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UNIVERSIDADE PAULISTA TECNOLOGIA EM ESTÉTICA E COSMÉTICA CAROLAINE NICOLE ANA LACERDA JOELMA SOUSA DA SILVA MARIELA DE SOUZA RIBEIRO PAULINE SILVA COSTA UTILIZAÇÃO DE RECURSOS SUSTENTÁVEIS NA INDÚSTRIA COSMÉTICA São Paulo Marquês/Matutino Junho/2018 UNIVERSIDADE PAULISTA TECNOLOGIA EM ESTÉTICA E COSMÉTICA CAROLAINE NICOLE ANA LACERDA JOELMA SOUSA DA SILVA MARIELA DE SOUZA RIBEIRO PAULINE SILVA COSTA UTILIZAÇÃO DE RECURSOS SUSTENTÁVEIS NA INDÚSTRIA COSMÉTICA Trabalho apresentado no Curso Superior de Estética e Cosmética na UNIP para o Projeto Integrador Multidisciplinar (III). Orientadora: Prof.ª Andressa Rocca São Paulo Marquês/Matutino Junho/2018 UNIVERSIDADE PAULISTA TECNOLOGIA EM ESTÉTICA E COSMÉTICA CAROLAINE NICOLE ANA LACERDA JOELMA SOUSA DA SILVA MARIELA DE SOUZA RIBEIRO PAULINE SILVA COSTA UTILIZAÇÃO DE RECURSOS SUSTENTÁVEIS NA INDÚSTRIA COSMÉTICA Trabalho apresentado no Curso Superior de Estética e Cosmética na UNIP para o Projeto Integrador Multidisciplinar (III). Orientadora: Profª. Andressa Rocca Aprovado em: BANCA EXAMINADORA _____________________________ Prof.ª Andressa Rocca Universidade Paulista – UNIP ______________________________ Prof.ª Ms. Daniela Fernandes Gusmão Universidade Paulista – UNIP __________________________ Profª. Ms. Sinária Sousa Universidade Paulista - UNIP RESUMO O presente trabalho apresenta uma contextualização sobre diferentes literaturas, que abordam o tema de sustentabilidade, questionando a educação ambiental da população brasileira e de que forma esse enfoque pode contribuir para o estabelecimento dos três pilares: desenvolvimento ambiental, social e econômico de um país e/ou sociedade. Nos primórdios do surgimento do conceito de sustentabilidade, acreditou-se que estaria ligado somente ao meio ambiente, porém o tripé citado anteriormente precisa estar diretamente interligado entre si para que o conceito se sustente. Há autores que acrescentam, ainda, os níveis culturais, tecnológicos e éticos para compreender o contexto de forma mais ampla. As questões centrais ao desenvolver esse trabalho foram: O que é, afinal, a sustentabilidade? Como se deu o seu surgimento? De que forma passamos a entender a sustentabilidade como adjetivo do desenvolvimento? Quais são as implicações para a sociedade? Os três pilares são, de fato, suficientes para abordarmos o conceito sustentável a nível macro? Quais são os impactos da sustentabilidade no poder de compra do consumidor? As empresas têm ganhos econômicos ao promover a sustentabilidade? Além disso, para enriquecer tais questionamentos, falaremos sobre a empresa Bio Extratus, que foi escolhida por ter a norma técnica NBR ISO 14001, um selo crucial para uma empresa ser reconhecida internacionalmente como sustentável. A empresa prega o uso consciente e sustentável de seus ativos naturais. Palavras-chave: Sustentabilidade, Bio Extratus, Responsabilidade social. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 6 2. REVISÃO DE LITERATURA 7 2.1. O que é sustentabilidade? 7 2.2. Quais são os recursos sustentáveis? 8 2.2.1. O consumidor dá preferência a empresas sustentáveis? 12 2.2.2. Benefícios sociais da sustentabilidade 16 3. OBJETIVOS 18 4. MATERIAIS E MÉTODOS 18 5. A EMPRESA 19 5.1 História da empresa e seu público-alvo 19 5.2 Idealização dos recursos sustentáveis a serem utilizados na empresa: implantação do Sistema de Gestão ambiental (SGA) 20 5.3 Os projetos sustentáveis da Bio Extratus 21 6. DISCUSSÃO 23 7. RESULTADOS 25 8. CONCLUSÃO 26 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 28 6 1. INTRODUÇÃO O termo sustentabilidade, no decorrer dos anos, vem apresentando crescente interesse dos mais prestigiados pesquisadores acadêmicos. A importância do termo se deu devido à atenção causada pelas bruscas mudanças climáticas, ocasionadas, sobretudo, pela forma errônea como o homem explora o meio ambiente, fazendo com que o planeta fique em constante estado de emergência. Por conseguinte, começou a se pensar de que forma as empresas, a sociedade civil e os governantes podem contribuir para amenizar os impactos de suas ações para o desenvolvimento ambiental. Além disso, surge uma grande expectativa sobre as empresas para que elas contribuam mais ativamente, reforçando a necessidade de mercados estáveis, que possuam capacidades tecnológicas, gerenciais e financeiras para trilhar caminhos rumo ao desenvolvimento sustentável. Tem-se, portanto, uma segunda vertente da sustentabilidade, que difere da primeira: o desenvolvimento sustentável é o escopo a ser alcançado e a sustentabilidade é a etapa para se atingir esse desenvolvimento sustentável (Nardelli, 2001). Para Elkington (1994), inventor do que se designou chamar de Triple Bottom Line (Tripé da Sustentabilidade), a sustentabilidade é o equilíbrio entre o tripé: ambiental, econômico e social, o que confere cada vez mais destaque à educação socioambiental, almejando a valorização da vida dos indivíduos, um novo estilo de vida, sem degradar o meio ambiente, sem consumismo exacerbado, portanto sem desperdiçar os recursos naturais, formando, assim, cidadãos mais conscientes e entendedores de seu papel. Com efeito, Elkington (1994) e Nardelli (2001) concordam que o desenvolvimento sustentável seria, de fato, uma via de mão dupla, sendo aliado ao crescimento econômico, isto é, promovendo a justiça social e suprindo as necessidades daqueles que estão excluídos do círculo social. Este presente trabalho apresenta, além da introdução, 1) um panorama geral do conceito de sustentabilidade, 2) explicação sobre quais são os recursos sustentáveis, 3) o consumidor atribui, de fato, grande importância a empresas/produtos sustentáveis na hora da compra? 4) abordagem dos benefícios da sustentabilidade para a sociedade civil brasileira e de que forma isso reflete no país e 5) escolha da empresa Bio Extratus para delinear os recursos sustentáveis utilizados pela empresa. Ademais, após a elucidação do referencial teórico e metodológico, foi realizada uma pesquisa de campo de forma a compreender os 7 fenômenos e analisar as lacunas do conceito de sustentabilidade nos dias atuais, apresentando, ao término, os resultados desse estudo exploratório e as considerações finais. 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1. O que é sustentabilidade? Ao longo dos anos desde sua proposição no documento Nosso Fórum Comum da comissão mundial para o meio ambiente e desenvolvimento, produzido pela ONU (Organização das Nações Unidas) e apresentado no relatório Brundtland em 1987, o termo desenvolvimento sustentável vem sendo amplamente utilizado e disseminado no debate acadêmico. O eco-desenvolvimento ou desenvolvimento sustentável, abordam na harmonização de objetivos sociais, ambientais e econômicos é adotada desde a conferência das Nações Unidas sobre o meio-ambiente humano, realizada em Estocolmo (Suécia) no ano de 1972 e na conferência das Nações Unidas sobre o meio-ambiente e desenvolvimento realizada no Rio de Janeiro, em 1952, no Brasil. (Pelicioni, 2014) O termo sustentabilidade apareceu em relação aos recursos renováveis e foi adotado pelo movimento ecológico. Esse conceito refere-se à existência do eco sistema ecológico, condições necessárias para apoiar a vida humana ao nível específico de bem-estar atravésde reações, e isso é sustentabilidade ecológica e não Desenvolvimento sustentável. Sustentabilidade é um conceito normativo sobre os seres humanos em relação à natureza eles são responsáveis uns pelos outros. Nestes conceitos a sustentabilidade é propícia ao crescimento econômico em relação à justiça social, e no uso eficiente dos recursos naturais. (Pelicioni, 2014) A sustentabilidade ela é vista em dois níveis diferentes: Sustentabilidade fraca ou Forte sustentabilidade. A sustentabilidade fraca ela é interpretada como extensão do bem-estar econômico, portanto o capital econômico é produzido pelas gerações atuais e pode compensar a perda de capital natural para as gerações futuras. Além disso, a sustentabilidade fraca, ela preserva o valor do capital natural, como recursos não renováveis. A forte sustentabilidade é um paradigma de não substituição, em que existem sistemas naturais que não podem ser erodidos ou destruídos sem comprometer interesses das gerações futuras. Ela exige um subconjunto do capital natural total, que fosse preservado em termos físicos, de suas funções, permanecem intactas. (Afonso, 2006) 8 Ademais, a sustentabilidade depende de seus impactos socioeconômicos e ambientais, por ser visto como um assunto importante e abordado de maneiras diferentes, por exemplo, sustentabilidade (ambiental, econômica, social) para mostrar as dimensões do que é chamado de eco-desenvolvimento. A sustentabilidade ambiental é relativa aos impactos das atividades humanas sobre o meio-ambiente, ela é expressa pelo que os economistas chamam de capital natural. A produção primária ela é oferecida pela natureza é a base fundamental sobre a qual se assenta a espécie humana. (Afonso, 2016) Sustentabilidade econômica significa ampliar a capacidade do planeta pela utilização do potencial encontrado nos diversos ecossistemas, ao mesmo tempo em que se mantém a sua deterioração em um nível mínimo. Sustentabilidade social é a ênfase dada a presença do ser humano na ecosfera. A preocupação maior é com o bem-estar humano, a condição humana e os meios utilizados para aumentar a qualidade de vida dessas condições. (Bellen, 2006) A sustentabilidade ela define um estilo de desenvolvimento local que inclui objetivos múltiplos, seguindo determinadas escala e valores e contexto variáveis que vão transformando no tempo e se retroalimenta permanente. Estes conceitos em qualquer caso estão mais ligados a ideia de mudança do que a noção de estabilidade, comumente associada A sustentar um sistema de forma permanente para montar um determinado estado. (Bellen, 2006) 2.2. Quais são os recursos sustentáveis? Uma das principais características de empresas que praticam e estejam intimamente ligadas a gestão ambiental é a posse do ISO 14001, que geralmente são obtidos por empresas de médio e grande porte, pois algumas ações sustentáveis demandam grandes investimentos. O ISO 14001 consiste em uma ferramenta desenvolvida com a finalidade de priorizar e regular possíveis riscos ambientais, o presente regulamento, faz com que as organizações, dê uma maior atenção aos danos que suas ações podem oferecer ao meio ambiente visto que todo tipo de organização, independentemente do setor de sua atividade, prejudica o meio ambiente, seja em atuações direta ou indiretamente. O Brasil possui aproximadamente 2.300 certificados que estejam em conformidade com o ISO 14001. 9 A definição de empresas sustentáveis, se faz cada vez mais necessária na atualidade e desde sempre, contudo, devido a causas históricas e socioculturais, como o fato do Brasil ter sido uma grande colônia de exploração, hoje é preciso pensar mais no meio ambiente afim de preservar o futuro. É desse ponto que advém a preocupação de empresas que obtém um real interesse sustentável, as mesmas pensam no futuro socioambiental, ou seja, se preocupam com o micro e macro ambiente. As principais ações sustentáveis desenvolvidas pelas empresas são as seguintes: Maximização do uso sustentável de recursos renováveis, Intensificação da reciclagem de materiais, uso de embalagens biodegradáveis, utilização de equipamentos econômicos, investimento em treinamentos voltados a sustentabilidade, utilização de fontes de energia sustentável, redução da emissão de substâncias tóxicas, economia da água e energia. (Seiffert, 2011) A maximização do uso de recursos renováveis sustentáveis, é de grande ajuda para o ecossistema, pois o mesmo consiste em recursos naturais que podem ser recolocados na natureza, esses recursos conseguem se refazer no mesmo ritmo do consumo humano. A reciclagem de materiais é uma atividade muito exercida atualmente, consiste em reutilizar possíveis materiais que seriam descartados, essa ação não erradica mais diminui consideravelmente os lixos nas empresas, tem como benéfico também a geração de empregos e a preservação de recursos naturais. O Uso de embalagens biodegradáveis é considerado relevante pois, a biodegradação dessas embalagens é realizada através de microrganismos, tais como, fungos, algas e bactérias, a quantidade de biomassa resultante dessa ação, não interfere em grande escala o meio ambiente. A utilização de equipamentos econômicos é uma opção para empresas que objetivam diminuir gastos, economizando assim energia e contribuindo para a imagem sustentável da empresa, porém é preciso estar dentro dos padrões de consumo sustentável. Uma das ações indispensáveis que possui um grande poder sobre os consumidores, é o investimento em treinamentos voltado sustentabilidade para conscientizar as pessoas da dimensão de seus atos, fazendo com que as mesmas insiram em sua rotina tanto profissional quanto pessoal, atitudes sustentáveis. Outra ação que as empresas levam em conta é a utilização de fontes de energia sustentável, tendo como exemplo, a energia eólica, energia solar, hidroeletricidade e energia das marés, elas geram energia renovável e limpa, sem comprometer as gerações futuras. A redução da emissão de substâncias tóxicas se faz necessário, para melhorar a qualidade de 10 vida em relação ao ar que respiramos contribuindo assim para o meio ambiente. Economizar água e energia é sem dúvidas uma das ações mais importantes, ambas estão interligadas e são consideradas finitas, não ter o controle da mesma, significa desperdiçar as reservas ecológicas e naturais do país. (Furriela, 2001) Já algumas empresas trabalham fortemente com a indução dos consumidores à falsa visão de ser sustentável, oferecem a ideia de uma instituição preocupada com o meio ambiente, e realmente existem organizações que praticam ações específicas direcionadas ao tema, mais não o suficiente para igualar ou até mesmo oferecer uma contribuição significativa para a natureza, infelizmente não é o suficiente, inclusive, insuficiente também para obter o ISO 14001. (Seiffert, 2011) Como já foi dito anteriormente, essas organizações não apresentam uma real preocupação com o ecossistema, o que pode gerar graves riscos para o futuro visto que, é do meio ambiente que são extraídos recursos para satisfazer as necessidades e os desejos do ser humano, e é nesse ponto que a questão se agrava, pois, há um pressuposto primordial de que os recursos utilizados para sanar as necessidades e desejos humanos são escassos (limitados), e os desejos e necessidades humanas são intermináveis (ilimitados). (Scotto, 2008) O interesse das pessoas jurídicas em se passarem por sustentáveis é compreensível, pois o público que opta por produtos sustentáveis, está cada vez maior, isso se dá pelo fato de que, os consumidores evoluíram de tal forma que, hoje são considerados como seres extremamente exigentes, encarando essa realidade, as companhias tentam seguir as exigências impostas pelos mesmos, o que para empresa significa um símbolo de muito trabalho e investimentosresultando consequentemente no lucro. A real preocupação dessas corporações é estabelecer uma imagem de sustentabilidade, na tentativa de induzir os clientes a consumirem produtos que essas empresas apresentam como naturais, e que oferecem um baixo impacto a natureza e assim obter uma vantagem na hora de fidelizar os compradores. (Sanchs, 2002) As principais condutas desenvolvidas pelas organizações que possuem um falso interesse sustentável, são “superficiais” visto que, o interesse em se aprofundar no meio ecológico é submisso ao desejo de obter mais lucro. Uma das principais ações desenvolvidas é a economia de água, essa ação é considerada uma das mais conhecidas, visa racionalizar e otimizar o uso da mesma, é fundamental e muito valorizada pelos consumidores, outra atividade é a preocupação com a 11 reciclagem, essa é uma atividade muito desenvolvida em várias empresas, é feita através de investimentos em novas tecnologias que facilitam a reutilização de todos os tipos de materiais após seu uso, é utilizado também embalagens biodegradáveis em diversos produtos, a biodegradação dessas embalagens ocorrem através de bactérias, fungos e algas que facilitam a degradação, pode-se considerar também a redução de substâncias toxicas que contribuem para a respiração humana e a redução do consumo de energia que por sua vez contribui grandemente para diminuir gastos da empresa e alguns outros fatores citados anteriormente. (Furriela, 2001) Já o marketing é sem dúvidas uma das principais ferramentas das organizações corporativas, por trabalhar com análises de produtos, projeções estratégias, geográfica, público alvo e afins, tem como premissa a maximização de lucros e resultados das empresas, visa atender os desejos e as necessidades dos consumidores, o que se torna um desafio, visto que na atualidade, por meio da tecnologia e da velocidade de informações, os clientes ficaram mais exigentes, tornado complexa a relação entre produtos, desejos e necessidades. (Keller e Kotler, 2006) Entre os setores de atuação do marketing, podemos destacar o marketing sustentável que se faz de extrema importância dentro das empresas, pois os consumidores estão cada vez mais conscientes dos prejuízos causados no meio ambiente, diante dessa questão os mesmos apresentam uma certa preocupação com o futuro do ecossistema. Uma parcela significativa desses clientes já estabelecera como critério de compra que a empresa seja sustentável visto que a expectativa de estar-se relacionando com uma entidade que se preocupa com a sociedade e sobretudo com o futuro do meio ambiente, desenvolve um sentimento de destemor e alivio, o que automaticamente faz com que a empresa obtenha vantagem no processo de escolha de um produto. Para as organizações, ser considerada uma empresa verde ou sustentável pode engendrar uma imagem bastante positiva, diante de seu público alvo, podendo assim elevar o índice de lucratividade, dessas organizações. (Rios Eletrônica - Revista Científica da FASETE, 2011) Quando se trata da divulgação de ações sustentáveis na empresa, a equipe de marketing seleciona aquelas que oferecem uma imagem de maior colaboração para o ecossistema. São elas: a não utilização de copos descartáveis, pois além do plástico ser um dos materiais que mais demoram para se decompor (450 anos) na natureza, quanto maior a 12 utilização deles, mais lixo será gerado, uma das alternativas sugeridas, é o uso de canecas ou copos laváveis. Os investimentos na reciclagem são bastante divulgados, por contribuir muito para a sustentabilidade, é feita a reutilização de papéis que já foram usados e não servem mais, é realizada também a distribuição de lixeiras que favorecem a separação do lixo reciclável. A utilização de fontes renováveis também é divulgada por possuírem baixos impactos ambientais e produzir poucos resíduos. Essas são as ações mais desenvolvidas e divulgadas estrategicamente dentro das instituições por possuírem um impacto positivo nos clientes. (REVISTA BRASILEIRA DE GESTÃO DE NEGÓCIOS, 2008) 2.2.1. O consumidor dá preferência a empresas sustentáveis? Na atual conjuntura, muito se tem debatido a respeito dos problemas ambientais, bem como as alterações do meio ambiente e seus impactos no dia a dia da sociedade. Alguns fenômenos da natureza como as inundações, poluições atmosférica e fluvial, escassez de água, dentre outros, afetam diretamente a sobrevivência e qualidade de vida da população. Desde os primórdios, os seres humanos estavam acostumados à exploração da natureza, refletindo, portanto, na degradação do meio ambiente, visto que os recursos naturais eram utilizados sem levar em consideração sua finitude, desperdiçando o que antes era considerado abundante. Conforme explicado por Keinert e Karruz (2002), a deterioração ambiental está intrinsecamente relacionada às atitudes, comportamentos e valores dos seres humanos, que almejam, sobretudo, o desenvolvimento econômico, portanto, levando em consideração uma abordagem microeconômica. O propósito deste tópico é analisar as influências das estratégias de marketing verde das empresas através de uma efetiva comunicação com o consumidor, o comportamento do consumidor frente às questões ambientais e os impactos da sustentabilidade no poder de compra do consumidor. Tendo em vista tais pontos, é necessário compreender que o conceito de marketing verde é designado para estabelecer o desenvolvimento da comunicação sustentável de uma corporação, de forma a seduzir um público específico, além de aumentar sua fatia de mercado, com o objetivo de dar destaque aos seus produtos e obtendo uma vantagem competitiva sustentável, o que gera maior lucratividade (Silva, 2009). Neste âmbito, o marketing verde foi 13 criado para difundir novos bens e serviços que tenham valores ético-ambientais e compreender que a demanda está condicionada à consciência “verde” do consumidor. Foram desenvolvidos, a partir disso, órgãos reguladores para controlar as práticas de marketing das empresas e dos consumidores como forma de se evitar o consumo excessivo e prejudicial ao meio ambiente. Um fato curioso é que o marketing verde não é somente interesse das organizações ambientalistas, que possuem atuação a nível mundial, como também das empresas, que se preocupam em amenizar ou até mesmo cessar as causas da degradação ambiental, melhorando, assim, a qualidade de vida de todos. Não obstante, segundo Zenone (2006), a preocupação da empresa com a sua própria imagem é muito mais relevante do que aquela com o planeta, pois a imagem de desenvolvimento sustentável é sinônimo de visão, colaboração e sobrevivência das empresas. Em se tratando do consumidor, surgiu a ecorrotulagem ou rotulagem ambiental, que permite que ele avalie o rótulo de determinado produto e verifique a sua efetividade ambiental. Desse modo, os consumidores têm a oportunidade de ter acesso a maiores informações referente aos seus produtos de interesse, que os ajudarão nas suas escolhas, levando-se em consideração uma compra responsável e ecologicamente amigável. Além do mais, a ecorrotulagem aproxima compradores, comerciantes e fornecedores. A economia solidária visa à colaboração mútua, sendo baseada em valores sociais/culturais, colocando o ser humano como agente da ação por meio da valorização do trabalho, da criatividade e do conhecimento, suprindo as necessidades da sociedade como um todo (Gomes, 2002). Compreender a globalização de forma mais humanizada constitui uma poderosa ferramenta de combate à exclusão social abrangendo práticas comunitárias, familiares, individuais e associativas (Arruda, 2001). Ainda, na sociedade de consumo precisa surgir um desejo ou uma necessidade que vai induzir à compra de um determinado produto/serviço para que a partir dessa compra a satisfação impere, portanto,resolva o problema desse ser para que o ciclo se inicie novamente. Nessa lógica voltada para o consumo, o desejo se insere no campo emocional, na busca desmedida, fazendo com que tudo seja descartável, dando espaço para um consumo impulsivo, logo fazendo reinar a sociedade do desperdício, suprindo necessidades totalmente genéricas (Lipovetsky, 1989). Tais necessidades nos levam a pensar na relação meio ambiente versus consumo alertando essas práticas insustentáveis como estando bem evidentes nos 14 hábitos de consumo de uma parcela da sociedade, como também se torna ilusório pensar que a rápida renovação dos produtos, produção de larga escala conduzem à crença da infinitude de matérias-primas e isso refletirá no aumento do número de famintos e pessoas na linha da pobreza (Portilho, 2005). Já sobre os impactos da sustentabilidade no poder de compra do consumidor, uma pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Defesa da Natureza (IBDN, 2017), em que foram ouvidos mulheres e homens brasileiros de 18 a 65 anos, constatou que 47% dos consumidores reconhecem o selo FSC® (Forest Stewardship Council) de sustentabilidade, além de 81% verificar esse selo na embalagem para efetuarem a compra, sinalizando que o produto provém, de fato, de uma fonte renovável. Nesse contexto, segundo afirmam Coutinho e Soares (2002), as empresas sentem forte pressão para adotar práticas cada vez mais sustentáveis, ansiando por mudanças empresariais, que, futuramente guiarão as estratégias da empresa. Ainda, ao que diz respeito à certificação florestal, Suiter Filho (2000) explica que o selo FSC® ou em sua tradução – Conselho de Manejo Florestal foi criado em 1993 com o objetivo de reconhecer produtos advindos de florestas tropicais, além de habilitar as organizações certificadoras. Tendo em vista os dados apresentados, faz-se importante demonstrá-los para melhor entendimento. Os dados extraídos do IBDN (2017) serviram de base para os gráficos I e II a seguir: Gráfico I: Importância do selo FSC® Fonte: IBDN (2017) Embora seja evidente a preocupação brasileira quanto à origem ecológica dos produtos que consomem, o valor não competitivo desses itens “verdes” aliado à falta de informação são 15 os principais obstáculos na hora da compra. Aliás, os consumidores relataram que as redes sociais são o meio de comunicação mais usado para conseguir informações ambientais. Dentre os entrevistados, 56% disseram que a preservação do meio ambiente é a razão mais incisiva para adquirirem produtos sustentáveis, já 31% disseram que tais práticas fazem parte de seu estilo de vida. Para retratar tais informações, foi criado o gráfico abaixo, Gráfico II: Razões para o consumo de produtos sustentáveis Fonte: IBDN (2017) O maior desafio, portanto, é conscientizar os consumidores de que estamos vivendo uma crise ambiental e que estes precisam se conscientizar, adotando mudanças de comportamentos, atitudes, hábitos e estilos de vida mais voltados para o meio, através da reciclagem do seu próprio lixo, emprego de tecnologias limpas e utilização consciente dos recursos naturais, pensando sobre o quanto de produto se usa. Essas práticas educacionais são em prol das gerações futuras, para que não sejam prejudicadas e isso será alcançado fazendo a diferenciação entre as necessidades reais e as supérfluas do consumo, visando um menor desperdício. Vale lembrar que a adequação do consumo depende de diversos atores – sociedade civil e governantes, que deveriam tomar a dianteira promovendo a educação ambiental – se engajando em ações políticas e fortalecendo a cidadania (Portilho, 2005). Outrossim, conforme abordado por Lipovetsky (2007), trata-se de recriar a felicidade para que o consumo “não esmague a multiplicidade dos horizontes da vida”. As questões levantadas com tal argumento são: Como isso pode ser conseguido considerando o fascínio pelo novo e a pressão do mercado pelo consumo desenfreado? De que forma atitudes pró-sustentabilidade podem ser prevalecentes, uma vez que os seres tendem a estar mais ligados a valores materiais? Pois bem, as respostas para esses questionamentos vão depender do grau de 16 consciência individual, pública e da possibilidade de mudança de comportamento dos consumidores frente aos problemas socioambientais, até então, é uma meta a médio-longo prazo. 2.2.2. Benefícios sociais da sustentabilidade Ter controle financeiro também é sustentabilidade, consumir de uma forma consciente e responsável quer dizer adquirir produtos eticamente corretos, cuja elaboração não envolva explorar os seres humanos, animais e não causar danos ao meio ambiente. Essa prática traz claro benefício à sociedade, pois se preocupa com o consumo com consciência, com o meio ambiente, com a saúde, vida em geral dos consumidores e com os efeitos da mídia e das propagandas sobre os consumidores, que influencia cada vez mais ao consumo exagerado de coisas que muitas vezes sequer precisamos e sim somos induzidos a comprar. O fato é que o consumo é essencial para o bem estar da humanidade, porém o consumo desenfreado traz riscos e prejudica a saúde pessoal e do meio ambiente que é a do qual dependemos. Ademais, a sustentabilidade preza o consumo consciente que é necessário para retirar bilhões de pessoas da pobreza, pois quando a população sai da linha de pobreza e passa a ter um bom nível educacional, respeita mais o meio ambiente, colaborando, assim, para o desenvolvimento sustentável do planeta. (Ribas et al., 2017) A sustentabilidade está acompanhada de uma responsabilidade social das empresas, que consiste em contribuir para o desenvolvimento da sociedade através da colaboração da empresa com ONGs, instituições de caridade, projetos culturais, participar da melhoria da qualidade de vida das comunidades e do espaço onde está inserido, dar sustentabilidade as comunidades e etc. As empresas devem fazer um investimento na educação das comunidades, que consequentemente é a capacitação de adultos e jovens, que faz com que seja uma garantia para que as comunidades se desenvolvam e tenham seu sustento a longo prazo, isso se dá por projetos desenvolvidos. Com a participação das empresas é gerado mais empregos, e isso destina os jovens e adultos na conscientização e orientação para conservar o meio ambiente, em que as empresas investiram em projetos e programas sustentáveis para a população. (Garcia, 2002) A responsabilidade social surgiu no século XX com o filantropismo que é o ato de ajudar o próximo com ações que forneçam suporte para melhores condições de vida do outro, tanto por conta própria quanto por organizações. Logo depois com o desenvolvimento da 17 sociedade pós-industrial que esse conceito evoluiu passando a fazer parte do plano de negócios das corporações. O conceito de sustentabilidade está altamente ligado à responsabilidade social uma vez que isso significa a responsabilidade das empresas em participar do crescimento e desenvolvimento da sociedade. (Tenório, 2015) Em relação ao ambiente interno das empresas sustentáveis, é dever das mesmas que aplicam a sustentabilidade, serem justos quanto às horas de trabalho, manter o ambiente de trabalho seguro e saudável, não permitir em nenhum setor e de qualquer maneira a mão de obra infantil e trabalho forçado e, por último, respeitar os direitos humanos em sua organização. Essas práticas atribuídas ao conceito de sustentabilidade fazem com que tenhamos uma sociedade mais justa e igualitária, respeitando tudo que envolve os direitos das pessoas e sendo influência de modelo exemplar de trabalho para sociedade. (Oliveira, 2014) A sustentabilidade é a implicação do compromisso e responsabilidade da corporaçãoem propiciar a população para ter boas condições de vida, isso se da através de uma gestão participativa dos negócios organizacionais, com valores e ética por parte da empresa. A empresa sustentável deve se comprometer com projetos de organizações locais, com o futuro das crianças através da implantação de programas para pessoas carentes e projetos educativos gratuitos, financiar ações sociais e participar na construção da cidadania, e espera- se que tenha participação em projetos sociais governamentais como em saneamento básico para tratamento de esgoto e acesso a água potável para pessoas carentes destes serviços. Tais esclarecimentos nos levam ao relacionamento ético e transparente com a sociedade, orientando as empresas a adquirirem metas empresariais que privilegiem o desenvolvimento sustentável. Espera-se também que as empresas se comprometam com normas e padrões, e adote um comportamento esperado pelos quais se relaciona. (Ribas et al. 2017) Como exemplo de empresa sustentável que exerce importante papel na sociedade, temos a empresa Bio Extratus que colaborou com a nossa pesquisa nos fornecendo informações sobre os benefícios sociais que eles exercem. A Bio Extratus é uma fonte de empregos muito relevante para a região. A empresa absorve um número significativo de mão de obra com pouca especialização e, principalmente, é uma das raras oportunidades para empregabilidade de mão de obra qualificada aos cargos de gestão e aos cargos executivos em áreas estratégicas. Assim sendo, a empresa contribui para o aumento da renda das famílias, influenciando fortemente no poder de compra das mesmas, incrementando os setores de comércio e de serviços da área onde está instalada sua sede fabril e administrativa. Também 18 tem um efeito muito positivo na juventude que, na expectativa de uma carreira na Bio Extratus, se empenha em obter graduação e especialização. E este fenômeno é potencializado naqueles que já trabalham na empresa porque recebem um apoio financeiro para iniciar e/ou continuar a sua formação acadêmica. Outras importâncias socioeconômicas da Bio Extratus a serem consideradas: • Proporciona considerável retorno pra o município dos impostos pagos pela empresa; • Incrementa os serviços de alimentação e hospedagem da região em função do turismo business que gera; • Atrai instalação de empresas fornecedoras de insumos na cidade; • Oferece formação musical à população através da Fundação Bio Extratus; • Patrocina eventos culturais; • É exemplo de atuação ecologicamente sustentável. 3. OBJETIVOS Objetivos gerais: o presente trabalho tem como objetivo principal analisar os recursos sustentáveis utilizados na indústria cosmética, com a missão de obter os conhecimentos necessários sobre o tema sustentabilidade. Objetivos específicos: tal pesquisa foi realizada para entender o interesse das empresas em implantar a sustentabilidade, podendo ser de origens diversas como: respeitar o meio ambiente e compromisso com a preservação para as gerações futuras, interesse econômico ou individual, bem como os benefícios que essa implantação traz para a empresa, que consequentemente atrai olhares de responsabilidade, seriedade e compromisso com o meio ambiente, interesses sociais que são diversos como a melhoria da qualidade de vida das comunidades, geração de empregos através de projetos sociais, melhor educação que traz mais conservação ambiental etc., como também os benefícios que traz para o meio ambiente, adotando práticas sustentáveis. Foi analisado também aspectos em relação ao tema do trabalho, como: o consumidor desses tipos de produtos, quem consome tais produtos porque sabe que são sustentáveis, como se deu o seu surgimento e entre outros. Foram colhidas essas informações através de pesquisas teóricas e práticas com esse público e tendo como referência a empresa Bio Extratus para obter informações reais sobre suas experiências como empresa sustentável. 19 4. MATERIAIS E MÉTODOS O presente trabalho foi desenvolvido a partir de levantamentos bibliográficos na biblioteca da Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Paulista (UNIP), base de dados do Scielo e Google acadêmico, prosseguindo com a coleta e triagem dos artigos científicos, validação do conteúdo pesquisado e apresentação dos resultados, levando-se em consideração que o período do material coletado é de 1989 a 2017. Para a revisão de literatura, as seguintes palavras-chave foram buscadas em sua variação: sustentabilidade, economic sustainability, ISO 14001, sustainable development, green strategies e meio ambiente. 5. A EMPRESA 5.1 História da empresa e seu público-alvo Foto da empresa Bio Extratus em Belo Horizonte. A empresa Bio Extratus teve início em 1989, num salão de beleza em Belo Horizonte, quando os proprietários buscavam uma linha de cosméticos diferenciada, com qualidade e preço acessível. Aliando conhecimento e experiência, os antigos proprietários do salão e atuais proprietários da Bio Extratus iniciaram uma produção artesanal de cosméticos ricos em ativos naturais. Em 1991, nasce a marca Extratus Produtos Naturais, pioneira na utilização de óleo tutano em cosméticos capilares. Em novembro desse mesmo ano, apostando na inovação e qualidade dos produtos, dois dos distribuidores atuais fizeram a encomenda do primeiro lote de produtos para distribuição no mercado de Campinas e São José dos Campos. Os produtos fizeram sucesso e foi assim que iniciou o sistema de distribuição. Em 1997, a produção já não era mais artesanal. A Bio Extratus era uma microempresa com uma marca cada vez mais forte e o seu mercado se ampliava. Foi neste período que a ousadia e visão de futuro dos proprietários superaram o medo das dificuldades e encorajaram 20 a construção de uma nova fábrica, localizada no município de Alvinópolis, a 170 km da capital mineira. Em agosto de 1998, a Extratus Produtos Naturais passou a se chamar Bio Extratus Cosméticos Naturais. Hoje, com 26 anos, é uma empresa de cosméticos moderna, ética e que constantemente se empenha pela obtenção da sustentabilidade, apresentando uma exemplar atuação socioambiental. Estão presentes em todo território nacional e nos seguintes países: Portugal, Estados Unidos, Espanha e Peru. A sede fabril está situada na cidade de Alvinópolis – MG e conta atualmente com 523 colaboradores. O público alvo dos produtos é composto por homens e mulheres de todas as idades, classe A, B e C, que apreciam tratar dos cabelos de maneira natural, zelando não só pela beleza, mas também pela saúde dos fios; são pessoas que valorizam a positiva atuação ambiental da empresa. A qualidade dos produtos expressa, segundo a Bio Extratus, a essência da marca. Tais produtos são desenvolvidos por colaboradores que integram o seu conhecimento e tecnologia ao uso consciente e sustentável de ativos naturais. 5.2 Idealização dos recursos sustentáveis a serem utilizados na empresa: implantação do Sistema de Gestão ambiental (SGA) A Bio Extratus é uma empresa que se dedica à preservação do meio ambiente, assim como à qualidade de seus produtos desde sua fundação. Para a Bio Extratus, todo investimento que é realizado na busca do desenvolvimento socioambiental é colocado como um dos pilares que fundamentam a marca e atestam uma filosofia que nasceu com a empresa, refletindo o conceito de que é importante crescer e produzir com qualidade e respeito, causando o menor impacto ambiental possível. O Sistema de Gestão Ambiental da empresa foi implantado em julho/2008 de acordo com os requisitos da norma NBR ISSO 14001;2004. Esta implantação foi vista como uma possibilidade de desenvolver, implementar, organizar, coordenar e monitorar as atividades relacionadas ao meio ambiente. Para o sucesso desta implantação, eles contaram com o direcionamento e comprometimentoda Alta Administração, que foram fundamentais para a definição de metas e garantia de recursos necessários. Foi necessário muito trabalho e dedicação por parte da empresa e dos colaboradores, investimentos em treinamentos para uma equipe de 21 multiplicadores da Norma ISO 14001;2004, mobilização e capacitação dos colaboradores e parceiros comerciais, revisão dos processos produtivos e infraestrutura. A implantação do SGA permitiu uma gestão mais próxima dos processos e assim alguns objetivos foram obtidos com maior agilidade como gerir as demandas ambientais, padronizar os processos produtivos e reduzir custos de produção, além de promover uma mudança significativa na cultura e estrutura da organização. Dois anos após a implantação do SGA, em abril de 2010, a Bio Extratus recebeu da Associação Brasileira de Normas Técnica (ABNT), a certificação ISO 14001; atestando o compromisso e dedicação da empresa com o meio ambiente em todas as etapas de suas atividades. Para manter sua certificação, a Bio Extratus passa anualmente por um processo de auditoria externa realizada pela ABNT. A norma ISO 14001 é uma norma técnica, que estabelece diretrizes quanto às atividades a serem realizadas pelas empresas, se apresentando assim de forma bastante abrangente. No entanto, a Bio Extratus mostra através de seus projetos que vai além do que é proposto pela norma. 5.3 Os projetos sustentáveis da Bio Extratus Projeto de Energia Mais Limpa: a empresa utilizou 4.000 m2 de telhados para instalação de 2.159 módulos fotovoltaicos com a capacidade unitária de gerar 265 Wh, totalizando em um mês 68.640 KWh. Essa geração de energia limpa é suficiente para abastecer a empresa, que consome em média 67.000 KWh por mês. As placas (vide ilustração abaixo) são formadas por células de silício e conseguem gerar e conduzir energia elétrica a partir da incidência de luz solar. A energia gerada na placa em modo contínuo passa pelos inversores onde a mesma é transformada no modo alternado para ficar compatível com a energia fornecida pela concessionária que nos serve. O excedente de energia gerado é então encaminhado para a rede da concessionária local gerando um crédito que pode ser utilizado pela empresa durante as noites e nos dias de menor incidência de luz. A usina entrou em operação em novembro de 2016 tornando a Bio Extratus a primeira empresa no Brasil a utilizar 100% de energia limpa e renovável para a fabricação dos produtos. Sendo na época, considerada a maior usina fotovoltaica para consumo próprio da América Latina. 22 A estimativa é que o investimento de 3 milhões de reais seja pago em até 10 anos de uso. Entretanto, para a Bio Extratus, mais importante que um retorno financeiro é saber que estamos contribuindo para a preservação dos recursos naturais e ajudando a construir um planeta melhor. Afinal, estamos deixando de mandar para a atmosfera toneladas de CO2 por ano e este é o grande ganho desse investimento que beneficia a todos os seres vivos do planeta. Placas com módulos fotovoltaicos utilizados pela empresa Bio Extratus. Projeto de Recuperação de Nascentes e Recomposição da Mata Nativa: ciente do potencial hídrico da região, a Bio Extratus decidiu investir na estrutura necessária para promover a recuperação das nascentes de água, que, porventura, se encontrassem próximas ao local de suas instalações. Investiu-se na construção de um conjunto de 11 lagoas e no plantio de milhares de árvores nativas e frutíferas. Este projeto fez com que ao longo dos anos várias nascentes de água fossem recuperadas. Saber que está contribuindo de forma positiva para o meio ambiente é, sem dúvida, o maior benefício alcançado pela empresa. A água é o bem mais precioso que possuímos, sabemos que este recurso natural é sinônimo de vida e que existe o risco de não haver água potável no futuro. Portanto, cuidar da água é um investimento da Bio Extratus, que visa semear no hoje a busca de um amanhã melhor. Tratamento de Efluentes: a Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) da empresa é essencialmente biológica: contando com a ação de bactérias anaeróbicas para a decomposição, uma estrutura de aeração, vários cones decantadores e um sistema de “filtração” desenvolvido pela própria empresa reutilizando bombonas dos fornecedores. Após o tratamento, a água é lançada em curso d’água apresentando características de padrão de qualidade muito superiores às exigidas por lei. Esta estrutura permite que o tratamento de Efluentes seja realizado sem a adição de substâncias químicas. Gerenciamento dos Resíduos Sólidos: para gerir adequadamente os resíduos sólidos gerados pelas suas atividades, a Bio Extratus segue o seu Plano de Gerenciamento de 23 Resíduos Sólidos (PGRS), que baseado nos princípios da minimização do volume de resíduos gerados, trata da sua separação e destinação final de forma adequada, reduzindo consideravelmente possíveis impactos ambientais. Este PGRS é acompanhado pelo engenheiro da empresa, que como todos os colaboradores, compartilha de sua consciência e responsabilidade ambiental. A princípio houve a conscientização de todos os colaboradores quanto à importância da coleta seletiva, o que faz com que este processo tenha uma gestão tranquila e com excelentes resultados. Na busca constante por minimizar o volume de seus resíduos, a Bio Extratus ainda produz dentro da empresa seus próprios coletores (vide foto abaixo) promovendo o reaproveitamento de dezenas de tambores e bombonas. Conjunto de coletores de resíduos produzidos e utilizados pela Bio Extratus. Alguns destes coletores foram doados para a comunidade. Como boa parte dos resíduos é encaminhada para localidades distantes, é necessário que fiquem armazenados por determinado tempo na empresa. Foi construída, então, uma área para armazenar estes resíduos, o Centro de Gerenciamento de Resíduos (CGR). O CGR é um galpão de 320 m2 que possui a infraestrutura necessária para a estocagem, triagem e controle dos resíduos gerados. 6. DISCUSSÃO Ao que se refere à sustentabilidade, existem várias definições que objetivam chegar a uma conclusão sensata do que realmente significa esse termo. Uma dessas definições foi denominada como “tripé da sustentabilidade”, a mesma foi engendrada por Elkington (1994) e posteriormente defendida por Lucon (2013), é baseada essencialmente na junção do desenvolvimento ambiental, econômico e social, para os autores supracitados essa teoria do 24 tripé é consistente e suficiente para esclarecer o real significado do termo sustentável. Segundo Lucon (2013) e Elkington (1994), o desenvolvimento ambiental, visa o bem-estar do meio ambiente, de forma com que haja um equilíbrio entre os desejos humanos e a exploração dos recursos naturais, além disso, deve ser levado em conta formas de amenizar os impactos e compensar o que não pode ser amenizado. O desenvolvimento econômico analisa aspectos relacionados a produção, distribuição e consumo de produtos, bens e serviços, o enfoque principal se mantém na ideia de que não adianta lucrar no presente, e não possuir recursos, para lucrar ou se manter vivo no futuro. E por fim o desenvolvimento social que abrange, setores como o a educação, violência, lazer e o âmbito profissional dentre outros aspectos, é voltado a sociedade como um todo, propicia a satisfação dos desejos humanos, sem agredir severamente o meio ambiente. (Lucon, 2013) Já para Boff (2012) a definição baseada nos três pilares da sustentabilidade é insuficiente e falha, possui muitas lacunas e perguntas sem respostas, para o autor esse conceito do tripé não passa de um modismo, sem esclarecimento crítico. O autor diz que a sustentabilidade econômica é fortemente contraditória, visto que o antropocentrismo domina esse meio, por atentar-se apenas ao ser humano, preservando uma visão capitalista,industrialista e consumista, suprindo a necessidade humana através da exploração dos recursos presentes na natureza. Já em relação a sustentabilidade social, dados apontam que somente 1% da população detém 48% das terras do país, transparecendo assim a impossibilidade e falsidade do desenvolvimento social, tornando incoerente esse âmbito no tripé da sustentabilidade. Se tratando da sustentabilidade ambiental, Boff (2012) aponta que os recursos de bens comuns (água, solo, ar puro, sementes, saúde, comunicação e educação) estão sendo consumidos e explorados de forma desordenada, visto que a exploração dos recursos naturais é ilimitada. A ação supracitada é feita sem levar em consideração a finitude dos recursos, o que consequentemente agravar cada vez mais a esfera ambiental. A principal diferença entre as duas percepções do real significado de sustentabilidade, é a contradição e o conflito de opiniões. De um lado temos, Elkington (1994) e Lucon (2013) e do outro se encontra o autor Boff (2012), ambas teorias abordam definições antagônicas em relação ao conceito da sustentabilidade, os defensores do tripé da sustentabilidade relatam que a definição defendida por eles é suficiente para representar o desenvolvimento sustentável, já 25 Boff (2012) discorda, o mesmo diz que é necessário se aprofundar mais em questões socioeconômicas e ambientais, para assim obter uma definição rematada do termo. (Boff, 2012) 7. RESULTADOS Sobre a pesquisa de campo elaborada a respeito do tema sustentabilidade, temos: Método utilizado: pesquisa quantitativa; Coleta do material: questionário; Tempo médio de entrevista por pessoa: 3 minutos; Público abordado: mulheres e homens de 25 a 70 anos; Amostra: 20 pessoas encontradas na região central da cidade de São Paulo; Período de realização das entrevistas: 07/05/2018 e 08/05/2018. Levando-se em consideração tais informações, foi elaborado um gráfico específico para cada questão, com o objetivo de melhor compreender o cenário apresentado. As perguntas realizadas foram: 1) Dê uma nota de 0 a 10 sobre o seu conhecimento acerca de Sustentabilidade e Meio Ambiente. Sendo que a nota 0 mostra total desconhecimento e a nota 10 total conhecimento sobre o assunto. 26 2) Você consome os produtos pesquisando antes da compra se as empresas são sustentáveis? 3) A empresa na qual você consome os produtos costuma divulgar suas ações sociais ou ambientais visando diferenciar sua marca e aumentar suas vendas? 8. CONCLUSÃO A partir da abordagem das mais diversas literaturas nacionais e internacionais, constatou-se que a sustentabilidade vai muito além da preocupação com questões ambientais, ela abrange também aspectos socioeconômicos, culturais e tecnológicos. Ademais, as pesquisas desenvolvidas no decorrer do trabalho, apontam que os consumidores que optam por produtos sustentáveis são aqueles que possuem consciência de que seus atos consumistas 27 corroboram as empresas na hora de explorar os recursos naturais e que pode acarretar em diversas consequências negativas para o futuro do ecossistema. Por conseguinte, o desenvolvimento sustentável representa uma alternativa ao conceito de crescimento econômico, indicando que, sem a natureza, nada pode ser produzido de forma sólida. Ela mostra o que é possível do ponto de vista puramente material, o que deve ser confrontado com a aspiração de mais e mais riqueza que na sociedade moderna de hoje constitui o que é desejável. A empresa Bio Extratus, escolhida para o estudo em questão, demonstra grande preocupação nesse sentido, sendo a primeira empresa no Brasil a utilizar 100% de energia limpa e renovável para a fabricação de seus produtos, além de criar diversos programas voltados para a manutenção dos recursos naturais do planeta através da preservação da mata nativa, tratamento de efluentes, gerenciamento de resíduos sólidos e recuperação de nascentes. Portanto, podemos concluir que a sustentabilidade é um tema de grande impacto tanto no cenário global – nível macro, quanto no poder de compra do consumidor – nível micro, contudo algumas medidas precisam ser tomadas, como o nivelamento de preços com os produtos de empresas não-sustentáveis e mais divulgação de informação ao consumidor. Tendo isso em vista, tais metas são de médio-longo prazo até efetivamente serem postas em prática. 28 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AFONSO, Cintia Maria. Sustentabilidade, caminho ou utopia. São Paulo: Annablume, 2006. 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