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<p>Aula 00</p><p>CREMEGO</p><p>(Advogado) Direto ao</p><p>Ponto</p><p>Autor</p><p>Prof.: Estratégia Carreira</p><p>Jurídica e OAB</p><p>28 de Maio de 2024</p><p>Sumário</p><p>Considerações Iniciais ...................................................................................................................................... 11</p><p>Conteúdo do Curso ....................................................................................................................................... 11</p><p>1 - Noções introdutórias .................................................................................................................................. 11</p><p>1.1 - Origem e conceito ................................................................................................................................ 11</p><p>1.2 - Critérios de definição do conceito de Direito Administrativo .............................................................. 12</p><p>1.3 - Administração Pública ......................................................................................................................... 14</p><p>1.3.1 Administração Pública ..............................................................................................................................................14</p><p>1.4 - Sistemas de Controle da Atuação Administrativa................................................................................ 15</p><p>2 - Regime Jurídico Administrativo .................................................................................................................. 17</p><p>2.1 - Definição .............................................................................................................................................. 17</p><p>2.2 - Normas Jurídicas: Regras X Princípios.................................................................................................. 17</p><p>3 - Princípios informativos do Direito Administrativo ..................................................................................... 18</p><p>3.1 - Pedras de toque do Direito Administrativo (Celso Antônio Bandeira de Melo) ................................... 18</p><p>3.2 - Princípios expressos (art. 37, caput, da Constituição da República).................................................... 19</p><p>3.2.1 - Princípio da Legalidade ...........................................................................................................................................19</p><p>3.2.2 - Princípio da Impessoalidade............................................................................................................................20</p><p>3.2.3 - Princípio da Moralidade .........................................................................................................................................22</p><p>3.2.4 - Princípio da Publicidade .........................................................................................................................................23</p><p>3.2.5 - Princípio da Eficiência .............................................................................................................................................24</p><p>3.3 - Princípios Implícitos.............................................................................................................................. 25</p><p>3.3.1 - Princípio da Razoabilidade e Proporcionalidade ............................................................................................25</p><p>3.3.2 - Princípio da Continuidade ......................................................................................................................................27</p><p>3.3.3 - Princípio da Autotutela...........................................................................................................................................27</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 2</p><p>2</p><p>405</p><p>3.3.4 - Princípio da Segurança Jurídica ..............................................................................................................................27</p><p>3.3.5 - Princípio da Especialidade ...............................................................................................................................28</p><p>3.3.6 - Princípios do Contraditório e da Ampla defesa .....................................................................................................28</p><p>3.3.7 - Princípio da Consensualidade e da Participação ...................................................................................................29</p><p>3.3.8 - Princípio da Sindicabilidade....................................................................................................................................29</p><p>3.3.9 - Accountability .........................................................................................................................................................30</p><p>3.3.10 - Princípio da Subsidiariedade ................................................................................................................................30</p><p>4 - Organização Administrativa: administração direta e indireta. Consórcios Públicos. Entidades paraestatais</p><p>e terceiro setor. ................................................................................................................................................ 30</p><p>4.1 - Organização Administrativa ................................................................................................................ 30</p><p>4.1.1 - Descentralização administrativa X Desconcentração administrativa ...................................................................32</p><p>4.2 – Administração Pública ......................................................................................................................... 33</p><p>4.2.1 - Administração Direta ..............................................................................................................................................33</p><p>4.2.2 - Administração Indireta ...........................................................................................................................................34</p><p>4.3 – Órgãos Públicos ................................................................................................................................... 35</p><p>4.3.1 Classificação ..............................................................................................................................................................36</p><p>4.3.2 - Teorias Acerca da Relação entre o Órgão e seus Agentes Públicos ......................................................................37</p><p>4.4 – Autarquias ........................................................................................................................................... 37</p><p>4.4.1 - São características das autarquias: ........................................................................................................................37</p><p>4.5 - Fundações Públicas .............................................................................................................................. 42</p><p>4.6 Empresas estatais................................................................................................................................... 44</p><p>4.6.1 Conceitos básicos ......................................................................................................................................................44</p><p>4.6.2 Características comuns às empresas públicas e às sociedades de economia mista ...............................................45</p><p>4.6.3 Diferenças entre empresas públicas e sociedades de economia mista ..................................................................47</p><p>4.7 - Consórcios Públicos .............................................................................................................................. 47</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e</p><p>é destinada à ocupação de cargos políticos, como cargo de</p><p>Ministro ou Secretário do Estado ou Município. Exceção: Mesmo em caso de cargos políticos, será possível</p><p>considerar a nomeação indevida nas hipóteses de: • nepotismo cruzado; • fraude à lei e • inequívoca falta</p><p>de razoabilidade da indicação, por manifesta ausência de qualificação técnica ou por inidoneidade moral</p><p>do nomeado. (STF. 1ª Turma. Rcl 29033 AgR/RJ, rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 17/9/2019 - Info 952).</p><p>➢ Norma que impede nepotismo no serviço público não alcança servidores de provimento efetivo.</p><p>(STF. Plenário. ADI 524/ES)</p><p>➢ A Súmula Vinculante nº 13 não exauriu todas as possibilidades de nepotismo, podendo existir</p><p>outros casos de nomeação que violem a moralidade administrativa (MS 31.697, STF).</p><p>3.2.4 - Princípio da Publicidade</p><p>• Estabelece o dever de transparência em toda a atuação do Poder Público, vez que o seu titular e</p><p>destinatário da atividade Administrativa – a coletividade – deve ter ciência da atuação dos Entes Públicos.</p><p>• Possibilita o controle popular sobre a Administração, consistindo em verdadeira prestação de contas do</p><p>Administrador perante o titular da coisa pública (a sociedade).</p><p>• Por este motivo a transparência é a regra, enquanto o sigilo é exceção, somente possível nas hipóteses</p><p>previstas na Constituição Federal, tal qual o direito à inviolabilidade da intimidade e da vida privada</p><p>(art. 5º, X, CF) e as informações indispensáveis à segurança do Estado e da Sociedade (art. 5º, XXXIII,</p><p>CF).</p><p> Fundamentos da publicidade na CF: art. 37, caput./ art. 5º XXXIII (informação), XXXIV (certidão)</p><p>e LXXII (habeas data) / Lei 12.527/11. (lei de acesso à informação). Art. 37, §3º, II – direito de</p><p>acesso à informação.</p><p> O direito à informação é um direito fundamental do cidadão, sendo vedada a sua supressão,</p><p>inclusive, por emenda constitucional, uma vez que consiste em cláusula pétrea (art. 60, §4º, IV</p><p>CF).</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 24</p><p>24</p><p>405</p><p> STF: O STF entendeu legítima a publicação em sítio eletrônico da Administração Pública dos</p><p>vencimentos dos servidores e dos respectivos nomes, preservando-se os dados pessoais tal</p><p>como o CPF (ARE 652777).</p><p> STF: “O ato de qualquer dos poderes públicos restritivos de publicidade deve ser</p><p>motivado de forma concreta, objetiva, específica e formal, sendo nulos os atos públicos que</p><p>imponham, genericamente e sem fundamentação válida, restrição ao direito fundamental à</p><p>informação”. (ADPF 872, Relator(a): Cármen Lúcia, Tribunal Pleno, julgado em 15-08-2023)</p><p> STF: “ORÇAMENTO SECRETO”. Despesas públicas resultantes de negociações ocultas entre</p><p>o Executivo e sua base parlamentar de apoio no Congresso. Emendas do relator (classificadas</p><p>pelo identificador orçamentário RP 9). Constatação objetiva da ocorrência de efetiva</p><p>transgressão aos postulados republicanos da transparência, da publicidade e da</p><p>impessoalidade no âmbito da gestão estatal dos recursos públicos, assim como do</p><p>planejamento orçamentário e da responsabilidade na gestão fiscal. (ADPF 850, Relator(a):</p><p>Rosa Weber, Tribunal Pleno, julgado em 19-12-2022)</p><p> STF: (...) 3. A Constituição ressalva a publicidade em apenas duas hipóteses: (i)</p><p>informações cujo sigilo seja imprescindível à segurança do Estado e da sociedade (art. 5º,</p><p>XXXIII, parte final); e (ii) proteção à intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas</p><p>(arts. 5º, X e 37, § 3, II, CF/1988). Como se vê, o sigilo só pode ser decretado em situações</p><p>específicas, com forte ônus argumentativo a quem deu origem à restrição ao direito</p><p>fundamental à informação, observado o princípio da proporcionalidade. (...). 6. Fixação da</p><p>seguinte tese de julgamento: “Os processos administrativos sancionadores instaurados por</p><p>agências reguladoras contra concessionárias de serviço público devem obedecer ao princípio</p><p>da publicidade durante toda a sua tramitação, ressalvados eventuais atos que se enquadrem</p><p>nas hipóteses de sigilo previstas em lei e na Constituição”. (ADI 5371, Relator(a): Roberto</p><p>Barroso, Tribunal Pleno, julgado em 02-03-2022)</p><p>3.2.5 - Princípio da Eficiência</p><p>• Inserido no caput do art. 37 pela EC 19/98.</p><p>• A eficiência é a busca dos melhores resultados práticos (produtividade), por meio da melhor atuação</p><p>possível, de forma célere e com redução dos desperdícios (economicidade). O que se exige é que atue</p><p>com diligência, presteza e bom desempenho funcional. Trata-se de princípio relacionado à boa</p><p>administração.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 25</p><p>25</p><p>405</p><p>3.3 - PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS</p><p>3.3.1 - Princípio da Razoabilidade e Proporcionalidade</p><p>• Historicamente, esses princípios estão ligados à ideia de relação racional entre meios e fins, tanto na</p><p>esfera Administrativa quanto na Legislativa1. Assim, seria possível tanto a invalidação de uma lei por</p><p>afronta à proporcionalidade quanto de um ato administrativo.</p><p>• A diferenciação entre os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade é complexa. Os</p><p>doutrinadores e o STF, em vista da dificuldade, preferem a conclusão de que, em razão da proximidade</p><p>dos conceitos, os princípios são fungíveis, sendo irrelevante se mencionar a proporcionalidade em lugar</p><p>da razoabilidade ou vice-versa. A própria Corte Suprema se utiliza dos dois princípios de forma indistinta,</p><p>razão pela qual se optou pelo seu estudo conjunto.</p><p>• Entretanto, embora existam autores que compreendam o princípio da proporcionalidade como espécie</p><p>do gênero razoabilidade, é possível extrair uma pequena diferença entre estes princípios na doutrina. De</p><p>acordo com Carvalho Filho2, razoável é a conduta que se insere dentro dos padrões de normalidade</p><p>aceitos pela sociedade, isto é, dentro dos limites aceitos pela coletividade. Não é a concepção pessoal</p><p>do administrador, mas os valores adotados pelo chamado “homem-médio”.</p><p>O princípio da proporcionalidade é princípio constitucional implícito que serve de</p><p>interpretação para todo o ordenamento jurídico. Segundo a doutrina do Ministro Gilmar</p><p>Mendes (Direitos Fundamentais e Controle de Constitucionalidade. 3. ed. São Paulo: Saraiva,</p><p>2007), o princípio da proporcionalidade, conforme já proclamado pela doutrina e pela</p><p>jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, além de constituir um postulado ínsito ao</p><p>Estado Democrático de Direito, encontra fundamento constitucional na cláusula do</p><p>devido processo legal, com previsão expressa no art. 5º, LIV, da Constituição da República.</p><p>• O princípio da proporcionalidade, conforme a doutrina do Ministro Decano da Suprema Corte, pode ser</p><p>analisado sob duas vertentes:</p><p>➢ proibição do excesso (Übermassverbot)</p><p>➢ proibição de proteção deficiente (Untermassverbot).</p><p>1 BARROSO, Luiz Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo: os conceitos fundamentais e a construção do novo</p><p>modelo. 8. Ed. São Paulo: Saraiva, 2019. P. 251.</p><p>2 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 30. Ed. São Paulo: Atlas, 2016. P. 33.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 26</p><p>26</p><p>405</p><p>• A proibição de excesso - Übermassverbot - está diretamente relacionada com o clássico garantismo</p><p>negativo, segundo o qual compete ao Estado abster-se de realizar condutas que violem tais direitos, aqui</p><p>entendidos como direitos de defesa.</p><p> Para a verificação da legitimidade de eventual medida, o princípio da proporcionalidade - sob a ótica</p><p>da proibição de excesso – desdobra-se nos subprincípios da adequação, da necessidade e da</p><p>proporcionalidade em sentido estrito (Caiu na segunda fase da PGM/SP):</p><p>➢ Adequação/idoneidade: o meio empregado deve ser o mais adequado ou idôneo para atingir a</p><p>finalidade pretendida.</p><p>➢ Necessidade/exigibilidade: consiste na verificação de inexistência de meio menos gravoso para atingir</p><p>o objetivo pretendido. Deve-se primeiro verificar se não existe outra forma de atingir a finalidade, que</p><p>resulte em uma menor restrição aos direitos individuais.</p><p>➢ Proporcionalidade em sentido estrito: consiste na ponderação entre o ônus imposto pela medida e o</p><p>benefício trazido pelas suas consequências. Somente haverá proporcionalidade se a restrição imposta</p><p>pela medida guardar proporção com o benefício produzido.</p><p>• A proibição de proteção deficiente - Untermassverbot - está diretamente relacionada com o garantismo</p><p>positivo, segundo o qual compete ao Estado um comportamento ativo na concretização dos direitos</p><p>fundamentais como imperativos de tutela, obrigando o Estado ao exercício de um dever de proteção,</p><p>inclusive por intermédio do direito penal.</p><p> STF: É inconstitucional norma estadual que determina a hospitais, casas de saúde e</p><p>maternidades a coleta compulsória de material genético de mães e bebês na sala de parto e</p><p>o subsequente armazenamento à disposição da Justiça para o fim de evitar a troca de recém-</p><p>nascidos nas unidades de saúde. Essa previsão viola os direitos à intimidade e à privacidade</p><p>(art. 5º, X, CF/88), bem como os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, na</p><p>dimensão da proibição do excesso. (STF. Plenário. ADI 5545/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em</p><p>13/4/2023 - Info 1090).</p><p> STF: Descabimento da inscrição do Estado-membro nos cadastros desabonadores em</p><p>decorrência de pendências administrativas relativas a débitos já submetidos a pagamento</p><p>por precatório, por incompatibilidade com o postulado da razoabilidade, haja vista a</p><p>possibilidade de intervenção federal que o não pagamento do precatório enseja. (ACO</p><p>3083, Relator(a): Ricardo Lewandowski, Tribunal Pleno, julgado em 24-08-2020 – Info 991)</p><p> STF: A atividade legislativa sujeita-se à estrita observância de diretriz fundamental pela</p><p>qual, havendo suporte teórico no princípio da proporcionalidade, vedam-se os excessos</p><p>normativos e as prescrições irrazoáveis do Poder Público. (ADI 6031, Relator(a): Cármen</p><p>Lúcia, Tribunal Pleno, julgado em 27-03-2020)</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 27</p><p>27</p><p>405</p><p>3.3.2 - Princípio da Continuidade</p><p>• O princípio da continuidade consiste na ideia de que a atividade administrativa deve ser prestada de</p><p>forma ininterrupta, sem paralisações, especialmente no que concerne ao serviço público. Está ligado, de</p><p>certa forma, ao princípio da eficiência e à necessidade de satisfação permanente dos direitos</p><p>fundamentais.</p><p>➢ Entretanto, o art. 6º, §3º da lei 8.987/95 dispõe expressamente que pode haver a interrupção do serviço:</p><p>a) sem aviso - em casos de emergência;</p><p>b) com aviso prévio – razões de ordem técnica ou inadimplemento do usuário.</p><p>3.3.3 - Princípio da Autotutela</p><p>• O princípio da autotutela consiste no poder de a Administração Pública controlar os seus próprios atos,</p><p>retirando-os do mundo jurídico quando necessário, para conferir regularidade às suas condutas (Súmulas</p><p>473 e 346 do STF).</p><p>O CONTROLE DOS ATOS ADMINISTRATIVOS OCORRE SOB DOIS ASPECTOS</p><p>LEGALIDADE: A Administração deve anular os atos</p><p>que violem as leis ou os princípios administrativos.</p><p>Trata-se de um dever. A anulação terá efeitos</p><p>retroativos à data do ato (efeitos ex tunc).</p><p>MÉRITO: A Administração pode revogar os atos</p><p>discricionários válidos e sem qualquer vício por</p><p>motivo de perda ou inexistência de conveniência</p><p>ou oportunidade. Trata-se de uma faculdade. A</p><p>revogação somente possui efeitos proativos (efeitos</p><p>ex nunc).</p><p>Súmula n. 633 do STJ: A Lei 9.784/99, especialmente no que diz respeito ao prazo decadencial</p><p>para revisão de atos administrativos no âmbito da administração pública federal, pode ser</p><p>aplicada de forma subsidiária aos Estados e municípios se inexistente norma local e específica</p><p>regulando a matéria.</p><p>3.3.4 - Princípio da Segurança Jurídica</p><p>• A segurança jurídica é um princípio geral do direito, vetor indispensável ao Estado Democrático de</p><p>Direito.</p><p> Seu objetivo é a pacificação social.</p><p>• Direito fundamental dos cidadãos de:</p><p> Terem ciência previamente das leis que regem a vida em sociedade;</p><p> não serem surpreendidos por alterações repentinas ou pela retroatividade de determinadas</p><p>leis para atingirem condutas anteriores à sua vigência.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 28</p><p>28</p><p>405</p><p>• Pode ser compreendido em dois sentidos:</p><p>a) Objetivo: Estabilização do ordenamento jurídico, relacionado à certeza do direito, tendo em</p><p>vista a necessidade de respeito ao direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada (art.</p><p>5º, XXXVI, CF);</p><p>b) Subjetivo: Proteção da confiança legítima das pessoas em relação às expectativas geradas por</p><p>promessas e atos estatais.</p><p>3.3.5 - Princípio da Especialidade</p><p>• Decorre da indisponibilidade do interesse público e do princípio da eficiência, que justificam a</p><p>necessidade de descentralização dos serviços do Estado e da desconcentração de atividades dentro da</p><p>estrutura organizacional da Administração Pública.</p><p> Com isto, promove-se a especialização nas atividades específicas em que os órgãos ou entidades</p><p>públicas atuam, o que enseja uma maior eficiência na prestação desses serviços na medida em que</p><p>tais órgãos e entidades dedicam todos os seus esforços na execução de uma ou de um número</p><p>restrito de funções, o que, em tese, faz com que haja um aprimoramento constante nesta atuação.</p><p>3.3.6 - Princípios do Contraditório e da Ampla defesa</p><p>• Os princípios do contraditório e da ampla defesa estão expressos na Constituição Federal, art. 5º, LV,</p><p>determinando que aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são</p><p>assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.</p><p> Em síntese, o princípio do contraditório estabelece que é garantido ao administrado:</p><p>a) Tomar conhecimento de todos os atos do processo administrativo ou judicial, sendo deles</p><p>notificado;</p><p>b) Oportunidade para se manifestar quanto aos pontos controvertidos, produzir provas e formular</p><p>requerimentos diversos; e</p><p>c) Oportunidade de influenciar no julgamento da autoridade: necessidade de que as manifestações</p><p>do particular sejam de fato analisadas.</p><p>• Trata-se de decorrência lógica do princípio do devido processo legal (art. 5º, LIV) em seu aspecto</p><p>procedimental.</p><p> A violação do contraditório e da ampla defesa culmina na ofensa ao devido processo legal. Tal</p><p>desrespeito a estes princípios configura nulidade do processo e de todos os atos posteriores ao vício.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 29</p><p>29</p><p>405</p><p> STF: O princípio do contraditório e da ampla defesa também se aplica nas relações entre</p><p>Entes Públicos. Neste sentido, o STF entendeu que o cadastro restritivo de Ente Público não</p><p>deve ser feito de forma unilateral e sem acesso à ampla defesa e ao contraditório. Neste</p><p>sentido, o STF determinou que a União se abstenha de proceder à inscrição do Estado-</p><p>membro no SIAFI, no CADIN e no CAUC, até o exaurimento da Prestação de Contas Especial,</p><p>observados os princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório. (STF. Plenário.</p><p>ACO 2892 AgR/DF, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes,</p><p>julgado em 11/9/2019 - Info 951).</p><p>3.3.7 - Princípio da Consensualidade e da Participação</p><p>• Decorre de uma releitura da cláusula do Estado Democrático de Direito, prevista no art. 1º da</p><p>Constituição Federal.</p><p> Trata-se, portanto, de conferir uma legitimidade reforçada à atuação do Poder Público, que não</p><p>deve mais se contentar apenas</p><p>por cumprir o princípio da legalidade, mas fortalecer a sua atuação</p><p>por meio da participação popular na elaboração de normas e na tomada de decisões administrativas,</p><p>por meio de mecanismos e instrumentos do direito moderno.</p><p>▪ Exemplos claros deste princípio, sob o aspecto da participação popular, são as audiências públicas</p><p>e as consultas populares.</p><p>• A legislação infraconstitucional prevê diversos instrumentos para efetivação do princípio em estudo,</p><p>destacando-se, dentre eles, os seguintes:</p><p>➢ Art. 21, caput e parágrafo único da lei 14.133/2021: prevê a possibilidade de convocação de</p><p>audiências públicas e consultas públicas na fase preparatória da licitação;</p><p>➢ Arts. 31 a 34 da lei 9.784/99: prevê a possibilidade de realização de audiências públicas e consultas</p><p>públicas nos processos administrativos, como forma de instrução do processo para a tomada de</p><p>decisão.</p><p>➢ Lei 10.257/2001 (Estatuto da Cidade): Estabelece diversos instrumentos de participação popular, tais</p><p>como audiências públicas, debates e consultas públicas para elaboração do plano diretor e para a</p><p>gestão orçamentária participativa.</p><p>➢ Art. 10, inciso VI da Lei 11.079/2004 (Parcerias Público-Privadas): Consulta pública para análise da</p><p>minuta do edital e do contrato da concessão.</p><p>➢ Lei 13.460/2017, que dispõe sobre participação, proteção e defesa dos direitos do usuário dos</p><p>serviços públicos da administração pública.</p><p>3.3.8 - Princípio da Sindicabilidade</p><p>• Trata-se do poder de controle sobre a atuação estatal.</p><p> O conceito abrange:</p><p>▪ o controle interno, realizado pela própria Administração Pública sobre seus atos;</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 30</p><p>30</p><p>405</p><p>▪ o controle externo realizado pelo Poder Judiciário (art. 5º, XXXV da Constituição Federal) e pelo</p><p>Poder Legislativo com auxílio dos Tribunais de Contas (arts. 70 e 71 da Constituição Federal).</p><p>3.3.9 - Accountability</p><p>• O princípio da responsividade ou accountability determina que a Administração Pública preste contas</p><p>de sua atividade, adotando uma postura ativa perante os órgãos especializados de controle e perante</p><p>a população, que exerce o controle popular, devendo prestar informações e fornecer dados de sua</p><p>atuação, independentemente de solicitação.</p><p>3.3.10 - Princípio da Subsidiariedade</p><p>• De acordo com este princípio, a atuação direta do Poder Público na ordem econômica deve ocorrer</p><p>apenas de forma subsidiária à iniciativa privada.</p><p> A intervenção do Estado na ordem econômica de forma direta, criando pessoa jurídica de direito</p><p>privado exploradora de atividade econômica, somente pode ocorrer nas hipóteses previstas no art.</p><p>173 da Constituição Federal, isto é, quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a</p><p>relevante interesse coletivo:</p><p>Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade</p><p>econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança</p><p>nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.</p><p>4 - ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA: ADMINISTRAÇÃO</p><p>DIRETA E INDIRETA. CONSÓRCIOS PÚBLICOS. ENTIDADES</p><p>PARAESTATAIS E TERCEIRO SETOR.</p><p>4.1 - ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA</p><p>• Administração pública em sentido formal, subjetivo ou orgânico: refere-se à quem exerce, à pessoa, ou</p><p>seja, é o conjunto de órgãos, pessoas jurídicas e agentes que o nosso ordenamento jurídico identifica</p><p>como administração pública (critério formal de administração pública), não importa a atividade que</p><p>exerçam.</p><p>• Administração pública em sentido material, objetivo ou funcional: refere-se às atividades exercidas,</p><p>sem se importar com quem exerce, ou seja, representa o conjunto de atividades que costumam ser</p><p>consideradas próprias da função administrativa. O conceito adota como referência a atividade (o que é</p><p>realizado), não obrigatoriamente quem a exerce.</p><p>• A organização administrativa é a forma por meio da qual o Estado é estruturado. Consiste no conjunto</p><p>de normas jurídicas que regem as pessoas, os órgãos e as entidades que desempenham a atividade</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 31</p><p>31</p><p>405</p><p>administrativa, suas competências, as relações hierárquicas, as situações jurídicas, as formas de atuação</p><p>e o controle.</p><p> promove especialização e eficiência, distribuindo atribuições entre órgãos ou pessoas jurídicas</p><p>integrantes da Administração Pública indireta.</p><p> a organização administrativa é realizada primordialmente mediante lei.</p><p> é possível que a Constituição Federal ou a própria legislação autorizem que determinada organização</p><p>seja feita por meio de decretos ou outros atos normativos.</p><p>▪ Exemplo: art. 84, VI, CF: "Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: VI - dispor,</p><p>mediante decreto, sobre: a) organização e funcionamento da administração federal, quando não</p><p>implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;"</p><p>ENTIDADES • Unidade de atuação dotada de personalidade jurídica.</p><p>• Dividem-se em:</p><p>a) entidade política: são as pessoas jurídicas de direito público que</p><p>integram a estrutura do Estado e que recebem suas competências</p><p>diretamente da Constituição. São a União, os estados, o Distrito Federal</p><p>e os munícipios. Elas possuem autonomia política plena, ou seja,</p><p>possuem capacidade de auto-organização, autogoverno e</p><p>autoadministração).</p><p>b) entidade administrativa: Não legisla, mas tem autonomia</p><p>administrativa, ou seja, prestam um serviço específico definido na lei</p><p>que criou ou autorizou a sua criação (autarquias, fundações, empresas</p><p>públicas).</p><p>ÓRGÃOS • Unidade de atuação integrante da estrutura da Administração direta e da</p><p>estrutura da Administração indireta;</p><p>• Não possui personalidade jurídica;</p><p>• É definido como centro de competência instituído na estrutura interna da</p><p>Administração (direta ou indireta).</p><p>• O Decreto-Lei 200/67, recepcionado como lei ordinária pela Constituição Federal de 1988, define as</p><p>regras aplicáveis à Uniao e estabelece normas gerais a serem respeitadas pelos demais entes federativos</p><p>(Estados, Distrito Federal e Municípios). Essa norma somente pode ser alterada por lei ordinária federal.</p><p>PRINCÍPIOS SETORIAIS INERENTES À ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA (ART. 6º DO DL Nº 200/67)</p><p>PRINCÍPIO DO</p><p>PLANEJAMENTO</p><p>Toda a atividade estatal obedecerá a planejamento que vise a promover o</p><p>desenvolvimento econômico-social do País e a segurança nacional.</p><p>PRINCÍPIO DA</p><p>COORDENAÇÃO</p><p>• Diretamente vinculado à hierarquia;</p><p>• Evita a ocorrência de divergências na atividade estatal e desperdício de</p><p>recursos;</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 32</p><p>32</p><p>405</p><p>• Maior eficiência na execução das atividades públicas.</p><p>PRINCÍPIO DA</p><p>DESCENTRALIZAÇÃO</p><p>ADMINISTRATIVA</p><p>• Busca eficiência através da especialização na execução das atividades do</p><p>Estado;</p><p>• Transferências da prestação de serviços do ente federativo para outras pessoas</p><p>jurídicas especializadas na execução das atividades.</p><p>PRINCÍPIO DA</p><p>DELEGAÇÃO DE</p><p>COMPETÊNCIA</p><p>A autoridade delegante permite que certa atividade que certa atribuição seja</p><p>exercida por outro agente.</p><p>PRINCÍPIO DO</p><p>CONTROLE</p><p>O controle das atividades da Administração será exercido em todos os níveis e em</p><p>todos os órgãos de governo.</p><p>4.1.1 - Descentralização administrativa X Desconcentração administrativa</p><p>DESCENTRALIZAÇÃO DESCONCENTRAÇÃO</p><p>É a transferência de determinada atividade</p><p>administrativa para uma outra pessoa, física ou</p><p>jurídica, integrante ou não da estrutural</p><p>organizacional do Estado.</p><p>Diferentemente da descentralização, a</p><p>desconcentração é a distribuição interna de</p><p>competências entre os órgãos internos de uma</p><p>mesma pessoa jurídica.</p><p>Pressupõe</p><p>duas pessoas distintas, quais sejam, o</p><p>Estado em sentido amplo (União, Estados, Distrito</p><p>Federal ou Municípios) e a pessoa que executará a</p><p>atividade por ter recebido essa atribuição do Poder</p><p>Público.</p><p>Ocorre no âmbito da mesma pessoa jurídica. Pode</p><p>ocorrer no âmbito da Administração Direta (União,</p><p>Estados, Distrito Federal e Municípios) ou no</p><p>âmbito da Administração Indireta (Autarquias,</p><p>fundações, empresas públicas e sociedades de</p><p>economia mista).</p><p>Não há hierarquia. Existe controle finalístico, tutela</p><p>administrativa ou supervisão.</p><p>Há hierarquia e subordinação (autotutela)</p><p>Especialização externa. Especialização interna.</p><p>➔ Há três formas de descentralização administrativa:</p><p>• DESCENTRALIZAÇÃO POR OUTORGA, POR SERVIÇOS, TÉCNICA OU FUNCIONAL:</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 33</p><p>33</p><p>405</p><p> ocorre quando o Estado cria uma entidade com personalidade jurídica e a ela transfere a titularidade</p><p>e a execução de determinado serviço público.</p><p>▪ A criação da nova pessoa ocorre por lei ou autorização legal, de modo que a descentralização</p><p>durará até a revogação, gerando a presunção de definitividade da entidade nova.</p><p>▪ Não há hierarquia ou subordinação entre as pessoas envolvidas, mas apenas vinculação. Isto é, o</p><p>órgão central realiza a tutela, supervisão ministerial ou controle finalístico sobre o exercício da</p><p>atividade por parte do ente descentralizado, nos termos estabelecidos em lei.</p><p>➢ Esse tipo de descentralização dá origem à Administração indireta (autarquias, fundações</p><p>públicas, sociedades de economia mista e empresas públicas).</p><p>• DESCENTRALIZAÇÃO POR DELEGAÇÃO OU COLABORAÇÃO:</p><p> Ocorre quando uma entidade política ou administrativa transfere a execução de um serviço a uma</p><p>pessoa jurídica de direito privado preexistente. Assim, quem recebe a delegação (delegatário)</p><p>poderá prestar o serviço diretamente à população, em seu próprio nome e por sua conta e risco, sob</p><p>a fiscalização do Estado.</p><p>▪ A transferência é feita por ato administrativo (unilateral) ou contrato administrativo (bilateral).</p><p>No primeiro, não há prazo determinado para a delegação, podendo ser revogado a qualquer</p><p>tempo e, em geral, sem direito à indenização. No segundo, a delegação tem prazo determinado.</p><p>➢ Essa descentralização ocorre nas concessões, permissões ou autorizações, como os serviços</p><p>de telefonia, que são prestados por empresas do setor (Oi, Tim, Claro, Vivo etc).</p><p>• DESCENTRALIZAÇÃO TERRITORIAL OU GEOGRÁFICA:</p><p> Ocorre quando a União cria uma pessoa jurídica com limites territoriais determinados e</p><p>competências administrativas genéricas (Territórios Federais). Os territórios não integram a</p><p>federação, mas possuem personalidade jurídica de direito público. Não possuem também capacidade</p><p>política, por isso alguns doutrinadores chegam a chamá-las de autarquias territoriais ou geográficas.</p><p>▪ Essa modalidade de descentralização está prevista no art. 18, §2º, CF.</p><p>➢ Cabe destacar que atualmente não existem territórios federais no Brasil, apesar de existir a</p><p>possibilidade de sua criação.</p><p>4.2 – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>4.2.1 - Administração Direta</p><p>• Administração Direta é o conjunto de órgãos que integra as entidades políticas (União, estados, Distrito</p><p>Federal e municípios) e que exerce as atividades administrativas do Estado de forma centralizada.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 34</p><p>34</p><p>405</p><p> Trata-se dos serviços prestados diretamente pelas entidades políticas quando utilizam seus órgãos</p><p>internos.</p><p> Possuem personalidade jurídica de direito público interno e gozam de todas as prerrogativas</p><p>inerentes à Administração Pública e se submetem a todas as limitações estatais decorrentes da</p><p>indisponibilidade do interesse público.</p><p>4.2.2 - Administração Indireta</p><p>• A Administração Pública Indireta é composta pelas entidades administrativas.</p><p> possuem personalidade jurídica própria e são responsáveis por executar atividades administrativas</p><p>de forma descentralizada.</p><p> não possuem autonomia política (não podem editar leis para sua organização) e estão vinculadas à</p><p>Administração Direta, em qualquer dos Poderes (embora, na prática, só observamos Administração</p><p>Indireta vinculada ao Poder Executivo).</p><p>▪ compõem a Administração Pública indireta as entidades previstas no art. 37, XIX da Constituição</p><p>Federal e no art. 4º, II do Decreto-lei 200/67: as autarquias (incluindo as associações públicas –</p><p>consórcios públicos de direito público), as fundações públicas, as empresas públicas e as</p><p>sociedades de economia mista.</p><p>4.2.2.1 Características comuns às entidades da Administração Pública indireta</p><p>• personalidade jurídica própria, logo, são responsáveis por seus atos, têm patrimônio e receita</p><p>próprios e têm autonomia técnica, administrativa e financeira;</p><p>• criação e extinção condicionada à previsão legal (lei cria ou autoriza a criação): conforme estabelece</p><p>os art. 37, XIX, da CF/88. Se lei cria, a lei deve extinguir. Se lei autoriza a criação, também autoriza a</p><p>extinção. Isso é denominado de paralelismo de formas.</p><p> A lei cria autarquia e autoriza a criação de sociedade de economia mista, empresa pública</p><p>e, em regra, a fundação (se a fundação pública possuir personalidade jurídica de direito</p><p>público, sua criação será idêntica à criação das autarquias). Na criação, basta essa lei para</p><p>a autarquia existir. Na autorização ainda será necessário o registro dos atos constitutivos</p><p>no órgão competente.</p><p> STF: Para a desestatização de empresa estatal é suficiente a autorização prevista em lei que</p><p>veicule programa de desestatização. O art. 37, XIX, da CF/88 afirma que é necessária a edição</p><p>de uma lei específica para se autorizar a instituição de uma sociedade de economia mista ou uma</p><p>empresa pública. Porém, é desnecessária, em regra, lei específica para inclusão de sociedade</p><p>de economia mista ou de empresa pública em programa de desestatização. Não se aplica o</p><p>princípio do paralelismo das formas. Exceção: em alguns casos a lei que autorizou a criação da</p><p>empresa estatal afirmou expressamente que seria necessária lei específica para sua extinção</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 35</p><p>35</p><p>405</p><p>ou privatização. Nesses casos, obviamente, não é suficiente uma lei genérica (não basta a Lei</p><p>nº 9.491/97), sendo necessária lei específica. STF. Plenário. ADI 6241/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia,</p><p>julgado em 6/2/2021 (Info 1004).</p><p>• finalidade específica, definida pela lei de criação: a entidade se encontra vinculada a um tipo de</p><p>atividade, atendendo ao princípio da especialidade;</p><p>• não estão subordinadas à Administração Direta, mas estão vinculadas, sujeitas a controle: embora</p><p>não haja relação hierárquica, os integrantes da Administração Indireta encontram-se vinculados à</p><p>Administração Direta, em geral ao ministério da área correspondente, como forma de assegurar o</p><p>controle do cumprimento dos fins da entidade.</p><p> STF: É inconstitucional norma de Constituição Estadual que exija prévia arguição e aprovação</p><p>da Assembleia Legislativa para que o Governador do Estado nomeie os dirigentes das</p><p>autarquias e fundações públicas, os presidentes das empresas de economia mista e</p><p>assemelhados, os interventores de Municípios, bem como os titulares da Defensoria Pública e</p><p>da Procuradoria-Geral do Estado. STF. Plenário. ADI 2167/RR, rel. orig. Min. Ricardo</p><p>Lewandowski, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 3/6/2020 (Info 980)</p><p>4.3 – ÓRGÃOS PÚBLICOS</p><p>• Os órgãos públicos são centros de competências, sem personalidade jurídica própria, que atuam, por</p><p>meio dos agentes nele lotados, em nome da entidade política ou administrativa que a integram.</p><p> São frutos da desconcentração</p><p>administrativa, que ocorre tanto no âmbito da Administração Direta</p><p>quanto da Administração Indireta.</p><p>➢ Como os órgãos não têm personalidade jurídica, o desempenho das atribuições por eles é</p><p>imputado à pessoa jurídica a que pertencem.</p><p>➢ Contudo, alguns órgãos possuem legitimidade para defender em juízo as suas prerrogativas, o</p><p>que é chamado pela doutrina de personalidade judiciária.</p><p>Súmula 525-STJ: A Câmara de vereadores não possui personalidade jurídica, apenas</p><p>personalidade judiciária, somente podendo demandar em juízo para defender os seus direitos</p><p>institucionais.</p><p>• Podem firmar, por meio de seus administradores, contratos de gestão com outros órgãos ou com pessoas</p><p>jurídicas, nos termos do art. 37, §8º, da CF.</p><p>• Tem CNPJ – o CNPJ foi criado pela Receita Federal para aprimorar a fiscalização da circulação de valores</p><p>para fins tributários. Determinou-se a sua aplicação para todos os órgãos públicos de qualquer dos</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 36</p><p>36</p><p>405</p><p>poderes da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios (Instrução Normativa RFB nº 2.119,</p><p>de 06 de dezembro de 2022).</p><p>• Não possuem patrimônio próprio.</p><p>4.3.1 Classificação</p><p>• Quanto à posição estatal:</p><p>INDEPENDENTES</p><p>• São aqueles previstos diretamente no texto constitucional. Por essa razão, não</p><p>sofrem qualquer relação de subordinação.</p><p>• Sujeitam-se tão somente aos controles constitucionalmente previstos, que uns</p><p>exercem sobre os outros - tais controles configuram o assim chamado sistema de</p><p>freios e contrapesos. As atribuições são exercidas por agentes políticos.</p><p>• Ex.: Presidência da República, Governadorias, Prefeituras, Congresso Nacional,</p><p>Câmaras, todos os Tribunais, Ministério Público, Defensoria Púlica.</p><p>AUTÔNOMOS</p><p>• Localizam-se na cúpula da administração pública, num grau hierárquico abaixo dos</p><p>órgãos independentes - e são subordinados diretamente à chefia destes.</p><p>• Desfrutam de ampla autonomia administrativa, financeira e técnica.</p><p>• Ex.: Secretarias e Ministérios.</p><p>SUPERIORES</p><p>• São órgãos que possuem atribuições de direção, controle e decisão, mas que</p><p>sempre estão sujeitos ao controle hierárquico de uma chefia mais alta.</p><p>• Não têm autonomia administrativa, mas possuem autonomia técnica.</p><p>• Ex.: Gabinetes e procuradorias.</p><p>SUBALTERNOS</p><p>• São meros órgãos de execução, com reduzido poder decisório.</p><p>• Ex.: Zeladoria (cuida dos bens públicos), almoxarifado, sessão de recursos humanos.</p><p>➢ Quanto à estrutura:</p><p>SIMPLES OU UNITÁRIOS COMPOSTOS</p><p>São constituídos por um só centro de competências.</p><p>Não possuem subdivisões (outros órgãos em seu</p><p>interior). Ex.: Gabinetes.</p><p>Reúnem em sua estrutura diversos órgãos. Ex:</p><p>Ministérios e secretarias estaduais.</p><p>➢ Quanto à atuação funcional:</p><p>SINGULAR OU UNIPESSOAL COLEGIADO</p><p>Só há um agente. Ex.: Prefeitura, Presidência da</p><p>República.</p><p>Também são denominados de pluripessoais - vários</p><p>agentes. A tomada de decisão é feita de forma</p><p>coletiva. Ex.: Congresso Nacional, STF.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 37</p><p>37</p><p>405</p><p>4.3.2 - Teorias Acerca da Relação entre o Órgão e seus Agentes Públicos</p><p>TEORIA DO MANDATO TEORIA DA REPRESENTAÇÃO TEORIA DO ÓRGÃO</p><p>▪ Toma por base um instituto de</p><p>Direito Privado: o mandato.</p><p>▪ A relação entre o Estado e os</p><p>seus agentes teria por base o</p><p>contrato de mandato, ou seja, o</p><p>agente público é um mandatário</p><p>do Estado.</p><p>▪ A pessoa física atuaria em nome</p><p>da pessoa jurídica estatal e sob a</p><p>responsabilidade dela, em razão</p><p>da outorga específica de poderes.</p><p>➢ Críticas:</p><p>▪ Impossibilidade do Estado (sem</p><p>vontade própria) outorgar</p><p>mandato.</p><p>▪ Prática de ato com exorbitância</p><p>de poderes (impossibilidade de</p><p>responsabilizar o mandante –</p><p>Estado).</p><p>▪ Coloca o agente público como o</p><p>representante do Estado por</p><p>força de lei.</p><p>▪ O agente é equiparado a uma</p><p>espécie de tutor ou curador do</p><p>Estado.</p><p>➢ Críticas:</p><p>▪ Equiparação do Estado a um</p><p>incapaz.</p><p>▪ Ato do representante com</p><p>exorbitância não seria oponível</p><p>ao Estado.</p><p>▪ Teoria Alemã (Otto Gierke)</p><p>▪ Presume-se que a pessoa</p><p>jurídica manifesta a sua vontade</p><p>por meio dos órgãos, que são</p><p>partes integrantes da própria</p><p>estrutura da pessoa jurídica, de</p><p>tal modo que quando os agentes</p><p>atuam nestes órgãos manifestam</p><p>sua vontade.</p><p>▪ A vontade da pessoa jurídica se</p><p>forma e se exterioriza com a</p><p>atuação dos seus órgãos.</p><p>▪ A manifestação exarada pela</p><p>pessoa física é imputada à pessoa</p><p>jurídica de direito público (Teoria</p><p>da Imputação Volitiva).</p><p>▪ Agente público presenta a</p><p>pessoa jurídica de direito público,</p><p>corporificando o ente público.</p><p>▪ Teoria adotada.</p><p>4.4 – AUTARQUIAS</p><p>São entidades da administração pública indireta, dotadas de personalidade jurídica de direito público,</p><p>patrimônio próprio e autonomia administrativa, criadas por lei específica para o exercício de competências</p><p>estatais determinadas.</p><p>4.4.1 - São características das autarquias:</p><p>• As autarquias não são subordinadas ao ente federado que as criou. A relação entre uma autarquia e</p><p>a administração direta da pessoa política instituidora é de vinculação administrativa (e não de</p><p>subordinação);</p><p>• Só podem ser criadas por lei;</p><p>• São criadas para executar atividades típicas da Administração Pública;</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 38</p><p>38</p><p>405</p><p>• Atualmente, os entes da Federação devem possuir regime jurídico único, aplicável a todos os</p><p>servidores da Administração Direta, das autarquias e das fundações públicas (CF, art. 39);</p><p>• Os contratos firmados pelas autarquias devem se submeter previamente à licitação, com exceção das</p><p>ressalvas previstas na própria lei (dispensa e inexigibilidade de licitação), na forma da Lei do art. 22,</p><p>XXVII, da CF, e da Lei 14.133/2021 – Lei de normas gerais de licitações e contratos;</p><p>• Se submetem à Lei de Responsabilidade Fiscal - Tribunal de Contas fiscaliza;</p><p>• Estão sujeitas ao duplo grau de jurisdição obrigatório, contra elas somente produzindo efeito</p><p>eventual sentença condenatória após a confirmação por tribunal;</p><p>• Possuem responsabilidade civil objetiva (art. 37, § 6º da CF: “As pessoas jurídicas de direito público</p><p>e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes,</p><p>nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos</p><p>casos de dolo ou culpa.”;</p><p>• São exemplos de prerrogativas estatais estendidas às autarquias a imunidade tributária recíproca e</p><p>os privilégios processuais da Fazenda Pública, como prazo em dobro para todas as manifestações</p><p>(art. 183, NCPC);</p><p>• Entre as prerrogativas processuais impostas em favor das autarquias públicas está a intimação</p><p>pessoal de seus procuradores de todos os atos do processo;</p><p>• Créditos sujeitos à execução fiscal: possibilidade de inscrever seus créditos em dívida ativa e realizar</p><p>a respectiva cobrança por execução fiscal, conforme Lei 6.830/1980;</p><p>• Se submetem às regras do reexame necessário – art. 496, NCPC;</p><p>• O prazo prescricional nas demandas ajuizadas contra a autarquia é aquele previsto no Decreto</p><p>20910/32 - 5 anos (quinquenal);</p><p>• A natureza dos bens das autarquias é a de bens públicos. Em regra, são inalienáveis de forma relativa</p><p>(preenchidas algumas condições é possível alienar);</p><p>• São bens impenhoráveis (seus débitos judiciais devem ser pagos pelo regime de precatórios) e</p><p>imprescritíveis (não pode ser objeto de usucapião);</p><p>4.3.2 - Conselhos de classe</p><p>• São autarquias federais os conselhos regionais e federais de fiscalização de profissão (exemplos:</p><p>Conselho Federal de Medicina – CFM; conselhos regionais de medicina – CRM; Conselho Federal de</p><p>Nutricionistas – CFN; conselhos regionais</p><p>de nutricionistas – CRN).</p><p> São também chamados de autarquias corporativas ou profissionais.</p><p>CONSELHOS DE FISCALIZAÇÃO EM GERAL OAB</p><p>▪ Compõem a Administração Pública (natureza</p><p>autárquica) (RE 539.224/CE);</p><p>▪ Entidades administrativas de direito público;</p><p>▪ Não compõe a Administração Pública;</p><p>▪ Entidade sui generis;</p><p>▪ Serviço público independente;</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 39</p><p>39</p><p>405</p><p>▪ Detém natureza jurídica própria, dotada de</p><p>autonomia e independência;</p><p>▪ Regime jurídico híbrido:</p><p>▪ Prestar contas ao TCU;</p><p>▪ Realizar licitação;</p><p>▪ Realizar concurso público;</p><p>▪ Não se submetem ao regime de precatórios (RE</p><p>938.837/SP);</p><p>▪ Regime de pessoal da CLT (empregados públicos);</p><p>▪ Compete a Justiça Federal processar e julgar</p><p>execução fiscal promovida por Conselho de</p><p>Fiscalização Profissional (Súmula 66/STJ);</p><p>▪ Suas anuidades possuem natureza tributária, de</p><p>forma que podem seguir o rito da execução fiscal,</p><p>sujeita a lançamento de ofício.</p><p>▪Regime de direito privado:</p><p>▪ Não devem prestar contas ao TCU, nem a</p><p>qualquer outra entidade externa (RE 1.182.189/BA);</p><p>▪ Não realizam licitação pública;</p><p>▪ Não faz concurso público;</p><p>▪ Não se submetem ao regime de precatórios (RE</p><p>938.837/SP);</p><p>▪ As lides judiciais em que esta entidade seja parte</p><p>são de competência da Justiça Federal, por</p><p>incidência do inciso I, do art. 109, da CRFB;</p><p>▪ Suas anuidades possuem natureza tributária, de</p><p>forma que podem seguir o rito da execução fiscal,</p><p>sujeita a lançamento de ofício.</p><p> STF: É inconstitucional a suspensão realizada por conselho de fiscalização profissional do</p><p>exercício laboral de seus inscritos por inadimplência de anuidades, pois a medida consiste</p><p>em sanção política em matéria tributária. STF. Plenário. RE 647885, Rel. Min. Edson Fachin,</p><p>julgado em 27/04/2020 (Repercussão Geral – Tema 732) (Info 978)</p><p> STF: São inconstitucionais as normas impugnadas pelas quais exigem a quitação de anuidades</p><p>devidas ao Conselho Profissional de Enfermagem para que profissionais obtenham inscrição,</p><p>suspensão de inscrição, reativação de inscrição, inscrição secundária, segunda via e renovação</p><p>de carteira profissional de identidade, por instituírem sanção política como meio coercitivo</p><p>indireto para pagamento de tributo (ADI 7423, Relator(a): CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno,</p><p>julgado em 19-12-2023)</p><p>4.3.3. Agências reguladoras.</p><p>• Agências reguladoras não representam uma nova entidade administrativa, elas são apenas autarquias</p><p>sob regime especial, integrantes da Administração Indireta, criadas por lei, dotadas de autonomia</p><p>financeira e orçamentária, organizadas em colegiado cujos membros detém mandato fixo, com a</p><p>finalidade de regular e fiscalizar as atividades.</p><p> São entidades administrativas com alto grau de especialização técnica;</p><p> Com função de regular um setor específico de atividade econômica ou um determinado serviço</p><p>público;</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 40</p><p>40</p><p>405</p><p> Devem atuar com a maior autonomia possível relativamente ao Poder Executivo e com</p><p>imparcialidade perante as partes interessadas (Estado, setores regulados e sociedade).</p><p>Teoria da captura</p><p>Segundo a doutrina, a Teoria da Captura trata da hipótese de quebra de independência e</p><p>autonomia das agências reguladoras, quando estas passam a favorecer os entes regulados, que</p><p>são economicamente mais fortes. Em outras palavras, os entes regulados ou o governo</p><p>instituidor capturam as agências reguladoras no intuito de proteger seus interesses.</p><p>Essa captura pode ocorrer de duas formas:</p><p>▪ pelo próprio setor público (ativa), quando há influência política de agentes públicos na</p><p>atividade reguladora, retirando sua independência; ou</p><p>▪ pelo setor privado (passiva), quando as empresas que prestam os serviços regulados</p><p>interferem direta ou indiretamente na atividade regulatória.</p><p>• Características das agências reguladoras:</p><p> Nas agências reguladoras, os dirigentes têm um mandato a cumprir, não podendo ser exonerados</p><p>do cargo antes do fim do mandato. Na administração federal, a Lei 13.848/2019 fixa em cinco anos</p><p>o prazo de duração do mandato, vedando a recondução.</p><p> Desempenham atividades típicas do Poder Público, como a regulação e o poder de polícia;</p><p> Integram a administração indireta (descentralizada);</p><p> Possuem maior autonomia que as outras entidades da administração indireta;</p><p> São dirigidas por colegiado cujos membros são nomeados por prazo determinado pelo Presidente</p><p>da República, após prévia aprovação pelo Senado Federal, vedada a exoneração ad nutum;</p><p> Não se submetem, em regra, ao controle hierárquico. Porém, em casos específicos, admite-se o</p><p>controle hierárquico impróprio pelo ministério ou a avocação de competências pelo Presidente da</p><p>República;</p><p> Encontram-se vinculadas ao Ministério do Setor correspondente, para fins de tutela, supervisão ou</p><p>controle finalístico.</p><p>• Embora a regulação ganhe destaque, as agências reguladoras cumprem uma dupla função:</p><p> atuam em nome do poder concedente, assumindo seus poderes e encargos nos contratos de</p><p>concessão, para fazer licitação, contratar, fiscalizar, punir, rescindir, encampar, etc.;</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 41</p><p>41</p><p>405</p><p> exercem a atividade de regulação propriamente dita, que abrange a competência de estabelecer</p><p>regras de conduta, fiscalizar, reprimir, punir, resolver conflitos, garantir a competição, tanto no</p><p>âmbito da própria concessão como nas relações com outras prestadoras de serviço.</p><p>• Por fim, importante ressaltar que elas não se confundem com agências executivas, pois estas são</p><p>autarquias ou fundações (pré-existentes) que se qualificam como agência executiva por terem</p><p>celebrado um contrato de gestão com a Administração e por terem um plano de reestruturação, de</p><p>acordo com ato discricionário privativo do Presidente da República (art. 51, Lei 9.649/98).</p><p>• Os contratos de gestão das agências executivas devem ser celebrados com periodicidade mínima de um</p><p>ano e estabelecerão os objetivos, metas e respectivos indicadores de desempenho da entidade, bem</p><p>como os recursos necessários e os critérios e instrumentos para a avaliação do seu cumprimento.</p><p>• Após receber a qualificação, a autarquia ou fundação pública passa a se submeter a um regime jurídico</p><p>especial, em que há maior autonomia para atuação.</p><p> Por exemplo, no que se refere às licitações e contratos, as agências executivas possuem um limite</p><p>duplicado para dispensa de processo licitatório (art. 75, § 2º da Lei 14.133/2021).</p><p>AGÊNCIAS REGULADORAS AGÊNCIAS EXECUTIVAS</p><p>Não se trata de uma nova espécie integrante da</p><p>Administração Pública.</p><p>Não se trata de uma nova espécie integrante da</p><p>Administração Pública.</p><p>São autarquias sob regime especial. Podem ser autarquias ou fundações públicas.</p><p>O grau de autonomia depende dos instrumentos</p><p>específicos que a respectiva lei instituidora</p><p>estabeleça.</p><p>Trata-se de qualificação formal, nos termos da lei</p><p>nº 9.649/98, arts. 51 e 52.</p><p>Não existe a figura da desqualificação da agência</p><p>reguladora.</p><p>A qualificação se dá por meio de Decreto e pode</p><p>ocorrer a desqualificação da entidade (também</p><p>por Decreto). Vale lembrar que essa</p><p>desqualificação não afeta a natureza da entidade,</p><p>que continua a ser uma autarquia ou fundação.</p><p>Atuam na área de regulação. Não é prevista uma área específica de atuação.</p><p>A lei instituidora pode prever ou não, a</p><p>celebração do contrato de gestão com o Poder</p><p>Público.</p><p>A celebração de contrato de gestão com o Poder</p><p>Público é condição obrigatória para a obtenção</p><p>da qualificação.</p><p>É possível uma agência reguladora ser qualificada</p><p>como uma agência executiva, caso preencha os</p><p>requisitos.</p><p>Uma autarquia qualificada como agência</p><p>executiva pode ou não ser uma agência</p><p>reguladora.</p><p>No que consiste a doutrina Chenery?</p><p>A “Doutrina Chenery” foi exposta no inteiro teor do AgInt no AgInt na SLS 2.240-SP, Rel. Min.</p><p>Laurita Vaz, por unanimidade, julgado em 7/6/2017, DJe 20/6/2017 (STJ, Informativo 605).</p><p>Trata-se de tema muito importante para os concursos das carreiras da Advocacia Pública.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 42</p><p>42</p><p>405</p><p>A doutrina Chenery é uma teoria americana que determina que o Poder Judiciário está</p><p>impossibilitado de interferir em questões técnicas e complexas tomadas pela administração</p><p>pública, notadamente nas questões técnicas e complexas, em que os tribunais não têm a</p><p>expertise para concluir se os critérios adotados pela Administração são corretos.</p><p>Nesse sentido, a doutrina traz o Princípio da Insindicabilidade do Mérito Administrativo, para</p><p>designar a norma segundo a qual o mérito não pode ser alvo de controle judicial, sendo de</p><p>exclusivo controle por parte da Administração Pública, por meio do sistema de autotutela</p><p>administrativa (STF, Súmulas 343 e 473).</p><p>Pode-se citar como exemplo os atos emanados pelas Agências Reguladoras e autarquias</p><p>especiais que possuem relativa independência e atribuição para publicarem atos administrativos</p><p>normativos de caráter técnico. Nesse sentido, segundo a Doutrina Chenery, por representarem</p><p>medidas de natureza jurídico-política subsidiadas por complexas pesquisas técnicas de uma</p><p>entidade que possui expertise na matéria, não podem ser alvo de controle judicial de seu</p><p>conteúdo, mas tão somente de seus aspectos formais e legais.</p><p>Portanto, as escolhas políticas dos órgãos governamentais, desde que não sejam revestidas de</p><p>reconhecida ilegalidade, não podem ser invalidadas pelo Poder Judiciário.</p><p>4.5 - FUNDAÇÕES PÚBLICAS</p><p>• O conceito de fundações em geral, abrangendo tanto as fundações públicas quanto as fundações</p><p>privadas, pode ser definido como uma pessoa jurídica sem fins lucrativos a quem é destinado um</p><p>patrimônio para atingimento de uma finalidade social, definida pelo instituidor.</p><p> As fundações públicas, por sua vez, diferenciam-se das fundações privadas pela figura do instituidor.</p><p>As fundações públicas são instituídas pelo Estado, que separa uma dotação patrimonial e a ela</p><p>destina recursos orçamentários para o desempenho de atividade de interesse social.</p><p> pode-se dizer que a fundação é um patrimônio personalizado (a que é dado caráter de pessoa</p><p>jurídica), que presta atividade não lucrativa e com um objetivo social de interesse coletivo.</p><p>➢ A jurisprudência e a doutrina admitem a criação de fundações públicas de direito público ou de</p><p>direito privado. Assim, o Estado pode criar uma fundação de direito público, caso em que terá a</p><p>natureza de autarquia, submetendo-se ao regime jurídico de direito público. Por isso, alguns</p><p>doutrinadores as chamam de fundações autárquicas ou autarquias fundacionais.</p><p>➢ Por outro lado, o Estado pode atribuir a natureza jurídica de direito privado. Nesse caso, as</p><p>fundações públicas de direito privado seguirão um regime jurídico híbrido. Algumas regras de</p><p>direito público aplicáveis são a exigência de concurso público; o dever de licitar; o enquadramento</p><p>de seus contratos como contratos administrativo.</p><p> STF: Ao se manifestar acerca da temática, o Supremo Tribunal Federal fixou a seguinte tese:</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 43</p><p>43</p><p>405</p><p>"A qualificação de uma fundação instituída pelo Estado como sujeita ao regime público ou</p><p>privado depende:</p><p>i) do estatuto de sua criação ou autorização e</p><p>ii) das atividades por ela prestadas.</p><p>As atividades de conteúdo econômico e as passíveis de delegação, quando definidas como</p><p>objetos de dada fundação, ainda que essa seja instituída ou mantida pelo poder público, podem</p><p>se submeter ao regime jurídico de direito privado." STF. Plenário. RE 716.378/SP, Rel. Min. Dias</p><p>Toffoli, julgado em 1º e 7/8/2019 (repercussão geral) (Informativo nº 946)</p><p> STF: Fundação pública com personalidade jurídica de direito privado pode adotar o regime</p><p>celetista para contratação de seus empregados. É constitucional a legislação estadual que</p><p>determina que o regime jurídico celetista incide sobre as relações de trabalho estabelecidas no</p><p>âmbito de fundações públicas, com personalidade jurídica de direito privado, destinadas à</p><p>prestação de serviços de saúde. STF. Plenário. ADI 4247/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em</p><p>3/11/2020 (Info 997).</p><p>• Características das fundações:</p><p>FUNDAÇÃO PÚBLICA</p><p>DIREITO PÚBLICO DIREITO PRIVADO</p><p>O art. 150, § 2º, da CF estende a imunidade tributária às duas modalidades de fundação públicas (direito</p><p>público ou direito privado).</p><p>Lei 14.133/2021 (Lei de Licitações) aplica-se integralmente às fundações públicas, independentemente</p><p>de sua natureza.</p><p>São criadas da mesma forma que as autarquias, ou</p><p>seja, diretamente por meio de lei cuja iniciativa. A</p><p>extinção segue o princípio da paridade (simetria)</p><p>das formas jurídicas.</p><p>A lei apenas autoriza a criação dessas entidades,</p><p>que serão criadas posteriormente por meio da</p><p>registro dos atos constitutivos no respectivo órgão</p><p>registrador, quando, de fato, iniciará a sua</p><p>personalidade jurídica.</p><p>As prerrogativas processuais, aplicam-se somente</p><p>às fundações públicas de direito público.</p><p>Não gozam das prerrogativas da Fazenda Pública</p><p>nos processos.</p><p>O regime de precatórios para o pagamento de</p><p>dívidas, em virtude de sentença judicial, se aplica</p><p>somente às fundações públicas de direito público.</p><p>Não se sujeitam ao regime de precatórios.</p><p>Os bens das fundações de direito público são bens</p><p>públicos, protegidos pelas prerrogativas do</p><p>ordenamento jurídico (impenhorabilidade,</p><p>imprescritibilidade, restrições para alienação).</p><p>Os bens das fundações públicas de direito privado,</p><p>em regra, são bens privados. Entretanto, quando</p><p>empregados na prestação de serviços públicos,</p><p>poderão receber algumas prerrogativas, como a</p><p>impenhorabilidade, em decorrência do princípio da</p><p>continuidade dos serviços públicos.</p><p>Deve fazer concurso (art. 37, II, CF), e contrata pelo</p><p>regime jurídico estatutário</p><p>Deve fazer concurso (art. 37, II, CF), porém regime</p><p>jurídico celetista</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 44</p><p>44</p><p>405</p><p>4.6 EMPRESAS ESTATAIS</p><p>• As empresas estatais são entidades administrativas, integram a administração indireta, possuem</p><p>personalidade jurídica de direito privado, têm sua criação autorizada em lei e podem ser criadas para</p><p>explorar atividade econômica ou prestar serviços públicos.</p><p> São elas, principalmente, as empresas públicas (EP), as sociedades de economia mista (SEM), suas</p><p>subsidiárias e as demais sociedades controladas pelo Poder Público.</p><p>• O estatuto jurídico das estatais foi fixado pela Lei nº 13.303/2016, que dispõe sobre regime societário,</p><p>licitações, contratos e controle das empresas públicas, sociedades de economia mista e suas subsidiárias,</p><p>exploradoras de atividades econômicas, ainda que em regime de monopólio, e prestadoras de serviços</p><p>públicos.</p><p> Trata-se de Lei Nacional, aplicável no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos</p><p>Municípios.</p><p>4.6.1 Conceitos básicos</p><p>• Empresa pública é a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com criação</p><p>autorizada por lei e com patrimônio próprio, cujo capital social é integralmente detido pela União, pelos</p><p>Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios.</p><p> Desde que a maioria do capital votante permaneça em propriedade da União, do Estado, do Distrito</p><p>Federal ou do Município, será admitida, no capital da empresa pública, a participação de outras</p><p>pessoas jurídicas</p><p>de direito público interno, bem como de entidades da administração indireta da</p><p>União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.</p><p>• Sociedade de economia mista é a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com</p><p>criação autorizada por lei, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam</p><p>em sua maioria à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios ou a entidade da</p><p>administração indireta.</p><p>• As subsidiárias são empresas controladas pelas empresas estatais. A subsidiária tem personalidade</p><p>jurídica própria, sendo, portanto, uma pessoa jurídica diferente da pessoa controladora. A criação delas</p><p>depende também de autorização legislativa, sendo desnecessária a edição de lei específica para a</p><p>criação de cada subsidiária. A Corte Suprema firmou jurisprudência no sentido de que basta uma</p><p>autorização genérica na lei que autorizou a criação da empresa estatal matriz para que esta possa criar</p><p>subsidiárias.</p><p> STF: I – A alienação do controle acionário de empresas públicas e sociedades de economia</p><p>mista exige autorização legislativa e licitação pública.</p><p>II – A transferência do controle de subsidiárias e controladas não exige a anuência do Poder</p><p>Legislativo e poderá ser operacionalizada sem processo de licitação pública, desde que</p><p>garantida a competitividade entre os potenciais interessados e observados os princípios da</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 45</p><p>45</p><p>405</p><p>administração pública constantes do art. 37 da Constituição da República. (ADI 5624 MC-Ref,</p><p>Relator(a): RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 06-06-2019)</p><p>4.6.2 Características comuns às empresas públicas e às sociedades de economia mista</p><p>• criação e extinção autorizadas por lei. Nascem, efetivamente, após o registro de seu ato constitutivo</p><p>no órgão competente.</p><p>• personalidade jurídica de direito privado;</p><p>• sujeição ao controle/supervisão estatal;</p><p>• estão sujeitas à fiscalização do Tribunal de Contas.</p><p>• todas as empresas públicas e sociedades de economia mista possuem personalidade jurídica de</p><p>direito privado e sujeição a um regime jurídico misto/híbrido, com parte das normas de direito</p><p>público, e outras, de direito privado.</p><p> Porém, quando explorarem atividade econômica, sujeitam-se predominantemente ao regime</p><p>de direito privado. Por outro lado, quando prestam serviços públicos, subordinam-se</p><p>predominantemente a regras de direito público;</p><p>• vinculação aos fins definidos na lei instituidora;</p><p>• O regime de pessoal das EP e SEM é o de emprego público, regido pela Consolidação das Leis do</p><p>Trabalho (CLT), cujo o vínculo é formado por um contrato de trabalho (relação bilateral).</p><p> Não obstante, a contratação do pessoal dessas entidades depende de aprovação em concurso</p><p>público, nos termos do art. 37, II, CF.</p><p>• podem exercer dois tipos de atividade: a) explorar atividade econômica; b) prestar serviço público;</p><p>• se a estatal for prestadora de serviços públicos, a responsabilidade civil será regida pelo direito</p><p>público, aplicando-se a teoria do risco administrativa, ou seja, a entidade responderá objetivamente</p><p>pelos danos causados a terceiros por seus agentes públicos;</p><p>• se a estatal for exploradora de atividade econômica, a responsabilidade civil será regida pelo direito</p><p>privado. Nesse caso, em regra, a responsabilidade civil será subjetiva;</p><p>• Os bens das empresas públicas e sociedades de economia mista são bens privados, logo, não</p><p>possuem os atributos dos bens públicos, como a impenhorabilidade e imprescritibilidade.</p><p> Porém, no caso das estatais prestadoras de serviço público, os bens diretamente relacionados</p><p>à prestação do serviço gozam dos mesmos atributos dos bens públicos, em razão do princípio</p><p>da continuidade dos serviços públicos.</p><p>• (Tema 1.140/RG): As empresas públicas e as sociedades de economia mista delegatárias de serviços</p><p>públicos essenciais, que não distribuam lucros a acionistas privados nem ofereçam risco ao</p><p>equilíbrio concorrencial, são beneficiárias da imunidade tributária recíproca prevista no artigo 150,</p><p>VI, a, da Constituição Federal, independentemente de cobrança de tarifa como contraprestação do</p><p>serviço;</p><p>• (Tema 508/RG): Sociedade de economia mista, cuja participação acionária é negociada em Bolsas</p><p>de Valores, e que, inequivocamente, está voltada à remuneração do capital de seus controladores</p><p>ou acionistas, não está abrangida pela regra de imunidade tributária prevista no art. 150, VI, ‘a’, da</p><p>Constituição, unicamente em razão das atividades desempenhadas;</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 46</p><p>46</p><p>405</p><p>• (Tema 385/RG): A imunidade recíproca, prevista no art. 150, VI, a, da Constituição não se estende a</p><p>empresa privada arrendatária de imóvel público, quando seja ela exploradora de atividade</p><p>econômica com fins lucrativos. Nessa hipótese é constitucional a cobrança do IPTU pelo Município;</p><p> STF: Nos autos do RE nº 253.472/SP, a Corte firmou o entendimento de que é possível a</p><p>extensão da IMUNIDADE TRIBUTÁRIA recíproca às sociedades de economia mista prestadoras</p><p>de serviço público, desde que observados os seguintes parâmetros:</p><p>(i) a imunidade tributária recíproca, quando reconhecida, se aplica apenas à propriedade, aos</p><p>bens e aos serviços utilizados na satisfação dos objetivos institucionais imanentes do ente</p><p>federado;</p><p>(ii) as atividades de exploração econômica destinadas primordialmente a aumentar o patrimônio</p><p>do Estado ou de particulares devem ser submetidas à tributação, por se apresentarem como</p><p>manifestações de riqueza e deixarem a salvo a autonomia política; e</p><p>(iii) a desoneração não deve ter como efeito colateral relevante a quebra dos princípios da livre</p><p>concorrência e do exercício de atividade profissional ou econômica lícita.</p><p>(ACO 3640 TP-Ref, Relator(a): Dias Toffoli, Tribunal Pleno, julgado em 08-08-2023)</p><p> STF: É firme a jurisprudência desta Suprema Corte no sentido de que, para se submeterem ao</p><p>regime constitucional dos PRECATÓRIOS (CF, art. 100), as empresas públicas e sociedades de</p><p>economia mista devem preencher três requisitos cumulativos, quais sejam:</p><p>(i) prestar, exclusivamente, serviços públicos de caráter essencial,</p><p>(ii) em regime não concorrencial e</p><p>(iii) não ter a finalidade primária de distribuir lucros. Precedentes.</p><p>As empresas estatais (empresas públicas e as sociedades de economia mista), ao atuarem em</p><p>atividades econômicas em sentido estrito, a teor do art. 173, § 1º, II e § 2º, da Constituição da</p><p>República, sujeitam-se ao regime jurídico próprio das empresas privadas, não podendo gozar</p><p>de benefícios e prerrogativas da Fazenda Pública inextensíveis ao setor privado. (ADPF 896 MC,</p><p>Relator(a): Rosa Weber, Tribunal Pleno, julgado em 18-04-2023)</p><p> STF: ATENÇÃO: O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu na sessão do dia</p><p>08/02/2024 o julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 688.267, Tema 1.022 da repercussão</p><p>geral, e decidiu, por maioria de votos, que a demissão sem justa causa de empregados de</p><p>empresas públicas e sociedades de economia mista, admitidos por concurso público, deve ser</p><p>devidamente motivada. Ou seja, as razões da dispensa precisam ser indicadas claramente,</p><p>ainda que de forma simples, mas em ato formal.</p><p>Prevaleceu a divergência aberta pelo ministro Luís Roberto Barroso, presidente do STF, no</p><p>sentido de que o empregado admitido por concurso e demitido sem justa causa tem o direito</p><p>de saber o motivo pelo qual está sendo desligado, seja por insuficiência de desempenho, metas</p><p>não atingidas, necessidade de corte de orçamento ou qualquer outra razão. A motivação,</p><p>entretanto, não exige instauração de processo administrativo, não se confundindo com a</p><p>estabilidade no emprego e dispensando as exigências da demissão por justa causa.</p><p>• No que se refere ao teto</p><p>constitucional remuneratório, previsto no art. 37, XI, existem duas situações</p><p>para as EP, as SEM e suas subsidiárias (CF, art. 37, § 9º):</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 47</p><p>47</p><p>405</p><p> Quando recebem recursos do ente instituidor para pagamento de despesas de pessoal ou de</p><p>custeio em geral: aplica-se o teto constitucional aos seus agentes públicos;</p><p> Quando não recebem recursos do ente instituidor para pagamento de despesas de pessoal ou</p><p>de custeio em geral: não será aplicável o teto constitucional aos seus agentes públicos.</p><p>4.6.3 Diferenças entre empresas públicas e sociedades de economia mista</p><p>EMPRESA PÚBLICA SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA</p><p>Composição do</p><p>capital social</p><p>É integralmente formado por</p><p>participação de entidades da</p><p>Administração Pública</p><p>Pode haver participação de capital</p><p>privado, desde que a maioria das ações</p><p>com direito a voto pertença ao ente</p><p>federado ou à entidade da Administração</p><p>indireta, que possuirá, assim, o controle</p><p>acionário da empresa.</p><p>Forma societária Podem ser constituídas sob qualquer</p><p>forma societária admitida pelo</p><p>ordenamento jurídico (art. 3º, lei</p><p>13.303/2016), podendo ser uma</p><p>sociedade anônima, sociedade limitada,</p><p>dentre outras.</p><p>Somente podem ser constituídas sob a</p><p>forma de sociedade anônima (art. 4º, lei</p><p>13.303/2016). Com isto, naquilo que não</p><p>colidir com a lei 13.303/2016, submete-se</p><p>à lei 6.404/76, que estabelece o regime</p><p>jurídico das sociedades anônimas.</p><p>Foro processual Empresas públicas federais é a Justiça</p><p>Federal, a teor do art. 109, inciso I, da</p><p>CF.</p><p>As demais empresas públicas</p><p>(estaduais, distritais e municipais)</p><p>serão julgadas pela respectiva Justiça</p><p>Estadual ou pela Justiça do DF.</p><p>Ainda que a Sociedade de Economia Mista</p><p>seja federal, a regra é que a competência</p><p>seja da Justiça Estadual (Súmula 556, STF),</p><p>exceto se a União intervir na lide, caso em</p><p>que o foro é deslocado para a Justiça</p><p>Federal (Súmula 517, STF).</p><p>Súmula 517, STF: As sociedades de economia mista só têm foro na justiça federal, quando a união</p><p>intervém como assistente ou opoente.</p><p>Súmula 556, STF: É competente a justiça comum para julgar as causas em que é parte sociedade</p><p>de economia mista.</p><p>4.7 - CONSÓRCIOS PÚBLICOS</p><p>• O art. 241 da Constituição Federal dispõe que a União, Estados, Distrito Federal e Municípios disciplinarão</p><p>por meio de lei os consórcios públicos e os convênios de cooperação entre os entes federados,</p><p>autorizando a gestão associada de serviços públicos, bem como a transferência total ou parcial de</p><p>encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos.</p><p> Esse artigo foi regulamentado pela Lei n. 11.107/2005. Trata-se de uma lei nacional que traz normas</p><p>gerais sobre os consórcios públicos.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 48</p><p>48</p><p>405</p><p> É possível conceituar consórcio público como o contrato administrativo multilateral, firmado entre</p><p>entidades federativas, para persecução de objetivos comuns, resultando na criação de uma nova</p><p>pessoa jurídica, com personalidade distinta da personalidade das entidades consorciadas (art. 1º,</p><p>§ 1º, da Lei n. 11.107/2005).</p><p> Dessa forma, Consórcio público é a entidade pública sem fins lucrativos instituída por dois ou mais</p><p>entes federados para a consecução de competências públicas por eles descentralizadas por lei.</p><p>➢ Desse contrato multilateral nasce uma nova pessoa jurídica, que pode ser pública de regime</p><p>público ou pública de regime privado.</p><p>• Caso seja criado como pessoa jurídica de Direito público, será considerado associação</p><p>pública, com natureza jurídica de autarquia e integrará a Administração Pública indireta de</p><p>todos os entes federados consorciados (art. 6º, §1º, lei 11.107/05).</p><p>✓ A doutrina denomina esta espécie de consórcio como autarquia interfederativa ou</p><p>autarquia multifederada.</p><p>✓ Adquire personalidade jurídica mediante a vigência das leis dos Entes da federação que a</p><p>instituírem.</p><p>• Caso seja instituído como pessoa jurídica de direito privado, irá se aproximar do regime</p><p>misto, híbrido ao das Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista.</p><p>✓ A lei silencia acerca dos consórcios públicos de direito privado integrarem a Administração</p><p>indireta dos entes participantes. No entanto, prevalece que se insere na Administração</p><p>indireta dos entes consorciados, pois se trata de entidade instituída pelos próprios entes.</p><p>✓ Tem sua criação autorizada pelas leis dos Entes federados instituidores e sua</p><p>personalidade jurídica é adquirida mediante o atendimento dos ritos da legislação civil.</p><p> Os consórcios não podem ser formados pela União e por Município sem que o Estado onde esteja</p><p>situado o Município também esteja consorciado.</p><p> ATENÇÃO! De acordo com a lei 11.107/05, independentemente da natureza de direito público ou</p><p>privado, o consórcio público deve realizar concurso público, observará as normas de direito público</p><p>no que concerne à realização de licitação, à celebração de contratos, à prestação de contas e à</p><p>admissão de pessoal, que será regido pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).</p><p> O consórcio público será constituído por contrato cuja celebração dependerá da prévia subscrição</p><p>de protocolo de intenções.</p><p>4.7.1 Instrumentos jurídicos</p><p>• PROTOCOLO DE INTENÇÕES, que deve ser publicado na imprensa oficial: Esse protocolo deve ser</p><p>ratificado por lei ou ter sido subscrito com autorização legal de cada um dos entes participantes, o que</p><p>significa que é necessária a manifestação conjunta das vontades dos Poderes Executivo e Legislativo para</p><p>a celebração de consórcios públicos;</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 49</p><p>49</p><p>405</p><p> O contrato de consórcio público pode ser celebrado apenas por uma parcela dos entes federados</p><p>que subscreveram o protocolo de intenções. Ademais, ele pode ser ratificado com reservas pelos</p><p>entes federados, desde que aceito pelos demais subscritores, o que implicará o consorciamento</p><p>parcial ou condicional;</p><p> A ratificação do protocolo de intenções só é dispensada se o Ente da Federação, antes de subscrever</p><p>o protocolo de intenções, disciplinar por lei a sua participação no consórcio.</p><p>➢ Percebe-se que, em todos os casos, o Legislativo deve participar para a criação do consórcio.</p><p> A ratificação realizada após 2 (dois) anos da subscrição do protocolo de intenções dependerá de</p><p>homologação da assembleia geral do consórcio público.</p><p> O protocolo de intenções deve definir o número de votos que cada ente da Federação consorciado</p><p>possui na assembleia geral, sendo assegurado 1 (um) voto a cada ente consorciado.</p><p> Dentre as cláusulas necessárias do protocolo de intenções (art. 4º), destaca-se a necessidade de</p><p>indicação da forma de eleição e a duração do mandato do representante legal do consórcio público</p><p>que, obrigatoriamente, deverá ser Chefe do Poder Executivo de ente da Federação consorciado.</p><p>➢ Registre-se que o consórcio público está sujeito à fiscalização contábil, operacional e patrimonial</p><p>pelo Tribunal de Contas competente para apreciar as contas do Chefe do Poder Executivo</p><p>representante legal do consórcio, inclusive quanto à legalidade, legitimidade e economicidade</p><p>das despesas, atos, contratos e renúncia de receitas, sem prejuízo do controle externo a ser</p><p>exercido em razão de cada um dos contratos de rateio.</p><p>• CONTRATO DE RATEIO: é o instrumento pelo qual os entes federados entregam recursos ao consórcio</p><p>público. Esses recursos, entretanto, não podem ser aplicados em despesas genéricas.</p><p> O ente federado deve prever os valores a serem entregues ao consórcio em sua lei orçamentária</p><p>ou em créditos adicionais.</p><p> Em regra, o contrato de rateio será formalizado</p><p>em cada exercício financeiro, e seu prazo de vigência</p><p>não será superior ao das dotações que o suportam, com exceção dos contratos que tenham por</p><p>objeto exclusivamente projetos consistentes em programas e ações contemplados em plano</p><p>plurianual.</p><p>• CONTRATO DE PROGRAMA: O objetivo do contrato de programa é constituir e regulamentar as</p><p>obrigações que um ente da Federação constitui para com outro ente da Federação ou para com o</p><p>consórcio público no âmbito de gestão associada de serviços públicos com transferência da prestação</p><p>do serviço público, sua instrumentalização deve ser feita por meio de contrato de programa.</p><p> Esse contrato será necessário para que o ente federado ou o comsórcio assuma obrigações ou</p><p>transfira, total ou parcialmente, encargos, serviços, pessoal ou bens relacionados aos serviços</p><p>transferidos.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 50</p><p>50</p><p>405</p><p> O contrato de programa continuará vigente mesmo quando extinto o consórcio público ou o</p><p>convênio de cooperação que autorizou a gestão associada de serviços públicos.</p><p>4.7.2 - Alteração ou extinção de contrato de consórcio público</p><p>• Novidade legislativa (Lei 14.662/2023). Antes da alteração legislativa, tanto a alteração quanto a</p><p>extinção de contrato de consórcio público dependiam de instrumento aprovado pela assembleia geral,</p><p>ratificado mediante lei de todos os entes consorciados.</p><p>• A Lei 14.662, de agosto de 2023, alterou a Lei dos Consórcios Públicos (Lei 11.107/05) para permitir aos</p><p>consórcios públicos alterarem seus contratos com a concordância da maioria dos entes</p><p>participantes. Para extinção, a autorização continua dependendo da concordância de todos.</p><p>• Vejamos as alterações em forma de tabela:</p><p>ALTERAÇÃO DE CONTRATO DE CONSÓRCIO</p><p>PÚBLICO</p><p>EXTINÇÃO DE CONTRATO DE CONSÓRCIO</p><p>PÚBLICO</p><p>Art. 12-A. A alteração de contrato de consórcio</p><p>público dependerá de instrumento aprovado pela</p><p>assembleia geral, ratificado mediante lei pela</p><p>maioria dos entes consorciados. (Incluído pela</p><p>Lei nº 14.662, de 2023)</p><p>Art. 12. A extinção de contrato de consórcio</p><p>público dependerá de instrumento aprovado pela</p><p>assembleia geral, ratificado mediante lei por</p><p>todos os entes consorciados. (Redação dada</p><p>pela Lei nº 14.662, de 2023)</p><p>Depende de instrumento aprovado pela</p><p>assembleia geral</p><p>Depende de instrumento aprovado pela</p><p>assembleia geral.</p><p>Ratificado mediante lei pela maioria dos entes</p><p>consorciados</p><p>Ratificado mediante lei por todos os entes</p><p>consorciados.</p><p>4.8 - ENTIDADES PARAESTATAIS E TERCEIRO SETOR</p><p>• A classificação da organização administrativa em setores busca suprir uma deficiência nas classificações</p><p>tradicionais, que não explicam o fenômeno das parcerias do Poder Público com entidades privadas sem</p><p>fins lucrativos para execução de atividades de interesse social. Segundo a doutrina</p><p> Primeiro setor: Estado (Administração Pública direta e indireta);</p><p> Segundo setor: mercado (concessionárias e permissionárias de serviços públicos);</p><p> Terceiro setor: formado por entidades privadas sem fins lucrativos que atuam objetivando a</p><p>consecução de interesse público (Serviços sociais autônomos – sistema S, organizações sociais – OS,</p><p>organizações da sociedade civil de interesse público – OSCIPs, organizações da sociedade civil – OSC</p><p>etc.);</p><p>➢ São também chamados de entes de cooperação, entes paraestatais ou organizações não</p><p>governamentais.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 51</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2023-2026/2023/Lei/L14662.htm#art1</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2023-2026/2023/Lei/L14662.htm#art1</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2023-2026/2023/Lei/L14662.htm#art1</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2023-2026/2023/Lei/L14662.htm#art1</p><p>51</p><p>405</p><p> Quarto setor: representa a economia informal, as organizações privadas que atuam em atividades</p><p>ilícitas, as organizações criminosas e a pirataria;</p><p>• Nesse contexto, as chamadas entidades paraestatais são pessoas jurídicas de direito privado, sem fins</p><p>lucrativos, instituídas por particulares – portanto, não integrantes da Administração Pública –, que</p><p>atuam em colaboração ou apoio ao Estado na prestação de atividades de utilidade pública. Essas</p><p>entidades recebem - ou buscam receber - incentivos do Estado, na forma de fomento, como, por</p><p>exemplo, recursos do orçamento ou a permissão para utilizar bens públicos. Por conseguinte, sujeitam-</p><p>se ao controle direto ou indireta da Administração Pública e estão sujeitas ao controle do Tribunal de</p><p>Contas.</p><p>4.8.1 - Espécies</p><p>4.8.1.1 - Serviços sociais autônomos – sistema S (SESI, SESC, SEBRAE, SENAC, SEST, SENAI, SENAR, SENAT)</p><p>• São pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, criadas por confederações privadas</p><p>(representativas de categorias econômicas ou profissionais), após autorização prevista em lei, que</p><p>recebem recursos oriundos de contribuição social de natureza tributária – contribuições parafiscais (art.</p><p>240, CF) e/ou dotações orçamentárias do poder público. Além dos recursos de origem pública, também</p><p>podem receber recursos pela prestação dos serviços oferecidos e por meio de doações de origem</p><p>privada.</p><p>• Vejamos suas principais características:</p><p>SERVIÇOS SOCIAIS AUTÔNOMOS (SISTEMA S)</p><p>Criação ▪ autorizada em lei, mas efetivada por atos complementares de particulares</p><p>Área de atuação ▪ assistência ou ensino a certas categorias sociais ou grupos profissionais;</p><p>Recursos</p><p>▪ contribuições parafiscais, recolhidas compulsoriamente, e dotações</p><p>orçamentárias do Poder Público;</p><p>Regime de pessoal</p><p>▪ são empregados privados, sujeitos às normas da CLT.</p><p>▪ seleção não depende de concurso público;</p><p>▪ são equiparados a “funcionário público” para fins penais e para fins de</p><p>improbidade administrativa;</p><p>Contratações</p><p>▪ não dependem de licitação;</p><p>▪ seguem um regulamento próprio de contratações;</p><p>Controle ▪ devem prestar contas ao TCU;</p><p>Foto competente</p><p>▪ Em regra, a competência é da Justiça Comum Estadual.</p><p>Nesse sentido, Súmula 516-STF: O Serviço Social da Indústria (SESI) está sujeito a</p><p>jurisdição da justiça estadual.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 52</p><p>52</p><p>405</p><p>"Novo modelo"</p><p>▪ Criadas pelo Poder Executivo, após autorização legal;</p><p>▪ Entidades privadas, sem fins lucrativos, que não integram a Administração;</p><p>▪ Recebem recursos do orçamento; presidente nomeado pelo Presidente da</p><p>República; firmam contrato de gestão e sofrem supervisão ministerial.</p><p>Prerrogativas</p><p>processuais</p><p>inerentes à Fazenda</p><p>Pública</p><p>NÃO gozam de privilégios administrativos, processuais ou fiscais, salvo lei</p><p>especial, porém possuem privilégio tributário:</p><p>Art. 150, VI, c, da CF: É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos</p><p>Municípios: (...) VI - instituir impostos sobre: c) patrimônio, renda ou serviços dos</p><p>partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos</p><p>trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins</p><p>lucrativos, atendidos os requisitos da lei;</p><p> STF: Serviços sociais autônomos não precisam realizar concurso público. Tanto a Constituição</p><p>Federal de 1988, como a correspondente legislação de regência (...) asseguram autonomia</p><p>administrativa a essas entidades, sujeitas, formalmente, apenas ao controle finalístico, pelo</p><p>Tribunal de Contas, da aplicação dos recursos recebidos. Presentes essas características, não</p><p>estão submetidas à exigência de concurso público para a contratação de pessoal, nos moldes</p><p>do art. 37, II, da Constituição Federal. (STF. Plenário. RE 789874/DF, Rel. Min. Teori Zavascki,</p><p>julgado em 17/9/2014 (repercussão geral) (Info 759)</p><p> STF: Segundo entende o STF, os serviços sociais autônomos</p><p>OAB</p><p>cj.estrategia.com | 3</p><p>3</p><p>405</p><p>4.7.1 Instrumentos jurídicos .......................................................................................................................................48</p><p>4.7.2 - Alteração ou extinção de contrato de consórcio público ...............................................................................50</p><p>4.8 - Entidades paraestatais e terceiro setor ............................................................................................... 50</p><p>4.8.1 - Espécies...................................................................................................................................................................51</p><p>5 - Poderes Administrativos ............................................................................................................................. 59</p><p>5.1 - Abuso de poder .................................................................................................................................... 59</p><p>5.2 - Poder vinculado e poder discricionário ................................................................................................ 60</p><p>5.3 - Poder hierárquico ................................................................................................................................. 61</p><p>5.4 - Poder disciplinar ................................................................................................................................... 62</p><p>5.5 - Poder normativo ou regulamentar ...................................................................................................... 63</p><p>5.5.1 - Reserva da Administração ......................................................................................................................................66</p><p>5.6 - Poder de polícia .................................................................................................................................... 66</p><p>5.6.1 - Condicionantes de validade ...................................................................................................................................68</p><p>5.6.2 – Atributos/características do poder de polícia .......................................................................................................68</p><p>5.6.3 – Ciclo ou fases do poder de polícia .........................................................................................................................69</p><p>5.6.4 – Prescrição ...............................................................................................................................................................71</p><p>6 - Atos administrativos ................................................................................................................................... 71</p><p>6.1 - Elementos ou requisitos do ato administrativo ................................................................................... 72</p><p>6.1.1 – Competência ..........................................................................................................................................................73</p><p>6.1.2 – Forma .....................................................................................................................................................................74</p><p>6.1.3 – Finalidade ...............................................................................................................................................................75</p><p>6.1.4 – Motivo ....................................................................................................................................................................76</p><p>6.1.5 – Objeto ....................................................................................................................................................................79</p><p>6.1.6 - Vinculação x Discricionariedade .............................................................................................................................80</p><p>6.2 – Atributos ou características do ato administrativo ............................................................................. 80</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 4</p><p>4</p><p>405</p><p>6.3 – Classificação dos atos administrativos ................................................................................................ 83</p><p>6.4 - Espécies de atos administrativos ......................................................................................................... 88</p><p>6.5 - Extinção dos atos administrativos ....................................................................................................... 92</p><p>6.6 - Modalidades de saneamento do ato administrativo ........................................................................... 95</p><p>7 - Serviços públicos e sua concessão (Lei 8.987/95). Parceria público-privada (Lei nº 11.079/2004). .......... 97</p><p>7.1 - Características ou elementos constitutivos dos serviços públicos ....................................................... 98</p><p>7.2 - Princípios .............................................................................................................................................. 99</p><p>7.1.1 - Dever de prestação do Estado ...............................................................................................................................99</p><p>7.1.2 - Princípio da Universalidade ou Generalidade ........................................................................................................99</p><p>7.1.3 Princípio da Modicidade (ou modicidade das tarifas) .......................................................................................... 100</p><p>7.1.4 Princípio da Atualidade.......................................................................................................................................... 100</p><p>7.1.5 Princípio da Cortesia .............................................................................................................................................. 100</p><p>7.1.6 Princípio de transparência ..................................................................................................................................... 100</p><p>7.1.7 Princípio da Continuidade dos serviços públicos .................................................................................................. 100</p><p>7.3 - Classificação do serviço público ......................................................................................................... 101</p><p>7.4 - Formas de prestação do serviço Público ............................................................................................ 103</p><p>7.5 – Distribuição de Competências ........................................................................................................... 105</p><p>7.6 - Concessão Comum e Permissão de Serviço Público ........................................................................... 106</p><p>7.6.1 - Conceitos iniciais ................................................................................................................................................. 106</p><p>7.6.2 - Responsabilidade das Concessionárias ............................................................................................................... 107</p><p>7.6.3 - Licitação Prévia .................................................................................................................................................... 108</p><p>7.6.4 - Subcontratação .................................................................................................................................................... 109</p><p>7.6.5 - Subconcessão ...................................................................................................................................................... 109</p><p>7.6.6 - Transferência da Concessão ou do controle societário (art. 27 e 27-A) ............................................................</p><p>do denominado sistema “S”,</p><p>embora compreendidos na expressão de entidade paraestatal, são pessoas jurídicas de direito</p><p>privado, definidos como entes de colaboração, mas não integrantes da Administração Pública.</p><p>Assim, quando o produto das contribuições ingressa nos cofres dos Serviços Sociais Autônomos</p><p>perde o caráter de recurso público (STF. Plenário. ACO 1953 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski,</p><p>julgado em 18/12/2013).</p><p>4.8.1.2 - Organizações Sociais – Lei 9.637/98</p><p>• Organização social é a qualificação jurídica dada a pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos,</p><p>instituída por iniciativa de particulares, e que recebe delegação do Poder Público, mediante contrato</p><p>de gestão, para desempenhar serviço público de natureza social.</p><p> Nenhuma entidade nasce com o nome de organização social; a entidade é criada como associação</p><p>ou fundação e, habilitando-se perante o Poder Público, recebe a qualificação; trata-se de título</p><p>jurídico outorgado e cancelado pelo Poder Público.</p><p> O Poder Executivo poderá qualificar como organizações sociais pessoas jurídicas de direito privado,</p><p>sem fins lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao</p><p>desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 53</p><p>53</p><p>405</p><p> A entidade que amplia a sua autonomia por meio da celebração desse contrato de gestão não precisa</p><p>existir anteriormente, nem ter experiência no ramo.</p><p> A entidade privada sem fins lucrativos tentará obter a qualificação de organização social com o</p><p>objetivo de receber alguma forma de fomento do Poder Público, por intermédio de recursos</p><p>orçamentários, permissão de uso de bens públicos ou cessão de servidores, para prestar o serviço</p><p>de interesse para a coletividade.</p><p>➢ As OS foram idealizadas para substituir a Administração Pública, mediante “absorção” das</p><p>atividades exercidas por órgãos ou entidades administrativas que o poder público pretendia</p><p>extinguir</p><p> Ressalte-se que a Lei 9.637/1998 aplica-se exclusivamente ao nível federal. Assim, os estados e</p><p>municípios devem dispor de legislação própria para disciplinar a qualificação de entidades como</p><p>organizações sociais. No entanto, as regras federais e os entendimentos jurisprudenciais que vêm</p><p>sendo firmados sobre o assunto estão cada vez mais sendo incorporados pelas novas leis estaduais e</p><p>municipais que tratam da matéria.</p><p> STF: No julgamento da ADI 1.923/DF, o STF deu interpretação conforme à constituição aos</p><p>dispositivos da lei 9.637/98. De acordo com a Corte:</p><p>a. Os serviços listados na lei são serviços públicos sociais, deveres do Estado e da Sociedade e</p><p>livres à iniciativa privada, que permitem a atuação, por direito próprio, dos particulares, sem que,</p><p>para tanto, seja necessária a delegação pelo poder público, pois não incide o art. 175, CRFB;</p><p>b. Atividade de Fomento: o marco legal das organizações sociais inclina-se para a atividade de</p><p>fomento público no domínio dos serviços sociais, entendida tal atividade como a disciplina não</p><p>coercitiva da conduta dos particulares, cujo desempenho em atividades de interesse público é</p><p>estimulado por sanções premiais, em observância aos princípios da consensualidade e da</p><p>participação na Administração Pública;</p><p>c. A atribuição de título jurídico de legitimação da entidade através da qualificação (como</p><p>organização social) configura hipótese de credenciamento, no qual não incide a licitação pela</p><p>própria natureza jurídica do ato, que não é contrato, e pela inexistência de qualquer</p><p>competição, já que todos os interessados podem alcançar o mesmo objetivo, de modo</p><p>includente, e não excludente;</p><p>d. O procedimento de qualificação das organizações sociais, embora seja ato discricionário, deve</p><p>ser conduzido de forma pública, objetiva e imparcial, atendendo aos princípios da</p><p>Administração Pública, de forma que o indeferimento do requerimento de qualificação ocorra</p><p>de forma pública, transparente e motivada em critérios objetivos definidos em regulamento</p><p>prévio;</p><p>e. A celebração de contrato de gestão com uma organização social, em regra, exclui a</p><p>possibilidade de celebração do mesmo contrato com outras organizações, em virtude da</p><p>escassez de bens, recursos e servidores públicos. Por este motivo, o Poder Público deve</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 54</p><p>54</p><p>405</p><p>conduzir a celebração do contrato de gestão por um procedimento público impessoal e</p><p>pautado por critérios objetivos, por força da incidência direta dos princípios constitucionais da</p><p>impessoalidade, da publicidade e da eficiência na Administração Pública (CF, art. 37, caput);</p><p>f. As organizações sociais não se submetem ao dever de licitar para aquisição de bens e</p><p>contratação de obras e serviços, tendo em vista que são entidades privadas. Entretanto, por</p><p>receberem recursos, bens e cessão de servidores públicos, há incidência do núcleo essencial</p><p>dos princípios da Administração Pública (CF, art. 37, caput), dentre os quais se destaca o</p><p>princípio da impessoalidade, de modo que suas contratações devem observar o disposto em</p><p>regulamento próprio (Lei nº 9.637/98, art. 4º, VIII), fixando procedimento público, objetivo e</p><p>impessoal para o dispêndio de recursos públicos;</p><p>g. As organizações também não se submetem ao dever de realização de concurso público para</p><p>contratação de empregados. Entretanto, também devem realizar um procedimento público,</p><p>objetivo e impessoal, previsto em regulamento próprio. Os empregados contratados se</p><p>submetem ao regime jurídico da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT e sua remuneração</p><p>não tem por base a lei, mas o contrato de trabalho firmado;</p><p>h. Não há violação aos direitos dos servidores públicos cedidos, porquanto é preservado o</p><p>paradigma com o cargo de origem e sendo desnecessária a previsão em lei para que verbas</p><p>privadas sejam pagas pelas organizações sociais, sob pena de afronta à lógica da eficiência e</p><p>flexibilidade que permeia o modelo do terceiro setor;</p><p>i. Não há afastamento do controle pelo Tribunal de Contas, que deve fiscalizar toda e qualquer</p><p>entidade que administre recursos públicos, na forma da Constituição Federal (arts. 70, 71 e 74),</p><p>nem é afastado o controle realizado pelo Ministério Público (art. 127, CRFB).</p><p>4.8.1.3 - Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) – Lei 9.790/1999</p><p>• Trata-se de qualificação jurídica específica dada a pessoas jurídicas de direito privado, sem fins</p><p>lucrativos, constituídas e em funcionamento regular há, no mínimo, 3 (três) anos, que atuem em uma</p><p>das atividades sociais previstas no art. 3º da lei 9.790/99, não exclusivas de Estado, e que pretendam</p><p>celebrar parceria com o Poder Público para receber fomento e se submeterem a fiscalização por meio de</p><p>termo de parceria.</p><p> Da mesma forma como ocorre com a Lei das Organizações Sociais, a Lei 9.790/1999 (Lei das Oscip)</p><p>disciplina o assunto apenas para o nível federal.</p><p> Para receber a qualificação, as Oscip deverão atuar em áreas específicas, cujo rol é muito mais</p><p>amplo do que o da lei das organizações sociais, listadas no art. 3º, Lei 9.790/1999, entre as quais a</p><p>de promoção da assistência social; promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio</p><p>histórico e artístico; promoção gratuita da saúde, observando-se a forma complementar de</p><p>participação das organizações de que trata esta Lei; entre outras.</p><p> O vínculo entre as OSCIPs e o Poder Público é obtido por meio da celebração de termo de parceria,</p><p>destinado à formação de vínculo de cooperação entre as partes, para o fomento e a execução das</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 55</p><p>55</p><p>405</p><p>atividades de interesse público.</p><p>Esse termo discriminará direitos, responsabilidades e obrigações das</p><p>partes signatárias.</p><p>➢ O termo de parceria é ato vinculado do poder público. Por essa razão, caso a entidade cumpra</p><p>os requisitos da legais para a qualificação como OSCIP, a Administração não pode negar o vínculo.</p><p>➢ Quando houver mais de um interessado na celebração do termo de parceria, a Administração</p><p>Pública deverá realizar um procedimento simplificado para a escolha da entidade, o chamado</p><p>concurso de projetos regulamentado pelo Decreto 3.100/99.</p><p> A Lei nº 9.790/99 - lei que regulamenta essas entidades - veda, expressamente, a celebração de</p><p>termo de parceria com algumas entidades privadas, ainda que estas não tenham finalidade</p><p>lucrativa, tais como as sociedades comerciais, as instituições religiosas e partidárias, as empresas que</p><p>comercializam planos de saúde, as instituições e hospitais privados e não gratuitos, entre outros.</p><p> É vedada, ainda, a qualificação de uma mesma entidade como OS e OSCIP simultaneamente.</p><p>Entretanto, essa vedação se aplica apenas em âmbito federal, conforme interpretação dada pelo</p><p>enunciado nº 9 da I jornada de Direito Administrativo do CJF.</p><p>4.8.1.4 - Diferenças e semelhanças entre Organizações Sociais (OS) e Organização da Sociedade Civil de</p><p>Interesse Público (OSCIP)</p><p>• Muito embora se trate de entidades privadas sem fins lucrativos, integrantes do terceiro setor, que</p><p>formulam parceria com o poder público para prestação de atividade de interesse público, existem</p><p>diferenças relevantes entre a OS e a OSCIP que costumam cair em provas. Vejamos de forma</p><p>esquematizada as suas semelhanças e diferenças relevantes:</p><p>OS OSCIP</p><p>Natureza</p><p>jurídica</p><p>Pessoa jurídica de direito privado, sem finalidade lucrativa, não integrante da</p><p>administração pública.</p><p>Área de atuação</p><p>Ensino, pesquisa científica,</p><p>desenvolvimento tecnológico, proteção e</p><p>preservação do meio ambiente, cultura e</p><p>saúde.</p><p>É mais ampla do que a das organizações</p><p>sociais, porque abrange, além de todo o</p><p>campo de atuação destas últimas,</p><p>diversas outras áreas previstas no art.</p><p>3.º da Lei 9.790/1999.</p><p>Vínculo jurídico Contrato de gestão (art. 5º); Termo de parceria (art. 9º);</p><p>Natureza do ato</p><p>de qualificação</p><p>Ato discricionário (art. 1º); Ato vinculado (art. 1º, §2º);</p><p>Tempo de</p><p>constituição</p><p>Não exige tempo mínimo de constituição</p><p>Exige 3 anos de constituição e</p><p>funcionamento (art. 1º);</p><p>Autoridade</p><p>competente</p><p>Ministro ou titular de órgão supervisor ou</p><p>regulador da área específica (art. 2º, II) e</p><p>do Ministro do Planejamento, Orçamento</p><p>Ministro da Justiça</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 56</p><p>56</p><p>405</p><p>para</p><p>qualificação</p><p>e Gestão.</p><p>Impossibilidade</p><p>de dupla</p><p>qualificação –</p><p>OS e OSCIP</p><p>Uma entidade não pode ser qualificada concomitantemente como OS e OSCIP.</p><p>Estrutura</p><p>interna</p><p>Exigência legal:</p><p>– Conselho de administração com</p><p>participação obrigatória de</p><p>representantes do Poder Público e</p><p>membros da comunidade, de notória</p><p>capacidade profissional e idoneidade</p><p>moral;</p><p>– Diretoria.</p><p>▪ não se exige Conselho Fiscal.</p><p>Exigência legal:</p><p>– Conselho Fiscal.</p><p>▪ não se exige Conselho de</p><p>administração ou participação de</p><p>representantes do Poder Público em</p><p>qualquer órgão da entidade.</p><p>Cessão de</p><p>servidor</p><p>Existe previsão de cessão especial de</p><p>servidor público para as organizações</p><p>sociais</p><p>Não existe previsão de cessão para as</p><p>organizações da sociedade civil de</p><p>interesse público.</p><p>Desqualificação</p><p>Perde-se a qualificação de OS a pedido ou</p><p>se descumprido o contrato de gestão,</p><p>mediante processo administrativo, em</p><p>que seja assegurado o direito ao</p><p>contraditório e à ampla defesa.</p><p>A desqualificação importará reversão dos</p><p>bens permitidos e dos valores entregues,</p><p>sem prejuízo de outras sanções cabíveis</p><p>(art. 16, § 2º).</p><p>Perde-se a qualificação de OSCIP, a</p><p>pedido ou mediante decisão proferida</p><p>em processo administrativo ou judicial,</p><p>de iniciativa popular ou do Ministério</p><p>Público, em que sejam assegurados o</p><p>contraditório e a ampla defesa.</p><p>4.8.1.5 - Organizações da Sociedade Civil - OSC – Lei 13.019/14</p><p>• A Lei 13.019/2014 instituiu marco regulatório das parcerias entre a Administração Pública e as</p><p>organizações da sociedade civil (OSCs). Trata-se de um regime de mútua cooperação, destinado à</p><p>consecução de finalidades de interesse público e recíproco, por meio da execução de atividades ou de</p><p>projetos previamente estabelecidos em planos de trabalho inseridos em termos de colaboração, em</p><p>termos de fomento ou em acordos de cooperação.</p><p> Trata-se de norma geral de aplicação nacional, vinculando a União, Estados, Distrito Federal e</p><p>Municípios e respectivas autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista</p><p>prestadoras de serviço público, e suas subsidiárias que recebam recursos do ente instituidor para</p><p>pagamento de despesas com pessoal e custeio em geral (art. 2º, II).</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 57</p><p>57</p><p>405</p><p> A Lei 13.019/2014 não se aplica aos contratos de gestão e aos termos de parcerias firmados,</p><p>respectivamente, com as OS e Oscip.</p><p>Mas o que vem a ser organização da sociedade civil?</p><p>• Tal definição encontra-se no art. 2º, I, da Lei 13.019/2014, que estabelece três grupos de organizações</p><p>que se enquadram no conceito de organização da sociedade civil:</p><p> entidade privada sem fins lucrativos que não distribua entre os seus sócios ou associados,</p><p>conselheiros, diretores, empregados, doadores ou terceiros eventuais resultados, sobras, excedentes</p><p>operacionais, brutos ou líquidos, dividendos, isenções de qualquer natureza, participações ou</p><p>parcelas do seu patrimônio, auferidos mediante o exercício de suas atividades, e que os aplique</p><p>integralmente na consecução do respectivo objeto social, de forma imediata ou por meio da</p><p>constituição de fundo patrimonial ou fundo de reserva;</p><p> as sociedades cooperativas previstas na Lei nº 9.867, de 10 de novembro de 1999; as integradas por</p><p>pessoas em situação de risco ou vulnerabilidade pessoal ou social; as alcançadas por programas e</p><p>ações de combate à pobreza e de geração de trabalho e renda; as voltadas para fomento, educação</p><p>e capacitação de trabalhadores rurais ou capacitação de agentes de assistência técnica e extensão</p><p>rural; e as capacitadas para execução de atividades ou de projetos de interesse público e de cunho</p><p>social.</p><p> as organizações religiosas que se dediquem a atividades ou a projetos de interesse público e de</p><p>cunho social distintas das destinadas a fins exclusivamente religiosos;</p><p>• Trata-se de uma qualificação jurídica conferida ex lege, ou seja, é a própria lei quem classifica as</p><p>referidas entidades como OSCs, independentemente de qualquer ato formal do poder público. Difere,</p><p>neste sentido, das OS e das OSCIPs, que necessitam de um ato formal do poder público qualificando-as</p><p>com o respectivo título jurídico.</p><p>• A formação do vínculo entre a administração pública e a organização da sociedade civil, com a</p><p>finalidade de executar um projeto ou atividade, pode ocorrer por meio de três tipos de instrumentos</p><p>jurídicos, cada um aplicável a determinadas situações, vejamos:</p><p> termo de colaboração: instrumento por meio do qual são formalizadas as parcerias estabelecidas</p><p>pela administração pública com organizações da sociedade civil para a consecução de finalidades de</p><p>interesse público e recíproco propostas pela administração pública1 que envolvam a transferência</p><p>de recursos financeiros;</p><p> termo de fomento: instrumento por meio do qual são formalizadas as parcerias estabelecidas pela</p><p>administração pública com organizações da sociedade civil para a consecução de finalidades de</p><p>interesse público e recíproco propostas pelas organizações da sociedade civil, que envolvam a</p><p>transferência de recursos financeiros;</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 58</p><p>58</p><p>405</p><p> acordo de cooperação: instrumento por meio do qual são formalizadas as parcerias estabelecidas</p><p>pela administração pública com organizações da sociedade civil para a consecução de finalidades de</p><p>interesse público e recíproco que não envolvam a transferência de recursos financeiros.</p><p>➢ Veja que os “termos” envolvem transferência de recursos financeiros, sendo que o termo de</p><p>colaboração decorre de iniciativa da administração (Adm pede a colaboração da OSC), enquanto</p><p>o termo de fomento decorre de iniciativa da organização da sociedade civil (OSC quer fomento</p><p>para exercer suas atividades). Já no acordo de cooperação a iniciativa é irrelevante, podendo</p><p>ser da administração ou da organização, mas o que caracteriza esse instrumento é a ausência de</p><p>transferência de recursos financeiros.</p><p>Art. 33. Para celebrar as parcerias previstas nesta Lei, as organizações da sociedade civil deverão</p><p>ser regidas por normas de organização interna que prevejam, expressamente:</p><p>V - possuir:</p><p>a) no mínimo, um, dois ou três anos de existência, com cadastro ativo, comprovados por meio</p><p>de documentação emitida pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, com base no Cadastro</p><p>Nacional da Pessoa Jurídica - CNPJ, conforme, respectivamente, a parceria seja celebrada no</p><p>âmbito dos Municípios (um não), do Distrito Federal ou dos Estados (dois nãos) e da União (três</p><p>nãos), admitida a redução desses prazos por ato específico de cada ente na hipótese de</p><p>nenhuma organização atingi-los.</p><p>• Procedimento de manifestação de interesse social (PMIS) é o instrumento por meio do qual as</p><p>organizações da sociedade civil, movimentos sociais e cidadãos poderão apresentar propostas ao poder</p><p>público para que este avalie a possibilidade de realização de um chamamento público objetivando a</p><p>celebração de parceria.</p><p> Porém, a instauração do procedimento de manifestação de interesse social e a realização de</p><p>chamamento público são atos discricionários da Administração (arts. 20 e 21).</p><p>• Tendo em vista que diversas organizações da sociedade civil podem ter interesse e condições de</p><p>desenvolver as atividades e projetos que serão objeto de parceria, a administração deverá promover,</p><p>em regra, um processo de seleção, denominado chamamento público.</p><p> Trata-se de procedimento seletivo simplificado destinado a selecionar organização da sociedade</p><p>civil para firmar parceria por meio de termo de colaboração ou de fomento, no qual se garanta a</p><p>observância dos princípios da isonomia, da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da</p><p>igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório,</p><p>do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.</p><p> Edital de chamamento deve ser divulgado em sítio oficial da administração com antecedência mínima</p><p>de 30 dias.</p><p>➢ Em regra, chamamento público só é exigido para celebração de termo de colaboração e termo</p><p>de fomento. Não há necessidade de realização de chamamento público para celebração de</p><p>acordo de cooperação, tendo em vista que não envolve recursos financeiros. Todavia, será</p><p>necessário o chamamento público se o acordo de cooperação envolver a celebração de</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 59</p><p>59</p><p>405</p><p>comodato, doação de bens ou outra forma de compartilhamento de recurso patrimonial (Art.</p><p>29).</p><p>➢ Ainda, o art. 29 da Lei das Parcerias dispõe que os termos de colaboração ou de fomento que</p><p>envolvam recursos decorrentes de emendas parlamentares às leis orçamentárias anuais serão</p><p>celebrados sem chamamento público.</p><p>➢ O art. 30, por outro lado, prevê as hipóteses de chamamento público dispensável, tais como</p><p>urgência decorrente de paralização ou iminência de paralisação de atividades de interesse</p><p>público, guerra, calamidades. Trata-se de hipóteses taxativas e a dispensa ou não é ato</p><p>discricionário.</p><p>➢ Já o art. 31 prevê as hipóteses de inexigibilidade de chamamento público, ou seja, hipóteses em</p><p>que não há possibilidade de competição em virtude da natureza singular da parceria ou se as</p><p>metas só puderem ser alcançadas por uma entidade específica. Rol é exemplificativo.</p><p>5 - PODERES ADMINISTRATIVOS</p><p>• O regime jurídico administrativo é formado por um conjunto de prerrogativas e sujeições próprias que</p><p>colocam a Administração Pública em posição de superioridade na relação com os administrados, ao</p><p>mesmo tempo em que limitam a sua esfera de liberdade para defender os direitos individuais e preservar</p><p>o patrimônio público.</p><p> Dentre as prerrogativas, encontram-se os poderes administrativos, que funcionam como</p><p>instrumentos ou mecanismos por meio dos quais o Poder Público deve perseguir o interesse da</p><p>coletividade.</p><p> Conforme a doutrina, a melhor compreensão do “Poder Administrativo” deve ser no sentido de um</p><p>“poder-dever” e não simplesmente de um poder, tendo em vista que a atuação do Poder público</p><p>quando uma determinada situação está configurada é uma obrigação, e não propriamente uma</p><p>faculdade.</p><p>➢ Assim, se o administrador se omitir diante de uma situação que necessite de atuação, estará ele</p><p>cometendo uma ilegalidade. A ação ou a omissão ilegal do agente público pode refletir na sua</p><p>responsabilização nas esferas penal, civil e administrativa.</p><p>5.1 - ABUSO DE PODER</p><p>• O exercício o exercício ilegítimo das prerrogativas previstas no ordenamento jurídico à Administração</p><p>Pública se caracteriza, de forma genérica, como abuso de poder, que é uma espécie de ilegalidade.</p><p> O abuso de poder é gênero que se desdobra em duas espécies:</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 60</p><p>60</p><p>405</p><p>➢ a) excesso de poder: Ocorre quando o agente atua fora dos limites das suas competências, ou</p><p>seja, exorbita ou extrapola a competência que lhe foi atribuída. Configura, portanto, um vício de</p><p>competência.</p><p>➢ b) desvio de poder (desvio de finalidade): quando o agente atua dentro de sua esfera de</p><p>competência, porém de forma contrária à finalidade explícita ou implícita na lei que determinou</p><p>ou autorizou o ato. Pode ocorrer em duas acepções:</p><p>• (i) de forma ampla: quando ofende genericamente o interesse público, ou seja, pratica o ato</p><p>visando interesses individuais; ou</p><p>• (ii) de forma específica: quando desatende o objetivo imediato previsto em lei.</p><p>➢ Há parte da doutrina que insere a OMISSÃO como espécie de abuso de poder, situação na qual</p><p>o agente público, possuindo um dever legal de atuar em determinado sentido, deixa de praticar</p><p>o ato a que estava obrigado.</p><p> Seja em decorrência de excesso ou desvio de finalidade, o abuso de poder enseja a nulidade do ato</p><p>administrativo a ser discutida na esfera administrativa, por meio de impugnação administrativa do</p><p>ato ou mediante provocação do Judiciário, em virtude do poder que lhe é conferido de controlar a</p><p>legalidade da atuação administrativa, sem prejuízo da sujeição da autoridade competente à</p><p>responsabilização civil, penal e administrativa.</p><p> O abuso de poder pode se manifestar por meio de condutas comissivas (fazer/ação) e também por</p><p>condutas omissivas (não fazer).</p><p>5.2 - PODER VINCULADO E PODER DISCRICIONÁRIO</p><p>• Trata-se de uma classificação da doutrina tradicional que é feita de acordo com o grau de liberdade</p><p>conferida ao administrador. A doutrina moderna, por sua vez, diz que vinculado e discricionário não é o</p><p>poder, mas sim o ato no exercício do poder. Frisa, ainda, que um poder nem é totalmente vinculado, nem</p><p>totalmente discricionário.</p><p>• O Poder Vinculado ou regrado relaciona-se com a prática de atos vinculados - atos cuja forma de</p><p>execução está inteiramente definida na lei, não permitindo juízo de conveniência e nem de</p><p>oportunidade.</p><p> Preenchidos os requisitos a autoridade tem que praticar o ato. Ex.: licença para construir, licença</p><p>para dirigir, concessão de aposentadoria. Não seria necessariamente um poder, como o</p><p>discricionário, pois não confere qualquer prerrogativa ao agente administrativo.</p><p>• O Poder Discricionário confere prerrogativa para a prática de atos discricionários, isto é, atos cuja</p><p>execução admite certa margem de flexibilidade – juízo de conveniência e oportunidade, o chamado</p><p>mérito administrativo - por parte dos agentes estatais, mas sempre dentro dos limites legais, atendendo</p><p>aos interesses coletivos. Ex.: permissão de uso de bem público, autorização para posse de arma.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 61</p><p>61</p><p>405</p><p> Esse poder fundamente não só a prática, mas também a revogação de atos discricionários. Além dos</p><p>limites impostos por lei, esse poder também encontra obstáculo nos princípios administrativos da</p><p>razoabilidade e da proporcionalidade.</p><p> Essa discricionariedade é limitada, em linhas gerais, pelo próprio ordenamento jurídico. Diz-se, assim,</p><p>que o juízo discricionário encontra limites:</p><p>➢ a) na lei: o próprio legislador define os limites mínimos e máximos para a prática do ato;</p><p>➢ b) nos princípios, em especial os da proporcionalidade e da razoabilidade: um ato não pode ser</p><p>desarrazoado, exagerado, desproporcional ao fim que se quer alcançar.</p><p> Vale lembrar que este não é um controle de mérito do ato, pois a arbitrariedade é uma forma de</p><p>ilegalidade. Justamente por isso que o Poder Judiciário tem a prerrogativa de anular um ato</p><p>administrativo desproporcional. Logo, se, a pretexto de interpretar a lei, o agente pratica ato</p><p>desproporcional, compete ao judiciário, se provocado, anular esta atuação.</p><p>5.3 - PODER HIERÁRQUICO</p><p>• É a prerrogativa que garante ao administrador estruturar, escalonar e hierarquizar os seus quadros.</p><p>Trata-se de atribuição concedida ao administrador para organizar, distribuir e principalmente escalonar</p><p>as funções de seus órgãos.</p><p>• O exercício do poder hierárquico traz algumas faculdades:</p><p> dar ordens;</p><p> fiscalizar o cumprimento dos atos praticados pelos subordinados;</p><p> rever os atos praticados pelos subordinados;</p><p> delegar e avocar funções;</p><p> aplicar sanções e penalidades (exercício de poder hierárquico e disciplinar, uma vez que o poder</p><p>disciplinar decorre do poder hierárquico).</p><p>• Delegação de competências: a delegação de competências é um ato discricionário, temporário e</p><p>revogável a qualquer tempo. É o ato pela qual o superior confere o exercício temporário de alguma</p><p>atribuição sua a um subordinado. É um ato discricionário e, por isso, revogável a qualquer tempo. A</p><p>delegação transfere o mero exercício, permanecendo a titularidade com o superior hierárquico.</p><p> Não podem ser objeto de delegação:</p><p>➢ (i) edição de atos de caráter normativo;</p><p>➢ (ii) decisão de recurso administrativo; e</p><p>➢ (iii) matérias de competência exclusiva.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 62</p><p>62</p><p>405</p><p> A delegação é uma exceção e deve ser justificada. Não precisa haver relação hierárquica entre as</p><p>partes envolvidas. Pode ser delegado a outro órgão de mesmo grau hierárquico.</p><p> Quanto à responsabilidade pelos atos praticados com base na delegação de competência, o STF</p><p>firmou entendimento de que é o agente que praticou o ato, no exercício da competência delegada,</p><p>que deve responder em caso de lesão ou ameaça de lesão a terceiros. Vejamos:</p><p>Súmula 510-STF: Praticado o ato por autoridade, no exercício de competência delegada, contra</p><p>ela cabe o mandado de segurança ou a medida judicial.</p><p>• Avocação: desde que as atribuições não sejam da competência exclusiva do órgão subordinado, o</p><p>superior poderá chamar para si, de forma temporária, a competência que deveria inicialmente ser</p><p>exercida pelo agente subalterno. É ato discricionário e de caráter excepcional.</p><p> A avocação só é possível em caráter excepcional, por motivos relevantes, devidamente justificados</p><p>e por tempo determinado. Com efeito, diferentemente da delegação, pressupõe a existência de</p><p>relação hierárquica.</p><p>5.4 - PODER DISCIPLINAR</p><p>• o poder-dever reconhecido à Administração para investigar e punir, após o contraditório e a ampla</p><p>defesa, os agentes públicos, na hipótese de infração funcional, e as demais pessoas sujeitas à disciplina</p><p>especial dos órgãos e serviços da Administração.</p><p>• São exemplos de particulares sujeitos a um vínculo específico com a Administração (e, portanto, sujeitos</p><p>ao poder disciplinar):</p><p> aplicação de multa contratual à empresa contratada pela Administração;</p><p> sanções aplicadas aos alunos de escola pública e aos usuários de biblioteca pública;</p><p> um detento que tenha cometido infração disciplinar (e não penal) durante o regime de execução da</p><p>pena.</p><p>• Ao contrário do poder de polícia, exercido no âmbito de relações jurídicas genéricas entre Estado e</p><p>cidadão, o poder disciplinar refere-se às relações jurídicas especiais, decorrentes de vínculos jurídicos</p><p>específicos existentes entre o Estado e o particular (Administração – agente público, Administração –</p><p>contratado, Administração –usuário de serviços públicos etc.).</p><p>• Esse poder também não se confunde com o poder punitivo do Estado através da justiça criminal, o qual</p><p>é exercido pelo Poder Judiciário para reprimir crimes, contravenções e infrações civis.</p><p>• O poder disciplinar é correlato ao poder hierárquico, mas com ele não se confunde. Assim, muitas vezes,</p><p>quando se aplica uma punição ao agente público, diz-se que a sanção decorre diretamente (ou</p><p>imediatamente) do poder disciplinar e mediatamente do poder hierárquico.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 63</p><p>63</p><p>405</p><p>• O poder disciplinar é exercido por meio do Processo Administrativo Disciplinar (PAD), mediante</p><p>contraditório e ampla defesa. Não se admite, no ordenamento jurídico brasileiro, o que se denominou</p><p>de “princípio da verdade sabida”, que consiste na punição de servidor, sem prévio processo</p><p>administrativo, em virtude da existência de prova inconteste da infração disciplinar ou caso a infração</p><p>seja presenciada pelo superior.</p><p>• É imperioso mencionar que o poder disciplinar comporta certo grau de discricionariedade no que tange</p><p>à gradação das penalidades ou, em alguns casos, da escolha dela. Por exemplo: há margem de escolha</p><p>no caso da aplicação da pena de suspensão, eis que a lei autoriza sua aplicação por até 90 dias. Porém,</p><p>não há discricionariedade no dever de punir, mas apenas quanto à gradação da pena (exceto para os</p><p>casos de demissão e cassação de aposentadoria)</p><p> Afirma-se que a tipicidade administrativa, ao contrário da tipicidade penal, é aberta, não definindo,</p><p>de plano, a penalidade que deverá ser aplicada às condutas infracionais. Há apenas a previsão dos</p><p>deveres a serem observados pelos agentes públicos e as penalidades que podem ser aplicadas ao</p><p>caso.</p><p> Por outro lado, o STJ possui jurisprudência dominante no sentido de que a aplicação da pena de</p><p>demissão e de cassação de aposentadoria, quando comprovado que a conduta do investigado se</p><p>amolda a essas hipóteses, é ato vinculado, não cabendo à autoridade aplicar penalidade mais leve.</p><p>(MS 21937/DF, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Rel. p/ Acórdão Ministra ASSUSETE</p><p>MAGALHÃES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 28/08/2019, DJe 23/10/2019)</p><p>Súmula 650-STJ: A autoridade administrativa não dispõe de discricionariedade para aplicar ao</p><p>servidor pena diversa de demissão quando caraterizadas as hipóteses previstas no artigo 132 da</p><p>Lei 8.112/1990.</p><p>5.5 - PODER NORMATIVO OU REGULAMENTAR</p><p>• O poder normativo ou regulamentar é a prerrogativa conferida à Administração</p><p>Pública para editar atos</p><p>gerais para complementar as leis e permitir a sua efetiva aplicação. A prerrogativa, registre-se, é apenas</p><p>para complementar a lei; não pode, pois, a Administração alterá-la a pretexto de estar regulamentando,</p><p>não pode inovar na ordem jurídica, dado seu caráter infralegal.</p><p> Essas “normas complementares à lei”, chamadas de regulamentos, revestem-se na forma de decreto.</p><p> Em algumas situações, a própria Constituição da República confere a possibilidade de a Administração</p><p>editar regulamentos sem a necessidade de intermediação legislativa, como se analisará no tópico</p><p>abaixo.</p><p>• Por outro lado, o poder normativo refere-se à toda a capacidade normativa da Administração Pública,</p><p>envolvendo não só a competência do Chefe do Poder Executivo para editar decretos regulamentares,</p><p>mas também a competência das demais autoridades administrativas para a edição dos mais diversos</p><p>tipos de normas administrativas.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 64</p><p>64</p><p>405</p><p>ESPÉCIES DE REGULAMENTO</p><p>Regulamentos</p><p>executivos</p><p>▪ Este regulamento não pode inovar o ordenamento jurídico, mas somente pode</p><p>complementar a lei. Art. 84, IV, da CF.</p><p>▪ São regras editadas pelo chefe do Poder Executivo para possibilitar a fiel</p><p>execução das leis.</p><p>▪ Trata-se de competência indelegável.</p><p>▪ Não criam novos direitos e obrigações, apenas estabelecem como serão os</p><p>procedimentos para que as leis sejam cumpridas.</p><p>▪ São considerados atos normativos secundários, eis que necessitam de uma lei</p><p>prévia.</p><p>▪ Em regra, são atos de caráter geral e abstrato, ou seja, não possuem</p><p>destinatários determinados e incidem sobre todos os fatos que se enquadrem</p><p>nas hipóteses nele previstas.</p><p>Regulamentos</p><p>Autônomos</p><p>▪ São atos normativos primários, derivados da Constituição Federal e não se</p><p>destinam a regulamentar alguma lei, sendo sua principal finalidade a de</p><p>normatizar.</p><p>▪ São regulamentos que atuam substituindo a lei e têm o condão de inovar o</p><p>ordenamento jurídico, determinando normas sobre matérias não disciplinadas</p><p>em lei.</p><p>▪ Por decorrerem diretamente da Constituição Federal, essas são hipóteses</p><p>restritas de decretos como atos normativos primários. Só são admissíveis duas</p><p>espécies de Regulamentos Autônomos no ordenamento jurídico pátrio, quais</p><p>sejam, as duas situações previstas no art. 84, VI da Carta Magna (VI - dispor,</p><p>mediante decreto, sobre: a) organização e funcionamento da administração</p><p>federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de</p><p>órgãos públicos; b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;).</p><p>▪ São exceções à regra geral de que o chefe do Poder Executivo edita decretos</p><p>para fiel execução da lei, sem o caráter de inovação da ordem jurídica</p><p>▪ Não se trata de uma autorização genérica para edição de regulamentos</p><p>autônomos, pois só se aplica nos casos das alíneas “a” e “b” do inc. VI, art. 84, da</p><p>Constituição Federal.</p><p>▪ Essas matérias são de competência privativa do Presidente da República e,</p><p>portanto, se submetem ao princípio da reserva administrativa. Portanto, o</p><p>Poder Legislativo não possui competência para disciplinar esses casos;</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 65</p><p>65</p><p>405</p><p>▪ Se aplica a todos os chefes do Poder Executivo (presidente, governadores e</p><p>prefeitos).</p><p>▪ Por determinação do art. 84, parágrafo único, da CF, a atribuição de dispor sobre</p><p>essas matérias pode ser delegada a outras autoridades (ministros de Estado,</p><p>Advogado-Geral da União e Procurador-Geral da República).</p><p>Regulamentos</p><p>autorizados ou</p><p>delegados</p><p>▪ São aqueles que o Executivo, por expressa autorização legal, completa as</p><p>disposições dela, especialmente de natureza técnica.</p><p>▪ Os regulamentos autorizados efetivamente suprem lacunas propositalmente</p><p>deixadas pelo legislador.</p><p>▪ Nesses casos, o legislador irá dispor sobre as linhas gerais do tema, definindo</p><p>diretrizes e autorizará, na própria lei, o Poder Executivo e disciplinar os assuntos</p><p>não regulados na lei. Nesse caso, podemos dizer que os regulamentos</p><p>autorizados chegam a efetivamente inovar na ordem jurídica.</p><p>▪ Tal fenômeno é denominado pela doutrina como deslegalização. Nesse caso, o</p><p>legislador, ciente da complexidade social, delega ao Poder Executivo a</p><p>competência para editar, por intermédio de seu corpo especializado, normas de</p><p>caráter eminentemente técnico, ainda que venham a inovar na ordem jurídica.</p><p>▪ Exemplo desses regulamentos são as normas editadas pelas agências</p><p>reguladoras.</p><p>• É importante ressaltar que os atos regulamentares podem sofrer controle.</p><p> Caso o Executivo extrapole os limites da lei no exercício do poder regulamentar, o Congresso</p><p>Nacional poderá sustar tais atos normativos (art. 49, V, da CF).</p><p> O Poder Judiciário e a própria Administração Pública podem exercer controle de legalidade sobre atos</p><p>normativos, anulando aqueles considerados ilegais ou ilegítimos. Caso o ato esteja em conflito com</p><p>a lei que ele regulamenta, por extrapolar seus limites ou por contrariá-la, trata-se de caso típico de</p><p>ilegalidade, passível, portanto, de controle de legalidade.</p><p> Já se o ato ofender diretamente Constituição da República, poderá sofrer controle de</p><p>constitucionalidade pela via direta (ADI).</p><p> STF: Ato normativo autônomo, a retirar diretamente da Constituição da República o seu</p><p>fundamento de validade, o Decreto nº 4.887/2003 apresenta densidade normativa suficiente a</p><p>credenciá-lo ao controle abstrato de constitucionalidade. (ADI 3239, Relator(a): Cezar Peluso,</p><p>Relator(a) p/ Acórdão: Rosa Weber, Tribunal Pleno, julgado em 08-02-2018)</p><p> STF: É cabível a ação direta de inconstitucionalidade para o exame de atos normativos</p><p>infralegais quando o conteúdo impugnado apresentar incompatibilidade direta com a</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 66</p><p>66</p><p>405</p><p>Constituição da República e sejam dotados de generalidade e abstração. Precedentes. (ADI</p><p>7423, Relator(a): CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 19-12-2023)</p><p>5.5.1 - Reserva da Administração</p><p>• A liberdade de conformação do legislador encontra limites no texto constitucional. Entre esses limites,</p><p>costuma-se apontar, no Direito Comparado, a existência da denominada “reserva de administração”</p><p>como um verdadeiro “núcleo funcional da administração ‘resistente’ à lei”.</p><p> Daí a Constituição, em situações específicas, determinar que o tratamento de determinadas matérias</p><p>fica adstrito ao âmbito exclusivo da Administração Pública, não sendo lícita a ingerência do</p><p>parlamento.</p><p> A reserva de administração pode ser dividida em duas categorias:</p><p>➢ Reserva geral de administração: Fundamenta-se no princípio da separação de poderes e significa</p><p>que a atuação de cada órgão estatal não pode invadir ou cercear o “núcleo essencial” da</p><p>competência dos outros órgãos, cabendo exclusivamente à Administração executar as leis,</p><p>especialmente no exercício da discricionariedade administrativa;</p><p>➢ Reserva específica de administração: Quando a Constituição destaca determinadas matérias,</p><p>submetendo-as à competência exclusiva do Poder Executivo;</p><p>• No Brasil, o Supremo Tribunal Federal já reconheceu a existência de um verdadeiro princípio</p><p>constitucional da reserva de administração, com fulcro no princípio da separação de poderes, cujo</p><p>conteúdo impediria “a ingerência normativa do Poder Legislativo em matérias sujeitas à exclusiva</p><p>competência administrativa do Poder Executivo”.</p><p> STF: O Supremo Tribunal Federal já firmou o entendimento no sentido de que padece de</p><p>inconstitucionalidade formal a lei resultante de iniciativa parlamentar que disponha sobre</p><p>matéria afeta à reserva</p><p>de administração, como aquela atinente aos contratos de concessão</p><p>celebrados pela Administração Pública. Precedentes. (ARE 1393729 AgR, Relator(a): Gilmar</p><p>Mendes, Segunda Turma, julgado em 15-05-2023)</p><p> STF: A verificação de requisitos para a concessão de alvarás e licenciamentos insere-se no</p><p>Poder de Polícia, cujo exercício é atividade administrativa de competência do Poder Executivo</p><p>e, portanto, submetida à reserva de administração (art. 2º, c/c art. 61, § 1º, II, e art. 84, II e VI,</p><p>“a”, da CF). (ADI 5696, Relator(a): Alexandre de Moraes, Tribunal Pleno, julgado em 25-10-2019)</p><p>5.6 - PODER DE POLÍCIA</p><p>• É a prerrogativa de direito público que, calcada na lei, autoriza a Administração Pública a restringir o uso</p><p>e o gozo da liberdade e da propriedade em favor do interesse da coletividade. Trata-se da competência</p><p>para disciplinar/limitar o exercício da autonomia privada em prol do bem coletivo, de modo a evitar que</p><p>a máxima liberdade de cada um reduza a liberdade alheia.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 67</p><p>67</p><p>405</p><p> Trata-se de poder que possui conceito legal inserido no art. 78 do Código Tributário Nacional:</p><p>Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou</p><p>disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em</p><p>razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à</p><p>disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de</p><p>concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade</p><p>e aos direitos individuais ou coletivos.</p><p>• Pode ser compreendido em sentido amplo ou sentido estrito:</p><p> Sentido amplo: além da atividade administrativa, abrange, inclusive, a atividade do Poder Legislativo</p><p>quando restringe ou condiciona o exercício de direitos privados, visando a satisfazer as necessidades</p><p>coletivas, além da atividade administrativa, que edita regulamentos, apresenta anuências, fiscaliza as</p><p>atividades e aplica sanções;</p><p> Sentido estrito: em acepção estrita (ou strictu sensu), abrange exclusivamente as atividades</p><p>administrativas fundamentadas no poder de polícia, excluindo a atividade típica do Poder Legislativo.</p><p>• O fundamento do poder de polícia está no predomínio do interesse público sobre o particular (princípio</p><p>da supremacia do interesse público), que coloca a Administração em posição de hegemonia perante os</p><p>administrados.</p><p> Trata-se de uma supremacia geral da Administração, que alcança indistintamente todos os cidadãos</p><p>que estão sob o império das leis administrativas.</p><p>➢ A supremacia especial do Estado, por outro lado, depende da existência de um vínculo especial</p><p>com os administrados e é exercida apenas em relação a estes particulares que possuam uma</p><p>relação especial de sujeição ao poder público. Já falamos sobre o assunto no estudo do Poder</p><p>Disciplinar.</p><p>• Não podemos confundir o poder de polícia com outras atividades desempenhadas pelo Estado:</p><p>POLÍCIA ADMINISTRATIVA POLÍCIA JUDICIÁRIA</p><p>Atua sobre bens, direitos ou atividades.</p><p>Tem seu campo de atuação voltado para as</p><p>pessoas.</p><p>Atua para evitar ou reprimir o ilícito administrativo. Atua contra o ilícito penal.</p><p>Exercida por diversos órgãos da Administração. É exercida pelas polícias civil e federal.</p><p>Rege-se pelo Direito Administrativo. Rege-se pelo Direito Processual Penal.</p><p>• Diferencia-se de serviço público porque este apresenta cunho prestacional, ou seja, busca satisfazer</p><p>necessidades individuais, enquanto a atividade de poder de polícia busca apenas evitar que a fruição das</p><p>liberdades e direitos privados prejudique direitos, interesses e bens alheios.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 68</p><p>68</p><p>405</p><p>5.6.1 - Condicionantes de validade</p><p>• Como toda competência estatal limitadora de direitos, o poder de polícia é condicionado pelos princípios</p><p>da legalidade e da proporcionalidade.</p><p> A legalidade assegura que somente a lei em sentido amplo crie limitações a direitos. A atividade de</p><p>poder de polícia administrativa não pode ser inovadora, deve se conformar à lei.</p><p> Já o princípio da proporcionalidade exige que qualquer limitação, para ser válida, seja a) adequada;</p><p>b) necessária; e c) compatível com os valores consagrados na Constituição e nas leis. A adequação</p><p>significa um vínculo de causalidade lógica entre a providência limitativa adotada e o fim concreto que</p><p>a justifica. A necessidade impõe a adoção da providência menos onerosa possível dentre as diversas</p><p>que se revelarem adequadas. A compatibilidade com a Constituição e as leis impõe que as</p><p>providências restritivas jamais suprimam ou ofendam valores ou direitos fundamentais.</p><p>5.6.2 – Atributos/características do poder de polícia</p><p>DISCRICIONARIEDADE</p><p>Em regra, o poder de polícia possuirá uma discricionariedade, ou seja, certa</p><p>margem de liberdade de apreciação; haverá uma análise de oportunidade e</p><p>conveniência nas escolhas do administrador público. O ato da Autorização é</p><p>o ato do poder de polícia discricionário.</p><p>Contudo, haverá momentos em que o poder de polícia poderá se concretizar</p><p>de forma vinculada. Em outras palavras, a lei prevê todos os requisitos</p><p>necessários para a prática do ato, motivo pelo qual, caso o administrado</p><p>comprove os requisitos, a Administração é obrigada a praticar o ato. É o caso</p><p>da licença.</p><p>AUTOEXECUTORIEDADE</p><p>É o atributo pelo qual a Administração pode decidir e executar diretamente</p><p>sua decisão por seus próprios meios, sem intervenção do Judiciário.</p><p>Por vezes, a autoexecutoriedade é dividida em exigibilidade e</p><p>executoriedade. Pela exigibilidade a Administração se utiliza de meios</p><p>indiretos de coação, como a aplicação de multas ou a impossibilidade de</p><p>licenciar um veículo enquanto não pagas as multas de trânsito. Por outro</p><p>lado, pela executoriedade a Administração compele materialmente o</p><p>administrado, utilizando-se de meios diretos de coação – por exemplo,</p><p>dissolução de uma reunião, apreensão de mercadorias, interdição de uma</p><p>fábrica.</p><p>Todavia, salienta-se que a autoexecutoriedade não está presente em todos os</p><p>atos de polícia. Pode-se dar como exemplo a cobrança de multa.</p><p>IMPERATIVIDADE OU</p><p>COERCIBILIDADE</p><p>É o atributo pelo qual o ato de polícia se impõe a terceiros, de forma</p><p>unilateral, independentemente de sua concordância, inclusive mediante</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 69</p><p>69</p><p>405</p><p>emprego de força, nos casos necessários. É o atributo que permite ao Poder</p><p>Público impor obrigações às pessoas. É chamado de “poder extroverso”.</p><p>No entanto, haverá momentos em que os atos de polícia não serão</p><p>imperativos, pois dependerão da aceitação do particular. Nesse caso,</p><p>configuram-se os atos de consentimento, como as licenças, autorizações e</p><p>permissões.</p><p>5.6.3 – Ciclo ou fases do poder de polícia</p><p>• A teoria do ciclo de polícia demonstra que o poder de polícia se desenvolve em quatro fases, cada uma</p><p>correspondendo a um modo de atuação estatal: (i) a ordem de polícia, (ii) o consentimento de polícia,</p><p>(iii) a fiscalização de polícia e (iv) a sanção de polícia.</p><p>LEGISLAÇÃO OU</p><p>ORDEM DE POLÍCIA</p><p>É a fase inicial. Institui os limites e condicionamentos ao exercício de atividades</p><p>privadas e ao uso de bens. A ordem primária deve sempre estar contida em uma</p><p>lei, obedecendo ao princípio da legalidade.</p><p>CONSENTIMENTO</p><p>DE POLÍCIA</p><p>É a anuência prévia da Administração Pública para que o particular desenvolva</p><p>determinada atividade ou utilize a propriedade particular. Nesse caso, o</p><p>consentimento estatal pode ser dividido em, pelo menos, duas categorias:</p><p>Licença: trata-se de ato vinculado por meio do qual a</p><p>Administração reconhece o</p><p>direito do particular (ex.: licença para dirigir veículo automotor ou para o exercício</p><p>de determinada profissão); e</p><p>Autorização: é o ato discricionário pelo qual a Administração, após a análise da</p><p>conveniência e da oportunidade, faculta o exercício de determinada atividade</p><p>privada ou a utilização de bens particulares, sem criação, em regra, de direitos</p><p>subjetivos ao particular (ex.: autorização para porte de arma).</p><p>FISCALIZAÇÃO DE</p><p>POLÍCIA</p><p>É a atividade pela qual a Administração Pública verifica se o particular está</p><p>cumprindo adequadamente a legislação (ex.: fiscalização de trânsito, fiscalização</p><p>sanitária etc.). A atividade fiscalizatória pode ser iniciada de ofício ou por</p><p>provocação de qualquer interessado.</p><p>SANÇÃO DE POLÍCIA</p><p>É a medida coercitiva aplicada ao particular que descumpre a ordem de polícia ou</p><p>os limites impostos no consentimento de polícia (ex.: multa de trânsito, interdição</p><p>do estabelecimento comercial irregular, apreensão de mercadorias estragadas</p><p>etc.).</p><p>• Vale destacar, de tudo quanto vimos, que apenas a ordem e a fiscalização de polícia estarão presentes</p><p>em todos os ciclos de polícia. A fase do consentimento só ocorre se a lei assim o exigir e a sanção</p><p>somente se verifica quando constatada a violação da ordem de polícia pelo particular.</p><p>5.6.3.1 – Delegação do poder de polícia (CAIU NA SEGUNDA FASE DA PGE/AL)</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 70</p><p>70</p><p>405</p><p>• Segundo o Supremo Tribunal Federal, é constitucional a delegação do poder de polícia, por meio de lei,</p><p>as pessoas jurídicas de direito privado integrantes da Administração Pública indireta de capital social</p><p>majoritariamente público que prestem exclusivamente serviço público de atuação própria do Estado e</p><p>em regime não concorrencial.</p><p> A constituição de uma pessoa jurídica integrante da administração pública indireta sob o regime de</p><p>direito privado não a impede de, ocasionalmente, ter o seu regime aproximado daquele da fazenda</p><p>pública, desde que não atue em regime concorrencial.</p><p> A Constituição Federal de 1988, ao autorizar a criação de empresas públicas e sociedades de</p><p>economia mista que tenham por objeto exclusivo a prestação de serviços públicos de atuação típica</p><p>do Estado e em regime não concorrencial, autoriza, consequentemente, a delegação dos meios</p><p>necessários à realização do serviço público delegado.</p><p> A empresa pública pode ser delegatária do poder de polícia de trânsito, inclusive quanto à aplicação</p><p>de multas, por se tratar de estatal de capital que presta, exclusivamente, serviço público de atuação</p><p>própria do Estado e em regime não concorrencial, consistente no policiamento do trânsito.</p><p> STF: (...) 13. Repercussão geral constitucional que assenta a seguinte tese objetiva: “É</p><p>constitucional a delegação do poder de polícia, por meio de lei, as pessoas jurídicas de direito</p><p>privado integrantes da Administração Pública indireta de capital social majoritariamente</p><p>público que prestem exclusivamente serviço público de atuação própria do Estado e em regime</p><p>não concorrencial. (RE 633782, Relator(a): LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 26/10/2020,</p><p>REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO)</p><p>• Dessa forma, a delegação a entidades administrativas de direito privado deverá atender aos seguintes</p><p>requisitos:</p><p> 1) deverá ocorrer por meio de lei;</p><p> 2) a entidade deverá integrar a administração pública indireta;</p><p> 3) o capital social será majoritariamente público;</p><p> 4) a entidade deverá prestar exclusivamente serviços públicos de atuação estatal e em regime não</p><p>concorrencial;</p><p> 5) as fases sejam de consentimento, de fiscalização ou de sanção</p><p>• Vale ressaltar que o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, no sentido de que é possível que o</p><p>Estado delegue para particulares a realização de atividades de apoio/acessórias, prévias ou posteriores,</p><p>ao exercício do poder de polícia continua vigente. Isso é chamado de aspectos materiais do poder de</p><p>polícia. Ex: instalação de radares, demolição de obras por particulares contratados, etc.</p><p>• EM SUMA:</p><p>PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO</p><p>Pode exercer o poder de polícia de forma</p><p>plena.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 71</p><p>71</p><p>405</p><p>PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO</p><p>QUE INTEGRE A ADMINISTRAÇÃO</p><p>INDIRETA</p><p>Pode exercer poder de polícia desde que a</p><p>delegação se dê por meio de lei, seja</p><p>prestadora de serviço público, possua</p><p>capital social majoritariamente público e</p><p>atue em regime não concorrencial</p><p>(consentimento, fiscalização e sanção)</p><p>PARTICULARES OU PESSOAS JURÍDICAS</p><p>DE DIREITO PRIVADO NÃO INTEGRANTES</p><p>DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>Não pode exercer poder de polícia, mas</p><p>pode exercer atividades de apoio/acessórias</p><p>ao poder de polícia.</p><p>5.6.4 – Prescrição</p><p>• Na esfera federal, a lei 9.973/99 estabelece que prescreve em cinco anos a ação punitiva da</p><p>Administração Pública federal, direta e indireta, no exercício do poder de polícia, com o objetivo de</p><p>apurar possíveis infrações à legislação em vigor. Tal prazo conta-se da data da prática do ato ou, no caso</p><p>de infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado.</p><p>• Por outro lado, quando o fato objeto da ação punitiva da Administração também constituir crime, a</p><p>prescrição reger-se-á pelo prazo previsto na lei penal (art. 1º, § 2º).</p><p>• Com efeito, esse prazo refere-se à instauração do processo de apuração e não à aplicação da sanção</p><p>em si. Assim, se a Administração instaurar o processo e notificar o acusado dentro do prazo de cinco</p><p>anos, nada impede de a sanção vir a ser aplicada após mais de cinco anos do cometimento da infração.</p><p>• A Lei Federal 9.973/99 ainda prevê hipótese de prescrição intercorrente trienal, que consiste na</p><p>prescrição ocorrida após o início do processo administrativo para apuração da infração que ficou parado</p><p>pelo lapso temporal previsto em lei.</p><p>6 - ATOS ADMINISTRATIVOS</p><p>• É a declaração do Estado ou de quem o represente, inferior à lei, com o objetivo de cumpri-la, regida</p><p>pelo Direito Público, sujeita à apreciação pelo Poder Judiciário, e que possui como função a satisfação do</p><p>interesse da coletividade.</p><p>CONCEITO DE ATOS ADMINISTRATIVOS E TEMAS RELACIONADOS</p><p>ATO</p><p>ADMINISTRATIVO</p><p>É a manifestação ou declaração unilateral da Administração Pública, agindo nesta</p><p>qualidade, ou de particulares que estejam no exercício de prerrogativas públicas,</p><p>em conformidade com o interesse público, aptos a produzir efeitos jurídicos na</p><p>esfera administrativa, estando sujeitos ao regime jurídico de direito público e ao</p><p>controle do Poder Judiciário.</p><p>ATOS DA</p><p>ADMINISTRAÇÃO</p><p>▪ Gênero: envolve todos os atos praticados pela administração.</p><p>▪ Espécies: atos de direito privado; atos de conhecimento, opinião, juízo ou valor</p><p>(atestados, certidões, pareceres, votos); atos políticos; contratos e os convênios</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 72</p><p>72</p><p>405</p><p>administrativos (atos bilaterais); atos normativos da administração; os atos</p><p>administrativos propriamente ditos.</p><p>FATO</p><p>ADMINISTRATIVO</p><p>▪ Quando eventos da natureza, não decorrentes da manifestação ou declaração da</p><p>Administração Pública produz algum efeito contido em norma legal, ele é um fato</p><p>jurídico, pois produz efeitos no Direito.</p><p>▪ Se este fato produzir efeito no Direito Administrativo, trata-se de um fato</p><p>administrativo. A morte de um servidor é um fato administrativo, pois tem como</p><p>efeitos jurídicos a vacância do cargo e o direito à percepção da pensão.</p><p>SILÊNCIO</p><p>ADMINISTRATIVO</p><p>▪ Omissão da administração.</p><p>▪ Não é ato administrativo, mas fato jurídico administrativo.</p><p>▪ A regra geral no Direito Administrativo é a de que a inércia da Administração</p><p>Pública não produz qualquer</p><p>efeito, salvo se a lei dispuser o contrário.</p><p>▪ No caso de omissão, a lei poderá definir o efeito (anuência ou negativa tácita);</p><p>▪ Se a lei não definir os efeitos, caberá ação judicial para conceder o pedido (ato</p><p>vinculado) ou exigir resposta (ato discricionário);</p><p>6.1 - ELEMENTOS OU REQUISITOS DO ATO ADMINISTRATIVO</p><p>• Os elementos de formação, também conhecidos como requisitos ou aspectos de validade dos atos</p><p>administrativos, são os pressupostos de validade dos atos administrativos.</p><p> Como os nomes indicam, os “elementos” são as “partes” de um ato administrativo. Quando todos os</p><p>elementos do ato administrativo são editados conforme a lei e o ordenamento jurídico, diz-se que o</p><p>ato administrativo é válido, ou seja, o ato é lícito. Por outro lado, se algum elemento do ato</p><p>administrativo contrariar o que consta em lei, então o ato será viciado, ou seja, ele será inválido ou</p><p>ilegal.</p><p>• Os elementos de formação dos atos administrativos são a competência, finalidade, forma, motivo e</p><p>objeto. Cumpre registrar, porém, que alguns autores preferem utilizar o termo sujeito no lugar da</p><p>competência. Logo, podemos adotar tanto “competência”, como “sujeito” ou “sujeito competente”.</p><p>• Em síntese, podemos definir cada um desses elementos da seguinte forma:</p><p> competência (vinculado e sanável - admite convalidação): poder legal conferido ao agente para o</p><p>desempenho de suas atribuições;</p><p> forma (vinculado e sanável - admite convalidação): é o modo de exteriorização do ato;</p><p> finalidade (vinculado e insanável): o ato administrativo deve se destinar ao interesse público</p><p>(finalidade geral) e ao objetivo diretamente previsto na lei (finalidade específica);</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 73</p><p>73</p><p>405</p><p> motivo (vinculado ou discricionário e insanável): situação de fato e de direito que gera a vontade do</p><p>agente que pratica o ato;</p><p> objeto (vinculado ou discricionário e insanável): também chamado de conteúdo, é aquilo que o ato</p><p>determina, é a alteração no mundo jurídico que o ato se propõe a processar, ou seja, o efeito jurídico</p><p>do ato.</p><p>Vamos estudá-los um a um.</p><p>6.1.1 – Competência</p><p>• É o poder atribuído ao agente para o desempenho específico de suas funções. As competências</p><p>resultam de lei e por ela são delimitadas. Logo, de forma simples, podemos entender as competências</p><p>como o poder legal conferido às entidades, aos órgãos e aos agentes públicos para o desempenho de</p><p>suas atribuições.</p><p>• Deve ocorrer de forma expressa, ou seja, não há presunção de competência. A competência pode ser:</p><p>primária: quando prevista diretamente da CRFB; e secundária: quando emanada de normas infralegais.</p><p>• Competência é um elemento sempre vinculado do ato administrativo.</p><p>• O vício de competência é, em regra, sanável e admite convalidação do ato.</p><p>CARACTERÍSTICAS DA COMPETÊNCIA</p><p>É DE EXERCÍCIO</p><p>OBRIGATÓRIO</p><p>sendo um poder-dever do agente. isso porque o agente competente é obrigado</p><p>a atuar nas condições que a lei o determinou. Quem titulariza uma competência</p><p>tem o poder-dever de desempenhá-la.</p><p>É IRRENUNCIÁVEL</p><p>o administrador atua em nome e interesse da coletividade, não podendo</p><p>renunciar àquilo que não lhe pertence. Essa característica não impede que a</p><p>Administração delegue o exercício da competência;</p><p>É INDERROGÁVEL /</p><p>INTRANSFERÍVEL</p><p>não se admite transação de competência. Uma vez fixada em norma, deve ser</p><p>rigidamente observada por todos. Mesmo quando se permite a delegação é</p><p>preciso um ato formal.</p><p>É IMODIFICÁVEL POR</p><p>MERA VONTADE DO</p><p>AGENTE</p><p>só quem pode modificar competência primária é a lei ou a CRFB;</p><p>É IMPRESCRITÍVEL</p><p>ou seja, a autoridade não perde a competência por ficar “muito tempo ser</p><p>exercê-la”.</p><p>É IMPRORROGÁVEL</p><p>Ou seja, uma pessoa incompetente não se torna competente pelo simples fato</p><p>de exercer o ato.</p><p>• Embora a titularidade da competência seja irrenunciável e intransferível, pode haver a delegação e a</p><p>avocação do seu exercício, conforme estudado no tópico 5.3, quando tratamos sobre o Poder</p><p>Hierárquico.</p><p>6.1.1.1 - Vício de competência (excesso de poder)</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 74</p><p>74</p><p>405</p><p>• O excesso de poder é o exercício irregular da competência por um agente público regularmente</p><p>investido nesta condição. Neste caso, o agente pratica um ato não inserido no rol de suas atribuições</p><p>ou exorbitando os limites de sua competência.</p><p> Excesso de poder, conforme já estudado, é uma espécie do abuso de poder e consiste em vício no</p><p>elemento competência que, em regra, levará à anulação do ato.</p><p> Não obstante, o vício de competência é, regra geral, sanável, desde que não se trate de</p><p>competência exclusiva ou competência em relação à matéria, admitindo-se, desta forma,</p><p>convalidação do ato.</p><p>FUNÇÃO DE FATO USURPAÇÃO DE FUNÇÃO</p><p>No caso do agente de fato, o sujeito foi investido</p><p>em cargo, emprego ou função pública de forma</p><p>irregular, ou seja, ocorreu alguma ilegalidade em</p><p>sua investidura ou impedimento legal para a</p><p>prática do ato. Ex: Servidor que continua em</p><p>exercício após a idade limite para aposentadoria</p><p>compulsória</p><p>Trata-se de crime previsto no Código Penal e o</p><p>usurpador é alguém que não foi por nenhuma</p><p>forma investido em cargo, emprego ou função</p><p>pública. Não tem nenhuma espécie de relação</p><p>jurídica funcional com a administração</p><p>Na hipótese de função de fato, em virtude da</p><p>“teoria da aparência” (a situação tem aparência de</p><p>legalidade), o ato é considerado válido, ou, pelo</p><p>menos, são considerados válidos os efeitos por ele</p><p>produzidos ou dele decorrentes que beneficiarem</p><p>terceiro de boa-fé</p><p>Neste caso, os atos serão inexistentes e deles não</p><p>decorre nenhum tipo de efeito, ainda que tenham</p><p>beneficiado terceiro de boa-fé.</p><p>6.1.2 – Forma</p><p>• É o modo como o ato se exterioriza o ato, isto é, como a declaração de vontade da administração se</p><p>apresenta. Fala-se, nesse caso, em forma escrita ou verbal, decreto, portaria, resolução, etc.</p><p>• É elemento vinculado do ato administrativo. Entretanto, é evidente que a lei pode estabelecer margem</p><p>de escolha ao Administrador para decidir a melhor forma para a prática do ato</p><p>• De regra, os atos administrativos devem ter a forma escrita. Vale o princípio da solenidade das formas,</p><p>pelo qual o ato deve ser escrito, registrado e publicado.</p><p> Entretanto, existem atos administrativos praticados de forma não escrita, a exemplo de ordens</p><p>verbais, gestos, apitos, sinais luminosos entre outros.</p><p>➢ Esses são meios excepcionais de exteriorização do ato, que atendem a situações especiais.</p><p>➢ A doutrina tem moldado as exigências quanto às formalidades. Devem ser exigidas tão somente</p><p>as formalidades estritamente essenciais, desprezando-se procedimentos meramente</p><p>protelatórios. É o chamado formalismo moderado.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 75</p><p>75</p><p>405</p><p>• É importante esclarecer que a motivação, consistente na declaração escrita dos motivos que ensejaram</p><p>a prática do ato, integra a forma do ato administrativo e não o motivo. A ausência de motivação é vício</p><p>de forma.</p><p>• A doutrina e a jurisprudência têm aceitado a teoria da instrumentalidade das formas, que estabelece a</p><p>manutenção do ato, ainda que haja defeito na forma, se este alcançou o objetivo desejado, salvo se a lei</p><p>definir a forma como essencial à sua prática.</p><p>6.1.2.1 - Vício de forma</p><p>• O vício no elemento forma é em regra sanável e, por este motivo, o ato é passível de convalidação.</p><p>Entretanto, quando a lei estabelecer uma forma como essencial à prática do ato, o vício será insanável</p><p>(ex.: registro público para transferência da propriedade de imóvel).</p><p>6.1.3 – Finalidade</p><p>• A finalidade é o objetivo de interesse público a</p><p>atingir. Nesse caso, todo ato administrativo deve ser</p><p>praticado com o fim público.</p><p>• A finalidade é um elemento vinculado do ato administrativo, pois não se concebe a atuação dos órgãos</p><p>e agentes públicos fora do interesse público ou da finalidade expressamente prevista em lei.</p><p>• Distingue-se do motivo pois este antecede a prática do ato, correspondendo aos fatos que levam a</p><p>Administração a praticar o ato. Já a finalidade sucede a prática do ato, eis que corresponde a algo que a</p><p>Administração quer alcançar.</p><p>• Também não se confunde com o objeto, pois este é o efeito jurídico imediato que o ato produz,</p><p>enquanto a finalidade é o efeito geral ou mediato.</p><p>• A finalidade divide-se em finalidade geral (sentido amplo) e finalidade específica (sentido estrito):</p><p> A finalidade geral ou mediata é sempre a satisfação do interesse público, pois é nisso que se pauta</p><p>toda a atuação da administração pública.</p><p> A finalidade específica ou imediata, por sua vez, é aquela que a lei elegeu para o ato em específico.</p><p>6.1.3.1 - Vício de finalidade (desvio de finalidade ou de poder)</p><p>• O desatendimento a qualquer das finalidades de um ato administrativo – geral ou específica –</p><p>configura vício insanável, acarretando a nulidade do ato.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 76</p><p>76</p><p>405</p><p> O vício de finalidade é denominado pela doutrina como DESVIO DE PODER (ou desvio de finalidade)</p><p>e constitui uma das modalidades do denominado abuso de poder (a outra é o excesso de poder, vício</p><p>relacionado à competência).</p><p> Entretanto, ao contrário do excesso de poder, o vício de finalidade é insanável, sendo que o ato</p><p>eivado desta espécie de ilegalidade absoluta não é suscetível de convalidação, devendo,</p><p>obrigatoriamente, ser anulado.</p><p>• Conforme seja desatendida a finalidade geral ou específica, temos duas espécies de desvio de poder:</p><p> O agente busca uma finalidade alheia ou contrária ao interesse público (ex. um ato praticado com o</p><p>fim exclusivo de favorecer ou prejudicar alguém);</p><p> O agente pratica um ato condizente com o interesse público, mas a lei não prevê aquela finalidade</p><p>específica para o tipo de ato praticado (ex. a remoção de ofício de um servidor, a fim de puni-lo por</p><p>indisciplina; será desvio de finalidade, ainda que a localidade para a qual ele foi removido</p><p>necessitasse realmente de pessoal; isso porque o ato de remoção, nos termos da lei, não pode ter o</p><p>fim de punir, mas, unicamente, o de adequar o nº de agentes de determinado cargo às necessidades</p><p>de pessoal das diferentes unidades administrativas em que esses agentes estejam lotados).</p><p>• Seja qual for o caso, o vício de finalidade não pode ser convalidado, e o ato que o contenha é sempre</p><p>nulo!</p><p>6.1.4 – Motivo</p><p>• O motivo, também chamado de causa, é a situação de direito ou de fato que determina ou autoriza a</p><p>realização do ato administrativo.</p><p> O pressuposto de direito do ato é o conjunto de requisitos previsto na norma jurídica (o que a lei</p><p>determina que deva ocorrer para o ato ser realizado).</p><p> O pressuposto de fato é a concretização do pressuposto de direito. Assim, o pressuposto de direito é</p><p>encontrado na norma, enquanto o pressuposto de fato é a ocorrência no “mundo real”.</p><p>• Todo ato administrativo deve ter um motivo lícito, ou seja, baseado na lei.</p><p>• O motivo pode ser discricionário ou vinculado:</p><p> Será vinculado quando a lei descreve, de forma completa e objetiva, a situação de fato, que, uma vez</p><p>ocorrida no mundo real, determina a prática de ato administrativo, cujo conteúdo deverá ser o</p><p>exatamente previsto em lei.</p><p> Será discricionário quando: (i) a lei não o definir, deixando-o ao inteiro critério da Administração</p><p>Pública; ou (ii) a lei definir o motivo utilizando noções vagas, os chamados conceitos jurídicos</p><p>indeterminados.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 77</p><p>77</p><p>405</p><p>• O motivo não pode ser confundido com a motivação. O motivo é o que leva a administração a praticar</p><p>o ato. Por outro lado, a motivação é a exposição dos motivos, ocorre quando a administração</p><p>“demonstra” os seus motivos, consignando o porquê de tê-lo praticado.</p><p>• Em regra, a motivação precisa ser prévia ou concomitante à edição do ato. Porém, em casos</p><p>excepcionais, admite-se a motivação posterior, convalidando o vício de forma sobre a ausência de</p><p>motivação, desde que os motivos apresentados sejam pré-existentes (já existiam na edição do ato),</p><p>idôneos e de fato sejam a razão da edição do ato. Nestes casos, o motivo é prévio ou concomitante ao</p><p>ato, somente a motivação (exposição dos motivos) é posterior. O motivo jamais poderá ser posterior:</p><p> STJ: Salvo exceção reconhecida pela jurisprudência deste Tribunal Superior - notadamente</p><p>no que diz respeito à remoção ex ofício de servidor público (RMS 42.696/TO, de minha relatoria,</p><p>Segunda Turma, DJe 16/12/2014; AgRg no RMS 40.427/DF, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima,</p><p>Primeira Turma, DJe 10/9/2013; REsp 1.331.224/MG, Rel. Min. Mauro Campbell Marques,</p><p>Segunda Turma, DJe 26/2/2013) -, referida motivação deve ser apresentada anteriormente ou</p><p>concomitante à prática do ato administrativo, pois caso se permita a motivação posterior, dar-</p><p>se-ia ensejo para que fabriquem, forjem ou criem motivações para burlar eventual impugnação</p><p>ao ato. Nesse sentido, a doutrina especializada (Celso Antônio Bandeira de Mello, in Curso de</p><p>direito administrativo. 26 ed. São Paulo: Malheiros, 2009, p. 112-113).12. Não se deve admitir</p><p>como legítimo, portanto, a prática imotivada de um ato que, ao ser contestado na via judicial</p><p>ou administrativa, venha o gestor "construir" algum motivo que dê ensejo à validade do ato</p><p>administrativo. (RMS n. 49.896/RS, relator Ministro Og Fernandes, Segunda Turma, julgado em</p><p>20/4/2017, DJe de 2/5/2017.)</p><p>• A motivação, além disso, poderá ocorrer por duas formas:</p><p> (i) motivação contextual: A motivação contextual é aquela em que a autoridade, no próprio ato,</p><p>enumera os motivos, de forma expressa. Por exemplo, a autoridade diz: “em virtude dos fatos tais e</p><p>da previsão tal em lei, decido da seguinte forma”.</p><p> (ii) motivação aliunde ou por referência: A motivação aliunde, ou por referência (ou também per</p><p>relationem) é aquela em que a autoridade faz referência a um parecer ou outro documento anterior,</p><p>utilizando-o como fonte de suas razões para decidir. Por exemplo: Ex.: anular um contrato com base</p><p>na motivação esposada em determinado parecer.</p><p>• A diferenciação entre o móvel e o motivo também é importante. O motivo é a situação prevista em lei,</p><p>e caso ocorra de fato, permitirá a prática do ato. O móvel é a real intenção, é o intento do agente público</p><p>quando pratica a conduta.</p><p> O motivo é a realidade objetiva e externa ao agente, servindo de suporte à expedição do ato. Móvel</p><p>é a representação subjetiva, psicológica, interna do agente – intenção do agente.</p><p> Desse modo, no motivo o agente explicita a situação que justifica a edição do ato, ao passo que o</p><p>móvel implica na motivação pessoal, real, que nem sempre se coaduna com o real desiderato do</p><p>ato elaborado.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 78</p><p>78</p><p>405</p><p> No entendimento de Celso Antônio Bandeira de Mello, o móvel é importante apenas para os atos</p><p>discricionários que exigem a análise subjetiva do agente na escolha entre as opções de atuação</p><p>conferidas pela legislação. Nestes casos se o móvel do agente for viciado por sentimentos de</p><p>favoritismo ou perseguição o ato será inválido.</p><p>➢ Nas competências vinculadas, o móvel é irrelevante, uma vez que a prática do ato depende</p><p>apenas da compatibilidade formal entre a situação de fato e a situação hipotética prevista em lei.</p><p>O que deve</p><p>ser verificado é a congruência dos fatos existentes, o motivo declarado e a previsão</p><p>legal. Se a lei foi perfeitamente atendida, mesmo que o móvel do agente público fosse espúrio,</p><p>em nada influencia na edição do ato</p><p>6.1.4.1 - Teoria dos motivos determinantes</p><p>• A teoria dos motivos determinantes significa que, uma vez motivado o ato, a sua validade se vincula aos</p><p>motivos indicados como seu fundamento. Assim, se os motivos indicados forem inexistentes ou faltos,</p><p>consequentemente o ato será nulo. Logo, se a administração faz a motivação, o ato somente será válido</p><p>se os motivos indicados forem verdadeiros.</p><p> Mesmo nas situações excepcionais em que a prática do ato independe da exposição dos motivos,</p><p>caso o agente público opte por descrever a situação de fato que fundamentou a prática do ato, a sua</p><p>validade estará vinculada à verificação da realidade dos fatos indicados ou da sua correspondência</p><p>com a realidade.</p><p>• Essa teoria se aplica:</p><p> a) aos atos discricionários ou vinculados;</p><p> b) quando a motivação for obrigatória ou não.</p><p>6.1.4.2 - Vício de motivo</p><p>• O vício no motivo é sempre insanável, não sendo cabível a convalidação do ato administrativo.</p><p>• O motivo do ato administrativo pode apresentar três espécies de vício:</p><p>MOTIVO FALSO se a administração pune um servidor sob a alegação de que o servidor</p><p>cometeu a infração “X”, mas na verdade ele cometeu outro tipo de infração,</p><p>então o motivo será falso.</p><p>MOTIVO INEXISTENTE o motivo indicado pelo agente público para a prática do ato administrativo</p><p>não existe, ou seja, o fato previsto na lei que ensejou a prática do ato não</p><p>ocorreu;</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 79</p><p>79</p><p>405</p><p>MOTIVO ILEGÍTIMO</p><p>(OU JURIDICAMENTE</p><p>INADEQUADO)</p><p>trata-se do enquadramento errôneo do fato na hipótese prevista na norma.</p><p>Neste caso, existe um fato, mas ele não é apto a ensejar a conduta adotada</p><p>pela Administração. Por exemplo, uma autoridade demite um servidor</p><p>público por ele “ser muito alto”.</p><p>• ATENÇÃO: Se o ato dispensa motivação, mas a Administração o faz indicando um motivo falso, o ato</p><p>será nulo por vício no elemento motivo. Porém, se é imprescindível a motivação e a Administração não</p><p>expõe os motivos de fato e de direito, o ato será nulo no elemento forma.</p><p>6.1.5 – Objeto</p><p>• O objeto ou conteúdo é o efeito jurídico produzido pelo ato administrativo. Em outras palavras, o</p><p>objetivo é o direito que o ato efetivamente cria, extingue, modifica ou declara. Assim, é aquilo que o ato</p><p>enuncia, prescreve ou dispõe.</p><p> Assim, é objeto do ato de concessão de uma licença a própria concessão da licença. Nos atos</p><p>vinculados, a um motivo corresponde um único objeto; verificado o motivo, a prática do ato (com</p><p>aquele conteúdo estabelecido na lei) é obrigatória.</p><p> Nos atos discricionários, há liberdade de valoração do motivo e, como resultado, escolha do objeto,</p><p>dentre os possíveis, autorizados na lei; o ato só será praticado se e quando a administração o</p><p>considerar oportuno e conveniente, e com o conteúdo escolhido pela administração, nos limites da</p><p>lei.</p><p>• Para que um objeto seja válido, ele deve ser:</p><p> lícito (conforme a lei);</p><p> possível (realizável no mundo dos fatos e do direito) – por exemplo, não se pode conceder licença a</p><p>um servidor falecido, uma vez que este objeto não é possível;</p><p> Determinado ou determinável (definido quanto ao destinatário, aos efeitos, ao tempo e ao lugar); e</p><p> moral (em consonância com os padrões comuns de comportamento, aceitos como corretos, justos e</p><p>éticos).</p><p>6.1.5.1 - Vício de objeto</p><p>• O vício de objeto é insanável, não sendo cabível a convalidação do ato administrativo.</p><p>• O vício no elemento objeto pode ocorrer quando:</p><p>PROIBIDO POR LEI OU</p><p>COM CONTEÚDO NÃO</p><p>PREVISTO EM LEI</p><p>Considera-se proibido ou não previsto em lei o ato cujo conteúdo destoa do</p><p>previsto na legislação. Por exemplo: no âmbito federal, o limite da pena de</p><p>suspensão é de até noventa dias; se a autoridade suspender o servidor por</p><p>cento e vinte dias o ato terá vício de objeto;</p><p>DIVERSO DO</p><p>PREVISTO NA LEI</p><p>PARA A SITUAÇÃO</p><p>O objeto será diverso do que está previsto na lei para a situação quando a</p><p>autoridade editar um ato, quando a lei prevê outro. Por exemplo: aplicar a</p><p>pena de demissão quando a lei define a pena de suspensão;</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 80</p><p>80</p><p>405</p><p>IMPOSSÍVEL O objeto impossível é aquele que não tem como ser implementado. Por</p><p>exemplo: conceder licença para tratamento de saúde a servidor já falecido.</p><p>IMORAL Será imoral o objeto que contrariar os deveres de honestidade, ética,</p><p>moralidade, etc. Por exemplo: nomear um parente para ocupar um cargo em</p><p>comissão (nepotismo) viola os deveres de honestidade, constituindo vício de</p><p>objeto.</p><p>INCERTO EM RELAÇÃO</p><p>AOS DESTINATÁRIOS,</p><p>ÀS COISAS, AO</p><p>TEMPO, AO LUGAR</p><p>Será incerto em relação aos destinatários, às coisas, ao tempo e ao lugar</p><p>quando não definir exatamente a sua aplicação. Por exemplo: a nomeação</p><p>sem dizer quem é o nomeado; a concessão de uso de bem público sem definir</p><p>qual é o bem; a abertura de prazo para consulta pública sem definir quando;</p><p>o agendamento de uma reunião sem definir o local de sua realização.</p><p>6.1.6 - Vinculação x Discricionariedade</p><p>• Nos atos administrativos vinculados, todos os elementos encontram-se peremptoriamente definidos</p><p>em lei, devendo a Administração seguir exatamente o que o ordenamento jurídico define.</p><p>• Entretanto, nos atos administrativos de competência discricionária, os elementos motivo e objeto</p><p>poderão ser discricionários, cabendo ao Administrador ponderar, por meio dos critérios da conveniência</p><p>e oportunidade, qual motivo e/ou qual objeto deve ser adotado para melhor atender o interesse público.</p><p> Essa margem de escolha quanto ao motivo e ao objeto do ato administrativo configura o mérito</p><p>administrativo, que consiste no poder conferido pela lei ao agente público para que decida sobre a</p><p>conveniência e oportunidade em praticar o ato e definir o seu objeto dentro dos limites da lei.</p><p> Assim, pode-se dizer que somente existe mérito administrativo nos atos discricionários. Além disso,</p><p>ainda quando o ato for discricionário, os elementos da competência, finalidade e forma serão</p><p>sempre vinculados, não havendo qualquer margem de escolha para o administrador quanto a esses</p><p>requisitos.</p><p>• A definição do mérito administrativo é importante, pois o Poder Judiciário não pode apreciar aspectos</p><p>relacionados à escolha do administrador quanto à conveniência e oportunidade do ato administrativo,</p><p>sob pena de substituir o agente público competente e violar o princípio da harmonia entre os poderes..</p><p>6.2 – ATRIBUTOS OU CARACTERÍSTICAS DO ATO ADMINISTRATIVO</p><p>• Os atributos ou características dos atos administrativos são as qualidades que os diferem dos atos</p><p>privados. São, portanto, as características que permitem afirmar que o ato se submete ao regime jurídico</p><p>de direito público.</p><p> Apesar das divergências, existem quatro atributos dos atos administrativos:</p><p>➢ a) presunção de legitimidade ou veracidade;</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 81</p><p>81</p><p>405</p><p>➢ b) imperatividade;</p><p>➢ c) autoexecutoriedade;</p><p>➢ d) tipicidade.</p><p>PRESUNÇÃO DE</p><p>LEGITIMIDADE OU</p><p>VERACIDADE</p><p>▪ Esse é o atributo pelo qual o ato administrativo se presume verdadeiro e</p><p>legítimo. Em outras palavras, é o atributo que concede ao ato administrativo a</p><p>chamada fé pública. Trata-se de atributo que consta em todos os atos.</p><p>▪ Um dos efeitos dessas presunções é o de permitir que o ato opere efeitos</p><p>imediatos, ainda que eivados de vícios ou defeitos.</p><p>▪ A presunção dos atos administrativos é RELATIVA ou IURIS TANTUM. Dessa</p><p>110</p><p>7.6.7 - Intervenção .......................................................................................................................................................... 112</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 5</p><p>5</p><p>405</p><p>7.6.9 – Fiscalização do contrato ..................................................................................................................................... 113</p><p>7.6.10 - Remuneração da concessionária e permissionária .......................................................................................... 113</p><p>7.6.11 - Extinção da Concessão e da permissão............................................................................................................. 117</p><p>7.7 - Parcerias Público-Privadas (LEI 11.079/2004) ................................................................................... 121</p><p>7.7.1 - São espécies de Parcerias Público-Privadas: ....................................................................................................... 121</p><p>7.7.2 – Características das Parcerias Público-Privadas: ................................................................................................. 122</p><p>7.7.3 - Sociedade de Propósito Específico ...................................................................................................................... 125</p><p>8 - Licitações e contratos administrativos (Lei 14.133/2021). ....................................................................... 126</p><p>8.1 – Aplicação da Lei ................................................................................................................................. 128</p><p>8.2 – Objetivos da Lei de Licitações ............................................................................................................ 130</p><p>8.3 – Princípios da Lei de Licitações - ART. 5º ............................................................................................ 131</p><p>8.4 - Dos Agentes Públicos na Licitação ..................................................................................................... 140</p><p>8.4.1 - Condução da licitação (Atores da licitação) ........................................................................................................ 140</p><p>8.5 - Modalidades de Licitação .................................................................................................................. 143</p><p>8.6 - Critérios de Julgamento (Tipos de Licitação) ..................................................................................... 150</p><p>8.7 - Paralelo entre os critérios de julgamento e as modalidades de licitação.......................................... 155</p><p>8.8 - Contratação direta (dispensa e inexigibilidade de licitação) ............................................................. 155</p><p>8.9 - Procedimentos auxiliares da licitação ................................................................................................ 166</p><p>8.10 - Fases da Licitação ............................................................................................................................ 174</p><p>8.10.1 – Fase Preparatória ou interna ............................................................................................................................ 175</p><p>8.10.2 – Divulgação do edital de licitação ...................................................................................................................... 180</p><p>8.10.3 – Julgamento ........................................................................................................................................................ 184</p><p>8.10.4 – Habilitação ........................................................................................................................................................ 187</p><p>8.10.5 – Recursal ............................................................................................................................................................. 193</p><p>8.10.6 – Encerramento da licitação ................................................................................................................................ 194</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 6</p><p>6</p><p>405</p><p>8.11 - Disposições Setoriais ........................................................................................................................ 195</p><p>8.11.1 – Compras (arts. 40-44) ....................................................................................................................................... 196</p><p>8.11.2 - Obras e serviços de engenharia (arts. 45-46) ................................................................................................... 200</p><p>8.11.3 - Serviços em geral (arts. 47-50) .......................................................................................................................... 203</p><p>8.12 – Contratos Administrativos ............................................................................................................... 206</p><p>8.12.1 - Características dos contratos administrativos .................................................................................................. 207</p><p>8.12.2 – Convocação do licitante vencedor ................................................................................................................... 209</p><p>8.12.3 – Publicidade dos contratos administrativos (Requisito de Eficácia) ................................................................. 210</p><p>8.12.4 – Instrumento de contrato .................................................................................................................................. 210</p><p>8.12.5 – Formalização dos contratos e cláusulas essenciais .......................................................................................... 211</p><p>8.12.6 – Cláusulas Exorbitantes (Prerrogativas da Administração) ............................................................................... 211</p><p>8.12.7 – Duração dos contratos...................................................................................................................................... 217</p><p>9 - Agentes Públicos. ...................................................................................................................................... 222</p><p>9.1 - Classificação ....................................................................................................................................... 223</p><p>9.2 - Acessibilidade aos Cargos e Empregos Públicos ................................................................................ 228</p><p>9.2.1 - Requisitos de acesso aos cargos e empregos públicos ....................................................................................... 228</p><p>9.2.2 - Momento da comprovação dos requisitos ......................................................................................................... 229</p><p>9.2.3 - Concurso público ................................................................................................................................................. 230</p><p>9.3 - Estabilidade, efetividade e vitaliciedade ............................................................................................ 238</p><p>9.4 - Acumulação de cargos e empregos públicos ..................................................................................... 240</p><p>9.5 - Provimento ......................................................................................................................................... 242</p><p>9.5.1 – Investidura, posse, exercício e vacância ............................................................................................................ 246</p><p>9.5.2 – Desinvestidura ....................................................................................................................................................</p><p>forma, a Presunção do ato não é absoluta ou jure et de jure.</p><p>▪ Por este motivo, tem-se entendido que outro efeito é a inversão do ônus da</p><p>prova, ou seja, quem deve demonstrar a existência de vício no ato é o</p><p>administrado, não a Administração.</p><p>▪ É verificada sob dois aspectos:</p><p>a) Presunção de legalidade/legitimidade: presume-se que o ato administrativo</p><p>praticado pelo agente público está de acordo com o ordenamento jurídico</p><p>como um todo, significando que a interpretação da norma jurídica realizada</p><p>pela Administração foi correta. Por este motivo, o ato é considerado válido até</p><p>prova em sentido contrário.</p><p>b) Presunção de veracidade: os fatos afirmados pela Administração na prática</p><p>do ato são presumidos existentes e verdadeiros até prova em contrário.</p><p>IMPERATIVIDADE ▪ É o atributo pelo qual os atos administrativos se impõem a terceiros</p><p>independente da sua concordância, criando obrigações ou impondo restrições.</p><p>▪ Decorre do princípio da supremacia do interesse público e também do</p><p>chamado “poder extroverso” que é a prerrogativa dada ao Poder Público de</p><p>impor, de modo unilateral, obrigações a terceiros, inclusive aos sujeitos que</p><p>estão fora do âmbito interno da Administração.</p><p>▪ Não consta em todos os atos: somente nos que impõem obrigações;</p><p>▪ Não consta em atos que concedem direitos, negociais e enunciativos.</p><p>AUTOEXECUTORIEDADE ▪ É a característica que permite a execução direta, imediata e forçada, sem a</p><p>necessidade de prévia autorização do Poder Judiciário, de um ato</p><p>administrativo.</p><p>▪ Assim como a imperatividade, o atributo da autoexecutoriedade não existe e</p><p>todos os atos, sendo possível apenas:</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 82</p><p>82</p><p>405</p><p>(i) Quando expressamente prevista em lei;</p><p>(ii) Quando tratar-se de medida urgente.</p><p>▪ Vale destacar que a Administração Pública pode, caso entenda conveniente,</p><p>buscar autorização judicial para a prática do ato. Todavia, trata-se de uma</p><p>faculdade do poder público, para conferir maior segurança jurídica ao ato,</p><p>sendo que poderia tomar providências sem a intervenção judicial.</p><p>▪ A doutrina desdobra a autoexecutoriedade em dois atributos, são eles:</p><p>(i) Exigibilidade: a Administração pode usar meios indiretos de coação, como</p><p>aplicação de multas ou de outras penalidades; e</p><p>(ii) Executoriedade: é a possibilidade de a própria Administração praticar o ato</p><p>ou compelir, direta e materialmente, o administrado a praticá-lo. Emprega</p><p>meios coercitivos diretos, como: demolição de obra irregular e dissipação de</p><p>passeata.</p><p>▪ Um exemplo de ato sem executoriedade é a cobrança de multas</p><p>administrativas não pagas espontaneamente pelo particular. Neste caso, se</p><p>os devedores não pagarem de forma voluntaria, haverá a necessidade de</p><p>execução pelo judiciário.</p><p>TIPICIDADE ▪ A tipicidade é o atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a</p><p>figuras previamente definidas em lei como aptas a produzir determinados</p><p>resultados.</p><p>▪ Este atributo está relacionado com o princípio da legalidade, determinando</p><p>que a administração só pode agir quando houver lei determinando ou</p><p>autorizando. Logo, para cada finalidade que a administração pretenda</p><p>alcançar, deve existir um ato definido em lei.</p><p>▪ Di Pietro apresenta uma dupla aplicação da tipicidade:</p><p>a) Garantia ao administrado de que a Administração não vai praticar um ato,</p><p>de forma unilateral e coercitiva, sem prévia previsão legal;</p><p>b) Afasta a prática de um ato totalmente discricionário ou arbitrário, uma vez</p><p>que os atos praticados estarão previstos em lei, que estabelecerá os limites e</p><p>parâmetros.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 83</p><p>83</p><p>405</p><p>6.3 – CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS</p><p>• Conforme o parâmetro, as Constituições podem ser classificadas de diversas maneiras, como será visto</p><p>a seguir.</p><p>➢ Quanto à liberdade de ação:</p><p>ATOS VINCULADOS ATOS DISCRICIONÁRIOS</p><p>São aqueles praticados sem margem de liberdade</p><p>de decisão, uma vez que a lei determinou o único</p><p>comportamento possível a ser obrigatoriamente</p><p>adotado é sempre aquele em que se configure a</p><p>situação objetiva prevista na lei, definindo todos os</p><p>elementos de formação.</p><p>São aqueles em que a lei não define todos os</p><p>elementos, deixando margem de liberdade para a</p><p>autoridade valorar os motivos e definir o objeto do</p><p>ato.</p><p>➢ Quanto aos destinatários:</p><p>ATOS GERAIS ATOS INDIVIDUAIS</p><p>São aqueles expedidos sem destinatários</p><p>determinados, dotados de “generalidade e</p><p>abstração”, com finalidade normativa, alcançando</p><p>todos os sujeitos que se encontrem na mesma</p><p>situação. Também são chamados de atos abstratos,</p><p>impróprios ou normativos. O conteúdo desses atos</p><p>é discricionário.</p><p>Exemplos: regulamentos, instruções normativas,</p><p>portarias, resoluções e circulares.</p><p>São os atos que produzem efeitos jurídicos no caso</p><p>concreto. Regulam situações concretas e tem</p><p>destinatários certos. Também são chamados de</p><p>atos concretos ou próprios. Pode ter um único</p><p>destinatário (ato singular) ou vários destinatários</p><p>determinados (ato plúrimo).</p><p>Exemplos: nomeação, exoneração, tombamento,</p><p>autorização, licença.</p><p>➢ Quanto ao alcance:</p><p>INTERNOS EXTERNOS</p><p>São aqueles que produzem efeitos apenas no</p><p>âmbito interno da Administração Pública,</p><p>vinculando os órgãos e agentes públicos a ele</p><p>sujeitos. Não afetam a esfera jurídica dos</p><p>particulares, tendo em vista que não lhes confere</p><p>direitos ou impõe obrigações. Podem ser</p><p>revogados a qualquer momento (exemplo: punição</p><p>disciplinar, instrução normativa etc.).</p><p>Produzem efeitos na esfera jurídica dos</p><p>particulares, conferindo-lhes direitos ou impondo</p><p>obrigações. Alcançam os administrados, os</p><p>contratantes e, em certa medida, os servidores</p><p>públicos (exemplo: decretos, resoluções, licenças,</p><p>autorizações, multas de trânsito).</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 84</p><p>84</p><p>405</p><p>Por se tratar de ato interno, em regra, dispensam</p><p>a publicação em meio oficial, salvo disposição legal</p><p>em sentido contrário. Entretanto, a publicidade é a</p><p>regra na Administração. Por este motivo, deve-se</p><p>conferir publicidade ao ato no interior das</p><p>repartições, o que pode ocorrer por meio de</p><p>boletins, circulares, e-mails etc.</p><p>A publicação oficial é condição de eficácia do ato</p><p>se gerar direitos ou impor obrigações para os</p><p>administrados ou onerar o patrimônio público.</p><p>➢ Quanto à formação de vontade:</p><p>SIMPLES COMPLEXOS COMPOSTOS</p><p>É o que resulta da manifestação</p><p>de vontade de um único órgão,</p><p>seja ele unipessoal ou colegiado.</p><p>Não importa o número de</p><p>agentes que participa do ato, mas</p><p>sim que se trate de uma vontade</p><p>unitária.</p><p>Dessa forma, será ato</p><p>administrativo simples tanto o</p><p>despacho de um chefe de seção</p><p>como a decisão de um conselho</p><p>de contribuintes.</p><p>É aquele que exige a</p><p>manifestação de vontade de dois</p><p>ou mais órgãos diferentes e</p><p>autônomos entre si.</p><p>Antes da emissão de todas as</p><p>manifestações exigidas, o ato não</p><p>é considerado perfeito, isto é, o</p><p>ato ainda não está formado ou</p><p>completo – não entrou no plano</p><p>da existência.</p><p>Trata-se de um único ato que, por</p><p>sua vez, será formado por mais de</p><p>uma manifestação autônoma.</p><p>Por este motivo, o ato complexo</p><p>somente poderá ser objeto de</p><p>impugnação após a emissão de</p><p>todas as manifestações exigidas,</p><p>momento em que estará</p><p>concluído/aperfeiçoado.</p><p>É aquele produzido pela</p><p>manifestação de vontade de</p><p>apenas um órgão, mas que</p><p>depende de outro ato que o</p><p>aprove para produzir seus efeitos</p><p>jurídicos (condição de</p><p>exequibilidade).</p><p>Assim, no ato composto teremos</p><p>dois atos: o principal e o</p><p>acessório ou instrumental.</p><p>Essa é uma diferença importante,</p><p>pois o ato complexo é um único</p><p>ato, mas que depende da</p><p>manifestação de</p><p>vontade de</p><p>mais de um órgão</p><p>administrativo; enquanto o ato</p><p>composto é formado por dois</p><p>atos.</p><p>Cumpre frisar que o ato acessório</p><p>pode ser prévio (funcionando</p><p>como uma autorização) ou</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 85</p><p>85</p><p>405</p><p>Os prazos para impugnação do</p><p>ato só começam a ser contados</p><p>após a sua formação, ou seja,</p><p>após todas as declarações</p><p>exigidas.</p><p>posterior (com a função de dar</p><p>eficácia ou exequibilidade ao ato</p><p>principal).</p><p>O que é efeito prodrômico do ato administrativo?</p><p>O efeito prodrômico ou preliminar é um efeito atípico dos atos administrativos complexos e</p><p>compostos, que surge durante a formação do ato administrativo.</p><p>Conforme classificação doutrinária, os efeitos prodrômicos se fazem presentes quando, uma</p><p>vez praticado o ato, é necessária nova atuação por parte da Administração Pública, seja pelo</p><p>mesmo órgão ou por entidade diversa.</p><p>Dessa forma, quando o primeiro órgão se manifesta acerca de um ato, surge a obrigação do outro</p><p>também se manifestar. A essa vinculação do ato da primeira autoridade à necessidade de</p><p>manifestação da segunda autoridade é chamado de efeito prodrômico.</p><p>É o caso, por exemplo, da obrigação de o Senado Federal proceder à Sabatina de Ministro do STF</p><p>indicado pelo Presidente da República (ato composto), ou, então, de o Tribunal de Contas</p><p>apreciar a aposentadoria de servidor público já concedida pelo órgão administrativo competente</p><p>(ato complexo).</p><p>➢ Quanto aos efeitos:</p><p>ATO CONSTITUTIVO ATO MODIFICATIVO ATO EXTINTIVO ATO DECLARATÓRIO</p><p>é aquele que cria uma</p><p>nova situação jurídica</p><p>para o destinatário em</p><p>relação à administração.</p><p>Essa nova situação</p><p>poderá constituir um</p><p>direito ou uma</p><p>obrigação.</p><p>é aquele que apenas</p><p>altera uma situação</p><p>jurídica preexistente,</p><p>sem criar ou extinguir</p><p>direitos ou obrigações.</p><p>também chamado de</p><p>desconstitutivo, é</p><p>aquele que encerra uma</p><p>situação jurídica</p><p>individual..</p><p>apenas reconhece uma</p><p>situação preexistentes,</p><p>visando a preservar os</p><p>direitos ou a possibilitar</p><p>o seu exercício. Assim,</p><p>os atos declaratórios</p><p>atestam um fato ou</p><p>situação, mas sem criar,</p><p>extinguir ou modificar</p><p>direitos por si sós.</p><p>➢ Quanto à exequibilidade:</p><p>ATO PERFEITO É aquele que completou o seu ciclo de formação. Portanto, todas as etapas</p><p>necessárias à formação do ato foram realizadas. Diz-se, então, que o ato está pronto.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 86</p><p>86</p><p>405</p><p>Por outro lado, o ato imperfeito é aquele cujo ciclo de formação ainda não se</p><p>completou. Por exemplo, ainda falta uma assinatura ou ainda falta a manifestação</p><p>de vontade de outro órgão (como ocorre nos atos complexos).</p><p>ATO EFICAZ É aquele que é idôneo para produzir os seus efeitos, podendo atingir o fim para o</p><p>qual foi editado. Normalmente, afirma-se que o ato eficaz independe de evento</p><p>posterior para produzir os seus efeitos, como uma condição suspensiva, ou um</p><p>termo inicial ou um ato de controle (homologação, ratificação, etc.).</p><p>Esses atos também são conhecidos como “exequíveis”.</p><p>ATO PENDENTE É aquele que, apesar de pronto (perfeito), não está produzindo os seus efeitos, pois</p><p>depende de condição suspensiva ou termo para produzir os seus efeitos. Logo,</p><p>enquanto o ato eficaz é apto a produzir os seus efeitos, o ato pendente ainda não os</p><p>está produzindo, já que depende da consumação de sua condição ou do termo.</p><p>O ato pendente é denominado, por parcela da doutrina, de atos inexequíveis.</p><p>ATO CONSUMADO</p><p>OU EXAURIDO</p><p>É o ato que já produziu todos os efeitos a que estava destinado a produzir,</p><p>esgotando todas as possibilidades nele previstas para constituição, modificação ou</p><p>extinção de situações jurídicas, tornando a decisão administrativa irretratável.</p><p>• O ato administrativo produz efeitos típicos e atípicos:</p><p> Efeitos típicos (próprios): são os efeitos principais, previstos em lei, decorrendo diretamente do ato</p><p>administrativo (ex.: demissão);</p><p> Efeitos atípicos (impróprios): são os efeitos secundários e subdividem-se em duas categorias:</p><p>➢ a) Efeitos preliminares (ou prodrômico): são os efeitos verificados enquanto persiste a situação</p><p>de pendência do ato, isto é, durante o período intercorrente, desde a produção do ato até o início</p><p>de produção de seus efeitos típicos. Ocorre nos atos administrativos que dependem de duas</p><p>manifestações de vontade. Esse efeito se configura como o dever da segunda autoridade se</p><p>manifestar, quando a primeira já o fez. É um efeito secundário que vem antes do</p><p>aperfeiçoamento do ato (ex.: a elaboração do parecer, quando sujeito ao controle de outro órgão,</p><p>produz o efeito de obrigar a emissão do ato de aprovação ou rejeição pela autoridade superior);</p><p>➢ b) Efeitos reflexos: são aqueles que também atingem outra relação jurídica, ou seja, são os</p><p>efeitos produzidos em relação a terceiros estranhos à relação jurídica formalizada entre a</p><p>Administração e o destinatário principal do ato (ex.: desapropriação de imóvel locado a terceiro.</p><p>O efeito é a aquisição da propriedade pelo Poder Público e a perda pelo proprietário, mas o</p><p>locatário sofrerá o efeito reflexo da perda da posse do bem).</p><p>➢ Quanto às prerrogativas ou imperatividade:</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 87</p><p>87</p><p>405</p><p>ATO DE GESTÃO ATO DE IMPÉRIO (OU PRÓPRIO) ATO DE EXPEDIENTE</p><p>A Administração pratica na</p><p>qualidade de gestora de seus</p><p>bens e serviços sem usar de sua</p><p>supremacia, assemelhando-se</p><p>aos atos praticados pelas pessoas</p><p>privadas.</p><p>Exemplo: aluguel de um imóvel</p><p>pertencente a particular.</p><p>São aqueles que a Administração</p><p>pratica usando de sua supremacia</p><p>sobre os administrados, criando</p><p>obrigações e restrições de forma</p><p>unilateral.</p><p>Exemplos: desapropriação,</p><p>interdição de estabelecimento.</p><p>Visam dar andamento aos</p><p>processos e papéis da</p><p>Administração. São atos de rotina</p><p>interna e sua principal</p><p>característica é ausência de</p><p>conteúdo decisório.</p><p>Exemplo: protocolo.</p><p>➢ Quanto aos requisitos de validade:</p><p>ATO VÁLIDO É aquele que está em perfeita harmonia com o ordenamento jurídico, tendo</p><p>respeitado todas as normas aplicáveis.</p><p>ATO NULO É o ato que possui um defeito/vício insanável e, assim sendo, não pode ser</p><p>convalidado.</p><p>Trata-se de um defeito substancial, normalmente relacionado a um dos elementos</p><p>constitutivos do ato, estando em desconformidade com a lei ou com os princípios</p><p>jurídicos aplicáveis.</p><p>Vale destacar que, até que a nulidade seja declarada, o ato administrativo</p><p>permanece produzindo efeitos regularmente, em virtude do atributo de presunção</p><p>de legitimidade inerente aos atos desta natureza.</p><p>Entretanto, uma vez declarada a sua nulidade, esta produzirá em regra efeitos ex</p><p>tunc, isto é, a anulação retroage até a data da vigência do ato, desconstituindo os</p><p>efeitos produzidos e impedindo a produção de efeitos posteriores.</p><p>Não obstante, os efeitos que tenham beneficiado terceiros de boa-fé devem ser</p><p>mantidos em respeito ao princípio da segurança jurídica.</p><p>ATO ANULÁVEL É aquele que apresenta defeito sanável, ou seja, passível de convalidação, desde</p><p>que não acarrete prejuízos a terceiros nem ao interesse público.</p><p>São sanáveis os vícios de competência (exceto em razão da matéria ou de</p><p>competência exclusiva) e o vício de forma (exceto quando a lei estabelecer uma</p><p>forma como essencial à prática do ato).</p><p>ATO INEXISTENTE É aquele que não possui os elementos básicos do ato administrativo. Possui apenas</p><p>aparência de manifestação de vontade da Administração.</p><p>Prevalece que nos atos inexistentes nenhum efeito pode ser validamente mantido,</p><p>nem mesmo perante os terceiros de boa-fé, tendo em vista que o ato nunca existiu</p><p>juridicamente.</p><p>O que pode ocorrer é o dever de indenizar por parte da Administração</p><p>Pública caso</p><p>seja comprovada a sua omissão culposa. Entretanto, a indenização não é um efeito</p><p>do ato inexistente, mas da conduta da Administração.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 88</p><p>88</p><p>405</p><p>6.4 - ESPÉCIES DE ATOS ADMINISTRATIVOS</p><p>ATOS NORMATIVOS ▪ Os atos normativos têm efeito geral e abstrato, não possuindo destinatários</p><p>certos, são os chamados atos gerais.</p><p>▪ São atos administrativos apenas em sentido formal, eis que materialmente são</p><p>verdadeiras normas jurídicas. Porém, não podem inovar no ordenamento.</p><p>▪ Exemplos:</p><p>(i) decretos: manifestação de vontade dos chefes do Executivo;</p><p>(ii) regulamentos: detalham os mandamentos da lei;</p><p>(iii) instruções normativas: expedidos pelos Ministros de Estado.</p><p>ATOS ORDINATÓRIOS ▪ São atos com efeitos internos - endereçados aos servidores - que visam</p><p>disciplinar o funcionamento da Administração e a conduta funcional dos agentes.</p><p>▪ Possuem fundamento no poder hierárquico e não atingem os particulares em</p><p>geral.</p><p>▪ Por se tratar de ato interno, dirigidos aos agentes públicos e não produzindo</p><p>efeitos diretos em relação aos administrados, em regra, não há necessidade de</p><p>publicidade em meio oficial, bastando a publicidade interna que alcance os</p><p>agentes destinatários.</p><p>▪ Exemplos: (i) portarias: trazem determinação geral ou especial aos que a ela se</p><p>submetem; (ii) circulares internas: para transmitir ordens internas a fim de</p><p>uniformizar o tratamento de determinando assunto; (iii) ordens de serviço; (iv)</p><p>avisos e outros.</p><p>ATOS NEGOCIAIS ▪ São aqueles em que a vontade da Administração coincide com o interesse do</p><p>administrado.</p><p>▪ Pressupõem o pedido do interessado. São editados em situação em que o</p><p>ordenamento jurídico exige que o particular obtenha anuência prévia da</p><p>administração para o exercício da atividade desejada.</p><p>▪ Não são atos bilaterais. São manifestações unilaterais da Administração</p><p>Pública.</p><p>▪ Esses atos estabelecem efeitos jurídicos entre Administração Pública e</p><p>particular, impondo a ambos observância de seu conteúdo e respeito às</p><p>condições.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 89</p><p>89</p><p>405</p><p>▪ Não cabe falar em imperatividade nem autoexecutoriedade nos atos negociais,</p><p>eis que não é um ato imposto ao particular.</p><p>▪ As principais espécies de atos negociais são:</p><p>(i) licença: é ato administrativo unilateral, vinculado e definitivo que reconhece</p><p>um direito subjetivo do interessado.</p><p>Atendidos esses requisitos, a concessão da licença será obrigatória, vinculada, ou</p><p>seja, não poderá ser indeferido o pedido pela simples conveniência e</p><p>oportunidade. Direito subjetivo significa que há um direito do sujeito, ou seja, da</p><p>pessoa interessada. Dessa forma, se o pedido não for deferido no prazo ou até</p><p>mesmo se for negado, mesmo com o destinatário atendendo aos requisitos</p><p>legais, será possível interpor uma ação judicial pleiteando a concessão da licença,</p><p>por meio de mandado de segurança. A licença, ademais, tem caráter definitivo.</p><p>Assim, não é passível de revogação, mas poderá ser desfeita por cassação</p><p>(quando violado algum requisito para a sua manutenção), ou por anulação, em</p><p>caso de ilegalidade na sua concessão. Por fim, a lei poderá fixar um prazo de</p><p>eficácia para a licença, como ocorre com a licença para dirigir.;</p><p>(ii) autorização: é ato administrativo unilateral, discricionário e precário por</p><p>meio do qual a administração faculta ao particular o exercício de uma atividade</p><p>ou a utilização de um bem público.</p><p>Na autorização, além de analisar os requisitos definidos em lei, a administração</p><p>deverá avaliar a conveniência e oportunidade da sua emissão. Logo, o juízo será</p><p>discricionário. Outra característica da autorização é a sua precariedade, ou seja,</p><p>é passível de revogação a qualquer tempo.</p><p>(iii) permissão: ato administrativo unilateral, discricionário e precário pelo qual</p><p>a Administração faculta ao particular uso de bem público no interesse público</p><p>(Vale destacar que a permissão de serviço público, prevista na lei 8.987/95 (art.</p><p>2º, IV e art. 40) não é espécie de ato negocial, mas sim um contrato</p><p>administrativo).</p><p>Em regra, a permissão não terá prazo definido e poderá ser revogada a qualquer</p><p>tempo, sem direito à indenização.</p><p>Permissão condicionada: pode ter prazo e garantias especiais; o poder de</p><p>revogar poderá ser limitado, exigindo indenização.</p><p>Embora sejam similares, distingue-se autorização e permissão com base no</p><p>interesse preponderante. Quanto à permissão, embora a atividade ou uso de</p><p>bem público seja de interesse do particular, o interesse preponderante na</p><p>emissão da vontade é o interesse público. Já quanto à autorização, embora seja</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 90</p><p>90</p><p>405</p><p>atendido de forma mediata o interesse público, prepondera o interesse do</p><p>particular.</p><p>(iv) admissão: ato administrativo vinculado que reconhece o direito ao</p><p>recebimento de determinado serviço público (ex.: admissão em escolas, hospitais</p><p>etc.). Preenchidos os requisitos, a administração deve emitir o ato de admissão</p><p>do particular.</p><p>(v) aprovação: ato discricionário;</p><p>(vi) homologação: ato vinculado.</p><p>ATOS ENUNCIATIVOS ▪ São aqueles que atestam ou certificam uma situação preexistente, profere</p><p>uma opinião ou emite um juízo de valor, sem que, por si só, produza</p><p>consequências jurídicas.</p><p>▪ São considerados atos administrativos apenas em sentido formal, pois são atos</p><p>editados pela administração pública. Contudo, eles não são atos administrativos</p><p>em sentido material, uma vez que não gozam das prerrogativas dos atos</p><p>administrativos típicos.</p><p>▪ Exemplos:</p><p>(i) certidão: é a cópia de informação registradas em algum banco de ados da</p><p>Administração;</p><p>(ii) atestado: é uma declaração referente a uma situação;</p><p>(iii) apostila: ato aditivo usado para corrigir, atualizar ou complementar dados;</p><p>(iv) parecer: é uma manifestação técnica de caráter opinativo emitida por órgão</p><p>especializado;</p><p>O parecer é a espécie de ato enunciativo mais importante para provas de</p><p>concursos públicos, sobretudo para provas de procuradorias.</p><p>Trata-se de um documento técnico de caráter opinativo emitido pelo agente</p><p>público que expressa sua opinião sobre determinada questão fática, técnica ou</p><p>jurídica (ex.: parecer da assessoria jurídica na fase preparatória da licitação – art.</p><p>53, lei 14.133/2021; parecer quanto ao licenciamento ambiental, parecer dos</p><p>engenheiros acerca da viabilidade de uma obra, parecer da junta médica sobre a</p><p>readaptação de servidor etc.).</p><p>De acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, é possível</p><p>classificar o PARECER como: facultativo e obrigatório.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 91</p><p>91</p><p>405</p><p>➢ O parecer facultativo nunca vincula o administrador, se Administração</p><p>consultar o órgão técnico, não estará vinculada à conclusão do</p><p>parecerista. Na lição de José dos Santos Carvalho, este ato reflete um juízo</p><p>de valor, uma opinião do parecerista.</p><p>➢ Já o parecer obrigatório se subdivide em: não-vinculante e vinculante.</p><p> No parecer não-vinculante, a lei exige a emissão do parecer antes</p><p>da tomada de decisão, mas a opinião nele contida não vincula a</p><p>autoridade competente para decidir, que poderá contrariar o</p><p>parecer, desde que de forma motivada. A ausência de solicitação</p><p>ou emissão do parecer é causa de invalidação do procedimento;</p><p> Já o parecer vinculante deve ser obrigatoriamente elaborado, cujo</p><p>teor vincula a autoridade administrativa que terá o dever de acatá-</p><p>lo ou então não decidir. Neste caso, há uma partilha do poder</p><p>decisório entre a autoridade administrativa competente para</p><p>decidir e</p><p>o agente público que emite o parecer.</p><p>➢ Há ainda o parecer normativo: Consiste no parecer que, em razão de ato</p><p>de autoridade superior, ganha caráter de norma, passando a ser</p><p>vinculante para todo o ente público abrangido pela competência da</p><p>autoridade. A sua vinculação não diz respeito apenas a uma relação</p><p>jurídica, mas a todas as outras que se enquadrem na hipótese normativa</p><p>do parecer.</p><p> É o caso, por exemplo, do parecer elaborado pelo Advogado-Geral</p><p>da União e aprovado pelo Presidente da República, na forma do art.</p><p>40, §1º, da Lei Complementar nº 73/1993.</p><p>ATOS PUNITIVOS ▪ Os atos punitivos ou sancionatórios são atos que têm o objetivo de punir ou</p><p>reprimir a prática de infrações administrativas.</p><p>▪ Podemos dividi-los em duas grandes categorias: sanções internas e sanções</p><p>externas:</p><p>➢ As sanções internas são aplicáveis em virtude do regime funcional dos</p><p>servidores. Nesse grupo, encontramos penalidades como a advertência, a</p><p>suspensão, a demissão, etc.</p><p>➢ As sanções externas, por sua vez, tratam da relação entre a administração</p><p>e o administrado e ocorrem quando o destinatário infringe alguma norma</p><p>administrativa. Alguns exemplos são as multas decorrentes do poder de</p><p>polícia, a apreensão de bens e a destruição de coisas.</p><p>▪ Os atos punitivos podem ter como fundamento os poderes disciplinar e de</p><p>polícia. No disciplinar, temos os atos punitivos que alcançam servidores públicos</p><p>e particulares sujeitos à disciplina interna da administração (ex.: uma empresa</p><p>que tenha firmado um contrato administrativo com o poder público). No segundo</p><p>caso, temos as sanções decorrentes do poder de polícia, que alcança toda a</p><p>população, independentemente de qualquer relação específica com o Estado.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 92</p><p>92</p><p>405</p><p>6.5 - EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS</p><p>• Os casos de extinção são situações nas quais o ato deixa de produzir efeitos, sendo retirado do mundo</p><p>jurídico.</p><p>• Pode se dar das seguintes formas:</p><p> 1) Extinção natural: quando o ato já cumpriu os seus efeitos ou pelo advento do termo final ou</p><p>prazo, nos atos sujeitos a termo (ex.: o ato que concede licença paternidade é extinto com o fim do</p><p>prazo estabelecido em lei para a licença, a autorização de uso de bem público por cinco anos é extinta</p><p>após o decurso deste prazo etc.);</p><p> 2) Extinção subjetiva: Ocorre com o desaparecimento da pessoa beneficiária do ato administrativo</p><p>(ex.: falecimento da pessoa autorizada ao uso de bem público, extinção da pessoa jurídica detentora</p><p>de licença para execução de atividade particular etc.);</p><p> 3) Extinção Objetiva: ocorre com o desaparecimento do objeto da relação jurídica (ex.: extinção do</p><p>ato de autorização de uso de bem público no caso em que este foi destruído por incêndio).;</p><p> 4) Renúncia: ocorre quando o próprio particular abre mão do benefício concedido pelo ato. Vale</p><p>ressaltar que se aplica somente para atos ampliativos, que geram direitos a particulares (ex.:</p><p>exoneração a pedido do servidor público que rompe o vínculo funcional com a administração,</p><p>renúncia à autorização de uso de bem público etc.);</p><p> 5) Recusa: É a extinção do ato administrativo antes da produção dos efeitos a que estava destinado,</p><p>também por vontade e iniciativa do administrado beneficiário do ato (ex.: recusa do particular em</p><p>utilizar o bem público que foi objeto da autorização de uso).</p><p> 6) Outras as formas de extinção mais relevantes para fins de prova são denominadas de “retirada”,</p><p>e se subdividem em: CADUCIDADE; CONTRAPOSIÇÃO; CASSAÇÃO; ANULAÇÃO; E REVOGAÇÃO.</p><p>Vamos estudá-los um a um:</p><p>CADUCIDADE ▪ Ocorre quando a retirada se fundamenta em uma nova legislação que impede</p><p>a permanência de uma situação anteriormente consentida pelo Estado.</p><p>▪ Em termos bem simples, trata-se de uma legislação superveniente contrária à</p><p>legislação que fundamentou o ato anterior.</p><p>▪ Logo, a nova norma se opõe ao ato administrativo anteriormente editado. Um</p><p>exemplo seria a outorga de permissão de uso de bem público. Se, depois,</p><p>sobrevier lei proibindo o uso privativo de bens por particulares, o ato será extinto.</p><p>Seria, assim, algo como uma “ilegalidade posterior”.</p><p>▪ Na origem, o ato foi editado regularmente, porém, tornou-se ilegal em virtude</p><p>da alteração legislativa.</p><p>▪ A caducidade se aplica apenas aos atos discricionários e precários, pois não</p><p>geram direito adquirido ao particular. Os atos vinculados geram direito</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 93</p><p>93</p><p>405</p><p>adquirido, devendo ser protegidos mesmo na hipótese de superveniência de</p><p>nova legislação</p><p>▪ A caducidade não se confunde com a anulação, embora, em ambos os casos, o</p><p>ato administrativo seja extinto em virtude de ilegalidade. Porém, na anulação, o</p><p>vício é anterior à prática do ato ou ocorreu durante a sua produção, enquanto</p><p>na caducidade o vício é superveniente, em decorrência do advento de uma nova</p><p>lei.</p><p>CONTRAPOSIÇÃO OU</p><p>DERRUBADA</p><p>▪ Acontece quando é editado um novo ato administrativo, mas com efeitos que</p><p>se contrapõem a um ato anterior. Como exemplo, podemos citar a exoneração,</p><p>cujos efeitos se opõem ao ato anterior: a nomeação.</p><p>▪ A contraposição, portanto, é a extinção do ato administrativo pela</p><p>incompatibilidade material com ato administrativo posterior. Neste caso, a</p><p>Administração edita um novo ato que se contrapõe ao ato anterior, que é extinto.</p><p>▪ Trata-se de verdadeira revogação tácita.</p><p>CASSAÇÃO ▪ É o desfazimento de um ato válido em virtude de descumprimento pelo</p><p>beneficiário das condições que ele deveria manter para continuar gozando do</p><p>ato.</p><p>▪ A cassação tem como características:</p><p>(i) é ato vinculado, pois a cassação somente poderá ocorrer nas hipóteses</p><p>definidas em lei;</p><p>(ii) trata-se de ato sancionatório, pois tem como fundamento as faltas cometidas</p><p>pelo beneficiário do ato.</p><p>Portanto, a cassação funciona como uma sanção contra o administrado por</p><p>descumprir alguma condição necessária para usufruir de um benefício. (ex.: a</p><p>cassação da carteira de motorista por exceder o limite de pontos previstos no</p><p>Código de Trânsito e, após a suspensão do direito de dirigir, for flagrado</p><p>conduzindo veículo automotor).</p><p>▪ Não se confunde com a anulação. Nesta, o vício é anterior à prática do ato ou</p><p>ocorreu durante a sua produção, enquanto na cassação o vício é superveniente,</p><p>em decorrência da perda dos requisitos necessários para a manutenção do ato</p><p>no mundo jurídico por culpa do beneficiário.</p><p>ANULAÇÃO ▪ Também chamada de invalidação, é a extinção do ato administrativo por</p><p>motivo de vício de legalidade ou juridicidade. O ato é inválido por contrariar o</p><p>ordenamento jurídico, precisando ser retirado.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 94</p><p>94</p><p>405</p><p>▪ O vício é originário, congênito, seja porque, na edição do ato, não houve o</p><p>preenchimento dos seus requisitos, seja por conter vício no procedimento de sua</p><p>edição.</p><p>▪ É possível que o vício seja sanável, situação na qual o ato poderá ser</p><p>convalidado, desde que não acarrete prejuízo a terceiros ou lesão ao interesse</p><p>público. Em caso de vício insanável, a anulação é obrigatória – competência</p><p>vinculada –, não cabendo à administração realizar qualquer ponderação em</p><p>relação à extinção. Tomando conhecimento do vício, deve invalidar o ato.</p><p>▪ A invalidação do ato administrativo que tenha repercutido na esfera individual</p><p>de particulares deve ser precedida de procedimento que oportunize o</p><p>contraditório e a ampla defesa pelos interessados. Não pode a Administração</p><p>Pública invalidar o ato de imediato, deve promover um processo administrativo</p><p>com participação dos interessados, sob pena de ofensa à Constituição Federal</p><p>(art. 5º, LV).</p><p>▪ A anulação pode ser feita pela própria</p><p>Administração – autotutela – de ofício</p><p>ou mediante provocação, ou pelo Poder Judiciário, apenas mediante</p><p>provocação.</p><p>▪ O prazo decadencial de 05 anos para a anulação de atos dos quais resultem</p><p>efeitos favoráveis ao Administrado, salvo comprovada má-fé ou ofensa direta à</p><p>Constituição.</p><p>STF possui jurisprudência pacífica no sentido de que os atos</p><p>administrativos flagrantemente inconstitucionais podem ser</p><p>anulados a qualquer tempo, resguardado o direito à ampla defesa e</p><p>contraditório. Exemplo claro é a investidura em cargo público sem</p><p>submissão a concurso público. Nesta hipótese, tanto o STF quanto o</p><p>STJ entendem válida a anulação do ato de investidura em razão de</p><p>flagrante violação do princípio do concurso público (MS 28279).</p><p>▪ A anulação do ato administrativo, seja qual for a espécie do vício verificado</p><p>(sanável ou insanável), como regra geral, retroage os seus efeitos à data da</p><p>prática do ato. Daí ser correto dizer que a anulação, em regra, produz efeitos ex</p><p>tunc (retroativos). Assim, todos os efeitos produzidos pelo ato anulado serão</p><p>desconstituídos, resguardados os efeitos individuais produzidos que</p><p>beneficiaram terceiros de boa-fé.</p><p>▪ Além disso, em regra, a anulação do ato administrativo gera dever de indenizar</p><p>os particulares que sofrerem prejuízos, salvo se contribuíram para a existência</p><p>da ilegalidade.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 95</p><p>95</p><p>405</p><p>REVOGAÇÃO ▪ É a retirada de um ato válido do mundo jurídico por razões de conveniência e</p><p>oportunidade.</p><p>▪ Apenas se aplica aos atos discricionários e depende de prévio procedimento</p><p>que permita o comtraditório e a ampla defesa do interessado.</p><p>▪ A revogação somente produz efeitos a partir do momento em que o ato foi</p><p>revogado, ou seja, efeitos prospectivos (ex nunc), não atinge efeitos produzidos</p><p>anteriormente – não retroage. Além disso, deverão ser respeitados os direitos</p><p>adquiridos pelos interessados.</p><p>▪ É ato privativo da Administração Pública. O Poder Judiciário e o Poder</p><p>Legislativo não revogam atos do Poder Executivo, mas apenas os seus próprios</p><p>atos praticados no exercício de função administrativa atípica.</p><p>▪ Convém destacar que não são passíveis de revogação os:</p><p>➢ Atos consumados: aqueles que já exauriram seus efeitos ou com prazo</p><p>expirado;</p><p>➢ Atos vinculados;</p><p>➢ Atos que já geraram direito adquirido (art. 5º, XXXVI, CF);</p><p>➢ Atos preclusos no processo administrativo: o processo administrativo é</p><p>um procedimento com uma sucessão ordenada de atos administrativos,</p><p>sendo que o ato anterior é pressuposto para a prática do posterior. Neste</p><p>sentido, ao editar um novo ato dentro do procedimento, ocorre a</p><p>preclusão administrativa quanto à etapa anterior;</p><p>➢ Atos declaratórios (“meros atos administrativos”): tendo em vista que se</p><p>limitam a declarar a existência ou não de uma situação e a sua forma</p><p>jurídica, sendo impossível a revogação da realidade;</p><p>➢ Atos opinativos (enunciativos): tendo em vista que não produzem efeitos</p><p>por si só. A revogação tem a finalidade de impedir que um ato continue a</p><p>produzir efeitos.</p><p>6.6 - MODALIDADES DE SANEAMENTO DO ATO ADMINISTRATIVO</p><p>• A doutrina majoritária é adepta da teoria dualista que defende a existência de dois tipos de vício: os</p><p>sanáveis e os insanáveis.</p><p>• Quando o vício for sanável, caracteriza-se a hipótese de nulidade relativa, podendo ser convalidado. Já</p><p>se for insanável, a nulidade é absoluta.</p><p>• Desse modo, um ato administrativo, embora dotado de ilegalidade, pode ser mantido pela Administração</p><p>Pública, através da utilização do instituto da sanatória/convalidação.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 96</p><p>96</p><p>405</p><p>• A convalidação, portanto, é a correção ou regularização do ato administrativo que contenha defeito</p><p>sanável com efeitos retroativos (ex tunc), fazendo com que os efeitos já produzidos permaneçam válidos</p><p>e que o ato continue no mundo jurídico de forma válida.</p><p>• Pode incidir sobre atos vinculados e discricionários, mas a decisão de convalidar ou não é ato</p><p>discricionário da Administração, porém se decidir não convalidar, o ato deve ser anulado, eis que possui</p><p>vício.</p><p>• Há quem aponte uma hipótese se convalidação tácita, ou ainda estabilização de consolidação, quando</p><p>os atos ilegais favoráveis ao administrado não forem anulados dentro do prazo decadencial legal de cinco</p><p>anos.</p><p>• As modalidades de saneamento do ato administrativo são: ratificação, conversão, reforma.</p><p>RATIFICAÇÃO É a modalidade de convalidação de ato viciado relativamente à competência ou à</p><p>forma, mediante declaração expressa da própria autoridade se competente for, ou</p><p>da autoridade que for a competente, confirmando ato anulável considerando-o</p><p>íntegro desde a origem, suprindo requisito ausente ou sanando defeito existente.</p><p>Correção feita no próprio ato viciado, que continua a ser o mesmo.</p><p>A autoridade que deve ratificar pode ser a mesma que praticou o ato anterior ou um</p><p>superior hierárquico, mas o importante é que a lei lhe haja conferido essa</p><p>competência específica.</p><p>Exemplo: um ato com vício de forma pode ser posteriormente ratificado com a</p><p>adoção da forma legal. O mesmo se dá em alguns casos de vício de competência.</p><p>REFORMA Incide sobre atos válidos que são aperfeiçoados por razões de conveniência e</p><p>oportunidade, para melhor atender os interesses públicos. Se dá quando, por ato</p><p>idôneo, se suprime de certo ato administrativo sua parte viciada, ilegal,</p><p>mantendo–se a eficácia da parte não comprometida pela ilegalidade. É claro que</p><p>isso só é possível se o ato puder subsistir sem a parte afetada, obedecendo ainda os</p><p>requisitos de validade da formação do ato.</p><p>Exemplo: ato anterior concedia licença e férias a um servidor; se se verifica depois</p><p>que não tinha direito à licença, pratica-se novo ato retirando essa parte do ato</p><p>anterior e se ratifica a parte relativa às férias.</p><p>CONVERSÃO Se assemelha à reforma. São reaproveitados os elementos válidos de ato nulo, para</p><p>estruturar novo ato, legal, sem convalidar elementos do primeiro (conversão de um</p><p>ato em outro), com retroação dos seus efeitos ao momento da edição do ato</p><p>original. Neste caso, há aproveitamento do ato, porém, é convertido em outro</p><p>mais simples.</p><p>Exemplo: um ato promoveu A e B por merecimento e antiguidade, respectivamente;</p><p>verificando após que não deveria ser B mas C o promovido por antiguidade, pratica</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 97</p><p>97</p><p>405</p><p>novo ato mantendo a promoção de A (que não teve vício) e insere a de C, retirando</p><p>a de B, por ser esta inválida.</p><p>CONFIRMAÇÃO Essa modalidade não é adotada pela doutrina tradicional. Alguns inserem a</p><p>confirmação como sinônimo da ratificação.</p><p>É a decisão da Administração que implica em renúncia ao poder de anular o ato</p><p>ilegal. Na confirmação a administração não corrige o vício do ato. A confirmação</p><p>mantém o ato tal como foi praticado. Somente é possível quando não causar</p><p>prejuízo a terceiros.</p><p>Tem previsão, também, no Código Civil vigente, arts. 172-177, pela qual o negócio</p><p>jurídico anulável pode ser confirmado pelas partes, por declaração que deve conter</p><p>a substância do negócio e a vontade expressa de mantê–lo como está. Será,</p><p>portanto, ato jurídico bilateral de concordância, para negócios jurídicos, e que só os</p><p>interessados (partes) podem concretizar.</p><p>7 - SERVIÇOS PÚBLICOS E SUA CONCESSÃO (LEI 8.987/95).</p><p>PARCERIA PÚBLICO-PRIVADA (LEI Nº 11.079/2004).</p><p>• Trata-se de atividade administrativa pela qual o Poder Público objetiva, direta ou indiretamente,</p><p>satisfazer necessidades coletivas ou individuais dos administrados, sob a incidência total ou parcial de</p><p>um regime de direito público.</p><p>• Marcelo Alexandrino3 traz dois sentidos para</p><p>a expressão serviços públicos:</p><p> Em sentido estrito, serviço público consiste nas atividades, realizadas diretamente pela</p><p>Administração ou por particulares, sob regime de concessão ou permissão, que visam a satisfazer</p><p>concreta e materialmente as necessidades da coletividade. Neste conceito, estariam compreendidas</p><p>a prestação de bens e serviços para atender diretamente a coletividade, mas não as atividades-meio</p><p>da Administração, que atendem indiretamente a coletividade.</p><p> Por outro lado, é chamado de sentido amplo de “serviço público”, toda atividade exercida pelo</p><p>Estado em que inclua o exercício de poder de polícia ou as funções legislativa e jurisdicional.</p><p>• A concessão de serviços públicos, a seu turno, pode ser comum ou especial (Leis de leitura</p><p>imprescindível):</p><p>3 ALEXANDRINO, Marcelo. Vicente Paulo. Direito Administrativo Descomplicado. 25ª ed. p. 827.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 98</p><p>98</p><p>405</p><p> a) Concessão de serviço público ordinária, comum ou tradicional: na qual a remuneração básica</p><p>decorre de tarifa paga pelo usuário ou outra forma de remuneração decorrente da própria</p><p>exploração do serviço (receitas alternativas); é a categoria básica prevista na Lei 8.987/95 e</p><p>legislação esparsa sobre os serviços públicos específicos;</p><p> b) Concessão especial: parcerias público-privadas (lei 11.079/2004). Se subdivide em:</p><p>➢ concessão patrocinada: em que se conjugam a tarifa paga pelos usuários e a contraprestação</p><p>pecuniária do poder concedente (parceiro público) ao concessionário (parceiro privado); ou</p><p>seja, o concessionário (a empresa que explora a atividade) recebe a tarifa do usuário e um</p><p>complemento pago pela Administração;</p><p>➢ concessão administrativa: a remuneração básica é constituída por contraprestação feita pelo</p><p>parceiro público ao parceiro privado;</p><p> De forma simples, na concessão comum, a concessionária recebe uma tarifa do usuário e,</p><p>complementarmente, outras fontes de recursos decorrentes da exploração do serviço. Na concessão</p><p>patrocinada, ocorrerá o pagamento de tarifa pelo usuário e um complemento pago pela</p><p>Administração. Por fim, na concessão administrativa, a remuneração básica do concessionário</p><p>decorre de pagamentos da Administração.</p><p>7.1 - CARACTERÍSTICAS OU ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DOS</p><p>SERVIÇOS PÚBLICOS</p><p>SUJEITO ESTATAL (ELEMENTO</p><p>SUBJETIVO)</p><p>REGIME JURÍDICO DE DIREITO</p><p>PÚBLICO (ELEMENTO FORMAL)</p><p>INTERESSE COLETIVO</p><p>(ELEMENTO OBJETIVO OU</p><p>MATERIAL)</p><p>O Estado assume para si a</p><p>prestação de serviços públicos. É</p><p>o Estado quem cria e regulamenta</p><p>os serviços públicos e quem os</p><p>fiscaliza, motivo pelo qual o</p><p>Constituinte assevera que a</p><p>prestação destes serviços</p><p>“incumbe ao poder público” (CF,</p><p>art. 175). Todavia, a execução do</p><p>serviço pode se dar de forma</p><p>indireta, por meio de delegação,</p><p>não descaracterizando seu</p><p>caráter público;</p><p>A atividade é executada</p><p>essencialmente sob regime de</p><p>direito público. Entretanto, é</p><p>possível observar a incidência de</p><p>normas de caráter privado em</p><p>determinados casos,</p><p>especialmente quando a</p><p>execução se dá de forma indireta</p><p>por parceiros privados;</p><p>o objetivo do serviço público é</p><p>atender as necessidades e</p><p>promover comodidades à</p><p>coletividade, seja de forma direta</p><p>ou indireta.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 99</p><p>99</p><p>405</p><p>7.2 - PRINCÍPIOS</p><p>• A prestação do Serviço Público, como já visto acima, está submetida ao regime de direito público, o que</p><p>significa dizer que as atividades enquadradas como serviços públicos devem obediência aos princípios</p><p>Administrativos já explanados no Capítulo relativo aos princípios.</p><p>• Sendo assim, o Estado deve respeitar os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade,</p><p>publicidade e eficiência, razoabilidade e proporcionalidade, entre outros.</p><p>• Todavia, alguns princípios são definidos pela doutrina e até mesmo pela Lei nº 8.987/95 – que</p><p>regulamenta a prestação dos serviços públicos.</p><p> Conforme a legislação, um serviço público adequado é o que satisfaz as condições de regularidade,</p><p>continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e</p><p>modicidade das tarifas.</p><p>7.1.1 - Dever de prestação do Estado</p><p>• O dever de prestação do Estado é um princípio consagrado pela doutrina, com base na Constituição</p><p>Federal. Por este princípio, o Estado tem o dever – não pode se escusar – de efetivar a prestação do</p><p>serviço público, fazendo-o de forma direta ou até mesmo indireta mediante delegação aos particulares</p><p>por meio de contrato de concessão ou de permissão.</p><p> Infere-se que a execução dos serviços públicos é de responsabilidade do Estado e a sua omissão</p><p>configura abuso de poder ensejando, inclusive, responsabilidade civil. Ademais, se não o fizer,</p><p>dependendo do caso, o administrado poderá mover a ação judicial para compeli-lo a agir ou para</p><p>responsabilizá-los por danos que a omissão possa ter gerado.</p><p> STF: O Estado tem o dever constitucional de garantir o efetivo acesso e atendimento em</p><p>creches e unidades de pré-escola, sob pena de configurar-se inaceitável omissão estatal e</p><p>violação a direito subjetivo, sanável pela via judicial. (...) 3. O Poder Judiciário pode impor à</p><p>Administração Pública a efetivação de matrícula de crianças de zero a cinco anos de idade em</p><p>estabelecimento de educação infantil, sem haja violação ao princípio constitucional da</p><p>separação dos poderes. (RE 1008166, Relator(a): Luiz Fux, Tribunal Pleno, julgado em 22-09-2022</p><p>- Repercussão Geral)</p><p>7.1.2 - Princípio da Universalidade ou Generalidade</p><p>• Conforme tal princípio, o Serviço Público deve ser prestado à coletividade em geral ou, pelo menos, a</p><p>maior quantidade de pessoas possível.</p><p> Ademais, o princípio da generalidade pode ser entendido como princípio da impessoalidade, uma vez</p><p>que os serviços públicos devem ser prestados sem discriminação entre os beneficiários que estejam</p><p>nas mesmas condições técnicas e jurídicas para fruição.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 100</p><p>100</p><p>405</p><p>7.1.3 Princípio da Modicidade (ou modicidade das tarifas)</p><p>• Pelo princípio da modicidade as tarifas, quando forem cobradas, devem ter preços módicos, acessíveis,</p><p>razoáveis. Isso para não excluir ninguém da prestação, afinal cobrar valores elevados desobedece ao</p><p>princípio da generalidade, segundo o qual se deve atender a todos. Não há uma obrigação de gratuidade</p><p>dos serviços.</p><p> Para atingir as tarifas mais baixas, a legislação autoriza, desde que previsto expressamente em edital</p><p>de licitação, que o prestador de serviços busque outras fontes provenientes de receitas alternativas,</p><p>complementares, acessórias ou de projetos associados, com ou sem exclusividade, como exemplo</p><p>podemos citar as propagandas na parte traseira dos ônibus.</p><p>7.1.4 Princípio da Atualidade</p><p>• O princípio da atualidade também pode ser chamado de princípio da adaptabilidade ou da atualização.</p><p>Este princípio estabelece que a prestação do serviço público deve utilizar técnicas mais modernas.</p><p> Está previsto no art. 6º, § 2º da Lei nº 8.987/95, de modo que compreende a modernidade das</p><p>técnicas, do equipamento e das instalações e a sua conservação, bem como a melhoria e expansão</p><p>do serviço.</p><p>7.1.5 Princípio da Cortesia</p><p>• O princípio da cortesia reforça o dever do prestador de serviços públicos de tratar o usuário com</p><p>urbanidade, de forma sempre cortês.</p><p> É regulamentado pelo art. 6°, §1° da Lei 8.987/95, que estabelece que, para se considerar adequada</p><p>a atividade estatal, deve-se privilegiar o bom trato com os particulares que usufruirão dos serviços</p><p>executados.</p><p>7.1.6 Princípio de transparência</p><p>• Significa basicamente que os usuários têm o direito de receber informações tanto do</p><p>poder concedente</p><p>quanto da concessionária para a defesa de interesses individuais ou coletivos daqueles. Está positivado</p><p>no artigo 7º, II, da Lei 8.987/95.</p><p>7.1.7 Princípio da Continuidade dos serviços públicos</p><p>• O princípio da continuidade consiste na ideia de que a atividade administrativa deve ser prestada de</p><p>forma ininterrupta, sem paralisações, especialmente no que concerne ao serviço público. Está ligado, de</p><p>certa forma, ao princípio da eficiência e à necessidade de satisfação permanente dos direitos</p><p>fundamentais.</p><p> Tal princípio está expresso no art. 6°, § 1°, da Lei 8.2987/95, como necessário para que o serviço</p><p>público seja considerado adequado.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 101</p><p>101</p><p>405</p><p>• A continuidade não é absoluta, visto que existem hipóteses legais de paralisação do serviço público,</p><p>como o exercício do direito de greve, a ocupação temporária de bens e reversão, a interrupção do</p><p>serviço em razão de causas de ordem técnica e/ou segurança das instalações ou por falta de</p><p>pagamento do usuário (estes dois estão no artigo 6º, par. 3º, II da Lei 8987/95, que exige o prévio aviso</p><p>quando houver inadimplemento pelo usuário e por razões de ordem técnica ou de segurança, mas não</p><p>exige tal aviso prévio quando houver emergência).</p><p> STJ: Quando o consumidor do serviço público é Pessoa Jurídica de Direito Público, o STJ</p><p>também já entendeu ser possível o corte no fornecimento, desde que não aconteça de forma</p><p>indiscriminada, preservando-se as unidades públicas essenciais, que atendam às necessidades</p><p>inadiáveis da comunidade, devendo a análise ser realizada em cada caso, cabendo ainda a</p><p>utilização por analogia das hipóteses de serviços essenciais da lei de greve (lei 7.783/89). EREsp</p><p>845.982/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 24/06/2009, DJe 03/08/2009</p><p>• Restrição à oposição da exceção do contrato não cumprido pelo particular:</p><p> De acordo com a lei de licitações (Lei 14.133/2021), o particular somente pode invocar a exceção</p><p>do contrato não cumprido, em contratos realizados com a Administração Pública, após 2 meses de</p><p>inadimplemento do Poder Público (art. 137, §2º, IV), desde que a inadimplência não seja decorrente</p><p>de calamidade pública, de grave perturbação da ordem interna ou de guerra, bem como quando</p><p>decorrerem de ato ou fato que o contratado tenha praticado, do qual tenha participado ou para o</p><p>qual tenha contribuído.</p><p> Nos contratos de prestação de serviço público, regidos pela lei 8.987/95, o princípio da continuidade</p><p>atua de maneira ainda mais intensa. De acordo com o art. 39, caput e parágrafo único, em caso de</p><p>descumprimento das normas contratuais por parte da Administração Pública, a concessionária</p><p>deverá buscar no Poder Judiciário a rescisão do contrato, somente podendo paralisar a prestação</p><p>do serviço após o trânsito em julgado da decisão judicial.</p><p>7.3 - CLASSIFICAÇÃO DO SERVIÇO PÚBLICO</p><p>➢ Quanto aos destinatários:</p><p>SERVIÇOS GERAIS / UTI UNIVERSI SERVIÇOS SINGULARES / UTI SINGULI</p><p>Esses serviços são prestados a todos e por essa</p><p>razão o Estado não tem como medir a utilização</p><p>individual de cada pessoa.</p><p>São custeados pela receita geral decorrente da</p><p>cobrança de impostos.</p><p>Nesses serviços a Administração tem como</p><p>mensurar a utilização individual, ou seja, o quanto</p><p>cada pessoa utiliza o serviço.</p><p>São cobrados individualmente, mediante a</p><p>cobrança de taxas ou tarifa/preços públicos</p><p>proporcional à utilização do sujeito.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 102</p><p>102</p><p>405</p><p>Configuram-se serviços indivisíveis, não sendo</p><p>possível dividir o ônus da prestação em proporção</p><p>igual à utilização.</p><p>Exemplos: segurança, limpeza pública e iluminação</p><p>pública.</p><p>Podem ser designados como serviços divisíveis,</p><p>haja vista a possibilidade de se dividir a utilização</p><p>entre os usuários, distribuindo o ônus da prestação</p><p>de forma proporcional à utilização individual.</p><p>Exemplo desses serviços são: energia elétrica, água,</p><p>saneamento.</p><p>➢ Quanto à exclusividade:</p><p>SERVIÇO PÚBLICO</p><p>EXCLUSIVO E</p><p>INDELEGÁVEL</p><p>SERVIÇO PÚBLICO</p><p>EXCLUSIVO E</p><p>DELEGÁVEL</p><p>SERVIÇO PÚBLICO DE</p><p>DELEGAÇÃO</p><p>OBRIGATÓRIA</p><p>SERVIÇO PÚBLICO NÃO</p><p>EXCLUSIVO</p><p>São serviços que o</p><p>Estado presta</p><p>diretamente, não</p><p>podendo ser</p><p>delegados.</p><p>Ex: administração</p><p>tributária, segurança</p><p>pública, serviço</p><p>postal, etc</p><p>São serviços que o</p><p>Estado tem o dever de</p><p>prestar, mas pode</p><p>fazê-lo de forma</p><p>direta ou indireta.</p><p>Compreende a maioria</p><p>dos serviços.</p><p>Ex: transporte público,</p><p>energia elétrica,</p><p>telefonia.</p><p>O Estado tem o dever de</p><p>prestar, mas não pode</p><p>prestar sozinho. Assim, o</p><p>Estado tem o dever de</p><p>prestar o serviço e</p><p>delegá-lo.</p><p>Ex: serviços de</p><p>telecomunicação e</p><p>serviço de rádio e difusão</p><p>de sons e imagens.</p><p>O Estado tem o dever</p><p>de prestar o serviço,</p><p>mas o particular pode</p><p>prestá-lo mesmo sem</p><p>delegação.</p><p>Ex: Saúde, previdência</p><p>privada, educação, etc.</p><p>Obs: quando prestado</p><p>pelo particular, por</p><p>iniciativa própria, não é</p><p>serviço público, pois</p><p>ausente está o</p><p>elemento subjetivo.</p><p>➢ Serviços públicos próprios x impróprios:</p><p>PRÓPRIOS IMPRÓPRIOS</p><p>Os próprios são aqueles que, atendendo a</p><p>necessidades coletivas, o Estado assume como seus</p><p>e os presta diretamente ou mediante delegação a</p><p>concessionários ou permissionários. Ex: transporte</p><p>coletivo.</p><p>Os serviços impróprios são os que, embora também</p><p>destinados à satisfação das necessidades coletivas,</p><p>não são assumidos nem prestados pelo Estado,</p><p>seja de forma direta ou mediante delegação, mas</p><p>apenas autorizados, regulamentados e fiscalizados.</p><p>Ex: serviço de táxi, seguro e previdência privada.</p><p>➢ Quanto à essencialidade:</p><p>SERVIÇOS PÚBLICOS PROPRIAMENTE DITOS OU</p><p>ESSENCIAIS</p><p>SERVIÇOS DE UTILIDADE PÚBLICA OU NÃO</p><p>ESSENCIAIS</p><p>São aqueles que a Administração presta</p><p>diretamente à comunidade, por reconhecer sua</p><p>São aqueles que a Administração, reconhecendo</p><p>sua conveniência (não essencialidade, nem</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 103</p><p>103</p><p>405</p><p>necessidade e essencialidade para sobrevivência</p><p>do grupo social e do próprio Estado, como ocorre</p><p>com o serviço de saneamento básico.</p><p>necessidade) para os membros da sociedade,</p><p>presta-os diretamente ou consente que seja</p><p>prestado por terceiros, nas condições</p><p>regulamentadas e sob seu controle, mas por conta</p><p>e risco dos prestadores, mediante remuneração dos</p><p>usuários.</p><p>➢ Quanto ao objeto:</p><p>SERVIÇOS PÚBLICOS</p><p>ADMINISTRATIVOS</p><p>SERVIÇOS PÚBLICOS</p><p>COMERCIAIS (OU INDUSTRIAIS)</p><p>SERVIÇOS PÚBLICOS SOCIAIS</p><p>Atendem necessidades internas</p><p>da Administração, de forma a</p><p>preparar, facilitar ou favorecer a</p><p>prestação de outros serviços</p><p>prestados ao público (ex.:</p><p>imprensa oficial).</p><p>Produzem renda para os</p><p>prestadores (possibilidade de</p><p>prestação com finalidade de</p><p>lucro), excluídos os serviços que</p><p>devem ser necessariamente</p><p>gratuitos. Em virtude da</p><p>possibilidade de serem prestados</p><p>com finalidade lucrativa, esses</p><p>serviços podem ser delegados a</p><p>particulares (ex.: transporte</p><p>público, energia, água etc.).</p><p>Atendem a necessidades</p><p>coletivas de natureza social</p><p>(saúde, educação, assistência</p><p>social etc.). Esses serviços podem</p><p>ser prestados pelo Estado ou pelo</p><p>particular, todavia, quando</p><p>prestados pelo Estado, devem ser</p><p>necessariamente gratuitos. Trata-</p><p>se de serviços não reservados ou</p><p>não exclusivos, uma vez que</p><p>podem ser prestados pelo</p><p>particular sem necessidade de</p><p>delegação formal, bastando o</p><p>preenchimento de requisitos da</p><p>lei.</p><p>7.4 - FORMAS DE PRESTAÇÃO DO SERVIÇO PÚBLICO</p><p>• A Constituição Federal estabelece que é atribuição do Poder Público a prestação dos serviços públicos,</p><p>podendo prestá-lo diretamente ou mediante concessão ou permissão aos particulares:</p><p>Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão</p><p>ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.</p><p>• Em outros dispositivos constitucionais também se fala em “autorização de serviços públicos” (ex.: art.</p><p>21, XI, CF).</p><p>• A prestação do serviço público deve ser feita pelo Estado que, no entanto, pode efetivar esta execução</p><p>de forma direta ou indireta.</p><p> a) Prestação direta: quando o Poder Público presta o serviço público pelos seus órgãos ou pelas</p><p>entidades da Administração Pública indireta (autarquias, fundações, sociedades de economia mista</p><p>ou empresas públicas), entende-se que a prestação do serviço ocorre de forma direta.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 104</p><p>104</p><p>405</p><p>➢ Vale destacar que a prestação direta pode ocorrer de forma centralizada (pelos órgãos da</p><p>Administração direta) ou descentralizada (pelas entidades da Administração indireta).</p><p> b) Prestação indireta: o Poder Público descentraliza a prestação do serviço e celebra um contrato</p><p>administrativo para que o serviço público seja prestado por um parceiro privado, devendo respeitar</p><p>as disposições constitucionais e legais, bem como os termos do contrato ou da autorização.</p><p>• A prestação descentralizada ocorre quando o Poder Público, visando a especialização e uma maior</p><p>eficiência, transfere a prestação do serviço à outra pessoa jurídica, seja da administração indireta ou</p><p>algum particular – mediante contrato administrativo de concessão e permissão.</p><p> A descentralização pode se dar das seguintes formas:</p><p>OUTORGA / DESCENTRALIZAÇÃO POR SERVIÇOS DELEGAÇÃO / DESCENTRALIZAÇÃO POR</p><p>COLABORAÇÃO</p><p>A descentralização por outorga ou por serviços</p><p>ocorre quando o Estado transfere, mediante lei, a</p><p>outra pessoa tanto a titularidade quanto a</p><p>prestação do serviço.</p><p>Majoritariamente, a doutrina entende que só é</p><p>possível outorga a pessoa jurídica de direito</p><p>público.</p><p>Exceção: ECT – serviço postal, que é empresa</p><p>pública e por isso pessoa jurídica de direito</p><p>privado. Ocorre que a ECT tem regime de fazenda.</p><p>Na descentralização por delegação ou por</p><p>colaboração o Estado se mantém na titularidade e</p><p>transfere somente a prestação do serviço.</p><p>A delegação deve ser feita a pessoas com</p><p>personalidade jurídica de direito privado, sejam</p><p>particulares ou entidades da Administração</p><p>Indireta.</p><p>Se a delegação for feita para a Administração</p><p>Indireta, será mediante lei, mas aos particulares, a</p><p>delegação deverá ser feita através de contratos de</p><p>concessão ou permissão.</p><p>Destaque-se que o Estado delega apenas a</p><p>execução do serviço ao particular. A titularidade do</p><p>serviço se mantém com o ente público, que</p><p>permanece com a competência de regulamentar e</p><p>controlar o serviço prestado.</p><p>• Deve-se adiantar, desde já, que a Constituição Federal ainda prevê uma terceira forma de prestação</p><p>indireta, que é a autorização de serviços públicos. Essa modalidade não é referida no art. 175 da</p><p>Constituição e, portanto, também não está disciplinada na Lei 8.987/1995.</p><p> A sua previsão, no entanto, consta em alguns artigos do texto constitucional, como os incs. XI e XII</p><p>que dispõem sobre diversos serviços que a União pode prestar diretamente ou por meio de</p><p>autorização, permissão ou concessão. Na mesma linha, o art. 223 da CF estabelece que compete ao</p><p>Poder Executivo outorgar e renovar “concessão, permissão e autorização para o serviço de</p><p>radiodifusão sonora e de sons e imagens, observado o princípio da complementaridade dos sistemas</p><p>privado, público e estatal”.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 105</p><p>105</p><p>405</p><p> Quanto às características, a autorização é, em regra, um ato administrativo unilateral, discricionário</p><p>e precário, sendo passível de revogação a qualquer tempo e sem qualquer direito à indenização para</p><p>o administrado.</p><p> STF: É constitucional dispositivo de lei federal que altera o regime de outorga da prestação</p><p>regular de serviços de transporte rodoviário coletivo internacional e interestadual de passageiros</p><p>desvinculados da exploração de obras de infraestrutura, permitindo sua realização mediante</p><p>mera autorização estatal, sem a necessidade de licitação prévia, desde que cumpridos requisitos</p><p>específicos. (ADI 5.549/DF, relator Ministro Luiz Fux, julgamento finalizado em 29.3.2023 e ADI</p><p>6.270/DF, relator Ministro Luiz Fux, julgamento finalizado em 29.3.2023) (INFO - 1089 - STF)</p><p>Para o STF, a alteração insere-se no espaço de deliberação política delineado no artigo 21, XII, 'e',</p><p>da Constituição, de modo que, observados os valores constitucionalmente tutelados, em especial</p><p>os princípios que orientam a Administração Pública e a ordem econômica, não se reveste de</p><p>inconstitucionalidade.</p><p>7.5 – DISTRIBUIÇÃO DE COMPETÊNCIAS</p><p>• Dentre os diversos serviços públicos, alguns serão de titularidade dos Municípios, outros dos Estados/DF</p><p>e outros da União. Determinados serviços serão de titularidade exclusiva de um único destes entes –</p><p>chamados serviços privativos. Outros serviços serão titularizados por dois ou mais entes federativos, de</p><p>modo concorrente, chamados serviços públicos comuns.</p><p>• Em nossa federação, tal distribuição de competências é realizada pelo próprio texto constitucional, com</p><p>base no princípio da predominância do interesse.</p><p> De modo simplificado, serviços públicos de interesse essencialmente nacional foram atribuídos à</p><p>União; serviços de interesse regional sujeitam-se à prestação por parte dos Estados; e tratando-se de</p><p>serviço de interesse local, prestação municipal.</p><p>• No atual texto constitucional, temos a seguinte distribuição de competências administrativas:</p><p> Competências federais → enumeradas no art. 21 da CF (ex.: defesa nacional, serviço postal, serviços</p><p>de telecomunicações e energia elétrica, radiodifusão sonora e de sons e imagens, transporte</p><p>rodoviário interestadual e internacional de passageiros);</p><p> Competências municipais → enumeradas no art. 30 da CF (ex.: transporte coletivo municipal,</p><p>educação infantil e ensino fundamental (em cooperação com a União e o estado), saúde (em</p><p>cooperação com a União e o estado), criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação</p><p>estadual, outros serviços de interesse local)</p><p> Competências estaduais → gás canalizado (art. 25, §2º) + competências residuais (art. 25, §1º) e</p><p>outros assuntos de interesse regional;</p><p> Competências comuns a todos os entes → enumeradas no art. 23 da CF (ex.: saúde e assistência</p><p>pública, educação, cultura, meio ambiente, educação para o trânsito)</p><p> Competências do DF → competências atribuídas aos municípios e aos estados (art. 25, §1º)</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 106</p><p>106</p><p>405</p><p>➢ Quanto aos serviços comuns, é importante destacar que lei complementar deverá fixar normas</p><p>para cooperação entre os entes federativos, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e</p><p>do bem-estar em âmbito nacional (CF, art. 23, parágrafo único).</p><p>7.6 - CONCESSÃO COMUM E PERMISSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO</p><p>• A União, dispondo de sua competência para legislar sobre normas gerais de licitações e contratos (art.</p><p>22, XXVII, CF), editou a lei 8.987/95, que possui caráter nacional, vinculando todos os entes federados,</p><p>cumprindo a hipótese do art. 175, parágrafo único, inciso I, da CF (regime das empresas concessionárias</p><p>e permissionárias de serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação).</p><p>• A Lei n.º 8.987/95 consiste na Lei Geral de Serviços Públicos. Por ela, são regulamentadas as concessões</p><p>e permissões do serviço público.</p><p> Estados, municípios e o Distrito Federal poderão editar normas próprias a respeito de concessões e</p><p>permissões de serviços</p><p>públicos, desde que não contrariem as normas gerais constantes da Lei</p><p>8.987/1995.</p><p> Há serviços públicos, inclusive de âmbito federal, aos quais não se aplicam integralmente as</p><p>disposições da Lei 8.987/1995. Isto ocorre em razão das particularidades de determinados serviços</p><p>públicos e da opção do legislador. Exemplo disso é o art. 41 da Lei 8.987, que afasta sua aplicação aos</p><p>serviços públicos de radiodifusão sonora (emissoras de rádio) e radiodifusão de sons e imagens</p><p>(emissoras de TV).</p><p> STJ: A demora da Administração para apreciar o pedido de autorização para funcionamento</p><p>de rádio comunitária não legitima o Poder Judiciário a conceder, ainda que em caráter precário,</p><p>o direito de continuidade das atividades. A competência para outorgar e renovar concessão,</p><p>permissão e autorização de rádios e TVs é do Poder Executivo, com posterior referendo do Poder</p><p>Legislativo, nos termos do caput e § 1º do art. 223 da CF/88. Não há espaço, portanto, para o</p><p>Poder Judiciário interferir em tal questão, sob pena de ofensa ao princípio da separação dos</p><p>Poderes. (STJ. 1ª Seção. EDv nos EREsp 1797663-CE, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em</p><p>10/08/2022 - Info 748).</p><p>7.6.1 - Conceitos iniciais</p><p>• Em seu art. 2º, a Lei 8.987/1995 nos traz importantes definições quanto à delegação de serviços públicos.</p><p>PODER CONCEDENTE É o ente federativo a quem o ordenamento jurídico atribuiu a competência</p><p>original pela prestação do serviço público. Havendo a delegação deste serviço</p><p>público por meio de concessão ou de permissão, o ente federativo passará a</p><p>ser chamado de poder concedente: Segundo o artigo 2°, da Lei nº 8.987/95 é</p><p>considerado poder concedente "a União, o Estado, o Distrito Federal ou o</p><p>Município, em cuja competência se encontre o serviço público, precedido ou</p><p>não da execução de obra pública, objeto de concessão ou permissão".</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 107</p><p>107</p><p>405</p><p>CONCESSÃO DE</p><p>SERVIÇO PÚBLICO</p><p>É a delegação de sua prestação, feita pelo poder concedente, mediante</p><p>licitação, na modalidade concorrência ou diálogo competitivo, a pessoa</p><p>jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu</p><p>desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado</p><p>CONCESSÃO DE</p><p>SERVIÇO PÚBLICO</p><p>PRECEDIDA DA</p><p>EXECUÇÃO DE OBRA</p><p>PÚBLICA</p><p>É a construção, total ou parcial, conservação, reforma, ampliação ou</p><p>melhoramento de quaisquer obras de interesse público, delegados pelo poder</p><p>concedente, mediante licitação, na modalidade concorrência ou diálogo</p><p>competitivo, a pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre</p><p>capacidade para a sua realização, por sua conta e risco, de forma que o</p><p>investimento da concessionária seja remunerado e amortizado mediante a</p><p>exploração do serviço ou da obra por prazo determinado.</p><p>Nesta concessão específica, o poder público delega ao concessionário a</p><p>prestação de determinado serviço e, conjuntamente, o autoriza a executar uma</p><p>obra. Após concluída a obra, a concessionária inicia a prestação do serviço,</p><p>passando a ser remunerada pela exploração da obra que ela executou. Ex.:</p><p>concessão da conservação de uma rodovia, em que a concessionária deverá</p><p>promover sua duplicação das pistas.</p><p>PERMISSÃO DE</p><p>SERVIÇO PÚBLICO</p><p>É a delegação, a título precário, mediante licitação, da prestação de serviços</p><p>públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que demonstre</p><p>capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco.</p><p>• De forma esquematizada, podemos comparar concessão e permissão da seguinte forma: PERMISSÃO</p><p>CONCESSÃO PERMISSÃO</p><p>Precedida de licitação, na modalidade concorrência</p><p>ou diálogo competitivo.</p><p>Sempre precedida de licitação. Não há</p><p>determinação legal de modalidade específica.</p><p>Celebração com pessoa jurídica ou consórcio de</p><p>empresa, mas não com pessoa física.</p><p>Celebração com pessoa física ou jurídica; não</p><p>prevista permissão a consórcio de empresa.</p><p>Delegação a título definitivo. Delegação a título precário.</p><p>Prazo determinado. Não menciona prazo (embora deva ser</p><p>determinado).</p><p>• O art. 40 da lei 8.987/95 prevê que a permissão será realizada mediante contrato de adesão, ressaltando</p><p>o seu caráter precário mediante a sua revogabilidade unilateral.</p><p>7.6.2 - Responsabilidade das Concessionárias</p><p>• De acordo com o art. 25 da Lei nº 8.987/95, incumbe à concessionária a execução do serviço concedido,</p><p>cabendo-lhe responder por todos os prejuízos causados ao poder concedente, aos usuários ou a</p><p>terceiros, sem que a fiscalização exercida pelo órgão competente exclua ou atenue essa</p><p>responsabilidade.</p><p> De acordo com o art. 37, § 6º da CR/88, a responsabilidade da concessionária será objetiva, afinal, é</p><p>uma pessoa jurídica prestadora de serviço público. Ademais, o poder concedente também terá uma</p><p>responsabilidade objetiva, mas de forma subsidiária.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 108</p><p>108</p><p>405</p><p> STF: 1. A responsabilidade civil do Estado subsume-se à teoria do risco administrativo, tanto</p><p>para as condutas estatais comissivas quanto paras as omissivas, na forma do artigo 37, § 6º, da</p><p>Constituição Federal. 2. O Estado e as pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de</p><p>serviços públicos respondem pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causem a</p><p>terceiros, quando comprovado o nexo de causalidade entre a conduta e o dano sofrido pelo</p><p>particular. 3. A pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público responde de</p><p>forma primária e objetiva por danos causados a terceiros, visto possuir personalidade jurídica,</p><p>patrimônio e capacidade próprios (RE 662405, Relator(a): Luiz Fux, Tribunal Pleno, julgado em</p><p>29-06-2020, REPERCUSSÃO GERAL)</p><p>• Tal responsabilidade objetiva, segundo o entendimento do STF, é ampla, alcançando tanto os usuários</p><p>do serviço como os terceiros que não sejam usuários.</p><p>• Além disso, a partir da parte final do art. 25, caput, acima transcrito, verifica-se que a fiscalização</p><p>exercida pelo órgão competente não exclui ou atenua a responsabilidade da</p><p>concessionária/permissionária.</p><p>7.6.3 - Licitação Prévia</p><p>• Caso o poder público decida delegar a prestação de um serviço público a terceiros, por meio de concessão</p><p>ou permissão de serviços públicos, além de lei autorizativa e do ato justificativo (Art. 5º O poder</p><p>concedente publicará, previamente ao edital de licitação, ato justificando a conveniência da outorga de</p><p>concessão ou permissão, caracterizando seu objeto, área e prazo.), exige-se a realização de licitação</p><p>prévia, detalhada neste tópico.</p><p> Assim determina a Constituição:</p><p>Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão</p><p>ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.</p><p>• Apesar da clareza da literalidade do caput do art. 175 acima, acolhendo o que defendia parte da</p><p>doutrina8, o STF entende ser possível, em situações excepcionais, a contratação direta (sem licitação)</p><p>da prestação de serviços públicos.</p><p> STF: Tese de repercussão: Salvo situações excepcionais, devidamente comprovadas, o</p><p>implemento de transporte público coletivo pressupõe prévia licitação. (STF. Plenário. RE</p><p>1001104, Rel. Marco Aurélio, julgado em 15/05/2020 - Repercussão Geral – Tema 854 - Info 982).</p><p>• Tratando-se de concessão, a Lei 8.987 não apenas regulamentou a obrigatoriedade de licitação para a</p><p>escolha do concessionário, mas também fixou as modalidades licitatórias aplicáveis a este caso: a</p><p>concorrência ou diálogo competitivo (art. 26, §1º).</p><p> Desse modo, tratando-se de concessão de serviço público, simples ou precedida da execução de obra</p><p>pública, o poder concedente fica obrigado a licitar sob as modalidades concorrência ou diálogo</p><p>competitivo (art. 2º, II e III).</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira</p><p>Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 109</p><p>109</p><p>405</p><p>• Quanto às permissões de serviços públicos, no entanto, a lei não exige modalidade licitatória específica,</p><p>limitando-se a mencionar que a contratação se dará “mediante licitação” (art. 2º, IV).</p><p>7.6.4 - Subcontratação</p><p>• Para viabilizar a prestação dos serviços, o concessionário invariavelmente será obrigado a admiti pessoal,</p><p>adquirir bens e contratar a prestação de serviços acessórios (terceirização).</p><p> De acordo com o art. 25, § 1º da Lei nº 8.8987/95, a concessionária poderá contratar com terceiros</p><p>o desenvolvimento de atividades inerentes, acessórias ou complementares ao serviço concedido,</p><p>bem como a implementação de projetos associados.</p><p>• Além disso, os contratos celebrados entre a concessionária e os terceiros reger-se-ão pelo direito</p><p>privado, não se estabelecendo qualquer relação jurídica entre os terceiros e o poder concedente, nos</p><p>termos do art. 25, § 2º da mesma lei.</p><p> Isto porque, nestes casos, não está sendo transferida a própria prestação dos serviços. Em razão</p><p>disso, a subcontratação não depende de autorização do poder concedente ou da realização de</p><p>licitação, diferentemente da subconcessão – estudada no próximo tópico.</p><p> Além disso, não há vínculos jurídicos entre o poder concedente e este prestador de serviços ou entre</p><p>este e os usuários do serviço. Em última hipótese, é a própria concessionária quem responde perante</p><p>o poder público ou os usuários em razão dos serviços prestados por este terceiro.</p><p>• A execução das atividades contratadas com terceiros pressupõe o cumprimento das normas</p><p>regulamentares da modalidade do serviço concedido, como previsto no art. 25, § 3º da Lei de</p><p>Concessões.</p><p> STF: Declaração de constitucionalidade do art. 25, § 1º, da Lei nº 8.987/1995, o qual autoriza</p><p>a terceirização de atividades por empresas concessionárias de serviço público. 3.</p><p>Jurisprudência do STF consolidada nos julgamentos da ADPF 324, Rel. Ministro Roberto Barroso</p><p>e, sob a sistemática da repercussão geral, do RE 958.252, Rel. Ministro Luiz Fux (tema 725), no</p><p>sentido de reconhecer a constitucionalidade do instituto da terceirização em qualquer área da</p><p>atividade econômica, afastando a incidência do enunciado sumular trabalhista. (STF. Plenário.</p><p>ADC 26, Rel. Edson Fachin, DJE divulgado em 02/09/2019).</p><p>7.6.5 - Subconcessão</p><p>• De acordo com o art. 26, é possível que a concessionária realize uma subconcessão. A subconcessão</p><p>consiste na delegação de uma parte do próprio objeto da concessão para outra empresa.</p><p>• Para isso, haverá necessidade de previsão no contrato de concessão e expressa autorização do poder</p><p>concedente. A lei prevê ainda a necessidade de licitação na modalidade concorrência (§1º do art. 26).</p><p>Assim, a subconcessão depende dos seguintes requisitos:</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 110</p><p>110</p><p>405</p><p> i. Previsão contratual;</p><p> ii. Autorização expressa do poder concedente;</p><p> iii. Licitação na modalidade concorrência.</p><p>• Importante ressaltar que o contrato de subconcessão será considerado um contrato administrativo,</p><p>regido pelo direito público, com regime idêntico aos contratos de concessão de serviço público. Afinal,</p><p>estamos diante de um contrato cujo objeto é o próprio serviço público a ser prestado.</p><p>• Por fim, quanto à parte subconcedida, a subconcessionária assume todos os direitos e obrigações que</p><p>eram da concessionária – chamada de sub-rogação (art. 26, §2º). Dessa forma, é formada uma relação</p><p>jurídica entre o poder concedente e a subconcessionária e vínculos entre esta e os usuários do serviço.</p><p> Em razão desta sub-rogação, fica claro que a subconcessionária responde objetivamente pelos</p><p>danos causados a terceiros (CF, artigo 37, § 6º).</p><p>7.6.6 - Transferência da Concessão ou do controle societário (art. 27 e 27-A)</p><p>TRANSFERÊNCIA DA CONCESSÃO TRANSFERÊNCIA DO CONTROLE SOCIETÁRIO</p><p>É uma cessão da posição jurídica no contrato, ou</p><p>seja, a empresa originalmente concessionária cede</p><p>sua posição no contrato a outra empresa, que</p><p>passará a se relacionar com o poder concedente.</p><p>A mesma empresa segue como concessionária</p><p>contratada. Entretanto, há uma alteração do</p><p>quadro societário que acarretará a modificação das</p><p>pessoas responsáveis pelo controle da pessoa</p><p>jurídica concessionária.</p><p>Trata-se de uma modificação subjetiva do contrato,</p><p>uma verdadeira “substituição”.</p><p>Não há uma modificação subjetiva do contrato</p><p>• Em ambas as hipóteses, deve-se observar os seguintes requisitos:</p><p> a. Anuência do poder concedente;</p><p> b. Atendimento das exigências de capacidade técnica, idoneidade financeira e regularidade jurídica</p><p>e fiscal necessárias à assunção do serviço;</p><p> c. Comprometimento a cumprir todas as cláusulas do contrato em vigor.</p><p>• Qualquer uma das transferências citadas sem a anuência do poder concedente implicará,</p><p>obrigatoriamente, na caducidade do contrato, sem prejuízo da aplicação das sanções cabíveis.</p><p>• Na jurisprudência do STF, considera-se constitucional a transferência da concessão e do controle</p><p>societário das concessionárias de serviços públicos, mediante anuência do poder concedente, pois,</p><p>mesmo com essas transferências, a base objetiva do contrato continuará intacta, permanecem o</p><p>mesmo objeto contratual, as mesmas obrigações contratuais e a mesma equação econômico-</p><p>financeira. Não há ofensa aos princípios da isonomia e da impessoalidade.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 111</p><p>111</p><p>405</p><p>• O que ocorre é apenas uma modificação subjetiva, seja pela substituição do contratado, seja em razão</p><p>da sua reorganização empresarial (e isso nada importa ao poder público).</p><p> STF: Do cotejo da norma impugnada (art. 27 da Lei 8.987) com o parâmetro constitucional de</p><p>controle, verifica-se que eles se referem a momentos distintos da contratação, possuindo</p><p>diferentes âmbitos de incidência. O art. 175 da Constituição exige a realização de licitação para</p><p>a outorga inicial da prestação dos serviços públicos a particulares. Enquanto isso, o art. 27 da</p><p>Lei nº 8.987/95 só se aplica após licitada a prestação do serviço público e formalizado o</p><p>respectivo contrato de concessão. É no decorrer da execução contratual, e havendo anuência</p><p>do poder concedente, que se procede à transferência da concessão ou do controle societário.</p><p>10. O ato de transferência da concessão e do controle societário da concessionária, nos termos</p><p>do art. 27 da Lei nº 8.987/95, não se assemelha, em essência, à subconcessão de serviço público</p><p>prevista no art. 26 do mesmo diploma, justificando-se o tratamento legal diferenciado.</p><p>Diversamente da transferência da concessão ou do controle acionário, que não dá início a uma</p><p>relação jurídico-contratual nova e mantém intacta a base objetiva do contrato, a subconcessão</p><p>instaura uma relação jurídico-contratual inteiramente nova e distinta da anterior entre o poder</p><p>concedente e a subconcessionária. (STF. Plenário. ADI 2946/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado</p><p>em 8/3/2022 - Info 1046).</p><p>• Existe ainda a hipótese de assunção do controle ou da administração temporária da concessionária por</p><p>seus financiadores e garantidores com quem não mantenha vínculo societário direto, com a finalidade</p><p>de promover sua reestruturação financeira e assegurar a continuidade da prestação dos serviços (art.</p><p>27-A), não alterando as obrigações da concessionária e de seus controladores para com terceiros,</p><p>poder concedente e usuários dos serviços públicos.</p><p>• Esta hipótese depende de:</p><p> a) previsão contratual que estabeleça as condições;</p><p> b) autorização do poder concedente; e</p><p> c) os financiadores e os garantidores devem atender às exigências de regularidade jurídica e fiscal.</p><p>• Configura administração temporária da concessionária por seus financiadores e garantidores</p><p>246</p><p>9.6 – Sistema Remuneratório ..................................................................................................................... 247</p><p>9.6.1 - Fixação/alteração da remuneração e revisão geral anual .................................................................................. 249</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 7</p><p>7</p><p>405</p><p>9.6.2 - Vedações .............................................................................................................................................................. 251</p><p>9.7 - Sindicalização e Greve ........................................................................................................................ 252</p><p>9.8 - Regime Jurídico Disciplinar dos Servidores Públicos .......................................................................... 253</p><p>9.8.1 - Penalidades .......................................................................................................................................................... 254</p><p>9.8.2 – Processo Administrativo Disciplinar ................................................................................................................... 262</p><p>10 - Controle da Administração Pública. ........................................................................................................ 274</p><p>10.1 - Classificação ..................................................................................................................................... 274</p><p>10.2 - Controle Administrativo (Autocontrole) ........................................................................................... 276</p><p>10.3 – Controle Legislativo ......................................................................................................................... 277</p><p>10.4 – Controle Judicial .............................................................................................................................. 280</p><p>11 - Improbidade Administrativa (Lei 8.249/92). .......................................................................................... 281</p><p>11.1 – Noções introdutórias ....................................................................................................................... 281</p><p>11.2 – Elementos dos atos de improbidade ............................................................................................... 283</p><p>11.2.1 – Sujeito ativo ...................................................................................................................................................... 283</p><p>11.2.2 – Sujeito Passivo .................................................................................................................................................. 287</p><p>11.2.3 – Elemento Subjetivo ........................................................................................................................................... 288</p><p>11.3 – Atos de Improbidade Administrativa .............................................................................................. 291</p><p>11.3.1 – Atos de improbidade que importam em enriquecimento ilícito – Art. 9º ...................................................... 293</p><p>11.3.2 – Atos de improbidade que causam prejuízo ao erário ...................................................................................... 293</p><p>11.3.3 – Atos de Improbidade Atentam Contra os Princípios da Administração Pública ............................................. 294</p><p>11.4 – Das Penas ........................................................................................................................................ 295</p><p>11.4.1 – Ressarcimento ao erário ................................................................................................................................... 299</p><p>11.5 – Da ação de Improbidade Administrativa ........................................................................................ 300</p><p>11.5.1 – Legitimidade ..................................................................................................................................................... 300</p><p>11.5.2 – Competência ..................................................................................................................................................... 302</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 8</p><p>8</p><p>405</p><p>11.5.3 – Acordo de não persecução cível ....................................................................................................................... 305</p><p>11.5.4 – Indisponibilidade de bens ................................................................................................................................. 307</p><p>11.6 – Prescrição ........................................................................................................................................ 308</p><p>12 - Lei anticorrupção (Lei 12.846/2013). ...................................................................................................... 310</p><p>12.1 - Introdução ........................................................................................................................................ 310</p><p>12.2 - Disposições Gerais ............................................................................................................................ 311</p><p>12.3 - Atos lesivos à administração pública nacional ou estrangeira ........................................................ 311</p><p>12.4 - Responsabilização Administrativa ................................................................................................... 312</p><p>11.5 - Processo Administrativo de Responsabilização ............................................................................... 313</p><p>12.6 - Acordo de Leniência ......................................................................................................................... 314</p><p>12.7 - Responsabilização Judicial ............................................................................................................... 315</p><p>12.8 - Disposições Finais ............................................................................................................................. 316</p><p>13 - Responsabilidade Civil do Estado............................................................................................................ 317</p><p>13.1 – Evolução Histórica da Responsabilidade Civil do Estado ................................................................ 318</p><p>13.2 - Responsabilidade Civil do Estado no Ordenamento Jurídico Brasileiro ........................................... 320</p><p>13.2.1 - Pessoas sujeitas à responsabilidade objetiva ................................................................................................... 321</p><p>13.2.2 - Teorias da responsabilidade civil objetiva do Estado ....................................................................................... 324</p><p>13.2.3 – Elementos e causas excludentes/atenuantes da responsabilidade civil do Estado ........................................ 325</p><p>13.2.4 - Responsabilidade por Omissão ......................................................................................................................... 326</p><p>13.2.5 - Responsabilidade por Atos Legislativos ............................................................................................................ 327</p><p>13.2.6 - Responsabilidade por Atos Judiciais ................................................................................................................. 328</p><p>13.2.7 – Prescrição e Direito de Regresso ...................................................................................................................... 329</p><p>14 - Processo Administrativo Federal (Lei 9.784/99). ....................................................................................</p><p>quando,</p><p>sem a transferência da propriedade de ações ou quotas, forem outorgados os seguintes poderes (art.</p><p>27-A, §4º):</p><p> I – indicar os membros do Conselho de Administração, a serem eleitos em Assembleia Geral pelos</p><p>acionistas, nas sociedades regidas pela Lei 6.404, de 15-12-76; ou administradores, a serem eleitos</p><p>pelos quotistas, nas demais sociedades;</p><p> II – indicar os membros do Conselho Fiscal, a serem eleitos pelos acionistas ou quotistas</p><p>controladores em Assembleia Geral;</p><p> III – exercer poder de veto sobre qualquer proposta submetida à votação dos acionistas ou quotistas</p><p>da concessionária, que representem, ou possam representar, prejuízos aos fins previstos no caput</p><p>deste artigo;</p><p> IV – outros poderes necessários ao alcance dos fins previstos no caput deste artigo</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 112</p><p>112</p><p>405</p><p>• A administração temporária autorizada na forma deste artigo não acarretará responsabilidade aos</p><p>financiadores e garantidores em relação à tributação, encargos, ônus, sanções, obrigações ou</p><p>compromissos com terceiros, inclusive com o poder concedente ou empregados (§5º).</p><p>7.6.7 - Intervenção</p><p>• A intervenção é um instituto utilizado pelo poder concedente para assumir temporariamente a</p><p>execução do serviço, com a finalidade de assegurar sua adequada prestação e a fiel execução das</p><p>normas contratuais, regulamentares e legais pertinentes.</p><p> Trata-se de mero procedimento acautelatório, sem quebra da continuidade do serviço.</p><p>• A intervenção não possui natureza de sanção, razão pela qual a sua decretação, desde logo, não exige</p><p>contraditório e ampla defesa. É no decorrer do processo administrativo que esses princípios serão</p><p>observados. Aí sim, garantidos o contraditório e a ampla defesa, poderá haver a aplicação de penalidade</p><p>à contratada.</p><p>• A intervenção será feita por decreto do poder concedente, que conterá:</p><p> (a) a designação do interventor;</p><p> (b) o prazo da intervenção; e</p><p> (c) os objetivos e limites da medida (art. 32, parágrafo único).</p><p>• Percebe-se que a intervenção não pode ter prazo indeterminado, porém a lei não dispõe sobre prazo</p><p>máximo e mínimo, apenas exige que o decreto estabeleça um.</p><p>• Declarada a intervenção, o poder concedente deverá, no prazo de 30 dias, instaurar procedimento</p><p>administrativo para comprovar as causas determinantes da medida e apurar responsabilidades,</p><p>assegurado o direito de ampla defesa e contraditório, conforme estabelece o art. 5º, LV da CR/88. O</p><p>desrespeito a esses mandamentos constitucionais fere o devido processo legal, nos termos do art. 5º LIV</p><p>da CR/88.</p><p>• O procedimento administrativo deverá ser concluído no prazo de até 180 dias, sob pena de considerar-</p><p>se inválida a intervenção.</p><p>• Por fim, cessada a intervenção, deve haver prestação de contas pelo interventor, que responderá pelos</p><p>atos praticados durante a sua gestão (art. 34). Há dois resultados possíveis:</p><p> Extinção da concessão se as apurações concluíram que houve inexecução do contrato por parte da</p><p>concessionária;</p><p> Devolução da administração do serviço à concessionária se ficar comprovado que a intervenção não</p><p>observou os pressupostos legais e regulamentares, sem prejuízo de seu direito à indenização.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 113</p><p>113</p><p>405</p><p> STF: Não se exige contraditório prévio à decretação de intervenção em contrato de</p><p>concessão com concessionária de serviço público. O art. 33 da Lei nº 8.987/95 afirma que, depois</p><p>de ter sido declarada a intervenção, o poder concedente deverá, no prazo de 30 dias, instaurar</p><p>procedimento administrativo para comprovar as causas determinantes da medida e apurar</p><p>responsabilidades, assegurado o direito de ampla defesa. Desse modo, verifica-se claramente</p><p>que, em se tratando de intervenção, o direito de defesa do concessionário só é propiciado após</p><p>a decretação da intervenção, a partir do momento em que for instaurado o procedimento</p><p>administrativo para apuração das irregularidades. Isso porque a intervenção possui finalidades</p><p>investigatória e fiscalizatória, e não punitiva. (STJ. 2ª Turma. RMS 66.794-AM, Rel. Min.</p><p>Francisco Falcão, julgado em 22/02/2022 - Info 727).</p><p>7.6.9 – Fiscalização do contrato</p><p>• A fiscalização da concessão e da permissão de serviços públicos, mais do que uma prerrogativa, é um</p><p>dever da Administração.</p><p> Para a fiscalização do contrato, a lei prevê que o poder concedente terá acesso aos dados relativos</p><p>à administração, contabilidade, recursos técnicos, econômicos e financeiros da concessionária (art.</p><p>30).</p><p>• A fiscalização do serviço será feita por intermédio de órgão técnico do poder concedente ou por</p><p>entidade com ele conveniada, e, periodicamente, conforme previsto em norma regulamentar, por</p><p>comissão composta de representantes do poder concedente, da concessionária e dos usuários (art. 30,</p><p>parágrafo único).</p><p>• Do dispositivo acima, extraímos duas formas de fiscalização:</p><p> a) Permanente: realizado pelo órgão técnico do poder concedente ou entidade com ele conveniada;</p><p> b) Periódica: comissão composta de representantes do poder concedente, da concessionária e dos</p><p>usuários (comissão tripartite).</p><p>7.6.10 - Remuneração da concessionária e permissionária</p><p>• A este respeito, a Constituição delegou expressamente ao legislador ordinário a regulamentação da</p><p>política tarifária aplicável às concessões/permissões de serviços públicos (CF, art. 175, parágrafo único,</p><p>III), o que foi feito entre os arts. 9º e 13 da Lei 8.987/1995.</p><p>• Contudo, essa remuneração pode ser analisada sobre três elementos: as tarifas, as fontes paralelas ou</p><p>complementares de receita e o equilíbrio econômico-financeiro:</p><p>TARIFAS ▪ O concessionário/permissionário de serviços públicos é remunerado</p><p>sobretudo por meio da cobrança de tarifa, paga pelos usuários do serviço.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 114</p><p>114</p><p>405</p><p>▪ A tarifa é um preço público, pois consiste em pagamento de natureza não</p><p>tributária, que decorre do vínculo contratual estabelecido entre o usuário</p><p>do serviço e o seu prestador (isto é, depende da vontade das partes).</p><p>▪ A tarifa do serviço público concedido será fixada pelo preço da proposta</p><p>vencedora da licitação e preservada pelas regras de revisão previstas nesta</p><p>Lei, no edital e no contrato.</p><p>▪ Em geral, a tarifa é cobrada pela efetiva utilização do serviço público pelo</p><p>usuário. Entretanto, o STJ admite a cobrança de “tarifa básica” para</p><p>remunerar os custos da disponibilização do serviço, ainda que não haja</p><p>efetiva utilização, conforme súmula 356 da Corte:</p><p>Súmula 356, STJ: É legítima a cobrança da tarifa básica pelo uso</p><p>dos serviços de telefonia fixa.</p><p>▪ Tarifa uniforme: A regra é que as tarifas sejam uniformes para determinado</p><p>serviço, independente das características do usuário.</p><p>▪ Tarifa diferenciada: No entanto, a Lei 8.987/1995 autoriza a cobrança de</p><p>tarifas diferenciadas “em função das características técnicas e dos custos</p><p>específicos provenientes do atendimento aos distintos segmentos de</p><p>usuários” (art. 13).</p><p>Súmulas 407-STJ: É legítima a cobrança da tarifa de água fixada</p><p>de acordo com as categorias de usuários e as faixas de consumo.</p><p>FONTES ALTERNATIVAS,</p><p>PARALELAS OU</p><p>COMPLEMENTARES DE</p><p>RECEITA</p><p>▪ Sabe-se que, via de regra, o concessionário deve ser remunerado segundo</p><p>a prestação do serviço e que essa remuneração advém de tarifas pagas pelos</p><p>usuários desse serviço. No entanto, é possível que a receita do particular</p><p>seja proveniente de receitas alternativas, complementares, acessórias ou</p><p>de projetos associados, com ou sem exclusividade à concessionária de</p><p>serviços públicos.</p><p>▪A previsão destas receitas deve ter a finalidade</p><p>exclusiva de favorecer a</p><p>modicidade das tarifas, isto é, deve reduzir o valor pago pelos usuários do</p><p>serviço, favorecendo a sua universalização.</p><p>▪ As referidas receitas devem estar previstas no edital (art. 18, VI) e serão</p><p>obrigatoriamente consideradas para a aferição do inicial equilíbrio</p><p>econômico-financeiro do contrato (art. 11, parágrafo único).</p><p>▪ Ex.: concessionárias de rodovias brasileiras, que recebem, além do pedágio</p><p>(tarifa), outras receitas decorrentes da afixação de outdoors às margens da</p><p>rodovia.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 115</p><p>115</p><p>405</p><p>EQUILÍBRIO ECONÔMICO-</p><p>FINANCEIRO DO</p><p>CONTRATO</p><p>▪ Como os contratos de concessão/permissão, em geral, vigoram por vários</p><p>anos e estão sujeitos a uma série de desequilíbrios de ordem econômico-</p><p>financeiro, como alterações contratuais, inflação, fatos do príncipe etc, a</p><p>legislação prevê mecanismos de revisão das tarifas, a fim de manter-se o</p><p>equilíbrio econômico-financeiro.</p><p>▪ Dessa forma, sempre que as alterações impactarem nos custos e na</p><p>remuneração, será necessário que as cláusulas econômicas do contrato</p><p>sejam revistas com o objetivo de manter o referido equilíbrio econômico-</p><p>financeiro.</p><p>▪ O reestabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro pode ocorrer de</p><p>diversas formas, tais como, dentre outras: a) revisão do valor da tarifa; b)</p><p>redução dos encargos da concessionária; c) prorrogação do contrato de</p><p>concessão; d) vantagens e/ou subvenções pagas pelo poder público.</p><p>▪ Importante notar que o art. 29, V, da Lei das Concessões prevê que incumbe</p><p>ao poder concedente “homologar reajustes e proceder à revisão das tarifas</p><p>na forma desta Lei, das normas pertinentes e do contrato”.</p><p>➢ Os reajustes consistem em situações típicas, em que há apenas</p><p>aplicação matemática dos índices e das cláusulas contratuais. Neste</p><p>caso, a participação do poder concedente é acessória, limitando-se</p><p>a homologar o reajuste calculado pela concessionária com base nos</p><p>índices e critérios contratuais. Isso porque a expressão “reajuste” é</p><p>utilizada para se referir às alterações que representam mera</p><p>atualização, segundo periodicidade estabelecida e critérios</p><p>claramente definidos no contrato. O reajuste decorre, por exemplo,</p><p>da variação de índices de preços dos insumos relacionados à</p><p>prestação do serviço, representando, portanto, mera manutenção do</p><p>valor real da tarifa.</p><p>➢ Por outro lado, a revisão tem lugar diante de situações não previstas</p><p>no contrato, de índole extraordinária e é utilizada para representar</p><p>as alterações na tarifa destinadas a manter o equilíbrio econômico-</p><p>financeiro inicialmente pactuado. Decorre de alterações unilaterais</p><p>no contrato, ou de eventos de natureza extracontratual e</p><p>extraordinário que ensejam a aplicação da teoria da imprevisão. Aqui</p><p>o poder público assume papel de protagonismo, já que o próprio</p><p>poder público irá proceder à revisão das tarifas, muitas vezes por</p><p>meio das agências reguladoras.</p><p>▪ Contudo, nem sempre será necessário revisar a remuneração. Por</p><p>exemplo, não estão acobertados pelo equilíbrio referido acima, os prejuízos</p><p>causados por atuação ineficiente ou de imperícia do concessionário, as</p><p>perdas advindas de estimativa inexata quanto à captação ou manutenção da</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 116</p><p>116</p><p>405</p><p>clientela, assim como, quando do uso de fontes alternativas de receita, estas</p><p>advenham de frustrada expectativa quanto aos ganhos vindos de</p><p>determinados negócios. Trata-se do que a doutrina chama de álea contratual</p><p>ordinária, que é inerente a todo contrato, devendo ser suportada pelo</p><p>concessionário.</p><p>▪ Isto porque apenas a álea ordinária se dá por risco da concessionária. As</p><p>áleas extraordinárias, por serem supervenientes, inevitáveis e imprevisíveis</p><p>ou previsíveis, porém de efeitos incalculáveis, autorizam a revisão do</p><p>contrato.</p><p>• Vejamos alguns julgados importantes do STJ sobre a incursão do Poder Judiciário na política tarifária:</p><p> STJ: Não cabe ao Judiciário adentrar o mérito das normas e procedimentos regulatórios que</p><p>inspiraram a configuração das "áreas locais" para efeito de cobrança de tarifa interurbana,</p><p>porquanto se limitam a aspectos predominantemente técnicos, não necessariamente</p><p>vinculados à divisão político-geográfica do município. (REsp n. 1.171.815/PR, relator Ministro</p><p>Castro Meira, Segunda Turma, julgado em 8/6/2010, DJe de 18/6/2010)</p><p> STJ: A interferência judicial para invalidar a estipulação das tarifas de transporte público</p><p>urbano viola a ordem pública, mormente nos casos em que houver, por parte da Fazenda</p><p>estadual, esclarecimento de que a metodologia adotada para fixação dos preços era técnica.</p><p>Assim, as escolhas políticas dos órgãos governamentais, desde que não sejam revestidas de</p><p>reconhecida ilegalidade, não podem ser invalidadas pelo Poder Judiciário. (STJ. Corte Especial.</p><p>AgInt no AgInt na SLS 2.240-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 7/6/2017 - Info 605).</p><p>• Em recente decisão, o STF afirmou que, em regra, não cabe ao Poder Judiciário anular cláusula de</p><p>contrato de concessão de serviço público que autoriza o reajuste de tarifa telefônica em percentual</p><p>superior ao índice inflacionário:</p><p> STF: Afronta o princípio da separação dos Poderes a anulação judicial de cláusula de contrato</p><p>de concessão firmado por Agência Reguladora e prestadora de serviço de telefonia que, em</p><p>observância aos marcos regulatórios estabelecidos pelo Legislador, autoriza a incidência de</p><p>reajuste de alguns itens tarifários em percentual superior ao do índice inflacionário fixado,</p><p>quando este não é superado pela média ponderada de todos os itens. (STF. Plenário. RE</p><p>1059819/PE, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em</p><p>18/2/2022 - Repercussão Geral – Tema 991 - Info 1044).</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 117</p><p>117</p><p>405</p><p>7.6.11 - Extinção da Concessão e da permissão</p><p>• A descentralização por outorga, isto é, aquela que se realiza por meio de lei, dando origem às chamadas</p><p>entidades administrativas, que compõem a Administração Indireta, possui, como regra, prazo</p><p>indeterminado.</p><p>• Por outro lado, a descentralização por colaboração ou por delegação possui prazo determinado. Dessa</p><p>forma, seja pelo término do período do contrato ou por outros motivos, o contrato será, de alguma</p><p>forma, encerrado.</p><p>• Após ser extinta a concessão, haverá a imediata assunção do serviço pelo poder concedente,</p><p>procedendo-se aos levantamentos, avaliações e liquidações necessárias. A assunção do serviço autoriza</p><p>a ocupação das instalações e a utilização, pelo poder concedente, de todos os bens reversíveis (art. 35,</p><p>§§ 2º e 3º).</p><p>• Assim, a Lei estabelece os casos em que o contrato será extinto, ou seja, quando o contrato será</p><p>encerrado, devendo retornar ao poder concedente todos os bens reversíveis, direitos e privilégios</p><p>transferidos ao concessionário conforme previsto no edital e estabelecido no contrato (art. 35, §1º).</p><p> Os bens reversíveis são aqueles previstos no contrato para serem incorporados ao patrimônio do</p><p>poder concedente após a extinção do contrato. Pode ser, por exemplo, um equipamento adquirido</p><p>com recursos da concessão, que será necessário para que a Administração dê continuidade à</p><p>prestação dos serviços públicos.</p><p> É importante anotar que caso os bens reversíveis não tenham sido integralmente depreciados ou</p><p>amortizados ao longo da vigência contratual, o poder concedente deverá indenizar o prestador –</p><p>qualquer que seja a modalidade extintiva.</p><p>➢ Assim, se existir algum equipamento que foi adquirido para dar continuidade ao serviço, mas que</p><p>não tenha sido totalmente depreciado ou amortizado, e que será revertido para o poder</p><p>concedente,</p><p>a concessionária fará jus à indenização correspondente às parcelas dos</p><p>investimentos ainda não pagos.</p><p>➢ Assevera-se que este tipo de indenização é a regra nos contratos de concessão. Logo, os bens</p><p>revertidos não depreciados ou amortizados serão indenizados em todas as hipóteses de</p><p>extinção. Contudo, no caso da encampação, a Lei determina que a indenização seja prévia;</p><p>enquanto na caducidade, ela só ocorrerá após a Administração descontar, do valor a ser</p><p>indenizado, os prejuízos causados pela concessionária e as multas a ela devidas (art. 38, §§ 4º e</p><p>5º).</p><p>• No caso de extinção do contrato, cabe ao Poder Público a retomada imediata da prestação do serviço</p><p>até a realização de nova licitação, independentemente de prévia indenização, assegurando a</p><p>observância do princípio da continuidade do serviço público.</p><p> STJ: O STJ sedimentou a compreensão de que a retomada dos serviços públicos pelo Poder</p><p>Público, objeto de contratos de concessão ou permissão por implemento do seu prazo final ou</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 118</p><p>118</p><p>405</p><p>por nulidade, não pode ser condicionada à prévia indenização, de forma a garantir a</p><p>continuidade do serviço. A propósito: REsp 1.422.656/RJ, Rel. Ministro Mauro Campbell</p><p>Marques, Segunda Turma, DJe 21.3.2014; AgRg no REsp 1.505.433/RJ, Rel. Ministro Humberto</p><p>Martins, Rel. p/ Acórdão Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 6.9.2016.</p><p>• As hipóteses de extinção da concessão estão previstas no art. 35 da Lei, são elas:</p><p> advento do termo contratual;</p><p> encampação;</p><p> caducidade;</p><p> rescisão;</p><p> anulação; e</p><p> falência ou extinção da empresa concessionária e falecimento ou incapacidade do titular, no caso</p><p>de empresa individual.</p><p>• Ressalte-se que esse rol não é taxativo, mas meramente exemplificativo. O distrato, por exemplo, que é</p><p>a extinção por acordo entre as partes, não está no rol do art. 35, mas é causa de extinção da concessão</p><p>– se o contrato é negócio jurídico bilateral, feito por acordo de vontade das partes, é claro que o acordo</p><p>entre as partes poderá proceder com a extinção.</p><p>• Vamos analisar cada um desses casos separadamente.</p><p>HIPÓTESES DE EXTINÇÃO CONTRATUAL</p><p>ADVENTO DO</p><p>TERMO</p><p>CONTRATUAL</p><p>▪ Essa é a forma natural de extinção de um contrato de concessão de serviço público,</p><p>prevista no art. 35, I da Lei de concessões.</p><p>▪ Os efeitos dessa extinção são ex nunc.</p><p>▪ Dessa forma, somente após o termo final é que haverá a reversão à concedente,</p><p>bem como o concessionário se desvincula de suas obrigações contratuais e legais.</p><p>▪ A Lei determina que o poder concedente, antecipando-se à extinção da concessão,</p><p>proceda aos levantamentos e avaliações necessárias à determinação dos montantes</p><p>da indenização que serão devidos à concessionária.</p><p>ENCAMPAÇÃO ▪ A encampação é a extinção unilateral da concessão, consistente na retomada do</p><p>serviço pelo poder concedente durante o prazo da concessão, por motivo de</p><p>interesse público.</p><p>▪ Trata-se de manifestação dos princípios da continuidade e da supremacia do</p><p>interesse público que claramente irá se sobrepor ao particular.</p><p>▪ Deve obedecer aos seguintes requisitos:</p><p>➢ i. Interesse público;</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 119</p><p>119</p><p>405</p><p>➢ ii. Lei autorizativa específica;</p><p>➢ iii. Pagamento prévio da indenização.</p><p>▪ Por estes requisitos, verifica-se que o contrato somente restará extinto após o</p><p>pagamento da indenização, o que não ocorre nos demais casos.</p><p>▪ É importante destacar que nem mesmo na encampação ocorre o pagamento da</p><p>indenização em razão de lucros cessantes, isto é, no lucro que o prestador deixou</p><p>de auferir caso o contrato houvesse sido executado regularmente. Estes lucros não</p><p>auferidos não são devidos ao concessionário.</p><p>▪ Como nos demais casos, a indenização cinge-se à parcela dos bens reversíveis que</p><p>não foi depreciada ou amortizada.</p><p>CADUCIDADE ▪A caducidade é a forma de extinção da concessão por inexecução total ou parcial</p><p>do contrato. Existem duas hipóteses para a extinção do processo por caducidade:</p><p>➢ i) Inexecução parcial ou total do contrato em geral (hipóteses do art. 38,</p><p>§1º);</p><p>➢ ii) Transferência de concessão ou do controle societário da concessionária</p><p>sem prévia anuência do poder concedente (art. 27-A).</p><p>▪ No primeiro caso, a extinção do contrato é discricionária, ou seja, incorrendo em</p><p>quaisquer das hipóteses previstas no rol do art. 38, §1º, o poder concedente tem a</p><p>faculdade de (i) extinguir o contrato ou (ii) aplicar outras sanções ao</p><p>concessionário/permissionário.</p><p>▪ No segundo caso, a declaração de caducidade é vinculada e automática.</p><p>▪Antes de declarar a caducidade, o poder deve seguir um rito previsto na Lei (art.</p><p>38):</p><p>➢ a) deverá comunicar a concessionária, detalhadamente, os</p><p>descumprimentos contratuais (nos casos de inexecução parcial ou total do</p><p>contrato), dando-lhe um prazo para corrigir as falhas e transgressões</p><p>apontadas e para o enquadramento, nos termos contratuais (§3º do art. 38);</p><p>➢ b) após o prazo, se não forem corrigidas as falhas, o poder concedente</p><p>deverá instaurar um processo administrativo, assegurado o direito de ampla</p><p>defesa e contraditório (§2º do art. 38);</p><p>➢ c) comprovada, no processo, a inadimplência, a caducidade será declarada</p><p>por decreto do poder concedente, independentemente de indenização</p><p>prévia, calculada no decurso do processo (§4º do art. 38).</p><p>▪ Declarada a caducidade, não resultará para o poder concedente qualquer espécie</p><p>de responsabilidade em relação aos encargos, ônus, obrigações ou compromissos</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 120</p><p>120</p><p>405</p><p>com terceiros ou com empregados da concessionária, de acordo com o art. 38, § 6º</p><p>da Lei nº 8.987/95.</p><p>RESCISÃO ▪ A rescisão, prevista no art. 39, é a hipótese de extinção do contrato por iniciativa</p><p>da concessionária ou permissionária, caso haja o descumprimento das normas</p><p>contratuais pelo poder concedente.</p><p>▪ O concessionário necessitará de ajuizar uma ação judicial especialmente</p><p>intentada para esse fim.</p><p>▪ Além disso, em razão do princípio da continuidade dos serviços, a concessionária</p><p>somente poderá paralisar a prestação dos serviços após o trânsito em julgado da</p><p>decisão judicial que reconheça a infração contratual cometida pelo poder</p><p>concedente (parágrafo único do art. 39).</p><p>▪ Dessa forma, a partir deste comando, a doutrina conclui que, tratando-se de</p><p>contratos de concessão e de permissão de serviços, é absoluta a impossibilidade de</p><p>o particular se valer da chamada exceptio non adimpleti contractus (exceção do</p><p>contrato não cumprido). Fala-se em inoponibilidade da exceção do contrato não</p><p>cumprido quanto aos contratos de concessão de serviços públicos.</p><p>ANULAÇÃO; ▪ A anulação, constante no art. 35, V, é a extinção do contrato de concessão em</p><p>decorrência de alguma ilegalidade, que poderá ocorrer tanto na licitação quanto no</p><p>próprio contrato, podendo ser reconhecida pelo próprio poder concedente ou pelo</p><p>Poder Judiciário.</p><p>▪ Face à inexistência de regramento específico na Lei 8.987/1995, a doutrina</p><p>entende possível a aplicação subsidiária da Lei 14.133/2021 (arts. 148 e 149)</p><p>FALÊNCIA OU</p><p>EXTINÇÃO DA</p><p>EMPRESA</p><p>CONCESSIONÁRIA</p><p>E FALECIMENTO</p><p>OU INCAPACIDADE</p><p>DO TITULAR, NO</p><p>CASO DE EMPRESA</p><p>INDIVIDUAL</p><p>▪ Esse caso de extinção decorre da natureza intuitu personae (pessoal) dos</p><p>contratos de concessão e permissão. Logo, com a falência da empresa</p><p>concessionária ou qualquer outra forma de extinção, não haverá possibilidade de</p><p>continuidade na prestação dos serviços.</p><p>▪ No mesmo sentido, a Lei de Falências, editada 10 anos depois da Lei 8.987/1995,</p><p>assim prevê:</p><p>Lei 11.101/2005, art. 195. A decretação da falência das concessionárias</p><p>de serviços públicos</p><p>implica extinção da concessão, na forma da lei.</p><p>▪ Recuperação judicial não é hipótese de extinção do contrato de concessão, visto</p><p>que ela não se confunde com a falência.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 121</p><p>121</p><p>405</p><p>7.7 - PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS (LEI 11.079/2004)</p><p>• A Parceria Público-Privada é regulada pela Lei Nacional 11.079/04, que afirma ser aplicável aos órgãos</p><p>da administração pública direta dos Poderes Executivo e Legislativo, aos fundos especiais, às autarquias,</p><p>às fundações públicas, às empresas públicas, às sociedades de economia mista e às demais entidades</p><p>controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios.</p><p>• Trata-se de uma forma de realizar grandes empreendimentos que a sociedade precisa e para os quais o</p><p>poder público, geralmente, não dispõe de recursos necessários. Nada mais é do que uma espécie de</p><p>concessão de serviço público. Uma concessão especial.</p><p>• Às concessões patrocinadas, aplica-se subsidiariamente a lei 8.987/95 (Concessões comuns) por</p><p>completo, enquanto que às concessões administrativas aplicam-se apenas o disposto nos arts. 21, 23, 25</p><p>e 27 a 39 da Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, e no art. 31 da Lei nº 9.074, de 7 de julho de 1995</p><p>(art. 3º, caput e parágrafo primeiro).</p><p>• Por outro lado, ao contrário dos contratos de serviços públicos regidos pela lei 8.987/95 – que correm</p><p>por conta e risco do concessionário (álea ordinária) –, nas concessões especiais de PPP, a lei instituiu a</p><p>“repartição objetiva dos riscos entre as partes” (art. 4º, VI), incluindo a repartição em razão de caso</p><p>fortuito, força maior, fato do príncipe e álea econômica extraordinária (divide-se o risco, tanto quanto</p><p>a álea ordinária quanto a álea administrativa).</p><p>• Nos contratos de concessão relativos à parceria público privada, deve haver, necessariamente,</p><p>contraprestação do parceiro público ao parceiro privado, sob pena de confundir com a concessão de</p><p>serviço público comum.</p><p>Art. 2º, § 3º: Não constitui parceria público-privada a concessão comum, assim entendida a</p><p>concessão de serviços públicos ou de obras públicas de que trata a Lei nº 8.987, de 13 de</p><p>fevereiro de 1995, quando não envolver contraprestação pecuniária do parceiro público ao</p><p>parceiro privado.</p><p>7.7.1 - São espécies de Parcerias Público-Privadas:</p><p>CONCESSÃO PATROCINADA CONCESSÃO ADMINISTRATIVA</p><p>▪ É a concessão de serviços públicos ou de obras</p><p>públicas de que trata a lei nº 8.987/95, quando</p><p>envolver, adicionalmente à tarifa cobrada dos</p><p>usuários contraprestação pecuniária do parceiro</p><p>público ao parceiro privado.</p><p>▪ As concessões patrocinadas em que mais de</p><p>70% (setenta por cento) da remuneração do</p><p>parceiro privado for paga pela Administração</p><p>▪ É o contrato de prestação de serviços públicos</p><p>de que a Administração Pública seja usuária</p><p>direta ou indireta, ainda que envolva execução</p><p>de obra ou fornecimento e instalação de bens.</p><p>▪ Não há remuneração através de tarifas dos</p><p>usuários.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 122</p><p>122</p><p>405</p><p>Pública dependerão de autorização legislativa</p><p>específica (art. 10, §3º).</p><p>▪ O objeto da concessão será sempre um serviço</p><p>público.</p><p>▪ A própria Administração Pública é a usuária do</p><p>serviço (direta ou indiretamente), sendo</p><p>responsável, pelo pagamento das faturas do</p><p>serviço (100% das tarifas pagas pela</p><p>administração).</p><p>▪ O objeto da contratação poderá ser um serviço</p><p>público ou um serviço administrativo.</p><p>7.7.2 – Características das Parcerias Público-Privadas:</p><p>PRAZO DE DURAÇÃO ▪ Em ambas as espécies de PPP, o prazo de vigência do contrato,</p><p>compatível com a amortização dos investimentos realizados, não deve ser</p><p>inferior a 5 (cinco) anos e nem superior a 35 (trinta e cinco) anos, incluindo</p><p>eventual prorrogação;</p><p>VALOR ▪ É vedada a celebração de contrato de parceria público-privada cujo valor</p><p>do contrato seja inferior a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais);</p><p>OBJETO ▪ O objeto deve ser prestação de um serviço público, sendo vedada a</p><p>celebração de contrato de parceria público-privada que tenha como objeto</p><p>único:</p><p>➢ a) o fornecimento de mão-de-obra;</p><p>➢ b) o fornecimento e instalação de equipamento; ou</p><p>➢ c) a execução de obra pública;</p><p>▪ Isso porque, nesses casos, teríamos apenas um contrato administrativo</p><p>comum, disciplinado pela Lei de Licitações. Com efeito, o objeto das</p><p>parcerias público-privadas é a concessão de serviços públicos. Logo, a</p><p>execução da obra ou o fornecimento de equipamento ou mão-de-obra</p><p>deveria ser acompanhado da prestação de algum serviço público.</p><p> STF: É inconstitucional lei municipal que autoriza a</p><p>celebração de PPP para a execução de obra pública</p><p>desvinculada de qualquer serviço público ou social. Trata-se de</p><p>previsão inconstitucional porque invade a competência</p><p>privativa da União para legislar sobre normas gerais de licitação</p><p>e contrato (art. 22, XXVII, CF/88). Caso concreto: o art. 5º, IV, da</p><p>Lei nº 1.327/2007, do Município de Ariquemes (RO), autorizou</p><p>a celebração de contrato de parceria público-privada para a</p><p>execução de obra pública sem que essa obra estivesse vinculada</p><p>à prestação de serviço público. Ocorre que as parcerias público-</p><p>privadas são disciplinadas pela Lei Federal nº 11.079/2004,</p><p>que veda expressamente a celebração de contratos de PPP</p><p>unicamente para a execução de obra pública sem vinculação à</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 123</p><p>123</p><p>405</p><p>prestação de serviço público ou social. O art. 2º, § 4º, III, dessa</p><p>Lei afirma que é vedada a celebração de PPP que tenha como</p><p>objeto único a execução de obra pública. STF. Plenário. ADPF</p><p>282/RO, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 15/5/2023 (Info</p><p>1094).</p><p>FORMA DE PAGAMENTO ▪ A contraprestação da Administração Pública nos contratos de parceria</p><p>público-privada poderá ser feita por:</p><p>➢ I – ordem bancária;</p><p>➢ II – cessão de créditos não tributários;</p><p>➢ III – outorga de direitos em face da Administração Pública;</p><p>➢ IV – outorga de direitos sobre bens públicos dominicais; e</p><p>➢ V – outros meios admitidos em lei.</p><p>▪ O contrato poderá prever o pagamento ao parceiro privado de</p><p>remuneração variável vinculada ao seu desempenho, conforme metas e</p><p>padrões de qualidade e disponibilidade definidos no contrato.</p><p>▪ Ademais, a contraprestação da Administração Pública será</p><p>obrigatoriamente precedida da disponibilização do serviço objeto do</p><p>contrato de parceria público-privada.</p><p>GARANTIA ▪ As obrigações pecuniárias contraídas pela Administração Pública em</p><p>contrato de parceria público-privada poderão ser garantidas mediante:</p><p>➢ I – vinculação de receitas, observado o disposto no inciso IV do art.</p><p>167 da Constituição Federal;</p><p>➢ II – instituição ou utilização de fundos especiais previstos em lei;</p><p>➢ III – contratação de seguro-garantia com as companhias</p><p>seguradoras que não sejam controladas pelo Poder Público;</p><p>➢ IV – garantia prestada por organismos internacionais ou instituições</p><p>financeiras;</p><p>➢ V – garantias prestadas por fundo garantidor ou empresa estatal</p><p>criada para essa finalidade;</p><p>➢ VI – outros mecanismos admitidos em lei.</p><p>MODALIDADE LICITATÓRIA</p><p>OBRIGATÓRIA</p><p>▪ A contratação de parceria público-privada será precedida de licitação na</p><p>modalidade de concorrência ou diálogo competitivo.</p><p>▪ O edital poderá prever: a) a inversão das fases de habilitação e</p><p>julgamento; b) propostas escritas em envelopes lacrados; ou (c) propostas</p><p>escritas, seguidas de lances em viva voz.</p><p>▪ A abertura do processo licitatório exige, dentre outros requisitos:</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 124</p><p>124</p><p>405</p><p>➢ a) autorização</p><p>da autoridade competente, fundamentada em</p><p>estudo técnico;</p><p>➢ b) estimativa do impacto orçamentário-financeiro nos exercícios do</p><p>contrato;</p><p>➢ c) compatibilidade com a LDO e LOA, além de previsão no PPA;</p><p>➢ d) submissão do edital e contrato à consulta pública; e</p><p>➢ e) Licença Ambiental Prévia,</p><p>▪ O julgamento poderá adotar como critérios:</p><p>➢ a) o menor valor da tarifa do serviço público a ser prestado;</p><p>➢ b) a melhor proposta em razão da combinação dos critérios de</p><p>menor valor da tarifa do serviço público a ser prestado com o de</p><p>melhor técnica;</p><p>➢ c) menor valor da contraprestação a ser paga pela Administração</p><p>Pública;</p><p>➢ d) a melhor proposta em razão da combinação do critério de menor</p><p>valor da contraprestação com o de melhor técnica, de acordo com</p><p>os pesos estabelecidos no edital;</p><p>COMPARTILHAMENTO DE</p><p>RISCOS NO CONTRATO</p><p>▪ A responsabilidade do parceiro público é solidária com o parceiro</p><p>privado, inclusive os referentes a caso fortuito, força maior, fato do príncipe</p><p>e álea econômica extraordinária;</p><p>▪ Busca-se, com esse compartilhamento de riscos, reduzir os custos da</p><p>prestação de serviços. O reverso do compartilhamento de riscos também é</p><p>devido, isto é, caso tenha ocorrido ganho com a redução do risco, ele</p><p>também deverá ser compartilhado entre os parceiros público e privado.</p><p>CLÁUSULAS ESSENCIAIS</p><p>▪ As cláusulas essenciais do contrato se encontram no art. 5º da lei,</p><p>destacando-se, dentre elas, as seguintes:</p><p>➢ a) Prazo de vigência: 5 (cinco) a 35 (trinta e cinco) anos (inciso I);</p><p>➢ b) as penalidades aplicáveis à Administração Pública e ao parceiro</p><p>privado em caso de inadimplemento contratual, fixadas sempre de</p><p>forma proporcional à gravidade da falta cometida, e às obrigações</p><p>assumidas (inciso II);</p><p>➢ c) Repartição de riscos entre as partes, inclusive os referentes a</p><p>caso fortuito, força maior, fato do príncipe e álea econômica</p><p>extraordinária (inciso III);</p><p>➢ d) A garantia a ser prestada pelo parceiro privado de até 10% (dez</p><p>por cento) do valor do contrato (art. 98, lei 14.133/2021). Pode ser</p><p>exigida ainda garantia no valor dos bens entregues pela</p><p>Administração, dos quais o contratado ficará depositário, se for o</p><p>caso, bem como do valor da obra, caso a PPP envolva execução de</p><p>obra (art. 18, V, da lei 8.987/95).</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 125</p><p>125</p><p>405</p><p>➢ e) Compartilhamento com a Administração Pública de ganhos</p><p>econômicos efetivos do parceiro privado decorrentes da redução do</p><p>risco de crédito dos financiamentos utilizados pelo parceiro privado;</p><p>➢ f) A realização de vistoria dos bens reversíveis, podendo o parceiro</p><p>público reter os pagamentos ao parceiro privado, no valor</p><p>necessário para reparar as irregularidades eventualmente</p><p>detectadas.</p><p>▪ Ademais, as cláusulas contratuais de atualização automática de valores</p><p>(reajuste) baseadas em índices e fórmulas matemáticas, quando houver,</p><p>serão aplicadas sem necessidade de homologação pela Administração</p><p>Pública, exceto se esta publicar, na imprensa oficial, onde houver, até o</p><p>prazo de 15 (quinze) dias após apresentação da fatura, razões</p><p>fundamentadas nesta Lei ou no contrato para a rejeição da atualização.</p><p>7.7.3 - Sociedade de Propósito Específico</p><p>• Depois de realizada a licitação e antes da celebração do contrato, deverá ser constituída sociedade de</p><p>propósito específico, incumbida de implantar e gerir o objeto da parceria (art. 9º, caput). A sociedade</p><p>de propósito específico deve ser criada pelo ente público e pelo parceiro privado, a qual irá assinar o</p><p>contrato das PPP’s com o Poder Concedente.</p><p> Essa sociedade empresária poderá assumir a forma de companhia aberta, com valores mobiliários</p><p>admitidos a negociação no mercado, devendo obedecer a padrões de governança corporativa e</p><p>adotar contabilidade e demonstrações financeiras padronizadas, conforme regulamento (art. 9º, §§</p><p>2º e 3º).</p><p>• Conforme determinação legal, o Poder Público não pode deter a maior parte do capital social votante</p><p>desta entidade específica; caso contrário, ficaria comprometida a sua imparcialidade, salvo em casos de</p><p>aquisição da maior parte do capital em questão por instituição financeira controlada pelo Poder</p><p>Público, quando houver inadimplemento de contratos de financiamento (Art. 9º, §§ 4º e 5º).</p><p>• Ressalte-se, ainda, que os contratos de PPP poderão prever os requisitos e condições em que o parceiro</p><p>público autorizará a transferência do controle ou a administração temporária da sociedade de</p><p>propósito específico aos seus financiadores e garantidores com quem não mantenha vínculo societário</p><p>direto, com o objetivo de promover a sua reestruturação financeira e assegurar a continuidade da</p><p>prestação dos serviços.</p><p>• Quanto à transferência do controle da sociedade de propósito específico, aplica-se a mesma restrição</p><p>do art. 27 da Lei 8.987/95, isto é, somente poderá ocorrer quando houver expressa autorização do</p><p>parceiro público, sob pena de caducidade.</p><p> Ademais, o parágrafo único do art. 27 da Lei 8.987/1995, exige, além da autorização do poder</p><p>concedente, que o pretendente deverá:</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 126</p><p>126</p><p>405</p><p>➢ a) atender às exigências de capacidade técnica, idoneidade financeira e regularidade jurídica e</p><p>fiscal necessárias à assunção do serviço; e</p><p>➢ b) comprometer-se a cumprir todas as cláusulas do contrato em vigor.</p><p>8 - LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS (LEI</p><p>14.133/2021).</p><p>• Licitação é o processo administrativo, utilizado pela Administração Pública e pelas demais pessoas</p><p>indicadas pela lei, por meio do qual é selecionada a “proposta apta a gerar o resultado de contratação</p><p>mais vantajoso para a Administração Pública”, mediante critérios que garantam a isonomia e a</p><p>competição entre os interessados, para a celebração de um contrato ou obtenção do melhor trabalho</p><p>técnico, artístico ou científico.</p><p>• A principal previsão constitucional quanto à realização de licitações encontra-se assim esculpida na Carta</p><p>Magna:</p><p>CF, art. 37, XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e</p><p>alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade</p><p>de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de</p><p>pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente</p><p>permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do</p><p>cumprimento das obrigações.</p><p>• A Lei 14.133/2021, também conhecida como “nova Lei de Licitações e Contratos”, regulamenta esse</p><p>dispositivo constitucional e prevê normas que alcançam toda a administração direta de todas as esferas</p><p>de governo (União, Estados/DF e Municípios), bem como às autarquias, fundações (não alcança as</p><p>empresas estatais – EP e SEM, as quais são regidas pela Lei 13.303/2016), fundos especiais e demais</p><p>entidades controladas direta ou indiretamente pelos entes federativos.</p><p> Trata-se de norma geral de aplicação nacional.</p><p>• A existência desta Lei, no entanto, não impede Estados, Municípios e o Distrito Federal a legislarem</p><p>sobre questões específicas do tema licitações – mesmo sem autorização expressa da União. A única</p><p>limitação é que as regras específicas editadas pelos entes subnacionais não devem contrariar as regras</p><p>gerais emanadas da União.</p><p> STF: Esta Corte já assentou o entendimento de que assiste aos Estados competência</p><p>suplementar para legislar sobre licitação e contratação, desde que respeitadas as normas</p><p>gerais estabelecidas pela União. (ADI 4658, Relator(a): Edson Fachin, Tribunal Pleno, julgado em</p><p>25-10-2019)</p><p> STF: 1. A competência legislativa do Estado-membro para dispor sobre licitações e contratos</p><p>administrativos respalda a fixação por lei de preferência para a aquisição de softwares</p><p>livres</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 127</p><p>127</p><p>405</p><p>pela Administração Pública regional, sem que se configure usurpação da competência</p><p>legislativa da União para fixar normas gerais sobre o tema (CRFB, art. 22, XXVII). 2. A matéria</p><p>atinente às licitações e aos contratos administrativos não foi expressamente incluída no rol</p><p>submetido à iniciativa legislativa exclusiva do Chefe do Poder Executivo (CRFB, art. 61, §1º, II),</p><p>sendo, portanto, plenamente suscetível de regramento por lei oriunda de projeto iniciado por</p><p>qualquer dos membros do Poder Legislativo. (ADI 3059, Relator(a): Ayres Britto, Relator(a) p/</p><p>Acórdão: Luiz Fux, Tribunal Pleno, julgado em 09-04-2015)</p><p> STF: Usurpa a competência da União para legislar sobre normais gerais de licitação norma</p><p>estadual que prevê ser dispensável o procedimento licitatório para aquisição por pessoa jurídica</p><p>de direito interno, de bens produzidos ou serviços prestados por órgão ou entidade que integre</p><p>a Administração Pública, e que tenha sido criado especificamente para este fim específico, sem</p><p>a limitação temporal estabelecida pela Lei 8.666/1993 para essa hipótese de dispensa de</p><p>licitação. (ADI 4658, Relator(a): Edson Fachin, Tribunal Pleno, julgado em 25-10-2019)</p><p> STF: É inconstitucional lei municipal que disciplina hipóteses de dispensa de licitação, por</p><p>usurpação da competência legislativa da União para editar normas gerais de licitação, à luz do</p><p>art. 22, inciso XXVII, da Constituição Federal. 2. Conforme a repartição constitucional de</p><p>competências, cabe aos Municípios legislar sobre assuntos de interesse local, bem como</p><p>suplementar a legislação federal e a estadual no que couber (art. 30, I e II), desde que não</p><p>contrarie a norma geral federal. A lei federal 8.666/93 trata das hipóteses de dispensa de</p><p>licitação. 3. Agravo regimental a que se nega provimento. (ARE 1340483 AgR, Relator(a): Edson</p><p>Fachin, Segunda Turma, julgado em 18-12-2021)</p><p>ATENÇÃO: A nova Lei de Licitações entrou em vigor em 1° de abril de 2021, data de sua</p><p>publicação oficial. Teve vigência imediata. Isso significa que, com a publicação, estará apta a</p><p>produzir efeitos, podendo ser aplicada de imediato pela Administração Pública e licitantes.</p><p>Desde a entrada em vigor, porém, os dispositivos da Lei n. 8.666/93 sobre os crimes e seu</p><p>processamento encontram-se revogados (arts. 89 a 108). Desse modo, os crimes cometidos a</p><p>partir de 01/04/2021 se sujeitam ao Código Penal, de acordo com as alterações promovidas pela</p><p>nova Lei de Licitações (arts. 337-E a 337-P). Tais alterações retroagirão às condutas tipificadas na</p><p>Lei n. 8.666/93, naquilo que recebeu tratamento benéfico pela nova lei.</p><p>As demais disposições da Lei n. 8.666/1993, assim como a Lei n. 10.520/2002 (pregão) e os arts.</p><p>1° a 47-A da Lei n. 12.462/2011 (RDC) só seriam revogados a partir de 01/04/2023, ou seja,</p><p>continuariam em vigor por 2 (dois) anos após a publicação oficial da nova Lei de Licitações.</p><p>Contudo, com a MP 1.167/2023, o prazo foi prorrogado até o dia 30/12/23 para as três leis sobre</p><p>compras públicas.</p><p>Criou-se, assim, um período de convivência entre os regimes jurídicos dessas leis, para que a</p><p>Administração Pública possa se adaptar às novas rotinas e normas, facultando-se ao gestor a</p><p>aplicação da nova Lei de Licitações ou as legislações anteriores.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 128</p><p>128</p><p>405</p><p>Mas, cuidado, segundo o art. 191, até 30/12/2023, a Administração poderia optar por licitar ou</p><p>contratar diretamente de acordo com a nova Lei ou de acordo com as leis anteriores, vedado,</p><p>entretanto, mesclar normas dos dois diplomas, combinando-as e criando um sistema híbrido.</p><p>Deveria optar pela adoção, na íntegra, de alguma das leis e a opção escolhida deveria ser</p><p>indicada expressamente no edital ou no aviso ou instrumento de contratação direta.</p><p>Ademais, se a Administração optou por licitar de acordo com as leis revogadas, o contrato</p><p>respectivo será regido pelas regras nelas previstas durante toda a sua vigência, ou seja, o</p><p>contrato cujo instrumento tenha sido assinado conforme as leis revogadas continuará a ser</p><p>regido de acordo com as regras previstas na legislação revogada, mesmo após 30/12/2023 (arts.</p><p>190 e 191).</p><p>8.1 – APLICAÇÃO DA LEI</p><p>ALCANCE SUBJETIVO ▪ A Lei geral de Licitações SE APLICA (art. 1º, caput):</p><p>➢ a) às administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais de</p><p>todos os entes da Federação (União, estados, Distrito Federal e</p><p>municípios).</p><p>➢ b) inclusive os órgãos dos poderes Legislativo e Judiciário da União,</p><p>dos estados e do Distrito Federal e os órgãos do Poder Legislativo dos</p><p>Municípios, quando no desempenho de função administrativa;</p><p>➢ c) os fundos especiais; e</p><p>➢ d) as demais entidades controladas direta ou indiretamente pela</p><p>administração pública.</p><p>▪ NÃO SE APLICA:</p><p>➢ a) às empresas públicas, as sociedades de economia mista e as suas</p><p>subsidiárias, regidas pela Lei nº 13.303, de 30 de junho de 2016,</p><p>ressalvado o disposto no art. 178 desta Lei – Porém, segundo o art.</p><p>185, os crimes contra as licitações e contratos previstos nos arts. 337-</p><p>E a 337-P do Código Penal, e que foram inseridos pela Lei nº</p><p>14.133/21, são aplicados para as empresas públicas, sociedades de</p><p>economia mista e suas subsidiárias.;</p><p>➢ b) às repartições públicas sediadas no exterior, que devem apenas</p><p>observar os “princípios básicos” da Lei de Licitações (exemplo:</p><p>Embaixada do Brasil na China;</p><p>➢ c) às licitações e contratações que envolvam recursos provenientes de</p><p>empréstimo ou doação oriundos de agência oficial de cooperação</p><p>estrangeira ou de organismo financeiro de que o Brasil seja parte, que</p><p>podem seguir regras específicas, em virtude dos acordos firmados</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 129</p><p>129</p><p>405</p><p>(exemplo: um financiamento com o Banco Interamericano de</p><p>Desenvolvimento – BID pode exigir regras próprias para a licitação);</p><p>➢ d) às contratações relativas à gestão, direta e indireta, das reservas</p><p>internacionais do País, inclusive as de serviços conexos ou acessórios</p><p>a essa atividade, serão disciplinadas em ato normativo próprio do</p><p>Banco Central do Brasil, assegurada a observância dos princípios</p><p>estabelecidos no caput do art. 37 da Constituição Federal. (exemplo:</p><p>as reservas cambiais em dólar. Se o Brasil precisar vender dólar para</p><p>estabilizar o valor da moeda, não haverá muito sentido em seguir as</p><p>regras da Lei de Licitações</p><p>ALCANCE OBJETIVO</p><p>▪ Além de prever o alcance da lei sob o aspecto subjetivo, a nova lei detalha,</p><p>em termos objetivos, sua aplicação às contratações dos seguintes objetos</p><p>(art. 2º):</p><p>➢ I - alienação e concessão de direito real de uso de bens;</p><p>➢ II - compra, inclusive por encomenda;</p><p>➢ III - locação;</p><p>➢ IV - concessão e permissão de uso de bens públicos;</p><p>➢ V - prestação de serviços, inclusive os técnico-profissionais</p><p>especializados;</p><p>➢ VI - obras e serviços de arquitetura e engenharia;</p><p>➢ VII - contratações de tecnologia da informação e de comunicação.</p><p>▪ NÃO SE APLICA (Art. 3º):</p><p>➢ a) contratos que tenham por objeto operação de crédito, interno ou</p><p>externo, e</p><p>➢ b) gestão de dívida pública,</p><p>➢ c) incluídas as contratações de agente financeiro e a concessão de</p><p>garantia relacionadas a esses contratos;</p><p>➢ d) contratações sujeitas a normas previstas em legislação própria.</p><p>ALCANCE SUBSIDIÁRIO ▪ APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA da Lei 14.133/2021 (art. 186 e 192):</p><p>➢ a) nas licitações e contratações para serviços de publicidade (regidas</p><p>pela Lei 12.232/2010);</p><p>➢ b) nas licitações e contratações de concessão e permissão de serviços</p><p>públicos (Leis 8.987/1995: concessão/permissão de serviços públicos;</p><p>➢ c) nas licitações e contratações de parcerias público-privadas</p><p>(Lei</p><p>11.079/2004 - PPPs);</p><p>➢ d) Ao contrato relativo a imóvel do patrimônio da União ou de suas</p><p>autarquias e fundações continuará regido pela legislação pertinente.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 130</p><p>130</p><p>405</p><p>8.2 – OBJETIVOS DA LEI DE LICITAÇÕES</p><p>O PROCESSO LICITATÓRIO</p><p>TEM POR OBJETIVOS:</p><p>▪ Assegurar:</p><p>➢ a seleção da proposta apta a gerar o resultado de contratação</p><p>mais vantajoso para a Administração Pública;</p><p>➢ inclusive no que se refere ao ciclo de vida do objeto;</p><p>▪ Assegurar:</p><p>➢ tratamento isonômico entre os licitantes;</p><p>➢ a justa competição;</p><p>▪ Evitar contratações com:</p><p>➢ sobrepreço ou;</p><p>➢ com preços manifestamente inexequíveis; e</p><p>➢ superfaturamento na execução dos contratos;</p><p>▪ Incentivar:</p><p>➢ a inovação;</p><p>➢ o desenvolvimento nacional sustentável.</p><p>O parágrafo único do art. 11 ainda estabelece um dever de implantação,</p><p>pela alta administração do órgão ou entidade, de um modelo de</p><p>governança nas contratações públicas, além de implementar processos e</p><p>estruturas, inclusive de gestão de riscos e controles internos, para avaliar,</p><p>direcionar e monitorar os processos licitatórios e os respectivos contratos,</p><p>com o intuito de:</p><p>a) alcançar os objetivos acima elencados;</p><p>b) promover um ambiente íntegro e confiável;</p><p>c) assegurar o alinhamento das contratações ao planejamento</p><p>estratégico e às leis orçamentárias; e</p><p>d) promover eficiência, efetividade e eficácia em suas contratações..</p><p>Qual a diferença entre sobrepreço e superfaturamento?</p><p>Em resumo, o sobrepreço é a cobrança de valores acima do preço de mercado pelo licitante,</p><p>envolvendo falha no processo de contratação, enquanto o superfaturamento é a cobrança de</p><p>preço por objeto não fornecido ou não executado, mal fornecido ou mal executado ou</p><p>fornecido ou executado em quantidades inferiores à acordada, envolvendo despesas</p><p>irregulares na execução do contrato.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 131</p><p>131</p><p>405</p><p>• A própria Lei n. 14.133/2021 conceitua essas condutas da seguinte forma (art. 6º, LVI e LVII):</p><p>SOBREPREÇO SUPERFATURAMENTO</p><p>▪ preço orçado para licitação ou contratado em</p><p>valor expressivamente superior aos preços</p><p>referenciais de mercado:</p><p>➢ seja de apenas 1 (um) item, se a licitação ou a</p><p>contratação for por preços unitários de serviço;</p><p>➢ seja do valor global do objeto, se a licitação ou</p><p>a contratação for por tarefa, empreitada por</p><p>preço global ou empreitada integral, semi-</p><p>integrada ou integrada;</p><p>▪ dano provocado ao patrimônio da</p><p>Administração, caracterizado, entre outras</p><p>situações, por:</p><p>➢ a) medição de quantidades superiores às</p><p>efetivamente executadas ou fornecidas;</p><p>➢ b) deficiência na execução de obras e de</p><p>serviços de engenharia que resulte em</p><p>diminuição da sua qualidade, vida útil ou</p><p>segurança;</p><p>➢ c) alterações no orçamento de obras e de</p><p>serviços de engenharia que causem</p><p>desequilíbrio econômico-financeiro do</p><p>contrato em favor do contratado;</p><p>➢ d) outras alterações de cláusulas financeiras</p><p>que gerem recebimentos contratuais</p><p>antecipados, distorção do cronograma físico-</p><p>financeiro, prorrogação injustificada do prazo</p><p>contratual com custos adicionais para a</p><p>Administração ou reajuste irregular de preços;</p><p>8.3 – PRINCÍPIOS DA LEI DE LICITAÇÕES - ART. 5º</p><p>• A nova lei ampliou, consideravelmente, a quantidade de princípios a serem alvejados nas licitações</p><p>públicas, de sorte que agora chegamos a ter 22 princípios (na Lei 8.666 eram apenas 8!).</p><p> Assim, o administrador deve observar os princípios da legalidade, da impessoalidade, da</p><p>moralidade, da publicidade, da eficiência, do interesse público, da probidade administrativa, da</p><p>igualdade, do planejamento, da transparência, da eficácia, da segregação de funções, da motivação,</p><p>da vinculação ao edital, do julgamento objetivo, da segurança jurídica, da razoabilidade, da</p><p>competitividade, da proporcionalidade, da celeridade, da economicidade e do desenvolvimento</p><p>nacional sustentável.</p><p>• Vários destes princípios são aplicáveis à toda atuação administrativa – não apenas às licitações públicas</p><p>– como é o caso dos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.</p><p>• Por outro lado, há princípios específicos das licitações, como é o caso da vinculação ao edital e do</p><p>julgamento objetivo.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 132</p><p>132</p><p>405</p><p>• Além destes expressos, para reforçar, o legislador remeteu também aos princípios mencionados na</p><p>LINDB – Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Decreto-Lei 4.657/1942) – os quais constituem</p><p>princípios estruturantes do direito brasileiro (como a irretroatividade, transparência, isonomia,</p><p>legalidade).</p><p>• Alguns desses princípios já foram abordados em nosso curso, razão pela qual focaremos no estudo</p><p>daqueles que ainda não foram vistos de forma detida e que possuem aplicação prática para o</p><p>procedimento licitatório.</p><p>PRINCÍPIO DA ISONOMIA E</p><p>IGUALDADE</p><p>▪O princípio da igualdade, que também pode ser chamado de princípio</p><p>da isonomia, veda o estabelecimento de discriminações, favorecimentos</p><p>ou exigências indevidas, uma vez que deve permitir que os licitantes</p><p>concorram em igualdade de condições, nos termos descritos no art. 37,</p><p>XXI da CF.</p><p>▪ Como decorrência desta isonomia, os critérios de julgamento serão</p><p>objetivos e os requisitos exigidos para a participação do licitante só</p><p>poderão ser aqueles com previsão legal e estritamente necessários para a</p><p>sua finalidade.</p><p>▪ Esse princípio tem aplicação no art. 9º, I, ‘b’, e II da Lei n.º 14.133/21, o</p><p>qual dispõe que é vedado ao agente público designado para atuar na área</p><p>de licitações e contratos, ressalvados os casos previstos em lei (art. 9º,</p><p>caput):</p><p>➢ I – admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos que praticar,</p><p>situações que: (...) b) estabeleçam preferências ou distinções em</p><p>razão da naturalidade, da sede ou do domicílio dos licitantes;</p><p>➢ II. estabelecer tratamento diferenciado de natureza comercial,</p><p>legal, trabalhista, previdenciária ou qualquer outra entre</p><p>empresas brasileiras e estrangeiras, inclusive no que se refere a</p><p>moeda, modalidade e local de pagamento, mesmo quando</p><p>envolvido financiamento de agência internacional.</p><p>▪ Entretanto, a igualdade não é apenas formal, busca-se a igualdade em</p><p>sentido material.</p><p>➢ Por este motivo a lei estabelece vantagens a determinados</p><p>grupos que normalmente estão em posição de desigualdade,</p><p>para garantir, de fato, a competitividade na licitação. É o</p><p>tratamento desigual aos desiguais na medida de suas</p><p>desigualdades.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 133</p><p>133</p><p>405</p><p>▪ Nesta toada, a Lei 14.133/2021 previu mecanismos de tratamento</p><p>diferenciado, visando o cumprimento da isonomia material:</p><p>➢ a) Tratamento diferenciado às Microempresas e Empresas de</p><p>Pequeno Porte (Artigo 170, IX, da CF/88 e Lei Complementar</p><p>123/06);</p><p>➢ b) Preferências para a aquisição de produtos manufaturados ou</p><p>serviços nacionais; e de bens reciclados, recicláveis ou</p><p>biodegradáveis (artigo 26 da Lei 14.133/2021).</p><p>➢ c) O art. 26, §7º, da lei 14.133/2021 prevê que nas contratações</p><p>destinadas à implantação, à manutenção e ao aperfeiçoamento</p><p>dos sistemas de tecnologia de informação e comunicação</p><p>considerados estratégicos em ato do Poder Executivo federal, a</p><p>licitação poderá ser restrita a bens e serviços com tecnologia</p><p>desenvolvida no País produzidos de acordo com o processo</p><p>produtivo básico de que trata a Lei nº 10.176/2001.</p><p>➢ d) Dispõe o art. 60 que, em caso de empate entre duas ou mais</p><p>propostas, a Lei de Licitações estabelece os critérios de</p><p>desempate, que começam</p><p>com uma disputa final entre os</p><p>empatados; segue para avaliação de desempenho contratual</p><p>prévio; além de outros critérios previstos no art. 60.</p><p>➢ Caso o empate persista, após a aplicação dos critérios de</p><p>desempate, serão aplicados os critérios de preferência,</p><p>sucessivamente, aos bens e serviços produzidos ou prestados</p><p>por:</p><p>• I – empresas estabelecidas no território do Estado ou do</p><p>Distrito Federal do órgão ou entidade da Administração</p><p>Pública estadual ou distrital licitante ou, no caso de</p><p>licitação realizada por órgão ou entidade de Município, no</p><p>território do Estado em que este se localize;</p><p>• II – empresas brasileiras;</p><p>• III – empresas que invistam em pesquisa e no</p><p>desenvolvimento de tecnologia no País;</p><p>• IV – empresas que comprovem a prática de mitigação, nos</p><p>termos da Lei nº 12.187, de 29 de dezembro de 2009.</p><p>PRINCÍPIO DA SELEÇÃO DA</p><p>PROPOSTA MAIS</p><p>VANTAJOSA</p><p>▪ A licitação terá, como um dos seus objetivos, nos termos do art. 11, I da</p><p>Lei n.º 14.133/21, assegurar a seleção da proposta apta a gerar o</p><p>resultado de contratação mais vantajoso para a Administração Pública,</p><p>inclusive no que se refere ao ciclo de vida do objeto.</p><p>▪ A licitação busca a proposta mais vantajosa, assentada no custo-</p><p>benefício.</p><p> STF: Somente a lei federal poderá, em âmbito geral,</p><p>estabelecer desequiparações entre os concorrentes e assim</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 134</p><p>134</p><p>405</p><p>restringir o direito de participar de licitações em condições de</p><p>igualdade. Ao direito estadual (ou municipal) somente será</p><p>legítimo inovar neste particular se tiver como objetivo</p><p>estabelecer condições específicas, nomeadamente quando</p><p>relacionadas a uma classe de objetos a serem contratados ou</p><p>a peculiares circunstâncias de interesse local. (ADI 3735,</p><p>Relator(a): Teori Zavascki, Tribunal Pleno, julgado em 08-09-</p><p>2016)</p><p>PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE</p><p>E TRANSPARÊNCIA</p><p>▪ A publicidade é um princípio previsto no art. 37 da Constituição Federal,</p><p>tendo o objetivo de garantir a qualquer interessado a possibilidade de</p><p>participação e de fiscalização dos atos da licitaçãoPor intermédio da</p><p>publicidade, a sociedade e os licitantes tomam conhecimento da</p><p>realização do certame, podendo acessar as suas informações e fiscalizar</p><p>todos os seus atos.</p><p>▪. A transparência dos atos da Administração Pública é condição</p><p>indispensável para a legalidade e legitimidade da atuação administrativa.</p><p>A transparência, embora se relacione com a publicidade, não se confunde</p><p>com esta, vedando os arranjos secretos, bem como determinando não</p><p>apenas a publicação de atos oficiais e fornecimento de informações</p><p>quando solicitadas pelos interessados, mas também a divulgação de toda</p><p>e qualquer informação de interesse público independentemente de</p><p>provocação, no que se denomina de transparência ativa.</p><p>➢ Trata-se, assim, de uma necessidade imposta pelo princípio</p><p>republicano, ampliando o controle do povo – titular do poder –</p><p>sobre os atos dos governantes.</p><p>▪ A Lei de Licitações dispõe de diversos instrumentos para assegurar a</p><p>publicidade e a transparência:</p><p>▪ Como exemplo, um dos maiores avanços no sentido da publicidade é a</p><p>instituição do Portal Nacional de Contratações Pública – PNCP, que será</p><p>utilizado para (art. 174):</p><p>➢ a) divulgação centralizada e obrigatória dos atos exigidos na Lei</p><p>de Licitações;</p><p>➢ b) realização facultativa das contratações pelos órgãos e</p><p>entidades dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário de todos</p><p>os entes federativos.</p><p>Além do PNCP, os entes federativos poderão instituir sítio eletrônico</p><p>oficial para divulgação complementar e realização das respectivas</p><p>contratações (art. 175).</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 135</p><p>135</p><p>405</p><p>▪ Em que pese a publicidade seja a regra na licitação, esse dever não é</p><p>absoluto. Nessa linha, a Lei de Licitações dispõe que os atos praticados no</p><p>processo licitatório são públicos, ressalvadas as hipóteses de</p><p>informações cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e</p><p>do Estado, na forma da lei (art. 13, caput). No mesmo sentido, o art. 91 da</p><p>Lei de Licitações e Contratos dispõe que os contratos e seus aditamentos</p><p>serão divulgados e mantidos à disposição do público em sítio eletrônico</p><p>oficial, admitindo-se, entretanto, a manutenção em sigilo de contratos e</p><p>de termos aditivos quando imprescindível à segurança da sociedade e</p><p>do Estado, nos termos da legislação que regula o acesso à informação.</p><p>▪ Além desses casos de sigilo, há também as situações em que a</p><p>publicidade será diferida. Não se trata de conferir sigilo às informações,</p><p>apenas posterga a sua divulgação em razão de atendimentos aos</p><p>princípios licitatórios. Nesse contexto, a publicidade será diferida (art. 13,</p><p>parágrafo único):</p><p>➢ a) quanto ao conteúdo das propostas, até a respectiva abertura;</p><p>➢ b) quanto ao orçamento da administração, nas hipóteses</p><p>previstas na Lei de Licitações.</p><p>COMPETITIVIDADE ▪ Para que a Administração consiga selecionar uma proposta vantajosa, é</p><p>essencial que, durante a licitação, efetivamente tenha havido</p><p>competição entre os licitantes. Quanto maior o número de propostas</p><p>obtidas na licitação, em tese maior será a competição entre os licitantes</p><p>e, assim, maiores as chances de se obter a proposta mais vantajosa.</p><p>▪ A Lei. N.º 14.133/21, em diversos dispositivos, preocupou-se em</p><p>assegurar a competição entre os licitantes durante todo o certame:</p><p>➢ O art. 6º, XXV, ‘c’ e ‘d’, ao conceituar o projeto básico e trazer os</p><p>seus elementos necessários, se preocupa com a manutenção do</p><p>caráter competitivo da licitação;</p><p>➢ O art. 9º, I, ‘a’ estabelece que é vedado aos agentes públicos</p><p>admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos que praticar, situações</p><p>que comprometam, restrinjam ou frustrem o caráter competitivo</p><p>do processo licitatório, inclusive nos casos de participação de</p><p>sociedades cooperativas.</p><p>➢ O art. 25, §2º, permite que poderá ser previsto no edital, a</p><p>utilização de mão de obra, materiais, tecnologias e matérias-</p><p>primas existentes no local da execução, conservação e operação</p><p>do bem, serviço ou obra, desde que não seja prejudicial à</p><p>competitividade do processo licitatório,.</p><p>➢ O art. 31, § 3º estabelece que o edital do leilão, além da divulgação</p><p>no sítio eletrônico oficial, será afixado em local de ampla</p><p>circulação de pessoas na sede da Administração e poderá, ainda,</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 136</p><p>136</p><p>405</p><p>ser divulgado por outros meios necessários para ampliar a</p><p>publicidade e a competitividade da licitação.</p><p>➢ Dispõem o art. 40, §2º, III e o art. 47, §1º, III da Lei n.º 14.133/21,</p><p>quanto à aplicação do princípio do parcelamento nas compras e</p><p>serviços, que deverão ser considerados o dever de buscar a</p><p>ampliação da competição e de evitar a concentração de mercado.</p><p>SEGREGAÇÃO DE FUNÇÕES ▪ A segregação de funções é um princípio contábil, administrativo e de</p><p>controle interno que consiste, basicamente, na separação de funções de</p><p>autorização, aprovação, execução, controle e contabilização das</p><p>operações, evitando o acúmulo de funções por parte de um mesmo</p><p>servidor.</p><p>▪ Busca-se, além da especialização e direcionamento das funções, evitar</p><p>equívocos, fraude, utilização irregular de recursos públicos e atuação em</p><p>funções incompatíveis.</p><p>▪ Por isso, a Lei de Licitações dispõe que a autoridade máxima do órgão</p><p>ou da entidade ou outra com esta função deverá observar o princípio da</p><p>segregação de funções, vedada a designação do mesmo agente público</p><p>para atuação simultânea em funções mais suscetíveis a riscos, de modo</p><p>a reduzir a possibilidade de ocultação de erros e de ocorrência de fraudes</p><p>na respectiva contratação. Essa vedação também se aplica aos órgãos de</p><p>assessoramento jurídico</p><p>e de controle interno da administração.</p><p>EFICIÊNCIA, EFICÁCIA E</p><p>ECONOMICIDADE</p><p>▪ Em termos conceituais, a eficiência (art. 37 da CF) diz respeito à relação</p><p>entre os custos (insumos) e o produto. Assim, a licitação é eficiente</p><p>quando realizada em menos tempo, quando gasta menos recursos para a</p><p>sua conclusão, quando obtém uma proposta com valores mais baixos, etc.</p><p>▪ A economicidade (art. 70 da CF), por sua vez, diz respeito ao custo</p><p>financeiro dos insumos e materiais utilizados para alcance da meta. Em</p><p>outras palavras, a economicidade do processo licitatório busca gerar um</p><p>menor custo aos cofres públicos. Assim, deve-se, antes da realização da</p><p>licitação e de eventual contratação, proceder à análise do custo-benefício</p><p>do ato.</p><p>➢ Nesse sentido, de acordo com o art. 18, § 1º, IX, da Lei n.º</p><p>14.133/21, o estudo técnico preliminar deverá conter</p><p>demonstrativo dos resultados pretendidos em termos de</p><p>economicidade e de melhor aproveitamento dos recursos</p><p>humanos, materiais ou financeiros disponíveis.</p><p>➢ Ainda, nos termos do art. 25, § 6º, os licenciamentos ambientais</p><p>de obras e serviços de engenharia licitados e contratados nos</p><p>termos desta Lei terão prioridade de tramitação nos órgãos e</p><p>entidades integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 137</p><p>137</p><p>405</p><p>(Sisnama) e deverão ser orientados pelos princípios da celeridade,</p><p>da cooperação, da economicidade e da eficiência.</p><p>▪ Por fim, a eficácia versa sobre o cumprimento dos objetivos da</p><p>administração previamente estabelecidos. Assim, uma licitação eficaz é</p><p>aquela em que se conseguiu obter um contrato bem-sucedido e, ao final,</p><p>a entrega dos produtos e serviços foi efetivada no prazo e na qualidade</p><p>pretendidos.</p><p> STF: Os postulados constitucionais da eficiência e da</p><p>economicidade (CRFB, arts. 37, caput e 70, caput) justificam a</p><p>iniciativa do legislador estadual em estabelecer a preferência</p><p>em favor de softwares livres a serem adquiridos pela</p><p>Administração Pública. (ADI 3059, Relator(a): Ayres Britto,</p><p>Relator(a) p/ Acórdão: Luiz Fux, Tribunal Pleno, julgado em 09-</p><p>04-2015)</p><p>PROMOÇÃO DO</p><p>DESENVOLVIMENTO</p><p>NACIONAL SUSTENTÁVEL E A</p><p>FUNÇÃO REGULATÓRIA DA</p><p>LICITAÇÃO</p><p>▪ A promoção do desenvolvimento nacional sustentável é um dos</p><p>objetivos da licitação, nos termos do art. 11, IV, da Lei n.º 14.133/21.</p><p>▪ Esse princípio, também chamado de princípio da sustentabilidade da</p><p>licitação ou licitação sustentável, significa que as licitações públicas não se</p><p>destinam apenas a selecionar propostas pelo aspecto econômico em</p><p>sentido estrito, mas também devem adotar e privilegiar boas práticas</p><p>ambientais.</p><p>▪ Ou seja, este princípio impõe que as contratações públicas devem</p><p>buscar resguardar o desenvolvimento nacional sustentável sob as</p><p>perspectivas econômicas e ambientais.</p><p>➢ Por esse motivo, os anteprojetos de engenharia e os projetos</p><p>básicos deverão considerar o impacto ambiental do</p><p>empreendimento (art. 6º, XXIV, “e”, e XXV).</p><p>➢ Além disso, o estudo técnico preliminar deverá considerar a</p><p>descrição de possíveis impactos ambientais e respectivas</p><p>medidas mitigadoras, incluídos requisitos de baixo consumo de</p><p>energia e de outros recursos (art. 18, § 1º, XII).</p><p>➢ Ademais, é considerado critério de preferência a contratação de</p><p>empresa que adote práticas mitigadoras de emissão de gases e de</p><p>consumo de recursos (art. 60, § 1º, IV).</p><p>▪ Por fim, importante destacar que a doutrina identifica ainda uma função</p><p>regulatória da licitação, além da sua função primordial de promover a</p><p>seleção da proposta apta a gerar o resultado mais vantajoso, que não se</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 138</p><p>138</p><p>405</p><p>funda apenas em critérios econômicos, devendo ser ponderados outros</p><p>fatores na seleção do contratado, tais como:</p><p>➢ a) inovação e o desenvolvimento nacional sustentável (art. 11, IV);</p><p>➢ b) a promoção da defesa do meio ambiente (dando ensejo às</p><p>chamadas “licitações verdes”);</p><p>➢ c) a inclusão de portadores de deficiência no mercado de trabalho;</p><p>➢ d) inclusão da mulher vítima de violência doméstica e egressos</p><p>do sistema prisional (art. 25, §9º);</p><p>➢ e) o fomento às microempresas e empresas de pequeno porte (4º</p><p>da lei 14.133/2021 e LC 123/2006).</p><p>▪ Trata-se de critérios extraeconômicos, ou seja, que não objetivam</p><p>simplesmente a redução de custos da Administração, pois buscam o</p><p>desenvolvimento de outros setores da sociedade.</p><p>VINCULAÇÃO AO EDITAL ▪ O princípio da vinculação ao edital informa que as regras previstas no</p><p>edital são de observância obrigatória por todos.</p><p>▪ Isto porque o edital consiste na “lei interna da licitação”, devendo ser</p><p>observado tanto pelos licitantes como pela Administração que o expediu,</p><p>cuja inobservância enseja nulidade do procedimento</p><p>▪ Porém, esse princípio deve ser observado com certa mitigação do</p><p>formalismo, de modo a possibilitar que sejam superados eventuais vícios</p><p>formais que não causem prejuízo ao interesse coletivo ou aos demais</p><p>licitantes.</p><p>➢ Dispõe o inciso III do artigo 12 da Lei n.º 14.133/21 que o</p><p>desatendimento de exigências meramente formais que não</p><p>comprometam a aferição da qualificação do licitante ou a</p><p>compreensão do conteúdo de sua proposta não importará seu</p><p>afastamento da licitação ou a invalidação do processo.</p><p>JULGAMENTO OBJETIVO ▪ O princípio do julgamento objetivo (ou princípio da objetividade de</p><p>julgamento) se relaciona com outros princípios, como a impessoalidade,</p><p>a legalidade e a vinculação ao edital.</p><p>▪ Por esse princípio, a administração deverá analisar a proposta de forma</p><p>objetiva, por meio de critérios pré-estabelecidos no edital de licitação,</p><p>restringindo ou eliminando a subjetividade, afastando preferências ou</p><p>escolhas meramente pessoais dos responsáveis pelo julgamento das</p><p>propostas.</p><p>▪ Vale destacar que a doutrina admite que o julgamento absolutamente</p><p>objetivo somente ocorre quando o critério da licitação é o “menor preço”</p><p>ou nas alienações de “maior lance ou oferta”. Os critérios de “melhor</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 139</p><p>139</p><p>405</p><p>técnica” ou “técnica e preço” exigem uma parcela de valoração subjetiva</p><p>no julgamento das propostas.</p><p>PRINCÍPIO DO</p><p>PLANEJAMENTO</p><p>▪ Esse princípio, no âmbito das contratações públicas, não se relaciona</p><p>apenas ao procedimento licitatório, mas à contratação como um todo,</p><p>devendo o Poder Público manter uma organização quanto a esta matéria,</p><p>passando pela previsão das contratações nas leis orçamentárias, pela fase</p><p>interna ou preparatória da licitação, até o seu encerramento.</p><p>▪ A nova Lei de Licitações destina diversas regras para tratar da fase</p><p>interna (aquela que ocorre antes da divulgação do edital), demonstrando</p><p>preocupação com o planejamento e a governança. Isso busca evitar</p><p>desperdícios e urgências indevidas. Por exemplo:</p><p>➢ Plano de contratação anual: Dispõe o inciso VII do art 12 que, “a</p><p>partir de documentos de formalização de demandas, os órgãos</p><p>responsáveis pelo planejamento de cada ente federativo</p><p>poderão, na forma de regulamento, elaborar plano de</p><p>contratações anual, com o objetivo de racionalizar as</p><p>contratações dos órgãos e entidades sob sua competência,</p><p>garantir o alinhamento com o seu planejamento estratégico e</p><p>subsidiar a elaboração das respectivas leis orçamentárias.</p><p>➢ Fase preparatória: A Lei n.º 14.133/21, em seu art. 18, estabelece</p><p>que “a fase preparatória do processo licitatório é caracterizada</p><p>pelo planejamento e deve compatibilizar-se com o plano de</p><p>contratações anual de que trata o inciso VII do caput do art. 12</p><p>desta Lei, sempre que elaborado, e com as leis orçamentárias,</p><p>bem como abordar todas as considerações técnicas,</p><p>mercadológicas e de gestão que podem interferir</p><p>na contratação”.</p><p>➢ Planejamento de compras: “Art. 40. O planejamento de compras</p><p>deverá considerar a expectativa de consumo anual e observar o</p><p>seguinte..”</p><p>PRINCÍPIO DA CELERIDADE ▪ O princípio da celeridade significa que a licitação pública deverá ser</p><p>realizada dentro de prazo razoável, sem demoras excessivas que possam</p><p>prejudicar a realização da contratação e o atendimento do interesse</p><p>público.</p><p>▪ A nova Lei de Licitações prevê alguns instrumentos para aumentar a</p><p>celeridade na tramitação das licitações públicas:</p><p>➢ O melhor exemplo é a “inversão” das fases. Na antiga Lei de</p><p>Licitações, a fase de habilitação era realizada antes da fase de</p><p>julgamento. Na nova Lei de Licitações, o julgamento ocorre antes</p><p>da habilitação (art. 17, IV e V). Dessa forma, o procedimento</p><p>permite que a habilitação seja realizada apenas com o licitante</p><p>vencedor. Isso contribui para a celeridade do procedimento.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 140</p><p>140</p><p>405</p><p>➢ Ainda, nos termos do art. 25, § 6º, os licenciamentos ambientais</p><p>de obras e serviços de engenharia licitados e contratados nos</p><p>termos desta Lei terão prioridade de tramitação nos órgãos e</p><p>entidades integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente</p><p>(Sisnama) e deverão ser orientados pelos princípios da</p><p>celeridade, da cooperação, da economicidade e da eficiência.</p><p>8.4 - DOS AGENTES PÚBLICOS NA LICITAÇÃO</p><p>• Trata-se do “indivíduo que, em virtude de eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra</p><p>forma de investidura ou vínculo, exerce mandato, cargo, emprego ou função em pessoa jurídica</p><p>integrante da Administração Pública” (art. 6º, V).</p><p>• Caberá à autoridade máxima do órgão ou da entidade, ou a quem as normas de organização</p><p>administrativa indicarem, promover gestão por competências e designar agentes públicos para o</p><p>desempenho das funções essenciais à execução da Lei de Licitações que preencham os seguintes</p><p>requisitos (art. 7º):</p><p> I - sejam, preferencialmente, servidor efetivo ou empregado público dos quadros permanentes da</p><p>Administração Pública;</p><p> II - tenham atribuições relacionadas a licitações e contratos ou possuam formação compatível ou</p><p>qualificação atestada por certificação profissional emitida por escola de governo criada e mantida</p><p>pelo poder público; e</p><p> III - não sejam cônjuge ou companheiro de licitantes ou contratados habituais da Administração</p><p>nem tenham com eles vínculo de parentesco, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, ou de</p><p>natureza técnica, comercial, econômica, financeira, trabalhista e civil.</p><p>• Além do profissionalismo na atuação destes agentes, deve-se atender ao princípio da segregação de</p><p>funções, de sorte que é vedada a designação do mesmo agente público para atuação simultânea em</p><p>funções mais suscetíveis a riscos, de modo a reduzir a possibilidade de ocultação de erros e de ocorrência</p><p>de fraudes na respectiva contratação, inclusive quanto aos órgãos de assessoramento jurídico e de</p><p>controle interno da administração (art. 7º. §§ 1º e 2º).</p><p>8.4.1 - Condução da licitação (Atores da licitação)</p><p>• Vimos acima sobre os agentes públicos em geral, que abrange não só do agente de contratação (que tem</p><p>requisitos específicos para a designação), mas também de outros agentes, como a equipe de apoio e</p><p>outros agentes públicos envolvidos no processo de contratação.</p><p>• Agora veremos os atores principais do processo licitatório, a pessoa ou comissão que irá tomar decisões,</p><p>acompanhar o trâmite da licitação, dar impulso ao procedimento licitatório e executar quaisquer outras</p><p>atividades necessárias ao bom andamento do certame até a homologação.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 141</p><p>141</p><p>405</p><p>AGENTE DE CONTRATAÇÃO ▪ Na Lei n. 14.133/2021, a regra é que a licitação seja conduzida por</p><p>apenas 1 (um) agente público, denominado agente de contratação.</p><p>▪ De acordo com o art. 8º, a licitação, em regra, será conduzida por um</p><p>agente de contratação, designado, necessariamente, entre:</p><p>➢ servidores efetivos; ou</p><p>➢ empregados públicos dos quadros permanentes da</p><p>Administração Pública.</p><p>▪ O agente de contratação terá as atribuições de tomar decisões,</p><p>acompanhar o trâmite da licitação, dar impulso ao procedimento</p><p>licitatório e executar quaisquer outras atividades necessárias ao bom</p><p>andamento da licitação.</p><p>▪ O agente de contratação será auxiliado por equipe de apoio. Porém,</p><p>mesmo assim, ele responderá individualmente pelos atos que praticar.</p><p>Isso acontece porque é o agente de contratação que terá o poder de</p><p>decisão e, consequentemente, responderá individualmente pelos seus</p><p>atos. Esta responsabilidade somente será afastada se ele for induzido a</p><p>erro pela atuação da equipe (art. 8º, § 1º).</p><p>COMISSÃO DE</p><p>CONTRATAÇÃO</p><p>▪ Apesar de a regra geral ser a condução da licitação pelo “agente de</p><p>contratação”, em algumas situações o legislador previu a atuação da</p><p>“comissão de contratação”.</p><p>▪ A comissão consiste, então, no conjunto de agentes públicos indicados</p><p>pela Administração, em caráter permanente ou especial, com a função</p><p>de receber, examinar e julgar documentos relativos às licitações e aos</p><p>procedimentos auxiliares (art. 6º, L).</p><p>▪ A comissão de contratação terá lugar em duas situações, uma</p><p>obrigatória e outra facultativa:</p><p>➢ OBRIGATÓRIA: No caso de a licitação adotar a modalidade diálogo</p><p>competitivo, haverá a substituição obrigatória do agente de</p><p>contratação pela comissão de, pelo menos, 3 (três) servidores</p><p>efetivos ou empregados públicos, admitida a contratação de</p><p>profissionais para assessoramento técnico (art. 32, §1º, XI).</p><p>➢ FACULTATIVA: Em licitação que envolva bens ou serviços</p><p>especiais, o agente de contratação poderá ser substituído por</p><p>comissão de contratação formada por, no mínimo, três membros,</p><p>que responderão solidariamente por todos os atos praticados</p><p>pela comissão.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 142</p><p>142</p><p>405</p><p>▪ No caso de atuação facultativa, embora a lei tenha estabelecido o</p><p>mínimo de 3 membros, não exigiu expressamente que fossem dos</p><p>quadros permanentes, aplicando-se a regra geral do art. 7º, I, no sentido</p><p>de que seriam preferencialmente membros dos quadros permanentes.</p><p>Entretanto, na intervenção obrigatória, os 3 membros necessariamente</p><p>devem ser designados entre agentes públicos concursados.</p><p>▪ Em ambas as atuações, os membros da comissão responderão</p><p>solidariamente por todos os atos praticados pela comissão, ressalvado o</p><p>membro que expressar posição individual divergente fundamentada e</p><p>registrada em ata lavrada na reunião em que houver sido tomada a</p><p>decisão (art. 8º, §2º).</p><p>PREGOEIRO ▪ Assim como já ocorria sob o regramento da Lei 10.520/2002, se a</p><p>modalidade licitatória for pregão, o agente responsável pela condução do</p><p>certame será designado pregoeiro (art. 8º, § 5º)</p><p>▪ Aplica-se as mesmas disposições quanto ao agente de contratação, ou</p><p>seja, será auxiliado pela equipe de apoio, o pregoeiro será servidor efetivo</p><p>ou empregado público do quadro permanente e os membros da equipe</p><p>de apoio serão preferencialmente servidores efetivos ou empregados</p><p>públicos do quadro permanente.</p><p>LEILÃO ▪ Tratando-se de licitação na modalidade leilão, sua condução ficará a</p><p>cargo de leiloeiro ou de servidor designado pela autoridade competente</p><p>(art. 31).</p><p>▪ Se a Administração optar pela realização de leilão por intermédio de</p><p>leiloeiro oficial, deverá selecioná-lo mediante credenciamento ou</p><p>licitação na modalidade pregão e adotar o critério de julgamento de</p><p>maior desconto para as comissões a serem cobradas (art. 31, §1º).</p><p>BANCA ▪ É o órgão responsável pela atribuição da nota sobre os quesitos</p><p>qualitativos da proposta técnica, quando forem adotados os critérios de</p><p>julgamento de melhor</p><p>331</p><p>14.1 - Princípios .......................................................................................................................................... 332</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 9</p><p>9</p><p>405</p><p>14.2 – Direitos e Deveres dos Administrados ............................................................................................. 333</p><p>14.3 - Fases e elementos do processo administrativo ............................................................................... 334</p><p>14.4 – Impedimento e suspeição ................................................................................................................ 340</p><p>15 - Bens Públicos. ......................................................................................................................................... 340</p><p>15.1 - Classificação ..................................................................................................................................... 341</p><p>15.1.1 - Terras devolutas e ação discriminatória ........................................................................................................... 343</p><p>15.2 – Características ou Regime Jurídico dos Bens Públicos .................................................................... 347</p><p>16 - Intervenção do Estado na Propriedade. ................................................................................................. 350</p><p>16.1 - Direito de Propriedade ..................................................................................................................... 351</p><p>16.2 - Intervenções Restritivas na Propriedade Privada ............................................................................ 352</p><p>16.2.1 - Limitação Administrativa ................................................................................................................................... 352</p><p>16.2.2 - Servidão Administrativa .................................................................................................................................... 353</p><p>16.2.3 - Tombamento ..................................................................................................................................................... 355</p><p>16.2.4 - Requisição Administrativa ................................................................................................................................. 359</p><p>16.2.5 - Ocupação Temporária ....................................................................................................................................... 360</p><p>16.3 - Desapropriação (Intervenção Supressiva na Propriedade Privada) ................................................ 361</p><p>16.3.1 - Competência ................................................................................................................................. 363</p><p>16.3.2 - Objeto da desapropriação ............................................................................................................ 364</p><p>16.3.3 – Modalidades de desapropriação .................................................................................................. 367</p><p>16.3.4 - Instrumentos legais para evitar que a mais valia locuplete sem justa causa .............................. 376</p><p>16.3.5 – Direito de Extensão ...................................................................................................................... 378</p><p>16.3.6 - Tredestinação, adestinação, desdetinação e Retrocessão ........................................................... 379</p><p>16.3.7 - Fases do Procedimento de Desapropriação .................................................................................. 381</p><p>16.3.7.1 – Fase declaratória ........................................................................................................................................... 381</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 10</p><p>10</p><p>405</p><p>16.3.7.2 - Fase executória (administrativa e judicial) .................................................................................................... 382</p><p>16.3.8 – Desistência da Desapropriação .................................................................................................... 387</p><p>16.3.9 – Indenização .................................................................................................................................. 387</p><p>16.3.9.1 – Acréscimos Indenizatórios ............................................................................................................................. 388</p><p>17 - Intervenção do Estado no Domínio Econômico...................................................................................... 392</p><p>17.1 - Fundamentos e princípios da ordem econômica ............................................................................. 393</p><p>17.2 - Formas de Atuação do Estado na Ordem Econômica ...................................................................... 394</p><p>17.2.1 – Intervenção Direta ............................................................................................................................................ 394</p><p>17.2.2 – Intervenção Indireta ......................................................................................................................................... 396</p><p>18 - Normas sobre interpretação do Direito Público na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>(LINDB) ........................................................................................................................................................... 399</p><p>18.1 - Os Aspectos Públicos da LINDB ........................................................................................................ 400</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 11</p><p>11</p><p>405</p><p>CONSIDERAÇÕES INICIAIS</p><p>Olá, Futuro(a) Advogado(a)! Neste material traremos para você os assuntos que realmente são recorrentes</p><p>nas provas para advogado. A ideia não é esgotar todos os tópicos da matéria, mas sim os assuntos mais</p><p>frequentes em provas, bem como outros temas que, pela nossa experiência, têm tendência de serem</p><p>abordados em prova.</p><p>Vamos à aula.</p><p>CONTEÚDO DO CURSO</p><p>Olá, Doutores e Doutoras!</p><p>Será um grande prazer auxiliá-los na preparação do concurso para Conselho Regional de Medicina Goiás -</p><p>CREMEGO, para o cargo de Advogado.</p><p>Aqui abordaremos os seguintes pontos do edital:</p><p>Conceito. Objeto. Fontes. Princípios Constitucionais. Poderes da Administração. Deveres. O uso</p><p>e o abuso do poder. Organização administrativa brasileira. Da Organização Administrativa:</p><p>Administração direta e indireta. Autarquias. Fundações Públicas. Empresas Públicas. Sociedades</p><p>de Economia Mista. Poderes administrativos: vinculado, discricionário, hierárquico,</p><p>regulamentar, disciplinar e de polícia. Processo administrativo disciplinar. Do ato administrativo:</p><p>conceito, requisitos, atributos, classificação, espécie. Sanções penais. Peculiaridades e</p><p>Interpretação dos Contratos Administrativos. Serviços Públicos. Serviços delegados (concessões,</p><p>permissões e autorizações), convênios e consórcios. Direitos e deveres. Responsabilidades.</p><p>Direitos dos Usuários. Controle da administração pública: Controle interno. Controle externo,</p><p>inclusive a cargo do Tribunal de Contas. Controle jurisdicional. Sistema de Contencioso</p><p>administrativo e Sistema de jurisdição una. Instrumentos do controle jurisdicional. Investidura.</p><p>Domínio Público: Bens públicos. Administração, utilização e alienação de bens públicos.</p><p>Imprescritibilidade, impenhorabilidade e não oneração de bens públicos. Aquisição de bens pela</p><p>administração. Responsabilidade Civil da Administração. Poder de polícia.</p><p>técnica e da técnica e preço (art. 37, II).</p><p>▪ A banca será formada por no mínimo três membros, que poderão ser:</p><p>➢ I - servidores efetivos ou empregados públicos pertencentes aos</p><p>quadros permanentes da Administração Pública;</p><p>➢ II - profissionais contratados por conhecimento técnico,</p><p>experiência ou renome na avaliação dos quesitos especificados</p><p>em edital, desde que seus trabalhos sejam supervisionados por</p><p>profissionais designados conforme o disposto no art. 7º.</p><p>▪ Essa banca, entretanto, não se confunde com a comissão de</p><p>contratação (ou com o agente de contratação). A banca é encarregada</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 143</p><p>143</p><p>405</p><p>apenas de dar a nota para a proposta técnica, ao passo que a comissão</p><p>de contrata ou o agente de contratação conduz a licitação como um</p><p>todo.</p><p>8.4.1.1 - Defesa dos agentes públicos pela Advocacia Pública</p><p>• O art. 10 da Lei n. 14.133/2021 trouxe dispositivo que busca proteger os agentes públicos que atuarem</p><p>na licitação e estimular que atuem em estrita observância à orientação dos órgãos jurídicos.</p><p>• Segundo o dispositivo, se as autoridades competentes e os servidores e empregados públicos que</p><p>tiverem participado dos procedimentos relacionados às licitações e aos contratos precisarem defender-</p><p>se nas esferas administrativa, controladora ou judicial em razão de ato praticado com estrita</p><p>observância de orientação constante em parecer jurídico elaborado na forma do § 1º do art. 52, a</p><p>advocacia pública promoverá, a critério do agente público, sua representação judicial ou extrajudicial.</p><p> Aplica-se inclusive na hipótese de o agente público não mais ocupar o cargo, emprego ou função</p><p>em que foi praticado o ato questionado (art. 10, §2º)</p><p> No entanto, não se aplica quando houver provas da prática de atos ilícitos dolosos nos autos do</p><p>processo administrativo ou judicial (art. 10, §1º, II).</p><p>8.5 - MODALIDADES DE LICITAÇÃO</p><p>• As modalidades de licitação definem o procedimento da licitação. Assim, é comum afirmar que a</p><p>modalidade define o rito, o caminho, as etapas da realização da licitação pública.</p><p> Não confunda as modalidades com os critérios de julgamento, denominados “tipos de licitação” na</p><p>antiga Norma. Vamos falar desses critérios em outro momento.</p><p> A nova Lei de Licitações abandonou a definição de modalidades pelo valor estimado da contratação.</p><p>Assim, todas as modalidades são definidas pela natureza do objeto, não importa o seu valor.</p><p>• São modalidades de licitação (Art. 28):</p><p> I - pregão;</p><p> II - concorrência;</p><p> III - concurso;</p><p> IV - leilão;</p><p> V - diálogo competitivo.</p><p>• Permanece a vedação à criação de novas modalidades ou a combinação das modalidades previstas na</p><p>lei (art. 28, §2º).</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 144</p><p>144</p><p>405</p><p>• Vimos acima que a modalidade define o rito da licitação. Pois bem, a concorrência e o pregão seguem o</p><p>rito procedimental comum, que é definido no art. 17. Assim, em capítulo específico, vamos estudar “as</p><p>fases da licitação”. Aquelas fases, na verdade, tratam das fases do pregão e da concorrência. As demais</p><p>modalidades, por outro lado, vão seguir um procedimento um pouco diferente.</p><p>• Dito isto, passemos ao detalhamento de cada uma das cinco modalidades licitatórias.</p><p>CONCORRÊNCIA ▪ É a modalidade de licitação para contratação de bens e serviços especiais e</p><p>de obras e serviços comuns e especiais de engenharia (art. 6º, XXXVIII).</p><p>▪ Assim, a concorrência poderá ser utilizada nos seguintes objetos:</p><p>➢ a) bens e serviços especiais;</p><p>➢ b) obras;</p><p>➢ c) serviços comuns e especiais de engenharia.</p><p>▪ Dispõe a Lei de Licitações que os bens e serviços especiais são “aqueles que,</p><p>por sua alta heterogeneidade ou complexidade”, não podem ser descritos</p><p>como comuns (art. 6º, XIV). Para isso, é imprescindível que a administração</p><p>demonstre justificativa prévia da classificação do objeto como especial. Vale</p><p>dizer: a regra é considerar o bem ou serviço como comum; logo, para classificá-</p><p>lo como especial, exigir-se-á a devida motivação.</p><p>▪ Em relação aos serviços de engenharia, vale frisar que a concorrência será</p><p>obrigatória para os serviços de engenharia especiais e, facultativa, para os</p><p>comuns:</p><p>➢ Serviços de engenharia:</p><p> Comuns: concorrência ou pregão</p><p> Especiais: concorrência</p><p>▪ A concorrência não poderá ser utilizada para contratação de bens ou</p><p>serviços comuns, haja vista que, nesta hipótese, o pregão é obrigatório.</p><p>▪ Ademais, a concorrência admite todos os critérios de julgamento, com</p><p>exceção do maior lance. Logo, a licitação na modalidade concorrência poderá</p><p>adotar qualquer um dos seguintes critérios de julgamento (art. 6º, XXXVIII):</p><p>➢ a) menor preço;</p><p>➢ b) melhor técnica ou conteúdo artístico;</p><p>➢ c) técnica e preço;</p><p>➢ d) maior retorno econômico;</p><p>➢ e) maior desconto.</p><p>▪ A concorrência será conduzida pelo agente de contratação, como regra</p><p>geral, auxiliado por uma equipe de apoio. No entanto, se a contratação for de</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 145</p><p>145</p><p>405</p><p>bens ou serviços especiais, a lei faculta a substituição do agente de</p><p>contratação por uma comissão com no mínimo 3 membros (art. 8º, §2º).</p><p>PREGÃO ▪ É a “modalidade de licitação obrigatória para aquisição de bens e serviços</p><p>comuns, cujo critério de julgamento poderá ser o de menor preço ou o de</p><p>maior desconto” (art. 6º, XLI).</p><p>▪ Segundo a Lei de Licitações, o pregão será adotado “sempre que o objeto</p><p>possuir padrões de desempenho e qualidade que possam ser objetivamente</p><p>definidos pelo edital, por meio de especificações usuais de mercado” (art. 29,</p><p>caput).</p><p>▪ Ademais, o art. 6º, XIII, da Lei de Licitações conceitua o que são “bens e</p><p>serviços comuns: aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade podem</p><p>ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais</p><p>de mercado”.</p><p>▪ Friso que, em contraponto aos comuns, temos os bens e serviços especiais,</p><p>como sendo aqueles que, por sua alta heterogeneidade ou complexidade, não</p><p>podem ser descritos objetivamente no edital como os comuns (art. 6º, XIV),</p><p>sendo inviável a adoção do pregão.</p><p>▪ Com a nova Lei de Licitações, o pregão passa a ser modalidade obrigatória</p><p>para licitação de objetos comuns, o que tende a ampliar ainda mais sua</p><p>utilização.</p><p>➢ A única exceção a esta regra diz respeito aos serviços comuns de</p><p>engenharia, cuja adoção é facultativa. Neste caso, embora sejam</p><p>considerados “serviços comuns”, o legislador entendeu que, em razão</p><p>das particularidades inerentes às atividades de engenharia, o gestor</p><p>deveria ter liberdade para deixar de adotar o pregão, se assim</p><p>desejasse (art. 29, parágrafo único). Assim, para os serviços de</p><p>engenharia comuns, é possível a adoção da modalidade pregão ou</p><p>concorrência, a critério da Administração.</p><p>▪ Pregão, portanto, não pode ser adotado quando o objeto for (art. 29,</p><p>parágrafo único).:</p><p>➢ a) serviços técnicos especializados de natureza predominantemente</p><p>intelectual;</p><p>➢ b) obras;</p><p>➢ c) serviços de engenharia especiais;</p><p>➢ d) bens e serviços especiais;</p><p>➢ e) alienações; e</p><p>➢ f) locações imobiliárias</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 146</p><p>146</p><p>405</p><p>▪ Em consequência, podemos dizer que o pregão se aplica às contratações de:</p><p>➢ a) bens e serviços comuns (obrigatoriamente); e</p><p>➢ b) serviços comuns de engenharia (facultativamente).</p><p>▪ O pregão somente poderá utilizar os critérios de menor preço ou maior</p><p>desconto.</p><p>▪ O pregão será conduzido por um agente designado como pregoeiro (art. 8º,</p><p>§5º).</p><p>CONCURSO ▪ É a modalidade de licitação para escolha de trabalho técnico, científico ou</p><p>artístico,</p><p>Desapropriação. Lei de</p><p>Improbidade Administrativa. Lei n° 14.133/2021.</p><p>1 - NOÇÕES INTRODUTÓRIAS</p><p>1.1 - ORIGEM E CONCEITO</p><p>• O direito administrativo, como sistema jurídico de normas e princípios, surgiu pela necessidade de se</p><p>limitar a atuação do Estado absolutista, que não possuía limites nem era responsabilizado pelos seus</p><p>atos. O Estado era conhecido como absoluto (Estado de polícia), modelo que prevaleceu nos séculos XIV</p><p>a XVIII. A partir dos ideais liberais, tais como a separação de poderes, princípio da legalidade e Declaração</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 12</p><p>12</p><p>405</p><p>dos Direitos do Homem e do Cidadão, o poder estatal foi limitado e o Direito Administrativo foi concebido</p><p>como ramo especial do Direito, ao lado do Direito Privado, regulador das relações envolvendo o Estado</p><p>e o exercício das atividades administrativas.</p><p> A gênese deste ramo do direito remonta ao célebre julgamento do caso blanco (arrêt blanco), de</p><p>1873, em que uma criança (Agnès Blanco) de cinco anos foi atropelada por um veículo da Companhia</p><p>Nacional de Manufatura e Fumo (estatal), em que se definiu a competência do Conselho de Estado</p><p>em razão da presença de serviço público e a necessidade de aplicação de regras públicas</p><p>diferenciadas das regras aplicáveis às relações privadas.</p><p> No Brasil, a cadeira de Direito Administrativo foi criada, por meio do Decreto 608/51, e a primeira</p><p>obra doutrinária foi publicada em 1857, em Recife, intitulada de “Elementos de Direito Administrativo</p><p>Brasileiro”, assinada por Vicente Pereira do Rego.</p><p>Conceito de Direito Administrativo</p><p>É o conjunto de regras e princípios que tem por objeto a organização e o funcionamento das</p><p>pessoas e órgãos da Administração Pública, a gestão de seus bens e a regulamentação da</p><p>relação com seus agentes públicos, com os administrados, com os seus próprios órgãos e entre</p><p>instituições públicas, no exercício da função administrativa (incluindo-se o exercício do poder</p><p>de polícia e a prestação de serviços públicos), possuindo como finalidade concretizar o</p><p>interesse público.</p><p>1.2 - CRITÉRIOS DE DEFINIÇÃO DO CONCEITO DE DIREITO</p><p>ADMINISTRATIVO</p><p>• De modo a esclarecer o que a vem a ser Direito Administrativo, surgiram diversas correntes que buscam</p><p>que buscam explicar o seu conceito, as quais dizem respeito aos aspectos que são considerados</p><p>importantes para indicar e delimitar aquilo que é objeto de estudo por este ramo jurídico. Vejamos as</p><p>principais posições e linhas de pensamento a respeito:</p><p>CRITÉRIO LEGALISTA Também chamada de escola exegética. Para essa corrente, o Direito</p><p>Administrativo se resume ao conjunto de legislação administrativa</p><p>existente no ordenamento jurídico. Desconsidera o papel fundamental da</p><p>doutrina e da jurisprudência.</p><p>CRITÉRIO DO PODER</p><p>EXECUTIVO (ou</p><p>italiano):</p><p>Para essa corrente, o objeto do Direito Administrativo estaria</p><p>relacionado à atuação do Poder Executivo. Desconsidera os Poderes</p><p>Legislativo e Executivo, os quais também exercem, de forma atípica, a</p><p>função administrativa.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 13</p><p>13</p><p>405</p><p>CRITÉRIO DAS RELAÇÕES</p><p>JURÍDICAS</p><p>É a disciplina das relações jurídicas travadas entre a Administração</p><p>Pública e os administrados. Desconsidera que outros ramos do direito</p><p>também lidam com a relação entre Estado e particulares, de forma que</p><p>não se mostra como uma característica própria do Direito Administrativo.</p><p>ESCOLA DA PUISSANCE</p><p>PUBLIQUE (autoridade</p><p>pública)</p><p>Essa escola, também francesa, capitaneada por Maurice Hauriou,</p><p>estabelece uma distinção entre os atos de império e os atos de gestão.</p><p>Atos de império seriam os atos do Poder Público que manifestassem as</p><p>suas prerrogativas e sua posição jurídica de superioridade em relação ao</p><p>particular. Já atos de gestão seriam os atos que não gozam dessa</p><p>imperatividade e coerção. Para essa escola, Direito Administrativo estaria</p><p>relacionado apenas aos atos de império. O critério é insuficiente, pois o</p><p>Direito Administrativo também se preocupa com outras atividades da</p><p>Administração Pública que não envolvam sua atividade de império.</p><p>CRITÉRIO DO SERVIÇO</p><p>PÚBLICO</p><p>(Leon Duguit)</p><p>Surge na França com a criação da Escola do Serviço Público. Também</p><p>chamada de Escola de Bordeaux. Para essa corrente, a atividade estatal,</p><p>praticamente exclusiva, era a prestação de serviços públicos, ou seja, os</p><p>serviços prestados pelo Estado à coletividade. Desconsidera que a</p><p>Administração Pública também exerce outras atividades, tais como poder</p><p>de polícia, fomento, exploração da atividade econômica.</p><p>CRITÉRIO FINALÍSTICO É o conjunto de atividades voltadas a executar os fins do Estado. Embora</p><p>não esteja incorreto, é insuficiente para delimitar, com precisão, o Direito</p><p>Administrativo.</p><p>CRITÉRIO NEGATIVISTA</p><p>OU RESIDUAL</p><p>Identifica o Direito Administrativo a partir de um critério residual ou por</p><p>exclusão. Pertenceriam ao Direito Administrativo as atividades que não</p><p>pertencessem aos demais ramos jurídicos, nem as relacionadas à função</p><p>legislativa ou jurisdicional.</p><p>CRITÉRIO FUNCIONAL</p><p>(Hely Lopes Meirelles)</p><p>Para essa corrente, o Direito Administrativo é o ramo jurídico que estuda</p><p>a disciplina normativa da função administrativa, independentemente de</p><p>quem esteja encarregado de exercê-la: Executivo, Legislativo, Judiciário</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 14</p><p>14</p><p>405</p><p>ou particulares mediante delegação estatal. A doutrina majoritária tem</p><p>apontado no sentido de utilizar o critério funcional como o mais</p><p>eficiente na definição da matéria.</p><p>1.3 - ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>Estudados os aspectos do Direito Administrativo como ramo jurídico autônomo, é necessário distinguir</p><p>conceitos que, por vezes, são utilizados como sinônimos:</p><p>• Estado: conceito que pressupõe a existência de um povo, submetido a um governo soberano</p><p>dentro de um território delimitado geograficamente. É formado por três elementos que lhe são inerentes:</p><p>a) Povo (elemento humano) b) Território (elemento físico) c) Soberania ou governo soberano (elemento</p><p>jurídico)</p><p>• Governo: Elemento formador do Estado. É a cúpula diretiva do Estado, que realiza as escolhas</p><p>políticas primárias, não se relacionando diretamente com a satisfação de necessidades essenciais da</p><p>coletividade, atividades típicas da função.</p><p>• Poder Executivo: conjunto de órgãos e entidades estatais que compõem um dos Poderes da</p><p>República.</p><p>• Administração Pública: responsável pelo exercício da função administrativa do Estado.</p><p>1.3.1 Administração Pública</p><p>A expressão “Administração Pública” pode apresentar conotações diversas. A doutrina aponta os seguintes</p><p>sentidos para o termo:</p><p>SENTIDO SUBJETIVO, FORMAL OU ORGÂNICO SENTIDO OBJETIVO, MATERIAL OU FUNCIONAL</p><p>são as pessoas jurídicas, os órgãos e os agentes</p><p>públicos que exercem as atividades</p><p>administrativas. Relaciona-se com as pessoas do</p><p>Estado que exercem a função administrativa. Ex.:</p><p>Autarquias, Fundações, Sociedades de Economia</p><p>Mista, Empresas Públicas.</p><p>É a própria função ou atividade administrativa. Ex.:</p><p>Poder de polícia, serviço público, fomento,</p><p>intervenção na propriedade privada e na economia.</p><p>Quando se escreve Administração Pública com as</p><p>iniciais maiúsculas, está se referindo ao seu sentido</p><p>subjetivo/formal/orgânico, haja vista que é um</p><p>nome pessoal.</p><p>Quando se expressa administração pública com</p><p>iniciais minúsculas, há menção da função</p><p>administrativa, ou seja, seu sentido</p><p>objetivo/material/funcional.</p><p>Administração Monológica e Administração Dialógica</p><p>Nos primórdios do direito administrativo, não existia a atividade ou decisão consensual tomada</p><p>pela Administração Pública. Na verdade, o diálogo na relação</p><p>Administração Pública-Particular</p><p>era rechaçado. A “máquina administrativa” era vista apenas como uma executora dos comandos</p><p>legais, sem espaço para discussão e ponderação sobre a melhor forma de aplicação da letra fria</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 15</p><p>15</p><p>405</p><p>da lei para os integrantes daquele Estado. Nessa forma de administração, denominada</p><p>Administração Pública Monológica, predomina a imperatividade da atuação estatal, resultando</p><p>em decisões de viés unilateral, sem qualquer ingerência dos destinatários da norma em sua</p><p>pactuação.</p><p>A partir do Estado Democrático de Direito, é possível reconhecer um princípio do consenso em</p><p>construção. Inaugura-se, desse modo, a Administração Pública Dialógica, com o estabelecimento</p><p>de relações paritárias entre os cidadãos e a Administração Pública. A consensualidade,</p><p>consensualismo, Administração concertada, Administração consensual e soft administration são</p><p>expressões que traduzem as formas da nova democracia participativa, onde as decisões</p><p>administrativas são tomadas após o debate com os destinatários das políticas públicas que</p><p>serão implementadas.</p><p>Trata-se de tendência no direito administrativo moderno, fundada no princípio da</p><p>consensualidade, que permite uma abertura de diálogo com os administrados, permitindo que</p><p>haja uma legitimação efetiva da atuação administrativa, tal como ocorre na realização de</p><p>audiências públicas para colher as opiniões da sociedade civil sobre determinado tema. Percebe-</p><p>se, assim, uma participação efetiva de todos os agentes que venham a ser atingidos pela atuação</p><p>estatal.</p><p>1.4 - SISTEMAS DE CONTROLE DA ATUAÇÃO ADMINISTRATIVA</p><p>Trata-se do regime jurídico adotado por cada Estado Soberano para o controle dos atos administrativos</p><p>considerados ilegais ou ilegítimos praticados pelo Poder Público. Existem dois sistemas principais que,</p><p>embora sofram variação, a depender do país, possuem características em comum.</p><p>SISTEMA FRANCÊS OU SISTEMA DO CONTENCIOSO</p><p>ADMINISTRATIVO (DUALIDADE DE JURISDIÇÃO)</p><p>SISTEMA INGLÊS OU SISTEMA DA JURISDIÇÃO</p><p>ÚNICA (JURISDIÇÃO UNA OU UNICIDADE DE</p><p>JURISDIÇÃO)</p><p>Nesse sistema, cujo precursor é a França, existem</p><p>dois órgãos que exercem a jurisdição: a justiça</p><p>especial do contencioso administrativo e a justiça</p><p>comum. Neste sistema, o Poder Judiciário está</p><p>proibido de processar a julgar demandas que</p><p>tenham por objeto a anulação de um ato</p><p>administrativo por ilegalidade ou ilegitimidade.</p><p>Esse tipo de demanda deve ser julgado pela</p><p>jurisdição especial do contencioso administrativo,</p><p>formada por tribunais de natureza administrativa</p><p>(na França é exercido pelo Conselho de Estado).</p><p>Fundamentado na separação dos poderes de forma</p><p>absoluta.</p><p>O sistema da jurisdição única estabelece que todas</p><p>as demandas, sejam elas privadas ou</p><p>administrativas, estão sujeitas à revisão pelo Poder</p><p>Judiciário. Apenas o Poder Judiciário é competente</p><p>para dizer o direito no caso concreto de forma</p><p>definitiva, com força de coisa julgada material, ou</p><p>seja, suas decisões não podem mais, em regra,</p><p>serem alteradas.</p><p>Vale destacar que a Administração Pública não está</p><p>proibida de julgar casos relativos à sua atuação por</p><p>meio de um procedimento em contraditório. As</p><p>decisões administrativas formam coisa julgada</p><p>meramente formal, ou seja, não podem mais ser</p><p>objeto de discussão na esfera administrativa.</p><p>Todavia, o interessado pode levar a questão à</p><p>apreciação do Poder Judiciário.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 16</p><p>16</p><p>405</p><p>→ O Brasil adotou o sistema da jurisdição única (sistema inglês), em que todos os litígios (privados ou</p><p>administrativos), estão sujeitos à apreciação do Poder Judiciário, desde que provocado, que é o único</p><p>com atribuição de dizer o direito no caso concreto por meio de uma decisão com caráter de</p><p>definitividade.</p><p>▪ Em regra, o sistema adotado pelo Brasil veda a exigência de submissão do pleito à via</p><p>administrativa ou o esgotamento da esfera administrativa como condição para propositura de ação</p><p>judicial, tendo em vista o livre acesso à jurisdição consagrado pela Constituição Federal. Por este</p><p>motivo, não mais se admite, no Brasil a “jurisdição condicionada” ou “instância administrativa de</p><p>curso forçado”.</p><p>▪ Entretanto, existe uma exceção prevista pela Constituição Federal. Trata-se da questão submetida à</p><p>Justiça desportiva, prevista no art. 217, §§1º e 2º, CF/88. Existem, ainda, outras situações em que o</p><p>acesso ao judiciário é condicionado, mas não podem ser consideradas exceções, tendo em vista as</p><p>peculiaridades de cada caso. Vamos analisar cada um deles:</p><p>Reclamação proposta no STF</p><p>contra ato ou omissão</p><p>administrativa que contrarie</p><p>súmula vinculante (art. 7º,</p><p>§1º, da Lei nº 11.417/2006)</p><p>Neste caso, o acesso ao judiciário não é vedado até o esgotamento das</p><p>instâncias administrativas. Em verdade, o que a lei veda é apenas um meio</p><p>de acesso ao Poder Judiciário, qual seja, a Reclamação Constitucional.</p><p>Todavia, outros meios estão disponíveis ao jurisdicionado, tal como a ação</p><p>ordinária e o mandado de segurança, a depender do caso.</p><p>Habeas data O art. 8º, parágrafo único, da lei 9.507/97 estabelece que a propositura</p><p>do Habeas Data, pressupõe a demonstração do indeferimento ou a</p><p>omissão administrativa em atender pedido de informações pessoais ou</p><p>retificação de dados. Entretanto, não se trata de vedação de acesso direto</p><p>ao judiciário. Na verdade, trata-se de verdadeira condição da ação, sem</p><p>a qual não se verifica o interesse de agir, haja vista que o Administrado</p><p>poderia obter a informação pelas vias administrativas.</p><p>Ações judiciais contra o INSS</p><p>para a concessão de</p><p>benefícios previdenciários</p><p>O STF, no RE 631.240, estabeleceu o seguinte: “a) Para ingressar com ação</p><p>judicial postulando benefício previdenciário, é necessário prévio</p><p>requerimento administrativo perante o INSS com o indeferimento do</p><p>pedido ou que o prazo para sua análise seja excedido; b) a exigência não</p><p>prevalece quando o entendimento da Autarquia Previdenciária seja</p><p>notório e reiteradamente contrário ao pedido do postulante e nos casos</p><p>de revisão, reestabelecimento ou manutenção de benefício</p><p>anteriormente concedido, uma vez que a Administração tem o dever de</p><p>conceder o benefício mais vantajoso possível”. Entretanto, neste caso,</p><p>não há instância administrativa de curso forçado. Em verdade, há mera</p><p>aplicação das condições da ação, consistente na necessidade de</p><p>interesse de agir. De acordo com a Corte Suprema, a instituição de</p><p>condições da ação é compatível com o art. 5º, XXXV, CF, ou seja, o</p><p>princípio do livre acesso à jurisdição.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 17</p><p>17</p><p>405</p><p>2 - REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO</p><p>2.1 - DEFINIÇÃO</p><p>Um ramo autônomo do direito, como o Direito Administrativo, depende de um conjunto de regras e</p><p>princípios próprios, diferenciando-o dos demais ramos jurídicos, ainda que inexistente um código específico</p><p>que reúna as leis relacionadas à matéria.</p><p>Conceito de Regime Jurídico Administrativo</p><p>É o conjunto harmônico de regras e princípios que regem a atuação da Administração</p><p>Pública, na consecução do interesse público, regulando a sua relação com os administrados,</p><p>com seus agentes públicos, a prestação de serviços públicos a sua organização interna, dando</p><p>ensejo a prerrogativas e restrições.</p><p>2.2 - NORMAS JURÍDICAS: REGRAS X PRINCÍPIOS</p><p>Cada uma dessas espécies normativas desempenha funções importantes e complementares dentro do</p><p>ordenamento jurídico, não sendo possível um sistema só de regras ou só de princípios, tendo em vista que</p><p>um seria muito rígido e o outro flexível. Ademais, não existe hierarquia entre regras e princípios.</p><p>→ Grande parte do entendimento sobre esta matéria</p><p>se deve aos ensinamentos de Ronald Dworkin e</p><p>Robert alexy. Vejamos a síntese dos doutrinadores:</p><p>REGRAS PRINCÍPIOS</p><p>DWORKIN São relatos descritivos de</p><p>comportamentos, em que a sua aplicação</p><p>se dá por subsunção do fato à previsão</p><p>em abstrato, dentro da ideia do tudo ou</p><p>nada (all or nothing). Apenas uma norma</p><p>prevalece diante do conflito de regras.</p><p>Os relatos são descritos de forma mais</p><p>abstrata. Não determinam uma conduta a ser</p><p>adotada, pois a análise deve se dar em cada</p><p>caso concreto em que se definirá a melhor</p><p>conduta para efetivar o valor definido pelo</p><p>princípio. O intérprete deve conferir</p><p>determinado peso aos princípios em choque,</p><p>por meio do critério da ponderação ou</p><p>valoração.</p><p>ALEXY São normas que serão sempre satisfeitas</p><p>ou não, tendo em vista que contêm</p><p>determinações, devendo-se fazer aquilo</p><p>que ela exige, nem mais nem menos.</p><p>São normas que que determinam que algo</p><p>seja buscado na maior medida possível,</p><p>dentro das possibilidades fáticas e jurídicas.</p><p>São, portanto, mandados de otimização,</p><p>tendo em vista que podem ser satisfeitos em</p><p>graus variados.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 18</p><p>18</p><p>405</p><p>▪ Importante destacar que, o fato de os princípios serem espécies de normas jurídicas possui especial</p><p>relevância, na medida em que não são vistos como mero vetor interpretativo das regras, mas possuem</p><p>carga normativa, consistindo em fonte de direitos e obrigações.</p><p>▪ Os princípios, portanto, a partir do pós-positivismo, tornam-se normas primárias, ao lado das regras,</p><p>podendo ser invocados para controle da juridicidade dos atos da Administração Pública. Não mais são</p><p>aplicados apenas quando há lacuna da lei ou de forma secundária para interpretação da lei.</p><p>TRIDIMENSIONALIDADE FUNCIONAL DOS PRINCÍPIOS (DIRLEY DA CUNHA JÚNIOR)</p><p>1) Consagram valores fundamentais do sistema jurídico;</p><p>2) Orientam a aplicação do ordenamento;</p><p>3) Suplementam às demais fontes do direito.</p><p>3 - PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DO DIREITO</p><p>ADMINISTRATIVO</p><p>• Os princípios da supremacia do interesse público e da indisponibilidade do interesse público são basilares</p><p>ao regime jurídico administrativo. Destes princípios decorrem as prerrogativas e as restrições aplicadas</p><p>à Administração Pública, para a busca de sua finalidade primordial, isto é, a busca pelo interesse público.</p><p>• O interesse público não se confunde com interesse estatal. O interesse público pode ser primário ou</p><p>secundário (Havendo divergência, prevalece o interesse público primário):</p><p> Primário: é a vontade do povo, da coletividade (é o interesse público propriamente dito). O Estado</p><p>atua para suprir as necessidades coletivas em sentido amplo. São exemplos a prestação de serviço</p><p>público e o exercício de poder de polícia. Confunde-se com interesse público propriamente dito;</p><p> Secundário: é definido pelos anseios do Estado, Administração Pública, considerado como pessoa</p><p>jurídica. É o interesse patrimonial do Estado, que atua para defesa e aumento do erário público. São</p><p>exemplos os atos internos de gestão administrativa e a busca pelo aumento de riqueza na gestão</p><p>patrimonial.</p><p>3.1 - PEDRAS DE TOQUE DO DIREITO ADMINISTRATIVO (CELSO</p><p>ANTÔNIO BANDEIRA DE MELO)</p><p>De acordo com Celso Antônio, as pedras de toque do Direito Administrativo são a supremacia do interesse</p><p>público e a indisponibilidade do interesse público.</p><p>• Supremacia do interesse público: A Administração Pública atua para satisfação das necessidades</p><p>coletivas e finalidades públicas, decorrentes da vontade geral, expressada por meio da Constituição</p><p>Federal e das Leis. Deste cenário se extrai o fundamento para o princípio da supremacia do interesse</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 19</p><p>19</p><p>405</p><p>público sobre os interesses privados, consubstanciado na prevalência dos interesses da coletividade,</p><p>tutelados pelo Estado, sobre os interesses meramente particulares.</p><p> Entretanto, como qualquer princípio, a supremacia do interesse público não é absoluta, cedendo</p><p>lugar quando em choque com direitos individuais fundamentais garantidos pela Constituição Federal.</p><p>Ademais, não está presente em toda a atuação da Administração Pública.</p><p>➢ Exemplos de aplicação: atributos dos atos administrativos (presunção de legitimidade,</p><p>autoexecutoriedade e imperatividade), Poderes da Administração (poder de polícia), contratos</p><p>administrativos (cláusulas exorbitantes, art. 104 da Lei nº 14.133/2021), intervenção na</p><p>propriedade (requisição, art. 5º, XXV, CF, desapropriação, art. 5º, XXIV, CF). Alguns autores, de</p><p>forma minoritária, criticam o princípio sustentando que este legitima os abusos e as</p><p>arbitrariedades.</p><p>• Indisponibilidade do interesse público: É consequência da própria supremacia do interesse público. O</p><p>interesse público não está à livre disposição do administrador, não há liberalidade. É um</p><p>contrapeso/limitação ao princípio da supremacia do interesse público. tendo em vista que não é a</p><p>proprietária da coisa pública, mas simples gestora dos bens e interesses da coletividade, não podendo</p><p>deles dispor indiscriminadamente.</p><p> O administrador exerce um encargo, uma obrigação, um múnus público e tem o dever de bem servir,</p><p>não pode comprometer o futuro da nação e criar entraves. Este princípio, ao contrário da</p><p>supremacia do interesse público, está presente em toda a atuação estatal, inclusive na gestão</p><p>interna e nos contratos privados, uma vez que em toda a atuação, ainda que de forma indireta, deve</p><p>ser buscado o interesse público.</p><p>➢ Exemplos de aplicação: é violação à indisponibilidade ao interesse público a fraude à licitação, a</p><p>fraude ao concurso público. O administrador não pode criar entraves, obstáculos ao sucessor.</p><p>3.2 - PRINCÍPIOS EXPRESSOS (ART. 37, CAPUT, DA CONSTITUIÇÃO</p><p>DA REPÚBLICA)</p><p>Os princípios expressos, conforme art. 37, caput da Constituição Federal, são os seguintes: Legalidade,</p><p>Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência.</p><p>→ Está sujeita aos princípios nele elencados que toda a Administração Pública, direta e indireta.</p><p>3.2.1 - Princípio da Legalidade</p><p>• Consiste na limitação do Poder Público ao conjunto de normas por ele próprio editado. A Administração</p><p>Pública não possui vontade autônoma, dependendo da autorização do titular do interesse público (a</p><p>sociedade), o que se dá por meio dos seus representantes ao editarem as leis (em sentido amplo,</p><p>abarcando todas as formas legislativas).</p><p>• É importante conhecer ainda a clássica distinção entre o princípio da legalidade na esfera pública e na</p><p>esfera privada.</p><p>➢ Na esfera privada: Aqui, os particulares buscam seus próprios interesses e são livres para atuarem,</p><p>desde que não contrariem o disposto na legislação (art. 5º, II da CF – autonomia da vontade). A lei</p><p>funciona, neste caso, como limitadora de vontades.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 20</p><p>20</p><p>405</p><p>➢ Na esfera pública: O Poder Público (Administração) só pode fazer aquilo que a lei determina (ato</p><p>vinculado) ou autoriza (ato discricionário). Aqui, a lei funciona como reguladora de vontade, ou seja,</p><p>como ponto de partida para que a Administração possa atuar.</p><p>Ademais, o princípio da legalidade não se confunde com o princípio da reserva legal.</p><p> A Legalidade estabelece a vinculação da Administração Pública à lei amplamente considerada, só</p><p>podendo atuar quando houver permissão do ordenamento jurídico.</p><p> A reserva legal, por outro lado, estabelece que a atuação só é permitida diante da autorização de</p><p>uma espécie normativa específica determinada pelo texto constitucional, (por exemplo: lei ordinária</p><p>ou lei complementar), excluindo-se os demais atos normativos.</p><p>A doutrina moderna defende que, com a constitucionalização do direito</p><p>administrativo, a</p><p>legalidade deve ser compreendida mais como “Princípio da Juridicidade”, que consiste na</p><p>conformação da atuação Administrativa não apenas ao texto das leis formais editadas pelo</p><p>Poder Legislativo, mas a todo o ordenamento jurídico, incluído a legislação em sentido</p><p>amplo, os princípios, as súmulas vinculantes, as decisões vinculantes, dentre outros, sendo</p><p>denominado bloco de legalidade.</p><p>Desse modo, há uma redução do âmbito de liberdade do administrador em sua</p><p>competência discricionária, haja vista que além de estar limitado à lei, estará também</p><p>limitado pelo direito como um todo (Constituição Federal, princípios administrativos,</p><p>princípios gerais do direito, precedentes vinculantes, súmulas vinculantes etc.).</p><p>• A Constituição Federal previu situações determinadas em que o princípio da legalidade pode ser</p><p>excepcionado:</p><p> medida provisória;</p><p> estado de defesa; e</p><p> estado de sítio.</p><p>3.2.2 - Princípio da Impessoalidade</p><p>• O princípio da impessoalidade estabelece que a atuação da Administração Pública não pode ter caráter</p><p>pessoal nem ser movida por sentimentos ou vontades pessoais do Administrador.</p><p> Tradicionalmente é abordada pela doutrina sob três aspectos:</p><p>➢ a) igualdade/isonomia;</p><p>➢ b) vedação à promoção pessoal; e</p><p>➢ c) finalidade.</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 21</p><p>21</p><p>405</p><p>• É importante ficar atento nas provas, tendo em vista que alguns autores e algumas bancas elencam o</p><p>princípio da finalidade como princípio implícito autônomo, e não como um aspecto ou corolário do</p><p>princípio da impessoalidade.</p><p>ISONOMIA</p><p>▪ Sob o aspecto da isonomia, o princípio da impessoalidade estabelece que a</p><p>Administração Pública deve se relacionar com os Administrados de forma imparcial,</p><p>sem conceder vantagens ou impor perseguições, conferindo igual oportunidade a</p><p>todos, sem benefícios ou prejuízos.</p><p>▪ Por este motivo, a constituição Federal impõe, como regra, a necessidade de realização</p><p>de concurso público para seleção de servidores públicos (art. 37, II, CF), de licitação</p><p>para contratação de bens ou serviços (art. 37, XXI, CF), para pagamento de débitos da</p><p>Administração decorrente de condenação judicial por precatórios (art. 100 da CF).</p><p> STF: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. CONCURSO PÚBLICO.</p><p>BÔNUS DE 10% NA NOTA AOS CANDIDATOS PARAIBANOS RESIDENTES NA</p><p>PARAÍBA. DISCRIMINAÇÃO ARBITRÁRIA. VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA</p><p>IMPESSOALIDADE E DA ISONOMIA. OFENSA AOS ARTS. 5º, 19, II E 37, II, DA</p><p>CONSTITUIÇÃO FEDERAL. INCONSTITUCIONALIDADE DECLARADA. AÇÃO</p><p>DIRETA JULGADA PROCEDENTE. (...) 4. A imposição legal de critérios de</p><p>distinção entre os candidatos é admitida tão somente quando acompanhada</p><p>da devida justificativa em razão de interesse público e/ou em decorrência da</p><p>natureza e das atribuições do cargo ou emprego a ser preenchido. (ADI 7458,</p><p>Rel. Min. Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, julgado em 12-12-2023)</p><p>VEDAÇÃO À</p><p>PROMOÇÃO</p><p>PESSOAL</p><p>▪ Sob o aspecto da vedação à promoção pessoal, o princípio da impessoalidade</p><p>estabelece que as realizações da Administração Pública não podem ser divulgadas</p><p>como feito pessoal do agente público que a representa. São feitos da própria</p><p>Administração Pública.</p><p> STF: PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE: O § 1º do art. 37 da CF/88 não admite</p><p>flexibilização por norma infraconstitucional ou regulamentar. Está em</p><p>desconformidade com a Constituição Federal a previsão contida na Lei</p><p>Orgânica do Distrito Federal que autoriza que cada Poder defina, por norma</p><p>interna, as hipóteses pelas quais a divulgação de ato, programa, obra ou</p><p>serviço públicos não constituirá promoção pessoal. Essa delegação conferida</p><p>viola o § 1º do art. 37 da CF/88, que não admite flexibilização por norma</p><p>infraconstitucional ou regulamentar. (ADI 6522/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia,</p><p>Trbunal Pleno, julgado em 14/5/2021- Info 1017).</p><p>FINALIDADE ▪ Neste aspecto, toda a atuação da Administração Pública deve estar voltada para</p><p>atingir o fim previsto no ordenamento jurídico, o que impede que o agente busque</p><p>objetivos pessoais, devendo se ater à vontade da lei. Nesta linha, haverá sempre uma</p><p>finalidade geral, que sempre será o interesse público, e uma finalidade específica,</p><p>consistente no fim específico previsto na lei que está sendo aplicada.</p><p>3.2.2.1 - Princípio da intranscendência subjetiva das sanções</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 22</p><p>22</p><p>405</p><p>➢ O Princípio da Intranscendência Subjetiva das Sanções proíbe a aplicação de sanções às</p><p>administrações atuais por atos de gestão praticados por administrações anteriores, ou seja, ele</p><p>impede que a administração atual seja punida com a restrição de recebimento de repasses de outras</p><p>esferas, por exemplo. O STF tem posição majoritária no sentido da aceitação deste princípio.</p><p> Esse princípio também impede a inscrição em cadastro de inadimplentes da União ou a</p><p>aplicação de sanções a Ente Federado por irregularidades cometidas por entes da</p><p>Administração Indireta, já que se trata de pessoa jurídica autônoma. Também impede a punição</p><p>do Poder Executivo se a irregularidade foi praticada pelo Poder Legislativo ou Judiciário.</p><p>Súmula 615-STJ - Não pode ocorrer ou permanecer a inscrição do município em cadastros</p><p>restritivos fundada em irregularidades na gestão anterior quando, na gestão sucessora, são</p><p>tomadas as providências cabíveis à reparação dos danos eventualmente cometidos.</p><p>3.2.3 - Princípio da Moralidade</p><p>O princípio da moralidade exige que os agentes públicos devem, além de respeitar as leis, atuar</p><p>de forma honesta, proba, com lealdade e boa-fé e com fundamento nos padrões éticos de</p><p>conduta.</p><p>• Costuma-se fazer a diferenciação entre a moralidade administrativa e a moralidade comum ou social.</p><p> A moralidade administrativa é uma moralidade jurídica e está relacionada à boa administração,</p><p>voltada a alcançar o bem-estar da sociedade. Não decorre da concepção pessoal do julgador sobre</p><p>moralidade, isto é, não pode ser compreendido de forma subjetiva.</p><p> A moralidade social, por sua vez, decorre do senso comum de bem e mal, certo ou errado,</p><p>compreendida de forma subjetiva, de acordo com as concepções e experiências pessoais dos agentes.</p><p>• Por se tratar de uma norma jurídica, com força normativa e coercibilidade, um ato administrativo</p><p>praticado com violação da moralidade administrativa é nulo, devendo ser retirado do mundo jurídico,</p><p>seja pela Administração Pública no exercício da autotutela, seja pelo Poder Judiciário, caso provocado.</p><p> STF: O Supremo Tribunal Federal possui jurisprudência consolidada sobre a</p><p>inconstitucionalidade de normas municipais que instituam pensões vitalícias para cônjuges</p><p>supérstites de ex-vereadores, por violação aos princípios republicano, da igualdade, da</p><p>impessoalidade e da moralidade. Precedentes. (ADPF 889, Relator(a): Edson Fachin, Tribunal</p><p>Pleno, julgado em 10-11-2022)</p><p>3.2.3.1 - Nepotismo</p><p>Súmula vinculante 13: A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral</p><p>ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma</p><p>pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de</p><p>Estratégia Carreira Jurídica</p><p>CREMEGO (Advogado) Direto ao Ponto - Prof.: Estratégia Carreira Jurídica e OAB</p><p>cj.estrategia.com | 23</p><p>23</p><p>405</p><p>cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública</p><p>direta e indireta em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos</p><p>Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição</p><p>Federal.</p><p>➢ Não há nepotismo quando a pessoa nomeada tem parente no órgão, mas não possui hierarquia</p><p>capaz de influir na nomeação (Rcl 18564, STF);</p><p>➢ Não há nepotismo quando a nomeação</p>