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Contestação à Ação Civil Pública em Concurso Público

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA 3.ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO 
JUDICIÁRIA DE SERGIPE 
 
 
 
 
 
Ref.: Ação Civil Pública n.º 0803436-31.2021.4.05.8500 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O CENTRO BRASILEIRO DE PESQUISA EM AVALIAÇÃO E SELEÇÃO E DE 
PROMOÇÃO DE EVENTOS (CEBRASPE), associação civil sem fins lucrativos, 
qualificada como Organização Social (OS), nos termos da Lei n.º 9.637/1998, por 
meio do Decreto n.º 8.078, de 19 de agosto de 2013, inscrita no CNPJ/MF sob o 
n.º 18.284.407/0001-53, com sede no campus Universitário Darcy Ribeiro, gleba A, 
edifício Cebraspe, Asa Norte, Brasília/DF, CEP 70910-902, com fulcro na Lei n.º 
7.347/95 e art. 335 do Código de Processo Civil, vem, respeitosamente, à 
presença de Vossa Excelência apresentar 
 
CONTESTAÇÃO 
 
à Ação Civil Pública em referência, ajuizada pelo Ministério Público Federal, 
embasado nos fundamentos fáticos e jurídicos expendidos na sequência. 
 
 
1 DA INTIMAÇÃO PARA A MANIFESTAÇÃO ACERCA DO PEDIDO DE TUTELA 
ANTECIPADA 
 
Embora tenha sido intimado a manifestar-se acerca do pedido de 
tutela antecipada, este Centro antecipa a apresentação da Contestação, 
tendo em vista que a referida manifestação condiz com o mérito da defesa do 
Cebraspe. 
 
1/27
 
 
2 
 
2 DOS FATOS 
 
O Diretor-Geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), no uso das 
competências conferidas pelo Decreto nº 9.662, de 1º de janeiro de 2019, na 
Portaria SE/MJSP nº 1.429, de 3 de novembro de 2020, e no Despacho SE/MJSP nº 
2/2021, considerando as disposições constitucionais referentes ao assunto e o 
contido na Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, na Lei nº 9.654, de 2 de junho 
de 1998, na Lei nº 11.358, de 19 de outubro de 2006, na Lei nº 12.775, de 28 de 
dezembro de 2012, no Decreto nº 9.739, de 28 de março de 2019, no Decreto nº 
10.139, de 28 de novembro de 2019, na Portaria SEDGG/ME nº 25.412 de 23 de 
dezembro de 2020, na Portaria Normativa PRF nº 9, de 7 de janeiro de 2021, e na 
Portaria SEDGG/ME nº 410, de 11 de janeiro de 2021, torna pública a realização 
de concurso público para o provimento de vagas no cargo de Policial 
Rodoviário Federal, Padrão I da Terceira Classe, mediante as condições 
estabelecidas no Edital Concurso PRF n.º 1, de 18 de janeiro de 2021 (Edital 
anexo). 
 
O concurso público em comento está sendo regido pelo 
mencionado edital por seus anexos, pelos demais editais complementares e 
pela Portaria Normativa PRF nº 9/2021 e executado pelo Centro Brasileiro de 
Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos (Cebraspe) e pela 
PRF. 
 
A seleção para o cargo de que trata o referido edital será realizada 
em duas etapas que se equiparam às fases citadas no art. 3º da Lei nº 9.654/1998, 
conforme especificado nos subitens 1.3.1 e 1.3.2 do Edital de abertura, in verbis: 
 
1.3.1 A primeira etapa compreenderá as seguintes fases: 
a) prova objetiva e prova discursiva, de caráter eliminatório e 
classificatório, de responsabilidade do Cebraspe; 
b) exame de aptidão física, de caráter eliminatório, de responsabilidade 
do Cebraspe; 
c) avaliação psicológica, de caráter eliminatório, de responsabilidade 
do Cebraspe; 
d) apresentação de documentos, de caráter eliminatório, de 
responsabilidade do Cebraspe e da PRF; 
e) avaliação de saúde, de caráter eliminatório, de responsabilidade do 
Cebraspe; 
f) avaliação de títulos, de caráter classificatório, de responsabilidade do 
Cebraspe. 
1.3.2 A segunda etapa do concurso será o Curso de Formação Policial 
(CFP), de caráter eliminatório e classificatório, de responsabilidade da 
PRF, com apoio do Cebraspe, a ser realizado na Universidade 
Corporativa da Polícia Rodoviária Federal (UniPRF), localizada na cidade 
de Florianópolis/SC, ou em outros locais indicados pela PRF por meio de 
2/27
 
 
3 
 
edital, e contemplará a realização de provas teóricas e práticas, 
podendo contemplar, ainda, as seguintes avaliações: 
a) testes de aptidão física, em complementação ao exame de aptidão 
física realizado na primeira etapa; 
b) avaliação psicológica continuada, em complementação à avaliação 
psicológica realizada na primeira etapa; 
c) avaliação de saúde continuada, em complementação à avaliação 
de saúde realizada na primeira etapa. 
 
O concurso público está em andamento e já teve o resultado 
provisório no exame de aptidão física, na avaliação psicológica e na 
apresentação de documentos e preenchimento da Ficha de Informações 
Pessoais (FIP), divulgados por meio do Edital Concurso PRF n.º 17, de 7 de julho 
de 2021. 
 
O Ministério Público Federal ajuizou a presente ação, objetivando, 
em suma, retificar o Edital Concurso PRF nº 1, de 18 de janeiro de 2021, para que 
os candidatos autodeclarados negros aprovados nas provas objetivas e 
classificados dentro do limite estabelecido no quadro do subitem 10.6.1 para a 
ampla concorrência não sejam contabilizados no quantitativo de correções das 
provas discursivas de candidatos autodeclarados negros, constando tanto da 
listagem de candidatos da ampla concorrência quanto da listagem dos 
candidatos autodeclarados negros que tem direito à correção de suas provas 
discursivas, a fim de que sejam provas discursivas adicionais de outros 
candidatos negros aprovados. 
 
Nesse ponto, é importante ressaltar que, conforme previsão legal e 
editalícia, os candidatos negros concorrem concomitantemente às vagas 
reservadas e às vagas destinadas à ampla concorrência, de acordo com a sua 
classificação no concurso, bem como em cada uma das fases do concurso, não 
sendo computados, para efeito de preenchimento do percentual de vagas 
reservadas a candidatos negros, os candidatos autodeclarados negros 
classificados ou aprovados dentro do número de vagas oferecido a ampla 
concorrência, sendo que esses candidatos constarão tanto da lista dos 
aprovados dentro do número de vagas da ampla concorrência, como também 
da lista dos aprovados para as vagas reservadas aos candidatos negros, em 
todas as fases do concurso. 
 
Assim, em cumprimento à regra legal e à editalícia, os candidatos 
negros, aprovados, na prova objetiva e provisoriamente aprovados na prova 
discursiva, dentro do número de vagas oferecido no Edital de abertura, 
figuraram nas duas listas de concorrência, sendo, contudo, computados 
somente na lista dos candidatos aprovados na ampla concorrência. 
3/27
 
 
4 
 
 
Destaca-se, também, que o número de vagas de ampla 
concorrência não pode ser confundido com a posição definida como corte na 
classificação da prova objetiva para se prosseguir no certame mediante a 
correção da prova discursiva, cláusula de barreira. 
 
Assim, a pretensão do MPF viola o § 1.º do art. 3.º da Lei 12.990/2014, 
pois nem todos os candidatos negros que estão dentro do quantitativo de provas 
discursivas corrigidas em ampla concorrência (4.500.ª) estão dentro do número 
de vagas ofertadas para ampla concorrência (1.125). 
 
Destaque-se que, conforme será demonstrado, apenas 183 
candidatos negros aprovados na prova objetiva e que tiveram a prova discursiva 
corrigida estão dentro do número de vagas ofertadas em edital para ampla 
concorrência (1.125) e esses candidatos não foram computados na lista de 
candidatos negros. Os demais candidatos negros que não ficaram posicionados 
dentro do número das vagas ofertadas em ampla concorrência, mas ficaram 
dentro da cláusula de barreira da correção da discursiva em ampla 
concorrência (4.500) foram computados nas duas listas, conforme exigência 
legal. 
 
Ademais, o percentual de reserva está sendo observado em todas 
as fases do certame, na medida em que a correção das provas discursivas de 
candidatos que concorrem às vagas reservadas aos negros é proporcional ao 
número de vagas reservadas estabelecido em edital, como restará 
demonstrado. 
 
A análise do pedido liminar foi postergada por este i. Juízo, 
aguardando-se a manifestação dos Réus. 
 
Assim, conforme se demonstrará na sequência, a pretensão do MPF 
não deve prosperar, uma vez que não se coaduna com a legislação pátriaregente. Ademais, a contabilização dos candidatos negros na ampla 
concorrência, bem como a correção das provas discursivas e a manutenção 
dos candidatos nas duas listas de concorrência obedeceram à legislação pátria, 
às regras editalícias e ao entendimento exarado pelo C. STF, conforme será 
demonstrado. 
 
 
 
 
4/27
 
 
5 
 
3 DA PRELIMINAR 
 
3.1 DO LITISCONSORTE PASSIVO NECESSÁRIO 
 
Caso venha a lograr êxito em sua pretensão, a regra estabelecida 
no subitem 6.10 do edital de abertura deverá ser retificada, alterando-se critério 
de avaliação e seleção que foi efetivamente utilizado para a correção da prova 
objetiva dos candidatos que concorrem às vagas reservadas aos candidatos 
negros. Isso acarretará o retorno de candidatos negros eliminados ao certame, 
que podem, no decorrer da seleção, vir a ocupar a vaga de candidatos 
regularmente aprovados nos termos exigidos no edital de abertura do concurso. 
 
Por essa razão, é imprescindível a citação, na condição de 
litisconsortes passivos necessários, dos candidatos negros convocados para o 
exame de aptidão física, para que lhes seja dada a oportunidade de defesa de 
seus interesses, que serão, inequivocamente, afetados por eventual 
procedência do pedido dos Autores. 
 
Oportuno lembrar o disposto no art. 114 do Código de Processo Civil, 
que estabelece: “O litisconsórcio será necessário por disposição de lei ou 
quando, pela natureza da relação jurídica controvertida, a eficácia da 
sentença depender da citação de todos que devam ser litisconsortes”. 
 
Theotônio Negrão, ao comentar o dispositivo, cita decisões do 
Supremo Tribunal Federal (STF) que definem a ocorrência de litisconsórcio 
necessário quando a decisão da causa propende acarretar obrigação direta 
para o terceiro, a prejudicá-lo ou a afetar seu direito subjetivo (STF – RT 594/248), 
in verbis: 
 
MANDADO DE SEGURANÇA. COMPLEXIDADE DOS FATOS. 
LITISCONSORCIO NECESSARIO. 
I. A COMPLEXIDADE DOS FATOS NÃO EXCLUI O CAMINHO DO MANDADO 
DE SEGURANÇA, DESDE QUE TODOS SE ENCONTREM COMPROVADOS DE 
PLANO. 
II. O LITISCONSORCIO NECESSÁRIO, A CONTA DA NATUREZA DA RELAÇÃO 
URÍDICA, TEM LUGAR SE A DECISÃO DA CAUSA PROPENDE A ACARRETAR 
OBRIGAÇÃO DIRETA PARA O TERCEIRO, A PREJUDICA-LO OU A AFETAR SEU 
DIREITO SUBJETIVO. 
NÃO SE CONFIGURA, NA ESPÉCIE, QUALQUER DESSAS HIPÓTESES. 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO NÃO CONHECIDO. (Grifou-se). 
 
Assim, o MPF deverá promover a citação de todos os candidatos 
negros convocados para o exame de aptidão física, por meio do Edital 
5/27
 
 
6 
 
Concurso PRF n.º 12, de 11 de junho de 2021, sob pena de nulidade de futura 
sentença. 
 
4 DO MÉRITO 
4.1 DAS REGRAS ESTABELECIDAS EM EDITAL – O EDITAL É A LEI DO CONCURSO 
 
Na preparação, na realização e no controle dos concursos públicos, 
deve a Administração primar pela absoluta boa-fé, vinculando-se estritamente 
às regras regentes do certame. Não se admite, portanto, que essas regras sejam 
desrespeitadas, estabelecendo-se uma coisa e executando outra. A confiança 
na atuação da Administração de acordo com o Direito posto, é o mínimo que 
esperam os cidadãos que concorrem a cargos ou empregos públicos. Também 
são vedados comportamentos que ofendam os padrões éticos exigidos do 
Poder Público. 
 
A publicação do edital torna explícitas as regras que norteiam o 
relacionamento entre a Administração e aqueles que concorrem a vagas a 
cargos públicos. Daí ser necessária a observância bilateral de tais regras, a 
exemplo do que ocorre com as licitações: o Poder Público exibe suas condições, 
e o candidato, inscrevendo-se, concorda com estas, estabelecendo-se o 
vínculo jurídico do qual decorrem direitos e obrigações. 
 
Qualquer alteração no decorrer do processo seletivo que importe 
em mudança significativa na avença deve levar em consideração todos os 
participantes, não sendo possível estabelecer distinção entre uns e outros. Dessa 
forma, compete ao Administrador estabelecer condutas lineares, universais e 
imparciais, sob pena de fulminar todo o concurso. 
 
O edital é a peça básica do concurso, vincula tanto a 
Administração quanto os candidatos concorrentes. Ao realizarem a inscrição, os 
candidatos aderem às normas do certame e sujeitam-se às exigências do edital 
e da legislação aplicável. Nesse sentido, dispõe o subitem 23.1 do edital de 
abertura: 
 
23.1 A inscrição do candidato implicará a aceitação das normas 
para o concurso público contidas nos comunicados, neste edital e 
em outros a serem publicados. (Grifou-se). 
 
Neste mesmo sentido, confira-se julgados, nos quais o C. STJ, 
mantém atual, o entendimento segundo o qual, o Edital é a lei que regula o 
concurso, sendo, por isso, de fiel observância para as partes envolvidas, in verbis: 
6/27
 
 
7 
 
 
ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ORDINÁRIO EM 
MANDADO DE SEGURANÇA. ENUNCIADO ADMINISTRATIVO 3/STJ. 
CONCURSO PÚBLICO. PROVA DE ESTUDO DE CASO. RESPOSTA NÃO 
CONDIZENTE COM TODOS OS ELEMENTOS DO PADRÃO ADOTADO PELA 
BANCA EXAMINADORA. PONTUAÇÃO A MENOR. PRETENSÃO DE 
REAVALIAÇÃO DA RESPOSTA. IMPOSSIBILIDADE DE INTERVENÇÃO DO 
PODER JUDICIÁRIO. RE 632.853/CE. 
1. O edital do concurso público constitui lei entre as partes, gerando 
direitos e obrigações tanto para a Administração Pública quanto para o 
candidato, compelidos ambos à sua fiel observância. 
2. "Não compete ao Poder Judiciário, no controle de legalidade, substituir 
banca examinadora para avaliar respostas dadas pelos candidatos e 
notas a elas atribuídas. (...) Excepcionalmente, é permitido ao Judiciário 
juízo de compatibilidade do conteúdo das questões do concurso com o 
previsto no edital do certame" (RE 632.853/CE, Relator: Min. Gilmar 
Mendes, Tribunal Pleno, julgado em 23/04/2015). 
3. Recurso ordinário em mandado de segurança não provido. 
(RMS 59.202/RJ, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA 
TURMA, julgado em 19/02/2019, DJe 26/02/2019 - grifou-se) 
 
ADMINISTRATIVO. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. 
CONCURSO PÚBLICO. MÉDICO. ESPECIALIZAÇÃO EM PSIQUIATRIA. 
PREVISÃO EDITALÍCIA. VINCULAÇÃO AO EDITAL. PRINCÍPIO DA 
VINCULAÇÃO AO EDITAL. AGRAVO INTERNO DO PARTICULAR 
DESPROVIDO. 
1. O aresto recorrido asseverou que o Edital fez exigência, além do 
diploma de curso superior de graduação de Medicina, a comprovação 
de especialização na área de Psiquiatria. 
2. A jurisprudência do STJ é a de que o Edital é a lei do concurso, pois 
suas regras vinculam tanto a Administração quanto os candidatos. Assim, 
o procedimento do concurso público fica resguardado pelo princípio da 
vinculação ao edital. 
3. Agravo Interno do Particular desprovido. 
(AgInt no AREsp 1024837/SE, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, 
PRIMEIRA TURMA, julgado em 18/02/2019, REPDJe 26/02/2019, DJe 
25/02/2019 – grifou-se) 
 
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. OUTORGA 
DE DELEGAÇÕES DE NOTAS E DE REGISTRO DO ESTADO DO PARANÁ. 
CANDIDATO QUE NÃO COMPARECE À AUDIÊNCIA DE ESCOLHA DAS 
SERVENTIAS. PREVISÃO EXPRESSA NO EDITAL. DESISTÊNCIA DO CERTAME. 
PERDA SUPERVENIENTE DO INTERESSE DE AGIR. 
(...) 
II - O Edital n. 1/2014 em seu item 11.6, reproduzindo a redação do item 
11.4, § 1º, da Resolução CNJ n. 81/2009 - que dispõe sobre os concursos 
públicos de provas e títulos para outorga das Delegações de Notas e de 
Registro - prevê que: "o não comparecimento, no dia, hora e local 
designados para a escolha implicará na desistência, salvo motivo de 
força maior". 
III - A convocação para comparecimento à audiência foi efetuada por 
meio do Edital n. 37/2016 (fls. 402-405), e o candidato, ora recorrente, não 
compareceu à audiência pública para a escolha de vagas, tampouco 
justificou sua ausência. 
7/27
 
 
8 
 
IV - O edital é a lei do concurso, sendo certo que suas cláusulas obrigam 
tanto à Administração quanto aos candidatos, em razão do princípio da 
vinculação do certame, ao instrumento convocatório. 
V - Não tendo o candidato comparecido à audiência pública, para a 
qual o edital previu que o não comparecimento, nodia, hora e local 
designados para a escolha implica desistência do certame, é patente a 
perda superveniente do interesse de agir, de modo que não há falar em 
reparos no acórdão ora recorrido. 
VI - Recurso ordinário em mandado de segurança a que se nega 
provimento. 
(RMS 58.663/PR, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, SEGUNDA TURMA, 
julgado em 04/12/2018, DJe 10/12/2018 – grifou-se) 
 
Desse modo, qualquer discordância dos dispositivos editalícios, 
inclusive dos critérios de avaliação e seleção estabelecidos no certame e na 
aplicação da prova objetiva, deveria ter sido objeto de impugnação pela 
Autora em momento oportuno. Depreende-se da Lei nº 8.666/93, no artigo 41, § 
1.º, por analogia, que qualquer cidadão é parte legítima para impugnar o edital, 
podendo protocolar o pedido de impugnação, no âmbito administrativo, até 
cinco dias antes do início do concurso. Veja-se o que diz a jurisprudência dos 
Tribunais Regionais Federais acerca do tema. 
 
ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. TÉCNICO DO TRF2. CANDIDATO 
COM NECESSIDADES ESPECIAIS. REPROVADO NA PROVA PRÁTICA. 
PREVISÃO EDITALÍCIA. APELAÇÃO DESPROVIDA. 
1. Trata-se de Apelação interposta pela Autora, em que objetiva que 
"seja declarada a nulidade do ato administrativo consistente na 
aplicação da prova prática de digitação à autora sem o fornecimento 
da tecnologia assistiva prevista no ordenamento jurídico". 
2. Não se discute a capacidade da autora de exercer quaisquer 
funções laborativas ou em sua vida privada, mas sim o não atendimento 
aos requisitos do Edital para obter êxito no certame, já que não foi 
aprovada na prova de digitação, requisito para prosseguimento e 
aprovação no concurso e, consequentemente, para a nomeação no 
cargo público em questão. Destaque-se, mais uma vez, que ao se 
inscrever no certame a autora aderiu às normas reguladoras do mesmo, 
não tendo apresentado qualquer impugnação ao Edital no momento 
oportuno. 
3. Estabelece o Edital que: "5.2 O atendimento às condições especiais 
solicitadas para a realização da prova prática ficará sujeito à análise 
de viabilidade e razoabilidade do pedido, de acordo com o 
Cargo/Área/Especialidade pretendido". No caso, a Apelante deixou de 
tomar as medidas necessárias para que suas necessidades especiais 
fossem atendidas em tempo hábil, sendo correta sua eliminação do 
concurso. 
4. O edital é a lei entre as partes, preexistente ao certame, às quais se 
submetem voluntariamente os concorrentes, assim como a 
Administração. 
5. Compete ao Poder Judiciário tão somente a verificação de questões 
em torno da legalidade, o que não se vislumbra no processo em 
apreço, não podendo, assim, substituir-se à Administração Pública. 
6. Apelação desprovida. (Grifou-se) 
8/27
 
 
9 
 
(AC - Apelação - Recursos - Processo Cível e do Trabalho 0103668-
95.2012.4.02.5101, GUILHERME DIEFENTHAELER, TRF2 - 8ª TURMA 
ESPECIALIZADA..ORGAO_JULGADOR:.) 
 
ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. POLÍCIA FEDERAL. Lei Nº 
11.890/2008 CRIAÇÃO POSTERIOR DE CARGOS. AUTORIZAÇÃO DO 
MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO PARA CONVOCAÇÃO DOS 
CANDIDATOS APROVADOS ATÉ 50%. DECRETO Nº 4.175/2002. 
ARREDONDAMENTO PARA BAIXO NA HIPÓTESE DE NÚMERO ÍMPAR. 
LEGITIMIDADE. ISONOMIA. OBSERVÂNCIA. 
1. Trata-se de ação mandamental, por meio do qual o impetrante 
pretende prosseguir no concurso público regido pelo Edital nº 24/2004 e 
destinado ao provimento, entre outros, do cargo de perito criminal na 
área 1 - Ciências Contábeis ou Ciências Econômicas. 
2. O impetrante foi aprovado em 154º lugar para o referido cargo, 
conforme o edital nº 75/2005. Afirma que teria direito de ser convocado, 
já que a Lei nº 11.890/2000 criou 300 (trezentos) novos cargos de perito 
federal e, admitida a convocação de excedentes até o limite de 50% 
das vagas ofertadas no edital (Decreto 4.175/02) e aplicando o 
arredondamento da fração resultante para menos, restariam ainda a 
convocar 16 candidatos para a sua área. 
3.A Lei nº 11.890/2008 criou 300 (trezentos) cargos de perito criminal, o 
que motivou o Departamento de Polícia Federal a requerer o aumento 
no número de vagas para candidatos aprovados e não convocados, 
nos termos do art. 1º, §3º, do Decreto nº 4.175/2002, então vigente (art. 
11 do Decreto nº 6.944/2009 manteve o mesmo percentual). 
4. Na Portaria do Ministro do Planejamento nº 20/2009, foi deferido o 
pedido para a convocação de 210 (duzentos e dez) peritos federais, o 
que corresponderia à aplicação do percentual de 50% (cinquenta por 
cento) sobre as vagas existentes. 
5. Para chegar a esse quantitativo, a União aplicou o percentual sobre 
cada vaga em cada localidade, exatamente com o propósito de 
observar a distribuição inicial do certame. Nos locais em que havia 
número ímpar de vagas, o resultado da aplicação do percentual foi 
arredondado para baixo, a exemplo do cargo de perito em engenharia 
agronômica do estado de Rondônia, para o qual havia apenas uma 
vaga, resultando daí que não houve nenhuma convocação. 
6. A administração aplicou o percentual sobre o total de vagas, tendo 
o resultado sido arredondado para baixo, conforme decidido pelo 
MPOG. Todavia, para o cargo pleiteado pelo apelante o número de 
vagas foi acrescido de exatamente 50%, ou seja, mais 39 vagas, 
perfazendo 117 vagas no total. 
7. O derradeiro candidato a ser convocado foi o de colocação nº 152, 
sendo que o edital previu claramente no subitem 11.5, que "os 
candidatos não convocados para a matrícula no curso de formação 
estarão automaticamente eliminados do concurso". Os candidatos, 
incluindo o apelante, aderiram inteiramente às normas editalícias, uma 
vez que o impetrante não traz notícia de impugnação ao edital no 
momento de sua publicação. 
8. Apelação a que se nega provimento. (Grifou-se) 
(AC 0006710-41.2009.4.01.3400, JUÍZA FEDERAL MARIA CECÍLIA DE 
MARCO ROCHA, TRF1 - QUINTA TURMA, e-DJF1 15/03/2016 PAG.) 
 
ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO DE 
VAGAS PARA DEFICIENTE. CANDIDATO QUE NÃO IMPUGNA O EDITAL NO 
MOMENTO OPORTUNO. AUSÊNCIA DE PROVA PRÉ-CONSTITUÍDA DA 
9/27
 
 
10 
 
CONDIÇÃO DE PORTADOR DE NECESSIDADES ESPECIAIS. DIREITO 
LÍQUIDO E CERTO NÃO COMPROVADO. 
1. Para propor mandado de segurança, entre outros requisitos, exige-se 
direito líquido e certo, isto é, que esse direito se apresente com todos os 
requisitos para o seu reconhecimento e exercício no momento da 
impetração, em outras palavras, que seja comprovado de plano, pois 
se depender de comprovação posterior, não é líquido e certo, para fins 
de segurança. 
2. Na espécie, o impetrante, após a realização do concurso público, 
sem que fizesse qualquer impugnação ao Edital, agora se dizendo 
portador de deficiência, pretende ver-se nomeado nessa condição. 
Todavia, faz juntar aos autos apenas um atestado médico, fornecido 
por clínica particular, informando que é portador de "deficiência 
relativa", por apresentar uma "lesão no polegar esquerdo", o que não é 
possível, dentro dos estreitos limites de instrução reservados ao 
mandado de segurança, aferir a incidência das hipóteses previstas no 
Decreto n. 3.298/1999. 
3. Apelação e remessa oficial providas. (Grifou-se) 
(AMS 0000936-94.2004.4.01.3500, DESEMBARGADOR FEDERAL DANIEL 
PAES RIBEIRO, TRF1 - SEXTA TURMA, e-DJF1 16/08/2010 PAG 380.)" (Grifou-
se). 
 
Os critérios de avaliação e seleção adotados no certame alcançam 
todo e qualquer candidato, são traçados em conformidade com os princípios 
do Direito Administrativo e primam pela forma igualitária de tratamento, não 
admitindo tratamento desigual aos candidatos ou em desacordo com as 
disposições editalícias. 
 
Os candidatos não impugnaram o edital de abertura do certame e, 
por conseguinte, concordaram com os critérios de avaliação e seleção, inclusive 
com os critérios estabelecidos para aprovação na prova objetiva e discursiva. 
No entanto, somente agora MPF tenta, de maneira intempestiva, rever 
disposições editalícias, o que não pode ser admitido por esse nobre Juízo, sob 
pena de ferir o princípio da vinculação ao edital.4.2 DA CORRETA INTERPRETAÇÃO DO ART. 3.º, § 1.º DA LEI N.º 12.990/2014 E 
SUBITEM 6.10 DO EDITAL DE ABERTURA 
 
Em equivocada interpretação do § 1.º do art. 3.º da Lei n.º 
12.990/2014, do subitem 6.10 do Edital de abertura e do entendimento exarado 
pelo C. STF, quando do julgamento da ADC n.º 41/DF, alega o MPF que os 
candidatos negros classificados e/ou aprovados na ampla concorrência, dentro 
do limite previsto no Edital de abertura para correção da prova discursiva em 
ampla concorrência, ou seja, todos aqueles candidatos negros que obtiveram 
pontuação até o limite da nota de corte para correção da prova discursiva na 
ampla concorrência, apesar de terem que figurar nas listas de concorrência, 
10/27
 
 
11 
 
devem ser contabilizados, para efeito de preenchimento de vagas, apenas na 
lista da ampla concorrência. 
 
Como se sabe, a Lei n.º 12.990/2014 estabeleceu, para os 
candidatos negros, a reserva de 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas nos 
concursos públicos para provimento de cargos efetivos e empregos públicos no 
âmbito da administração pública federal, das autarquias, das fundações 
públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia mista 
controladas pela União, nos seguintes termos. 
 
Art. 1º Ficam reservadas aos negros 20% (vinte por cento) das vagas 
oferecidas nos concursos públicos para provimento de cargos efetivos e 
empregos públicos no âmbito d a administração pública federal, das 
autarquias, das fundaões públicas, das empresas públicas e das 
sociedades de economia mista controladas pela União , na forma desta 
Lei. 
§ 1º A reserva de vagas será aplicada sempre que o número de vagas 
oferecidas no concurso público for igual ou superior a 3 (três). 
§ 2º Na hipótese de quantitativo fracionado para o número de vagas 
reservadas a candidatos negros, esse será aumentado para o primeiro 
número inteiro subsequente, em caso de fração igual ou maior que 0,5 
(cinco décimos), ou diminuído para número inteiro imediatamente 
inferior, em caso de fração menor que 0,5 (cinco décimos). 
§ 3º A reserva de vagas a candidatos negros constará expressamente 
dos editais dos concursos públicos, que deverão especificar o total de 
vagas correspondentes à reserva para cada cargo ou emprego público 
oferecido. (Grifou-se) 
 
Destarte, em cumprimento ao que dispõe a referida lei, o Edital 
Concurso PRF nº 1, de 18 de janeiro de 2021, reservou vagas aos candidatos 
negros, nos termos do subitem 6.1, a seguir transcrito. 
 
6 DAS VAGAS DESTINADAS AOS CANDIDATOS NEGROS 
6.1 Das vagas destinadas ao cargo e das que vierem a ser 
criadas/autorizadas durante o prazo de validade do concurso, 20% serão 
providas na forma da Lei nº 12.990, de 9 de junho de 2014, e da Portaria 
Normativa nº 4, de 6 de abril de 2018. 
 
Alega o MPF que o referido percentual de reserva de vagas aos 
candidatos negros, de 20%, não teria sido respeitado no presente certame, em 
especial, em cada fase, conforme determinado pelo STF, na ADC n.º 41/DF. 
 
A este respeito, sabe-se que o STF, no julgamento da ADC nº 41, além 
de reconhecer a constitucionalidade da Lei 12.990/2014, estabeleceu alguns 
parâmetros a serem seguidos pela Administração Pública quando da sua 
aplicação. Vejamos: 
 
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12 
 
Ementa: Direito Constitucional. Ação Direta de Constitucionalidade. 
Reserva de vagas para negros em concursos públicos. 
Constitucionalidade da Lei n. 12.990/2014. Procedência do pedido. 1. É 
constitucional a Lei n. 12.990/2014, que reserva a pessoas negras 20% das 
vagas oferecidas nos concursos públicos para provimento de cargos 
efetivos e empregos públicos no âmbito da administração pública 
federal direta e indireta, por três fundamentos. 1.1. Em primeiro lugar, a 
desequiparação promovida pela política de ação afirmativa em 
questão está em consonância com o princípio da isonomia. Ela se funda 
na necessidade de superar o racismo estrutural e institucional ainda 
existente na sociedade brasileira, e garantir a igualdade material entre 
os cidadãos, por meio da distribuição mais equitativa de bens sociais e 
da promoção do reconhecimento da população afrodescendente. 1.2. 
Em segundo lugar, não há violação aos princípios do concurso público e 
da eficiência. A reserva de vagas para negros não os isenta da 
aprovação no concurso público. Como qualquer outro candidato, o 
beneficiário da política deve alcançar a nota necessária para que seja 
considerado apto a exercer, de forma adequada e eficiente, o cargo 
em questão. Além disso, a incorporação do fator “raça” como critério de 
seleção, ao invés de afetar o princípio da eficiência, contribui para sua 
realização em maior extensão, criando uma “burocracia representativa”, 
capaz de garantir que os pontos de vista e interesses de toda a 
população sejam considerados na tomada de decisões estatais. 1.3. Em 
terceiro lugar, a medida observa o princípio da proporcionalidade em 
sua tríplice dimensão. A existência de uma política de cotas para o 
acesso de negros à educação superior não torna a reserva de vagas nos 
quadros da administração pública desnecessária ou desproporcional em 
sentido estrito. Isso porque: (i) nem todos os cargos e empregos públicos 
exigem curso superior; (ii) ainda quando haja essa exigência, os 
beneficiários da ação afirmativa no serviço público podem não ter sido 
beneficiários das cotas nas universidades públicas; e (iii) mesmo que o 
concorrente tenha ingressado em curso de ensino superior por meio de 
cotas, há outros fatores que impedem os negros de competir em pé de 
igualdade nos concursos públicos, justificando a política de ação 
afirmativa instituída pela Lei n° 12.990/2014. 2. Ademais, a fim de garantir 
a efetividade da política em questão, também é constitucional a 
instituição de mecanismos para evitar fraudes pelos candidatos. É 
legítima a utilização, além da autodeclaração, de critérios subsidiários de 
heteroidentificação (e.g., a exigência de autodeclaração presencial 
perante a comissão do concurso), desde que respeitada a dignidade da 
pessoa humana e garantidos o contraditório e a ampla defesa. 3. Por fim, 
a administração pública deve atentar para os seguintes parâmetros: (i) 
os percentuais de reserva de vaga devem valer para todas as fases dos 
concursos; (ii) a reserva deve ser aplicada em todas as vagas oferecidas 
no concurso público (não apenas no edital de abertura); (iii) os concursos 
não podem fracionar as vagas de acordo com a especialização exigida 
para burlar a política de ação afirmativa, que só se aplica em concursos 
com mais de duas vagas; e (iv) a ordem classificatória obtida a partir da 
aplicação dos critérios de alternância e proporcionalidade na 
nomeação dos candidatos aprovados deve produzir efeitos durante toda 
a carreira funcional do beneficiário da reserva de vagas. 4. Procedência 
do pedido, para fins de declarar a integral constitucionalidade da Lei n. 
12.990/2014. Tese de julgamento: “É constitucional a reserva de 20% das 
vagas oferecidas nos concursos públicos para provimento de cargos 
efetivos e empregos públicos no âmbito da administração pública direta 
e indireta. É legítima a utilização, além da autodeclaração, de critérios 
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13 
 
subsidiários de heteroidentificação, desde que respeitada a dignidade 
da pessoa humana e garantidos o contraditório e a ampla defesa”. (ADC 
41, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 
08/06/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-180 DIVULG 16-08-2017 PUBLIC 
17-08-2017). 
 
Conforme reconhecido acima, o percentual de reserva de vagas 
deve valer para todas as etapas do certame. No concurso em foco, o 
percentual de reserva está sendo observado em todas as fases do certame, na 
medida em que a correção das provas discursivas de candidatos que 
concorrem às vagas reservadas aos negros é proporcional ao número de vagas 
reservadas estabelecido em edital, como restará demonstrado a seguir. 
 
No concurso em comento foram ofertadas um total de 1.500 vagas, 
sendo 1.125 vagas paraa ampla concorrência; 300 vagas reservadas aos 
candidatos negros e 75 vagas reservadas aos candidatos com deficiência, 
conforme se verifica no quadro de vagas contido no item 4 do Edital Concurso 
PRF nº 1, de 18 de janeiro de 2021, veja-se. 
 
 
 
Nessa esteira, em seu subitem 10.6.1, o referido edital fixou que, 
respeitados os empates na última colocação, seriam corrigidas as provas 
discursivas dos candidatos aprovados e classificados até as posições 
especificadas no quadro a seguir, de forma que o percentual de reserva de 
vagas pudesse ser garantido nas demais fases do certame. 
 
 
 
Veja-se que, além das vagas disponibilizadas no certame (item 4), , 
também o critério para a correção das provas discursivas (limite de classificação 
na prova objetiva) obedeceu ao referido percentual de 20%, na medida em que 
foram corrigidas as provas dos candidatos negros classificados até a posição 
1.200ª. 
 
 
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14 
 
Nesse ponto, cabe esclarecer que a limitação estabelecida no 
quadro contido no subitem 10.6.1 do Edital Concurso PRF nº 1, de 18 de janeiro 
de 2021, para a correção de provas discursivas no certame, é conhecida como 
cláusula de barreira e já teve sua legalidade reconhecida pelo STF, quando do 
julgamento do RE n.º 635.739/AL, no qual se fixou a tese, segundo a qual: “É 
constitucional a regra inserida no edital de concurso público, denominada 
cláusula de barreira, com o intuito de selecionar apenas os candidatos mais bem 
classificados para prosseguir no certame” (Tema 376). 
 
Cumpre trazer à baila lição esclarecedora, do Ministro Gilmar 
Mendes, quando do julgamento acima, acerca da definição da cláusula de 
barreira, in verbis: 
 
É fato que, em vista do crescente número de candidatos ao ingresso nas 
carreiras públicas, é cada vez mais usual que os editais dos concursos 
públicos estipulem critérios que restrinjam a convocação de candidatos 
de uma fase para outra dos certames. As regras editalícias que impedem 
o candidato de prosseguir no certame, denominadas regras restritivas, 
subdividem-se em eliminatórias e cláusulas de barreira. 
As regras eliminatórias preveem, por exemplo, a exclusão dos candidatos 
que não acertarem, pelo menos, 50% (cinquenta por cento) das 
questões objetivas de cada matéria. Outro bom exemplo de regra 
eliminatória é o exame de aptidão física. Esse tipo de regra editalícia, 
como se vê, prevê como resultado de sua aplicação a eliminação do 
candidato do certame público por insuficiência em algum aspecto de 
seu desempenho. 
Além disso, é comum que se conjugue, ainda, outra regra que restringe 
o número de candidatos para a fase seguinte do concurso, 
determinando-se que, no universo de candidatos que não foram 
excluídos pela regra eliminatória, participará da etapa subsequente 
apenas número predeterminado de candidatos, contemplando-se 
somente os mais bem classificados. Essas são as denominadas “cláusulas 
de barreira”, que não produzem a eliminação por insuficiência de 
desempenho nas provas do certame, mas apenas estipulam um corte 
deliberado no número de candidatos que poderão participar de fase 
posterior, comumente as fases dos exames psicotécnicos ou dos cursos 
de formação. 
Assim, pode-se definir a cláusula de barreira como espécie de regra 
editalícia restritiva que, embora não elimine o candidato pelo 
desempenho inferior ao exigido (v.g.: mínimo de acertos, tempo mínimo 
de prova), obstaculiza sua participação na etapa seguinte do concurso 
em razão de não se encontrar entre os melhores classificados, de acordo 
com previsão numérica preestabelecida no edital. (Grifou-se) 
 
Nos termos da decisão supracitada, restou estabelecida a cláusula 
de barreira que limitou o número de provas discursivas a serem corrigidas, mas 
obedecendo claramente a decisão proferida na ADC nº 41/DF, tendo em vista 
que a regra estabelecida para a correção das provas discursivas observou a 
devida proporcionalidade com as vagas de cada uma das concorrências 
14/27
 
 
15 
 
existentes, de forma que o percentual de reserva de vagas pudesse ser 
garantido nas demais fases do certame. 
 
É importante ressaltar que, também segundo o edital de abertura, 
em seus subitens 11.1 e 12.1, todos os candidatos aprovados nas provas 
discursivas serão convocados para as demais fases do concurso, de modo que 
a referida proporção se mantém, não sendo possível a eliminação de qualquer 
candidato a partir daí em função de nota, já que as referidas fases têm caráter 
exclusivamente eliminatório. 
 
Demonstrado está que a correção das provas discursivas guarda a 
devida proporcionalidade com o percentual de 20% reservado aos candidatos 
negros, passa-se a demonstrar que o MPF conferiu também interpretação 
equivocada ao subitem 10.6 do Edital de abertura, ou mesmo não percebeu a 
sua existência, e ao § 1.º do art. 3.º da Lei n.º 12.990/2014. 
 
Conforme ainda se verifica do caput do art. 3.º da referida lei, os 
candidatos negros concorrerão tanto às vagas reservadas quanto às vagas da 
ampla concorrência, veja-se: 
 
Art. 3º Os candidatos negros concorrerão concomitantemente às vagas 
reservadas e às vagas destinadas à ampla concorrência, de acordo com 
a sua classificação no concurso.(Grifou-se) 
 
O § 1.º do referido dispositivo, por sua vez, também é claro ao 
estabelecer que os candidatos negros, aprovados dentro do número de vagas 
da ampla concorrência, não serão computados para efeito de preenchimento 
das vagas reservadas. Veja-se: 
 
§ 1º Os candidatos negros aprovados dentro do número de vagas 
oferecido para ampla concorrência não serão computados para efeito 
do preenchimento das vagas reservadas. 
(...) (Grifou-se) 
 
Tal dispositivo foi literalmente repetido no Edital Concurso PRF nº 1, 
de 18 de janeiro de 2021, para garantir que, ao final do concurso, quando da 
divulgação do resultado final, os candidatos negros, aprovados dentro do 
número de vagas previsto no edital de abertura para ampla concorrência, não 
sejam computados para provimento de vagas reservadas a candidatos negros, 
conforme transcrito a seguir: 
 
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16 
 
6.3 Os candidatos negros concorrerão concomitantemente às vagas 
reservadas e às vagas destinadas à ampla concorrência, de acordo com 
a sua classificação no concurso. 
6.4 Os candidatos negros que se declararem com deficiência 
concorrerão concomitantemente às vagas reservadas a pessoas com 
deficiência e às vagas destinadas à ampla concorrência, de acordo 
com a sua classificação no concurso. 
6.5 Os candidatos negros aprovados dentro do número de vagas 
oferecido à ampla concorrência não preencherão as vagas reservadas 
a candidatos negros, sendo, dessa forma, automaticamente excluídos 
da lista de aprovados na lista de candidatos negros. 
 
Assim, o candidato negro aprovado dentro do número de vagas de 
ampla concorrência ocupará necessariamente uma dessas vagas, abrindo a 
possibilidade de que outro candidato negro, que tenha classificação suficiente 
ao final do concurso, seja aprovado para a vaga reservada por aquele não 
preenchida. 
 
Frisa-se que o estabelecido no § 1.º do art. 3.º da Lei 12.990/2014, 
somente deve ser implementado no momento do resultado final do concurso, 
pois tal regra refere-se a candidatos aprovados. Salienta-se que CANDIDATO 
APROVADO é aquele que foi submetido a todas as etapas do certame e obteve 
aprovação, figurando no resultado final do concurso e obtendo classificação 
final para fins de nomeação ou de permanência em cadastro de reserva. 
 
Portanto, em relação aos candidatos negros que obtiverem 
pontuação para figurar na lista de classificados na prova objetiva em ampla 
concorrência, dentro do número de vagas estabelecido no item 4 do edital, não 
resta dúvida de que, no resultado final do concurso e se aprovados em todas as 
fases, esses candidatos deverão figurar tão somente na relação dos candidatos 
aprovados na ampla concorrência, conforme preceitua o §1.º do art. 3.º da 
referida lei e o subitem 6.5 do edital de abertura.Destaca-se que o número de vagas de ampla concorrência não 
pode ser confundido com a posição definida como corte na classificação da 
prova objetiva para se prosseguir no certame mediante a correção da prova 
discursiva, cláusula de barreira acima demonstrada, isto é, 1.125 vagas de 
ampla concorrência é totalmente diferente de posição 4500ª. 
 
A este respeito, confiram-se alguns trechos esclarecedores da 
sentença proferida nos autos da Ação Civil Pública n.º 5019549-48.2018.4.04.7107, 
proposta pelo Ministério Público Federal em face da União Federal, relativa ao 
concurso da Polícia Federal 2018, julgada improcedente pelo juízo da 3.ª Vara 
Federal da Subseção Judiciária de Caxias do Sul/RS, in verbis: 
16/27
 
 
17 
 
 
(...) 
O caput é claro em aventar que os candidatos negros concorrem 
tanto às vagas da ampla concorrência, quanto às reservadas. O § 1º, por 
sua vez, que é peça chave no deslinde do feito, trata de um ponto 
específico: candidato negro aprovado dentro do número de vagas 
atinentes à ampla concorrência não gera consequência na lista de 
vagas reservadas, não tendo o condão de mitigar o número de 
aprovados às citadas vagas. Trazendo a regra para a hipótese em 
concreto, colhe-se que se um candidato negro, por exemplo, classificar-
se em 1º lugar na lista geral, isso não gerará nenhuma consequência na 
lista de vagas reservadas. Ou seja, sendo 30 vagas direcionadas a 
candidatos negros, aquele que alcançou a primeira posição não 
influenciará em nada na classificação de 30 outros candidatos negros, já 
que seu ingresso é pela lista geral. 
Ocorre que esta regra não guarda nenhuma relação com o número 
de provas discursivas a serem corrigidas. Não há confundir a referência a 
"candidatos negros aprovados dentro do número de vagas" com 
eventual alusão ao cômputo total de provas a serem corrigidas, 
equivalentes a quatro vezes o número de vagas. Uma coisa é o legislador 
estipular que o ingresso de candidato negro que alcançou pontuação 
condizente com aprovação dentro do número de vagas da lista geral 
não deve influenciar quem ingressará nas vagas especificamente fixadas 
no edital (20% do total); outra totalmente diversa é adotar tal premissa 
como válida e impositiva para parâmetros alheios ao ponto regulado, 
como é o caso da aferição do número de provas a serem corrigidas para 
vagas reservadas a partir da colocação dos candidatos negros na lista 
geral. 
Em verdade, a premissa que orbita sobre a pretensão autoral é 
relevante e perspicaz, mas não tem lastro no ordenamento jurídico. Com 
efeito, ainda que se possa cogitar num edital uma regra equivalente à 
defendida pelo MPF, não há como impô-la se não contemplada nas 
regras do certame, ante a ausência de base legal para tanto. 
Acresça-se que, em oposição ao defendido pelo MPF, o item 6.11 do 
edital do concurso não dá guarida à sua irresignação, pois a regra não 
tem nenhuma relação com aquela do item 10.9.1, que trata do número 
de provas a serem corrigidas. Em verdade, impõe-se observar que o 
Ofício Cebraspe nº 2645/2018 (fls. 464-471 do PROCADM2) esclarece que 
a inclusão do indigitado item partiu de irresignação do próprio MPF em 
certame distinto, quando então se convencionou que os candidatos 
negros que alcançassem pontuação que os colocasse nas posições 
equivalentes ao número de vagas da lista geral, e não ao número de 
candidatos que terão suas provas discursivas corrigidas, não serão 
computados na lista das vagas reservadas. 
Enfim, a reserva de vagas em ações afirmativas não tem relação com 
o critério de número de provas a serem corrigidas. Em concursos em que 
uma das etapas é voltada a perquirir sobre o domínio do candidato no 
processo discursivo escrito, com enfoque na análise de exposição de 
ideias, conhecimento do tema, capacidade de expressão na 
modalidade escrita e o uso das normas do registro formal culto da Língua 
Portuguesa, é comum a adoção de medidas que evitem a correção das 
provas escritas de todos os candidatos, processo sabidamente mais 
moroso e custoso. 
(...) 
Cabe destacar, por derradeiro, que a forma de apuração das listas 
de aprovados pelos réus contempla plenamente os objetivos da ação 
17/27
 
 
18 
 
afirmativa, bastando, para tanto, verificar que, à luz da prova objetiva, 
teriam sido aprovados candidatos negros na lista geral (9 no total), os 
quais não mitigariam o ingresso de outros 30 candidatos negros através 
da lista reservada. 
(...) 
Em relação à decisão do CNJ proferida no Procedimento de Controle 
Administrativo 0005149-79.2015.2.00.0000, citada à fl. 16 da inicial, cabe 
destacar que ela coaduna com o teor do art. 6º da Resolução nº 
203/2015 daquele conselho, que aduz o seguinte: 
(...) 
O § 2º, acima grifado, bem esclarece a questão ao aludir a 
candidatos negros "aprovados dentro do número de vagas oferecido 
para ampla concorrência". Leva-se em conta, como exaustivamente 
tratado acima, o número de aprovados nas vagas ofertadas, pouco 
importando o número de provas que serão corrigidas. A regra, portanto, 
na esteira da legislação federal, partiu da premissa de que os candidatos 
negros aprovados dentro do número de vagas, ou seja, aqueles que, em 
tese, se só houvesse uma fase no certame, seriam nomeados, não devem 
integrar a lista reservada à ação afirmativa. 
Assim, não obstante os percucientes argumentos estampados na 
peça vestibular, não há vingar a pretensão. 
(...) 
Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido da parte autora, 
extinguindo o feito na forma do art. 487, I, do CPC. 
 
Ainda com vistas a garantir a aprovação de candidatos negros e o 
provimento de todas as vagas a eles reservadas, restou disposto no subitem 6.10 
do Edital Concurso PRF nº 1, de 18 de janeiro de 2021, que no decorrer do 
concurso, os candidatos autodeclarados negros classificados ou aprovados 
dentro do número de vagas oferecido a ampla concorrência, constarão tanto 
da lista dos aprovados nas vagas da ampla concorrência como também da lista 
dos aprovados para as vagas reservadas aos candidatos negros, em todas as 
fases do concurso, nos seguintes termos. 
 
6.10 Em cada uma das fases do concurso, não serão computados, para 
efeito de preenchimento do percentual de vagas reservadas a 
candidatos negros, nos termos da Lei nº 12.990/2014, os candidatos 
autodeclarados negros classificados ou aprovados dentro do número de 
vagas oferecido a ampla concorrência, sendo que esses candidatos 
constarão tanto da lista dos aprovados dentro do número de vagas da 
ampla concorrência como também da lista dos aprovados para as vagas 
reservadas aos candidatos negros, em todas as fases do concurso. 
(Grifou-se). 
 
Importa registrar que o referido dispositivo traduz, em sua 
integralidade, a retificação editalícia almejada pelo MPF, conforme 
expressamente requerido: 
 
“retificar o Edital Concurso PRF nº 1, de 18 de janeiro de 2021, para que 
os candidatos autodeclarados negros aprovados nas provas objetivas e 
classificados dentro do limite estabelecido no quadro do subitem 10.6.1 
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para a ampla concorrência não sejam contabilizados no quantitativo de 
correções das provas discursivas de candidatos autodeclarados negros, 
constando tanto da listagem de candidatos da ampla concorrência 
quanto da listagem dos candidatos autodeclarados negros que tem 
direito à correção de suas provas discursivas, a fim de que sejam provas 
discursivas adicionais de outros candidatos negros aprovados” 
 
Veja-se Excelência que o dispositivo editalício acima contém 
exatamente o texto pretendido pelo MPF, razão pela qual não há retificação a 
ser feita, estando o entendimento do MPF já contemplado em edital. 
 
Nesta senda, resta cristalino, da simples leitura do § 1.º, do art. 3º, da 
Lei n.º 12.990/2014, bem como do subitem 6.10 já transcrito, que os candidatos 
negros classificados ou aprovados dentro do número de vagas disponibilizados 
na ampla concorrência, e não dentro da posição definida como corte em cada 
fase (cláusula de barreira),serão computados apenas na ampla concorrência, 
para efeito de preenchimento, em pese constarem nas duas listas. 
 
Equivocada e ilegal a pretensão do MPF, de que deveriam ser 
computados apenas na ampla concorrência todos os candidatos negros 
classificados dentro da posição definida como corte, em ampla concorrência, 
para correção da prova discursiva, ao passo que a lei é expressa ao determinar 
que não sejam computados tão somente aqueles classificados dentro do 
número de vagas oferecido. 
 
Além disso, cumpre registrar que, em verdade, a referida regra 
estabelecida no Edital de Abertura (subitem 6.10) sequer precisaria ter constado 
em edital, já que o STF, ao julgar o Ag. Reg. na Reclamação 35.188 DISTRITO 
FEDERAL, entendeu não haver a necessidade de assegurar a proporção de 20% 
no tocante à classificação de candidatos nas etapas intermediárias de 
concursos públicos. Leia-se: 
 
[...]O assessor Dr. Vinicius de Andrade Prado prestou as seguintes 
informações: Adriano Sombra de Paula assevera haver a Relatora 
do agravo de instrumento nº 1006776- 67.2019.4.01.0000, integrante 
da Quinta Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, 
olvidado o decidido na ação declaratória de constitucionalidade 
nº 41. Conforme narra, participa de concurso público para o cargo 
de Delegado de Polícia Federal, na condição, autodeclarada, de 
negro, considerada a reserva de vagas estipulada na Lei nº 
12.990/2014. Destaca constar do edital item segundo o qual 
concorrentes negros que tenham obtido nota suficiente à 
aprovação nas vagas não reservadas seriam delas excluídos. 
Acrescenta existir disposição a prever que, em todas as fases do 
certame, os nomes dos classificados nas cotas sociais com nota a 
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20 
 
revelar o êxito nas vagas de ampla concorrência deveriam figurar 
em ambas as listas. Realça que, embora 62 participantes cotistas 
hajam, na primeira etapa, alcançado nota suficiente à 
aprovação na lista ampla, a banca examinadora convocou 
apenas 9 candidatos negros, em caráter complementar, para as 
vagas reservadas. Sublinha que se levou em conta o quantitativo 
total de posições abertas para provimento imediato, e não o 
número de negros que teriam a prova corrigida na fase inicial. 
Salienta a impetração de mandado de segurança – de nº 
1002372-55.2019.4.01.3400 – visando o prosseguimento no 
concurso. Ante o insucesso do pedido de liminar, sobreveio agravo 
de instrumento, havendo a Relatora indeferido a tutela provisória 
de urgência, surgindo daí o alegado desrespeito. Sustenta 
contrariado o paradigma, porquanto caberia apurar o percentual 
de vagas reservadas em cada etapa, e não somente ao fim do 
certame, considerados os cargos estabelecidos no edital para 
provimento imediato. Frisa que o mesmo número de candidatos 
negros aprovados, na primeira fase, nas vagas de ampla 
concorrência deve ser reposto na lista de vagas reservadas, 
aludindo ao previsto no artigo 3º, cabeça e § 1º, da Lei nº 
12.990/2014, bem assim ao assentado no processo objetivo. Argui 
inadequada convocação de cotistas, com êxito na lista de ampla 
concorrência, até o limite de cargos para provimento imediato, 
cabendo observar a proporção de reserva no tocante ao 
quantitativo total estipulado para correção das provas de cada 
etapa. Menciona a própria permanência no concurso caso 
observada a referida sistemática. Sob o ângulo do risco, alude à 
eliminação indevida do certame, o qual está em fase adiantada. 
Requer, em sede liminar, seja garantida a participação nos demais 
estágios do concurso, mediante a correção da prova dissertativa, 
com abertura de prazo para recurso e subsequente publicação 
do resultado provisório respectivo. Busca, alfim, a cassação do ato 
impugnado. 
[...] 
V O T O 
SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO (RELATOR) – 
Conforme assentado no pronunciamento agravado, inexiste 
identidade material entre o paradigma evocado e a matéria 
versada no ato reclamado, porquanto o decidido na ação 
declaratória de constitucionalidade nº 41 não alcançou 
controvérsia alusiva à necessidade de guardar-se a proporção de 
20% no tocante à classificação de candidatos, prevista na Lei nº 
12.990/2014, nas etapas intermediárias de concursos públicos. 
(AG.REG. NA RECLAMAÇÃO 35.188, Relator Ministro Marco Aurélio, 
Primeira Turma, julgado em 19/11/2019, DJe de 02/12/2019). 
(Grifou-se). 
 
Assim, a despeito de o STF ter o entendimento de não haver 
obrigatoriedade em se observar a proporção de 20% no tocante à classificação 
de candidatos, prevista na Lei nº 12.990/2014, nas etapas intermediárias de 
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concursos públicos, optou-se por adotar a regra contida no subitem 6.10, por ser 
ela mais benéfica aos candidatos negros e capaz de garantir o efetivo 
provimento das vagas a eles reservadas. 
 
Evidenciado está que as regras regedoras do certame em comento 
se coadunam integralmente com a legislação vigente e a jurisprudência firmada 
em sede constitucional. 
 
4.3 DA APLICAÇÃO CONCRETA DO § 1.º DO ART. 3.º DA LEI N.º 12.990/2014 E DO 
SUBITEM 6.10 DO EDITAL DE ABERTURA NA CORREÇÃO DAS PROVAS DISCURSIVAS 
 
Esclarecido que não serão computados, em cada fase, para efeito 
de preenchimento das vagas reservadas ao sistema de cotas raciais os 
candidatos negros aprovados dentro do número de vagas oferecidas, e não 
dentro da posição definida como corte em cada fase, passe-se a demonstrar 
que, no concurso em tela, foi respeitado exatamente o que dispõem o §1.º, do 
art. 3.º da Lei n.º 12.990/2014 e subitem 6.10 do edital de abertura, quanto ao 
cômputo dos candidatos negros. 
 
A publicação do Edital Concurso PRF n.º 11, de 27 de maio de 2021 
obedeceu estritamente ao disposto no § 1.º do art. 3.º da Lei n.º 12.990/2014 e 
ao subitem 6.10 do Edital de abertura. 
 
Nesse ponto, é importante esclarecer que o Cebraspe é conhecido 
nacionalmente pela eficiência e a alta capacitação técnica observadas na 
realização de concursos e processos seletivos públicos bem como por cumprir 
leis e regras dispostas em editais de forma clara e objetiva. Para isso, desenvolve 
métodos e procedimentos na execução dos certames que realiza sempre 
pautado na legalidade. 
 
Conforme demonstrado acima, o item 4 do edital de abertura 
ofereceu 1.125 vagas para a ampla concorrência, veja-se novamente: 
 
 
 
Além disso, conforme subitem 10.6.1 seriam corrigidas as provas dos 
candidatos aprovados na prova objetiva e classificados até as posições 
seguintes: 
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Dessa forma, em atendimento ao subitem 6.10, acima transcrito, os 
candidatos negros aprovados dentro do número de 1.125 vagas, foram 
computados, para efeito de preenchimento, somente na lista da ampla 
concorrência, apesar de figurarem tanto na lista da ampla concorrência, 
quanto na lista das vagas reservadas aos candidatos negros. 
 
Verificou-se que no concurso 183 candidatos negros se 
classificaram dentro do número de vagas oferecidas à ampla concorrência 
(1.125). 
 
Assim, foram corrigidas as provas dos candidatos negros em caráter 
complementar, na mesma quantidade de candidatos negros classificados 
dentro do número de vagas da ampla concorrência. 
 
Assim, deveriam ser corrigidas as provas discursivas dos candidatos 
classificados até a 1.200º posição. 
 
Ocorre que, considerando a necessidade de correção em caráter 
suplementar aos 183 candidatos que foram computados na ampla 
concorrência, foram corrigidas, no total, 1.407 provas discursivas de candidatos 
que concorrem às vagas reservadas aos candidatos negros, sendo que 183 
desses candidatos foram contabilizados na lista da ampla concorrência e 1224 
candidatos, nas vagas reservadas aos candidatos negros, considerados os 
empates na última posição. 
 
O diagrama de Venn abaixo, em que não foram considerados 
candidatos sub judice, explicita exatamente as intercessões existentes entre os 
sistemas de concorrência ocupadas por candidatos que simultaneamente 
constam em mais de um sistema para o cargo de Policial RodoviárioFederal. 
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Resta certo, portanto, que o quantitativo previsto para correção de 
provas discursivas de candidatos negros, classificados até a posição 1.200º, foi 
devidamente observado. 
 
Desse modo, resta comprovado que, in casu, as regras editalícias 
foram devidamente observadas, em especial ao disposto no subitem 6.10 do 
edital, de modo que os candidatos negros classificados ou aprovados dentro do 
número de vagas oferecido a ampla concorrência, não foram computados, 
para efeito de preenchimento do percentual de vagas reservadas a candidatos 
negros (convocação de candidatos negros em caráter complementar em 
quantitativo equivalente aos candidatos negros aprovados e classificados 
dentro do número de vagas da ampla concorrência) para efeitos de correção 
das provas discursivas, e assim o será nas fases subsequentes do concurso. 
 
Ressalta-se que o concurso em tela está sendo realizado para o 
provimento das vagas definidas no item 4 do edital de abertura, não havendo 
cadastro de reserva. Ademais, o subitem 18.6 do edital de abertura estabelece 
que somente serão convocados para o Curso de Formação os candidatos não 
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eliminados na primeira etapa do concurso e classificados dentro do exato 
número de vagas previsto no edital. 
 
Portanto, o preenchimento das vagas reservadas aos candidatos 
negros está em total consonância com a legislação vigente, com a 
jurisprudência sobre a matéria, bem como com o subitem 6.10 retromencionado, 
de modo que não há nenhum tipo de vício ou irregularidade a ser sanada. 
 
4.4 DA IMPOSSIBILIDADE DE INTERVENÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO NO MÉRITO 
ADMINISTRATIVO 
 
No caso dos autos, o MPF pretende que o poder Judiciário altere os 
critérios de avaliação e classificação adotados pela Polícia Rodoviária Federal 
e pela banca examinadora para o certame em questão, em clara substituição 
a estes, o que não é admitido pelo ordenamento jurídico pátrio. 
 
Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal (STF) já sedimentou o 
entendimento de que, em se tratando de certames públicos, a intervenção 
judicial somente estaria autorizada em hipóteses excepcionais, em casos de 
flagrante ilegalidade ou inconstitucionalidade, conforme se depreende das 
ementas que se pede vênia para transcrever. In verbis: 
 
Agravo regimental no recurso extraordinário com agravo. Administrativo. 
Controle jurisdicional do ato administrativo em que se avaliam questões 
de concurso público. Possibilidade, em casos excepcionais. Análise das 
cláusulas do instrumento convocatório e do conjunto fático-probatório 
da causa. Impossibilidade. Precedentes. 1. O Supremo Tribunal Federal, 
no exame do RE nº 632.853/CE-RG, Relator o Ministro Gilmar Mendes, 
Tema 485, firmou o entendimento de que, “excepcionalmente, é 
permitido ao Judiciário juízo de compatibilidade do conteúdo das 
questões do concurso com o previsto no edital do certame”. 2. Não se 
presta o recurso extraordinário para a análise de cláusulas de edital de 
concurso público, tampouco para o reexame do conjunto fático-
probatório da causa. Incidência das Súmulas nºs 454 e 279/STF. 3. Agravo 
regimental não provido. 4. Inaplicável o art. 85, § 11, do CPC, haja vista 
tratar-se, na origem, de mandado de segurança (art. 25 da Lei nº 
12.016/09). 
(ARE 843047 AgR, Relator(a): Min. Dias Toffoli, Segunda Turma, julgado em 
05/05/2017, acórdão eletrônico DJe-111, divulgado em 25-05-2017, 
publicado em 26-05-2017) 
 
Recurso extraordinário com repercussão geral. 2. Concurso público. 
Correção de prova. Não compete ao Poder Judiciário, no controle de 
legalidade, substituir banca examinadora para avaliar respostas dadas 
pelos candidatos e notas a elas atribuídas. Precedentes. 3. 
Excepcionalmente, é permitido ao Judiciário juízo de compatibilidade do 
conteúdo das questões do concurso com o previsto no edital do 
certame. Precedentes. 4. Recurso extraordinário provido. 
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(RE 632853, Relator(a): Min. Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, julgado em 
23/04/2015, Acórdão Eletrônico Repercussão Geral - mérito DJe-125 
divulgado em 26-06-2015, publicado em 29-06-2015). (Grifou-se) 
 
As exceções à regra ocorrem apenas nas hipóteses de flagrante 
ilegalidade, que, como restou demonstrado nos autos, não existe. 
 
Nesse sentido, o mestre de Direito Administrativo, Hely Lopes 
Meirelles, assim lecionou na obra Direito Administrativo Brasileiro, 16. ed., São 
Paulo, RT, 1991, p. 602-603: 
 
[...] não se permite ao Judiciário pronunciar-se sobre o mérito 
administrativo, ou seja, sobre a conveniência, oportunidade, 
eficiência ou justiça do ato, porque, se assim agisse, estaria 
emitindo pronunciamento de administração, e não de 
jurisdição judiciária. O mérito administrativo, relacionando-se 
com conveniências do governo ou com elementos técnicos, 
refoge do âmbito do Poder Judiciário, cuja missão é a de 
aferir a conformação do ato com a lei escrita, ou, na sua 
falta, com os princípios gerais do Direito (Direito 
Administrativo Brasileiro. 24. ed., p. 639). 
 
Assim, não cabe ao Poder Judiciário, no controle jurisdicional da 
legalidade do concurso, substituir a banca examinadora, alterando critérios de 
seleção e avaliação, quando tais critérios tiverem sido exigidos de modo regular 
e imparcial de todos os candidatos, como no caso em exame. 
 
5 DAS RAZÕES PARA O INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA 
 
Segundo a sistemática prevista no art. 300 do CPC, é possível o 
deferimento da tutela de urgência nos casos em que “houver elementos que 
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou risco ao resultado 
útil do processo”. 
 
In casu, inexistem elementos que evidenciem a probabilidade do 
direito alegado pelo MPF, capazes de ensejar o deferimento do pedido de tutela 
de urgência, uma vez que: 
 
1) a interpretação conferida pelo MPF ao § 1.º, do art. 3.º, da Lei 
n.º 12.990/2014 e ao subitem 6.10 do edital de abertura, se 
mostra equivocada, conforme demonstrado; 
2) o número de vagas de ampla concorrência não pode ser 
confundido com a posição definida como corte na 
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classificação da prova objetiva para se prosseguir no certame 
mediante a correção da prova discursiva, cláusula de barreira 
(subitem 10.6.1 do edital de abertura); 
 
3) a pretensão do MPF viola o § 1.º do art. 3.º da Lei 12.990/2014, pois 
nem todos os candidatos negros que estão dentro do quantitativo de 
provas discursivas corrigidas em ampla concorrência (candidatos 
classificados até a 4.500.ª posição em ampla concorrência) estão 
dentro do número de vagas ofertadas para ampla concorrência 
(1.125); 
 
4) 183 candidatos negros que tiveram a prova discursiva estão dentro 
do número de vagas ofertadas em edital (1.125) e não foram 
computados na lista de candidatos negros, gerando a correção 
adicional de provas discursivas de outros candidatos negros. Os 
demais candidatos negros que não ficaram posicionados dentro do 
número das vagas ofertadas em ampla concorrência foram 
computados nas duas listas, conforme exigência legal; 
 
5) o percentual de reserva de vagas para os candidatos negros (20%) 
está sendo observado em todas as fases do certame; e 
 
6) o pedido liminar provoca insegurança jurídica aos candidatos, e fere 
os princípios que regem a Administração Pública, especialmente os 
princípios da legalidade, da vinculação ao edital e da isonomia, bem 
como interfere no mérito da Administração Pública. 
 
De igual forma, inexistente o perigo de grave lesão e de difícil 
reparação, uma vez que a Lei n.º 12.990/2014 está sendo aplicada corretamente 
no certame. 
 
Pelo contrário, existe o perigo de grave lesão e de difícil reparação 
inverso, uma vez que o concurso já está em andamento e possui cronograma a 
ser seguido, de modo que eventual alteração de regra após a divulgação dos 
resultados do exame de aptidão física, da avaliação psicológica e da Ficha de 
Informações Confidenciais (FIC) gera insegurança jurídica e compromete o 
cumprimentodo cronograma do concurso, provocando atraso no resultado 
final e na nomeação e posse dos aprovados. 
 
Portanto, ausentes os elementos que evidenciem a probabilidade 
do direito e o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo ao MPF, deve 
ser indeferido o pedido de tutela de urgência formulado na inicial. 
 
 
 
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6 DOS PEDIDOS 
 
Ante o exposto, requer a Vossa Excelência que: 
 
a) seja indeferido o pedido de tutela de urgência, ante a 
ausência de probabilidade do direito, conforme 
demonstrado anteriormente; 
 
b) seja determinado que o MPF promova a citação do 
litisconsortes passivos necessários, sob pena de extinção 
do processo; 
 
c) ao final, sejam julgados improcedentes os pedidos 
iniciais, pois a pretensão do MPF contraria as regras do 
concurso, fere a legislação vigente, o interesse público, a 
doutrina de Direito Administrativo e a jurisprudência 
unânime no País; 
 
d) seja o MPF condenado ao pagamento de custas e de 
honorários sucumbenciais, nos termos do art. 85, do CPC. 
 
Provar-se-á o alegado com os documentos anexos à Contestação 
e por todos os meios de provas em direito admitidos, assim como juntada de 
novos documentos, caso necessários. 
 
Pugna, ainda, que todas as publicações sejam feitas no nome do 
advogado Daniel Barbosa Santos, inscrito na OAB/DF sob o nº 13.147, sob pena 
de nulidade. 
 
Termos em que pede e espera deferimento. 
 
Brasília, 19 de julho de 2021. 
 
 
Daniel Barbosa Santos Fabiane Silva Araújo de Almeida 
OAB/DF n.º 13.147 OAB/DF n.º 28.650 
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21071901123084300000004998993
Processo: 0803436-31.2021.4.05.8500
Assinado eletronicamente por: 
FABIANE SILVA ARAUJO - Advogado
Data e hora da assinatura: 19/07/2021 01:14:08
Identificador: 4058500.4985760
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfse.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam
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