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ANÁLISES FORENSES 2020.2 (REMOTO) Aula 01 - Fundamentos Jurídicos As áreas de atuação de análises forenses é o controle de dopagem – desporto; a área trabalhista e cível – ex: controle de uso de psicotrópicos no ambiente de trabalho; e a área penal, temos dentro da criminalística os crimes contra a pessoa, contra a saúde pública e crimes ambientais, que se ocupa do reconhecimento, identificação e validação de prova físicas para instruir os processos criminais. Então vamos estudar a observação, a descrição e a interpretação desses vestígios que tem o objetivo de estabelecer nexo causal entre a pessoa e a ocorrência. O objetivo dessas análises é produzir uma prova material e a prova material ela está descrita dentro do Código de Processo Penal e nele está escrito qual o procedimento, por exemplo, da autoridade policial na infração na averiguação da infração penal. No Código Penal vamos encontrar os textos e artigos que vão definir, por exemplo, que a autoridade policial ela vai ao local do fato e vai providenciar para que não se altere o estado de conservação das coisas até a chegada dos peritos criminais. Então quando há uma ocorrência supostamente infracional, ocorreu um fato típico, é a autoridade policial que vai preservar o local, então pode ser a polícia civil ou a polícia militar. A polícia militar ela tem função de polícia ostensiva, então prevenção para que não ocorra o crime. A partir do momento que ele ocorreu, vamos dar como exemplo um homicídio onde tem uma pessoa que já está caída e morta na via pública, então nesse caso, a autoridade policial, pode ser policial militar ou policial civil, ele vai preservar o local para chegada dos peritos criminais, que dentro da polícia civil tem a função de polícia judiciária. A autoridade policial, polícia civil, podem aprender os objetos que tiverem relação ao fato após liberados pelos peritos criminais que vão fazer a cena de crime. É a função dessas polícias judiciárias colher todas as provas que servirem para o esclarecimento dos fatos ou as suas circunstâncias. E isso também vai determinar aqui que se proceda o exame de corpo de delito e outras perícias. Ainda no processo penal, são descritos os laudos e pareceres, que são documentos formais que podem ser emitidos por profissionais de diversas áreas forenses, diversas ciências forenses, conforme a especialidade profissional. Temos o laudo pericial que é emitido pelo perito judicial, o perito oficial, que são os peritos criminais ligados à secretaria de segurança pública, podendo ser polícia civil ou polícia federal. E também temos o parecer que é emitido por um perito ad hoc, que tem uma denominação de assistente técnico judiciário, normalmente indicado pela defesa, mas ele pode ser indicado por qualquer uma das partes, pela acusação no caso de crimes, e a acusação é representada pelo Ministério Público; então ele pode ser indicado pelo Ministério Público ou pelo advogado de defesa. Independentemente de quem indicou, o juiz precisa concordar com essa indicação para aceitar ou não o parecer. Normalmente é indicado pela defesa porque o assistente técnico, tendo um perito ad hoc, novamente ele contesta a perícia oficial. Nas provas, o juiz vai formar sua convicção pela livre apreciação da prova produzida e encontrada em contraditório judicial. É importante destacar que o laudo pericial, a prova, o juiz pode excluir processo, ele não é obrigado a aceitar a prova. E uma prova é inadmissível se ela for obtida em violação às normas constitucionais ou legais. Então se uma prova, um laudo pericial, tiver infringido, por exemplo, o código do processo penal, constituição federal, a convenção americana dos direitos humanos ou qualquer outra norma, ele vai ser desentranhado do processo. Qualquer uma das partes pode pedir para retirar essa prova e o juiz tendo a livre apreciação ele vai tirar ou não, mas seguindo também o ordenamento jurídico do Código de Processo Penal, principalmente nesse caso. Alguns artigos da Constituição Federal que são de importância na área de análises forenses. Uma delas é a que trata dos direitos e garantias fundamentais, que fala que ninguém vai ser considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória; e isso é entendido com o princípio da presunção da inocência, ou também chamado in dubio pro reo, que é a dúvida em prol do réu. Esse ponto é talvez o mais importante para as análises forenses porque uma metodologia analítica não pode oferecer um falso positivo, nunca pode haver dúvida do positivo porque infringe o princípio da presunção da inocência. Esse princípio constitucional é aplicado ao direto penal, é dito pela Regra de tratamento e pela Regra probatória, que fala que o ônus da prova é inteiramente do acusador. Esse ponto também está previsto pela declaração universal dos direitos humanos. E em relação à Constituição Federal, fala que o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, isso dá uma interpretação doutrinária do direito de não alto acusação, que também está previsto no Código de Processo Penal; então o silêncio não pode contar em confissão e não poderá ser interpretado em prejuízo da defesa. Outro ponto também é a questão da publicidade das provas, então fala na Constituição Federal que a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem. Então o que é de importância para área de análises forenses? É a prova de tudo relacionado a produção daquela prova material, porém a questão processual da publicidade do processo, ela é o ponto posterior, é uma fase posterior ao inquérito policial. A prova material, em geral, é produzida na fase de inquérito policial e nesse caso se segue o Código do Processo Penal, que entende que o inquérito policial por ser de natureza administrativa, inquisitiva e preliminar à ação penal, deve ser sigiloso. Então é importante que o profissional de análises forenses tenha sempre esse princípio do sigilo e de que não emita opinião influente, principalmente publicamente, a opinião dele não pode ser pública tem que ser em juízo. Buscar na constituição federal os artigos relacionados as diligências na casa do cidadão, as provas inadmissíveis e as funções do ministério público, da polícia federal, da polícia militar e da polícia civil. As principais áreas de aplicação são para atender à lei de drogas e o código de trânsito brasileiro, os crimes contra a saúde pública e os crimes ambientais. Em relação à Lei de Drogas, o Brasil é signatário das Convenções internacionais, tivemos a Convenção do Ópio em 1912, cuja aplicação e implementação foi protelada por conta da primeira guerra mundial, passa entrar em vigor em 1921 quando há um novo encontro, uma atualização na convenção. Convenção de Genebra, que recomenda que os países adotassem as medidas repressivas. Finalmente em 1961, teve a chamada Convenção Internacional de Drogas ou Convenção de Nova Iorque, em que está bem específico o tráfico ilícito de entorpecentes e substâncias psicotrópicas. Então esse período foi marcado por uma ascensão do uso, e também inicia o que é chamado hoje de guerra às drogas, e essa convenção teve suas atualizações 71, 88 e 1990. Em relação ao Brasil, para atender a Convenção de Genebra, nós tivemos um Decreto Lei 1938 já listando as substâncias. Por exemplo, a cocaína era utilizada como medicamento, como anestésico local no Brasil e a maconha também, a Cannabis sativa era utilizada na preparação de extratos medicinais. Em 1940 entra no Código Penal como o tráfico: o importar ou exportar, vender ou expor à venda, fornecer, transportar, guardar ou ministrar ou de qualquer maneira entregar ao consumo substância entorpecente. E em 1976, entra em vigor a Lei 6368/76, em que foi caracterizada pelo caráter repressivo e não diferenciava o usuáriodo traficante. Então quando for em 2006, veio uma Reforma, uma nova lei que foi publicada, que é a 11.343, e essa lei fez a diferenciação do usuário de drogas ilícitas e do traficante. Só que embora tenha diferenciado o usuário, a lei não determinou quantidades, determina circunstância em que é dado o flagrante. Então vai ser determinado pelo policial e pelo delegado essa interpretação do contexto em que se deu o flagrante. A Lei de Drogas é considerado uma Norma Penal em Branco, que é aquela que sozinha não tem como ser aplicada, precisa de uma outra Norma que complemente, que no caso da Lei de Drogas é a Portaria 344/98. Fazendo um resumo, temos as Convenções Internacionais, a Lei de Drogas segue essas convenções e para que seja implementada a lei, seja aplicada a lei, é necessário lançar mão da Portaria 344, que vai fazer a caracterização do objeto material, que vai ser a substância que determina dependência física ou psíquica. Quando ocorre uma prisão em flagrante, em 24 horas vai ser comunicado ao juiz e o Ministério Público tem que dar. Como que é materializado o delito? Pelo laudo de constatação da natureza e quantidade da droga firmada pelo perito oficial. Então, a função da análise forense neste momento é fazer a materialidade do delito. Substância ilícita vai estar dentro descrita na Portaria como substância proscrita. A Portaria 344 lista as substâncias de controle especial em listas, então temos a lista A, lista B e lista C, e vão estar descritas quais e o sistema de dispensação e as substâncias que estão alocados nessas listas. As substâncias proibidas vão estar na lista F, substâncias proscritas; a lista E que fala das plantas proscritas e na lista D são listados os precursores e insumos para preparação de drogas ilícitas. Em relação ao Código de Trânsito Brasileiro, temos aqui para materializar o delito, a caracterização do uso de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência. Então temos na esfera da infração administrativa e a infração penal; no caso da infração penal, no caso de álcool, vai ter que ser determinado o teor porque é considerado crime quando a concentração de álcool no sangue está acima de 0,6 gramas por litro e que no etilômetro corresponde a 0,3mg de álcool por litro de ar alveolar. Em relação ao etanol, para materializar o crime era feito, preferencialmente, a análise toxicológica, mas também é aceito prova testemunhal pela avaliação clínica do suspeito. Outra área de aplicação é a Lei 9677/98, que classifica como delito hediondo os crimes contra a saúde pública: corromper, adulterar, falsificar ou alterar essa substância ou produto alimentício, por exemplo, a venda de um alimento que contém substâncias tóxicas ou um medicamento falsificado. Acessar a Portaria nº 344/98 e descrever como estão classificados os fármacos fitocanabinoides. Aula 02 – Introdução às Análises Toxicológicas Para contextualizar, a análise toxicológica está dentro da área de toxicologia. A toxicologia estuda a interação do agente tóxico com o organismo, dessa interação vamos ter um efeito nocivo que depende da toxicidade da substância. A toxicologia está baseada no tripé cujos objetivos são prevenir, diagnosticar e tratar a intoxicação. Na prevenção temos a primeira grande área que a área experimental e é onde temos os estudos em modelos in vitro e animal para definir toxicidade, por exemplo, dose letal 50%. Por que que se fala que está mais para prevenção? Se você define a toxicidade, por exemplo, a dose que causa a morte de 50% da população e aquilo for candidato, por exemplo, ao medicamento, vai trabalhar numa dose muito menor do que aquela DL50. Para atender o objetivo de diagnóstico, temos a toxicologia analítica, que se ocupa em buscar um toxicante ou parâmetro bioquímico relacionado ao toxicante. A toxicologia analítica se ocupa dos marcadores que indiquem o agente tóxico. A toxicologia clínica ou médica está mais voltada ao tratamento. Então, experimental é prevenção, analítica é diagnóstico e clínica é tratamento, porque aqui se estuda mais sintomas de intoxicação e o manejo da intoxicação. No caso da toxicologia analítica, o objetivo é estudar os métodos exatos, precisos, de sensibilidade adequada para detectar e quantificar o agente químico ou parâmetro relacionado à exposição toxicante. O termo “inequívoca é bastante importante na questão de análises forenses. As premissas, questões, a serem formuladas pelo toxicologista analítico é para quê, o quê, onde e como. Antes de planejar qualquer análise, essas questões que precisam ser respondidas, principalmente as três primeiras. Para quê é a finalidade da análise; o quê é o toxicante, o que você está buscando; onde é qual a matriz, onde está inserido esse toxicante. É uma amostra de apreensão, por exemplo, um pó branco, uma erva, um recipiente que tem resquícios de medicamentos, então aquele resíduo seria a matriz ou é uma matriz biológica, podendo ser sangue e urina, por exemplo. E por último é o como, que se trata do método analítico, como eu vou analisar, qual o método vai ser empregado. Na finalidade, nós temos forense; urgência; monitoramento ocupacional ou ambiental; monitoramento terapêutico de fármacos; ou contaminação de alimentos e produtos. Essas finalidades aqui tem as suas particularidades, na disciplina estamos dentro da forense que tem o caráter legal, de atuação nas áreas criminal, cível ou esportiva. A sua finalidade vai definir as outras perguntas, o que você tá procurando, por exemplo, se a gente for pensar numa análise ocupacional, pode-se estar procurando chumbo no ar, que pode estar inserido dentro de um crime ambiental, mas vamos pensar numa empresa siderúrgica, aquela análise do ar, para avaliar a exposição do trabalhador, ela tem características próprias, tem legislação a atender específica. Então é importante definir a finalidade para conseguirmos definir o toxicante, a matriz e o método. O toxicante, a primeira classificação geral que podemos fazer são os compostos voláteis ou gases inorgânicos e orgânicos não voláteis. Podemos ter monóxido de carbono, gás cianídrico, ou ser um orgânico volátil do tipo tolueno, éter. Ser um inorgânico como chumbo, arsénio, mercúrio ou orgânicos não voláteis que tem uma infinadidade, como THC, cocaína, anfetamínicos ou praguicidas também. Esse toxicante pode ser conhecido ou desconhecido, por exemplo, uma morte a esclarecer, pode ser que o toxicante tenha o envolvimento de uma substância tóxica, mas ela seja desconhecida. Essa substância vai estar na forma inalterada ou biotransformada? Vai achar precursora a própria substância ou produto da biotransformação na urina ou em outra matriz? Vai estar na forma livre ou ligada? Pode estar, por exemplo, conjugada com o ácido glicurônico. O que vai procurar também pode ser uma alteração bioquímica ou hematológica, vamos supor a pessoa é exposta chumbo, pode fazer análise da enzima da cascata de formação do heme. Ou também uma pessoa que foi exposta e se intoxicou com um organofosforado, podemos analisar a porcentagem de inibição da acetilcolinesterase, porque esse praguicida bloqueia, inibe a enzima, então podemos ver essa alteração bioquímica. Um exemplo de um toxicante na forma inalterada é a cocaína e os seus produtos de biotransformação. Quando a cocaína é utilizada, quando ela é absorvida, ela chega no compartimento central, no sangue, e começa a sofrer reações de hidrólise pela atividade das colinesterases. Então podemos buscar no sangue a própria cocaína, benzoileogonina, éster metilecgonina; se quiser esclarecer, por exemplo, se houve o uso de crack, a forma fumada ou a forma injetável ou aspirada, pode ser feita a busca do éster metilanidroecgonina, que é uma substância que é formada na combustão da cocaína, então essa substância vai estar presente quando a cocaína for fumada, logotemos um marcador do uso do crack. Como também temos um marcador de uso concomitante da cocaína junto com etanol, que é o produto de transesterificação chamada de cocaetileno. Onde vai ser buscado, podem ser matrizes biológicas, como sangue e urina, ou o material de apreensão que não seja matriz biológica. Os cuidados na coleta da matriz que deve ser avaliada é o horário; o recipiente onde vai ser condicionada; o volume ou adição de conservantes e o armazenamento e manuseio. Por exemplo, pode-se ter um recipiente que é de sólidos ou só analito, tem analitos que não podem ser coletados a matriz em plástico, porque o analito pode adsorver no plástico, tendo que usar um recipiente de vidro, e isso tem que ser planejado Por último, é o que vai definir o como, qual o método analítico. Podemos ter os métodos gerais e os métodos específicos. Os métodos gerais são de triagem e são não seletivos e apresenta toxicante desconhecido que visa a identificação. Os métodos específicos são de confirmação e são seletivos, o toxicante é conhecido e se busca confirmar ou quantificar o resultado que foi obtido na triagem. O requisito de acordo com a finalidade forense é que se entregue metodologia, que é um conjunto de metas. Então precisamos ter o método presuntivo e o método confirmatório; isso para atender ao princípio da presunção da inocência, o in dubio pro reo, então é recomendado sempre se utilize uma metodologia composta por método presuntivo ou método confirmatório. O método analítico pode ser separado em fases. De separação, em que vai ser feita a primeira retirada de interferência, no extrato bruto, podendo ser uma centrifugação, uma precipitação de proteínas. De extração, que é o isolamento, retirada dessas moléculas e compatibilidade com o sistema de detecção. E depois a identificação e quantificação, que já são as técnicas instrumentais, como um teste colorimétrico, por exemplo. Então o método analítico é basicamente composto dessas fases. O método é o conjunto de procedimento, que vai estar inserido: separação e extração; identificação e quantificação; e por último, a interpretação do resultado. Estudo de caso.
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