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Capítulo 4 revisto

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Cap 4 - O formato atual das Contas Nacionais do Brasil (SNA 93)
4.1 Os elementos integrantes do novo sistema
 
A partir de 1997, mais uma vez seguindo orientação da Organização das Nações Unidas, a Fundação IBGE modificou a forma de apresentação do Sistema de Contas Nacionais do Brasil para adaptá-lo às recomendações do SNA 1993. Divulgado ao final desse ano, a nova série de contas apresenta dados que são retroagidos inicialmente até o ano de 1995 e mais à frente até o ano de 1990. O formato anterior alcançou as contas até 1996. O novo desenho do sistema foi elaborado sob a responsabilidade conjunta de cinco organizações: as Nações Unidas (ONU), o Fundo Monetário Internacional (FMI), a Comissão das Comunidades Européias, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e o Banco Mundial. Apesar das enormes diferenças entre este sistema e o anteriormente vigente, seus fundamentos, como reconhece a própria ONU,� permanecem os mesmos e os princípios contábeis anteriormente apresentados continuam a ser válidos.
Segundo a própria ONU, a nova proposta visa “apresentar um sistema de contas que, embora mantendo os fundamentos dos anteriores, seja atualizado, flexível e harmônico. Atualizado, para acompanhar a evolução das economias nas quais inflação, mudanças no papel do governo, desenvolvimento das comunicações e da informática, maior complexidade das instituições e dos mercados financeiros e a crescente preocupação com o meio ambiente direcionassem a adaptação dos conceitos e das mudanças metodológicas. Flexível, para viabilizar sua aplicação tanto em economias que estão se tornando mais complexas quanto naquelas que estão experimentando outros tipos de mudança como a passagem para a economia de mercado. Finalmente, a harmonização do SNA 1993 com outros sistemas internacionais de estatísticas, a exemplo do Manual​ de Balanço de Pagamentos do Fundo Monetário Internacional, foi bem mais significativa do que nos SNA anteriores”.
Como deixa claro o texto acima, as mudanças implementadas pelo SNA 1993 não são mudanças de fundamento, mas de forma. Do ponto de vista conceitual, portanto, continuam a ter validade todas as considerações apresentadas nos capítulos anteriores. Além disso, apesar de nos referirmos agora não mais a créditos e débitos, mas sim a recursos e usos, continuam a ser válidos os princípios contábeis que nortearam todos os sistemas de contabilidade nacional até hoje desenhados. 
O novo sistema é bem mais complexo e rico em informações do que o sistema consolidado que vigorou até 1996. Além disso, ele é constituído pela integração de instrumentos de mensuração dos agregados econômicos que têm natureza distinta. De um lado, temos as tabelas de recursos e usos (TRU), que têm sua estrutura básica assentada na matriz insumo-produto (cujos fundamentos estão apresentados no anexo 2.1 do capítulo 2). De outro temos as contas econômicas integradas (CEI), um conjunto integrado de peças contábeis que se aproxima muito das quatro contas do sistema anteriormente vigente (SNA 68). Finalmente, é preciso considerar que as CEI são, na realidade, o resultado da análise do desempenho da economia por setores institucionais, de modo que as contas econômicas integradas por setores institucionais são também elementos fundamentais para a compreensão da dinâmica de funcionamento do novo sistema. Como as contas econômicas integradas (CEI) dependem das informações das tabelas de recursos e usos (TRU), investigaremos inicialmente o desenho desse instrumento para posteriormente nos determos no sistema CEI. 
4.2 As Tabelas de Recursos e Usos (TRU)
As Tabelas de Recursos e Usos do sistema brasileiro de contas nacionais conformam um conjunto constituído por 6 matrizes, as quais contêm os seguintes conteúdos e estão dispostas tal como no diagrama abaixo:
A – matriz de Oferta
A1 – matriz de Produção
A2 – matriz de Importação
B1 – matriz de Consumo Intemediário 
B2 – matriz de Demanda Final
C – matriz de Componentes do Valor Adicionado 
	Tabelas de Recursos e Usos (TRU)
	Tabelas de RECURSOS de Bens e Serviços
	A
	A1
	A2
	Tabelas de USOS de Bens e Serviços
	
	B1
	B2
	
	C
	
 Entre essas matrizes estabelecem-se as seguintes relações:
	A = A1 + A2 (I)
A = B1 + B2 (II)
C = A1 – B1 (III)
A relação (I) indica que, para cada tipo de atividade econômica existente, a oferta total da economia é igual à produção interna mais a importação. Essa oferta total, porém deve igualar-se à demanda total, o que é demonstrado pela relação (II). Essa mesma relação mostra também que a demanda total é constituída pela demanda para consumo intermediário e pela demanda por bens finais. Como são constituídas setor a setor, a soma das matrizes B1 e B2 e C conforma uma matriz insumo-produto, tal como mostrado anteriormente, sendo que a demanda final aparece discriminada por seus componentes (consumo das famílias e consumo das administrações públicas, formação bruta de capital fixo, variação de estoques e demanda externa). Finalmente a relação (III) mostra que se chega ao valor adicionado de cada setor e ao valor adicionado total da economia (PIB), deduzindo, do valor da produção, o consumo intermediário. 
Para entender a estrutura da TRU vamos proceder a algumas simplificações, usando um exemplo hipotético de economia aberta e com governo. Se bem compreendido o funcionamento da TRU por meio desse exemplo, o leitor não terá dificuldade de acompanhar as TRU do Brasil, que se encontram no Apêndice Estatístico ao final do livro. A tabela 3.2, a seguir, mostra esse exemplo.
�
	Tabela 3.2 - Tabela de Recursos e Usos (TRU) para uma economia hipotética H no período t
	
Tabela de RECURSOS de Bens e Serviços
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	Oferta de Bens e Serviços
	Produção das Atividades
	Total da Econ
	Im
por
ta
ção
	
	
	
	
	
	
	Descrição do produto
	Oferta Total p. consum.
	Marg Com. e Transp.
	Imp. s/ produ-tos e import.
	Oferta Total p. básicos
	Setor A
	Setor I
	Setor S
	Setor F
	Setor C+T
	Setor G
	Total da Ativ.
	
	
	
	
	
	
	
	
	Setor A
	600
	60
	24
	516
	468
	24
	0
	0
	0
	12
	504
	
	12
	
	
	
	
	
	
	Setor I
	3.600
	360
	360
	2.880
	48
	2.520
	36
	0
	12
	24
	2.640
	
	240
	
	
	
	
	
	
	Setor S
	2.400
	240
	240
	1.920
	0
	0
	1.920
	0
	0
	0
	1.920
	
	0
	
	
	
	
	
	
	Setor F
	480
	0
	24
	456
	0
	0
	0
	444
	0
	0
	444
	
	12
	
	
	
	
	
	
	Setor C+T
	240
	-660
	12
	888
	0
	12
	0
	0
	840
	0
	852
	
	36
	
	
	
	
	
	
	Setor G
	840
	0
	0
	840
	0
	0
	0
	0
	0
	840
	840
	
	0
	
	
	
	
	
	
	TOTAL
	8.160
	0
	660
	7.500
	516
	2.556
	1.956
	444
	852
	876
	7.200
	
	300
	
	
	
	
	
	
	Tabela de USOS de Bens e Serviços
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	Consumo Intermediário das Atividades
	
	Componentes da Demanda Final
	
	Descrição do produto
	Oferta Total p. consum.
	
	
	
	Setor A
	Setor I
	Setor S
	Setor F
	Setor C+T
	Setor G
	Total da Ativ.
	
	Ex
Por
ta
ção
	Cons
de
AP
	Cons
das Fam
	FBKF
	Var.
Esto-ques
	Dem
Final
	Dem
Total
	Setor A
	600
	
	84
	300
	18
	0
	0
	18
	420
	
	36
	0
	126
	12
	6
	180
	600
	Setor I
	3.600
	
	120
	1.260
	372
	18
	240
	114
	2.124
	
	168
	0
	804
	380
	24
	1.376
	3.500
	Setor S
	2.400
	
	6
	24
	60
	6
	60
	144
	300
	
	36
	0
	2040
	24
	0
	2.100
	2.400
	Setor F
	480
	
	18
	156
	42
	48
	54
	30
	348
	
	24
	0
	108
	10
	0
	142
	490
	Setor C+T
	240
	
	6
	72
	24
	6
	60
	6
	174
	
	18
	0
	48
	10
	0
	76
	250
	Setor G
	840
	
	0
	0
	0
	54
	0
	0
	54
	
	0
	786
	0
	80
	0
	866
	920
	TOTAL
	8.160
	
	234
	1.812
	516
	132
	414
	312
	3.420
	
	282
	786
	3.126
	516
	30
	4.740
	8.160
	
	
	
	
	
	Componentes do Valor Adicionado
	
	
	
	
	
	
	
	
	Valor Adicionado Bruto (PIB)
	
	
	282
	744
	1.440
	312
	438
	564
	3.780
(VAB)
	4.440
	= PIB
	
	
	
	
	
	Remuner. (a+b)
	
	
	60
	420
	792
	150
	240
	554
	2.216
	2.216
	
	
	
	
	
	
	
	a) Salários
	
	
	48
	336
	660
	120
	192
	420
	1.776
	1.776
	
	
	
	
	
	
	
	b) Contrib. Soc
	
	
	12
	84
	132
	30
	48
	134
	440
	440
	
	
	
	
	
	
	
	EOB
	
	
	192
	276
	492
	132
	144
	10
	1.246
	1.246
	
	
	
	
	
	
	
	Rend. Auton.
	
	
	30
	42
	132
	26
	540
	284
	284
	
	
	
	
	
	
	
	Imp. Prod. Imp.
	660
	
	660
	
	
	
	
	
	
	
	Outros Imp Prod
	
	
	0
	12
	30
	4
	0
	0
	46
	46
	
	
	
	
	
	
	
	Outros Subs Prod
	
	
	
	-6
	-6
	0
	
	
	-12
	-12
	
	
	
	
	
	
	
�
Antes de analisarmos o exemplo, cabe lembrar que no âmbito do sistema brasileiro de contas nacionais, os setores que aparecem nas tabelas de recursos e usos são os seguintes: Agropecuária (A), Indústria (I), que engloba indústria de transformação, indústria extrativa mineral, construção civil e serviços industriais de utilidade pública, Comércio (C), Transportes (T), que envolve também Correio e Armazenagem, Intermediação Financeira (F), que envolve também seguros e previdência complementar, Serviços (S), que envolve também atividades imobiliárias, aluguel e serviços de informação e administração pública (G), que envolve também saúde e educação públicas. De forma condensada, nosso exemplo traz todos esses setores. 
A primeira matriz de nosso exemplo mostra que:
	preços ao consumidor = preços básicos + impostos sobre produtos e importação líquidos de subsídios + margens de comércio e transporte
O conceito de preços ao consumidor é correlato ao anteriormente visto como preços de mercado. Já o conceito de preços básicos aplica-se mais adequadamente aos setores e não corresponde, por isso, ao conceito anterior de custo de fatores, visto que, neste último, estavam implicitamente consideradas, para cada setor, as margens de transporte e comércio. Todavia, no agregado, essa correspondência é válida, já que as margens de comércio e transporte desaparecem na medida em que o comércio e o transporte constituem-se, eles mesmos, em setores de produção. As linhas da matriz A, bem como de suas componentes A1 e A2 correspondem aos seis grandes setores anteriormente apresentados. Assim, esse quadrante nos indica, por exemplo, que a oferta total do setor I alcançou, no ano em questão, o valor de $ 3.600 avaliada a preços de consumidor, montante esse resultante de $ 2.880, quando avaliada a preços básicos, mais $ 360 de impostos sobre produtos e importação,� mais $ 360 referentes à margem de comércio e transporte. 
Cabe explicar ainda o sinal de menos colocado à frente do valor referente à margem de comércio e transporte do setor C + T. Como já adiantamos, quando consideramos a produção no agregado, não faz sentido falar em margem de comércio e transportes, visto que o comércio e o transporte constituem, também eles, setores de produção. Assim, torna-se necessário apresentar o valor dessa margem para cada um dos setores da economia, mas zerar o valor da coluna (que indica o valor total da oferta), já que, no agregado, a margem é zero. De outro lado, no que diz respeito à soma da linha, é o valor negativo para a margem de comércio e transporte que produz, unicamente para esse setor, um valor da oferta a preços básicos maior do que seu valor a preços de consumidor. 
Passemos então à matriz A1, que, como vimos, informa os valores alcançados pela produção doméstica. Nesta matriz, cada linha indica em quais atividades os produtos são produzidos, enquanto as colunas mostram a composição dos produtos produzidos pelas atividades. Assim, por exemplo, ficamos sabendo que, no ano em questão, o país produziu $ 504 em produtos agropecuários (que são os produtos característicos do setor A), tendo sido $ 468 desse valor produzido pela própria atividade agropecuária, enquanto a atividade industrial (setor I) produziu mais $ 24, e o governo (setor G) produziu os $ 12 restantes (por exemplo, por meio de programas de hortas comunitárias ou de instituições como a Embrapa). Da mesma maneira, ficamos sabendo que, o setor industrial (setor I), produziu uma oferta total no valor de $ 2.556, sendo $ 2.520 em produtos industriais, mais $ 24 em produtos do setor agropecuário, mais $ 12 em serviços de comércio e transporte. O aparecimento de valores fora das caselas onde se esperaria que eles aparecessem deve-se ao fato de que os setores não são puros, ou seja, dentro, por exemplo, da atividade industrial, encontramos também produção de bens agrícolas e de serviços de transporte. O mesmo ocorre com as demais atividades. 
A matriz A2, como vimos, traz os valores, em moeda local, alcançados pelas importações de bens e serviços realizadas pelo país. Por meio dele ficamos sabendo que o país importou $ 12 em produtos agropecuários, $ 240 em produtos industriais e assim por diante. Respeitando as equações básicas anteriormente apresentadas, o somatório dos valores dessa matriz com aqueles da produção doméstica (coluna “total da atividade” da matriz A1), chegamos à oferta total a preços básicos de cada tipo de produto tal como apresentado pela matriz A. Por exemplo, a oferta total a preços básicos de $ 2.880 em bens industriais (bens típicos do setor I) resultou da produção de $ 2.640 realizada domesticamente mais $ 240 em importações. A mesma relação vale evidentemente para os demais produtos bem como para a linha final que agrega a totalidade da oferta. 
Vejamos agora a matriz B1. Como já adiantamos, essa matriz constitui parte importante da matriz insumo-produto (matriz IXP), já que mostra as compras intermediárias que os setores e unidades empresariais efetuam entre si para obter os insumos necessários à produção de seus bens. Assim, a matriz B1 vai nos mostrar quanto cada um dos seis setores comprou em insumos aos demais setores. Ficamos sabendo, então, que, no período em questão, para produzir seus $ 2.556 em valor (sendo $ 2.520 em produtos industriais, mais $ 24 em produtos agropecuários, mais $ 12 em serviços de comércio e transporte), o setor I precisou de $ 300 em insumos vindos do setor A, mais $ 1.260 em insumos vindos do próprio setor I, mais $ 24 em insumos do setor S, mais $ 156 em insumos vindo do setor F, e mais $ 72 em insumos dos setores C + T, totalizando, em compras intermediárias, ou consumo intermediário, o valor de $ 1.812. 
Daí já se obtém imediatamente o valor adicionado ou produto do setor I. Temos, de um lado, na matriz A1, o valor total da produção das atividades desenvolvidas por esse setor no período t, que foi de $ 2.556; de outro, a partir da matriz B1, sabemos que o valor do consumo intermediário desse setor no mesmo período foi de $ 1.812. Assim, deduzindo o segundo valor do primeiro, temos o valor adicionado por esse setor no período em questão. Esse mesmo cálculo pode ser feito para todos os demais setores. Por isso, a primeira linha da matriz C é precisamente aquela que aponta o valor adicionado de cada setor. Desnecessário dizer que a soma dos valores que compõem a linha do valor adicionado bruto produz o valor do PIB a preços básicos (ou a custo de fatores), ou seja, $ 3.780, valor esse que, somado ao valor dos impostos líquidos de subsídios sobre produtos e importação, produz o valor do PIB a preços de consumidor (ou a preços de mercado), que é de $ 4.440 e encontra-se destacado na tabela. 
Cabe aqui uma observação sobre o consumo dos serviços de intermediação financeira pelos demais setores. Como esses serviços (que constituem um dos insumos produzidos pelo setor F) só podem ser indiretamente mensurados,� e como não havia critério para sua distribuição dentre os demais setores, optou-se, até há poucos anos, pela criação de um setor artificial denominado dummy financeira, de produção nula e consumo intermediário igual ao valor total dos serviços de dívida pagos (portanto de valor adicionado negativo). Ocorre que esse valor faz parte no agregado do valor bruto da produção da economia (é parcela do valor da produção do setor F), mas não cria valor, não adiciona valor, pelo menos não integralmente, uma vez que, em sua maior parte, o setor F apenas intermedia o pagamento de juros de devedores a credores. Com esse artifício, apesar de não aparecer como insumo absorvido pelos demais setores, esse valor aparecia como um valor intermediariamente consumido, sem inflar, portanto, o valor adicionado da economia. Recentemente, o tratamento dado a essa questão se alterou, pois o SIFIM (Serviçosde Intermediação Financeira Indiretamente Mensurados) passou a ser distribuído entre os setores, utilizando-se como critério a participação de cada um no valor adicionado total. Com isso desapareceu o setor artificial dummy. Outra conseqüência dessa alteração foi que o valor do PIB elevou-se em relação à metodologia anterior, pois agora a diferença entre juros recebidos e juros pagos, que é apropriada pelo setor financeiro (e torna-se fonte de pagamento de salários e lucros, portanto é renda real), aparece como valor adicionado, o que antes não ocorria (o valor bruto da produção desse serviço, que ficava computada no valor gerado pelo setor financeiro, era exatamente compensado pelo consumo do setor dummy). 
Consideremos agora a matriz B2, que discrimina a demanda final em seus componentes básicos e cujos valores totais, somados, no agregado e setorialmente, àqueles apresentados na matriz B1, recuperam o valor da oferta total de bens e serviços (coluna demanda total), tal como indica a equação básica da tabela de usos de bens e serviços das TRU. De maneira idêntica à estrutura do lado do crédito da conta de produção (ou conta PIB) do sistema anterior, temos nesse quadrante a decomposição da demanda agregada (ou demanda final) em demanda externa (exportações), consumo das famílias e do governo, formação bruta de capital fixo e variação de estoques. Cada um desses elementos constitui uma coluna, e nas linhas encontramos as contribuições de cada um dos setores para a constituição dessa demanda final. 
Finalmente, resta comentar o quadrante C, que decompõe o valor adicionado de cada um dos setores nas categorias de renda e impostos sobre a produção. Como já mencionamos, a primeira linha indica o valor adicionado gerado em cada um dos setores e seus valores são obtidos deduzindo-se, do valor total de cada setor (última linha da matriz A1), o valor de seu respectivo consumo intermediário (última linha da matriz B1). As linhas seguintes dessa matriz C mostram a decomposição do valor adicionado de cada setor, indicado na primeira linha do quadrante, nas seguintes categorias: i) remunerações, que se subdivide em salários e contribuições sociais; ii) excedente operacional bruto; iii) rendimento de autônomos; iv) impostos líquidos de subsídios sobre produtos e importação; v) outros impostos sobre a produção; e vi) outros subsídios​ sobre a produção. Por meio da análise das informações desse quadrante podemos saber, por exemplo, que dos $ 744 de valor adicionado gerados pelo setor I, $ 420 tomaram a forma de remunerações, sendo $ 336 em salários e $ 84 em contribuições sociais; $ 276 constituíram o excedente operacional bruto do setor, $ 42 constituíram rendimento de autônomos, enquanto $ 6 tomaram a forma de outros impostos sobre a produção líquidos de outros subsídios sobre a produção. A mesma análise pode ser feita para todos os demais setores. 
O leitor certamente está se perguntando o que é que diferencia o item (iv) dos itens (v) e (vi) e por que razão o primeiro aparece assinalado apenas pelo seu valor total, enquanto os demais aparecem decompostos por setor. Essa diferença na forma de tratamento explica-se pela natureza do imposto. Os impostos que estão englobados no item (iv) incidem diretamente sobre os produtos, alterando seus preços (como o IPI, o ICMS e o ISS). Já os impostos englobados no item (v) também têm como fato gerador a produção, mas não alteram diretamente o preço dos produtos, ocupando, por isso, uma parcela do valor adicionado de cada setor (como se fosse uma espécie de “renda do governo”). Um exemplo desse tipo de imposto encontra-se naqueles tributos que incidem sobre a folha de pagamentos (como, por exemplo, a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL). Esses valores, portanto, estão incluídos nos valores adicionados setoriais apresentados nas linhas acima (obviamente deduzidos dos subsídios correspondentes). Daí porque o valor do PIB é encontrado somando-se ao valor adicionado bruto total (VAB), no nosso exemplo $ 3.780, apenas o valor dos impostos sobre produtos $ 660. No que concerne à terminologia do sistema, quando falamos em “impostos sobre produtos” estamos nos referindo apenas a estes últimos, ou seja, aqueles que alteram o valor do produto (no nosso exemplo $ 660), enquanto que, quando falamos em “impostos sobre produção”, estamos nos referindo à totalidade desses impostos, ou seja, “impostos sobre produtos” e “outros impostos sobre a produção” (no nosso exemplo, $ 660 + $ 34 = $ 694).
 
4.3 As Contas Econômicas Integradas (CEI) 
As Contas Econômicas Integradas (CEI) são inicialmente elaboradas por setores institucionais, ou seja, com seus valores discriminados em: 1) empresas não financeiras; 2) empresas financeiras; 3) administrações públicas; 4) instituições sem fins lucrativos a serviço das famílias (ISFSF); e 5) famílias. Além disso, também fazem parte das CEI institucionais, funcionando como uma espécie de 6º setor institucional, o resto do mundo. As CEI que agora veremos, e que, apesar do formato diferente que têm, pois trabalham com recursos e usos e não mais com créditos e débitos, se aproximam do sistema de 4 contas que vigorou no Brasil até 1996, constituem, na realidade, o resultado agregado das estimativas elaboradas nesses 5 diferentes setores institucionais, considerados, em cada um deles, também as transações com não residentes. 
Por apresentarem apenas os resultados agregados, as CEI são de compreensão mais simples e intuitiva do que as CEI institucionais. Além disso, como veremos, as CEI constituem o elemento do novo sistema que mais se aproxima do sistema anterior de 4 contas. Por essas razões elas serão analisadas em primeiro lugar. As CEI são constituídas por 5 contas (contas 0 a 4) e 7 subcontas (2.1.1, 2.1.2, 2.2, 2.3, 4.1, 4.2 e 4.3) divididas em 3 grupos (A, B e C), assim estruturados:
	Estrutura das contas Econômicas Integradas (CEI)
	Grupo A Conta de Bens e Serviços
	
	Conta 0 Conta de Bens e Serviços
	Grupo B Contas de Produção, Renda e Capital 
	
	Conta 1 Conta de Produção
	
	Conta 2 Conta de Renda 
	
	
	Conta 2.1 Conta de Distribuição Primária da Renda 
	
	
	
	Conta 2.1.1 Conta de Geração de Renda
	
	
	
	Conta 2.1.2 Conta de Alocação de Renda
	
	
	Conta 2.2 Conta de Distribuição Secundária da Renda
	
	
	Conta 2.3 Conta de Uso da Renda
	
	Conta 3 Conta de Acumulação
	Grupo C
	Conta das Operações Correntes com o Resto do Mundo
	
	Conta 4 Conta de Operações Correntes com o Resto do Mundo
	
	
	Conta 4.1 Conta de Bens e Serviços do RM com a Econ. Nacional
	
	
	Conta 4.2 Conta de Distribuição Primária da Renda e Transferências
 Correntes do RM com a Econ. Nacional 
	
	
	Conta 4.3 Conta de Acumulação do RM com a Econ. Nacional 
Essas contas, como já adiantado, não seguem o tradicional formato débito/crédito, mas tal como as TRU, utilizam a nomenclatura usos e recursos. Outra inovação é que as rubricas aparecem no centro da conta e os valores lançados como usos ou recursos, à esquerda e à direita respectivamente dessas rubricas. Segue-se, dessa forma, a convenção contábil de colocar o débito (uso) do lado esquerdo e o crédito (recurso) do lado direito da peça contábil. A única conta que escapa dessa convenção, por razões que ficarão logo claras, é justamente a Conta 0, ou Conta de Bens e Serviços que veremos em seguida. Para facilitar a compreensão continuaremos com o mesmo exemplo numérico já utilizado no estudo das TRU.
	 Grupo A - Contas de Bens e Serviços (período t) 
 Conta 0 - Conta de Bens e Serviços 
	Recursos
	Operações e Saldos
	Usos
	7.200
	Produção (VBP)
	
	300
	Importação de Bens e Serviços (M)
	
	660
	Impostos líquidos de subsídios sobre 
produtos e importação (IpM - Sub.pM)
	
	110
	Imposto de importação (IM)
	
	550
	Demais impostos sobre produtos (Ipd)
	
	
	Consumo Intermediário (CI)
	3.420
	
	Consumo final (administ. públicase famílias) (CF)
	3.912
	
	Formação Bruta de Capital Fixo (FBKF)
	516
	
	Variação de Estoques (VarE)
	30
	
	Exportação de Bens e Serviços (X)
	282
	8.160
	TOTAL
	8.160
 Como é fácil perceber, a conta 0 procura demonstrar a igualdade entre oferta total e demanda total da economia, mas o faz no nível da produção total (não no nível do produto ou PIB), pois do lado dos recursos (oferta) insere-se o valor bruto da produção (VBP) e, no lado dos usos (demanda) acrescenta-se, ao lado dos componentes da demanda agregada (consumo final, FBKF, variação de estoques e exportações), também o consumo intermediário (CI). Esta conta, na realidade, não faz parte do sistema (quando as CEI são abertas institucionalmente ela não existe). Trata-se de uma espécie de conta síntese que apresenta, para a economia como um todo, as informações sobre a oferta total e demanda total de bens e serviços. Diferentemente das demais, ela traz por isso os recursos do lado esquerdo e os usos do lado direito da conta.� Esta conta permite que visualizemos a seguinte identidade:
	 Oferta Total Bruta = Demanda Total Bruta 
VBP + M + (IpM - Sub.pM) = CF + CI + FBKF + VarE. + X
De outro lado, sabemos também que: PIB = VBP – CI + (IpM-Sub.pM). 
A primeira conta que efetivamente faz parte do sistema (a Conta 1 - Conta de Produção) serve justamente para apresentar o valor do PIB como sendo o resultado indicado por essa última equação. Desta conta em diante, de uma forma mais intuitiva, as colunas de usos e recursos passam a estar localizadas dos lados esquerdo e direito respectivamente, tal como acontece nas peças que trabalham com o par débito/crédito. Outra observação que precisa ser feita é que, a partir de agora, apesar de continuar a valer o princípio do equilíbrio interno das contas (as somas de valor de ambos os lados devem ser iguais), é sempre o saldo de cada conta que se busca, ou seja, cada uma das contas tem por finalidade a descoberta do valor de uma determinada variável. A conta 1, por exemplo, parte do valor da produção (VBP) para chegar ao PIB. Vejamos então como ela ficaria no caso de nosso exemplo.
 
	Grupo B - Contas de Produção, Renda e Capital (período t)
 Conta 1 - Conta de Produção 
	Usos
	Operações e Saldos
	Recursos
	
	Produção (VBP)
	7.200
	3.420
	Consumo Intermediário (CI)
	
	
	Impostos líquidos de subsídios sobre 
produtos e Importação (IpM - Sub.pM))
	660
	4.440
	Produto Interno Bruto (PIB) 
	
Essa conta, como o leitor pode perceber, é correlata à conta do produto do antigo sistema. Em comparação com aquela, contudo, ela traz menos informações, pois uma parte delas está na conta 0, enquanto que outras estão na próxima conta. De posse do valor do PIB, a conta seguinte (Conta 2.1.1 Conta de Distribuição Primária da Renda – Geração), buscará chegar ao valor do Excedente Operacional Bruto (EOB), que constitui, como veremos, o primeiro passo na direção de se encontrar o valor da variável Poupança Bruta (ou Poupança Doméstica). 
	Grupo B - Contas de Produção, Renda e Capital (período t)
 Conta 2 - de Renda
 Conta 2.1 - de Distribuição Primária da Renda
 Conta 2.1.1 - de Geração de Renda 
	Usos
	Operações e Saldos
	Recursos
	
	Produto Interno Bruto (PIB) 
	4.440
	2.216
	Remuneração dos Empregados (W + Wnr)
	
	2.190
	Remunerações pagas 
por residentes a residentes (W)
	
	26
	Remunerações pagas 
por residentes a não residentes (Wnr)
	
	694
	Impostos líquidos de subsídios sobre 
produção e Importação (Ipç - Sub.pç))
	
	1.530
	Excedente Operacional Bruto inclusive Rendimento de Autônomos (EOB)
	
A pergunta que se deseja responder com essa conta é: dada a totalidade do valor adicionado (PIB) internamente gerado, como se distribuiu tal valor dentre as várias categorias de rendimento, no período em tela? No fundo, como estamos sempre pressupondo a identidade macroeconômica básica (produto renda  dispêndio), esta pergunta é equivalente a perguntar sobre a maneira segundo a qual tal renda foi gerada. Em outras palavras, essa conta deve mostrar como essa renda total desdobra-se nas diferentes categorias de rendimento (salários, lucros, aluguéis e juros).� Como o excedente operacional bruto (EOB) não é diretamente mensurado, mas estimado por diferença, a conta tem por objetivo justamente apurar seu valor. Para tanto retira do PIB o valor que remunerou os trabalhadores (incluindo-se aí, além dos salários, as contribuições sociais), além do valor dos impostos líquidos de subsídios sobre produção e importação, que também são valor adicionado, mas não tomam a forma de rendimentos que possam ser apropriados pelos agentes. 
O leitor deve reparar que não se trata aqui apenas dos impostos sobre produtos e importação, líquidos de subsídios (IpM-Sub.pM), mas do conjunto dos impostos sobre a produção, líquidos de subsídios (Ipç-Sub.pç), ou seja, incluem-se aqueles tipos de tributos que incidem sobre a produção (e não sobre a renda ou o patrimônio), mas que não alteram os preços das mercadorias (no caso, o valor é de $ 694 e não apenas de $ 660). Neste caso, como o objetivo é descobrir qual é o valor do EOB, se essa última parcela não fosse considerada, esse valor estaria sendo superestimado. 
Outro elemento para o qual se deve atentar é a discriminação da remuneração aos empregados em salários pagos por residentes a residentes (W) e salários pagos por residentes a não residentes (Wnr). Como efeito da internacionalização e abertura cada vez maior das economias nacionais, surgem fenômenos como esse, em que rendas são enviadas ao exterior não apenas para remunerar o capital de propriedade de não residentes operando na economia doméstica, mas também para remunerar trabalhadores não residentes que tenham prestado serviços ao país. Por exemplo, uma confecção brasileira pode mandar efetuar parte do serviço de sua empresa em algum país do sudeste asiático ou mesmo na China, pois, dada a diferença de salários, as despesas adicionais com transporte e eventuais perdas devido a deslocamento podem, a depender da escala do negócio, compensar a substituição. Num caso como esse, essa renda será enviada ao exterior para pagamento desses salários. A informação sobre Wnr é extraída da balança de serviços e rendas, que compõe o Balanço de Pagamentos. 
Antes de passar à próxima conta, cabe observar que as duas últimas contas, em conjunto com a conta zero que está pressuposta a esta, substituem grosso modo a conta de produção do sistema anterior, trazendo todas as informações necessárias para identificação da identidade produto  dispêndio. A conta seguinte (Conta 2.1.2 Conta de Distribuição Primária da Renda - Alocação), em conjunto com a subseqüente (de distribuição secundária da renda) estará substituindo, por sua vez, a antiga conta de apropriação, que teve sua denominação alterada depois para Renda Nacional Disponível Bruta (RDB). Nesse sentido, a conta 2.1.2 vai partir do EOB apurado na conta anterior para chegar à Renda Nacional Bruta (RNB), enquanto que a conta 2.2, partirá desse agregado para chegar justamente à RDB.
 
	Grupo B - Contas de Produção, Renda e Capital (período t)
 Conta 2 - de Renda
 Conta 2.1 - de Distribuição Primária da Renda
 Conta 2.1.2 - de Alocação da Renda 
	Usos
	Operações e Saldos
	Recursos
	
	Excedente Operacional Bruto inclusive 
Rendimento de Autônomos (EOB)
	1.530
	
	Remuneração dos Empregados (W + Wrn)
	2.230
	
	Remunerações pagas 
por residentes a residentes (W)
	2.190
	
	Remunerações pagas 
por não residentes a residentes (Wrn)
	40
	
	Impostos líquidos de subsídios sobre 
produção e Importação (Ipç - Sub.pç))
	694
	500
	Rendas de Propriedades enviadas (Rppe) 
e recebidas do resto do mundo (Rppr)
	150
	4.104
	Renda Nacional Bruta (RNB)
	
 
Como se vê, esta conta parte do EOB e chega à Renda Nacional Bruta (RNB) somandoàquele valor a remuneração total recebida pelos assalariados residentes, os impostos líquidos de subsídios sobre a produção e o saldo das rendas de propriedade recebidas e enviadas ao exterior (no caso de nosso exemplo o resultado é negativo, já que Rppr = 150 e Rppe = 500). Estas duas últimas operações são similares às que apareciam no sistema anterior e que visavam transformar o PIB em Renda Nacional. Mas o leitor deve atentar também para o seguinte: dados os fenômenos mais recentes anteriormente apontados, não só pode haver, por parte de residentes, pagamentos a empregados não residentes por serviços prestados ao país (o Wnr = 26 que aparece na conta anterior), como pode também ocorrer a situação contrária, ou seja, não residentes pagando a residentes remunerações por trabalhos prestados. Ora esse tipo de renda tem de ser incorporada ao agregado RNB, assim como devem ser incorporados os recebimentos decorrentes de rendas de propriedade. Daí o aparecimento nesta conta da rubrica Wrn. 
Este seria, portanto, o montante de renda à disposição dos residentes para consumir ou poupar. Contudo este valor ainda não está correto. Até aqui temos a renda nacional que se obtém considerada apenas a distribuição primária da renda, vale dizer aquela que de imediato se aloca entre os vários setores institucionais (empresas financeiras e não financeiras, administrações públicas, ISFLSF, famílias e resto do mundo). Mas esta distribuição primária não é aquela que efetivamente permanece. Dadas as transferências existentes entre esses setores (como, por exemplo, a que vai das administrações públicas às famílias), o quinhão final de renda que cabe a cada setor institucional fica bastante alterado. 
Se essas transferências se dessem exclusivamente entre setores domésticos, isto não faria a menor diferença no plano agregado, pois o que um setor recebe, o outro deixa de ter. Tais operações apareceriam, portanto, apenas no nível desagregado das CEI, ou seja, nas CEI institucionais. Contudo, dentre os setores que compõem a economia, acima listados, encontramos também o próprio resto do mundo, e também entre este e os setores domésticos ocorrem transferências (ou seja, existem também transferências que se dão entre residentes e não residentes). Portanto, é preciso considerar esses valores para que se chegue ao efetivo montante de renda à disposição dos residentes para consumir ou poupar, ou seja, ao agregado Renda Nacional Disponível Bruta (RDB). A conta seguinte, (Conta 2.2 Conta de Distribuição Secundária da Renda) ao trazer para as CEI o resultado agregado da distribuição secundária da renda, mostra justamente essas operações. 
	 Grupo B - Contas de Produção, Renda e Capital 
 Conta 2 - de Renda
 Conta 2.2 - de Distribuição Secundária da Renda 
	Usos
	Operações e Saldos
	Recursos
	
	Renda Nacional Bruta (RNB)
	4.104
	30
	Outras receitas correntes enviadas (Te) 
e recebidas do resto do mundo (Tr) 
	60
	4.134
	Renda Nacional Disponível Bruta (RDB)
	
Das operações até aqui apresentadas pelas contas, temos, portanto, a seguinte seqüência de operações:
	VBP - CI + (IpM-Sub.pM) = PIB (Conta 1 - de Produção)
PIB - (W + Wnr) - (Ipç-Sub.pç) = EOB (Conta 2.1.1 - de Distrib. Primária da Renda - Geração) 
EOB + (W + Wrn) + (Ipç-Sub.pç) + (Rppr - Rppe) = RNB (Conta 2.1.2 - de Distrib. Primária da Renda - Alocação)
RNB + (Tr - Te) = RDB (Conta 2.2 - de Distrib. Secundária da Renda) 
Tendo chegado ao agregado RDB, o que temos agora de saber é como essa renda foi utilizada pelos residentes entre Consumo e Poupança. A próxima conta (Conta 2.3 – Conta de Uso da Renda) demonstra qual a participação de cada um desses dois diferentes usos na RDB, ou seja, mostra como essa renda disponível foi afinal alocada entre consumo e poupança. Ela mostra, portanto, a Poupança Bruta ou Poupança Doméstica (SD) efetuada pela economia num dado período de tempo.
	 Grupo B - Contas de Produção, Renda e Capital 
 Conta 2 - de Renda
 Conta 2.3 - de Uso da Renda 
	Usos
	Operações e Saldos
	Recursos
	
	Renda Nacional Disponível Bruta (RDB)
	4.134
	3.912
	Despesa de Consumo Final (CF) 
	
	222
	Poupança Bruta (SD)
	
A conta nos mostra que, de seus $ 4.134 de RDB, a economia H utilizou, no período t, $3.912 para Consumo,� poupando $222.� Essa poupança deve ser agora cotejada com o investimento feito no período por essa economia, ou seja, com o dispêndio em FBKF e em variação de estoques para que se possa saber se, no período, a economia em questão teve necessidade de financiamento (externo), ou se, ao contrário, foi capaz de financiar o resto do mundo. A Conta 3 - Conta de Capital apresenta esse cotejo.
		 Grupo B Contas de Produção, Renda e Capital (período t)
 Conta 3 - Conta de Acumulação (Conta de Capital)
	Usos
	Operações e Saldos
	Recursos
	
	Poupança Bruta (SD)
	222
	516
	Formação Bruta de Capital Fixo (FBKF)
	
	30
	Variação de Estoques (Var.E)
	
	36
	Transferências de Capital enviadas (Tce) e recebidas (Tcr) do Resto do Mundo
	100
	(-) 260
	Capacidade (+) ou Necessidade (-) de financiamento externo (+ ou - S.ext)
	
 
Como nos mostra a conta 3, no período t, nossa economia H teve uma poupança doméstica bruta insuficiente para sustentar seus investimentos e foi financiada pelo resto do mundo. Os valores Tce e Tcr referem-se a transferências ocorridas nesse período do resto do mundo para a economia H e vice-versa, mas transferências que são de natureza distinta daquelas que aparecem nos itens Te e Tr da conta 2.2. O que distingue esses itens é a natureza da transferência, pois no primeiro caso trata-se de transferências correntes, ou seja, que alteram os fluxos de renda, enquanto que no segundo trata-se de transferências relacionadas a estoques de capital e que envolvem direitos de propriedade sobre ativos (que podem ser reais, financeiros ou intangíveis). Em função disso, essas transferências de capital não aparecem nas contas anteriores, mas apenas nesta conta de acumulação, visto que sua finalidade é justamente mostrar a formação de capital, ou seja, o aumento do estoque de riqueza da economia no período em questão. Exemplos desse tipo de transferência são a entrada no país (ou saída do país) de patrimônio de imigrantes, o perdão de dívidas entre residentes e não residentes, e a cessão de marcas e patentes entre residentes e não residentes. 
Assim, se o país, além de despender renda com formação bruta de capital fixo e acumular estoques, resolve ainda transferir capital para o resto do mundo (no nosso caso, Tce = 36), então essa transferência tem de entrar no cotejo entre investimento e poupança que a conta justamente demonstra. De outro lado, para se saber qual o resultado final disso (ou seja, se o país vai financiar o exterior ou ser financiado por ele), é preciso também acrescentar à poupança doméstica (SD) as transferências de capital recebidas no período (no nosso caso Tcr = 100). Analisando a conta de capital acima, ficamos então sabendo que, no período t, a economia H para efetivar os investimentos que fez, recebeu financiamento do resto do mundo no valor de $ 260. 
Como o leitor já deve ter percebido, esta conta equivale à conta de capital do modelo anterior de contas nacionais (SNA 68) que vigorou no Brasil até 1996. Mas havia ainda ali a conta de transações correntes com o resto do mundo que, no novo sistema equivale ao grupo C das CEI. O quadro a seguir apresenta a primeira dessas contas, qual seja a Conta 4.1 Conta de Bens e Serviços do Resto do Mundo (RM) com a economia nacional. Essa conta vai mostrar o valor total das importações e exportações de bens e serviços não fatores, ou seja, as transações envolvendo residentes e não residentes que têm por objeto a comprae venda de mercadorias, sejam elas tangíveis (bens) ou intangíveis (serviços), mas que não incluem os pagamentos e recebimentos derivados da utilização de fatores de produção.
 
	Grupo C Conta das Operações Correntes com o Resto do Mundo (período t)
 Conta 4 Conta de Operações Correntes com o Resto do Mundo
 Conta 4.1 Conta de Bens e Serviços do RM com a Econ. 
 Nacional 
	Usos
	Operações e Saldos
	Recursos
	282
	Exportação de bens e serviços (X)
	
	
	Importação de bens e serviços (M)
	300
	18
	Saldo de Bens e Serviços do RM
	
Como mostra o quadro, no período t, nossa economia H teve um déficit em bens e serviços no valor de $ 118. Não nos esqueçamos que, tal como ocorria com a conta de transações correntes com o resto do mundo no antigo sistema de 4 contas, este grupo de contas é elaborado do ponto de vista do Resto do Mundo e não do ponto de vista da economia em questão. Portanto, as importações de bens e serviços da economia H no período t no valor de $ 300 vão entrar como recursos, pois, de fato, constituem recursos que o RM vai ter para utilizar (ou não) na economia H, enquanto que as exportações no valor de $ 282 vão entrar como usos, indicando que o RM utilizou boa parte dos recursos obtidos com as venda feitas à economia H para comprar produtos dessa mesma economia. 
A conta seguinte, Conta 4.2 Conta de Distribuição Primária da Renda e Transferências Correntes do Resto do Mundo com a Economia Nacional vai acrescentar a esse resultado aqueles decorrentes das demais operações correntes que o RM estabeleceu com a Economia H no período t, quais sejam as transações envolvendo pagamentos de fatores (rendas de propriedade e remuneração do fator trabalho) e as transferências correntes efetuadas entre residentes e residentes. 
 
	 Grupo C Conta das Operações Correntes com o Resto do Mundo (período t)
 Conta 4 Conta de Operações Correntes com o Resto do Mundo
 Conta 4.2 Conta de Distribuição Primária da Renda e
 Transferências Correntes do RM com a Econ. 
 Nacional 
	Usos
	Operações e Saldos
	Recursos
	
	Saldo de Bens e Serviços 
	18
	150
	Rendas de Propriedades enviadas (Rppe) 
e recebidas do resto do mundo (Rppr)
	500
	40
	Remunerações pagas (Wnr) e recebidas (Wrn) do resto do mundo
	26
	60
	Outras receitas correntes enviadas (Te) 
e recebidas do resto do mundo (Tr) 
	30
	324
	Saldo de Transações Correntes do RM
	
A conta 4.2 mostra que, considerando todo o universo das operações correntes da economia H com o Resto do Mundo no período t, o RM acumulou contra essa economia um saldo positivo de $ 324. Não fossem as transferências de capital, poderíamos tomar esse valor como sendo o resultado final dessas transações, o qual estaria então indicando que a economia H, no período t teria recebido uma poupança externa no valor de $ 324 (o saldo positivo do resto do mundo contra a economia H significa um saldo negativo no mesmo montante da economia H com o resto do mundo, portanto, absorção de poupança externa no período em questão). 
Contudo, como já adiantamos, esse valor tem ainda que ser corrigido pelo montante das transferências de capital envolvendo residentes e não residentes efetuadas no mesmo período. Só depois desse acerto é que ele revelará o resultado final dessas operações, tanto em termos de sinal (déficit ou superávit), quanto em termos de montante. O quadro a seguir mostra então a última conta deste grupo C, e também a última conta das CEI, qual seja, a Conta 4.3 Conta de Acumulação do Resto do Mundo com a Economia Nacional, que vai então apresentar esse resultado final. 
	Grupo C Conta das Operações Correntes com o Resto do Mundo (período t)
 Conta 4 Conta de Operações Correntes com o Resto do Mundo
 Conta 4.3 Conta de Acumulação do RM com a Econ.
 Nacional 
 
	Usos
	Operações e Saldos
	Recursos
	
	Saldo de Transações Correntes do RM
	324
	100
	Transferências de Capital enviadas (Tce) e recebidas (Tcr) do Resto do Mundo
	36
	(+) 260
	Capacidade (+) ou Necessidade (-) de financiamento (+ ou - S.ext)
	
Como é fácil perceber, a conta 4.3 apresenta o resultado exatamente inverso ao da conta 3, (Conta de Acumulação). Lá, como vimos, aparece um resultado negativo no valor de $ 260, indicando que, no período t, a economia H necessitou de um financiamento externo (poupança externa) no valor de $ 260 para efetivar os investimentos feitos. O resultado apresentado na conta 4.3 é o reverso da medalha desse primeiro resultado, já que mostra que, no mesmo período, o RM acumulou contra a economia H um saldo de montante exatamente idêntico, indicando assim sua capacidade de financiar a economia H. 
Antes de encerrar esta seção, cabe completar a seqüência de operações que as CEI apresentam. Reproduzimos as operações anteriores para que o quadro fique completo.
	1 VBP - CI + (IpM-Sub.pM) = PIB (Conta 1 - Produção)
2 PIB - (W + Wnr) - (Ipç-Sub.pç) = EOB (Conta 2.1.1 - Distribuição Primária da Renda - Geração)
3 EOB + (W + Wr) + (Ipç-Sub.pç) + (Rppr - Rppe) = RNB (Conta 2.1.2 - Distrib. Prim. Renda - Alocação) 
4 RNB + (Tr - Te) = RDB (Conta 2.2 - Distribuição Secundária da Renda)
5 RDB - CF = SD (Conta 2.3 - Uso da Renda)
6 SD + FBKF + Var.E + (Tce - Tcr) = + ou – S.ext (Conta 3 - Acumulação)
7 M - X = Saldo de bens e serviços do RM (Conta 4.1 - Bens e Serviços do RM)
8 Saldo de bens e serviços do RM + (Rppe - Rppr) + (Wnr - Wrn) + (Te - Tr) = 
 Saldo de transações correntes do RM (Conta 4.2 - Distrib. Prim. da Renda e Transferências do RM)
9 Saldo transações correntes RM + (Tce - Tcr) = + ou – S. ext (Conta 4.3 - Conta de Acumulação do RM) 
 
4.4 As Contas Econômicas Integradas Institucionais (CEI institucionais)
Conforme adiantamos no início da seção anterior, as Contas Econômicas Integradas (CEI) são são inicialmente elaboradas por setores institucionais. Assim, as CEI institucionais, que agora investigaremos, constituem na realidade o primeiro passo na construção das CEI, cuja estruturação e forma de funcionamento acabamos de ver. Assim, o que diferencia um e outro conjunto de informações é que, nas CEI institucionais, aparecem os mesmos valores que aparecem nas CEI em cada um das rubricas, mas eles surgem agora discriminados em três grandes setores que congregam diferentes tipos de agentes. Assim, o objetivo das CEI Institucionais é verificar de que forma a) empresas, b) famílias e c) administração pública participam dos processos de geração, apropriação, distribuição e uso da renda. Para tanto, esses 3 grandes setores aparecem nas CEI institucionais por meio dos 5 seguintes grupos: 
1) empresas não financeiras: são empresas (privadas ou públicas) que, por meio da transformação de insumos e contratação de mão de obra, produzem bens e serviços mercantis, ou seja, bens e serviços que têm um preço monetário e cujo acesso é feito por meio do pagamento desse preço; 
2) empresas financeiras: são empresas que criam meios de pagamento (moeda) e/ou fazem intermediação de recursos financeiros. Elas são subdivididas em instituições financeiras (Banco Central, mais as empresas que compõem o sistema financeiro nacional e seus auxiliares, como os bancos) e instituições de seguro (seguradoras, planos de saúde e fundos de pensão); 
3) administrações públicas: são instituições que prestam serviços públicos não mercantis, ou seja, esses serviços não têm um preço e o acesso a eles égratuito (segurança, saúde pública etc.). Essas instituições obtêm recursos por meio da cobrança de tributos (impostos, contribuições e taxas). Estão incluídas nesse grupo a administração federal e as administrações estaduais e municipais; 
4) instituições sem fins lucrativos a serviço das famílias (ISFLSF): entidades que não são governamentais, mas que, tal como a administração pública, produzem bens e serviços sem finalidade lucrativa. Há aqui uma grande gama de diferentes tipos de instituições como, fundações, organizações religiosas, partidos políticos, sindicatos, associações profissionais, além de uma série de outras instituições que compõem aquilo que hoje denominamos terceiro setor, tais como ONGs (organizações não governamentais) e OSCIPs (organizações da sociedade civil de interesse público);� 
5) famílias: são grupos de indivíduos que partilham o mesmo domicílio, reúnem parte ou a totalidade de seu rendimento e patrimônio, e consomem coletivamente certos tipos de bens e serviços. Na maior parte dos casos, as famílias adquirem ou acessam os bens e serviços produzidos pelos grupos anteriores. Contudo, as famílias também podem produzir bens e serviços. O lado “produtor” das famílias envolve as unidades produtivas não constituídas legalmente como empresas, além de outros elementos como a agricultura familiar, os trabalhadores autônomos (formais e informais) e o serviço doméstico remunerado. O aluguel recebido por pessoas físicas, bem como o aluguel imputado aos imóveis residenciais ocupados por seus proprietários, também fazem parte da produção deste grupo institucional. 
Além desses cinco grupos de instituições, também faz parte das CEI institucionais o resto do mundo, que funciona como uma espécie de 6º setor institucional. Isto acontece porque as transações que os agentes estabelecem entre si também podem ocorrer entre residentes e não residentes. As CEI que vimos na seção anterior constituem, na realidade, o resultado agregado das estimativas elaboradas nesses seis diferentes setores institucionais. 
A primeira conta das CEIs institucionais é a Conta de Produção, que apresenta uma estimativa do valor adicionado bruto (VAB) de cada setor institucional. Para o setor de empresas não financeiras, essas estimativas são elaboradas de forma usual, ou seja, deduzindo-se das receitas auferidas pelas empresas (valor da produção) os valores referentes a seu consumo intermediário. Para o setor de empresas financeiras, o valor adicionado é obtido da seguinte forma: 1) soma-se o valor das receitas de prestação de serviços (por exemplo, os valores resultantes da cobrança, pelo setor bancário, de tarifas pela prestação de serviços como emissão de saldos e extratos, realização de transferências bancárias, dentre outros) e aluguéis; 2) adiciona-se a esse valor a diferença entre o valor das rendas de propriedade obtidas e os juros pagos devidos à intermediação de recursos de terceiros, ou em outras palavras, a diferença entre juros recebidos dos mutuários (os que tomam recursos emprestados) e os juros pagos aos prestamistas (os que emprestam seus recursos); e 3) deduz-se do valor obtido pela soma de 1 e 2 o valor do consumo intermediário. Por ser indiretamente mensurado, o valor da parcela de número 2 denomina-se Serviço de Intermediação Financeira Indiretamente Medido (SIFIM). No caso do setor das administrações públicas, como os bens serviços produzidos não têm preço, o valor adicionado é obtido pela soma de seus custos totais de produção (incluindo-se a remuneração dos empregados), dos quais se deduz o valor de seu consumo intermediário. Para o setor das instituições sem fins lucrativos a serviço das famílias (ISFLSF), o valor adicionado é obtido de forma idêntica à utilizada para o setor das administrações públicas. Finalmente, para o setor de famílias, a mensuração do valor adicionado envolve a estimativa do valor da produção das unidades familiares do qual se deduz o valor do consumo intermediário. 
Para conseguir apresentar as informações das contas econômicas integradas de forma tão detalhada, as CEI institucionais, apesar de continuarem a trabalhar com o par recursos/usos, ganham um formato de apresentação bem diferente daquele que vimos na apresentação das CEI. Continuando com o exemplo de nossa economia H, no período t, o quadro abaixo apresenta então a Conta de Produção nesse novo formato.
	Conta de Produção – Economia H (período t)
	VBPpb + (IpM-SubpM) - CI = PIB ou Valor Adicionado Bruto (VAB)
	Setores Institucionais
	Produção
	Consumo Intermediário
	Saldo da conta (VAB)
	
	VBPpb
	IpM - SubpM
	
	
	
	Recursos
	Usos
	Total da Economia
	7.200
	660
	3.420
	4.440
	Empresas não financeiras
	4.540
	
	2.596
	1.944
	Empresas financeiras
	444
	
	132
	312
	Administrações Públicas 
	876
	
	312
	564
	Famílias
	1.232
	
	310
	922
	ISFLSF
	108
	
	70
	38
Como é fácil perceber, a conta de Produção apresenta, em sua primeira linha, as mesmas informações que traz a conta 1 das CEI vista na seção anterior, quais sejam, o valor bruto da produção, o valor dos impostos sobre produtos e importação líquidos de subsídios, o valor do consumo intermediário e o valor do PIB. Nas linhas seguintes, essas mesmas informações aparecem discriminadas pelos cinco setores institucionais anteriormente definidos. Ficamos sabendo assim que, por exemplo, as empresas não financeiras foram responsáveis por quase metade do valor do PIB da economia H no período t (43,8 %), enquanto que as ISFLSF contribuíram com 0,9%.
A próxima conta é a Conta de Geração de Renda em sua Distribuição Primária. As rendas aqui envolvidas são aquelas recebidas pelas unidades institucionais por sua participação no processo produtivo ou pela posse de ativos necessários à produção. Ela apresenta, para cada setor institucional, os componentes do valor adicionado, a saber: remunerações (salários), excedente operacional bruto (que envolve lucros, aluguéis e juros), rendimento de autônomos e impostos líquidos de subsídios sobre a produção e a importação (ou seja, os impostos sobre produtos, mais os impostos incidentes sobre folha de pagamento, mais taxas e outros tributos incidentes sobre a atividade produtiva). 
	Conta de Geração da Renda (distribuição primária) – Economia H (período t)
	PIB - [(W + Wnr) + (Ipç – Subpç)] = EOB
	Setores Institucionais
	VAB (PIB)
	Remunerações (W + Wnr) 
	(Ipç - Subpç)
	EOB (inclui rendimento de autônomos)
	
	Recursos
	Usos
	Saldo
	Total da Economia
	4.440
	2.216
	694
	1.530
	Empresas não financeiras
	1.994
	1.240
	26
	728
	Empresas financeiras
	312
	150
	4
	158
	Administrações Públicas 
	564
	554
	0
	10
	Famílias
	872
	240
	2
	630
	ISFLSF
	38
	32
	2
	4
O excedente operacional bruto, como já se sabe, não é diretamente mensurado, sendo obtido por diferença. Assim, de maneira idêntica ao efetuado nas TRU para os setores produtivos, apura-se o excedente operacional de cada setor institucional deduzindo-se, do valor adicionado bruto, o valor das remunerações pagas aos trabalhadores (incluindo-se aí o valor das contribuições sociais, de natureza previdenciária) e o valor dos impostos sobre a produção líquidos de subsídios. O quadro mostra, por exemplo, que, dos $ 312 de valor adicionado gerado pelas empresas financeiras, $ 150 tomaram a forma de remunerações ao fator trabalho e $ 4 foram destinados aos impostos sobre produção, de modo que seu excedente operacional alcançou, no período t, o valor de $ 158.�
 A observação dessa conta permite perceber como se distribuiu, no período t, esse excedente operacional, do ponto de vista de sua geração, dentre os vários grupos institucionais. O quadro mostra, por exemplo, que 48% do EOB da economia H foi gerado pelas empresas não financeiras, enquanto que as empresas financeiras foram responsáveis por 10% e os demais setores institucionais pelo restante desse valor. 
Cabe observar que a remuneração da empresa familiar acaba ficando incluída na rubrica EOB. Apesar de não ser adequado caracterizar todo o ganho obtido dessa forma como “lucro”, isso torna-senecessário pois, nesses casos, nem sempre é possível separar o que é ganho empresarial, do que é remuneração do trabalho (não existe, na maior parte das vezes, uma contabilidade separada para a “empresa”, sendo seus gastos confundidos com os gastos de consumo da própria família). A existência de remunerações sob a forma de salários no grupo institucional famílias, deve-se ao trabalho doméstico remunerado e ao fato de empreendimentos como a agricultura familiar poderem legalmente contar com uma pequena parcela de mão de obra assalariada no desenvolvimento de suas atividades. 
O leitor deve estar se perguntando o porquê do valor positivo que aparece para o setor de administrações públicas na rubrica EOB. Considerando-se que as atividades desenvolvidas pelo setor público são não mercantis, dever-se-ia esperar que esse valor fosse zero. Contudo, como indica seu próprio nome, a mensuração do excedente operacional se faz em termos brutos, de modo que o valor aí registrado deve-se ao dispêndio de recursos necessários para enfrentar a depreciação de instalações físicas, máquinas, equipamentos, etc. Se essa medida fosse feita na clivagem líquida, esse valor seria zero. A mesma explicação vale para as ISFLSF. 
Finalmente, cabe observar que, no caso da coluna referente aos impostos sobre produção líquidos de subsídios, a soma das linhas não bate com o total da economia porque apenas os outros impostos sobre a produção (no nosso exemplo esse valor é $ 34) é que são discriminados por setor institucional, enquanto que o valor dos impostos sobre produto ($ 660), que também estão aí incluídos, são considerados apenas no agregado. É esta também a razão pela qual não batem, no caso da coluna PIB, a soma dos valores das linhas com o valor relativo ao total da economia.
A conta seguinte, ainda referente à distribuição primária, é a conta de alocação da renda. Esta conta mostra como os valores gerados pelos distintos setores institucionais apresentados na conta anterior são alocados entre eles. Além disso, essa conta traz os ajustes efetuados entre os setores institucionais por conta do pagamento e recebimento de rendas de propriedade. Essas rendas envolvem, além daqueles diretamente ligados à produção, diversos outros tipos de rendimentos, tais como juros (inclusive os juros da dívida pública), rendas de aluguel, rendas derivadas da propriedade de ativos intangíveis (como patentes e marcas), dividendos distribuídos pelas empresas, participação dos trabalhadores nos lucros e indenizações de seguros. No agregado, esses pagamentos e recebimentos se cancelam, mas, para cada setor institucional, eles podem ser negativos ou positivos, o que afeta a renda efetivamente auferida em cada um deles.
Contudo, essas operações envolvem também o recebimento de renda do resto do mundo e o envio de renda ao resto do mundo. É o saldo desses envios e recebimentos (que pode ser positivo ou negativo) que fica registrado no nível agregado. Por isso, esses ajustes permitem a passagem dos agregados do conceito interno para o conceito nacional. Tal como nas CEI anteriormente vistas, o resultado desta conta é a Renda Nacional Bruta (RNB). Para cada setor institucional, soma-se o conjunto de suas rendas primárias com o saldo (que pode ser positivo ou negativo) dos recebimentos e pagamentos de rendas de propriedade, ou seja, com a renda líquida de propriedade (RLP).� Notemos que, ao realizar essas operações, devemos também ajustar o agregado tendo em vista a existência de remuneração do fator trabalho paga por não residentes (Wrn), assim como a existência de trabalhadores não residentes pagos por empresas nacionais (Wnr). Assim temos que
	Saldo das rendas com o exterior = (Wrn-Wnr) + RLP
O quadro a seguir mostra como fica a alocação da renda de nossa economia H, considerados os ajustes derivados dos pagamentos e recebimentos de rendas de propriedade.
	Conta de Alocação da Renda (distribuição primária) – Economia H (período t)
	EOB + (W + Wrn) + ( Ipç - Subpç) + RLP = RNB
	Setores Institucionais
	EOB
	Remunerações (W + Wrn) 
	(Ipç - Subpç)
	RLP
	Renda Nacional Bruta (RNB)
	
	Recursos
	Saldo
	Saldo
	Total da Economia
	1.530
	2.230
	694
	-350
	4.104
	Empresas não financeiras
	728
	0
	0
	-320
	408
	Empresas financeiras
	158
	0
	0
	-10
	148
	Administrações Públicas 
	10
	0
	694
	-100
	604
	Famílias
	630
	2.230
	0
	+80
		2.940
	ISFLSF
	4
	0
	0
	0
	4
Como mostra o quadro, da renda nacional bruta total de $ 4.104 gerada pela economia H, no período t, $ 2.940 ficaram com as famílias, $ 604 ficaram com o governo, $ 556 com as empresas (financeiras e não financeiras) e $4 com as ISFLSF. Esse resultado final da alocação da renda dentre os cinco setores institucionais já leva em conta as redistribuições que ocorrem por conta do pagamento e recebimento de rendas líquidas de propriedade (RLP). 
A distribuição primária da renda nacional assim obtida deve ser agora ajustada institucionalmente para contemplar as transferências correntes recebidas e enviadas e assim transformar a renda nacional (RNB) em renda disponível (RDB). A conta de distribuição secundária da renda é quem efetua essas operações. Como se sabe dá-se o nome de transferência às transações em que uma entidade cede recursos a outra, sem que haja uma contrapartida de tal cessão. Essas transferências referem-se principalmente a impostos sobre a renda e o patrimônio, contribuições sociais e benefícios sociais. Tal como ocorre no plano da distribuição primária da renda, essas transferências compensam-se internamente (o que configura transferência para um setor configura recebimento para outro), de modo que no agregado seu saldo é zero. Um exemplo fácil de compreender é o pagamento, pelo governo, de benefícios do tipo Bolsa-Família. O valor desses benefícios conta como um acréscimo de renda para o setor institucional famílias, mas, ao mesmo tempo, conta como um decréscimo de renda, no mesmo valor, para o setor institucional administrações públicas.� 
Entretanto, essas operações envolvem também o recebimento de renda do resto do mundo e o envio de renda ao resto do mundo. Nesses casos não existem as compensações, porque a contrapartida dessas transferências encontra-se em outra economia nacional. Assim, é o saldo desses envios e recebimentos (que pode ser positivo ou negativo) que fica registrado no nível agregado e que torna diferentes os agregados RNB (resultado da conta anterior) e RDB (resultado desta conta). O quadro abaixo apresenta essas operações para nossa hipotética economia H no período t.
	Conta de Distribuição Secundária da Renda – Ecnomia H – período t
	 RNB + TUR = RDB
	Setores Institucionais
	RNB
	Impostos s/ Renda e Patrimônio (Irep)
	Contribui-ções Sociais (CS)
	Benefíci-os Sociais
	Outras Transfe-rências (TUR)
	Renda Nacional Disponível Bruta (RDB)
	
	Recursos
	Saldos
	Total da Economia
	4.104
	0
	0
	0
	+30
	4.134
	Empresas não financeiras
	408
	-140
	-80
	0
	0
	188
	Empresas financeiras
	148
	-40
	-12
	0
	0
	96
	Administrações Públicas 
	604
	+400
	+140
	-300
	+10
	854
	Famílias
		2.940
	-220
	-48
	+300
	+16
	2.988
	ISFLSF
	4
	0
	0
	0
	+4
	8
A próxima conta é a Conta de Uso da Renda. Sua finalidade é demonstrar como cada um dos setores utiliza sua renda disponível em consumo e poupança, sendo esta última obtida por diferença. As despesas de consumo final das famílias (o maior componente da demanda agregada) indicam o gasto total das famílias com bens e serviços, os quais incluem gastos em dinheiro com a aquisição de bens e serviços e gastos em espécie, tal como ocorre no auto-consumo. As despesas de consumo final das administrações públicas e das ISFLSF são derivadas da prestação às famílias de serviços não mercantis individuais (educação, saúde etc.) e coletivos (defesa e segurança, sistema jurídico-legal etc.). Assim, do ponto de vista do efetivo consumo final institucional, essas prestações de serviços devem contar como consumo das famílias, que são os grupos que de fato as consomem, e não como consumo das administrações públicase ISFLSF. Por isso há também nas CEI institucionais, além da Renda Disponível Bruta (RDB), a RDB ajustada pelas “transferências em espécie”, que é o nome que se dá a essas prestações de serviços. Contudo, essa diferente forma de consideração afeta apenas a distribuição da RDB entre os setores institucionais (reduz o valor do consumo das administrações públicas e ISFLSF e aumenta o valor do consumo das famílias). Do ponto de vista agregado, portanto, não há alteração, ou seja, para o total da economia, a RDB é idêntica à RDB ajustada pelas transferências em espécie.
Antes de se deduzir o consumo de cada setor institucional de sua renda disponível para se apurar a poupança bruta de cada setor, bem como a poupança bruta da economia como um todo, é necessário fazer ainda um último ajuste. Ele se deve à existência de rendas de propriedade não disponíveis, ou seja, rendas de propriedade que não entram nas RLP que produzem o agregado RNB. Essas rendas derivam da participação das famílias em fundos de pensão e também em fundos públicos como o FGTS e o PIS/PASEP. Trata-se aí, portanto, de juros creditados por fundos privados ou pela administração pública como remuneração de ativos detidos pelas famílias, ainda que eles não fiquem disponíveis no momento de seu crédito.� Também no caso destes ajustes, é preciso observar que eles alteram a distribuição da RDB entre os setores (reduzindo a RDB de administrações públicas e empresas financeiras e elevando a RDB das famílias), mas não afetam o valor referente ao total da economia, ou seja, a RDB no agregado. Esta conta tem como resultado (saldo) a poupança bruta da economia (SD). 
 
	Conta de Uso da Renda – Ecnomia H – período t
	 RDB - CF = SD
	Setores Institucionais
	RDB
	Ajustamento por variações das participações líquidas das Famílias em fundos de pensão, FGTS e PIS/PASEP
	Consumo Final (CF)
	Poupança Bruta (SD)
	
	Recursos
	Usos
	Saldo
	Total da Economia
	4.134
	0
	3.912
	222
	Empresas não financeiras
	188
	0
	0
	188
	Empresas financeiras
	96
	-60
	0
	36
	Administrações Públicas 
	854
	-30
	786
	38
	Famílias
	2.988
	+90
	3.126
	-48
	ISFLSF
	8
	0
	0
	8
A última conta das CEIs Institucionais é a Conta de Acumulação, ou Conta de Capital. Ela parte do resultado da última conta (a conta de Uso da Renda), que é a poupança bruta de cada setor e da economia como um todo. A poupança total destina-se a financiar o investimento da economia ou o resto do mundo. Mas, para cada setor individualmente considerado, sua poupança pode ser destinada a financiar o consumo de outros setores. Para a economia como um todo, o que importa é o saldo líquido final desses financiamentos intersetoriais. Se ele for positivo, significa que a economia em questão está financiando seu investimento, bem como o resto do mundo. Se ele for negativo, significa que a economia em questão tem necessidade de financiamento externo para dar conta de seu consumo final e de seus investimentos. 
O resultado final das administrações públicas corresponde ao superávit ou déficit nominal do governo. Assim apurado, ou seja, como a diferença entre os recursos e usos das administrações públicas, esse resultado é conhecido por “resultado acima da linha”. Uma outra forma de produzir o mesmo resultado é mensurar a variação da dívida líquida governamental total (interna e externa). Nesse segundo caso, utilizado pelo Banco Central, temos o que se conhece por “resultado abaixo da linha”. Assim, se a dívida líquida cresce de um período a outro, isto significa que os recursos das administrações públicas não foram suficientes para enfrentar os gastos totais do governo com consumo e investimentos. Assim, ele foi financiado pelo resto do mundo e/ou por outros setores. Se o resultado for o contrário, isto significa que o governo financiou outros setores ou o resto do mundo. Cabe notar que o governo pode ter poupança positiva e mesmo assim um resultado negativo se essa poupança não for suficiente para financiar os gastos com investimentos feitos pelo governo. O método “acima da linha” apura o resultado do governo olhando para os fluxos e o método “abaixo da linha” apura o mesmo resultado olhando para os estoques. 
	Conta de Acumulação (Conta de Capital) Economia H – período t
	 SD - (FBCF + VE) + Trc = - + Sext
	Setores Institucionais
	Poupança Bruta (SD)
	Formação Bruta de Capital Fixo
(FBKF)
	Variação de Estoques
(VE)
	Saldo das Transferências de Capital
(Tcr - Tce)
	Capacidade (+) ou 
Necessidade (-) de Financiamento 
(+- Sext)
	
	Recurso
	Uso
	Uso
	Saldo
	Saldo
	Total da Economia
	222
	516
	30
	+64
	-260
	Empresas não financeiras
	188
	258
	30
	+70
	-30
	Empresas financeiras
	36
	20
	0
	-20
	-4
	Administrações Públicas 
	38
	80
	0
	0
	-42
	Famílias
	-48
	150
	0
	+12
	-186
	ISFLSF
	8
	8
	0
	+2
	+2
Como demonstra o quadro, da necessidade de financiamento de $ 260 da economia H no período t que as CEI já haviam apontado, a maior parte deveu-se a um déficit das famílias e, em segundo lugar das Administrações Públicas. O resultado acima da linha indica assim que, nesse período, apesar da poupança positiva do governo da economia H ($ 38), ela não foi suficiente para enfrentar as despesas com investimentos públicos (FBKF das administrações públicas de $ 80), gerando então a necessidade de financiamento (resultado negativo) de $ 42 para esse setor institucional. Todos os demais setores também tiveram resultados negativos, com exceção das ISFLSF, que apresentaram resultado positivo de $ 2. 
Com a Conta de Acumulação completamos o conjunto das Contas Econômicas Integradas Institucionais (CEI Institucionais), contas que, como vimos, demonstram a participação de cada um dos 5 setores institucionais na produção de valor adicionado, geração e distribuição da renda e na acumulação. Podemos com isso encerrar o presente capítulo, uma vez que já apresentamos todos os elementos do novo sistema de contas que o Brasil passou a adotar no final dos anos 1990, quais sejam a Tabela de Recursos e Usos (TRU), as Contas Econômicas Integradas e as CEI Institucionais. O próximo capítulo tratará das dificuldades de mensuração que, como veremos, são de vários tipos. É dentro desse contexto que abordaremos as Contas Nacionais Trimestrais, uma forma abreviada de produzir todo o complexo de informações que os atuais sistemas de contas são capazes de fornecer. 
Resumo
Os principais pontos vistos neste capítulo foram:
Em 1993, surge uma nova proposta do System of National Accounts, recomendando um novo formato que apresenta, relativamente ao anterior, substantivas alterações. O SNA 1993 leva a Fundação IBGE a modificar mais uma vez o sistema brasileiro, visando adaptá-lo a essas novas recomendações.
Ao final de 1997, a Fundação IBGE divulga a nova metodologia. A nova série de contas apresenta dados que são retroagidos inicialmente até o ano de 1995 e mais à frente até o ano de 1990. O formato anterior alcançou as contas até 1996.
A nova estrutura das contas nacionais é um tanto mais complexa do que as anteriores, mas não envolve mudanças conceituais. Segundo a própria ONU, as mudanças na forma de apresentação visam mostrar um sistema que, embora mantendo os fundamentos dos anteriores, seja atualizado, flexível e harmônico.
Podemos dizer que o novo formato do sistema de contas nacionais contempla três elementos: a) as Tabelas de Recursos e Usos (TRU); b) as Contas Econômicas Integradas (CEI); e c) as Contas Econômicas Integradas Institucionais (CEI Institucionais). 
Com isso há uma integração entre dois distintos métodos de mensuração dos agregados nacionais, que antes corriam em paralelo: os sistemas de contas, estruturados de acordo com o par débito/crédito, e as matrizes, dentre as quais a matriz Insumo X Produto. O primeiro método está presente nas CEI, enquanto o segundo está presente nas TRU.
 As TRU constituem um instrumento bastante rico em informações que, com a adoção da nova metodologia, passam a integrar o sistema de contas nacionais. As TRU conformam um conjunto de 6 matrizes. As tabelas derecursos mostram a matriz de Oferta Total (A) como somatório das matrizes de Produção (A1) e de Importação (A2). As tabelas de usos mostram a Demanda Total como somatório das matrizes de Consumo Intermediário (B1) e de Demanda Final (B2). As TRU trazem ainda a matriz de Valor Adicionado (C), resultante da operação A1 menos B2. A matriz C apresenta a decomposição do valor adicionado nas categorias de renda e nos impostos e subsídios sobre a produção e os produtos.
Todas as informações da TRU são desagregadas por setor, de modo que o consumo intermediário se identifica com a matriz insumo-produto, que fica assim​ definitivamente integrada ao sistema.
As antigas quatro contas foram substituídas, no novo sistema, por uma estrutura denominada Contas Econômicas Integradas (CEI), que contêm três grupos de contas. O grupo A é constituído pela conta de bens e serviços, que resume, do ponto de vista da economia como um todo, as principais informações contidas nas TRU. O grupo B compõe-se de três contas: a conta de produção, que equivale à conta PIB do sistema anterior; a conta de renda (distribuição primária), que se divide em quatro subcontas (de geração, de alocação, de distribuição secundária e de usos), que equivale à conta renda nacional disponível bruta do sistema anterior; e a conta de acumulação, que equivale à conta de capital do sistema anterior. Finalmente o grupo C contém a conta das operações correntes com o resto do mundo, dividida em três subcontas (de bens e serviços, de distribuição primária e transferências, e de acumulação), as quais substituem a conta de operações correntes do resto do mundo do sistema anterior. 
Ao contrário do sistema anterior, que trabalhava com o par débito/crédito, as CEI trabalham com o par usos/recursos, mas continuam a valer para as CEI os mesmos princípios básicos que valiam no sistema anterior, a saber: o do equilíbrio interno, que exige que os dois lados apresentem o mesmo valor, e o do equilíbrio externo que exige a coerência contábil de todo o conjunto de informações. 
O objetivo de cada um das contas é determinar o valor de um dado agregado. Assim, a conta de bens e serviços parte das categorias da Demanda Total (consumo intermediário, consumo final, formação bruta de capital e exportações) para chegar ao Valor Bruto da Produção (VBP). A conta de produção parte do Valor Bruto da Produção (VBP) para chegar ao Produto Interno Bruto (PIB); a conta de geração da renda (distribuição primária) parte do PIB para chegar ao Excedente Operacional Bruto (EOB); a conta de alocação da renda (distribuição primária) parte do EOB para chegar à Renda Nacional Bruta (RNB); a conta de distribuição secundária parte da RNB para chegar à Renda Nacional Disponível Bruta (RDB); a conta de uso da renda parte da RDB para chegar à Poupança Doméstica (SD); finalmente a conta de acumulação parte da SD para chegar à capacidade ou necessidade de financiamento externo da economia, ou seja, à demonstração do valor e do sinal assumidos pela Poupança Externa no período em questão (+- Sext). 
O terceiro elemento do novo sistema, as CEI Institucionais, reproduz cada um dos conjuntos de informação trazidos pelas CEI, discriminados, porém, em cinco diferentes setores institucionais: empresas financeiras, empresas não financeiras, administrações públicas, famílias e Instituições sem Fins Lucrativos a Serviço das Famílias (ISFLSF). Como as transações entre esses diferentes setores envolvem também as transações entre residentes e não residentes, o resto do mundo funciona como se fosse um 6º setor institucional. 
Assim, enquanto as TRU discriminam os valores dos agregados do ponto de vista dos setores produtivos, as CEI Institucionais os discriminam do ponto de vista dos setores institucionais. Exceção feita às empresas financeiras e à administração pública, não há compatibilidade entre esses dois tipos de setores. Assim, as exigências do sistema em termos de precisão e coerência são muito maiores do que no sistema anterior 
Além desses três elementos (TRU, CEI e CEI Institucionais), o novo sistema apresenta ainda uma série de outros quadros e tabelas complementares, dentre os quais cabe destacar a composição do PIB segundo as três óticas (produto, renda e dispêndio), a conta intermediária das administrações públicas por nível de governo e o quadro da carga tributária por nível de governo.
Questões para Revisão
Quais são os três elementos do novo sistema de contas nacionais que o Brasil adota ao final dos anos 1990? 
	Que tipos diferentes de métodos de mensuração de agregados o novo sistema integra? Como se pode visualizá-los nos três elementos do novo sistema?
Explique brevemente a estrutura da TRU e mostre quais são as relações que se podem estabelecer entre as suas 6 matrizes.
Que relações podemos estabelecer entre os conceitos de preços básicos e preços de consumidor trazidos pelo novo sistema, e os antigos conceitos de preço de mercado e custo de fatores já existentes no sistema anterior?
Explique qual é a diferença que existe entre as informações trazidas pelas linhas e e as informações trazidas pelas colunas da matriz de produção.
Quais são os componentes da Demanda final e como eles se relacionam com a Demanda Total?
Como se chega à matriz de valor adicionado? Em que elementos o valor adicionado é desdobrado? 
Qual é a diferença que existe entre impostos sobre produção e a importação e impostos sobre produtos e importação?
O que são as contas econômicas integradas (CEI)? Como elas se estruturam?
Qual é a correspondência que existe entre as CEI e as contas do antigo sistema? 
Explique de que maneira, partindo-se do valor dos componentes da Demanda Total da Economia se chega ao valor do Excedente Operacional Bruto (EOB).
Qual é a diferença que existe entre a distribuição primária e a distribuição secundária da renda? Que relação isso tem com a passagem do conceito de Renda Nacional Bruta (RNB) para o conceito de Renda Nacional Disponível Bruta (RDB)? 
Explique qual é a diferença que existe entre as transferências de renda e as transferências de capital e de que maneira isto influencia as CEI.
Explique qual é a relação que existe entre as CEI e as CEI institucionais. Indique quais são os setores institucionais que constituem o segundo grupo de contas.
Referências
Beckerman, Wilfred. Introdução à Análise da Renda Nacional. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1979.
FEIJÓ, Carmem A. & RAMOS, Roberto L. O. Contabilidade Social, 3ª edição. Rio de janeiro: Campus-Elsevier, 2008. 
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Simonsen, Mario H. & Rubens Penha Cysne. Macroeconomia, 2a edição. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas Editora, 1996.
Na internet
Banco Central do Brasil (uma das fontes mais completas de informações sobre a economia brasileira): http://www.bcb.gov.br 
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social — BNDES:
http://www.bndes.gov.br 
Confederação Nacional da Indústria — CNI (indicadores mensais da atividade produtiva e comercial das empresas e da evolução do mercado de trabalho):
http://www.cni.org.br 
Dados Sócio-Econômicos sobre o município de São Paulo: http://www.seade.gov.br/ 
Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos — DIEESE: http://www.dieese.org.br 
Federação das Indústrias de São Paulo — FIESP: http://www.fiesp.org.br 
Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas​ — FIPE (acesso aos Indica​dores de Movimentação Econômica no Esta​do de São Paulo — IMEC/SP): http://www.fipe.com/ 
Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados — Fundação SEADE:
http://www.seade.gov.br 
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística — IBGE (o mais

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