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AULA 1 E 2 fILO3m

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Filosofia política 
 
A filosofia é um amplo movimento intelectual que atua nas bases conceituais do 
pensamento, sempre estabelecendo as perguntas ditas radicais: “O que é?”, “Como 
é?”, “Por quê é?”. Assim, a filosofia foi descrita pelo filósofo francês contemporâneo 
Gilles Deleuze como a arte de criar conceitos. A filosofia busca o entendimento, a 
movimentação e a constante criação de novos conceitos, sempre questionando e 
problematizando o que advém do senso comum, da opinião, da tradição e da religião. 
Com a filosofia política não é diferente, pois os filósofos desse campo do 
pensamento sempre buscaram estabelecer críticas e fomentar novas ideias que 
dessem movimento ao campo intelectual que se atreve a pensar e questionar o 
campo da organização política. 
A filosofia política, ao diferenciar-se da ciência política por não haver uma pretensão 
metódica e científica, permitiu aos vários pensadores elaborar diferentes teorias 
sobre a organização política, mas sempre questionando e dialogando com o 
conhecimento anterior e estabelecendo novos conceitos acerca dos problemas 
políticos. 
Nesse sentido, os filósofos (e também teóricos) da política dedicaram-se a entender 
questões relacionadas a elementos políticos, como governo, Estado, as noções de 
público e privado, os diferentes tipos e formas de governo, além de noções éticas e 
econômicas estritamente relacionadas à política. 
Governo e Estado 
Questão antiga para a filosofia política, as noções de governo e Estado são essenciais 
para a formação de qualquer pensamento, teoria, técnica ou doutrina política e 
econômica. Desde os estudos de política empreendidos por filósofos clássicos, como 
Platão e Aristóteles, há um consenso na determinação mais básica desses conceitos, 
mudando apenas as atribuições de cada um no âmbito político. Podemos assim 
conceituá-los: 
Estado 
O Estado consiste no conjunto da máquina pública, ou seja, é o conjunto de 
mecanismos que compõem o organismo público e delimita aquilo que pertence à 
coletividade, que é diferente do que pertence ao âmbito privado. O Estado é delimitado 
pelo que é do conjunto público e é expresso e reconhecido como legítimo a partir de 
um sentimento que une pessoas (geralmente compatriotas que convivem no mesmo 
território) em torno de um sentimento patriótico comum e de uma cultura comum, que 
nutrem entre si um sentimento de solidariedade e coesão. O Estado, enquanto 
máquina pública, é fixo e, quando passa por mudanças, ou estas devem ser consenso 
entre os cidadãos ou devem ser graduais e acompanhar as demandas da sociedade. 
Governo 
Ao contrário do Estado, que é fixo, o governo é transitório. Nas sociedades 
democráticas, a transição deve ser constante. Nas sociedades governadas por 
governos autoritários, a transitoriedade pode ser lenta. De qualquer modo, o governo é 
passível de mudanças repentinas, pois cada governante tem seu modo de comandar a 
máquina pública, aliás, este é o principal atributo dos governos – governar os Estados, 
gerir a máquina pública, exercer o poder no âmbito estatal. 
Principais pensadores da filosofia política 
Assim como a própria filosofia, que é vasta de pensadores e suas diferentes teorias a 
respeito dos mais variados temas, com a filosofia política não poderia ser diferente. 
Desse modo, temos, ao longo dos mais de dois mil anos de tradição filosófica, 
diversos autores que formularam diferentes pensamentos acerca do modo como 
governo, Estado, âmbito público, direitos, deveres e liberdade devem ser organizados. 
Listamos abaixo os principais pensadores da filosofia política e suas respectivas 
ideias: 
Platão 
Autor da primeira obra de filosofia política (e também a primeira utopia política) – A 
República –, o filósofo grego antigo desenvolveu uma complexa organização política 
para o que ele chamou de cidade perfeita. Em sua república ideal, a educação deveria 
ficar totalmente a cargo do Estado desde a idade de 7 anos das crianças, que 
deveriam ser criadas e receber a educação de acordo com as suas aptidões. 
Os mais aptos à intelectualidade estariam também mais aptos ao governo da cidade, 
tornando-se o que Platão chamou de “Reis Filósofos”. Estes receberiam a educação 
formal e a instrução política e filosófica até passarem dos 40 anos de idade, época em 
que poderiam ser testados enquanto governantes. Platão era avesso à democracia 
como forma de governo e acreditava que a aristocracia chefiada pelo melhor e mais 
apto (o rei filósofo) deveria ser o governo adotado na cidade perfeita. 
Aristóteles 
O filósofo grego clássico responsável pela sistematização do conhecimento filosófico 
dividiu os campos de atuação do pensamento geral e filosófico em três grandes áreas: 
técnico (responsável pela ação prática e técnica das artes e das técnicas, como a 
medicina); teorética (responsável pelo entendimento científico e filosófico de questões 
relacionadas ao pensamento puro, como a matemática, a lógica e a metafísica); 
prática (campo que proporcionava a práxis, que, para os gregos, era a ação embasada 
na reflexão). Participavam dessa práxis filosófica a política e a ética, pois são áreas 
filosóficas em que a ação humana é suportada por um pensamento filosófico (teórico). 
Para Aristóteles, o governo democrático reformulado (diferente da democracia 
ateniense) deveria tomar espaço para construir uma sociedade mais justa. O filósofo já 
falava de separação do Poder Legislativo e do Executivo (separação entre rei que 
governa e cidadãos legisladores), tal como propunha o modelo democrático ateniense, 
mas com a diferença de eleger uma Constituição como o conjunto de leis essenciais 
que não poderiam ser quebradas. 
Aristóteles entendia que o ser humano trazia na sua natureza a sociabilidade, pois 
para sobreviver precisa relacionar-se com os seus semelhantes. Para realizar este fim, 
surge a pólis, ou seja, a cidade. 
A polis, portanto, não é algo externo ao ser humano, mas vai-se construindo conforme 
o ser humano vai se relacionando com o outro, por isso, que por natureza, o homem é 
um animal político, pois naturalmente também é voltado a justiça, ao bem comum e a 
felicidade. 
Maquiavel 
Pensador renascentista, o filósofo e teórico político florentino Nicolau Maquiavel é um 
dos principais filósofos políticos de todos os tempos. Apesar da aparente rispidez de 
suas teorias, o pensador é considerado referência em teoria política até hoje. 
Maquiavel defende uma estranha separação entre ética e política. Acontece que 
Maquiavel está pensando na teoria política como um suporte à manutenção do 
governo por parte do governante em seu livro O Príncipe. Para Maquiavel, o líder 
político deveria ser uma espécie de estadista estratégico e populista, procurando 
sempre o apoio político por parte do povo. 
Ele acreditava que era melhor que o governante fosse amado pelo povo do que 
temido. No entanto, quando o amor não viesse ou quando a situação não permitisse 
que o povo nutrisse sentimentos positivos por seu governo, o governante poderia usar 
o temor como forma de garantir a submissão do povo e a sua conseguinte 
governabilidade. 
Como medida de governabilidade, Maquiavel defendia, por exemplo, que ações boas 
e positivas do governante deveriam ser tomadas aos poucos e gradativamente, assim 
ele manteria sempre boas lembranças ao seu povo. Ações negativas e ruins (se 
necessário fossem) deveriam ser feitas de uma vez, pois assim o povo esqueceria 
logo o que se passou. Foi um dos principais filósofos do Absolutismo! 
Formação do Estado absolutista 
A criação do Estado Absolutista está usualmente vinculada às transformações que 
marcaram a Europa durante o fim da Idade Média e o início da Idade Moderna. Nesse 
sentido, diversos historiadores apontam a crise do poder nobiliárquico e os interesses 
da burguesia comercial enquanto dados fundamentais que viabilizaram a ascensão 
dessa nova experiência política. 
No entanto,não são apenas as questões políticas e econômicas que unicamente 
sustentaram os poderes exercidos pelo rei. Diversos pensadores se esforçaram em 
refletir sobre esse novo tipo de governo. Entre outras questões, se preocuparam em 
arquitetar quais medidas, comportamentos e valores seriam mais bem empregados na 
manutenção do poder real. De fato, pensar a estabilidade de um governo concentrado 
nas mãos de um indivíduo exigiu resposta a uma gama de problemas. 
De forma geral, os teóricos do absolutismo surgiram em um momento posterior à 
formação de diversas monarquias nacionais. Geralmente, ou teciam suas perspectivas 
com base em experiências e conflitos vividos no interior de determinadas monarquias 
ou legitimavam o poder real por meio de uma análise comparativa entre as diferentes 
formas de governo já experimentadas. Além disso, contaram com a ascensão da 
imprensa para que tivessem suas ideias lançadas ao público. 
Ao mesmo tempo, lembrando que a Idade Moderna ainda estava fortemente marcada 
por valores religiosos, notamos que alguns pensadores absolutistas buscaram 
justificativas religiosas para o reconhecimento do poder real. O princípio do “direito 
divino dos reis” defendeu a ideia de que a ascensão de um monarca ao poder, na 
verdade, refletia os anseios divinos com relação ao destino da nação. Em certa 
medida, o rei se transformava em um representante de Deus. 
Entre os principais pensadores do absolutismo, podemos dar destaque à obra do 
italiano Nicolau Maquiavel, autor de “O príncipe”; do pensador britânico Thomas 
Hobbes, autor de “Leviatã”; o jurista francês Jean Bodin, criador de “Os seis livros da 
República”; e Jacques-Bénigne Bossuet, teólogo francês autor de “Política Segundo a 
Sagrada Escritura”. 
A filosofia de Hobbes, assim como de outros filósofos de seu tempo, é uma reação à 
filosofia escolástica. O filósofo queria dar um fim às controvérsias estéreis e 
intermináveis da Idade Média e criar um sistema de pensamento sólido, tanto quanto 
às conclusões da nova ciência. 
O modelo de conhecimento sólido de Hobbes vem sobretudo da geometria e da 
ciência. Da primeira ele admira o método rigoroso de dedução de verdades a partir de 
princípios básicos. Da segunda, o materialismo. Apesar de ser um admirador da 
ciência, Hobbes não via com bons olhos o método indutivo proposto por Francis 
Bacon. 
A base da filosofia política de Hobbes é uma visão pessimista sobre a natureza 
humana e a vida em sociedade. Segundo o autor, os seres humanos são bastante 
imperfeitos. Estão constantemente sujeitos ao erro de julgamento, movidos por ideias 
falsas, influências de terceiros mal intencionados, não poucas vezes agem de forma 
egoísta, impulsiva e com uma preocupação excessiva com ninharias como a honra. 
Por tudo isso, a paz no convívio social é algo frágil. Hobbes vê a guerra civil que 
atingiu a Inglaterra de seu tempo como o resultado dessa natureza humana intratável. 
Para ele, sempre que o Governo de uma sociedade deixa de existir, se retorna ao 
chamado estado de natureza. E sendo o homem o que é, um ser egoísta, medroso e 
preocupado com a própria imagem diante da sociedade, o único resultado pode ser 
uma “guerra de todos contra todos”. Citando uma expressão latina, Hobbes afirma que 
“o homem é o lobo do homem”. Com isso quer dizer que, na ausência de um 
governo poderoso que obrigue a população a respeitar uma série de normas de 
convivência, o homem destrói o próprio homem. 
O contrato social 
Para Hobbes, a sociedade política é uma criação humana para resolver o problema da 
guerra de todos contra todos que prevalece no estado de natureza. A única forma de 
acabar com esse conflito generalizado é todos os homens concordando em transferir 
seus direitos, através de um contrato social, para uma única pessoa ou grupo que 
tenha poderes absolutos. Esse será o governo, responsável por garantir a paz na 
sociedade. 
Hobbes foi um defensor da monarquia de seu tempo, que vinha sofrendo com os 
ataques dos parlamentaristas defensores da limitação do poder do rei. Porém, ao 
contrário de outros pensadores que defendiam a monarquia absolutista, Hobbes não 
apela a um suposto direito divino dos reis governar. Ao contrário, baseia sua defesa no 
fato alegado de que a única forma de garantir uma paz duradoura é através de um 
governo com poderes absolutos. 
John Locke e a visão Iluminista 
John Locke foi um importante filósofo inglês. É considerado um dos líderes da doutrina 
filosófica conhecida como empirismo e um dos ideólogos do liberalismo e do 
iluminismo. Locke criticou a teoria do direito divino dos reis. Para Locke, a soberania 
não reside no Estado, mas sim na população. Embora admitisse a supremacia do 
Estado, Locke dizia que este deve respeitar as leis naturais e civis. 
Locke também defendeu a separação da Igreja do Estado e a liberdade religiosa, 
recebendo por estas ideias forte oposição da Igreja Católica. Locke, assim como 
Montesquieu, defendia que o poder deveria ser dividido em: Executivo, Legislativo e 
Judiciário. De acordo com sua visão, o Poder Legislativo, por representar o povo, era o 
mais importante e, portanto, os outros dois deveriam estar subordinados a ele. 
O Estado liberal seria fruto de um pensamento liberal, pensamento este discutido por 
vários intelectuais nos últimos cinco séculos. Mas, para muitos filósofos, o pensamento 
liberal teria suas bases nas teses de John Locke (1632-1704), considerado o pai do 
liberalismo principalmente por conta de suas ideias em “Dois tratados do governo 
civil”, obra publicada no final do século XVII. 
Para Locke, o homem é anterior à sociedade e a liberdade e a igualdade fazem parte 
de seu Estado de natureza. No entanto, elas não são vistas de forma negativa como 
nas ideias de Thomas Hobbes (o qual afirma que os sentimentos de liberdade e 
igualdade conduzem a guerra constante), mas sim dizem respeito a uma situação de 
relativa paz, concórdia e harmonia. 
No estado natural do homem, ele possuiria direitos naturais que não dependeriam de 
sua vontade (um estado de perfeita liberdade e igualdade). Locke afirma que a 
propriedade é uma instituição anterior à sociedade civil (criada junto com o Estado) e 
por isso seria um direito natural ao indivíduo, que o Estado não poderia retirar. 
Contudo, apesar de John Locke acreditar no lado positivo da liberdade e da igualdade 
no estado de natureza, tal situação não estava isenta de inconvenientes como a 
violação da propriedade. Para contornar esses inconvenientes era preciso fazer um 
contrato social, que unisse os homens a fim de passarem do estado de natureza para 
a sociedade civil. 
Seria necessário instituir entre os homens um contrato social ou um pacto de 
consentimento. Neste “pacto” o Estado seria constituído como “dono” do poder político 
para assim preservar e consolidar ainda mais os direitos individuais de cada homem. 
Direitos estes que eles já possuíam desde o estado de natureza. Assim, “é em nome 
dos direitos naturais do homem que o contrato social entre os indivíduos que cria a 
sociedade é realizado, e o governo deve, portanto, comprometer-se com a 
preservação destes direitos.” 
Hegel 
Hegel busca entender o homem em sua totalidade, ou seja, tenta compreender todos 
os aspectos do ser humano e explicar tudo que o ser humano vive e é através de um 
único sistema. Todo o universo, tudo que existe, existiu ou vai existir, inclusive a 
história e o tempo, são vistos como um único organismo em constante mudança e o 
ser humano é somente parte desse organismo e provavelmente não a mais 
importante. 
Esse todo, essa totalidade, em seu desenvolvimento, segue princípios do que ele 
chama de espírito racional, que é infinito. O espírito racional é o que direciona a vida 
da totalidade do mundo. Conhecer esse espírito racional é o grande objetivo da 
filosofia. Essa racionalidade não é algo separada da realidade, ao contrário, são a 
mesma coisa:"o que é real é racional e o que é racional é real", nas palavras de 
Hegel. 
A racionalidade cria a multiplicidade através da criação de conceitos e a criação de 
conceitos opostos é que gera o movimento dialético, a dialética é, portanto, a vida da 
racionalidade. Em outras palavras, a razão cria a realidade quando conceitua essa 
realidade e cria a mudança da realidade quando cria conceitos diferentes ou opostos 
para a realidade, esses conceitos opostos ou diferentes vão interagir entre si e criar 
algo que pode ser novo, esse é o movimento dialético. Além disso, a dialética é 
especulativa, ou seja, ela busca a construção de novos conhecimentos por meio de 
novas teorizações, de indagações e da criação de novos conceitos. 
Todavia, a realidade só existe como conceito racional, seja em que parte da dialética 
ela estiver. Conceituamos quando trazemos para a razão o mundo dos fatos, mas tudo 
o que está em nós são conceitos, dessa forma a realidade é conceituação racional. 
A dialética tem três momentos, o primeiro é o "ser em si", o segundo é o "ser outro ou 
fora de si" e o terceiro é o "retorno a si ou ser em si e para si", num exemplo do próprio 
Hegel: "A semente é em si a planta, mas ela deve morrer como semente e, portanto, 
sair fora de si, a fim de poder se tornar, desdobrando-se, a planta para si (ou em si e 
para si)". 
A construção da realidade e da verdade é um constante processo entre o ser e o não 
ser. A conceituação, a construção da realidade pela nossa racionalidade, é algo que 
vem do nada e tem a possibilidade de ir para o nada no processo dialético. Ou nas 
palavras do autor: "o ser e o nada são uma só e mesma coisa". 
O espírito racional trabalha ainda como pano de fundo da história, que é uma série de 
ações e criações irreversíveis que visam um objetivo buscado pelo espírito racional, 
objetivo esse que nós, enquanto indivíduos isolados, não temos como perceber na 
história. 
Para o ser humano a história pode parecer um conjunto de acontecimentos não 
necessários, inconstantes e sem significado, mas isso acontece porque buscamos 
nela os nossos interesses isolados e não os objetivos do espírito racional que é o que 
forma e dá sentido à história. Os homens tem a ilusão de que comandam e constroem 
a história, mas o que acontece é o contrário, os homens são elementos descartáveis 
para que se possa cumprir na história os objetivos do espírito racional. Os homens não 
colhem os frutos do seu trabalho que ficam sempre para as gerações seguintes. 
Søren Kierkegaard e Karl Marx são os filósofos mais relevantes que criticaram o 
pensamento hegeliano. O alvo da crítica desse último é, inicialmente, a perspectiva 
política de Hegel, em especial a noção de Estado, mas, na sequência de seu 
desenvolvimento intelectual, acaba por colocar em questão a dialética hegeliana e 
invertê-la. 
 
Marxismo 
Marx e Engels perceberam que o trabalho é o conceito chave da sociedade. Desta 
forma, toda a história da humanidade passaria pela tensão entre os donos dos meios 
de produção e quem apenas poderia realizar a tarefa. 
Assim, para a teoria marxista a luta de classes seria “o motor da história”. Já a 
produção dos bens materiais seria o fator condicionante da vida social, intelectual e 
política. 
Marx e Engels refletiram sobre as relações humanas e as instituições que regulavam 
as sociedades, como a propriedade privada, a família, o governo, etc. Daí surgem os 
princípios que fundamentaram o marxismo, também conhecido como “socialismo 
científico”. 
Por outro lado, o “socialismo utópico” já teorizava sobre os meios capazes de 
solucionar a diferença entre os membros do proletariado e da classe burguesa 
dominante. Suas ideais inspiraram várias correntes de pensamento que desejavam 
mudar as estruturas capitalistas como o anarquismo, o socialismo e o comunismo, 
entre outros. 
Portanto, para os marxistas, é necessário atrelar o pensamento à prática 
revolucionária, unindo conceito à práxis como forma de transformar o mundo. 
Contudo, aqueles pensadores superestimaram a previsibilidade das sociedades 
humanas. Afinal, muitos dos países que se autoproclamavam seguidores das ideias 
marxistas não seguiram à risca os seus preceitos. 
Desenvolvida em quatro níveis fundamentais, a teoria marxista se agrupa nos níveis 
filosófico, econômico, político e sociológico, segundo a ideia de “transformação 
permanente”. 
Fica explicito, nessa abordagem, que o ser humano e a sociedade só podem ser 
compreendidos através das forças que produzem e reproduzem as condições de 
existência. Nessa perspectiva, torna-se basilar a análise das condições materiais da 
existência humana em sociedade. 
Por outro lado, o marxismo foi gestado a partir de três tradições intelectuais 
desenvolvidas na Europa do século XIX a saber: 
 
 o idealismo alemão de Hegel; 
 a economia-política de Adam Smith; 
 a teoria política do socialismo utópico, de autores franceses. 
A partir destas concepções, foi possível elaborar um estudo da humanidade através do 
materialismo. 
Sobre o “Estado”, Marx percebeu que não seria um ideal de moral ou de razão, mas 
sim uma força externa da sociedade que se colocaria acima da mesma. Apesar disso, 
isso seria, na realidade, uma forma de garantir a dominação da classe dominante, 
mediante a manutenção da propriedade. 
Assim, o Estado teria surgido concomitantemente a propriedade privada, como uma 
forma de protegê-la, o que torna qualquer Estado, por mais democrático que seja, uma 
ditadura. 
Karl Marx e Friedrich Engels acreditam que o Estado se utiliza de várias ferramentas 
para efetivar sua dominação. Alguns exemplos seriam a burocracia, a divisão territorial 
dos cidadãos e o monopólio da violência, garantida por um exército permanente. 
A filosofia, assim como a sociologia, recebeu influência do pensamento de Karl Marx. 
O conceito de materialismo histórico dialético, por exemplo, parte de um pressuposto 
da filosofia de Hegel, que remonta a uma noção de dialética ampliada da dialética 
platônica. No entanto, as dialéticas platônica e hegeliana são concepções ideais 
baseadas na obtenção de conhecimento a partir de ideias contrárias. 
Marx, que no início de sua carreira foi um discípulo intelectual das ideias de Hegel, 
subverteu a filosofia desse idealista e deixou de ver sentido em qualquer tipo de 
idealismo que não promovesse a mudança social. Dessa maneira, passou a entender 
que a sociedade deveria mudar e que qualquer filosofia estabelecida deveria lutar pela 
mudança social. A dialética seria, nesse caso, a expressão da mudança radical da 
sociedade a partir de elementos práticos baseados na igualdade socialista. 
Muitos filósofos posteriores foram influenciados por Marx. Podemos destacar, como 
nomes que continuaram os estudos marxistas ou que se embasaram na filosofia 
marxista para desenvolver suas próprias teorias, filósofos da Escola de Frankfurt, 
como Adorno, Horkheimer e Marcuse; existencialistas franceses, como Sartre e 
Simone de Beauvoir; filósofos chamados de pós-modernos ou pós-estruturalistas, 
como Foucault e Deleuze. 
Ética x moral 
De modo geral, a ética é uma área da filosofia, também chamada de Filosofia Moral. 
Nela, são estudados os princípios fundamentais das ações e do comportamento 
humano. 
Já a moral é uma construção social formada pelo conjunto dessas ações e 
comportamentos através do entendimento sobre quais são bons e quais são maus, 
visando criar normas que orientem as ações dos indivíduos pertencentes a um mesmo 
grupo. 
Entretanto, como todos os temas filosóficos, não há um consenso relativo a essa 
diferença. Alguns autores tratam ética e moral como sinônimos. Isso se dá porque as 
raízes etimológicas das palavras são semelhantes. 
Etimologicamente, os termos derivam da mesma ideia: 
 Ética vem do grego ethos, que significa “costumes”, “hábitos” e, em última 
instância, “o lugar em que se habita”. 
 Moral tem origem nolatim mores, que significa “costumes”, “hábitos” e é raiz 
também de nossa palavra “morada”, o lugar em que se mora (do verbo morar). 
Ética, ou filosofia moral, é uma área do conhecimento dedicada à investigação dos 
princípios das ações humanas. Em outras palavras, a ética é o estudo sobre as bases 
da moral. Ela desenvolve teorias sobre o desenvolvimento do comportamento humano 
e a construção de valores compartilhados socialmente, que orientam as ações. 
A reflexão sobre conceitos-chave como "o bem", "a justiça" e "a virtude", constroem o 
saber ético, iniciado no período antropológico da filosofia grega marcado pela tríade 
Sócrates-Platão-Aristóteles. 
 
Principalmente no texto Ética a Nicômaco, de Aristóteles, o filósofo define a ética como 
uma disciplina da filosofia e busca definir a relação entre os comportamentos 
humanos, a virtude e a felicidade. 
Atualmente, a ética se ocupa da teorização e construção de princípios que 
fundamentem diversas atividades. A deontologia, por exemplo, é uma área que visa 
estabelecer as bases éticas para o desenvolvimento profissional. Assim como a 
bioética - um ramo dedicado a refletir sobre quais princípios a ciência deve se 
desenvolver, tendo como foco o respeito à vida. 
A moral tem como característica fundamental atuar como uma norma que orienta os 
comportamentos humanos. Ainda que se pressuponha a liberdade dos indivíduos e a 
impossibilidade de prever todas as ações, a moral vai desenvolver valores nos quais 
as ações devem estar submetidas. 
Diferente das teorias éticas, que buscam as características universais do 
comportamento humano, a moral estabelece uma relação particular com os indivíduos, 
com sua consciência e a ideia do dever. 
A moral assume um caráter prático e normativo, em que a forma como se deve agir 
está diretamente relacionada aos valores morais construídos socialmente. 
Assim, enquanto a ética propõe questões como: "O que é o bem?", "O que é a 
justiça?", "O que é a virtude?"; a moral se desenvolve a partir da aprovação ou 
reprovação de uma conduta. "Esta ação é justa?", "É correto agir de determinada 
maneria?" 
Por exemplo, a moral cristã que serviu de base para a construção da cultura ocidental, 
considera a liberdade humana em sua relação com o livre-arbítrio. Mesmo assim, a 
liberdade para agir vai estar condicionada aos valores descritos nos textos sagrados. 
Sobretudo no evangelho do Novo Testamento, nos ensinamentos de Cristo e em todo 
o seu desdobramento histórico e cultural. 
Assim, a construção do pensamento de uma vida virtuosa toma como base os bons 
exemplos e a construção de um hábito social. Por isso, a moral, diferente da ética, vai 
estar sempre inserida em um contexto particular. Cada grupo social em diferentes 
momentos históricos possuirá valores morais também distintos. 
Ética kantiana 
Segundo Kant, a capacidade que o homem tem de diferenciar o certo do errado é 
inata, ou seja, já nasce com ele. Sendo assim, a moral humana independe da 
experiência, pois já nascemos com ela. Sendo anterior à experiência, ela é “formal”, ou 
seja, vale para todas as pessoas, onde quer que elas estejam e em qualquer tempo. 
No tocante às quatro perguntas básicas que norteiam a filosofia kantiana, a questão 
moral diz respeito à segunda: “Como agir?”. Em seus livros Fundamentação da 
metafísica dos costumes e crítica da razão prática, Kant procura responder a ela de 
maneira a constituir uma ética que parte da ideia de que o homem não escapa do 
imperativo categórico, ou seja, uma ordem válida para agir em relação a tudo. Esse 
imperativo é definido da seguinte forma: devemos sempre agir de modo a podermos 
desejar que a regra a partir da qual agimos se transforme numa lei geral. 
Quando faço uma escolha e ajo de determinada maneira, preciso estar convicto de 
que posso desejar que todas as outras pessoas façam a mesma coisa na mesma 
situação. Afinal, não posso desejar aos outros aquilo que não quero para mim! 
Quando tento ser justo com os outros a fim de que eles me reconheçam como uma 
pessoa “legal”, então não estou agindo de acordo com a lei moral. Uma ação só pode 
ser considerada moral quando seu resultado vier do esforço em superar-se a si 
mesmo. Trata-se de uma questão de dever, ou seja, é dever do ser humano agir 
moralmente, faz parte de sua natureza. 
Tal procedimento visa a estabelecer uma ética de responsabilidade, da qual o homem 
até consegue escapar, já que possui o livre-arbítrio, mas aos homens conscientes isso 
não é possível. 
A Genealogia da moral de Nietzsche 
A genealogia do alemão Friedrich Nietzsche (1844 – 1900) consiste em fazer um 
estudo detalhado da morfologia das palavras bem e mau. Ele fez sua pesquisa nas 
línguas alemã (sua língua de origem) e latina. Em seus estudos, ele descobre que 
palavra alemã schlecht (mau) é idêntica à schlicht (simples). Daí, ele chega ao 
schlichtsweg (simplesmente) e schlechterding (absolutamente), o que traz, desde suas 
origens, a função de designar o homem simples, plebeu. 
Isso revela que a classe dominante acabou associando a classe plebeia ao conceito 
daquilo que é mau – o oposto, a antítese da classe nobre. Por isso, os homens que se 
sentem e são privilegiados (classe nobre) é quem espelham o conceito de ‘bom’. 
Já na língua latina, Nietzsche faz outra analogia com a palavra malus, relacionada 
com melas (negro) e usada para designar o homem plebeu, de cor morena e de 
cabelos pretos (hic niger est). O “bom”, o “nobre”, o “puro” é o de cabelos loiros. Isso 
faz oposição com o individuo de cabelos negros. 
Com isso, a conceituação ganha um caráter estritamente político. Você já deve estar 
percebendo, portanto, que este resgate histórico feito por Nietzsche, o fez perceber 
que este conceito de bom e mau estão com uma interpretação ligada as classes 
dominantes da época. 
Nietzsche concluiu que as concepções morais são elaborada pelos homens, a partir 
dos seus interesses, isto é, são produtos histórico-culturais. Mas, segundo Nietzsche 
quem é responsável pela propagação desses conceitos? As religiões cristãs e o 
judaísmo. Essa é a resposta dele. Mas como essas religiões fazem isso? 
Você sabe que toda religião tem um ser superior que é o criador de tudo e que tudo 
sabe e que em tudo está presente. Então, a vida também é um dom de Deus e 
segundo estas religiões, para agradá-Lo devemos viver segundo a vontade dele. 
Por isso que a resposta a esta pergunta se fundamenta na vontade de Deus. Isto é. 
Com medo de perderem uma recompensa na vida posterior, o céu como é chamado, 
as pessoas acabam sendo submissas e esta “moral de rebanho”, termo usado por 
Nietzsche. 
Diante disso tudo o que Nietzsche propõe? Uma transvaloração dos valores, isto é, 
ultrapassar esta interpretação do bom e do mau, em outras palavras significa buscar 
novos modos de valoração por sob os quais se possam assentar um novo homem, 
que vá além do Homem.

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