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É correto afirmar que o Direito Administrativo é fruto de construções jurisprudenciais? Discorra a respeito, identificando na Constituição de 1988 os artigos que refletem o pensamento dos principais articuladores da Revolução Francesa de 1789. Aula 02: Princípios do Direito Administrativo: princípios expressos CARVALHO FILHO, 2020, p. 19 e ss regras x princípios REGRAS: são operadas de modo disjuntivo, vale dizer, o conflito entre elas é dirimido no plano da validade: aplicáveis ambas a uma mesma situação, uma delas a regulará, atribuindo-se à outra o caráter de nulidade. PRINCÍPIOS: não se excluem do ordenamento jurídico na hipótese de conflito: dotados que são de determinado valor ou razão, o conflito entre eles admite a adoção do critério da ponderação de valores (ou ponderação de interesses), vale dizer, deverá o intérprete averiguar a qual deles, na hipótese sub examine, será atribuído grau de preponderância (CARVALHO FILHO, 2020, p. 93) Por ter a Constituição Federal enunciado alguns princípios básicos para a Administração, vamos considerá-los expressos para distingui-los daqueles outros que, não o sendo, são aceitos pelos publicistas, e que denominaremos de reconhecidos (CARVALHO FILHO, 2020, p. 94). PRINCÍPIOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO Princípios administrativos são os postulados fundamentais que inspiram todo o modo de agir da Administração Pública. Representam cânones pré normativos, norteando a conduta do Estado quando no exercício de atividades administrativas. Bem observa CRETELLA JÚNIOR que não se pode encontrar qualquer instituto do Direito Administrativo que não seja informado pelos respectivos princípios (CARVALHO FILHO, 2020, p. 93). princípios expressos Os princípios expressos estão previstos na Constituição Federal de 1988 e: revelam eles as diretrizes fundamentais da Administração, de modo que só se poderá considerar válida a conduta administrativa se estiver compatível com eles (CARVALHO FILHO, 2020, p. 95) CF Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (...) L I M P E egalidade mpessoalidade oralidade ublicidade ficiência legalidade O princípio “implica subordinação completa do administrador à lei. Todos os agentes públicos, desde o que lhe ocupe a cúspide até o mais modesto deles, devem ser instrumentos de fiel e dócil realização das finalidades normativas”. Na clássica e feliz comparação de HELY LOPES MEIRELLES, enquanto os indivíduos no campo privado podem fazer tudo o que a lei não veda, o administrador público só pode atuar onde a lei autoriza (CARVALHO FILHO, 2020, p. 95). PODER-DEVER ADSTRITO AO CONTEÚDO DA NORMA O PREFEITO DA CIDADE DE MARGARIDA DO SUL, AO ASSUMIR A PREFEITURA, VERIFIQUE QUE AS CONTAS DO MUNICÍPIO POSSUEM ARRECADAÇÃO MUITO INFERIOR AOS GASTOS PÚBLICOS. DIANTE DISSO, O PREFEITO DECIDE VERIFICAR FORMAS DE AUMENTAR A ARRECADAÇÃO E TEM A BRILHANTE IDEIA DE MAJORAR O IMPOSTO TERRITORIAL E PREDIAL URBANO (IPTU) POR MEIO DE DECRETO, VISTO QUE A MEDIDA PRECISA SER CÉLERE. VOCÊ É O PROCURADOR GERAL NOMEADO PELO PREFEITO. ANTES DE PUBLICAR O DECRETO, ELE PEDE QUE VOCÊ CONFIRA O TEXTO QUE COMPORÁ O DECRETO. NESSA CONDIÇÃO, QUAL ATITUDE VOCÊ TOMA? IMPESSOALIDADE 1 ... a Administração há de ser impessoal, sem ter em mira este ou aquele indivíduo de forma especial (CARVALHO FILHO, 2020, p. 97). 2 Não se pode deixar de fora a relação que a finalidade da conduta administrativa tem com a lei. “Uma atividade e um fim supõem uma norma que lhes estabeleça, entre ambos, o nexo necessário”, na feliz síntese de CIRNE LIMA. Como a lei em si mesma deve respeitar a isonomia, porque a isso a Constituição a obriga (art. 5º, caput e inciso I), a função administrativa nela baseada também deverá fazê-lo, sob pena de cometer-se desvio de finalidade, que ocorre quando o administrador se afasta do escopo que lhe deve nortear o comportamento – o interesse público. (CARVALHO FILHO, 2020, p. 96). VOCÊ ENQUANTO PROCURADOR GERAL DO MUNICÍPIO DE MARGARIDA DO SUL, RECEBE DIVERSAS CITAÇÕES DE AÇÕES DE MEDICAMENTOS (RELATIVAS À EFETIVAÇÃO DO DIREITO À SAÚDE) EM DESFAVOR DO MUNICÍPIO. UMA DESSAS AÇÕES DIZ RESPEITO A UM MEDICAMENTO INJETÁVEL DOSE ÚNICA QUE CUSTA R$60.000,00. APESAR DE JÁ HAVER CONDENAÇÃO, O PREFEITO E O SECRETÁRIO DE SAÚDE RESISTEM EM FAZER A COMPRA DA DOSE DO MEDICAMENTO. QUANDO, POR SUA ORIENTAÇÃO, É EFETIVAMENTE REALIZADA A COMPRA PARA DEVIDO FORNECIMENTO, O SECRETÁRIO DE SAÚDE LHE INFORMA QUE IRÁ APROVEITAR PARA ENTREGAR O MEDICAMENTO PESSOALMENTE COM UM CARTÃO CONTENDO: "DESEJOS DE MELHORAS E DE MUITA SAÚDE, CONTE SEMPRE COM O SEU SECRETÁRIO PLÍNIO RUELA". ENQUANTO PROCURADOR, COMO VOCÊ SE MANIFESTA DIANTE DESSE FATO? moraLIDADE O princípio da moralidade impõe que o administrador público não dispense os preceitos éticos que devem estar presentes em sua conduta. Deve não só averiguar os critérios de conveniência, oportunidade e justiça em suas ações, mas também distinguir o que é honesto do que é desonesto. Acrescentamos que tal forma de conduta deve existir não somente nas relações entre a Administração e os administrados em geral, como também internamente, ou seja, na relação entre a Administração e os agentes públicos que a integram (CARVALHO FILHO, 2020, p. 98). sob outro aspecto... A Constituição referiu-se expressamente ao princípio da moralidade no art. 37, caput. Embora o conteúdo da moralidade seja diverso do da legalidade, o fato é que aquele está normalmente associado a este. Em algumas ocasiões, a imoralidade consistirá na ofensa direta à lei e aí violará, ipso facto, o princípio da legalidade. Em outras, residirá no tratamento discriminatório, positivo ou negativo, dispensado ao administrado; nesse caso, vulnerado estará também o princípio da impessoalidade, requisito, em última análise, da legalidade da conduta administrativa (CARVALHO FILHO, 2020, p. 99). imoralidade através de atos de improbidade: lei nº. 8.429/92 imoralidade em atos lesivos à moralidade administrativa ação popular art. 5º, LXXIII, CF LEI Nº. 4.717/65 imoralidade OBSERVADA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO ação CIVIL PÚBLICA art. 129, III, CF LEI Nº. 7.347/85 Lei Orgânica do Ministério Público (Lei nº 8.625, de 12.2.1993) É ofensiva à Constituição qualquer nomeação – para cargos ou funções de confiança, ou ainda funções gratificadas – de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, do agente nomeante ou de servidor que, na mesma pessoa jurídica, ocupe cargo de direção, chefia ou assessoramento. A vedação estende-se à administração direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Nela se inclui, ainda, o nepotismo transverso (ou nepotismo cruzado), ou seja, aquele resultante de ajuste mediante designações recíprocas (CARVALHO FILHO, 2020, p. 102). NEPOTISMO: porém... não é nepotismo a nomeação de parente para cargos políticos (secretário, ministro), pois tais cargos tem natureza política e não administrativa. O PREFEITO DE MARGARIDA DO SUL É PROPRIETÁRIO DE UMA ÁREA COM 30 HECTARES QUE FICA DENTRO DA CIRCUNSCRIÇÃO DO MUNICÍPIO. HÁ MUITO TEMPO OS MORADORES DE MARGARIDA DO SUL RECLAMAM POR NÃO HAVER ÁREAS DE LAZER NA REGIÃO. EM FUNÇÃO DISSO, O PREFEITO DECIDE FAZER UM CONTRATO DE LOCAÇÃO DA ÁREA DE SUA PROPRIEDADE PARA O MUNICÍPIO DO QUAL ELE É PREFEITO, PELO PERÍODO DE 50 ANOS, A FIM DE INSTALAR ALI UM PARQUE MUNICIPAL. ELE RECORRE ATÉ VOCÊ, PROCURADOR GERAL, E DE FORMA MUITO FELIZ LHE CONTA A SUA IDEIA: AFINAL, ELE VAI AGRADAR OS ELEITORES E DE QUEBRA VAI CONSEGUIR BOA RENDA COM A LOCAÇÃO PARA O RESTO DA VIDA! DIANTE DISSO, QUAL SERÁ A SUA ORIENTAÇÃO ENQUANTO PROCURADOR GERAL DO MUNICÍPIO? publiciDADE Indica que os atos da Administração devem merecer a mais ampladivulgação possível entre os administrados, e isso porque constitui fundamento do princípio propiciar-lhes a possibilidade de controlar a legitimidade da conduta dos agentes administrativos. Só com a transparência dessa conduta é que poderão os indivíduos aquilatar a legalidade ou não dos atos e o grau de eficiência de que se revestem (CARVALHO FILHO, 2020, p. 103). JOÃO VAI ATÉ A SETOR DE PESSOAL DO MUNICÍPIO DE ARACAJU REQUERER CERTIDÃO QUE COMPROVE QUE O MESMO ATUOU COMO AGENTE PÚBLICO MUNICIPAL, ATRAVÉS DA OCUPAÇÃO DE CARGO DE CONFIANÇA ENTRE OS ANOS DE 1985 E 1991. TAL CERTIDÃO É DE EXTREMA IMPORTÂNCIA, POIS VISA COMPROVAR TEMPO DE SERVIÇO PARA FINS DE APOSENTADORIA. A SERVIDORA QUE ATENDE JOÃO PEDE PARA O MESMO RETORNAR DEPOIS DE 03 DIAS. QUANDO JOÃO RETORNA, A SERVIDORA INFORMA QUE OS DOCUMENTOS DO SETOR DE PESSOAL DE ANTES DE 1995 ESTÃO EM ARQUIVO PRÓPRIO, FORA DO PRÉDIO DA PREFEITURA, OS QUAIS ELES NÃO POSSUEM ACESSO E POR ISSO NÃO PODEM FORNECER. JOÃO VAI ATÉ O SEU ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA PEDIR AUXÍLIO. QUAIS SÃO AS PROVIDÊNCIAS QUE VOCÊ TOMA? Negado o exercício de tais direitos, ou ainda não veiculada a informação, ou veiculada incorretamente, evidenciada estará a ofensa a direitos de sede constitucional, rendendo ensejo a que o prejudicado se socorra dos instrumentos constitucionais para garantir a restauração da legalidade – o mandado de segurança (art. 5º, LXIX, CF) e o habeas data (art. 5º, LXXII, CF). DIREITO DE ACESSO À INFORMAÇÃO: art. 5º, XXXIII, da CF art. 37, § 3º, II, CF Lei nº 12.527/11 aplicável: (a) a toda a Administração Direta e Indireta (autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista), (b) a entidades sob controle direto ou indireto dos entes federativos e, no que for cabível, (c) às entidades privadas sem fins lucrativos que recebam recursos públicos do orçamento, diretamente ou mediante contratos de gestão, termos de parceria, convênios, subvenções sociais e outros benefícios similares (CARVALHO FILHO, 2020, p. 105). eficiência O núcleo do princípio é a procura de produtividade e economicidade e, o que é mais importante, a exigência de reduzir os desperdícios de dinheiro público, o que impõe a execução dos serviços públicos com presteza, perfeição e rendimento funcional. Há vários aspectos a serem considerados dentro do princípio, como a produtividade e economicidade, qualidade, celeridade e presteza e desburocratização e flexibilização (CARVALHO FILHO, 2020, p. 111). Lei nº 13.726/2018 lei da desburocratização Art. 3º Na relação dos órgãos e entidades dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios com o cidadão, é dispensada a exigência de: I - reconhecimento de firma, devendo o agente administrativo, confrontando a assinatura com aquela constante do documento de identidade do signatário, ou estando este presente e assinando o documento diante do agente, lavrar sua autenticidade no próprio documento; II - autenticação de cópia de documento, cabendo ao agente administrativo, mediante a comparação entre o original e a cópia, atestar a autenticidade; III - juntada de documento pessoal do usuário, que poderá ser substituído por cópia autenticada pelo próprio agente administrativo; IV - apresentação de certidão de nascimento, que poderá ser substituída por cédula de identidade, título de eleitor, identidade expedida por conselho regional de fiscalização profissional, carteira de trabalho, certificado de prestação ou de isenção do serviço militar, passaporte ou identidade funcional expedida por órgão público; V - apresentação de título de eleitor, exceto para votar ou para registrar candidatura; VI - apresentação de autorização com firma reconhecida para viagem de menor se os pais estiverem presentes no embarque. § 1º É vedada a exigência de prova relativa a fato que já houver sido comprovado pela apresentação de outro documento válido. § 2º Quando, por motivo não imputável ao solicitante, não for possível obter diretamente do órgão ou entidade responsável documento comprobatório de regularidade, os fatos poderão ser comprovados mediante declaração escrita e assinada pelo cidadão, que, em caso de declaração falsa, ficará sujeito às sanções administrativas, civis e penais aplicáveis. § 3º Os órgãos e entidades integrantes de Poder da União, de Estado, do Distrito Federal ou de Município não poderão exigir do cidadão a apresentação de certidão ou documento expedido por outro órgão ou entidade do mesmo Poder, ressalvadas as seguintes hipóteses: I - certidão de antecedentes criminais; II - informações sobre pessoa jurídica; III - outras expressamente previstas em lei. Caso Concreto: O prefeito do município de Laranja Vermelha, conhecido como João do Laranja, determinou que, em todas as placas de inauguração das novas vias municipais pavimentadas em seu mandato na localidade denominada Bairro das Pedras, fosse colocada a seguinte homenagem: "À minha querida e amada comunidade Bairro das Pedras, um presente especial e exclusivo do João do Laranja, o único que sempre agiu em favor de nosso povo!" O Ministério Público estadual intimou o Prefeito a fim de esclarecer a questão. Na qualidade de procurador do município, você é consultado pelo Prefeito, que insiste em manter a situação. Indique o princípio da Administração Pública que foi violado e por que motivo.
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