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Exercício de Reflexão V

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Exercício de Reflexão V
O sistema de cotas é um assunto que apesar de ser amplamente difundido na contemporaneidade, hodiernamente sofre diversos ataques, e um dos argumentos mais utilizados por quem discorda dessa ação afirmativa é seu caráter “discriminatório” com os candidatos que não são alvos da cota. Fato é que se faz necessário o debate técnico e aprofundado acerca do assunto para se ter uma conclusão, por isso temos que partir do seguinte pressuposto: 
“É injusto considerar raça e etnia fatores prioritários no mercado de trabalho e na admissão à universidade?”
Para analisar essa pergunta temos três desdobramentos oferecidas pelos defensores da ação afirmativa: Correções de distorções em testes padronizados, compensação dos erros do passado e promoção da diversidade.
O primeiro quesito diz respeito a falha na aplicação de “provas” como principal ferramenta de admissão de jovens nas universidades e no mundo de trabalho. Bem sabemos que a prova é um método falido de avaliação, pois há diversos fatores internos e externo que não permitem o aluno ser avaliado de forma igualitária com os demais estudantes, tendo em vista que é a mesma prova, mas em condições diferentes.
 É o caso de um jovem negro que nasce em uma periferia com sua família em situação de vulnerabilidade econômica, enquanto ele frequenta sua primeira creche pública e tem de lidar com a discriminação na sala de aula, enquanto o outro frequenta a creche particular e não tem nenhum problema com o aprendizado. Enquanto na adolescência o jovem negro tem que trabalhar o dia todo para ajudar na renda de casa e somente estudar a noite, o jovem favorecido estuda em período integral e a noite faz cursinho preparatório. Ainda, até o indivíduo que tenha a oportunidade de ter estudado e se preparado para o dia da aplicação, diversos fatores podem o atrapalhar, como nervosismo, ansiedade, atrasos externos.
Portanto submeter alunos de realidades diferentes com o mesmo tipo de prova, por si só já se torna injusto, em outras palavras o filósofo contemporâneo, rapper mineiro “Djonga” em uma de suas músicas diz que:
“Falam de igualdade na corrida entre o leopardo e a mula manca”
Desta forma, enquanto não houver outro método de avaliação mais eficaz se faz necessário ações afirmativas que visem tornar essa disputa “justa”, simplificando:
“Entretanto, a avaliação dos testes à luz dos antecedentes raciais, étnicos e econômicos dos estudantes não põe em questão a ideia de que faculdades e universidades devam admitir alunos que demonstrem melhores probabilidades de sucesso acadêmico; é simplesmente uma tentativa de encontrar a medida mais acurada da promessa acadêmica de cada aluno individualmente”. 
O segundo quesito considera a ação afirmativa uma solução para remediar as injustiças do passado. De acordo com esse argumento, pessoas pertencentes as minorias devem ter preferencia em relação as outras tendo em vista seu histórico de discriminação que os coloca em posição de inferioridade, e seus efeitos que ainda persistem tais como: Não conseguir ser contratado por um escritório de advocacia pelos simples fatos de ser negro.
Contudo esse argumento comporta uma grande contestação: Nem sempre os beneficiários dessas ações são aqueles que sofreram, para eles, se a questão for ajudar pessoas em desvantagens deveria se basear na classe social e não na raça. Para isso temos duas respostas, a primeira é que temos a chamada “responsabilidade coletiva” temos obrigações impostas como membros de comunidades com identidades históricas. 
Por outro lado, por mais que aquele indivíduo que esteja apto com a ação afirmativa não tenha sofrido como os outros, por mais privilegiado que seja, ele não está em igualdade com o branco, pois nossa sociedade julga muito pela aparência, a exemplo de um negro rico que anda com vestimentas simples e um branco de classe média que usa vestimentas mais luxuosas, os dois vão em qualquer loja, a probabilidade do branco ser atendimento mais rápido e melhor é enorme, dessa forma por mais que um individuo não tenha sofrido como o outro, não está em igualdade e merece também o benefício.
O terceiro quesito trata a admissão do beneficiado não como uma recompensa, mas como um meio de atingir um objetivo socialmente mais importante. Nesse caso, a diversidade permite que os estudantes aprendam mais entre si do que se tivessem com antecedentes semelhantes. Ainda, considera que as minorias ocupassem posições de liderança e notoriedade na vida pública e profissional, pois contribuiria ao bem comum.
A diversidade é necessária em todos os locais, tendo em vista que reduz os preconceitos e as desigualdades, e ainda afeta a autoestima dos estudantes de grupo minoritários, e traz a representatividade, exemplificada na época em que Joaquim Barbosa era o único ministro negro do STF, possibilitando por meio de sua história a qualquer jovem de grupos minoritários enxergar que também poderia chegar ao mais alto escalão do poder judiciário, e ele ainda participou da votação no plenário que assegurou a aplicação de cotas no ano de 2012.
 O ministro do STF, ressaltou a importância das ações afirmativas para viabilizar “harmonia e paz social”. Ele citou exemplo dos Estados Unidos que se tornaram “o país líder do mundo livre”, após derrubar a política de segregação racial.
“Ações afirmativas se definem como políticas públicas voltadas a concretização dos princípios constitucionais da igualdade material a neutralização dos efeitos perversos da discriminação racial, de gênero, de idade, de origem. [...] Essas medidas visam a combater não somente manifestações flagrantes de discriminação, mas a discriminação de fato, que é a absolutamente enraizada na sociedade e, de tão enraizada, as pessoas não a percebem.”, disse Barbosa.
Ainda se pode questionar se essas preferencias violam direitos, ou utilizar a raça ou a etnia como fator de admissão pode ser injusto. Para os utilitaristas isso não seria muito relevante pois ela dependeria simplesmente da avaliação dos benefícios educacionais. Por outro lado, para os liberais partidários como Kant e Rawls considerar a raça critério de admissão viola os direitos dos não favorecidos.
Para Dworkin, pensamento que mais me filio, essa violação de direitos não acontece, pois, a maioria dos critérios tradicionais para a admissão à universidade envolve fatores que indivíduos não podem controlar, tendo em vista que na criação da universidade ela define sua missão social, e essa missão que definirá que qualidades essa universidade estará buscando, ainda, o candidato aceita ser avaliado sob essas condições quando aceita fazer o vestibular, ou seja, não é uma questão de mérito moral.
A exemplo de um escritório que está precisando contratar advogados, mas antes de abrir esse processo seletivo ele tem que saber quais são as vagas que estão disponíveis, e sabendo disso ele elabora seu processo seletivo buscando profissionais que detenham essas características. Ainda, Marcos advogado muito bom em elaborar peças processuais quer necessita de vagas para dois advogados: um para ser a cara do escritório fazendo o marketing digital e outro para atuar em audiência, sendo o advogado do contencioso. 
Outrossim são duas áreas diferentes que encima disso, Marcos elaborará quesitos para procurar o advogado com essas características, e isso não é questão de mérito moral, afinal, o que pode ser considerado mérito só pode ser determinado quando a autoridade habitacional ou o escritório definirem sua missão.
Portanto, os advogados que Marcos escolher para seu escritório não devem achar que sua escolha foi por conta de sua virtude, e sim foi sorte, tendo em vista que tinham as características certas na hora correta, podendo causar ainda bastante prejuízo moral pois quanto mais consideramos nossas conquistas frutos do mérito próprio, menos responsabilidade sentiremos em relação aos que ficam para trás, ou seja, é muito difícil separar a justiça distributiva do mérito moral. 
Devemos ter consciência que não somos os únicos detentores do conhecimento, todasas pessoas, do mais desafortunado ao mais rico, são capazes de conseguir alcançar o seu objetivo, mas pra isso é necessário garantir que essas pessoas cheguem lá, e esse caminho se torna muito complicado quando não se tem as ferramentas necessárias para alcançar seu objetivo, sendo que as ações afirmativas tem papel fundamental para tentar equilibrar a balança da desigualdade.

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