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UFRJ - FACULDADE DE FARMÁCIA ANÁLISES FORENSES ESTUDOS DE CASO Professor(a): Fabio Luiz Costa de Souza Data: 1- Aluno(a): Jairo Benedito Domingos Junior DRE: 117284137 ESTUDOS DE CASO - ESTE INSTRUMENTO É PARTE INTEGRANTE DA AVALIAÇÃO DA DISCIPLINA E DEVE SER REALIZADO DE FORMA INDIVIDUAL E ENTREGUE VIA GOOGLE CLASSROOM - ATÉ 09/06/2022, COMO REPOSIÇÃO APENAS PARA OS ALUNOS QUE NÃO PUDERAM ESTAR PRESENTES À ATIVIDADE REALIZADA EM SALA DE AULA NO ÚLTIMO DIA 26/05/2022. ESTUDO DE CASO 1 – UM CASO SURPREENDENTE Um caso envolvendo dois menores surpreendeu a cidade de São Paulo: “Um menino de 10 anos foi morto a tiros por policiais na noite de 5ª feira, 02/06/2016, na zona sul de São Paulo. A criança e um colega de 11 anos, segundo a Secretaria Estadual de Segurança Pública haviam furtado um carro em um condomínio da região e passaram a ser perseguidos” (...) “Quando os policiais se aproximaram (...) foram recebidos a bala. I., 10 [anos], que dirigia o veículo, foi atingido na cabeça e morreu no local. J., 11 [anos], que estava no banco traseiro, foi levado à delegacia.” (...) “Segundo o governo, no relato ao delegado, ainda de madrugada, na presença da mãe, [J., 11 anos] disse que o colega [morto] atirou duas vezes na polícia, num primeiro momento, e depois que bateu o carro, disparou de novo antes de ser atingido.” (...) “ Em novo depoimento dado à noite, mudou a versão dizendo que o colega não disparou contra a polícia.” [Folha de São Paulo, 03/06/2016] Os meninos já possuíam histórico de envolvimento em outros delitos, tendo chegado a ser recolhidos algumas vezes pelo Conselho Tutelar a abrigos, de onde fugiram todas as vezes. Apesar disso, a mãe do menino morto pelos policiais declarou não acreditar na hipótese do seu filho estar armado com um revólver .38 e ainda questionou a capacidade de uma criança de 10 anos disparar contra os policiais. Concluiu afirmando suspeitar que a arma encontrada tenha sido "plantada" pelos policiais. Carro furtado pelas crianças sendo removido do local onde o menino I., 10 anos, foi morto Considere: (A) Que todos os recursos técnicos atualmente disponíveis já o fossem na época do crime (B) Que a arma do crime era um revólver calibre .38 com tambor de 6 câmaras, encontrado com 4 cartuchos com projétil de chumbo não encamisado de fabricação nacional intactos e 2 estojos deflagrados Diante do contraditório estabelecido pelas duas versões apresentadas pelo menino J. 11 anos, em seus depoimentos à polícia e considerando ainda as declarações da mãe do menino I., 10 anos, que análises deveriam ser feitas para CONFIRMAR de forma IRREFUTÁVEL se o menino I., 10 anos disparou ou não o revólver conforme afirmam a polícia e o menino J., 11 anos em seu primeiro depoimento ? Para tanto, estabeleça: 1 – O(s) tipo(s) de resíduo(s) e em que local(is) poderia(m)/ deveria(m) ser encontrado(s) O que confirma de forma irrefutável que houve disparo são os resíduos gerados pela espoleta que são chumbo, bário e antimônio. Contudo, outros resíduos podem ser encontrados , como os oriundos do propelentes (Nitrato de potássio, enxofre e Carvão) Esses resíduos podem ser detectados na arma, no estojo, no corpo do atirador (principalmente mãos , braços e cabelo), nas roupas do atirador e no alvo. obs: ( no caso específico deve se analisar se esses resíduos podem ser detectados no carro). 2 – A forma correta de coleta do(s) resíduo(s) A coleta na arma e estojo deve ser feita com um swab e papel de filtro umedecidos com uma solução tampão. No corpo e na roupa, deve ser feita com fita adesiva dupla face, swab e papel de filtro. Já coleta feita nas mãos e braços devem ser concentradas nas regiões mais atingidas pelos resíduos(sobre o polegar e indicador, palmas das mãos, costas das mãos ), através da fita dupla face(realizando de 10 a 30 toques) 3 – O(s) tipo(s) de análise(s) que poderia(m)/ deveria(m) ter sido realizado(s) Poderia se utilizar os métodos colorimétricos que são métodos presuntivos, rápidos e de baixo custo, como por exemplo a utilização do reagente Rodizonato de sódio ou de chumbo para detecção de chumbo e bário. Para detectar o antimônio pode se utilizar o Iodeto de Trifenilmetil Arsênico que quando detecta fica laranja. Caso a perícia fosse imediata, poderia se fazer o teste de Recenticidade de disparo, que detecta nitritos que são indícios de disparo recente. Caso tenha havido detecção por meio dos testes colorimétricos pode se utilizar os métodos instrumentais, que são métodos de alta sensibilidade e portanto, confirmatórios. Contudo, são mais caros e dependem de análise por meio de equipamentos complexos; são eles: Espectrometria de absorção atômica, Plasma indutivamente acoplado a Espectrometria de massas( ICP-MS), Microscopia eletrônica de Varredura(MEV). 4 – Os tipos de análises que produzem indícios e os tipos que produzem provas A análise colorimétrica é um método presuntivo, sendo esse usado para verificação de indícios. Nesse teste, o resultado negativo não exclui a ausência de resíduos, assim como, o resultado positivo pode ser resultante do disparo por arma de fogo ou por contaminação ambiental. Por ser um teste de baixa sensibilidade, não é capaz de diferenciar chumbo, bário e antimônio resultantes do disparo ou por contaminação ambiental. Sendo assim, esses testes não são capazes de produzir provas, apenas indícios. Já os teste instrumentais, são métodos confirmatórios, de alta sensibilidade e capazes de gerar provas.Esses são utilizados para confirmar e identificar resíduos que o teste colorimétrico não possui sensibilidade. Um exemplo é análise por Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV), considerada o padrão ouro, identifica resíduos inorgânicos e detecta de forma segura e confiável a associação de bário, chumbo e antimônio em uma mesma partícula ou em partículas dissociadas. Há também o teste espectroscopia de absorção atômica pelo ICP-MS capaz de detectar presença de metais. 5 – O(s) tipo(s) de resíduo(s) que deve(m) ser encontrado(s) no corpo e roupas do menino I., 10 anos e na suposta arma do crime para que a tese do “AUTOR DE DISPARO’ seja IRREFUTÁVEL Os tipos de resíduos são Chumbo, Bário e Antimônio provenientes da mistura iniciadora, esses três elementos associados a mesma partícula, constituem prova irrefutável de resíduo de disparo de arma de fogo. Logo, se encontrado na arma e na roupa do menino, podem ser consideradas provas periciais.. ESTUDO DE CASO 2 – QUEM MATOU MARIELLE FRANCO ? O assassinato de Marielle Franco, uma Vereadora do município do Rio de Janeiro, em 14/03/2018, supostamente por motivação política, teve enorme repercussão internacional, tendo sido interpretado como símbolo do momento de fragilidade que vivem as instituições democráticas no Brasil. Criminosos em um carro emparelharam com o carro da Vereadora e efetuaram diversos disparos, matando a Vereadora e também seu motorista. Intensas investigações desenvolveram-se ao longo de 2018 e só quase um ano depois, em 12/03/2019, a polícia prendeu, os supostos executores da Vereadora, embora até o momento o mandante do crime ainda não tenha sido identificado. O Delegado responsável pelas investigações revelou que em depoimento à polícia, uma assessora da Vereadora declarou que havia solicitado um carro de aplicativo, que por coincidência possuia características semelhantes ao carro dos criminosos, e no momento do embarque, confundiu os carros e chegou a tocar na maçaneta do veículo dos assassinos, mas não abriu a porta. Uma denúncia anônima levou a polícia até Minas Gerais onde encontrou um carro de características semelhantes ao carro usado no crime, com placas do Rio de Janeiro, abandonado no dia seguinte ao crime, que suspeitava-se ter sido usado no assassinato da Vereadora. Infelizmente, as suspeitas não se confirmaram e o veículo usado no crime nunca foi encontrado. Imagem registrada por câmera de segurança momentos antes do assassinato da Vereadora Marielle Franco A revelação e identificação de impressõesdigitais da assessora da Vereadora na maçaneta do carro suspeito, poderia confirmar que tratava-se do veículo usado no crime. Considerando o cenário descrito 1 - Enumere qual(ais) técnica(s) é (são) adequada(s) à revelação de impressões digitais latentes da assessora da Vereadora na maçaneta e/ou lataria do carro Aplicação de Pós reagentes(Negros): que podem ser de óxido de ferro, de dióxido de manganês. Nesse caso devem ser esses pós negros para melhor contraste por conta da cor da lataria do carro. Podem ser aplicados com pincel ou spray. Técnica da aplicação do Vapor de Iodo: Trata-se do aquecimento do vapor de iodo que reage com resíduos de gordura presentes na impressão digital. Aplicação de Cianoacrilato + Aplicação de corante para realce. A Cianoacrilato reage com resíduos da impressão digital e forma um depósito duro e esbranquiçado, nesse caso específico, como a superfície do carro envolvido é clara, necessita-se da aplicação de um corante para realce para melhor visualização. A técnica de solução de Ninidrina se liga às proteínas oriundas do suor, produzindo uma coloração violeta. 2 - Que técnica(s) embora seja(m) eficaz(es) na revelação de impressões digitais latentes na maçaneta e/ou lataria do carro, não podem ser usadas neste caso ? Justifique sua resposta. Solução de nitrato de prata, e utilização de pós brancos como dióxido de titânio e carbonato de chumbo não são aconselháveis porque não criaram contraste por conta da cor do veículo, dificultando a visualização. A utilização de Quimioluminescência também não poderia ser utilizada pois não havia sangue envolvido, já que o contato foi anterior ao crime, portanto não seria aplicável.
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