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Formacao da Personalidade Aula 3

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1
A FORMAÇÃO DA PERSONALIDADE
Prof. Domingos de Oliveira
Personalidade é o conjunto de características psicológicas, de certa forma estáveis,
que determinam a maneira como o indivíduo interage com o seu ambiente. Também
podemos definir “personalidade” como “a organização integral e dinâmica do contexto
formado pelos atributos físicos, mentais e morais do indivíduo, compreendendo as
características hereditárias e as adquiridas durante a vida: hábitos, interesses, inclinações,
complexos, sentimentos e aspirações.
A formação da personalidade tem início a partir do nascimento. Assim, os
primeiros anos de vida de uma pessoa são decisivos para a gênese de sua futura
personalidade. Neste período, são delineadas as principais características psíquicas, a
partir da relação da criança com os pais, pessoas próximas, objetos e meio ambiente. Por
isso, estas relações devem suprir todas as necessidades físicas e psicológicas da criança.
A não satisfação das mesmas pode causar sérios prejuízos à formação da personalidade.
Outrossim, é preciso acalentar o desenvolvimento de uma ampla gama de virtudes desde
os primeiros anos de vida, em especial a temperança, que propicia a conquista de um
sentido de equilíbrio, evitando-se a exacerbação de necessidades, por um lado, e, por
outro, a insatisfação de outras consideradas fundamentais. Neste contexto, além das
necessidades de manutenção da vida, todos os indivíduos possuem necessidades de
aprovação, independência, aprimoramento pessoal, segurança e auto realização, onde
serão desenvolvidos os valores existenciais, estéticos, intelectuais e morais.
A qualidade das relações entre pais e filhos exerce uma influência determinante
na formação psicológica destes. A partir dos primeiros meses de vida, os pais e
responsáveis pela criação e educação das crianças devem dedicar toda a atenção ao
desenvolvimento de sua autoestima. É imprescindível oferecer muito afeto e carinho,
estimular, elogiar, motivar, para que as crianças construam sua personalidade com base
em elevado amor próprio. Da mesma forma, os pequenos devem ter toda a liberdade para
expressar emoções: alegria, afeto, tristeza, medo e raiva, as chamadas emoções autênticas.
Se a criança for levada a reprimir suas emoções, desenvolverá uma personalidade
combalida, neurótica, plena de tensão, ansiedade, angústia, depressão. Desta forma, os
adultos responsáveis pela formação dos futuros cidadãos devem evitar, a todo custo,
dirigir-lhes palavras e tomar atitudes que possam desenvolver um baixo nível de
2
autoestima. Assim, não devem se valer de severidade, críticas exageradas, exigências
exacerbadas. Inclusive olhares e gestos que possam produzir efeitos negativos. A mania
de perfeição é outra característica que pode ser considerada doentia e resulta certamente
em prejuízo à formação dos indivíduos. Por outro lado, são igualmente nocivas: a
indiferença, a rejeição as desqualificações (chacotas, gozações). Por todos estes motivos,
não devem ser proferidas frases como: “qualquer idiota faria melhor que você”; “homem
que é homem não chora”; “não seja fraco”; “você é burro”; “seja perfeito”; “faça como
seu irmão; ele, sim, é legal”; “está sonhando alto demais”; “só gosto de você quando é
obediente”. E assim por diante…
A seu turno, os pais e responsáveis devem imprimir, clara e objetivamente, certos
limites e regras fáceis e simples de serem cumpridas, desde a mais tenra idade. Não se
pode deixar uma criança agir de forma totalmente desregrada e livre, sem qualquer
fronteira. Inúmeros livros já foram escritos sobre o assunto, com títulos assemelhados a
“Limites na medida certa”, “Colocando regras, com afeto”; ou, “Seu filho precisa
conhecer as regras do jogo da vida”. Outro aspecto é a coerência entre palavras e atitudes.
Não é possível conciliar uma regra enunciada verbalmente com uma atitude oposta. Por
exemplo: afirmar o acerto de hábitos de higiene e, depois, deixar objetos pelo chão, não
recolher roupas sujas, ou varrer o pó para debaixo dos tapetes.
Agora, outra questão de suma importância. Para que o desenvolvimento das
crianças ocorra de forma natural e saudável: é absolutamente necessário que elas se
entreguem, em grande parte de seu tempo ativo, às brincadeiras próprias de sua idade,
individual ou coletivamente. Os folguedos coletivos proporcionam o relacionamento
interpessoal, de extrema importância para a formação do caráter social do indivíduo. A
livre expressão da alegria, própria das atividades lúdicas, é fundamental para a saudável
formação da personalidade. Desta forma, podemos compreender a importância de
brincadeiras adequadas para cada faixa etária. Os brinquedos, até os seis meses de idade
devem ser relacionados ao tato, ao sentir os objetos em suas formas e texturas. Além do
contato físico com as mãos, o contato visual, o gustativo, o olfativo, o auditivo, são de
suma importância. A partir desta primeira fase, é preciso oferecer às crianças brinquedos
com certas características: cores vivas, formas interessantes, sons refinados, aromas
adequados. Após o primeiro ano de vida, o que ganha importância são os carrinhos, os
bonecos que se movem e também a música – sequência de sons harmônicos e melodiosos,
sendo que em seguida vêm todos os objetos e ações que adestram a imaginação e
despertam o senso de criatividade.
3
A criatividade é uma característica de imenso valor no contexto humano. Ela deve
ser exercida de forma livre, sem qualquer limitação. Na infância, desempenha um papel
de extrema importância na formação da personalidade. Assim, os pais e os professores
devem ter o máximo cuidado para não bloquear a capacidade das crianças neste contexto,
mas eles precisam fornecer os elementos e devem permitir às crianças que descubram por
si mesmas os procedimentos para chegar ao objetivo final: a satisfação, a alegria, o
desenvolvimento do lúdico. Não é admissível que os adultos mostrem ou determinem às
crianças a maneira como devem fazer as coisas. Isto tolhe a oportunidade que elas têm de
exercitar a imaginação, a criatividade, a curiosidade, a enorme satisfação em descobrir,
por si próprias, a melhor maneira de agir e brincar.
Outro fator que influencia a formação da personalidade é a movimentação física
da criança, principalmente através dos esportes praticados por prazer, não por
competição. A movimentação física saudável, prazerosa, melhora o estado geral do
organismo, tanto físico quanto psicológico. O esporte propicia à criança, além do
saudável prazer e alegria, o descobrimento de seus limites, suas reais capacidades. O
esporte, praticado com sabedoria, sob a supervisão de profissionais competentes,
proporciona o gradual desenvolvimento do indivíduo, a partir desta idade. Neste contexto,
a criança consegue superar o medo, de qualquer espécie: de se machucar, de se enfrentar
com outras crianças, do ridículo, de perder a competição. Assim, o esporte mostra o
caminho da superação. Este processo proporciona um aprendizado de imenso valor, onde
se encontram fracassos e sucessos, mas, com certeza, também a ampliação dos limites, da
real capacidade, em todos os sentidos.
Assim, formado o embasamento sólido e saudável da personalidade, nos primeiros
anos, pode o indivíduo, no decorrer de sua existência, ampliar suas capacidades e
habilidades, enriquecer seu caráter, e, num processo permanente de desenvolvimento
pessoal, experimentar uma vida plena de sentido e felicidade. O conjunto de
características psicológicas que afetam a maneira com que o indivíduo interage com o
ambiente chama-se personalidade, moldada desde a concepção e sendo construída pelas
situações que o indivíduo enfrenta. Tudo que ocorre na vida de uma pessoa influencia as
características de sua personalidade.
Os primeiros anos de vida são fundamentais para o formação da personalidade do
indivíduo, pois nessa fase ocorre em grande intensidade a relação com os pais e com o
meio. Cabe destacar a importância da mãe, pois o relacionamento entremãe e filho será
fundamental para a formação da mentalidade do futuro adulto. Dessa maneira, qualquer
4
falha na relação entre mãe e filho poderá causar graves consequências na formação da
personalidade. Devemos compreender que os mecanismos de relação entre as pessoas não
são perfeitos, portanto uma relação equilibrada é a ideal.
“O comportamento do indivíduo é regido pela
busca da satisfação das necessidades, sendo que o
excesso ou falta de alguma dessas necessidades é
uma doença”.
Constituindo o início do desenvolvimento do indivíduo, a fase oral, caracteriza-se
pela busca do prazer através da parte superior do aparelho digestivo. A mãe é
fundamental, pois através dela o bebê confia no mundo. Na fase anal, o prazer se
concentra na fase posterior do aparelho digestivo e com isso a criança testa a confiança
que adquiriu na fase anterior. A fase fálica é marcada pelo prazer nos órgãos genitais,
desenvolvendo a culpa e a iniciativa. Na fase latente, o professor é importante e o
indivíduo recebe mais conhecimentos. A adolescência é marcada pela busca da identidade
própria. A vida adulta é a fase madura, com o amadurecimento das relações interpessoais.
As características desenvolvidas ao longo desses períodos se manifestarão quando houver
a interação da pessoa com o meio. Podemos sintetizar essa teoria num exemplo: um
edifício, ao ser construído necessita de uma fundação, que fica oculta quando o prédio
termina de ser construído. Porém é essa fundação que sustenta o edifício e possíveis falhas
nessa fundação podem abalar todo o prédio. O mesmo ocorre na vida das pessoas, pois as
relações delas com os demais indivíduos dependerá da estrutura psíquica dessa pessoa e
das experiências por ela vivenciadas.
“Portanto, personalidade é o conjunto de características
psicológicas, de certa forma estáveis, que determinam a
maneira como o indivíduo interage com o seu ambiente.
Também podemos definir “personalidade” como “a
organização integral e dinâmica do contexto formado pelos
atributos físicos, mentais e morais do indivíduo,
compreendendo as características hereditárias e as
adquiridas durante a vida: hábitos, interesses, inclinações,
complexos, sentimentos e aspirações”.
5
FORMAÇÃO DO APARELHO PSÍQUICO
Ao nascer, o indivíduo possui apenas o Id. Nas primeiras experiências, o bebê vai
aprendendo e adquirindo conhecimento do mundo começando assim a estruturar seu ego.
Enquanto o Id é uma estrutura inata, o ego e o superego são estruturas adquiridas. O ego
está relacionado a fatos reais, concretos e é capaz de controlar, conter o desejo sem
reprimi-lo. Já o superego está relacionado a fatos morais e pode recriminar o ego, no que
é denominado auto recriminação.
Ao se estruturarem, o ego e o superego recebem energias libidinais e agressivas,
assim, todas as estruturas apresentam os dois tipos de energia.
ID: Constitui o reservatório de energia psíquica, é onde se localizam as pulsões de vida e
de morte. As características atribuídas ao sistema inconsciente. É regido pelo princípio
do prazer (Psiquê que visa apenas o prazer do indivíduo). Assim sendo, ao Id foi atribuída a
parte primitiva da mente, ou seja, o instinto irracional que se manifesta sem a preocupação com
princípios morais, éticos, etc. O Id é mais evidenciado na infância do que na fase adulta, pois na
infância a mente é dominada pelo desejo de ter seus pedidos atendidos imediatamente. Na fase
adulta, o Id é influenciado pelo Ego e Superego.
EGO: É o sistema que estabelece o equilíbrio entre as exigências do id, as exigências da
realidade e as ordens do superego. A verdadeira personalidade, que decide se acata as
decisões do (Id) ou do (Superego). Ao Ego foi atribuída a parte de equilibrar os anseios do Id
e do Superego de forma racional e consciente. O Ego possui elementos conscientes e
inconscientes que se conflitam para que uma decisão seja tomada. No Ego também se alojam
os mecanismos de defesa, as manifestações que o Ego apresenta para se livrar de forma
inconsciente de situações que provoque dor psíquica, angústia.
SUPEREGO: Origina-se com o complexo do Édipo, a partir da internalização das
proibições, dos limites e da autoridade. (É algo além do ego que fica sempre te censurando
e dizendo: Isso não está certo, não faça aquilo, não faça isso, ou seja, aquela que dói
quando prejudicamos alguém, é o nosso "freio".). Ao Superego foi atribuída a função de
impedir a realização dos instintos e desejos do Id. Influencia o Ego de forma a castigá-lo por se
influenciar pelo Id provocando os sentimentos de culpa e recompensá-lo quando é influenciado
por atitudes aceitáveis. Utiliza regras, éticas, valores e moralidades para agir no Ego de forma a
censurar o Id.
Id: fonte de energia psíquica e o aspecto da personalidade relacionado aos instintos.
Ego: aspecto racional da personalidade responsável pelo controle dos instintos.
6
Superego: o aspecto moral da personalidade, produto da internalização dos valores e
padrões recebidos dos pais e da sociedade.
Dessa forma, pode-se perceber que o Id e o Superego são elementos inconscientes
geradores de conflitos no Ego, elemento consciente responsável pela tomada de decisões
e pela liberação do pensamento na realidade externa.
O Ego quando influenciado pelo Id torna um indivíduo agressivo, dependente,
escandaloso, histérico, impaciente, mal-humorado, rebelde, falso, egoísta, etc. Enquanto
que quando influenciado pelo Superego torna o mesmo crítico, acusador, exigente,
preconceituoso, prepotente, autoritário, invalidando ideias, etc. mostrando que os
elementos da estrutura mental são interdependentes não podendo ser considerados
isoladamente. Nesse processo o Ego atua para obter influências do Id e do Superego de
forma com que a influência seja racional.
NEUROSE X PSICOSE
As manifestações psicopatológicas podem ser classificadas de diversas maneiras,
por etiologia a exemplo das orgânicas e psicológicas por tipo de alteração a exemplo da
neurose e psicose que considera a relação com a consciência perda de contato com a
realidade na concepção psicanalítica desta, etc. A categoria de classificação possui fins
estatísticos ou seja de tabulação de prontuários médicos, atestados, declarações de óbito
entre as mais conhecidas estão o CID Classificação Internacional das Doenças e de
Problemas relacionados à Saúde que está na 10ª revisão e se inciou em 1893 e o DSM
referente ao Manual Diagnóstico e Estatístico de Desordens Mentais, uma publicação da
American Psychiatric Association, Washington D.C., sendo a sua 4ª edição conhecida
pela designação “DSM IV”.
Psicose é um termo psiquiátrico genérico que se refere a um estado mental no qual
existe uma "perda de contacto com a realidade". Ao experienciar um episódio psicótico,
um indivíduo pode ter alucinações ou delírios, assim como mudanças de personalidade e
pensamento desorganizado. Tal é frequentemente acompanhado por uma falta de "crítica"
ou de "insight" que se traduz numa incapacidade de reconhecer o carácter estranho ou
bizarro do seu comportamento. Desta forma surgem também dificuldades de interação
social e em cumprir normalmente as atividades de vida diária.
Uma grande variedade de stressores do sistema nervoso, tanto orgânicos como
funcionais, podem causar uma reacção psicótica. Muitos indivíduos têm experiências fora
7
do comum ou mesmo relacionadas com uma distorção da realidade em alguma altura da
sua vida sem necessariamente sofrerem consequências para a sua vida. Em alguns casos,
as pessoas adaptam-se a estas experiências; por exemplo depois de ter alucinações uma
pessoa pode encontrar inspiração ou senti-la como uma revelação religiosa. Muitos dos
atuais "santos" seriam, na verdade, psicóticos que conviviam com delírios frequentes e os
interpretavam como epifanias. Como tal, alguns autores afirmam que não se pode separar
a psicose da consciência normal, mas deve-se encará-la como fazendo parte de um
continuum de consciência.
Na prática médica, adopta-seuma abordagem discritiva da psicose (assim como
para todas as doenças mentais), que se baseia em observações comportamentais e clínicas.
Isto permite a adopção de um guia de diagnósticos muito usado nos EUA, o Diagnostic
and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM), ou mesmo o CID. De acordo com o
DSM a psicose é um sintoma de uma doença mental, mas não é uma doença em si mesma.
Como tal, a psicose pode ser causada por predisposição genética, fatores exógenos
orgânicos mas desencadeados por fatores ambientais, psicossociais, com acentuadas
falhas no desempenho de papéis, na comunicação, no autocontrole, no comportamento da
afetividade, na percepção sensorial, na memória, no raciocínio, no pensamento e
linguagem. Há perda do senso da realidade e da capacidade de testá-la e, em casos
extremos, do autoconhecimento, deixando o paciente de cuidar-se no aspectos mais
triviais, como a alimentação e a higiene pessoal.
Na psicanálise, a psicose causou dificuldades teóricas para Freud, mas não para
Lacan. Se o primeiro demonstrou-se hesitante em enquadrá-la teoricamente,
concentrando-se na neurose, Lacan, tomando-a constantemente em suas conferências,
associou-a à forclusão do nome-do-pai. As definições de psicose em geral descrevem as
classes de eventos que configuram sua natureza ou essência, apontam-lhe as causas e
variações. Assim, haverá importantes distinções quanto ao conceito; caso venha a ser
formulado no campo das Ciências da Saúde terão diferentes conotações das formuladas
no campo Religioso, Poético dou das Ciências Humanas. Michel Foucault em seu texto
A história da Loucura aponta que a loucura (posteriormente chamada de psicose) poderia
ser entendida como uma aberração da conduta em relação aos padrões ou valores
dominantes numa certa sociedade; neste sentido, entender a psicose é também buscar
entender quais os padrões dominantes e quais as reações do grupo social à tais condutas
estranhas e aos seus agentes.
8
O termo neurose foi criado pelo médico escocês William Cullen em 1769 para
indicar "desordens de sentidos e movimento" causadas por "efeitos gerais do sistema
nervoso". Na psicologia moderna, é sinônimo de psiconeurose ou distúrbio neurótico e
se refere a qualquer desordem mental que, embora cause tensão, não interfere com o
pensamento racional ou com a capacidade funcional da pessoa. Essa é uma diferença
importante em relação à psicose, desordem mais severa. A palavra deriva de duas palavras
gregas: neuron (nervo) e osis (condição doente ou anormal).
A neurose, na teoria psicanalítica, é uma estratégia ineficaz para lidar com sucesso
com algo, o que Sigmund Freud propôs ser causado por emoções de uma experiência
passada causando um forte sentimento que dificulta reação ou interferindo na experiência
presente. Por exemplo: alguém que foi atacado por um cachorro quando criança pode ter
fobia ou um medo intenso de cachorros. Porém, ele reconheceu que algumas fobias são
simbólicas e expressam um medo reprimido. Na teoria da psicologia analítica, de Carl
Jung, a neurose resulta do conflito entre duas partes psíquicas, das quais uma deve ser
inconsciente.
Há muitas formas específicas diferentes de neurose: piromania, transtorno
obsessivo-compulsivo (TOC), ansiedade, histeria (na qual a ansiedade pode ser
descarregada como um sintoma físico), e uma variedade sem fim de fobias.
Todas as pessoas têm alguns sintomas neuróticos, freqüentemente manifestados
nos mecanismos de defesa do ego que as ajudam a lidar com a ansiedade. Mecanismos
de defesa que resultam em dificuldades para viver são chamados "neuroses" e são tratados
pela psicanálise, psicoterapia/aconselhamento, ou outras técnicas psiquiátricas. Apesar de
sua longa história, o termo "neurose" não é mais de uso comum. Os atuais sistemas de
classificação abandonaram a categoria "neurose". O DSM IV eliminou a categoria por
completo. Desordens primeiramente chamadas de neuroses agora são descritas sob os
títulos de ansiedade e desordens depressivas.
O uso do termo "neurose" continua
controverso, e já se discutiu que é necessário
um termo mais apropriado para substituí-lo.
9
IDENTIFICAÇÃO DOS TRANSTORNOS MENTAIS
Entendem-se como Transtornos Mentais e Comportamentais as condições
clinicamente significativas caracterizadas por alterações do modo de pensar e do humor
(emoções), ou por comportamentos associados com angústia pessoal e/ou deterioração do
funcionamento (segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS - ONU). Os
Transtornos Mentais e Comportamentais não constituem apenas variações dentro da
escala do "normal", sendo antes, fenômenos claramente anormais ou patológicos.
Uma incidência de comportamento anormal ou um curto período de anormalidade do
estado afetivo não significa, em si, a presença de distúrbio mental ou de comportamento.
Para serem categorizadas como transtornos, é preciso que essas anormalidades sejam
sustentadas ou recorrentes, e que resultem em certa deterioração ou perturbação do
funcionamento pessoal, em uma ou mais esferas da vida. Os Transtornos Mentais e
Comportamentais se caracterizam também por sintomas e sinais específicos e,
geralmente, seguem um curso natural mais ou menos previsível, a menos que ocorram
intervenções. Nem toda deterioração humana denota distúrbio mental. Os indivíduos
podem sofrer angustia em virtude de circunstâncias pessoais ou sociais e, a menos que
sejam satisfeitos todos os critérios pertinentes a determinado distúrbio, essa angustia não
constitui distúrbio mental. Há diferença, por exemplo, entre estado afetivo deprimido e
depressão diagnosticável. Diferentes modos de pensar e se comportar, entre diferentes
culturas podem influenciar a maneira pela qual se manifestam os Transtornos Mentais,
embora não constituam, em si, indicações de distúrbio. Assim, as variações normais
determinadas pela cultura não devem ser rotuladas como Transtornos Mentais, da mesma
forma como, também, não podem ser tomadas como indicações de distúrbio mental as
crenças sociais, religiosas e/ou políticas. A classificação de Transtornos Mentais e de
Comportamento CID.10: Descrições clínicas e normas de diagnóstico (OMS, 1992)
contém uma lista completa de todos os Transtornos Mentais e Comportamentais. Há
também outros critérios de diagnóstico disponíveis para a pesquisa, para uma definição
mais precisa desses transtornos (OMS, 1993). Toda classificação de Transtornos Mentais
classifica síndromes e condições, mas não indivíduos. Estes podem sofrer um ou mais
transtornos durante um ou mais períodos da vida, mas não se deve usar uma etiquetas
diagnósticas para descrever um indivíduo. Uma pessoa nunca deve ser igualada a um
distúrbio físico ou mental.
10
DIAGNÓSTICO DOS TRANSTORNOS
Os Transtornos Mentais e Comportamentais são identificados e diagnosticados
através dos métodos clínicos semelhantes aos utilizados para os transtornos físicos. Esses
métodos incluem uma cuidadosa anamnese colhida com o indivíduo, e com outras
pessoas, incluindo sua família; um exame clínico sistemático para definir o estado mental;
e os testes e investigações especializadas que forem necessários. Nas últimas décadas,
avanços na padronização da avaliação clínica e no aumento da confiabilidade dos
diagnósticos. Graças aos esquemas estruturados e padronizados de entrevistas, às
definições uniformes de sinais, aos sintomas e aos critérios padronizados de diagnóstico,
é possível atingir alto grau de confiabilidade e validade no diagnóstico de Transtornos
Mentais atualmente. Os esquemas estruturados e as listas de verificação de sinais e
sintomas permitem aos profissionais de saúde mental levantar informações usando
perguntas padronizadas e respostas codificadas.
Os sinais e sintomas foram definidos detalhadamente para permitir uma aplicação
uniforme no mundo todo. Finalmente, os critérios de diagnóstico para Transtornos
Mentais foram padronizados internacionalmente e, atualmente, é possível diagnosticar
Transtornos Mentais de formatão confiável e precisa, como a maioria dos transtornos
físicos comuns.
A concordância entre dois especialistas em diagnóstico de Transtornos Mentais
apresenta médias de 70 a 90% (Wittchen et al. 1991; Wing et al. 1974; WHO 1992; APA
1994; Andrews et al. 1995). Essas cifras estão na mesma faixa da concordância de
diagnóstico pertinente aos transtornos físicos como, por exemplo, a diabetes mellitus, a
hipertensão ou a doença coronariana.
Como um diagnóstico preciso é requisito essencial para uma intervenção
apropriada, bem como para a epidemiologia precisa e a monitorização ao nível da
comunidade, os avanços nos métodos de diagnóstico vieram facilitar, consideravelmente,
a aplicação de princípios clínicos e de saúde pública na área da saúde mental.
11
TRANSTORNOS OBSERVADOS NO CONTEXTO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA
DE SAÚDE
Os Transtornos Mentais e Comportamentais são comuns entre pacientes que
buscam serviços de atenção primária de saúde. E útil uma avaliação do grau e do padrão
desses transtornos nesse contexto, por causa do potencial para identificar pessoas com
distúrbios e proporcionar a atenção necessária naquele nível. Os estudos epidemiológicos
na atenção primária têm sido baseados na identificação de Transtornos Mentais pelo uso
de instrumentos de triagem, no diagnóstico clínico por profissionais de atenção primária
ou mediante entrevistas para diagnóstico psiquiátrico. O estudo transcultural realizado
pela OMS em 14 locais (Ustün e Sartorius 1995; Goldberg e Lecrubier 1995) usou três
diferentes métodos de diagnóstico: um instrumento breve de triagem, uma entrevista
detalhada estruturada e um diagnóstico clínico pelo médico de atenção primária. Embora
houvesse consideráveis variações na prevalência de Transtornos Mentais em diferentes
locais, os resultados demonstram claramente que uma proporção substancial (cerca de
24%) de todos os pacientes naqueles contextos acusava transtorno mental. Em contextos
de atenção primária, os diagnósticos mais comuns são depressão, ansiedade e transtornos
do uso de substâncias.
Esses transtornos estão presentes isoladamente ou conjuntamente com um ou mais
transtornos físicos. Não há diferenças constantes na prevalência entre países
desenvolvidos e em desenvolvimento.
IMPACTO DOS TRANSTORNOS
Os Transtornos Mentais e Comportamentais exercem considerável impacto sobre
os indivíduos, as famílias e as comunidades. Os indivíduos não só apresentam sintomas
inquietadores de seu distúrbio como sofrem também por estarem incapacitados de
participar em atividades de trabalho e lazer, muitas vezes em virtude de discriminação.
Eles se preocupam pelo fato de não poderem arcar com suas responsabilidades para com
a família e os amigos, e temem ser um fardo para os outros.
Segundo estimativas, uma em quatro famílias tem pelo menos um membro que
sofre atualmente um transtorno mental ou comportamental. Essas famílias veem-se
obrigadas não só a proporcionar apoio físico e emocional, como também a arcar com o
12
impacto negativo da estigmatização e da discriminação, presentes em todas as partes do
mundo. Embora o ônus da atenção a um familiar com distúrbio mental ou de
comportamento não tenha sido adequadamente estudado, indicações disponíveis parecem
mostrar que essa carga é realmente substancial (Pai e Kapur 1982; Fadden et al. 1987;
Winefield e Harvey 1994).
Os encargos que recaem sobre a família vão desde as dificuldades econômicas até
as reações emocionais às doenças, ao estresse em face de um comportamento perturbado
e ao comprometimento da rotina doméstica e restrição das atividades sociais (OMS 1997).
Os gastos com o tratamento de doenças mentais recaem, muitas vezes, sobre a família,
seja por não haver seguro social disponível, seja porque o seguro não cobre os Transtornos
Mentais. Além da carga diretamente relacionada aos Transtornos Mentais e
Comportamentais, é preciso levar em conta as oportunidades perdidas.
As famílias que têm um membro que sofre um distúrbio mental fazem diversos
ajustes e assumem compromissos que impedem outros membros da família atingir o seu
pleno potencial no trabalho, nas relações sociais e no lazer (Gallagher e Mechanic 1996).
Esses são os aspectos humanos do ônus dos Transtornos Mentais difíceis de avaliar e
quantificar, não obstante, são muito importantes. As famílias se vêm na contingência de
dedicar uma parcela considerável do seu tempo para cuidar de um parente mentalmente
enfermo, sofrem privações econômicas e sociais por não ser esse membro familiar
inteiramente produtivo.
Há ainda o constante temor de que a recorrência da doença possa causar
perturbação repentina e inesperada na vida dos membros da família. Portanto, é grande e
com múltiplos aspectos o impacto dos Transtornos Mentais sobre as comunidades. Há o
custo da provisão de atenção, a perda de produtividade e certos problemas legais,
incluindo a violência, associados com alguns Transtornos Mentais, embora a violência
seja causada muito mais frequentemente por pessoas "normais" do que por indivíduos
com Transtornos Mentais.
IMPACTO NA QUALIDADE DE VIDA
Os Transtornos Mentais e Comportamentais causam tremendos distúrbios na vida
daqueles que são afetados e de suas famílias. Embora não seja possível medir toda a gama
de sofrimento e infelicidade, um dos métodos de aferir o seu impacto é usar instrumentos
13
que medem a qualidade da vida (QDV) (Lehman et al. 1998). As medidas de QDV usam
classificações subjetivas do indivíduo em diversas áreas, procurando avaliar o impacto
dos sintomas e dos transtornos sobre a vida (Orley et al. 1998). Neste sentido, há diversos
estudos sobre a qualidade da vida das pessoas que sofrem distúrbios mentais, os quais
concluem que o impacto negativo, embora não seja substancial, é sustentado (UK700
Group 1999). Já se demonstrou que a qualidade da vida continua sendo baixa, mesmo
depois da recuperação de Transtornos Mentais, em virtude de fatores sociais que incluem
a persistência do estigma e da discriminação. Resultados de estudos de QDV indicam
também que os indivíduos com Transtornos Mentais graves que vivem em hospitais
psiquiátricos de atenção prolongada, têm uma qualidade de vida mais baixa do que os que
vivem na comunidade. Um estudo recente demonstrou claramente que o não atendimento
das necessidades sociais e de funcionamento básicas foram os mais importantes em uma
baixa qualidade de vida entre pessoas com Transtornos Mentais graves (UK700 Group
1999). O impacto sobre a qualidade da vida não fica limitado aos transtornos mentais
graves. Os transtornos da ansiedade e do pânico também têm efeito significativo,
especialmente no que se refere ao funcionamento psicológico (Mendlowicz e Stein ­2000;
Orley e Kuyken 1994).
PREVALÊNCIA DE TRANSTORNOS
Os Transtornos Mentais não são um domínio exclusivo deste ou daquele grupo
especial de pessoas; eles são verdadeiramente universais. Observam-se Transtornos
Mentais e Comportamentais em pessoas de todas as regiões, todos os países e todas as
sociedades. Assim sendo, os Transtornos Mentais estão presentes em mulheres e homens
em todos os estágios da vida. Eles estão presentes entre ricos e pobres e entre pessoas que
vivem em áreas urbanas e rurais. É muito errônea a ideia de que os Distúrbios Mentais
são problemas das áreas industrializadas e relativamente mais ricas. Igualmente é
incorreta a crença de que as comunidades rurais, relativamente não afetadas pelo ritmo
rápido da vida moderna, não sofrem distúrbios mentais.
Análises efetuadas recentemente pela OMS mostram que as condições
neuropsiquiátricas que abrangiam certo número desses Distúrbios Mentais acusaram uma
prevalência em cerca de 8 a 12% dos adultos. Estima-se em 450 milhões o número de
pessoas, no mundo todo, que sofriam afecções neuropsiquiátricas. Tais afecções
neuropsiquiátricas compreendiam os Transtornos Depressivos Unipolares, Transtornos
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Afetivos Bipolares, Esquizofrenia, Epilepsia, Transtornos Devidos ao Uso de Álcool e
OutrasDrogas, Doença De Alzheimer e outras demências, Estado de Estresse Pós-
Traumático, Transtorno Obsessivo-Compulsivo, Transtornos de Pânico e Insônia
Primaria.
CLASSIFICAÇÃO DOS TRANSTORNOS MENTAIS E COMPORTAMENTAIS
DO CID-10
Encontra-se uma lista completa de todos os Transtornos Mentais e
Comportamentais na Classificação de Transtornos Mentais e de comportamento CID-10:
descrições clínicas e normas de diagnóstico. Estão também disponíveis outros critérios
de diagnóstico para uma definição mais precisa desses transtornos. Esse material, que é
aplicável em diferentes culturas, foi desenvolvido a partir do Capítulo V (e F) da Décima
Revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-­10), com base numa revisão
internacional da bibliografia científica, consultas, descrições clínicas e consenso
mundiais. O Capítulo V da CID-10 dedica exclusivamente aos Transtornos Mentais e
Comportamentais. Além de dar os nomes de doenças e distúrbios, como os demais
capítulos, ele inclui também descrições clínicas e critérios de diagnóstico para pesquisa.
As categorias amplas de Transtornos Mentais comportamentais cobertos na C!D-10 são
as seguintes:
1. Transtornos mentais orgânicos, inclusive os sintomáticos - por exemplo,
demência na doença de Alzheimer, delírio.
2. Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de substância
psicoativa - por exemplo, uso prejudicial de álcool, síndrome de dependência de
opiáceos.
3. Esquizofrenia, transtornos esquizotípicos e transtornos delirantes - por
exemplo, esquizofrenia paranóide, transtornos delirantes, transtornos psicóticos agudos e
transitórios.
4. Transtornos do humor (afetivos) – por exemplo, transtorno afetivo bipolar,
episódios depressivos.
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5. Transtornos neuróticos, transtornos relacionados com o “stress” e
transtornos somatoformes - por exemplo, ansiedade generalizada, transtornos
obsessivo-compulsivos.
6. Síndromes comportamentais associadas a disfunções fisiológicas e a fatores
físicos - por exemplo, transtornos da alimentação, transtornos não-orgânicos do sono.
7. Transtornos da personalidade e do comportamento do adulto - por exemplo,
transtornos paranóicos da personalidade, transexualismo.
8. Retardo mental - por exemplo, retardo mental leve.
9. Transtornos do desenvolvimento psicológico - por exemplo, transtornos
específicos da leitura, autismo infantil.
10. Transtornos do comportamento e transtornos emocionais que aparecem
habitualmente durante a infância e a adolescência - por exemplo, transtornos
hipercinéticos, distúrbios de conduta, tiques.
11. Transtorno mental não especificado
O relatório concentra-se numa seleção de distúrbios que geralmente causam
incapacidade grave quando não tratados adequadamente e que impõem pesados encargos
à comunidade. São eles os transtornos depressivos, os transtornos do uso de substâncias,
a esquizofrenia, epilepsia, a doença de Alzheimer, o retardo mental os transtornos da
infância e da adolescência. A inclusão da epilepsia é explicada mais adiante neste
capítulo.
Alguns Transtornos Mentais e Comportamentais são incluídos em "transtornos
neuropsiquiátricos" no anexo estatístico deste relatório. Esse grupo inclui o transtorno
afetivo bipolar, as psicoses, a epilepsia, a dependência de álcool, a doença de Alzheimer
e outras demências, a doença de Parkinson, a esclerose múltipla, a dependência de drogas,
o distúrbio da dependência pós-traumática de drogas, os transtornos obsessivo-
compulsivos, os transtornos de pânico e os distúrbios do sono.
Para se entender melhor essa questão de prevalência, vejamos que: as taxas de
prevalência diferem conforme se refiram a pessoas que apresentam dada afecção em certo
ponto da vida (prevalência de ponto), a qualquer tempo durante um período (prevalência de
período) ou a qualquer tempo durante a sua vida (prevalência vitalícia). Embora sejam
frequentemente citadas cifras de prevalência de ponto, inclusive neste relatório, as cifras de
prevalência em períodos de um ano são mais úteis para dar uma indicação do número de
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pessoas que podem necessitar de serviços em um ano. As cifras de prevalência variam também
com base nos conceitos e nas definições dos transtornos incluídos no estudo. Quando se
consideram todos os transtornos incluídos na CID-10 (ver Caixa 2.1), têm sido anunciadas taxas
de prevalência maiores. Pesquisas realizadas em países, tanto desenvolvidos como em
desenvolvimento, mostraram que durante a vida inteira, mais de 25% das pessoas apresentam
um ou mais Transtornos Mentais e Comportamentais (Regier et al. 1988; Wells et al. 1989;
Almeida Filho et al. 1997). A maioria dos estudos chegaram à conclusão de que a prevalência
geral de Transtornos Mentais é, aproximadamente, a mesma no sexo masculino e no feminino,
sendo que as diferenças porventura existentes são explicadas pela distribuição diferencial dos
transtornos. Os Transtornos Mentais graves são também mais ou menos igualmente comuns,
com exceção da depressão, que é mais comum no sexo feminino, e dos transtornos devidos ao
uso de substâncias, que ocorrem mais frequentemente no sexo masculino. A relação entre
pobreza é também examinada mais adiante, neste capítulo.

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