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Ordem Diptera
• Objetivos de Aprendizadem do dia
- Conhecer a Ordem Diptera
- Reconhecer espécimes pertencentes às diferentes
subordens
- Relacionar aspectos inerentes ao ciclo biológico com infecções em seres humanos
Membros da ordem Diptera: mosquitos (1), moscas (2) e mutucas (3). Ver: balancis ou halteres no metatórax
(4).
• Grego: Di – “duas”, ptera – “asas”
São insetos (fazem parte do filo Arthropoda, da classe Insecta) que apresentam
duas asas, apenas, bem desenvolvidas no segmento mais desenvolvido.
• Um par de asas no mesotórax (bem desenvolvido)
Se essa asa vai fazer com que o inseto se movimente/se desloque de um local
para outro, ela precisa estar implantada no segmento mais desenvolvido do tórax
(mesotórax – segmento do meio).
• Balancins ou halteres no metatórax
São como asas pequenas auxiliares (mini asas), servem para que o inseto tenha
equilíbrio durante o voo. Se localiza no metatórax (último segmento do tórax).
Ciclo biológico
O ciclo é igual com relação às fases para todos os dípteros.
• Holometabólicos
Ovo → larva → pupa → adulto. Ciclo holometabólico é aquele ciclo que sofre bastante modificação entre uma fase
e outra (ovo bem diferente da larva, que por sua vez é diferente da pupa, que também é diferente no adulto).
• Reprodução sexuada (grande maioria)
Cópula entre macho e fêmea.
• Maioria ovípara
Colocam ovos, mas existem exceções (há moscas que depositam larvas diretamente).
• T° e nutrição
DISCIPLINA PARASITOLOGIA II
DATA DA AULA 28/09/20
PROFESSOR LILIAN BATISTA
ALUNO RESP. BERNARDO ENTRINGE
Vão depender sempre de temperatura e nutrição (elementos essenciais para a sobrevivência desses insetos). Em
hematófagos o repasto sanguíneo é essencial. Já quando ele não depende de sangue (um mosquito macho, por
exemplo, que não se alimenta de sangue uma vez que nesse caso só as fêmeas sugam), ele vai viver a vida dele
toda se alimentando de néctar, seiva vegetal, de açúcares em geral.
A fêmea se alimenta também desses nutrientes, mas como ela é hematófora, o hematofagismo para ela é essencial.
Senão ela não vai conseguir fazer a postura dos seus ovos, ela não vai conseguir realizar esse processo de
maturação.
Ovo
Varia muito de um grupo para o outro (o
professor Roberto Nunes especificará mais
isso). Há mosquitos que colocam ovos
isolados/separados e há mosquitos que
colocam ovos em “jangada”. Isto é, são
colocados com uma substância “cimentante”
e eles ficam grudados. São mosquitos que
geralmente depositam ovos em água e, por
isso, são chamados de “jangada”, como se fosse uma embarcação.
Os ovos também podem ser colocados como as mutucas fazem: todos os ovos
aglomerados/unidos em folhas como se fossem um cacho de ovos (vários ovos juntos).
Lembrando que as formas isoladas não são depositadas com substância “cimentante” (por isso, ficam
isolados), apenas as que ficam juntas (ovos em “jangada”). Essa substância “cimentante” faz com que os ovos
fiquem bem aderidos.
Larva
As larvas, independentemente do tipo de díptero (mosquito, mosca ou mutuca), serão sempre ápodes. Isto é, não
apresentem patas.
Podem ter uma cabeça destacada: eucéfala. Dessa forma, é possível
distinguir o que é cabeça, tórax e abdômen. Exemplo: mosquito. As larvas
que geralmente se
acumulam em água parada,
piscina são de mosquito
(larvas eucéfalas).
Ou a cabeça pode não se destacar: acéfala. Assim, não dá para
ter certeza de onde é a cabeça. Exemplo: mosca e mutuca. As
larvas de mosca são típicas de miíase (“bicheira”).
Pupa
Há variações. A pupa do mosquito, por exemplo, vive dentro da
água/ambiente aquático (professor Roberto Nunes falará das
exceções). Assim, ela possui um cefalotórax e um abdômen porque
sofreu metamorfose. Isto é, antes a larva tinha cabeça, tórax e
abdômen; agora ela sofreu uma metamorfose e passou a ter um
cefalotórax e um abdômen.
No caso das moscas e mutucas, elas fazem pupas terrestres. Então, elas têm um
formato quitinoso (proteção das condições ambientais adversas), sendo
duras/enrijecidas.
Adulto
Vão variar bastante, podendo ser mosquito – corpo bem delgado e
antenas longas ou pelo menos com 10 segmentos (professor
Roberto Nunes falará isso na aula de mosquito) ou moscas e
mutucas, que têm antena curta.
O que dá o “start” para elas saírem da fase de pupa? É só elas
estarem adultas, desenvolvidas. Ao contrário das pulgas, em que as
pulgas tinham que esperar uma vibração/alteração de luminosidade
(podiam ficar até um ano na fase de pupa) para tal.
Nos dípteros, basta estarem prontas como adulto para que consigam
sair. Nesse caso, utilizam sua cabeça e vão tocando e tocando e tocando
numa parte mais flexível que existe na pupa (região anterior) e, com isso,
conseguem finalmente sair. Nessa parte da aula, a professora Lilian passa
um vídeo ilustrando esse processo.
Os adultos, então, têm morfologia diferenciadas podendo ter um corpo bem
delgado e um corpo mais robusto. Podem ter antenas diferenciadas
também, isso vai nos permitir fazer a diferenciação.
1- Ordem Diptera
1.1- Subordem Brachycera
Brachy = curtas. Mutucas e moscas, são parecidas. Ver: diferenças.
1.1.1- Infraordem Tabanomorpha
“mutucas”
A parte de trás da cabeça da mutuca é reta, não é uma
cabeça globosa/circular. Então, é uma cabeça
semicircular. Com isso, já sei que não é uma mosca.
1.1.2- Infraordem Muscomorpha
“moscas”
1.2- Subordem Nematocera
“mosquitos”
Nemato = filamentos. Mosquitos, então, têm antena filamentosa. Na maioria das
vezes cilíndrica e que apresenta ao menos 10
segmentos (pode ser uma antena longa ou uma
mais curtinha, desde que tenha 10 segmentos).
Professor Roberto Nunes ainda fará uma aula só sobre esse grupo. Corpo fino, patas
longas, antenas com pelo menos 10 segmentos, conhecidos popularmente como
mosquitos.
Mosquito do gênero Simulium ("borrachudo" – picada dolorosa) apresenta antena curta, mas com 10 segmentos
achatados. Classificamos como Nematocera pois possui 10 segmentos nas antenas.
• Por que estudar os dípteros?
Berne – larva de mosca (foto do canto superior esquerdo). É muito
comum que o paciente apresente berne e chegue no hospital. Miíase
(“bicheira”) – larva de mosca (foto do canto superior direito). Como
que isso chega aqui? Mosca em alimento é um problema porque
carreia bactéria, vírus, parasitas (ovo de Ascaris lumbricoides,
cistos de amebas, por exemplo). Logo, seu estudo é de importância
médica.
Quando a mosca pousa sobre um alimento (independentemente de
onde ela pousar), ela tem o hábito de ficar “esfregando” as patas. Ver:
vídeo no YouTube “Mosca Lavando as Mãos!”:
https://www.youtube.com/watch?v=wgTVmU6f_AI
Mutuca faz isso também? Não, mutuca é bem mais raro. Por que as moscas, então, fazem
isso? Porque elas apresentam estruturas sensoriais na base das cerdas que existem
nas suas patas. Assim, quando ela está fazendo aquele movimento, significa que ela está
se “limpando” (se ela ficar com acúmulo de sujidade, ela não consegue ter mais percepção
sensorial e de odores).
Os receptores que existem na base das cerdas que existem nas patas também permitem que as
moscas consigam perceber os odores. Qual é o problema? Muitas moscas preferem se alimentar
em fezes. Quando elas não se alimentam em fezes, acabam indo em outros materiais orgânicos.
Com isso, ela pousa no alimento e limpa a sua pata, mas ao fazer isso acaba jogando a sujidade
que estava grudada nela, naquele alimento. Por esse motivo, já podemos verificar que é
extremamente importante o estudo das moscas (qualquer que seja o patógeno que esteja no local
onde ela pousou. Se ela pousa em outro local, ela pode carrear aquele microrganismo).
Filo Arthropoda
Classe Insecta
Ordem Diptera
Subordem Nematocera
1. “Mosquito da dengue” Aedes spp.: transmite dengue, zika vírus, febre amarela, chikungunya.2. “Mosquito noturno” Culex spp.: coloração amarronzada (diferente do Aedes, que é preto, tem manchas
esbranquiçadas no corpo, patas rajadas de preto e branco), corpo marrom. É aquele que fica zunindo no ouvido
durante a noite atraído pela respiração (gás carbônico). Transmite Wuchereria bancrofti, causa elefantíase.
3. “Mosquito diurno” Anopheles spp.: geralmente na primeira parte da manhã ou no final do dia (temperatura mais
amena). Lembra o Culex, mas quando ele pousa faz um ângulo perpendicular à superfície (“mosquito prego”).
Transmite malária.
4. “Mosquito pólvora” Culicoides spp.: asas manchadas. Picadas dolorosas que incomodam, que causam insônia.
5. “Borrachudo” Simulium spp.: antena mais curta, segmentos achatados, asas bem transparentes (sendo apenas as
primeiras mais quitinizadas). Picadas dolorosas que incomodam, que causam insônia.
https://www.youtube.com/watch?v=wgTVmU6f_AI
6. “Mosquito palha” Lutzomyia spp.: coloração bem clarinha, aspecto corcunda (cabeça fletida, voltada para baixo).
Transmite leishmaniose.
1, 2 e 3: são os mais comuns/domiciliares (os que costumam entrar mais nas nossas residências).
Com o professor Roberto Nunes, veremos as doenças que são transmitidas por esses artrópodes e como vamos
diferenciar esses artrópodes, como evitar, controlar. Vimos isso em Parasitologia I.
Filo Arthropoda
Classe Insecta
Ordem Diptera
Subordem Brachycera
Antenas curtas. Vamos ver que desde a fase ovo, para esses insetos deixarem seus ovos em algum lugar, eles têm
que ter o estímulo para eles se alimentarem. Então, eu encontro um paciente que tem miíase, essas larvas saíram
dos ovos que foram deixados ali na lesão. Por que aquela mosca deixou aquele ovo ali? Porque ela também tinha
onde se alimentar (Ôpa! Vou deixar meus ovos aqui porque as larvas vão ter o que comer).
Aparelho respiratório na extremidade posterior. É por isso que
o berne, por exemplo, consegue ficar dentro da pele e não morre
porque ele fica com o aparelho respiratório virado para fora.
Vamos ver a relação das moscas (incluindo as “varejeiras”, que
são essas brilhantes; foto da esquerda) e as mutucas, que fazem
um rasgo no vaso sanguíneo para se alimentarem (foto da
direita), por isso sua picada dói muito.
• Infraordem Muscomorpha (“moscas”)
Lembrando que a subordem Nematocera (mosquitos) é bem fácil
de a gente identificar uma vez que eles têm o corpo bem diferente
daqueles que pertencem a subordem Brachycera. Agora, como
diferenciamos os Brachyceros (moscas e mutucas)?
Mosca está dentro da infraordem Muscomorpha, tem cabeça
redonda/circular e aristas nas antenas. Aristas são estruturas/hastes que podem conter
cerdas ou não e que têm função sensorial. Então, a mosca vai sempre ter sua antena
para baixo e, no último segmento da antena, parte essa arista (estrutura sensorial). Toda
mosca vai apresentar arista (fator que difere da mutuca – infraordem Tabanomorpha).
Essas aristas podem ser
nuas (sem cerdas), pectinadas (cerdas em um dos
lados apenas, forma de pente) ou bipectinadas (cerdas
dos dois lados).
Aparelho bucal
Como as moscas vão se alimentar? Os olhos são
compostos (visão de 360°), podem apresentar
aparelho bucal do tipo picador-sugador e lambedor.
Quando o aparelho bucal é picador sugador, ele é retilíneo, apresenta um
estojo onde fica guardado o estilete (faz a perfuração) no probóscide. Já
quando ele é lambedor, ele apresenta uma estrutura que parece uma
esponja (labela) na extremidade do aparelho bucal. Veremos um vídeo
sobre isso. Por fim, elas também podem ter o aparelho bucal atrofiado.
Nesse caso, vão viver muito pouco (não vão se alimentar).
Ver: vídeo no YouTube do processo de alimentação de uma mosca com
aparelho bucal do tipo lambedor: “Close-up of a house fly (Musca
domestica) eating from a slice of pizza.”:
https://www.youtube.com/watch?v=gJq-BvZSLh8
No vídeo, ela posiciona a sua labela em cima do alimento (um pedaço de
pizza). Se ele tiver parte líquida, ela já suga, caso o contrário ela libera uma
saliva que vai dissolver aquele tipo de alimento e, através da labela, ela
consegue sugar aquele alimento. No vídeo, podemos ver palpos, que também têm função sensorial.
Esse é um tipo de aparelho bucal que
mosca doméstica (aquela que entra
nas residências, pousa no grão de
arroz) apresenta. Em sua fase adulta,
as moscas apresentam diferentes
conformidades, cores e características
específicas. Isto é, tem mosca que tem
arista pectinada, bipectinada, aparelho bucal lambedor, isso tudo vai variar em função do grupo.
Ciclo biológico
Ver: vídeo no YouTube “sinistro – ciclo de vida da mosca.”: https://www.youtube.com/watch?v=Ujn9BOhLals
Pergunta: as formigas acabam estimulando esses ovos? Resposta: as formigas, muitas vezes, acabam predando
(comendo) esses ovos. A mesma coisa acontece com ovo de pulga (formiga também come).
• Exemplo de ciclo de um díptero que utiliza um vetor forético
De acordo com o tipo de mosca, existem vários artifícios que elas utilizam para se desenvolver. Por exemplo, existem
moscas que não levam seus ovos diretamente ao hospedeiro, como a “mosca do berne” (Dermatobia hominis) – sua
larva é conhecida como berne. É um exemplo de mosca que tem o aparelho bucal atrofiado (vive pouco), voa por
distâncias curtas. Por esse motivo, ela utiliza uma mosca transportadora.
https://www.youtube.com/watch?v=gJq-BvZSLh8
https://www.youtube.com/watch?v=Ujn9BOhLals
Assim que o adulto sai do pupário, os machos e as fêmeas vão copular, as fêmeas
põem o ovo, esse ovo fica grudado no abdômen dela e ela vem voando. Quando ela
encontra uma mosca ou um mosquito no ar, ela faz um encontro com essa mosca,
ela gira e coloca os ovos no abdômen dessa mosca ou mosquito. Com isso,
outra mosca ou mosquito chegam perto do outro hospedeiro para se alimentar (pode
ser que esse hospedeiro tenha alguma lesão ou tenha alguma marca de sangue por
carrapato, por exemplo). Em seguida, o calor do
corpo desse hospedeiro vai fazer com que a
larva saia do ovo que estava ali preso no
abdômen, dando início ao parasitismo.
São artifícios que esses insetos vão utilizando. Ver: vídeo no YouTube “Botfly
Invasion | Monsters Inside Me”: https://www.youtube.com/watch?v=90exkFR2iSM
No vídeo, o Dermatobia hominis captura um mosquito. Com isso, ela captura e deposita seus ovos no abdômen.
Pergunta: para essa larva sair do ovo, tem que estar no tecido de um hospedeiro ou não necessariamente?
Resposta: precisa estar sim por conta do calor do corpo. Algumas vezes, se a Dermatobia estiver na fase final
(estiver morrendo) e ela não encontrar nenhum hospedeiro, ela até pode largar os ovos dela em alguma folhagem.
Entretanto, aquelas larvas que estão dentro dos ovos só vão eclodir se houver proximidade de calor de corpo, aí
sim elas conseguem eclodir, aí elas penetram na pele.
A professora Lilian colocou esse ciclo mais por curiosidade porque, segundo ela, berne é algo que iremos nos
deparar bastante na nossa rotina. Como que esse paciente adquiriu? (professor Roberto Nunes vai falar) Geralmente
em locais onde existe criação de bovinos (são os principais hospedeiros). Com moscas presentes naquele local,
eventualmente a mosca pousa sobre a pessoa/ser humano e o calor do corpo acaba também estimulando a
emergência dessa larva (vai sair do ovo) e penetrar o folículo piloso.
Por fim, ela penetra esse folículo piloso e cresce. Quando ela está pronta (fase desenvolvida – larva III), ela relaxa
e contrai, e cai do hospedeiro visando enterrar no solo e formar um pupário (virar fase de pupa).
Isso é importante porque o paciente pode chegar e falar que está com o berne, mas que nunca viu a mosca do berne
na casa dele. A explicação é que a mosca do berne vive na área de mata, ela utiliza outra mosca (pode ser até a
mosca doméstica mesmo). Assim, a recomendação para o paciente seria a instalação de telas na casa, controle
de mosca.
• Mosca transportadora,com ovos de Dermatobia hominis
Foto de uma mosca doméstica, comum
com vários ovos de Dermatobia presos no
abdômen. Assim que Dermatobia faz:
captura essa mosca e gruda os ovos
no abdômen dela.
• Moscas podem causar miíases. Quais?
As moscas, além de contaminar alimento, podem causar berne (é um tipo de miíase ou
“bicheira”). Vamos chamar de miíase toda vez que houver infestação por larva de mosca
em tecido vivo ou morto. Que moscas podem causar miíase?
- Dermatobia hominis: não tem aparelho bucal, vive muito pouco, vive só em área de mata
(por isso, usa uma mosca transportadora). É a única que causa miíase furunculosa. É esse
tipo de miíase que causa essa elevação/inchaço.
https://www.youtube.com/watch?v=90exkFR2iSM
As outras moscas causam miíases traumáticas, que são aquelas miíases cutâneas não
furunculosas (“bicheira”).
Como que essa larva que o médico retirou do olho do paciente chegou ali? Porque uma
mosca transportadora foi se alimentar de secreção, sangue, e o calor do corpo
estimulou a emergência de larva (várias, em alguns casos). Entretanto, como é preciso
penetrar a pele, penetrar o folículo piloso, muitas larvas não conseguem entrar. Por
isso, muitas vezes encontramos apenas uma única larva no local.
São larvas que têm espinhos (utilizam para se fixar/prender no tecido). Esses espinhos que ficam ao
redor da larva, quando essa larva se movimenta, paciente sente dor, ferroada, desconforto. Pergunta:
então infestação de berne seria um tipo de miíase? Resposta: sim, miíase furunculosa, causada por
Dermatobia hominis.
As outras miíases, que são as traumáticas, podem ser causadas por diferentes moscas. As mais comuns são
conhecidas popularmente como “varejeiras”. São essas de coloração esverdeada, acobreada, arroxeada (são mais
comuns, mas outras moscas também podem causar).
Cadáver com larva de mosca dentro do nariz.
Indivíduo vivo portador de miíase. Como que isso pode
acontecer? Geralmente, pode ser morador de rua, falta de
higienização bucal adequada, paciente com deficiência
mental em que a família não cuida dos dentes (saúde bucal).
Dessa forma, vão acontecer problemas periodontais
(inflamação, secreção, odor fétido). Aí, a mosca vem se
alimentar e deposita sua massa de ovos aqui.
Nesse caso é diferente, na foto temos uma miíase traumática
(diferente da furunculosa). Aí, não precisou do calor do corpo para que aquelas larvas caíssem dos ovos e
chegassem no hospedeiro. Aqui, na verdade, a mosca deposita os ovos de forma intencional. Isso porque ela
chegou para se alimentar (Ôpa! Teve comida para mim, vou deixar meus ovos aqui) e, com isso, deixa uma
massa de ovos branquinhos (como foi mostrado no início da aula) que vão eclodir e dar origem às larvas que vão se
desenvolver no mesmo local.
Pergunta: como que a D. hominis transmite miíase se depende da transportadora para
chegar até o hospedeiro? Resposta: dizemos que é a D. hominis que causa miíase
porque a larva que está aqui dentro da D. hominis (foto da esquerda) é larva dela. Se
essa larva (foto da direita) cair no chão, ela vai formar pupa e virar essa mosca adulta
(foto da esquerda). Logo, é D. hominis quem causa miíase furunculosa. Quem é que
transmite/carreia? É uma mosca transportadora (foto inferior esquerda), chamamos de
vetor forético. Isto é, é um vetor que vai transmitir algum agente patogênico (pode ser um parasita, por exemplo), mas
que não vai sofrer nenhuma modificação nesse vetor (é só uma forma de transporte). Por fim, quem causa a larva,
a doença é Dermatobia porque essa larva aqui (foto da direita) é a larva dessa mosca (foto da esquerda).
No caso das moscas “varejeiras”, quando elas vêm se
alimentar. Vamos imaginar: se ao invés desse paciente ter
berne/miíase furunculosa, ele tivesse miíase traumática, o
que teria acontecido? Uma mosca dessas (foto da
esquerda) teria vindo aqui se alimentar desse paciente com
conjuntivite não tratada, por exemplo (lembra a foto da
direita), presença de muita mosca na casa... Com isso,
essa mosca veio aqui enquanto o paciente estava dormindo, se alimentou e ôpa, vou depositar meus ovos aqui
(consegui me alimentar então vou depositar meus ovos aqui porque as larvas vão conseguir também). No dia
seguinte, isso aqui vai estar cheio de larva, aí é miíase traumática.
Acontecem em grande quantidade uma vez que são
oriundos de massas de ovos que são depositadas naquele
local.
As mais comuns causadores de miíases
traumáticas são as “varejeiras” (por exemplo,
Lucilia spp.), que têm o corpo metálico. Mas
também existe uma mosca chamada Sarcophaga
spp. que eventualmente entra nas residências,
parece uma mosca doméstica, mas é bem grande,
barulhenta e se você mata com uma raquete ou
chinelada, libera larva (é um tipo de mosca
larvípara). Tudo isso o professor Roberto Nunes falará ainda.
Cochliomyia macellaria é a principal mosca que causa miíase em tecido
morto (cadáver ou tecido necrosado). Professor Roberto Nunes explicará o que
é uma miíase obrigatória, miíase secundária...
Criança que comeu bicho de goiaba. É larva de mosca também, só que
larva de mosca de fruta. Aí, se a pessoa comer muito bicho de goiaba,
ela pode apresentar desconforto, náusea (atentar para as larvas no meio
das sementes).
• Infraordem Tabanomorpha (“mutucas”)
Morfologia que lembra as moscas (infraordem
Muscomorpha), mas as mutucas têm uma cabeça
semicircular (parte de trás é bem reta), olhos na maioria
das vezes são bem coloridos (alguns variam a cor; furta-
cor) e aparelho bucal adaptado para rasgar o vaso (por
isso sua picada dói muito).
Com relação a transmissão de doença, elas não têm uma
importância epidemiológica de expressão. A importância se
dá mais pelas picadas que são dolorosas.
Preferência por áreas que tem água, vegetação, cachoeira.
• Diferenciação morfológica das estruturas da cabeça de Tabanomorpha e Muscomorpha
Diferente das moscas, não apresentam aristas (fator de diferenciação).
Foto da esquerda (mutuca): não tem arista, antena
também é curta, segmentos diferenciados.
Foto da direita (mosca): cabeça de mosca (toda mosca tem
arista – nua, pectinada ou bipectinada).
Toda mutuca tem cabeça semicircular e tem essa célula
(porção da asa que é toda delimitada, limitada por
nervuras). As nervuras são essas linhas. Toda mutuca tem
uma célula fechada, que é chamada de célula discal
fechada (fator que difere da mosca). É uma célula toda
fechada por nervura, assim não se comunica com o ápice
da asa e dessa célula partem nervuras que formam
como se fosse a letra “M”.
Gêneros Chrysops spp. e Tabanus spp. Inclusive
essa última dá o nome da infraordem
(Tabanomorpha). São as mais comuns.
Cabeça semicircular, ausência de aristas, célula fechada com as nervuras em “M”. Ver: célula discal fechada
na altura dessa mancha da asa de Chrysops e a nervura em forma de “M”, que é bem característica.
Subordem Brachycera
• Muscomorpha x Tabanomorpha
Aquilo que a gente tinha visto no início: ambas são
parecidas, mas que apresentam características
morfológicas capazes de diferenciá-las.
Tabanomorpha recebe esse nome por causa de
Tabanus. Muscomorpha recebe esse nome por causa
de Musca domestica, que é a mosca mais conhecida,
bem domiciliar (está no vídeo que a professora Lilian
passou sobre ciclo biológico).