará 3,035 3,813 0,778 25,634
Amapá 2,012 3,272 1,260 62,624
Tocantins 3,069 6,173 3,104 101,140
Maranhão 2,925 3,700 0,775 26,496
Piauí 3,972 5,561 1,589 40,005
Ceará3,124 3,859 0,735 23,528
Rio Grande do Norte 4,102 5,422 1,320 32,179
Paraíba 4,545 4,739 0,194 4,268
Pernambuco 4,308 5,068 0,760 17,642
Alagoas 2,438 2,418 -0,020 -0,820
Sergipe 3,991 4,369 0,378 9,471
Bahia 4,724 5,949 1,225 25,931
Minas Gerais 8,039 7,534 -0,505 -6,282
Espírito Santo 5,728 5,465 -0,263 -4,591
Rio de Janeiro 7,744 7,584 -0,160 -2,066
São Paulo 8,410 10,165 1,755 20,868
Paraná 8,240 9,031 0,791 9,600
Santa Catarina 9,820 8,124 -1,696 -17,271
Rio Grande do Sul 9,560 9,619 0,059 0,617
Mato Grosso do Sul 5,631 8,747 3,116 55,337
Mato Grosso 3,846 5,249 1,403 36,479
Goiás 4,261 5,921 1,660 38,958
Distrito Federal 5,646 10,346 4,700 83,245
Fonte: IBGE – Pesquisa de Orçamentos Familiares (2011). Dados básicos.
49Citricultura brasileira em busca de novos rumos
O aumento de consumo de frutas cítricas nos domicílios da 
região Sudeste foi determinado pelo Estado de São Paulo. 
Nos demais estados da região ocorreu decréscimo de 
consumo. Apesar desse acontecimento, nas duas pesquisas 
do IBGE, o consumo per capita anual de frutas cítricas nas 
regiões Sul e Sudeste superou a média nacional, enquan-
to nas regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte o consumo 
ficou abaixo da média, refletindo, principalmente, o efeito 
renda da população (Tabela 13, 15 e 16). 
Tabela 15. Consumo domiciliar per capita anual de fruta cítrica nas 
regiões brasileiras, por categoria: 2008/2009.
Fruta 
Consumo domiciliar per capita anual 
(kg)
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste
Citros 4,167 4,796 8,799 9,063 7,073
 Laranja ‘Bahia’ 0,035 0,146 0,087 0,669 0,075
 Laranja ‘Lima’ 0,157 0,177 0,552 0,473 0,183
 Laranja ‘Pera” 1,121 2,046 3,782 2,605 2,401
 Laranja ‘Seleta’ 0,191 0,025 0,134 0,039 0,030
 Outras laranjas 1,491 1,632 2,035 2,391 2,808
 Limão comum 0,729 0,320 0,832 0,351 0,547
 Tangerina 0,443 0,450 1,377 2,535 1,029
Fonte: IBGE – Pesquisa de Orçamentos Familiares (2011). Dados básicos.
Tabela 16. Distribuição percentual da população brasileira por regiões 
e faixa de renda: 2008/2009.
Faixa de renda 
mensal
Salários mínimos
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste
Até 2 27 37 11 11 18
Mais de 2 a 3 20 22 14 13 17
Continua...
50 Citricultura brasileira em busca de novos rumos
Tabela 17. Consumo domiciliar total anual de frutas cítricas nas regiões 
do Brasil: 2008/2009.
Região geográfica Consumo total 
(1000 t)
Participação 
(%)
Norte 64,19 4,67
Nordeste 257,08 18,69
Sudeste 704,31 51,21
Sul 250,00 18,18
Centro-Oeste 97,83 7,11
Brasil 1375,44 100,00
Fonte: IBGE – Pesquisa de Orçamentos Familiares (2011). Dados básicos.
Na pesquisa de 2008/2009 duas unidades territoriais 
da região Centro-Oeste também apresentaram consumo 
per capita anual acima da média nacional: Distrito 
Federal, com 10,346 kg (maior média do País), e Mato 
Grosso do Sul, com 8,747 kg (Tabela 14). Entretanto, 
quando se considera o consumo total para o conjunto 
dos domicílios, a Nordeste passa à segunda posição em 
razão do tamanho de sua população (Tabelas 17 e 18 e 
Figura 5). Os maiores centros de consumo total também 
estão associados aos maiores centros de produção de 
citros: regiões Sudeste e Nordeste. 
Faixa de renda 
mensal
Salários mínimos
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste
Mais de 3 a 6 31 25 32 34 32
Mais de 6 a 10 12 8 20 20 15
Mais 10 a 15 5 4 10 10 8
Mais de 15 5 4 13 11 10
Fonte: IBGE – Pesquisa de Orçamentos Familiares (2011). Dados básicos.
Tabela 16. Continuação.
51Citricultura brasileira em busca de novos rumos
Tabela 18. Participação relativa das regiões no consumo de frutas 
cítricas no Brasil, por categoria: 2008/2009.
Fruta 
Participação relativa 
(%)
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste
Citros 4,67 18,69 51,21 18,18 7,11
Laranja ‘Bahia’ 1,54 22,41 19,94 52,85 2,97
Laranja ‘Lima’ 3,37 13,23 61,59 18,19 3,53
Laranja ‘Pera’ 3,22 20,48 56,53 13,42 6,20
Laranja ‘Seleta’ 17,93 8,17 65,37 6,56 2,53
Outras laranjas 6,06 23,10 43,01 17,42 10,26
Limão comum 9,99 15,26 59,26 8,62 6,73
Tangerina 3,02 10,69 48,83 30,98 6,31
Fonte: IBGE – Pesquisa de Orçamentos Familiares (2011). Dados básicos.
Figura 5. Distribuição percentual da população brasileira por regiões: 
2008. 
Fonte: IBGE (2011). Dados Básicos.
A laranja ‘Pera’ é a fruta cítrica mais consumida nos 
estados das regiões Nordeste, Sudeste e Sul. Nos estados 
das regiões Norte e Centro-Oeste, outras laranjas estão 
na liderança (Tabelas 15 e 19). Em Sergipe, segundo maior 
produtor de laranja da região Nordeste, outras laranjas 
52 Citricultura brasileira em busca de novos rumos
também aparecem na primeira posição, mas nesse caso 
o registro de consumo domiciliar do IBGE foge do es- 
perado, em virtude de a laranja ‘Pera’ ser a variedade mais 
plantada no referido estado. A tangerina ocupa a primeira 
posição apenas no Rio Grande do Sul, que destacou-
se também como terceiro maior centro de produção de 
tangerina no Brasil em 2009, ficando atrás apenas de São 
Paulo e Paraná. 
Tabela 19. Consumo domiciliar per capita anual de frutas cítricas nas 
unidades da federação, por categoria: 2008/2009
Unidade da 
Federação
Consumo domiciliar per capita anual (kg)
Laranja-
‘Bahia’
Laranja-
‘Lima’
Laranja-
‘Pera’
Laranja-
‘Seleta’
Outras 
laranjas
Limão 
comum Tangerina
São Paulo 0,112 0,569 4,404 0,059 2,191 1,164 1,666
Mato Grosso 
do Sul 0,000 0,045 3,257 0,053 3,448 0,623 1,321
Paraná 0,374 0,496 4,034 0,004 2,284 0,410 1,429
Distrito 
Federal 0,104 0,379 3,558 0,000 3,094 1,487 1,724
Rio Grande 
do Sul 1,131 0,412 1,302 0,034 2,655 0,198 3,887
Minas 
Gerais 0,087 0,206 3,077 0,103 2,672 0,430 0,959
Rio Grande 
do Norte 0,123 0,021 3,348 0,034 1,030 0,246 0,620
Rio de 
Janeiro 0,022 0,972 3,380 0,387 1,025 0,577 1,221
Tocantins 0,035 0,065 2,268 0,371 2,431 0,181 0,822
Goiás 0,079 0,213 1,957 0,048 2,563 0,259 0,802
Santa 
Catarina 0,359 0,540 2,437 0,108 2,107 0,521 2,052
Piauí 0,187 0,169 2,019 0,000 2,387 0,183 0,616
Continua...
53Citricultura brasileira em busca de novos rumos
Em geral, o maior consumo per capita de frutas cítricas 
está associado às famílias de maior poder aquisitivo, 
evidenciando um grande potencial de crescimento da 
demanda associado ao incremento da renda per capita da 
população. Nesse sentido, a inserção de um novo contin-
gente de consumidores na chamada nova classe média, 
dita também C, como aliás vem ocorrendo no Brasil desde 
a última década, além da classe D, também impulsiona o 
consumo de frutas cítricas no País.
Unidade da 
Federação
Consumo domiciliar per capita anual (kg)
Laranja-
‘Bahia’
Laranja-
‘Lima’
Laranja-
‘Pera’
Laranja-
‘Seleta’
Outras 
laranjas
Limão 
comum Tangerina
Mato 
Grosso 0,101 0,069 1,621 0,000 2,542 0,259 0,657
Bahia 0,335 0,137 2,492 0,069 1,762 0,492 0,662
Paraíba 0,028 0,170 2,180 0,000 1,724 0,257 0,380
Pernambuco 0,029 0,472 2,439 0,009 1,432 0,308 0,379
Sergipe 0,083 0,222 1,123 0,000 2,374 0,208 0,359
Roraima 0,000 0,000 0,094 0,53 2,254 0,190 0,421
Espírito 
Santo 0,091 0,436 2,321 0,036 1,100 0,404 1,077
Ceará 0,109 0,093 1,678 0,018 1,535 0,079 0,347
Acre 0,000 0,000 1,730 0,022 0,292 0,325 0,544
Maranhão 0,058 0,060 1,042 0,003 1,684 0,570 0,283
Amazonas 0,129 0,025 0,911 0,188 1,688 0,886 0,171
Rondônia 0,030 0,555 0,904 0,849 1,710 0,731 0,903
Pará 0,000 0,190 1,075 0,038 1,290 0,817 0,403
Alagoas 0,035 0,150 1,090 0,000 0,999 0,056 0,088
Amapá 0,000 0,000 0,967 0,000 1,124 0,794 0,387
Fonte: IBGE – Pesquisa de Orçamentos Familiares (2011).
Tabela 19. Continuação.
54 Citricultura brasileira em busca de novos rumos
À exceção da região Nordeste, que tem a maior parcela 
das famílias situadas na faixa de renda de até dois salários 
mínimos mensais, as demais regiões do País concentram 
o maior número de pessoas com recebimento na faixa de 
renda superior a três até seis salários mínimos mensais, 
justamente a faixa de renda que responde pelo maior 
volume total de frutas cítricas consumidas nos domicílios 
brasileiros (Tabelas 16, 20, 21, 23, 24, 25 e 26). A únicaexceção acontece em relação à laranja ‘Bahia’, para a 
qual as famílias com renda superior a seis até dez salários 
mínimos mensais respondem pelo maior volume total de 
consumo, aproximadamente 30,87% (Tabela 22). 
Tabela 20. Consumo domiciliar de laranja ‘Pera’ no Brasil, por faixa de 
renda: 2008/2009.5
Faixa de renda 
mensal
Salários mínimos
Consumo 
per capita
(kg)
Consumo total 
(1000 t)
Participação
no mercado
(%)
Até 2 1,105 42,42 7,94
Mais de 2 a 3 1,709 54,72 10,24
Mais de 3 a 6 2,587 148,41 27,77
Mais de 6 a 10 3,617 109,98 20,58
Mais de 10 a 15 4,346 63,24 11,83
Mais de 15 6,543 115,68 21,64
Total – 534,45 100 
Fonte: IBGE – Pesquisa de Orçamentos Familiares (2011). Dados básicos.
5Obs.: Por efeito de aproximação, o consumo total quando calculado com base nos dados por faixa 
de renda difere, ligeiramente, do obtido com base nos dados agregados.
55Citricultura brasileira em busca de novos rumos
Tabela 22. Consumo domiciliar de laranja ‘Bahia’ no Brasil, por faixa de 
renda: 2008/2009.
Faixa de renda 
mensal
Salários mínimos
Consumo 
per capita
(kg)
Consumo total 
(1000 t)
Participação
no mercado
(%)
Até 2 0,085 3,26 9,38
Mais de 2 a 3 0,078 2,50 7,19
Mais de 3 a 6 0,141 8,09 23,27
Mais de 6 a 10 0,353 10,73 30,87
Mais de 10 a 15 0,261 3,80 10,93
Mais de 15 0,361 6,38 18,35
Total – 34,76 100
Fonte: IBGE – Pesquisa de Orçamentos Familiares (2011). Dados básicos.
Tabela 21. Consumo domiciliar de laranja ‘Lima’ no Brasil, por faixa de 
renda: 2008/2009.
Faixa de renda 
mensal
Salários mínimos
Consumo 
per capita
(kg)
Consumo total 
(1000 t)
Participação
no mercado
(%)
Até 2 0,101 3,88 5,42
Mais de 2 a 3 0,169 5,41 7,56
Mais de 3 a 6 0,382 21,91 30,60
Mais de 6 a 10 0,400 12,16 16,99
Mais de 10 a 15 0,742 10,80 15,09
Mais de 15 0,986 17,43 24,35
Total – 71,59 100
Fonte: IBGE – Pesquisa de Orçamentos Familiares (2011). Dados básicos.
56 Citricultura brasileira em busca de novos rumos
Tabela 24. Consumo domiciliar de outras laranjas no Brasil, por faixa 
de renda: 2008/2009.
Faixa de renda 
mensal
Salários mínimos
Consumo 
per capita
(kg)
Consumo total 
(1000 t)
Participação
no mercado
(%)
Até 2 1,068 41,00 10,85
Mais de 2 a 3 1,656 53,03 14,03
Mais de 3 a 6 1,922 110,26 29,17
Mais de 6 a 10 2,744 83,43 22,07
Mais de 10 a 15 2,449 35,64 9,43
Mais de 15 3,093 54,68 14,46
Total – 378,04 100
Fonte: IBGE – Pesquisa de Orçamentos Familiares (2011). Dados básicos.
Tabela 23. Consumo domiciliar de laranja ‘Seleta’ no Brasil, por faixa 
de renda: 2008/2009.
Faixa de renda 
mensal
Salários mínimos
Consumo 
per capita
(kg)
Consumo total 
(1000 t)
Participação
no mercado
(%)
Até 2 0,052 2,00 12,14
Mais de 2 a 3 0,046 1,47 8,93
Mais de 3 a 6 0,079 4,53 27,50
Mais de 6 a 10 0,124 3,77 22,89
Mais de 10 a 15 0,079 1,15 6,98
Mais de 15 0,201 3,55 21,55
Total – 16,47 100
Fonte: IBGE – Pesquisa de Orçamentos Familiares (2011). Dados básicos.
57Citricultura brasileira em busca de novos rumos
Tabela 25. Consumo domiciliar de tangerinas no Brasil, por faixa de 
renda: 2008/2009.
Faixa de renda 
mensal
Salários mínimos
Consumo 
per capita
(kg)
Consumo total 
(1000 t)
Participação
no mercado
(%)
Até 2 0,430 16,51 7,33
Mais de 2 a 3 0,640 20,49 9,10
Mais de 3 a 6 1,254 71,94 31,94
Mais de 6 a 10 1,444 43,91 19,49
Mais de 10 a 15 1,917 27,90 12,39
Mais de 15 2,517 44,50 19,76
Total – 225,25 100
Fonte: IBGE – Pesquisa de Orçamentos Familiares (2011). Dados básicos.
Tabela 26. Consumo domiciliar de limão comum no Brasil, por faixa de 
renda: 2008/2009.
Faixa de renda 
mensal
Salários mínimos
Consumo 
per capita
(kg)
Consumo total 
(1000 t)
Participação
no mercado
(%)
Até 2 0,192 7,37 6,57
Mais de 2 a 3 0,340 10,89 9,71
Mais de 3 a 6 0,486 27,88 24,86
Mais de 6 a 10 0,769 23,38 20,85
Mais de 10 a 15 1,023 14,89 13,28
Mais de 15 1,568 27,72 24,72
Total – 112,13 100
Fonte: IBGE – Pesquisa de Orçamentos Familiares (2011). Dados básicos.
5 Capítulo 5Necessidade de diversificação e alternativa de produção
Orlando Sampaio Passos
Clóvis Oliveira de Almeida
Walter dos Santos Soares Filho
61Citricultura brasileira em busca de novos rumos
Em razão da dimensão geográfica e da diversidade cli-
mática do Brasil, dos graves problemas fitossanitários nos 
pomares do Estado de São Paulo e da baixa incidência 
de doenças em outras regiões do País e das incertezas 
no mercado internacional de suco de laranja, torna-se 
evidente e urgente a necessidade de se estabelecer um 
programa de diversificação de espécies e variedades de 
citros no Brasil. Tal programa deve levar em considera-
ção o mercado, as possibilidade de comercialização e os 
fatores relacionados com a adaptação das plantas cítricas. 
Entre os fatores de adaptação, dois são fundamentais para 
a produção de frutos de laranja e tangerina para mesa: 
latitude e altitude. Quanto mais distante da linha do 
Equador, mais coloridos são os frutos, sendo a amplitude 
térmica (diferença entre as temperaturas máxima e 
mínima) o fator climático responsável pelas mudanças 
químicas operadas no fruto. Situação diversa ocorre com 
os limões, as limas e os pomelos: quanto maior a radiação 
solar, melhor a qualidade dos frutos. 
O mapa de Aziz Ab’Saber mostra as áreas de altitude 
(planaltos) e baixas (planícies) no Brasil. Lá estão iden-
tificados os planaltos nordestinos, onde se inserem a 
Serra da Ibiapaba (CE), Planalto da Borborema (PB e PE) 
e Chapada Diamantina (BA); as serras e os planaltos do 
Leste e Sudoeste, onde es tão localizadas as áreas altas 
dos estados de Minas Gerais e São Paulo; e o Planalto 
Uruguaio-Sul-Rio Grandense, especialmente na fronteira 
com o Uru guai (Figura 6). As áreas de altitude em todo 
o Brasil, com destaque na cor clara, também podem ser 
62 Citricultura brasileira em busca de novos rumos
identificadas no mapa gerado pela Embrapa Monitoramen-
to por Satélite (Figura 7).
Figura 7. Mapa de re-
levo do Brasil. 
Fonte: Embrapa Monitora-
mento por Satélite, 2009.
Figura 6. Mapa de classi-
ficação de relevo do Bra-
sil de Aziz Ab’Sáberdo. 
Fonte: conceitosetemas, 2009.
63Citricultura brasileira em busca de novos rumos
Produção de citros em áreas 
tradicionais da região Nordeste
Apesar da longa distância em relação à produção de 
citros do Estado de São Paulo, na região Nordeste estão 
localizados o segundo e o terceiro maiores produtores, 
Bahia e Sergipe – posições historicamente ocupadas 
pelos estados do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul. 
Os estados da Bahia e de Sergipe respondem por mais de 
90% da produção de citros da região Nordeste. Na Bahia, 
as áreas tradicionais situadas no Litoral Norte e Recôn-
cavo Baiano são as principais produtoras e apresentam 
condições favoráveis de clima e solo para a produção de 
laranjas, especialmente de uso industrial, e limas ácidas. 
O Litoral Norte forma uma área contínua com o Estado de 
Sergipe, cujos dados climáticos e edáficos são similares: la-
titude entre 11o e 13o e altitude em torno de 160,0 m. O clima 
é seco a subúmido, temperatura média anual de 24,1 oC, 
período chuvoso de abril a junho e pluviosidade média de 
928 mm. Os solos são Podzólico Roxo Amarelo Distrófico.
Além da Bahia e Sergipe, a produção de citros também 
acontece em outras áreas específicas da região Nordeste, 
especialmente localizadas nos estados de Alagoas, Ceará 
e Pernambuco. O Estado de Alagoas destaca-se como o 
maior produtor nacional de laranja ‘Lima’, cuja qualidade 
do fruto é diferenciada, embora os pomares apresentem 
baixa produtividade em decorrência da ausência de técni- 
cas adequadas de plantio e de condução dos pomares – 
os quais são comumente instalados em área de elevada 
64 Citricultura brasileira em busca de novos rumos
declividade, que compromete o solo pela ação danosa 
e agressiva da erosão. Como peculiaridade regional no 
Nordeste são encontradas variedades nativas apreciadas 
localmente, a exemplo da ‘Melrosa’ no Piauí, cujo nome 
expressa sua desejávelcaracterística embora mascarada 
pela condição climática, e da ‘Flor’, na Chapada Diamanti-
na (BA), de sabor proeminente mas com frutos de tamanho 
pequeno e com muitas sementes.
O Ceará produz uma variedade de laranja nativa denomi-
nada ‘Russas’, ainda cultivada como pé-franco. O estado 
também é produtor tradicional de limão ‘Galego’. A Paraíba 
tem a maior produção regional de tangerinas, com des-
taque para o cultivo da variedade ‘Dancy’. Mas, assim 
como acontece nos demais estados da região Nordeste, 
o rendimento dos pomares é muito baixo, em decorrência 
do manejo inadequado de solos e plantas, bem como da 
incidência de algumas pragas, como cochonilha, ácaro da 
ferrugem, larva minadora, entre outras. 
Ao longo do tempo, a produção de citros da região Nordes-
te cresceu apoiada principalmente no incremento da área 
plantada e nos ganhos de produtividade. O rendimento 
médio da produção dos pomares da região ainda está muito 
aquém da média nacional (Tabelas 27, 28 e 29), que, por sua 
vez, é fortemente influenciada pela média do maior estado 
produtor – São Paulo. Entre os fatores que contribuem para 
o baixo rendimento da citricultura regional, destacam-se 
os seguintes: uso indiscriminado de material propagativo 
65Citricultura brasileira em busca de novos rumos
Tabela 27. Rendimento médio da produção de laranja doce no Brasil e 
regiões: período 2005 a 2009.
Regiões Rendimento médio 
(t/ha)
Sudeste 24,54
Centro-Oeste 17,98
Sul 17,63
Nordeste 14,86
Norte 13,57
Brasil 22,36
Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal (2011). Dados básicos.
de qualidade duvidosa, baixo índice de adoção de tecnolo-
gias e manejo inadequado na condução dos pomares. 
O Estado da Bahia, que é o maior produtor regional 
de laranja e lima ácida, também apresenta os maiores 
rendimentos dessas lavouras na região, mas com de-
sempenho bem inferior à média nacional (IBGE, 2011). 
Em tangerina, a Paraíba apresenta o pior rendimento, 
embora seja o maior produtor da região. O maior rendimen-
to da cultura da tangerina na região ocorre em Sergipe, 
mas ainda assim situa-se bem aquém da média nacional.
O baixo rendimento dos pomares de citros em áreas tra-
dicionais da região, antes de ser uma questão de obser-
vação pontual, constitui um sério problema ainda por 
ser resolvido e que vem persistindo ao longo dos anos. 
A superação desse histórico problema passa necessaria-
mente pela combinação de tecnologias com organização 
da produção e dos produtores.
66 Citricultura brasileira em busca de novos rumos
Tabela 29. Rendimento médio da produção de limas ácidas no Brasil e 
regiões: período 2005 a 2009.
Regiões Rendimento médio 
(t/ha)
Sudeste 24,94
Sul 13,44
Centro-Oeste 13,44
Nordeste 12,41
Norte 8,10
Brasil 21,77
Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal (2011). Dados básicos.
Áreas potenciais para produção 
de citros de mesa no Nordeste
A escolha da espécie ou cultivar é uma das decisões que 
interferem diretamente na expectativa de êxito do empre-
endimento agrícola. Em cultivos permanentes, a exemplo 
dos citros, tal escolha é ainda mais crítica, tendo em vista 
a necessidade de imobilização de áreas e os elevados 
Tabela 28. Rendimento médio da produção de tangerina no Brasil e 
regiões: período 2005 a 2009.
Regiões Rendimento médio 
(t/ha)
Sudeste 23,68
Sul 18,23
Centro-Oeste 13,57
Nordeste 11,97
Norte 8,56
Brasil 20,26
Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal (2011). Dados básicos.
67Citricultura brasileira em busca de novos rumos
custos das fases de planejamento e instalação do pomar, 
além do tempo exigido para o retorno do capital investido. 
O equilíbrio entre receita e despesa, em geral, acontece 
após o quinto ano no Nordeste.
Em razão da especificidade das espécies cítricas em 
relação ao clima, há que se proceder a escolha da culti-
var de acordo com os padrões climáticos exigidos. Para a 
produção de frutos de laranja e tangerina tipo mesa, por 
exemplo, deve-se optar por áreas de altitude elevada ou 
mais distantes da linha do Equador; enquanto que limas 
ácidas, limões e pomelos apresentam melhor qualida-
de sob condições semiáridas. Assim, a seleção de áreas 
com potencial de produção de frutas cítricas de mesa nos 
estados do Ceará, Paraíba, Pernambuco e Bahia deve con-
siderar a aptidão para o cultivo, que é determinada por um 
conjunto de fatores, tais como: altitude, amplitude térmica, 
condições edafoclimáticas e disponibilidade de área. 
No Ceará, as mais propícias são as áreas de altitude da 
Serra de Ubajara e o maciço de Baturité. A Serra de Ubajara 
tem pouca tradição no cultivo de frutas cítricas, mais con-
centrada na produção de rosas. Em Baturité, apesar das 
condições climáticas favoráveis, a vocação frutícola está 
por ser descoberta. 
Na Paraíba, o Brejo Paraibano, com altitude superior a 
600 m, oferece condições propícias para frutos de mesa, 
especialmente tangerinas. Atualmente a produção é restrita 
à variedade ‘Dancy’; de qualidade competitiva, mas produ-
zida sob condições de manejo deficiente. Em Pernambuco, 
68 Citricultura brasileira em busca de novos rumos
na região de Garanhuns, com altitude média de 900 m, 
a preferência também seria pelas tangerinas. 
Situada na parte central do Estado da Bahia, a Chapada 
Diamantina é a região mais atraente do estado pelas 
suas serras e altiplanos e pelo aspecto bucólico de suas 
cidades. O clima é o fator determinante da distinção dessa 
região, pelas baixas temperaturas ocorridas nas noites 
de inverno, que podem chegar a 6o C, principalmente nos 
meses de junho e julho. Os solos Latossolo Vermelho 
Amarelo e Latossolo Amarelo são predominantes, sendo os 
de maior potencial para agricultura o Latossolo Vermelho e 
Cambissolos. Segundo a Companhia de Desenvolvimento 
e Ação Regional - CAR, há nessa microrregião uma 
área potencial de 18.690 hectares irrigáveis para uso 
principalmente pela horticultura, com disponibilidade de 
recursos hídricos. Um fato importante é a predominância 
de pequenas propriedades, que constitui, ao lado das 
condições climáticas, justificativa para se desenvolver uma 
citricultura voltada ao mercado interno de frutos de mesa, 
em especial do grupo das tangerinas e, posteriormente, 
também ao mercado externo. 
Com altitude superior a 1.000 m e disponibilidade de terras 
para plantio, a Chapada Diamantina reúne excelentes 
condições comparativas para competir com outras áreas 
produtoras de citros de mesa do País. 
Em decorrência das baixas temperaturas que ocorrem 
na Chapada Diamantina, a qualidade das frutas cítricas é 
superior à das produzidas em outras regiões do estado. 
69Citricultura brasileira em busca de novos rumos
Esta é razão do sucesso da iniciativa pioneira de alguns 
agricultores em cultivar a tangerina ‘Ponkan’, cuja qualida-
de do fruto é evidenciada em peso e coloração. Os frutos 
de ‘Ponkan’ produzidos no município de Rio de Contas, 
por exemplo, apresentam coloração alaranjada, intensa e 
uniforme, polpa também alaranjada intensa e com sabor 
agradável, porém sujeitos a granulação.
Visando conhecer o comportamento de espécies e varie-
dades cítricas nas condições da Chapada Diamantina 
e selecionar as mais adaptadas, a Embrapa Mandioca e 
Fruticultura, com o apoio do Banco do Nordeste, vem reali-
zando pesquisas em parceria com a Bagisa Comércio e 
Agropecuária S.A., em Ibicoara, e com o Sítio Recanto dos 
Pássaros, em Rio de Contas, avaliando um grupo de laran-
jas doces, tangerinas e outras espécies. A Tabela 30 traz a 
relação das principais variedades e espécies testadas nas 
condições da Chapada Diamantina. No capítulo 7 podem 
ser vistas as fotos e as descrições de algumas variedades 
em tais condições. Além da diversificação de espécies, 
objetiva-se também a diversificação de variedades, com o 
propósito de alongar o período de colheita e tornar a oferta 
regular ao longo do ano - condição imprescindível para 
acesso e permanência nos principais mercados. Ainda em 
busca da diversificação como estratégia para reduziros 
riscos e a vulnerabilidade da citricultura nacional, o capítulo 
seguinte dedica-se a cultivares porta-enxerto em processo 
de seleção para as condições da região Nordeste do Brasil. 
70 Citricultura brasileira em busca de novos rumos
Tabela 30. Principais características de laranjas, tangerinas, limas e 
limões cultivados nas condições da Chapada Diamantina.
Espécie Variedade Época colheita
Qualidade do Fruto
Principal 
usoTamanho Coloração da casca
Aderência 
da casca
Número de 
sementes
Laranja
Bahia Precoce Grande C4 Firme 0 Mesa
Baianinha Precoce Grande C4 Firme 0 Mesa
Cara-cara Meia-estação Grande C5 Firme 0 Mesa
Salustiana Meia-estação Médio C4 Firme 0 Mesa
Lima Meia-estação Médio C4 Firme > 6 Mesa
Rubi Meia-estação Médio C5 Firme 0 – 6 Mesa
Westin Meia-estação Médio C4 Firme 0 – 6 Mesa
Sincorá Tardia Médio C4 Firme 0 – 6 Mesa e indústria
Pera Tardia Médio C4 Firme 0 – 6 Mesa e indústria
Natal Muito tardia Médio C4 Firme 0 – 6 Indústria
Valência Muito tardia Médio C4 Firme 0 – 6 Indústria
Tangerina
Lee Precoce Médio C5 Solta > 6 Mesa
Robinson Precoce Médio C5 Solta > 6 Mesa
Clemenules Precoce Pequeno C5 Solta 0 Mesa
Mexerica Meia-estação Pequeno C3 Solta 0 – 6 Mesa
Page Meia-estação Pequeno C5 Firme 0 Mesa
Nova Meia-estação Médio C5 Firme 0 Mesa
Minneola Meia-estação Médio C4 Solta > 6 Mesa
Ponkan Meia-estação Grande C4 Solta 0 – 6 Mesa
Murcott Tardia Médio C4 Firme > 6 Mesa
Piemonte Tardia Médio C4 Firme > 6 Mesa
Ortanique Tardia Médio C4 Firme > 6 Mesa
Dancy Tardia Pequeno C5 Solta > 6 Mesa
Limas e 
limões
Limeira 
ácida 
Galego
Ano todo Pequeno C4 Firme 0 – 6 Mesa
Continua...
71Citricultura brasileira em busca de novos rumos
Espécie Variedade Época colheita
Qualidade do Fruto
Principal 
usoTamanho Coloração da casca
Aderência 
da casca
Número de 
sementes
Limas e 
limões
Tahiti Ano todo Médio C3 Firme 0 Mesa e indústria
Limão 
Fino Meia-estaçao
Médio a 
grande C5 Firme 0 – 6
Mesa e 
indústria
Lima da 
Pérsia Meia-estaçao
Médio a 
grande C5 Firme 0 – 6 Mesa
Fonte: Dados de campo.
Tabela 30. Continuação.
6 Capítulo 6Seleção de cultivares porta-enxerto para o Nordeste brasileiro
Almir Pinto da Cunha Sobrinho
Orlando Sampaio Passos
Walter dos Santos Soares Filho
75Citricultura brasileira em busca de novos rumos
As plantas cítricas podem ser propagadas por semente 
ou vegetativamente, por alporquia, estaquia e enxertia 
ou ainda pela moderna técnica de cultura de tecidos. 
A multiplicação por sementes nem sempre é viável porque 
um bom número de cultivares não as têm, são aspérmicas, 
enquanto outras são monoembriônicas, resultando em 
descendência muito variável, não reproduzindo fielmente 
a planta-mãe. 
A multiplicação por sementes apresenta ainda outros in-
convenientes sérios, como vigor excessivo, presença de 
espinhos e início tardio de produção. Há que se conside-
rar, ainda, a suscetibilidade dos “pés-francos”, como são 
chamadas as plantas originadas de semente, à gomose 
de Phytophthora spp., o principal inconveniente também 
da propagação por alporquia e estaquia. Esses dois 
últimos métodos, embora resultem em plantas genetica-
mente idênticas à planta-mãe e sem os inconvenientes 
da juvenilidade das plantas oriundas de semente, não 
são usados em citricultura porque as estacas de citros 
enraizam com dificuldade e não formam bons sistemas 
radiculares. Dos métodos citados, o mais empregado é a 
enxertia, pelas inúmeras vantagens que apresenta, des-
tacando-se dentre essas a obtenção de plantas uniformes 
e praticamente idênticas à planta-mãe e o início precoce 
de produção. 
O emprego de porta-enxertos adequados favorece o 
aumento da produtividade, a obtenção de frutos de melhor 
qualidade, a resistência ou tolerância às condições adver-
sas de clima e solo e às pragas e doenças. A enxertia é 
76 Citricultura brasileira em busca de novos rumos
o sistema de multiplicação no qual se provoca a solda-
dura dos tecidos de duas plantas. O porta-enxerto, uma 
delas, fornece o sistema radicular e, algumas vezes, parte 
do tronco. A outra, chamada de enxerto, copa ou “cava-
leiro”, forma a parte aérea. A parte aérea, resultante do 
desenvolvimento de um fragmento da planta fornecedora 
da borbulha ou garfo, será geneticamente igual a ela e 
produzirá frutos idênticos, com as ressalvas dos efeitos 
do porta-enxerto.
Uso dos porta-enxertos 
na região nordeste do Brasil
A história do uso de porta-enxertos na região Nordeste 
assemelha-se bastante à história desses no País. Seu uso 
em escala comercial teve início no século XX, especialmen-
te nos estados onde a cultura dos citros alcançou maior 
importância econômica, Bahia e Sergipe. Atualmente, 
somente no Estado do Ceará os “pés-francos” ainda fazem 
parte do cenário citrícola. 
Provavelmente, as primeiras enxertias no Brasil acon-
teceram na Bahia e foi dessa forma que os citricultores 
do bairro do Cabula, em Salvador, ainda no século XIX, 
multiplicaram a laranjeira ‘Bahia’, variedade sem semen-
tes, surgida de mutação da laranjeira ‘Seleta’ naquele 
local. Hoje, nessa região, como uma extensão do que 
acontece em todo o País, é utilizado de maneira abusiva 
o limoeiro ‘Cravo’ como porta-enxerto de todas as varie-
dades cultivadas, em todos os tipos de solo e de clima. 
77Citricultura brasileira em busca de novos rumos
A única exceção à regra é o Estado de Sergipe, onde o 
limoeiro ‘Rugoso da Flórida’ também é usado, juntamen-
te com o ‘Cravo’, mas em menor porcentagem que esse. 
É interessante lembrar que, antes da introdução desse 
último, usava-se unicamente o limoeiro ‘Rugoso’. Outros 
porta-enxertos, como o limoeiro ‘Volkameriano’ e a tan-
gerineira ‘Cleópatra’, estão sendo usados em proporções 
insignificantes, especialmente o primeiro. Como a combina-
ção limeira ácida ‘Tahiti’/Iimoeiro ‘Cravo’ tem mostrado alta 
suscetibilidade aos fungos do gênero Phytophthora, cau-
sadores da gomose, tem-se procurado outras alternativas, 
como o já citado ‘Volkameriano’, o citrumeleiro ‘Swingle’ 
e até o P. trifoliata cv. Flying Dragon e seus híbridos. 
O primeiro, por sua possível melhor tolerância a esses 
fungos e os últimos, pela resistência. A seguir, são descritos 
os porta-enxertos de citros utilizados no Brasil ao longo dos 
anos, com ênfase no Nordeste.
79Citricultura brasileira em busca de novos rumos
Laranjeira ‘Caipira’, C. sinensis
A laranjeira ‘Caipira’ foi o primeiro porta-enxerto usado 
em escala comercial no Brasil, tendo sido substituído pela 
laranjeira ‘Azeda’ em virtude de sua suscetibilidade à 
gomose de Phytophthora spp. e sensibilidade à seca. 
Fo
to
s: 
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 S
an
ch
es
80 Citricultura brasileira em busca de novos rumos
As qualidades das laranjeiras doces, de maneira geral, 
afora sua sensibilidade à seca e à podridão do pé e das 
raízes, conferem a essas cultivares características de 
excelentes porta-enxertos. Muitas variedades de laran-
jas doces têm sido testadas como porta-enxertos, mas 
todas com suscetibilidade à gomose de Phytophthora spp. 
e intolerância à seca. A copa sobre as laranjeiras doces 
alcança bom tamanho, apresentando pequena produção 
inicial, mas as plantas mais velhas podem se igualar ou 
até mesmo suplantar porta-enxertos mais produtivos. 
Como cultivares sensíveis à seca, sua produtividade pode 
ser satisfatória desde o início, se for empregada irriga-
ção. Os frutos produzidos pelas copas em combinação 
com esse porta-enxerto são grandes e de boa qualidade, 
comportamento esse semelhante ao da laranjeira ‘Azeda’. 
Os porta-enxertos de laranjeiras doces são compatí-
veis com as principais cultivares de laranjas, pomelos 
e tangerinas. 
81Citricultura brasileira em busca de novos rumos
Laranjeira ‘Azeda’ C. aurantium
A laranjeira ‘Azeda’ foi o porta-enxerto mais importante 
em quase todas as regiões citrícolas do mundo e, ainda 
hoje, é um dos mais amplamente difundidos, a despeito 
de sua suscetibilidade à tristeza. A ampla disseminação 
dessa cultivar foi devida

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