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Princípios
implícitos 
de Direito Administrativo
CARVALHO FILHO, 2020, P. 155 E SS
PRINCÍPIO DA 
SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO
As atividades administrativas são desenvolvidas pelo Estado
para benefício da coletividade. Mesmo quando age em vista de
algum interesse estatal imediato, o fim último de sua atuação
deve ser voltado para o interesse público. E se, como visto, não
estiver presente esse objetivo, a atuação estará inquinada de
desvio de finalidade (CARVALHO FILHO, 2020, p. 116).
São exemplos de prerrogativas especiais conferidas à Administração Pública e seus
agentes decorrentes da supremacia do interesse público:
 
1) possibilidade de transformar compulsoriamente propriedade privada em pública
(desapropriação);
 
2) autorização para usar propriedade privada em situações de iminente perigo público
(requisição de bens). Exemplo: requisição de veículo particular, pela polícia, para
perseguir criminoso;
 
3) poder de convocar particulares para a execução compulsória de atividades públicas
(requisição de serviço). Exemplo: convocação de mesários para eleição;
 
4) prazos processuais em dobro para contestar, recorrer e responder recurso, ou seja,
para todas as suas manifestações processuais, cuja contagem terá início a partir da
intimação pessoal. Não se aplica o prazo em dobro quando a lei estabelecer prazo
próprio (art. 183 do CPC) (MAZZA, 2020, p. 160)
A prova de Analista da CGU feita pela Esaf considerou 
 a afirmação: 
“Entre os princípios constitucionais do Direito
Administrativo, pode-se destacar o de que os
interesses públicos e privados são equitativos entre
si”. (MAZZA, 2020, p. 160)
 
certa ou errada?
ERRADA!
 
A SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO SE
SOBREPÕE!
PRINCÍPIO DA 
indisponibilidade DO INTERESSE PÚBLICO
A Administração não tem a livre disposição dos bens e interesses
públicos, porque atua em nome de terceiros. Por essa razão é que os
bens públicos só podem ser alienados na forma em que a lei dispuser.
Da mesma forma, os contratos administrativos reclamam, como regra,
que se realize licitação para encontrar quem possa executar obras e
serviços de modo mais vantajoso para a Administração.
O princípio parte, afinal, da premissa de que todos os cuidados exigidos
para os bens e interesses públicos trazem benefícios para a própria
coletividade.(CARVALHO FILHO, 2020, p. 119).
 O supraprincípio da indisponibilidade do interesse público enuncia que
os agentes públicos não são donos do interesse por eles defendido.
Assim, no exercício da função administrativa os agentes públicos estão
obrigados a atuar, não segundo sua própria vontade, mas do modo
determinado pela legislação. Como decorrência dessa
indisponibilidade, não se admite tampouco que os agentes renunciem 
aos poderes legalmente conferidos ou que transacionem em juízo 
 (MAZZA, 2020, p. 62).
A prova da PFN 2007 elaborada pela Esaf considerou a afirmação:
 
 “Considerando o princípio da Supremacia do Interesse Público,
verifica-se que o ordenamento jurídico brasileiro, ao expressamente
prever o interesse público, dispõe que, ao observar o atendimento a
fins de interesse geral, a autoridade administrativa está autorizada
a renunciar total ou parcialmente os poderes ou competências, não
necessitando de autorização legal para fazê-lo”(MAZZA, 2020, p. 62).
 
certa ou errada?
ERRADA!
 
A INDISPONIBILIDADE PRECISA OBSERVAR A
SUPREMACIA E A LEGALIDADE!
MAZZA, 2020, p. 60
PRINCÍPIO DA 
autotutela
A Administração Pública comete equívocos no exercício de sua
atividade, o que não é nem um pouco estranhável em vista das múltiplas
tarefas a seu cargo. Defrontando-se com esses erros, no entanto, pode
ela mesma revê-los para restaurar a situação de regularidade. Não se
trata apenas de uma faculdade, mas também de um dever, pois que não
se pode admitir que, diante de situações irregulares, permaneça inerte e
desinteressada. Na verdade, só restaurando a situação de regularidade é
que a Administração observa o princípio da legalidade, do qual a
autotutela é um dos mais importantes corolários(CARVALHO FILHO, 2020,
p. 118).
aspectos de legalidade, em relação aos quais a Administração,
de ofício, procede à revisão de atos ilegais; e
aspectos de mérito, em que reexamina atos anteriores quanto à
conveniência e oportunidade de sua manutenção ou
desfazimento.(CARVALHO FILHO, 2020, p. 118).
Registre-se, ainda, que a autotutela envolve dois aspectos quanto à
atuação administrativa:
 
SÚMULA 346 DO STF:
A administração pública pode declarar a
nulidade dos seus próprios atos.
SÚMULA 473 DO STF:
A administração pode anular seus próprios atos,
quando eivados de vícios que os tornam ilegais,
porque deles não se originam direitos; ou revogá-los,
por motivo de conveniência ou oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em
todos os casos, a apreciação judicial.
PRINCÍPIO DA 
continuidade do serviço público
Os serviços públicos buscam atender aos reclamos dos indivíduos em
determinados setores sociais. Tais reclamos constituem muitas vezes
necessidades prementes e inadiáveis da sociedade. A consequência lógica
desse fato é a de que não podem os serviços públicos ser interrompidos,
devendo, ao contrário, ter normal continuidade. Ainda que
fundamentalmente ligado aos serviços públicos, o princípio alcança toda e
qualquer atividade administrativa, já que o interesse público não guarda
adequação com descontinuidades e paralisações na Administração
(CARVALHO FILHO, 2020, p. 119).
e no caso
 de greve?
 CF 
 
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos
trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre
os interesses que devam por meio dele defender.
 § 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá
sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da
comunidade.
 
É evidente que a continuidade dos serviços públicos não
pode ter caráter absoluto, embora deva constituir a regra
geral. Existem certas situações específicas que excepcionam
o princípio, permitindo a paralisação temporária da
atividade, como é o caso da necessidade de proceder a
reparos técnicos ou de realizar obras para a expansão e
melhoria dos serviços (CARVALHO FILHO, 2020, p. 120).
Por outro lado, alguns serviços são remunerados por tarifa,
pagamento que se caracteriza como preço público, de
caráter tipicamente negocial. Tais serviços, frequentemente
prestados por concessionários e permissionários, admitem
suspensão no caso de inadimplemento da tarifa pelo
usuário, devendo ser restabelecidos tão logo seja quitado o
débito. É o caso, para exemplificar, dos serviços de energia
elétrica e uso de linha telefônica (CARVALHO FILHO, 2020, p.
120).
PRINCÍPIO DA 
segurança jurídica
Como já foi sublinhado em estudos modernos sobre o tema, o princípio
em tela comporta dois vetores básicos quanto às perspectivas do cidadão.
De um lado, a perspectiva de certeza, que indica o conhecimento seguro
das normas e atividades jurídicas, e, de outro, a perspectiva de
estabilidade, mediante a qual se difunde a ideia de consolidação das ações
administrativas e se oferece a criação de novos mecanismos de defesa por
parte do administrado, inclusive alguns deles, como o direito adquirido e
o ato jurídico perfeito, de uso mais constante no direito privado
(CARVALHO FILHO, 2020, p. 121).
Os princípios da segurança jurídica e da proteção à confiança
passaram a constar de forma expressa no art. 54, da Lei nº 9.784,
de 29.1.1999, nos seguintes termos: “O direito da Administração de
anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis
para os destinatários decai em 5 (cinco) anos, contados da data em
que foram praticados, salvo comprovada má-fé”. A norma, como
se pode observar, conjuga os aspectos de tempo e boa-fé, mas se
dirige essencialmente a estabilizar relações jurídicas pela
convalidação de atos administrativos inquinados de vício de
legalidade (CARVALHO FILHO, 2020, p. 122).
Decreto-Lei n.º 4.657/42 (LINDB)
 
 Art. 6º A Leiem vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato
jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. 
 § 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei
vigente ao tempo em que se efetuou. 
 § 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular,
ou alguém por êle, possa exercer, como aquêles cujo comêço do
exercício tenha têrmo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida
inalterável, a arbítrio de outrem. 
Com esses elementos, desejamos frisar que o princípio da
razoabilidade tem que ser observado pela Administração à
medida que sua conduta se apresente dentro dos padrões
normais de aceitabilidade. Se atuar fora desses padrões,
algum vício estará, sem dúvida, contaminando o
comportamento estatal. Significa dizer, por fim, que não
pode existir violação ao referido princípio (CARVALHO FILHO,
2020, p. 127).
PRINCÍPIO DA 
razoabilidade
... quando se pretender imputar à conduta administrativa a
condição de ofensiva ao princípio da razoabilidade, terá
que estar presente a ideia de que a ação é efetiva e
indiscutivelmente ilegal. Inexiste, por conseguinte,
conduta legal vulneradora do citado princípio: ou a ação
vulnera o princípio e é ilegal, ou, se não o ofende, há de ser
qualificada como legal e inserida dentro das funções
normais cometidas ao administrador público (CARVALHO
FILHO, 2020, p. 128).
A prova de Analista do TRE/PE em 2017 elaborada pelo
Cespe considerou a afirmação: 
“O princípio da razoabilidade se evidencia nos limites do
que pode, ou não, ser considerado aceitável, e sua
inobservância resulta em vício do ato administrativo”.
 
certa ou errada?
certa!
 
O ATO É RAZOÁVEL QUANDO SE ENQUADRA NOS
PADRÕES NORMAIS DE ACEITABILIDADE.
 
 
O grande fundamento do princípio da proporcionalidade é o excesso de
poder, e o fim a que se destina é exatamente o de conter atos, decisões
e condutas de agentes públicos que ultrapassem os limites adequados,
com vistas ao objetivo colimado pela Administração, ou até mesmo
pelos Poderes representativos do Estado. Significa que o Poder Público,
quando intervém nas atividades sob seu controle, deve atuar porque a
situação reclama realmente a intervenção, e esta deve processar-se
com equilíbrio, sem excessos e proporcionalmente ao fim a ser
atingido (CARVALHO FILHO, 2020, p. 129).
PRINCÍPIO DA 
proporcionalidade
... para que a conduta estatal observe o princípio da
proporcionalidade, há de revestir-se de tríplice fundamento: 
(1)adequação, significando que o meio empregado na atuação deve
sercompatível com o fim colimado; 
(2) exigibilidade, porque a conduta deve ter-se por necessária, não
havendo outro meio menos gravoso ou oneroso para alcançar o fim
público, ou seja, o meio escolhido é o que causa o menor prejuízo
possível para os indivíduos; 
(3) proporcionalidade em sentido estrito, quando as vantagens a
serem conquistadas superarem as desvantagens (CARVALHO FILHO,
2020, p. 129)
a prova de Auditor-Fiscal da Receita Federal/Esaf considerou a
afirmação: 
 
“Tratando-se de poder de polícia, sabe-se que podem ocorrer excessos na
sua execução material, por meio de intensidade de a medida maior que a
necessária para a compulsão do obrigado ou pela extensão da medida ser
maior que a necessária para a obtenção dos resultados licitamente
desejados. Para limitar tais excessos, impõe-se observar, especialmente,
o princípio da proporcionalidade”.
 
CERTA OU ERRADA?
CERTA!
 
TAL AFIRMAÇÃO ENCONTRA
RESPALDO NOS PILARES DA
PROPORCIONALIDADE ENQUANTO
PRINCÍPIO
PRINCÍPIO DA 
MOTIVAÇÃO
 O princípio da obrigatória motivação impõe à Administração Pública
o dever de indicação dos pressupostos de fato e de direito que
determinaram a prática do ato (art. 2º, parágrafo único, VII, da Lei n.
9.784/99). Assim, a validade do ato administrativo está condicionada
à apresentação por escrito dos fundamentos fáticos e jurídicos
justificadores da decisão adotada.
 Trata-se de um mecanismo de controle sobre a legalidade e
legitimidade das decisões da Administração Pública (MAZZA, 2020, p.
80).
 
 O dever de motivar os atos administrativos encontra
fundamento em diversos dispositivos normativos,
merecendo destaque:
 a) art. 93, X, da Constituição Federal: “as decisões
administrativas dos tribunais serão motivadas em sessão
pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da maioria
absoluta de seus membros”;
 b) art. 50 da Lei n. 9.784/99: “Os atos administrativos
deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos
fundamentos jurídicos (...)” (MAZZA, 2020, p. 80).
 
MAZZA, 2020, p. 81
A prova de Técnico do TCU elaborada pelo Cespe
considerou a afirmação: 
 
“Motivo e motivação dos atos administrativos são
conceitos coincidentes e significam a situação de
fato e de direito que ser ve de fundamento para a
prática do ato administrativo”.
errada!
 
motivo não é sinônimo de motivação!
PRINCÍPIO DA 
finalidade
 O princípio da finalidade está definido no art. 2º, parágrafo único, II,
da Lei n. 9.784/99, como o dever de “atendimento a fins de interesse
geral, vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou competências,
salvo autorização em lei”.
 Seu conteúdo obriga a Administração Pública a sempre agir, visando à
defesa do interesse público primário. Em outras palavras, o princípio
da finalidade proíbe o manejo das prerrogativas da função
administrativa para alcançar objetivo diferente daquele definido na
legislação (MAZZA, 2020, p. 83).
 
 Pode-se falar em dois sentidos para o princípio da
finalidade: a) finalidade geral: veda a utilização de
prerrogativas administrativas para defesa de interesse
alheio ao interesse público. Exemplo: desapropriar, para
fins de perseguição, imóvel de inimigo político; e 
b) finalidade específica: proíbe a prática de ato
administrativo em hipóteses diferentes daquela para a
qual foi previsto na lei, violando sua tipicidade legal .
Exemplo: autorizar a realização de obra por meio de
decreto quando a lei exige licença (MAZZA, 2020, p. 83).
PRINCÍPIO DO
controle judicial ou da sindicabilidade
 Preceitua que o Poder Judiciário detém ampla competência para
investigar a legitimidade dos atos praticados pela Administração
Pública, anulando-os em caso de ilegalidade (art. 5 º , XXXV, da CF: “a
lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a
direito”). (MAZZA, 2020, p. 90).

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