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1 Introdução ● Primeira República ou República Velha: 1889 – 1930. ● Dividida em dois períodos: • República da Espada (1889 – 1894): quando o Brasil foi governado por dois militares – Marechal Deodoro da Fonseca e Marechal Floriano Peixoto. • República Oligárquica: começou em 1895 com Prudente de Moraes e só se encerrou com a Revolução de 1930. 2 República da Espada ●Constituição de 1891: • República Federativa • Estado laico • Igualdade perante a lei • Voto aberto e masculino • 3 poderes: legislativo, executivo e judiciário • Presidencialismo • Eleições diretas ●Grupos políticos: • Federalismo/Liberalismo: oligarquias estaduais. • Militares positivistas e republicanos: ditadura republicana (estado forte interventor). • Marinha monarquista. ● Governo de Marechal Deodoro da Fonseca (1890 – 1891): • Crise do Encilhamento: a moeda brasileira passou por um processo de desvalorização muito grande, enquanto a inflação cresceu subitamente. • Conflito entre presidente e congresso: renúncia do presidente. ● Governo de Marechal Floriano Peixoto (1891 – 1994): • Revolta da Armada (1891-1894): ocorreu no Rio de Janeiro. Rebelião armada da marinha do Brasil, os quais bombardearam a capital por meio dos navios de guerra da marinha. Os opositores, monarquistas da aristocracia agrária, desejavam o retorno da monarquia no país e estavam insatisfeitos com a ação do Marechal Deodoro da Fonseca, após o fechamento do Congresso (1891), o que acarretou numa crise política e econômica. Além das divergências políticas, a marinha alegava ilegitimidade no governo de Floriano, após dois anos do governo provisório, uma vez que, segundo a Constituição de 1891, novas eleições deveriam ser feitas, o que não ocorreu, deixando grande parte da população (sobretudo as oligarquias cafeeiras do partido republicano) descontente. • Revolta Federalista: Enquanto eclodia a revolta da armada no Rio de Janeiro, o sul do país passava pela Revolução Federalista (1893-1895), caracterizada pela disputa entre os federalistas (maragatos) e republicanos (pica-paus), esses últimos apoiados por Floriano. No entanto, Floriano abafou as duas revoltas (Revolta da Armada e a Revolução Federalista), fato que o levou a ser chamado de “Marechal de Ferro”. 3 República Oligárquica ● Característica principal: controle das oligarquias na política brasileira. ● As principais oligarquias eram as do Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. ●O poder oligárquico fez com que, durante o período da Primeira República, não houvesse um só partido político de alcance nacional. Eram as relações políticas regionais que determinavam os rumos políticos do país. ●Características: • Voto de cabresto e curra eleitoral. • Coronelismo: coronéis (os grandes proprietários de terra) exerciam domínio sobre as populações locais e utilizavam desses poderes para garantir os votos necessários e, assim, atender os interesses da oligarquia estabelecida e, consequentemente, do Governo Federal. O coronel garantia esses votos a partir da distribuição dos cargos públicos (todos sob seu controle) da maneira como lhe interessasse. • Eleições fraudulentas (não existia justiça eleitoral) • Clientelismo: é a troca de bens e serviços por apoio político, sendo a troca algo implícito ou não. O clientelismo denota a prática de distribuir empregos, favores e outros benefícios aos seguidores em troca de apoio político. • Mandonismo: consiste basicamente no controle sobre determinado grupo de pessoas a partir da posse da terra. Os grandes proprietários de terra exerciam forte influência sobre a população em geral. ●Política dos governadores • Consistia na troca de favores do Governo Federal com as oligarquias locais. • Criada durante o governo de Campos Sales (1898-1902) e basicamente deu o tom do funcionamento de nossa política durante toda a Primeira República. • Governo Federal dava seu apoio para a oligarquia mais poderosa de cada estado para reduzir as disputas pelo poder entre as oligarquias locais. Em troca desse apoio, as oligarquias escolhidas tinham como função apoiar o Executivo a partir de seus representantes no Legislativo. • Ao mesmo tempo, as oligarquias tinham seu poder político reforçado. O coronel era fundamental, pois era ele que fazia todo o arranjo para mobilizar os votos necessários e eleger os deputados da oligarquia apoiada pelo governo. Esse movimento encabeçado pelos coronéis foi chamado coronelismo. ●Política do café com leite • Consistiu na união das duas oligarquias mais poderosas do período: São Paulo e Minas Gerais. • Essa política pretendia garantir o revezamento entre os candidatos das duas oligarquias, uma obtendo apoio da outra. • Essa prática não aconteceu em todo período da Primeira República, ou seja, não explica a eleição de todos os presidentes. Por vezes, os candidatos não foram eleitos ou as oligarquias entraram em conflito, não apoiando o mesmo candidato. 4 Economia ●Economia agroexportadora, baseada principalmente no café, se fortaleceu. • O Brasil seguiu com grande dependência do café. O grande produtor dele no Brasil era o estado de São Paulo. No começo do século XX, os cultivadores começaram a aumentar a quantidade de café produzida, o que acarretou a queda do preço desse produto, uma vez que o mercado ficou abarrotado com a mercadoria. Visando a defender seus interesses, os cafeicultores reuniram-se no Convênio de Taubaté. • Nesse convênio, decidiu-se que o governo brasileiro compraria o excedente de sacas de café com o objetivo de controlar o preço desse produto no mercado internacional. Isso garantiria os lucros dos fazendeiros e resolveria a questão do preço do café. ●Pequeno desenvolvimento industrial • As indústrias receberam um grande número de trabalhadores imigrantes e o crescimento industrial aumentou muito. • O desenvolvimento industrial em São Paulo foi, em parte, financiado pela prosperidade do negócio cafeeiro e a cidade de São Paulo concentrou grande parte desse crescimento industrial. ●Surto da borracha: Belém e Manaus. 5 Revoltas e Guerras ●Revolta da Vacina (1904): • Revolta popular e urbana • Condições de higiene eram precárias, ocasionando uma grande difusão de doenças. • Insatisfação da população por conta da violência do processo de sanitarização da capital. • A capital, por ordem presidencial, passava por um processo de modernização e revitalização. • Acontecia às custas da desocupação de milhares de pessoas do centro do Rio de Janeiro, de maneira violenta. • Estopim: campanha de vacinação forçada. • Foi conduzida aliada à falta de informação levaram a população a rebelar-se. As vacinações compulsórias aconteciam de maneira violenta • O temor da população à vacinação levou a uma grande revolta nas ruas do Rio de Janeiro, grande insatisfação popular, com inúmeras manifestações, que foram contidas com a prisão de uma média de 2000 trabalhadores. ●Revolta da Chibata (1910): • A marinha possuía, apesar da abolição, uma mentalidade escravocrata, com castigos diferenciados para marinheiros negros, que eram punidos com chibatadas quando alguma regra era violada. • O estopim para a revolta dos marinheiros aconteceu quando um negro da marinha, Marcelino Rodrigues, foi condenado a 250 chibatadas, levando-o a óbito. • Os marinheiros, insatisfeitos com os castigos físicos, o racismo e a desigualdade social, rebelaram-se. • Um encouraçado brasileiro, liderado por João Cândido, mobilizou marinheiros para tomar duas embarcações e ameaçar bombardear a cidade do Rio de Janeiro. O governo, a princípio, perdoou os revoltosos e deu cabo aos castigos da marinha. • Visto que isso não ocorreu, os fuzileiros ficaram insatisfeitos novamente, o governo reage novamente aprisionando os participantes da revolta. • Foi duramentereprimida com milhares de marinheiros sendo dispensados. Outros acabaram sendo presos, torturados e enviados para a Ilha das Cobras, enquanto outros ainda foram enviados para trabalhar em seringais na Amazônia. Muitos dos que foram enviados para os seringais foram fuzilados no trajeto. ●A Guerra de Canudos (1896-1897): • Revolta rural e popular • Aconteceu no sertão da Bahia. • Liderado por Antônio Conselheiro, um beato (líder religioso local) que se instalou na região. • Canudos transformou-se em um centro que trazia novas perspectivas de vida a uma população de ex-escravos carentes e que não tinha acesso à terra. • A atuação de Antônio Conselheiro como líder religioso também foi extremamente importante e responsável por atrair milhares de pessoas à procura do beato, e isso fez de Canudos um centro de romaria. • A liderança religiosa de Antônio Conselheiro apresentava-se como um risco à Igreja, devido a sua grande popularidade e à experiência social e política com traços de igualitarismo. • Ambos aspectos representavam uma ameaçava às elites econômicas locais, que se baseavam no latifúndio e no domínio dos coronéis. Sendo assim, Canudos era um risco para as elites da Primeira República e, por isso, na ótica dessas elites, precisava ser eliminada. • Assim, foram organizadas expedições militares com o objetivo de destruir o arraial. A primeira expedição foi organizada pelo estado da Bahia e foi derrotada pela resistência formada em Canudos. • A segunda e terceira expedições foram organizadas por tropas do Exército e também foram derrotadas, tendo inclusive seu comandante morto em combate. • Na quarta expedição, organizada a partir de abril de 1897, a tropa enviada era composta cerca de 6500 soldados (incluindo os oficiais) equipados com armamentos modernos — incluindo canhões. O resultado final foi Canudos arrasado. As tropas queimaram e dinamitaram o arraial, e os prisioneiros foram degolados. ●A Guerra do Contestado (1912-1916): • Revolta rural e popular • Conflito armado que ocorreu na região Sul do Brasil • Havia a disputa territorial entre Santa Catarina e Paraná. Além disso, parte da região contestada foi entregue a um estrangeiro para que construísse uma ferrovia que ligasse o Rio Grande do Sul a São Paulo. Também foram entregues terras num raio de 15 km da ferrovia, para que ele pudesse explorar a madeira disponível na região. • Acontece que a região já era habitada por pessoas. • A empresa vinculada, responsável pela exploração da madeira nessas terras, organizou tropas de jagunços para expulsar os habitantes da área. • A guerra em outubro de 1912, quando um grupo de pessoas lideradas por José Maria instalou-se em Irani, na região contestada pelos dois estados. Foi entendido pelo Paraná como uma invasão coordenada pelos catarinenses, e, assim, esse estado atacou os sertanejos. Nesse ataque, José Maria acabou sendo morto. • Após a morte de José Maria, o fervor religioso prosseguiu com os sertanejos fundando uma série de comunidades autônomas. A existência dessas comunidades era enxergada pelos coronéis locais como uma ameaça, e foi daí que se iniciou a repressão contra as comunidades autônomas formadas pelos sertanejos. • A Guerra do Contestado estendeu-se até janeiro de 1916 e foi responsável pela morte de cerca de 10 mil pessoas. As comunidades autônomas foram destruídas e, nas décadas seguintes, foi realizado um processo de branqueamento daquela região. ●Tenentismo (1920): • Surgiu a partir da insatisfação dos militares de baixa patente (conhecidos como “tenentes”) com o governo oligárquico da Primeira República. • Movimento urbano e militar • Os tenentes estavam insatisfeitos desde a República das Espadas, já que, como jovem oficialidade do exército, participavam pouco da política. Além disso, acreditavam na moralização da política, com uma reforma política, a implementação do voto secreto e fim da corrupção eleitoral. • O estopim foi a demissão de Hermes da Fonseca do clube militar, difundindo o movimento pelo exército. • Como consequência, aconteceram pequenas revoltas organizadas pelos tenentes: ◦ Revolta do Forte de Copacabana (1922) ◦ Revolta Paulista (1924) ◦ Coluna Prestes (1925-1927) ●. Greve Geral de 1917: • Movimento urbano e popular • Ocorreu devido às péssimas condições de trabalho nas fábricas e à influência do anarco-sindicalismo. • O movimento queria acabar com a propriedade privada, devido à ideologia do anarquismo e também ao sindicalismo. • Foi composto, sobretudo, por imigrantes italianos. • Depois de cinco dias de paralisação geral, os grevistas tiveram suas reivindicações atendidas. 6 Crise • A Primeira República iniciou sua fase decadente na década de 1920. A entrada de novos atores na política nacional, como os tenentistas, contribuiu para seu fim. • O desgaste do pacto que mantinha as oligarquias minimamente em paz também contribuiu para o fim desse período da história brasileira. • Na década de 1920, os tenentistas foram uma força que abalou a estrutura da Primeira República. Isso aconteceu porque os tenentistas reivindicavam o fim das estruturas oligárquicas que estavam estabelecidas no país. • Período marcado por tensões sociais que resultaram em conflitos por diferentes regiões do Brasil. • Estopim: ◦ Eleição presidencial de 1930. Naquela ocasião, o presidente Washington Luís resolveu romper com o Pacto de Ouro Fino e em vez de lançar um candidato mineiro optou por lançar Júlio Prestes, candidato paulista. Isso desagradou profundamente a oligarquia mineira que se aliou à oligarquia gaúcha e aos tenentistas, e juntos lançaram Getúlio Vargas como candidato presidencial. ◦ Getúlio Vargas foi derrotado, mas membros de sua chapa eleitoral, inconformados com a derrota, começaram a conspirar contra o governo. A desculpa utilizada pelos membros da Aliança Liberal (chapa de Vargas) para iniciar uma revolta armada contra o governo foi o assassinato de João Pessoa, vice-presidente de Vargas. O assassinato de João Pessoa, porém, não teve relação com a disputa eleitoral entre Júlio Prestes e Vargas. ◦ Golpe de 1930: deposição de Washington Luís da presidência. Júlio Prestes foi impedido de assumir a presidência do país e, em novembro do mesmo ano, Getúlio Vargas foi empossado como presidente provisório do país. ◦ Esse era o fim da Primeira República, e o início da Era Vargas 1 Introdução
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