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Resenha Crítica da Matéria Design de Interfaces

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Resenha Crítica da Matéria Design de Interfaces.
A) A conexão entre as ideias do Caso e as do conteúdo da disciplina.
Ao ir para o online a indústria jornalística precisou reformular toda a sua estrutura, no sentindo daquilo que ela apresentava ao consumidor. Visto que a relação do leitor com o jornal impresso entrelaçava uma gama muito grande de conteúdo que iria além da notícia das manchetes. Isto é, ao comprar um jornal em uma jornaleira, o consumidor era impactado por diversos anúncios, classificados, tirinhas e outros conteúdos que juntos formavam o todo do jornal.
Porém, com a entrada da internet na vida desses leitores, a junção existente entre notícia, publicidade e outros conteúdos se separam, fazendo com que no ambiente online cada qual encontre seu nicho de atuação. É notório o impacto que isso leva a indústria jornalística que estava habituada a uma forma de atuação: o impresso. 
Dessa forma, ao entrar no ambiente online, os jornais buscaram maneiras de conseguir captar a atenção do leitor e, assim, não desvalorizar o principal produto dos jornais: o jornalismo.
Contudo, a indústria jornalística ainda não estava preparada para entender a relação deste novo leitor com o ambiente digital. 
Mesmo que a proporção de leitores online tenha crescido muito nos primeiros anos de 2000, marcas acostumadas com o impresso tomaram decisões de risco que iam contra a adaptação ao novo comportamento dos usuários da internet, como, por exemplo, investir apenas em entrega domiciliar, abandonando qualquer estratégia que poderia existir no digital. De certo modo, cada marca obteve uma reação, independentemente de ser certo ou errado, a adaptação a uma nova realidade estava sendo feita, tendo em vista continuar a promover uma experiência adequada ao consumidor buscando agregar valor à matéria que era oferecida.
Por outro lado, os jornais que decidiam investir no universo digital, enfrentaram a imensa barreira de criar uma experiência duradoura com o leitor, podendo disponibilizar interatividade na exploração de seus conteúdos, de modo que houvesse visitantes frequentes e fiéis em suas redes.
E, novamente, para que as marcas conseguissem atingir esses objetivos, houve diversas decisões distintas para cada empresa. Já que o comportamento do consumidor se alterou no ambiente digital, a linguagem das marcas também se viu com a necessidade de mudança, com isso houve a alteração de estrutura do jornal, como foi dito anteriormente, quando ele foi inserido no digital. 
Alguns jornais procuravam possuir uma interface que ainda poderia lembrar a um jornal impresso, porém com a praticidade do virtual, como, por exemplo, o jornal The New York Times que buscava encontrar seu lugar em meio a esse novo universo, no entanto, conforme o caso de muitos na mesma indústria, ainda existia desorientação de como deveria ser medido o valor da informação nesse novo canal de distribuição.
Por isso, propostas com a PayWall começaram a ser desenvolvidas a fim de definir os padrões que deveriam ser seguidos para a aquisição de propriedade informativa no digital.
Introdução:
O artigo A “paywall” do The New York Times, apresenta a empresa jornalística de grande renome mundial a The New York Times Company que atua como uma das maiores responsáveis por distribuição de notícias informativas do mundo. O NYT recebe o título de jornal referência, tendo recebido mais de 117 prêmios Pulitzer desde a sua fundação em 1851 por Henry Jarvis Raymond e George Jones. Além disso, após a criação do seu site, em 1996, o jornal também obteve o título de relevância na publicação de conteúdo online.
O caso apresentado por Harvard, aborda a implementação de uma Paywall, isto é, aplicação de taxa na qual os visitantes de um site possam acessar o conteúdo. Essa restrição foi introduzida no jornal The New York Times em 2011 e a partir do texto é possível saber de que maneira a utilização dessa estratégia para a retenção e fidelização de leitores poderia impactar o mercado da indústria jornalística que, durante a época, tinha o grande desafio de se adaptar ao novo consumidor que surgia por meio de um novo canal de distribuição, a Internet.
Dessa forma, o jornal The New York Times implementou em março de 2011 uma nova estratégia que poderia servir como forma de identificação de seus leitores mais assíduos, essa nova maneira de interagir com o público pode ser chamada de Paywall. Ou seja, o site The New York Times optou por ter seu acesso limitado a uma quantidade de 20 artigos por mês para cada usuário que não possuísse a assinatura digital.
Desde 1996 até 2011, o site nytimes.com não havia cobrado dos seus leitores pelo conteúdo divulgado, a não ser durante o período de 2005 a 2007 com o lançamento do programa TimesSelect onde o jornal cobrava uma taxa de U$$ 49,95 ao ano para que o usuário tivesse permissão de ler conteúdos exclusivos de colunistas com renomes no jornalismo, porém a iniciativa do TimesSelect não obteve o sucesso esperado pela empresa, levando ao seu desvalimento em 2007.
Entretanto, o NYT esperava promover uma reação diferente do público com esse novo modelo de Paywall. Uma vez que, como grande parte da indústria jornalística da época, o jornal procurava se adaptar ao digital para consequentemente aumentar a receita produzida nesses meios. E isso era um objetivo que rondava a indústria jornalística como um todo, fazendo com que outros jornais observassem, com certa expectativa, a tentativa do Times de erguer sua presença no ambiente online.
Contudo, a promoção deste novo modelo criava opiniões diferentes no mercado, enquanto os diretores do Times acreditavam no potencial da estratégia, outros acreditavam que o novo sistema utilizado pelo jornal era ultrapassado, sendo uma decisão que não visava resolver o problema a longo prazo. Uma vez que, na internet, a distribuição de notícias deveria ser feita de maneira gratuita, para que, assim, pudesse motivar os leitores a procurar cada vez mais informações em seus sites jornalísticos. Essa é uma ideia que pode ser vista no conteúdo na seguinte passagem: "É meio triste que, no lugar de lutar para determinar o futuro da precificação na era digital, o Times tenha optado por lutar uma batalha invariavelmente já perdida e fixar-se no passado." (Michael DeGusta, p.2).
Apesar disso, era notória que a iniciativa ainda carregava um peso de extrema importância para o NYT que é um jornal reconhecido como uma das principais fontes de informação pelo mundo, mesmo que durante os anos de 2008 a 2011, as receitas estivessem em declínio, como apontado no estudo de caso: “As receitas publicitárias em 2011 eram 6% menores em comparação a 2010 e, mesmo com os cortes de custo realizados, o lucro operacional em 2011 foi de 76% menor que no ano anterior.” (Vineet Kumar, Bharat Anand, Sunirl Gupta, Felix Oberholzer-Gee. 2012, p.3)
No entanto, a indústria jornalística de maneira geral, vivia também com o declínio cada vez maior das fontes de receitas, principalmente por ter grande parte das suas fontes de lucro centralizada na assinatura do jornal impresso. Ainda não era o canal predileto dos consumidores, mas a internet já oferecia influência no público-alvo dos leitores assíduos, uma vez que a maneira de se conseguir a notícia se transformou mais acessível e muita das vezes disponibilizada gratuitamente, fazendo com que o jornal impresso se tornasse menos desejado pelos consumidores.
Por outro lado, aqueles que optavam por entrar no ambiente digital encontravam novas chances para manter o jornal presente na vida dos leitores, mas também se deparavam com novos desafios para captar a atenção do seu novo público virtual. Já que o jornal precisou mudar sua forma quando entrou nesse novo meio.
De outro modo, no físico o jornal funciona como uma espécie de pacote de conteúdo e publicidade, ou seja, possui desde matérias até tirinhas infantis. O jornal impresso atinge desde os desempregados que avaliam os classificados até os economistas que avaliam tabelas do mercado financeiro. Porém, com a entrada da internet na vida dessesleitores, a junção existente entre notícia, publicidade e outros conteúdos deixa de haver, pois no ambiente online cada tema terá seu próprio lugar (site) de atuação, fazendo com que o jornal precise valorizar o seu principal produto: A matéria.
Dessa maneira, como resultado e preocupação com o futuro incerto no meio online, os jornais que alcançaram o ambiente digital iniciaram sua atuação disponibilizando o seu conteúdo de maneira gratuita em seus sites, por isso, houve um crescente aumento no número de leitores online, o que levou a internet se posicionar em segundo lugar como fonte preferida de notícias como foi destacado pelos autores do estudo.
Todavia, o aumento das visualizações online ainda não representava uma receita suficiente para suprir a queda do jornal impresso, levando a diversos jornais locais a mudarem sua forma de atuação com o papel. 
Dessa forma, a Paywall era uma possível saída para o aumento da receita online, mas também uma opção duvidosa e ainda pouco utilizada. Os jornais ainda possuíam receio em sua aplicação, mesmo que o The Wall Street Journal fosse um exemplo positivo da atuação do modelo, com 15 milhões de visitantes únicos semanais, não era possível levá-lo em comparação com os outros jornais, pois se tratava de um produto de nicho específico tendo conteúdo segmentado para o mercado financeiro.
E como foi mencionado no conteúdo pelos autores anteriormente, a internet ainda era um meio incerto quando se pensava em distribuição de notícias e precificação delas, não só no mercado jornalístico, mas também em diversos outros como o da música. Cabia as empresas compreenderem que havia uma mudança na experiência do consumidor que agora era digital e, como foi apontado no estudo, que seu novo comportamento iria, mais tarde, definir novos parâmetros para a determinação de valor e custo.
Outro fator de importante relevância mostrado no texto, é o lançamento do Ipad em 2010, no qual promoveu outra problemática de opiniões divergentes a respeito da mudança de hábito que o produto iria levar ao leitor de notícias. Enquanto muitos acreditavam ser a solução para as questões do jornalismo, outro viam como o ponto final da indústria. No entanto, as pesquisas apresentadas no estudo, mostraram resultados positivos sobre o usuário dessa tecnologia, podendo ser ele um consumidor mais suscetível a acompanhar notícias online. Contudo, eles tampouco pensavam em adquirir uma assinatura digital de algum jornal. O temor pela nova tecnologia era plausível, visto que o novo aparelho apresentou um ponto crucial para alteração no modo de vida dos consumidores.
Nesse sentido, o Jornal The New York Times, ao desenvolver seu novo sistema de cobrança para o usuário, pensou em qual seria a melhor maneira de implementar esse sistema para o leitor de notícias online. Considerando que o jornal já havia experiências com outras Paywalls, como a Times Select já mencionada neste texto, que foi tirada do ar após a empresa perceber que as notícias pagas pelo consumidor online poderiam estar disponíveis em outros canais como as mídias sociais ou blogs, nos quais ele encontraria em outros blogs ou redes sociais. Além desta paywall, o jornal também teve outra implementada com o lançamento do site que visava cobrar taxas para usuários estrangeiros, porém logo foi deixada de lado, uma vez que a proposta ia contra o objetivo de expandir a marca ao redor do mundo.	Comment by Stephanie Moraes: Lembrar de verificar se se tratava de notícias similares ou simplesmente outras notícias, mas com veiculação mais acessíveis.
Por isso, ao escolher um novo modelo de Paywall, o jornal Times reviu toda sua vivência anterior e observou a experiência dos concorrentes, como apontado no conteúdo. Ao final, sua escolha resultou em um sistema de contagem onde o usuário teria um limite de 20 artigos para ler gratuitamente, mas ao ultrapassar esse limite seria requisitado que o leitor fizesse uma assinatura digital. Além disso, também, aplicado a esse modelo, foi escolhido a oferta de acordo com o dispositivo usado, ou seja, aproveitando a grande ascensão dos dispositivos mobile e até mesmo o lançamento do Ipad, essa opção visava utilizar o mesmo sistema de contagem de 20 artigos por mês, porém levando em consideração o tipo de aparelho usado pelo consumidor e a utilização de aplicativos da do iphone ou ipad. É importante mencionar que nesses aplicativos as manchetes de seções era livre para os usuários independente de cadastro ou da contagem de artigos lidos. 
Dessa forma, a Paywall é exposta pelos autores como uma forma de agregar valor para os leitores mais fiéis, sem ignorar os leitores casuais. Seguindo esse raciocínio, esse novo modelo entregava notícias de maneiras distintas em diferentes canais digitais. Por exemplo, usuários que utilizavam o Google para encontrar o site possuíam um limite de 5 matérias diárias, diferente dos que usavam o Facebook ou Twitter onde não havia regras sobre a quantidade de conteúdo acessado.
No entanto, como foi mencionado no estudo de caso: “Assim, a companhia criou uma espécie de “paywall com frestas”, ao invés de uma “paywall a prova de balas”. (Vineet Kumar, Bharat Anand, Sunirl Gupta, Felix Oberholzer-Gee. 2012, p.8) Ou seja, ao invés de requisitar o cadastro para todos que tentavam acessar o site, o NYT criou diferentes regras para diferentes plataformas, com o intuito de promover buzz para as matérias publicadas.
A respeito da precificação no digital que era uma pauta persistente para as marcas da época, o jornal The New York Times entrou no mercado com uma proposta que iria contra as médias dos concorrentes, fazendo com que o assinante digital pagasse uma média de U$$ 4,00 por semana, sendo que os optasse pela edição impressa poderia acessar ilimitadamente o jornal pelas mídias digital. 
Conferindo uma promoção que viabilizasse parcerias, para melhor inclusão do modelo, o NYT fez um acordo comercial com a fabricante de automóveis Lincoln, onde a empresa de carros pudesse expandir a publicidade online no jornal.
Com isso, The New York Times Journal, após adaptações no seu planejamento, acompanhou os assinantes digitais crescendo cada vez mais e a indústria entendia que era possível criar receita no online atrelada a publicidade digital.
Porém, a dúvida ainda pairava sob o ar de muitas empresas jornalísticas que temiam a existência da Paywall a longo prazo. Ainda que estivesse funcionando com o NYT, pouco era garantido que esse modelo teria forças para perdurar durante a próxima década.
No entanto, para todo o mercado, era visível a necessidade de mudança do modelo de negócio atual para o digital, as empresas compreendiam que precisavam novas estratégias para chegar nesse consumidor conectado. Por isso acompanhavam de perto a vivência do jornal The New York Times, para que pudesse seguir seus passos caso o modelo fosse bem-sucedido, ou excluísse do planejamento caso levasse um jornal de grande renome ao declínio. 
A Paywall do New York Times, portanto, funcionou como uma das pioneiras em aplicação de taxas aos leitores de notícias online, sendo feita por um jornal de grande circulação, responsável pela distribuição das principais notícias mundialmente. 
Com um início conturbado, acompanhando de várias opiniões contrárias no mercado, o jornal conseguiu obter resultados e ser reconhecido pelo público ao final, porém, é notória que houve uma adaptação do modelo de negócio do físico para o digital. Isto é, o jornal soube ajustar sua linguagem para o público online em uma época em que muitos da mesma indústria tentavam entender o que era o consumidor digital.
Ou seja, conseguir captar a atenção desse novo cliente significava rever o conceito de usabilidade, interface, promoção e outros, de uma marca. Uma vez que no online o método mais eficaz de posicionamento sempre estava alavancado com a interação de seu público-alvo. Criar sites, blogs, mídias sociais que pudessem ser utilizadas de maneira intuitiva e com interfaces amigáveis, se tornou a principal necessidade para que as marcas pudessem sobrevivernesse meio
Contudo, mesmo conseguindo suprir esses pontos importantes, o jornal ainda enfrentava outros desafios para erguer sua presença online e conseguir fonte de receita palpável para a empresa. 
Desse modo, apesar de ser considerada uma ideia pouco inovadora e com resquícios de algo ultrapassado, a Paywall conseguiu definir espaços, comunicando ao consumidor o que era a precificação no digital e, de certa forma contribuindo para o entendimento de que a informação segura possui um preço a ser pago.
Nos dias atuais, essa ideia de precificação no digital já é algo enraizado. Para o consumidor é normal pagar para obter serviços online como Netflix, Spotify e outras plataformas, principalmente com a propagação de Fake News nos últimos anos, ser fiel a um canal de notícias significa não receber informações falsas, fazendo com que muitos optem por assinar ou contratar de fato um serviço de comunicações.
No Brasil, a primeira paywall a ser implementada foi do Folha de S. Paulo em 2012, apresentando o mesmo modelo do New York Times de 20 artigos por mês gratuitos, o modelo continuava em pleno vigor até o ano de 2020 quando o jornal optou por derrubar o modelo de Paywall devido a pandemia do COVID-19. Isso mostra que além da preocupação de produzir receita para o consumidor, o jornal ainda preza pela importância da distribuição jornalismo acima de tudo. 
O conteúdo, por fim, é rico em dados relevantes para entender os desafios encontrados pelas empresas jornalísticas no início da expansão do digital. Com o texto podemos entender que para uma marca começar a atuar na internet é preciso que modifique sua estrutura de produção de conteúdo e, no caso dos jornais, foi necessário até mesmo mudar o produto oferecido para que se adaptasse ao espaço-informação trazido pela formação da cultura digital.

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