Buscar

Capítulo 3 novo

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Cap. 3 - Contas Nacionais e Macroeconomia: identidades e teoria
Até agora vimos os princípios básicos que devem ser obedecidos pelos sistemas de contas nacionais e vimos também sua estrutura básica, de 4 ou 5 contas, que foi a que vigorou no plano internacional até 1993 e no Brasil até 1996. Vimos também que essa estrutura básica assenta-se na identidade Produto  Dispêndio  Renda, por isso chamada de identidade macroeconômica básica. O objetivo do presente capítulo é discutir justamente qual a relação da contabilidade nacional com a macroeconomia, o substantivo a partir do qual se adjetiva essa identidade (já que essa identidade, básica, é macroeconômica). Já antecipamos essa discussão no primeiro capítulo do livro. Nosso objetivo agora é aprofundar essa questão, seja apresentando brevemente a teoria keynesiana, a partir da qual se tornou possível o desenho do sistema de contas nacionais, seja estendendo a discussão até aqui feita das identidades macroeconômicas. 
3.1 Da Contabilidade Nacional à Macroeconomia: revisitando Keynes
Já comentamos, no início do Capítulo 1, a importância que teve, para a definição do formato e do conteúdo do sistema de contas nacionais, a Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, de John Maynard Keynes. Foi, como vimos, a partir da teoria macroeconômica, que teve seu nascimento com a publicação da Teoria Geral, em 1936, que foram envidados todos os esforços para a construção de um sistema a partir do qual pudesse ser observada a evolução dos agregados que são de fundamental importância na avaliação da performance econômica de um país. Portanto, foi partindo da macroeconomia que se chegou às contas nacionais. 
Fazendo o caminho inverso, mostraremos de que maneira as contas nacionais denunciam as relações sistêmicas (derivadas da teoria keynesiana) que lhes deram origem, as quais, de uma maneira ou de outra, ainda presidem senão os desenvolvimentos teóricos contemporâneos na área de macroeconomia, seguramente as análises quanto a crescimento, formação bruta de capital fixo, relações externas e outras tantas variáveis determinantes na análise evolutiva das economias reais.​
Essas considerações são importantes não apenas por conta do necessário registro histórico, mas também em função de uma questão metodológica. No capítulo 1, afirmamos que uma identidade contábil não implica nenhuma relação de causa e efeito entre as variáveis que a constituem. Poderia, portanto, parecer contraditório pretender agora derivar relações de causalidade a partir das identidades expressas nas contas nacionais. 
Contudo, é preciso lembrar que o objetivo maior de Keynes, ao escrever a Teoria Geral, foi contrapor-se à teoria econômica então dominante (a teoria neoclássica,� de orientação marginalista). Naquela abordagem chegava-se, entre outras, à conclusão de que a economia capitalista portava uma espécie de regulador automático que impedia as crises e o desemprego. Todo o desemprego então existente era tomado como desemprego voluntário, ou seja, considerava-se​ que as pessoas que eventualmente não estavam trabalhando encontravam-se em tal situação porque não se dispunham a ofertar sua força de trabalho aos salários vigentes. Em outras palavras, não trabalhavam porque não queriam.� 
A enorme crise dos anos 1930 mostrara a clara inadequabilidade de tal teoria para explicar a realidade. Keynes, portanto, tentou demonstrar que não existia o tal regulador automático e que, por conseguinte, a maior parte do desemprego era involuntário, vale dizer, decorrente de uma demanda por força de trabalho diminuta e, assim, incapaz de empregar toda a oferta existente. Para conseguir demonstrar essa situação, Keynes teve de fazer uma verdadeira revolução nas idéias econômicas e jogar por terra vários​ dos postulados que constituíam a espinha dorsal da teoria então dominante. 
Embrenhado nesse caminho, porém, Keynes não apenas questionou relações de causa e efeito tomadas como líquidas e certas até então, mas apontou para relações distintas e muitas vezes opostas àquelas, forjou novos conceitos (como o de incerteza, o de preferência pela liquidez, o de custo de uso) e revelou identidades. Assim, “fazendo o carro de Keynes andar de marcha à ré”, mostraremos alguns dos resultados mais importantes de sua teoria, seja no nível mesmo das identidades, seja no que diz respeito às relações de causa e efeito a partir das quais elas foram reveladas. Evidentemente, não pretendemos aqui, visto não ser este o objetivo do livro, dar conta de todos os aspectos da teoria keynesiana, mas simplesmente mostrar a ligação entre essas duas áreas da ciência econômica — a contabilidade social e a macroeconomia, reforçando a distinção entre as identidades (típicas da contabilidade nacional) e as igualdades, que expressam relações de causa e efeito de natureza teórica. 
3.1.1 A determinação da renda
Tomemos a conta de produção (ou conta do produto) considerando uma economia fechada e sem governo, tal como apresentada no capítulo anterior:
	Quadro 3.1
Conta do produto – economia fechada e sem governo
	Débito
	Crédito
	a1 salários
a2 lucros
a3 aluguéis
a4 juros
A renda ou produto líquido
(A = a1 + a2 + a3 + a4)
B depreciação
	C consumo pessoal
D variação de estoques
E formação bruta de capital fixo
	Renda ou Produto Bruto
	Despesa Bruta
Como se vê, temos, do lado do débito da conta, a renda ou produto nacional bruto e, do lado do crédito, a indicação da forma concreta tomada por essa renda, ou seja, quanto foi consumo e quanto foi investimento (variação de estoques mais formação bruta de capital fixo). Assim, se chamarmos a renda de Y, o consumo de C e o investimento de I, podemos escrever que:
	Y  C + I	(3.1)
Essa expressão nos indica que, em cada momento do tempo, nessa economia que ainda é fechada e não tem governo, a renda gerada é resultado da quantidade produzida de bens e serviços, ou seja, da quantidade produzida de bens de consumo somada à quantidade produzida de bens de investimento (estoques aí incluídos). Não por acaso, o lado do débito da conta de produção vai se transformar justamente no lado do crédito da conta de apropriação, indicando que este agregado constitui o somatório das remunerações pagas aos diversos fatores de produção, montante esse apropriado pelas famílias (que são as proprietárias desses fatores).
Suponhamos agora que o nível em que se encontra Y seja muito baixo relativamente ao potencial dessa economia, de modo que existam fatores de produção não utilizados (uma elevada taxa de desemprego da força de trabalho e capacidade ociosa nas empresas). Em outras palavras, estamos supondo que essa economia poderia estar operando num nível bem mais elevado de produto e renda, uma vez que dispõe de recursos (fatores de produção) para isso, mas, por alguma razão, não está se comportando assim. Para saber qual é a causa desse fenômeno temos de descobrir o que é que determina C e o que é que determina I.
Keynes demonstrou que o principal fator a determinar o nível de C é justamente a renda, ou seja, Y. Segundo sua teoria, portanto, o consumo das famílias varia com o nível de renda: quanto maior é a renda, maior é o consumo e vice-versa. No entanto, dado um aumento na renda, o aumento do consumo é menos do que proporcional àquele, uma vez que existe aquilo que Keynes chamou propensão a consumir, a qual deriva de algo que ele denominou lei psicológica fundamental. Em outras palavras, Keynes constatou algo mais ou menos evidente (e por isso ele chamou de “lei”): dado um determinado nível de renda, as famílias consomem boa parte dela, mas também poupam uma parte. Obviamente, a propensão a consumir é muito maior nas famílias de baixa renda (no limite, as famílias de renda extremamente baixa não poupam nada de sua renda, consumindo-a integralmente) e muito maior nas famílias de renda mais elevada. Na média da economia, portanto, existe uma propensão ao consumo, que podemos chamar de c (0 < c < 1). Formalmente, portanto, podemos escrever que:C = f(Y) (3.2)
Existe também uma parcela do consumo que não varia com o nível de renda (por exemplo, um consumo das famílias que seja possível em função de uma poupança monetária previamente existente) e que podemos chamar de consumo autônomo, indicado por Ca. Portanto,
 
 Y = Ca + cY (3.3)
Assim, podemos reescrever a Expressão 3.1 da seguinte forma:
	Y = Ca + cY + I 	 (3.4) 
Quanto ao investimento, Keynes constatou que ele depende de variáveis extremamente sujeitas à flutuação, devido às sempre presentes incertezas em relação ao futuro. Essas variáveis são a preferência pela liquidez (ou preferência pela segurança que o dinheiro traz e que, segundo o economista inglês, está na base da determinação da taxa de juros da economia) e as expectativas quanto ao rendimento futuro esperado dos bens de capital — que determinam aquilo que Keynes chama de eficiência marginal do capital (EmgK). Assim, se chamarmos a taxa de juros de r, podemos escrever que
 I = f (r, EmgK) (3.5)
Assim, o investimento é, para Keynes, uma variável extremamente instável e que pode explicar por que, em determinados momentos, a economia opera num nível de produção que não é suficiente para empregar todos os fatores de produção disponíveis. Como a teoria keynesiana dos determinantes do investimento é extremamente complexa, explicá-la em detalhes demandaria um capítulo inteiro, o que, com certeza, foge ao escopo deste livro. O assunto voltará a ser enfocado com um pouco mais de detalhes no Capítulo 9, mas, para nossos propósitos aqui, basta enfatizar que a determinação do nível de renda e produto é, para Keynes, intimamente dependente do comportamento do investimento e que este é bastante sujeito a flutuações. Assim, com o que temos, já podemos mostrar algumas importantes conclusões quanto à determinação do nível de produto e renda em que opera a economia.
Se retomarmos a expressão 3.4, perceberemos facilmente que podemos reordenar seus termos do seguinte modo:
	 Y (1 – c) = Ca + I e, logo,
 
	Y = 
	Ca + I
	(3.6)
	
	 (1 –c)
	
 Ao termo 1/(1 - c), Keynes chamou multiplicador. Ele indica a magnitude do aumento no nível de renda em decorrência seja de um aumento em Ca, seja de um aumento em I. Ele indica também que, quanto maior for a propensão a consumir da economia, maior é o efeito multiplicador de uma elevação em Ca ou I. Por exemplo, se c for igual a 0,9 (ou seja, na média, as famílias consomem 90% de sua renda), o multiplicador será 10, de modo que, se houver um aumento de $ 100 no investimento, o aumento na renda será de $ 1.000. Se, numa outra hipótese, tivermos c igual a 0,5, o multiplicador será 2, de modo que o mesmo aumento de $ 100 no investimento provocará uma elevação na renda de apenas $ 200. 
Supondo, como parece razoável, que Ca é uma variável bastante estável, a atuação positiva do efeito multiplicador sobre o nível de renda fica na inteira dependência do comportamento de I. Como esta variável está sujeita, pelas razões já expostas, a intensas flutuações, os momentos em que I decresce provocam um efeito sobre o nível de renda e produto que é magnificado pelo efeito multiplicador (que evidentemente também opera no sentido inverso). Nesses momentos, mesmo dispondo de fatores de produção para operar num nível mais elevado, a economia permanece operando num nível insuficiente para empregar toda a força de trabalho e toda a capacidade instalada. 
É importante perceber, em todo esse raciocínio, a manutenção da identidade entre produto e renda, ao mesmo tempo em que ele também nos permite identificar os determinantes do nível de renda no qual opera a economia. É por conta deste último elemento que, a partir da equação apresentada na expressão 3.2, pudemos substituir o sinal indicador de identidade () pelo sinal de igualdade (=). 
3.1.2 A teoria keynesiana e a contabilidade nacional 
Se tomarmos agora a conta do produto em sua versão final e, portanto, considerarmos uma economia aberta e com governo, chegaremos a outras conclusões importantes sobre essa questão. 
	Quadro 3.2 
Conta de produção 
	Débito
	Crédito
	I importações de bens e serviços não fatores
J-H renda líquida enviada (+) ou recebida (-) do exterior 
a1 salários
a2 lucros
a3 aluguéis
a4 juros
A renda ou produto nacional líquido
(A = a1 + a2 + a3 + a4)
B depreciação
Q-N impostos indiretos líquidos de subsídios
	G exportações de bens e serviços não fatores
C consumo pessoal
L consumo do governo
D variação de estoques
E formação bruta de capital fixo
	Oferta Total de Bens e Serviços 
	Demanda Total por Bens e Serviços
Como se percebe, a conta traz agora, do lado do débito, a oferta total de bens e serviços e, do lado do crédito, a demanda final. Se passarmos a rubrica importações para o lado do crédito com o sinal negativo, encontraremos a expressão 3.7:
	Y  C + I + G + (X – M)	(3.7)
onde
C = consumo (rubrica consumo pessoal),
G = gastos do governo (rubrica consumo do governo),
X = exportações de bens e serviços não fatores,
M = importações de bens e serviços não fatores,
enquanto Y e I conservam seus significados anteriores. 
Transpondo para essa expressão ampliada as mesmas considerações anteriormente feitas para uma economia fechada e sem governo, podemos perceber que o nível de produto e renda em que opera a economia não depende apenas do consumo e do investimento, mas também dos gastos do governo e das exportações líquidas das importações. Valem, para essas novas variáveis, as mesmas relações anteriormente estabelecidas para Ca e I. 
Assim, um efeito multiplicador (devidamente modificado pela introdução do governo, particularmente por sua capacidade de tributar)� também vai atuar sobre os possíveis aumentos, seja nos gastos do governo, seja nas exportações líquidas das importações. Em outras palavras, um aumento nos gastos do governo eleva o nível de renda e um aumento nas exportações produz efeito idêntico, enquanto um aumento nas importações produz efeito contrário, todos esses efeitos devidamente ampliados, para cima ou para baixo, conforme o caso, pela magnitude do multiplicador.
Uma forma bastante sugestiva de compreender esse processo é pensar num mecanismo de estímulos e desestímulos que estão permanentemente influenciando o nível de renda e de produto. Se há um aumento na parcela autônoma do consumo, ou no investimento, ou nos gastos do governo, ou ainda na demanda externa pelos bens e serviços que a economia em questão produz, qualquer um desses aumentos vai estimular a produção e elevar o nível de renda na magnitude determinada pelo multiplicador. No caso das exportações, trata-se, na verdade, de um estímulo externo, ou, em outras palavras, de uma injeção de demanda na economia, que provém de um aumento na demanda externa pelos bens e serviços internamente produzidos. Simetricamente, um aumento nas importações representa um vazamento de estímulo, ou seja, uma transferência, para fora da economia, de uma parcela de sua demanda por bens e serviços.�
A expressão 3.7 mostra-nos, ainda, a importância que acabou sendo atribuída ao governo por conta das considerações de Keynes quanto aos determinantes do nível de renda. Se um aumento no nível de renda e produto em que opera a economia pode ser proveniente de uma elevação nos gastos do governo, então cabe a este um importante papel, além daqueles normalmente a ele consagrados. Em determinados momentos em que o investimento insista em manter-se deprimido e em que os estímulos advindos de fora da economia não sejam suficientes para evitar o desemprego, só o governo tem condição de retirar a economia de tal situação. Aumentando seus gastos, ele promoverá, conseqüentemente, uma elevação no nível de renda e produto, que poderá, inclusive,reverter as expectativas pessimistas quanto ao futuro e, assim, recuperar, em curto espaço de tempo, o próprio nível de investimento. É em função de tal capacidade que, a partir de Keynes, o governo passa a ter também a responsabilidade por aquilo que se costuma denominar controle da demanda efetiva. Em outras palavras, ele tem de acompanhar a evolução da economia e intervir sempre que necessário para impedir que ela fique deprimida por longos períodos de tempo.
Tais considerações, bem como o novo papel que ganha o governo a partir delas, deram origem, no mundo acadêmico, ao que se chamou consenso keynesiano, e, no funcionamento prático do capitalismo, particularmente nas economias centrais, a um período de cerca de 30 anos (do pós-guerra até meados da década de 1970), em que o Estado efetivamente assumiu esse papel. 
A partir de então muita coisa mudou. No mundo acadêmico, o consenso foi rompido pelo advento da teoria das expectativas racionais, que deu nova vida aos pressupostos que Keynes atacara e recuperou a primazia da teoria ortodoxa (neoclássica). No mundo real, a combinação de inflação com desemprego levou a uma onda de contestação quanto à pertinência do papel do Estado como regulador do nível de demanda e pôs em destaque as políticas associadas àquilo que se costuma chamar neoliberalismo (controle dos gastos públicos, Estado mínimo, privatizações, desregulamentação e abertura econômica, entre outros). O sistema de contas nacionais, porém, pouco ou nada foi abalado por toda essa reviravolta, o que comprova aquilo que, desde o início, tentamos demonstrar, ou seja, que as identidades macroeconômicas não são, por si só, indicadoras de relações de causalidade entre as variáveis que as constituem. 
Na relação entre macroeconomia e contabilidade nacional, o que de fato ocorreu foi que, partindo de sua preocupação em construir uma teoria da demanda como um todo que, segundo Keynes, faltava à teoria econômica de então,� o trabalho teórico desse grande economista britânico permitiu descobrir a existência ex-post da identidade entre produto, renda e dispêndio (demanda agregada). Hoje, essa identidade não é questionada por ninguém independentemente de se aceitar ou não as relações de causa efeito que as proposições teóricas keynesianas defendem para a dinâmica ex-ante do sistema econômico. Por isso, uma das óticas de mensuração do produto é justamente a ótica da demanda (dispêndio), a qual mostra a composição do PIB a partir das categorias de demanda tal como estipulado na equação Y = C + I + G + (X – M). Esta última, portanto, além de ser uma proposição teórica derivada da teoria keynesiana acabou por constituir-se também numa identidade macroeconômica. O formato da conta do produto tal como apresentado pelo sistema que vigorou no Brasil até 1996, e que vai reproduzida abaixo, mostra claramente essa relação. 
	Quadro 3.3
Conta Produto Interno Bruto (PIB)
	Débito
	Crédito
	Produto Interno Bruto a custo de fatores 
Remuneração dos empregados 
Excedente Operacional Bruto 
Tributos indiretos 
(menos) Subsídios 
	Consumo final das famílias 
Consumo final das administrações públicas 
Formação bruta de capital fixo 
Variação de estoques 
Exportações de bens e serviços não fatores 
(menos) Importações de bens e serviços não fatores 
	Produto Interno Bruto a preços de mercado (PIBpm)
	Dispêndio correspondente ao Produto Interno Bruto
	
3.2 As identidades contábeis presentes no sistema de contas nacionais 
Além da identidade contábil básica entre produto, dispêndio e renda, existe uma outra de grande importância, à qual também já nos referimos anteriormente, que é a identidade entre poupança e investimento. Foi discutindo essa identidade que, no capítulo1, começamos a introduzir a questão que é objeto deste capítulo, qual seja, a relação entre contabilidade nacional e macroeconomia e, daí, a distinção entre igualdades (=), em geral derivadas de proposições teóricas que estabelecem relações de causa e efeito, e identidades (), que expressam as diferentes óticas por meio das quais se pode enxergar e mensurar os agregados econômicos Dissemos ali que não é raro que se enxergue, numa identidade, mais do que ela de fato expressa e que quando se diz, por exemplo, que poupança = investimento existe uma tentação muito grande de se ler tal expressão como se ela estivesse dizendo a poupança precede o investimento, ou sem poupança não há investimento ou a poupança explica o investimento. Observamos então que tais afirmações envolvem relações de causa e efeito que não podem ser legitimamente extraídas da expressão poupança = investimento, a qual significa tão-somente a existência de uma identidade contábil entre os dois elementos.� 
Tendo isso em mente, cabe-nos, nesta última seção do presente capítulo, apresentar o conjunto das demais identidades contábeis que derivam dessas duas identidades básicas (produto  dispêndio  renda e investimento  poupança) e que estão presentes no sistema de contas nacionais. Ao fazê-lo, adiantaremos a explicação de alguns conceitos relativos a agregados econômicos que ser-nos-ão úteis no próximo capítulo, quando faremos a apresentação do sistema atualmente vigente no Brasil, construído a partir das determinações do SNA 93. 
Comecemos lembrando a distinção existente entre os agregados medidos internamente e aqueles medidos nacionalmente. Como já vimos, os agregados mensurados do ponto de vista interno medem o valor total produzido no território do país, independentemente da origem dos fatores responsáveis por essa produção, enquanto que os agregados mensurados do ponto de vista nacional consideram o valor adicionado gerado por fatores de produção de propriedade de residentes, independentemente do território onde esse valor é gerado. Vimos também que o sistema de contas construído a partir das determinações do SNA 93, e seguido pelo Brasil desde 1996, não utiliza mais a terminologia PNB ou PNL, pois parte do princípio de que “nacional” é uma qualificação que aplica-se apenas à renda gerada, já que tem que ver com a nacionalidade dos proprietários de fatores de produção. 
Assim, falamos em Produto Interno (bruto ou líquido, a preços de mercado ou a custo de fatores), mas em Renda Nacional (bruta ou líquida, a preços de mercado ou a custo de fatores). O primeiro agregado reflete o produto total produzido no território do país, independentemente da origem dos fatores de produção responsáveis por ele. O segundo considera o valor adicionado gerado por fatores de produção de propriedade de residentes, independentemente do território onde esse valor é gerado. 
Temos, com isso, a seguinte expressão contábil que deriva da identidade teórica inicial Renda ( Produto ( Dispêndio:
	1) RNB = PIB – RLEE, onde 
 RLEE = renda líquida enviada ao exterior
A identidade 1 mostra que a Renda Nacional Bruta (RNB) pode ser entendida como o valor do PIB deduzido das rendas líquidas enviadas ao exterior, caso em que o PIB será maior que a RNB, ou como o valor do PIB somado ao das rendas líquidas recebidas do exterior (ou, o que é o mesmo, deduzido de uma RLEE com sinal negativo), caso em que o PIB será menor do que a RNB.
É a partir do conceito de RNB que se chega, nas contas nacionais, ao conceito de Renda Nacional Disponível Bruta (ou RDB) que, como vimos no capítulo anterior, é o nome que toma a antiga Conta de Apropriação na versão do sistema brasileiro vigente até 1996, composto por 4 contas. Como veremos adiante, o conceito RDB é importante porque é a partir dele que se pode determinar a poupança bruta da economia, ou poupança doméstica (SD),� como também é conhecida. Esse agregado indica o valor da poupança bruta (considerando-se aí, portanto, também a formação de capital fixo necessária para repor o desgaste do estoque de capital) feita pela economia como um todo, ou seja, incluindo-se o governo, num determinado período de tempo. 
Como se chega então do conceito RNB ao conceito RDB? Para entender essa passagem temos que lembrar que a renda efetivamente disponível para os residentesde um país (incluindo o governo) decidirem entre consumir ou poupar tem de incluir também as transferências recebidas do exterior, bem como descontar as transferências enviadas. Transferências, como já vimos, são transações unilaterais, ou seja, que têm apenas uma mão, não representando, portanto, transações econômicas usuais de compra e venda de bens e serviços ou de pagamento a fatores de produção. Assim as transferências enviadas e recebidas do exterior incluem, por exemplo, ajuda humanitária, remessas de imigrantes, gastos com diplomacia etc.. Isto posto, podemos escrever a seguinte identidade: 
	 2) RDB = RNB + TUR, onde 
 RDB = Renda Nacional Disponível Bruta
 TUR = Transferências Unilateriais Líquidas Recebidas
 A partir das expressões anteriores podemos escrever que:
	 PIB = RNB + RLEE (identidade 1 reescrita) e
 RNB = RDB – TUR (identidade 2 reescrita), e então
 3) PIB = RDB + RLEE – TUR
 A identidade 3 indica que o PIB de um país pode ser visto como a soma da Renda Nacional Disponível Bruta mais a renda líquida enviada ao exterior, deduzida essa soma das Transferências Correntes Líquidas Recebidas (TUR). Está claro que se a renda recebida do exterior for maior que a renda enviada, esse líquido será negativo, indicando que o agregado Renda Nacional alcançou um valor maior que o agregado Produto Interno, o que tende a acontecer, como já adiantamos, com os países mais desenvolvidos e que são exportadores de capital. Analogamente, se as transferências unilaterais enviadas alcançarem um valor maior do que as transferências unilateriais recebidas, o sinal da variável TUR deverá ser positivo e não negativo.
As identidades até aqui apresentadas estão se referindo obviamente a uma economia aberta. O governo, contudo, apesar de estar aí implícito, ainda não apareceu explicitamente. Para que ele apareça, é preciso lembrar que a RDB, pode ser dividida em renda do setor privado e renda do governo ou renda líquida do governo (RLG), a qual é composta pela soma dos impostos diretos e indiretos e das outras receitas correntes do governo, deduzida das transferências (recursos pagos diretamente às famílias sob a forma de assistência e previdência, bem como os juros da dívida pública) e dos subsídios concedidos às empresas. Sendo assim podemos escrever: 
	RLG = receita total do governo – (transferências + subsídios) e, portanto, 
4) RDB = RPD + RLG ou RPD = RDB - RLG, onde
 RPD = Renda Privada Disponível
Tendo escrito as identidades Produto ( Renda de modo a tornar aparentes os ajustes requeridos pelo fato de as economias reais serem economias abertas e com governo, cabe-nos agora, para completar o quadro das identidades macroeconômicas presentes no sistema de contas nacionais, considerar a natureza da demanda que gerou esse produto, bem como a alocação da renda gerada por tal produção. 
Para tanto, retomemos por pouco tempo a idéia de uma economia fechada e sem governo. Considerando tal economia, pensemos em identidades capazes de expressar a demanda pelo produto e a alocação da renda. Teríamos então que, por um lado, o produto (Y) é igual à demanda por consumo (C ) e à demanda por investimento (I), enquanto que, por outro, a renda (Y) é igual a consumo (C ) mais poupança (S). Formalmente temos que:
	Y = C + I e também Y = C + S
e derivamos daí que:
 5) I = S (ou I ( S)
Ora, com a introdução do governo, as duas expressões que geraram a identidade I ( S ficam modificadas, pois, do ponto de vista da demanda que dá origem ao produto, temos que acrescentar os gastos do governo (G), enquanto que, do ponto de vista da renda que é alocada, temos que introduzir a RLG, já que, além de consumir e poupar, os agentes também pagam impostos, taxas e outros tributos. As mudanças nas expressões que geram a identidade entre investimento e poupança alteram também esta última identidade da seguinte maneira:
	Y = C + I + G e também Y = C + S + RLG
e derivamos daí que:
 6) I + G = S + RLG ou 
 6A) I = S + RLG – G
A identidade 6 foi escrita também no formato 6A propositadamente. Isto porque a expressão “RLG – G” significa exatamente a poupança do governo (Sg), enquanto que o termo S significa agora apenas a poupança privada. A identidade 6, portanto, reproduz a identidade básica entre investimento e poupança modificada pela presença do governo. Portanto, ainda sobre a identidade 6 podemos escrever
	Sg = RLG – G, donde
 6B) I = S + Sg
E se chamarmos a soma da poupança privada com a poupança do governo de poupança doméstica (SD), cujo significado já apresentamos anteriormente, teremos ainda que (tudo em termos brutos):
	 S + Sg = SD e, portanto,
6C) I = SD
Isto posto, temos por fim que reintroduzir o setor externo na identidade 6C. Para tanto, é preciso trazer ao quadro as informações referentes à alocação da renda e lembrar que a Renda Disponível Bruta que aparece na identidade 3 também pode ser escrita, do ponto de vista de sua alocação, como o somatório dos recursos destinados ao consumo, com aqueles destinados à poupança e com aqueles destinados ao pagamento de tributos. Sendo assim, temos que:
	 3) PIB = RDB + RLEE – TUR, e também que
 RDB = C + S + RLG, donde
 PIB = C + S + RLG + RLEE – TUR
 Como também
 PIB = C + I + G + (X – M), temos que
 7) I + G + (X – M) = S + RLG + RLEE – TUR, ou ainda
 7A) I – S + (G – RLG) = (M – X) + RLEE – TUR 
E lembrando que
 RLG – G = Sg, e que
 (M – X) + RLEE – TUR = Poupança externa (SE), temos finalmente 
 7B) I – S – Sg = SE, ou 
 7C) I ( S + Sg + SE 
A identidade 7, em seu formato 7C, reescreve, para uma economia aberta e com governo, a identidade básica entre investimento e poupança. Ela nos diz que a poupança necessária para suportar o investimento bruto feito pela economia como um todo (governo incluído) vem de três fontes possíveis: do setor privado (S), do governo (Sg) e do setor externo (SE). Evidentemente, qualquer uma delas pode ser negativa. Se, por exemplo, a poupança do governo, for negativa, isto significa que, no período em questão, foi a poupança privada e eventualmente também a poupança externa que possibilitaram a realização do referido investimento. Analogamente, uma poupança externa negativa, significa que essa economia, no período estudado, ao invés de necessitar de financiamento externo foi capaz de financiar o resto do mundo. Nos próximos capítulos entenderemos melhor porque a poupança externa (SE) é igual à soma dos termos (M - X), RLEE e TUR. 
Resumo
Os principais pontos vistos neste capítulo foram:
A contabilidade nacional surgiu a partir do advento da teoria keynesiana. O economista inglês John Maynard Keynes, em meados dos anos 1930, escreveu a Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda para atacar a teoria então vigente e mostrar que a economia não dispunha de mecanismos automáticos para sair de situações de recessão e desemprego.
Ao questionar o automatismo implícito na concepção ortodoxa (hoje conhecida como escola neoclássica), Keynes jogou por terra vários dos pressupostos teóricos então vigentes, forjou novos conceitos e revelou identidades. Essas identidades constituíram o fundamento a partir do qual pôde ser desenhado o sistema de contas nacionais.
É preciso distinguir entre identidades, que não pressupõem nenhuma relação de causa e efeito entre os termos que as constituem e proposições teóricas, que pressupõem tais relações.
A identidade entre renda e dispêndio demonstrada pela conta de produção permite perceber que o nível de renda e, portanto, de emprego em que opera a economia depende do nível da demanda agregada.
A demanda agregada é composta por quatro elementos: o Consumo privado, o Investimento, os gastos do Governo e as eXportações líquidas das iMportações. 
A Conta Produto Interno Bruto do Sistema de Contas tal como vigorou no Brasil até 1996 permite perceber claramente a identidade Produto  Dispêndio,bem como esses componentes da demanda agregada.
A relação entre o consumo agregado e a renda produz o multiplicador keynesiano, que magnifica os impactos da demanda agregada sobre os níveis de renda e emprego.
Em função da permanente incerteza quanto ao futuro, o investimento é uma variável extremamente instável. 
A atuação positiva do efeito multiplicador depende do comportamento do investimento, que é muito instável, e da demanda externa líquida, variável cujo controle não está na inteira dependência do país. Daí que cabe ao governo, por meio de seus gastos, atuar como regulador do nível de demanda efetiva e impedir a permanência de situações recessivas.
O “consenso keynesiano” foi rompido, em meados da década de 1970, pelo advento da teoria das expectativas racionais, que deu nova vida aos pressupostos que Keynes atacara e recuperou a primazia da teoria ortodoxa.​
A inflação combinada ao desemprego que marcou o final dos anos 1970 levou a uma onda de questionamentos quanto à pertinência da atuação do Estado como regulador do nível de demanda efetiva e, assim, pôs na dianteira as políticas associadas àquilo que se convencionou chamar neoliberalismo (desregulamentação, controle dos gastos públicos, Estado mínimo, privatizações).
Além da identidade Produto  Dispêndio  Renda, existe uma outra, que é também fundamental: a identidade Investimento Poupança. É a partir dela e da recuperação dos conceitos de interno e nacional que se constituem as demais identidades componentes do Sistema de Contas Nacionais. 
Os agregados mensurados do ponto de vista interno medem o valor total produzido no território do país, independentemente da origem dos fatores responsáveis por essa produção, enquanto que os agregados mensurados do ponto de vista nacional consideram o valor adicionado gerado por fatores de produção de propriedade de residentes, independentemente do território onde esse valor é gerado.
Apesar de ambos os conceitos poderem teoricamente ser utilizados em qualquer agregado (produto, renda ou dispêndio), por determinação do SNA 93 não se utiliza mais a terminologia PNB ou PNL, pois parte-se do princípio de que “nacional” é uma qualificação que aplica-se apenas à renda gerada, já que tem que ver com a nacionalidade dos proprietários de fatores de produção. Assim fala-se em Produto Interno (bruto ou líquido, a preço de mercado ou a custo de fatores), mas em Renda Nacional (bruta ou líquida, a preços de mercado ou a custo de fatores).
Nesses termos, temos que:
(1) RNB = PIB – RLEE
(2) RDB = RNB + TUR
(3) PIB = RDB + RLEE – TUR
(4) RDB = RPD + RLG
(5) I = S
(6) I (incluindo investimento público) = SD, onde SD = S + Sg
(7) I (incluindo investimento público) = SD + SE, onde SE = (M – X) + RLEE – TUR 
Questões para Revisão
Explique a diferença entre identidades e relações de causa e efeito.
Por que foi a partir do advento da teoria keynesiana que se tornou possível a constituição de um sistema de contas nacionais.
Por que o nível de renda é determinado pelo nível da demanda agregada da economia?
Por que um aumento nas exportações pode elevar o nível de renda e emprego?​
Que nova atribuição foi conferida ao governo depois do advento da teoria keynesiana?
Segundo Keynes, a quantidade de bens de consumo que compensa aos empresários produzir depende da quantidade de bens de investimento que eles estejam dispostos a produzir. Lembrando-se do multiplicador, você conseguiria explicar por que ele diz isso? 
Por que o atributo nacional é utilizado para os agregados que se referem à renda, mas não é utilizado para os agregados que se referem a produto?
Qual é a diferença existente entre o PIB e a RNB? Explique
O que é Renda Nacional Disponível Bruta? Como se chega a ela?
Como se divide a RDB considerando a existência do governo?
Como fica a identidade entre Poupança e Investimento numa economia aberta e com governo?
Referências
FEIJÓ, Carmem A. & RAMOS, Roberto L. O. Contabilidade Social, 3ª edição. Rio de janeiro: Campus-Elsevier, 2008.
Simonsen, Mario H. & Rubens Penha Cysne. Macroeconomia, 2a edição. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas Editora, 1996.
 
Na internet
Banco Central do Brasil (uma das fontes mais completas de informações sobre a economia brasileira): http://www.bcb.gov.br 
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística — IBGE (o mais completo site de informações estatísticas sobre o Brasil): http://www.ibge.gov.br
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada — IPEA: http://www.ipea.gov.br; www.ipeadata.gov.br 
� Na verdade, quando Keynes se insurge contra tal teoria, na década de 1930, ela ainda era conhecida como economia “clássica”. Só mais tarde é que se consagrou, para essa corrente, a denominação “neoclássica”, de fato mais apropriada: a nova escola já tinha abandonado a teoria do valor-trabalho da economia clássica original, de Smith e Ricardo, e a havia substituído pela teoria do valor-utilidade; além disso, as classes sociais (trabalhadores, capitalistas, donos de terra) haviam desaparecido do cenário teórico enquanto personagens importantes para a compreensão do funcionamento do sistema, tendo sido substituídas pelo conceito genérico de “agentes econômicos”.
� Cumpre esclarecer que não há divergência entre Keynes e os economistas neoclássicos no que tange ao conceito de “desemprego friccional”, ou seja, aquele desemprego que deriva do fato de as pessoas mudarem de emprego (ou então de cidade) e de haver um lapso de tempo entre a saída do antigo emprego e a entrada no novo. Evidentemente, a discussão não se dá em cima dessa parcela de desemprego. O desemprego friccional está, portanto, excluído tanto do conceito de desemprego voluntário dos neoclássicos quanto do conceito de desemprego involuntário de Keynes.
� À medida que o governo tributa a renda das famílias, reduz-se a renda disponível para ser consumida ou poupada. Assim, a partir da introdução do governo, o multiplicador deve sofrer alguma redução em sua força magnificadora sobre o nível de renda dos impactos advindos da demanda agregada. Assim, a capacidade de tributar afeta negativamente a demanda agregada de modo indireto, já que reduz a magnitude do multiplicador, enquanto que os gastos efetuados pelo Estado atuam de modo positivo e direto, pois constituem uma das categorias de gasto que compõem a demanda agregada. 
� Boa parte do estupendo crescimento chinês que o mundo presenciou na primeira década deste século deve-se justamente à enorme demanda por seus produtos vinda de fora do país. São estas relações que tornam tão importante a definição de um dos preços básicos da economia que é o preço da divisa, ou seja, a taxa de câmbio. Voltaremos ao assunto no capítulo 6.
� Para Keynes, a teoria econômica com a qual todos os economistas de então trabalhavam estava dominada, implícita ou explicitamente pela Lei de Say, aquela que diz que toda oferta cria sua própria demanda, donde a falta de preocupação com a construção de uma teoria que explicasse os fatores determinantes do comportamento da demanda agregada.
� Lembramos ali, e não custa repetir aqui, que o próprio Keynes discordava de todas essas afirmações, pois, para ele, o investimento é que precede a poupança, sendo que a renda adicional criada pelo investimento produz a posteriori a poupança exigida. Logo, para Keynes, pode haver investimento sem poupança financeira prévia — por exemplo, via criação de crédito — e, por conseguinte, não é a poupança que explica o investimento e sim um conjunto de outras variáveis, como a preferência pela liqüidez, a eficiência marginal do capital e a taxa de juros. 
� A sigla SD deve-se à utilização, para o agregado poupança, da letra S, referente ao termo em inglês Saving.

Continue navegando