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Processos Psicopatológicos e Contemporaneidade - PDF

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Processos Psicopatológicos e Contemporaneidade 
 
1 
 
A palavra Psicopatologia é composta de 
três palavras gregas: 
• Psychê: psique, psiquismo, 
psíquico, alma; 
• Pathos: paixão, excesso, passagem, 
passividade, sofrimento, 
assujeitamento, patológico; 
• Logos: lógica, discurso, 
narrativa, conhecimento. 
Psicopatologia seria, então, um 
discurso, um saber sobre a paixão da 
mente, da alma. Ou seja, um discurso 
representativo a respeito do pathos 
psíquico; um discurso sobre o sofrimento 
psíquico; sobre o padecer psíquico. 
História 
Cada contexto histórico-político teve 
sua psicopatologia, ou seja, suas 
tentativas de “decompor” o sofrimento 
psíquico em seus elementos de base para, 
a partir daí, compreendê-los, 
classificá-los, estudá-los e tratá-los. 
• Na Grécia pré-socrática (Pessotti, 
1995), o sofrimento psíquico era 
um castigo dos deuses irritados 
com a hybris dos homens. 
• Por ser obra de Zeus, o homem não 
é responsável por sua loucura, e 
nenhum estigma é-lhe acarretado. A 
terapia era o misterioso 
pharmakon, que reinseria o sujeito 
em seu grupo social. 
• Nos textos trágicos, a loucura 
resulta da impossibilidade de 
escolha individual nos conflitos 
entre paixões, lealdades e deveres 
impostos pelo destino. 
• Com Hipócrates, a loucura - a 
perda da razão ou do controle 
emocional - é entendida como um 
efeito do desarranjo na natureza 
orgânica do homem. Sua etiologia 
deve ser buscada nas disfunções 
humorais; 
• Tal concepção afasta 
definitivamente a influência 
divina na loucura. Essas ideias, 
que revelam uma visão organicista 
do distúrbio, terão profunda 
influência na medicina nos séculos 
XVIII e XIX. 
Civilizações Antigas 
• Em IV a.C. médicos babilônios 
atribuíam a loucura às possessões 
demoníacas e os tratamentos eram 
feitos a partir de práticas 
astrológicas e oraculares, além do 
sacrifício de animais; 
• Os egípcios construíram templos 
onde realizavam curas e 
funcionavam como escolas médicas; 
• Na concepção mágico-animista ou 
demonológica própria das antigas 
civilizações (índia, China, 
Mesopotâmia, Egito e por aí vai), 
a maior parte das enfermidades, e 
especialmente os transtornos 
psíquicos, se atribuem à possessão 
de maus espíritos ou a influências 
da feitiçaria ou da bruxaria; 
• Os hebreus tinham a crença que o 
Deus único é quem atribuía doenças 
e as curava – os médicos apelavam 
a Deus pela cura do paciente; 
• Os persas eram dualistas e 
acreditavam na luta entre o deus 
da bondade e justiça x espírito do 
mal e das trevas, assim as doenças 
eram causadas quando o mal 
predominava, a cura vinha por meio 
de exorcismo; 
• Histeria (do francês hystérie). O 
tem origem no termo médico grego 
hysterikos, que se referia a uma 
suposta condição médica peculiar a 
mulheres, causada por perturbações 
no útero, hystera em grego. O 
termo histeria foi utilizado por 
Hipócrates, que pensava que a 
causa da histeria fosse um 
movimento irregular de sangue do 
útero para o cérebro. 
Era Clássica 
• Era Clássica (1000 a.C.) poemas de 
Homero apresentavam descrições de 
pessoas com insanidade mental; 
• Para Homero não havia desastres, 
tudo era determinado por Zeus. A 
loucura era obra de Zeus, de 
outros deuses ou de entidades 
subalternas na mitologia; 
Processos Psicopatológicos e Contemporaneidade 
 
2 
 
• Pessoas que cometiam ofensas aos 
deuses recebiam como castigo a 
loucura e os templos eram os locais 
para cura dos doentes → os templos 
eram construídos em locais 
afastados das cidades e o 
“tratamento” eram banhos e 
passeios pelos jardins → os sonhos 
também eram considerados como 
curador; 
Período Romano 
• Galeno criou teoria dos 4 
elementos e 4 humores (sangue, 
fleuma, bílis amarela e bílis 
negra): 
 
• Teoria humoral: 
o Dependendo da predominância de 
um ou outro humor, tinha-se o 
indivíduo sanguíneo (otimista), 
fleumático (sereno), colérico 
(explosivo) e melancólico 
(pessimista); 
o Primeiras descrições de 
delírios tóxicos e depressão, 
chamada de melancolia causada 
pelo acúmulo de bílis negra. 
Idade Média 
• Período medieval: com a queda do 
império romano, o cristianismo 
assume o papel da cura. No lugar 
dos Deuses entram os santos; 
• Pessoas foram queimadas por 
apresentar quadros de ansiedade e 
surtos psicóticos; 
• Até o século XIII e XI as doenças 
do corpo eram tratadas pelos 
médicos e as doenças mentais pelos 
sábios → crença na feitiçaria; 
• Origem demoníaca das doenças 
mentais; 
Renascimento 
• No período renascentista, os 
loucos eram atirados rio abaixo, 
como cargas insanas em embarcações 
que recebiam o nome de Nau de 
Loucos. Essas embarcações 
dispunham de um valor simbólico, 
como um ritual que libertava a 
sociedade dos doidos. Confiar o 
louco aos marinheiros era a 
certeza de evitar que ficasse 
vagando nas cidades e, de que ele 
iria para longe, era torná-lo 
prisioneiro de sua própria 
partida. 
• Renascimento (a partir de 1400): 
estudo de anatomia → doença mental 
como perturbação das substâncias 
internas do corpo; 
Iluminismo 
• Ciências naturais (fisiologia) → 
descoberta do sistema circulatório 
→ emoções agem direto no copo 
alterando suas funções; 
• Melhora na classificação de 
sintomas e doenças; 
• 1745-1826: Philippe pinel 
sistematizou as doenças 
psiquiátricas → transtorno mental 
tinha como base o sistema nervoso 
central (lesão, hereditária, 
experiências de vida) → 
psiquiatria moderna; 
• A loucura, que até então era 
exaltada como marca do divino, 
constitui-se em um modo de 
exclusão, devido às mudanças 
ocorridas em decorrência do 
crescimento das cidades, com o 
poder das relações políticas e com 
o desenvolvimento da 
industrialização; 
• Nesse período, foram criados, em 
território europeu, os primeiros 
estabelecimentos para internação, 
destinados a receber os loucos; 
• Essas casas de internamento eram 
verdadeiros cárceres que 
aprisionavam uma serie de 
indivíduos, portadores de doenças 
venéreas, mendigos, vagabundos, 
libertinos, bandidos, 
eclesiásticos em infração, os 
próprios loucos, enfim, todos 
aqueles que, em relação à ordem da 
razão, da moral e da sociedade, 
demonstravam fonte de desordem e 
desorganização moral; 
• No Hotel-Dieu, os internados eram 
separados por sexo, alas masculina 
e feminina, que abrigavam os 
loucos de forma inadequada, 
agrupados e aglomerados sem espaço 
Processos Psicopatológicos e Contemporaneidade 
 
3 
 
e sem condições adequadas. Não 
havia conscientização da 
necessidade de cuidados médicos 
diários para os doentes, pois a 
falta de assistência médica se 
dava pelo temor da contaminação 
pelo “mal”; 
• O louco era visto como um animal, 
desprovido de sua racionalidade, 
de sua fragilidade humana e de 
sensibilidade à dor física. Como a 
animalidade, a loucura era sinal 
de humilhação e sofrimento. 
Era Moderna 
• Discriminar uma doença mental de 
outra e diferenciá-las dos males 
físicos; 
• Kraepelin: sistematização 
psiquiátrica; 
• Charcot: histeria; hipnose como 
tratamento; 
• Bleuler cria o termo 
esquizofrenia: psicoses conhecidas 
como demência precoce; 
• Freud: aluno de Charcot, aprende a 
usar a hipnose → limitações → 
associação livre + interpretação 
dos sonhos + energia sexual → 
psicanálise. 
Século XX 
• Depois da segunda guerra mundial, 
com o retorno do crescimento 
econômico e da reconstrução 
social, época de movimentos civis 
e de intolerância para com as 
diferenças e as minorias, que a 
comunidade profissional, por 
diferentes vias, chega à conclusão 
de que o hospital psiquiátrico 
deveria ser transformado. Mediante 
vários movimentos constituídos e 
desenvolvidos em diversos lugares 
do mundo foi que se atingiu o 
ponto máximo no questionamento sem 
precedentes da ordem social 
contemporânea, influenciando 
decisivamente a rupturado 
paradigma psiquiátrico construído 
ao longo dos anos; 
• Na segunda metade do século XX, a 
evidente deterioração de muitos 
hospitais psiquiátricos com 
características asilares 
(superlotação, malversação e falta 
de fiscalização), o baixo grau de 
validade e confiabilidade dos 
diagnósticos psiquiátricos e o 
intenso questionar acerca dos 
aspectos sociais envolvidos no 
adoecer mental fizeram com que o 
conhecimento aportado por diversas 
disciplinas das ciências humanas 
(como p.ex. sociologia, ciência 
política, antropologia, etc.) 
passassem a ter um peso 
significativo na aproximação ao 
entendimento da vida mental e seu 
adoecer; 
• Nesse contexto surgiu a 
antipsiquiatria e a luta 
antimanicomial; 
• Antipsiquiatria: a negação dos 
transtornos mentais (seus 
portadores seriam apenas pessoas 
diferentes, que não se 
enquadrariam no mercado de 
trabalho, considerados doentes 
mentais para que a sociedade 
capitalista legitimasse um 
controle policialesco sobre estes 
indivíduos, através da medicina, 
psiquiatria); 
• Luta antimanicomial: defesa do 
fechamento de todos os hospitais 
especializados no tratamento de 
doentes mentais (denominado por 
este movimento de “manicômios”). 
Brasil 
• Guardada uma defasagem temporal, 
movimentos semelhantes também 
ocorreram no Brasil; 
• O primeiro momento de preocupação 
efetiva com o doente mental no 
Brasil foi em 1841 (período da 
transferência da corte portuguesa 
para o Brasil), quando se 
autorizou, por decreto, a 
construção do hospício; 
• Holocausto brasileiro: no século 
XX, o estado brasileiro optou por 
delegar grande parte do 
atendimento hospitalar ao doente 
mental à iniciativa privada, 
cabendo a ele, estado, pagar e 
fiscalizar. Não fiscalizou e, à 
semelhança do ocorrido no resto do 
mundo, boa parte destes serviços 
superlotaram e deterioraram; 
• Em 1989, ao que parece fortemente 
influenciado pela lei 180/1978 de 
Processos Psicopatológicos e Contemporaneidade 
 
4 
 
Franco Basaglia na Itália, o 
deputado federal Paulo delgado 
lançou um projeto de lei (PL 
3657/1989) propondo o fechamento 
de todos os hospitais 
psiquiátricos do país – demorou 12 
anos até essa lei ser promulgada 
(lei 10.216/2001); 
• Com a alteração da legislação 
houve a reforma psiquiátrica; 
• Reforma psiquiátrica: entendida 
como processo social complexo, que 
envolve a mudança na assistência 
de acordo com os novos 
pressupostos técnicos e éticos, a 
incorporação cultural desses 
valores e a convalidação jurídico-
legal desta nova ordem; 
• No campo da assistência, a 
portaria nº 224, de 29 de janeiro 
de 1992 do ministério da saúde 
estabelece as diretrizes para o 
atendimento nos serviços de saúde 
mental, normatizando vários 
serviços substitutivos como: 
atendimento ambulatorial como 
serviços de saúde mental (unidade 
básica, centro de saúde e 
ambulatório), centros e núcleos de 
atenção psicossocial (CAPS/NAPS), 
Hospital-Dia (HD), serviço de 
urgência psiquiátrica em hospital-
geral, leito psiquiátrico em 
hospital-geral, além de definir 
padrões mínimos para o atendimento 
nos hospitais psiquiátricos, até 
que sejam totalmente superados. 
• No século XX, o Estado Brasileiro 
optou por delegar grande parte do 
atendimento hospitalar ao doente 
mental à iniciativa privada, 
cabendo a ele, Estado, pagar e 
fiscalizar. 
• CAPS I: Atendimento a todas as 
faixas etárias, para transtornos 
mentais graves e persistentes, 
inclusive pelo uso de substâncias 
psicoativas, atende cidades e ou 
regiões com pelo menos 15 mil 
habitantes. 
• CAPS II: Atendimento a todas as 
faixas etárias, para transtornos 
mentais graves e persistentes, 
inclusive pelo uso de substâncias 
psicoativas, atende cidades e ou 
regiões com pelo menos 70 mil 
habitantes. 
• CAPS i: Atendimento a crianças e 
adolescentes, para transtornos 
mentais graves e persistentes, 
inclusive pelo uso de substâncias 
psicoativas, atende cidades e ou 
regiões com pelo menos 70 mil 
habitantes. 
• CAPS ad Álcool e Drogas: 
Atendimento a todas as faixas 
etárias, especializado em 
transtornos pelo uso de álcool e 
outras drogas, atende cidades e ou 
regiões com pelo menos 70 mil 
habitantes. 
• CAPS III: Atendimento com até 5 
vagas de acolhimento noturno e 
observação; todas as faixas 
etárias; transtornos mentais 
graves e persistentes inclusive 
pelo uso de substâncias 
psicoativas, atende cidades e ou 
regiões com pelo menos 150 mil 
habitantes. 
• CAPS ad III Álcool e Drogas: 
Atendimento e 8 a 12 vagas de 
acolhimento noturno e observação; 
funcionamento 24h; todas as faixas 
etárias; transtornos pelo uso de 
álcool e outras drogas, atende 
cidades e ou regiões com pelo 
menos 150 mil habitantes. 
O que é normal? 
• Suar frio ao pensar em ficar preso 
em um elevador; 
• Recusar-se a comer alimentos 
sólidos durante dias seguidos a 
fim de permanecer magro? 
• Beber meia dúzia de cervejas por 
dia a fim de “socializar” com os 
amigos após o trabalho 
• Xingar, jogar almofadas e bater 
com os punhos na parede no meio de 
uma discussão; 
• Lavar as mãos de uma maneira 
minuciosa ao chegar em casa após 
viagem de ônibus. 
Como definir anormal? 
Cinco critérios estabelecidos pela 
comunidade de saúde mental: 
Processos Psicopatológicos e Contemporaneidade 
 
5 
 
• Significância clínica: grau de 
prejuízo mensurável; 
• Comportamento reflete uma 
disfunção dos processos 
psicológicos, biológicos ou do 
desenvolvimento; 
• Está associado com sofrimento ou 
incapacidade, significativas nas 
esferas importantes da vida; 
• O comportamento não pode ser 
socialmente desviante em termos de 
religião, política ou sexualidade; 
• Os conflitos entre o sujeito e a 
sociedade não são considerados 
transtornos psicológicos a menos 
que reflitam uma disfunção do 
indivíduo (antes pessoas 
diagnosticadas por governos 
opressores); 
Causas do comportamento anormal: 
• Biológicas: herança genética, 
mudanças fisiológicas, exposição a 
substâncias tóxicas; 
• Psicológicas: experiencias de 
aprendizagem passadas, padrões de 
pensamento mal adaptativos, 
dificuldades de enfrentar 
estresse; 
• Socioculturais: políticas sociais, 
discriminação, estigma. 
Semiologia 
• Semiologia médica: estudo dos 
sintomas e dos sinais das doenças; 
• Semiologia psicopatológica: 
estudos dos sinais e sintomas dos 
transtornos mentais. 
o Sintomas: algo subjetivo, a 
pessoa sente, fáceis de 
identificar. 
o Sinais: o que as outras 
pessoas percebem. 
• Doença: vem do latim e quer dizer 
padecimento; 
• Transtorno: descreve qualquer 
anormalidade, sofrimento ou 
comprometimento de ordem 
psicológica e/ou mental; 
• Síndrome: caracteriza um conjunto 
de sinais e sintomas que definem 
uma determinada patologia ou 
condição; 
• Distúrbio: abrange alterações de 
natureza estrutural e funcional, 
sugere a existência de 
comprometimento neurológico. 
• A CID-10 foi elaborada pela OMS e 
lançada em 1992, apresenta em seu 
quinto capítulo os transtornos 
mentais e comportamentais; 
• Os transtornos são codificados 
pela letra F, seguida pelos 
numerais de 0 a 9, que 
correspondem as nove classes de 
transtornos presentes; 
• Os diagnósticos podem ser ainda 
refinados com o acréscimo de mais 
dois numerais, que correspondem a 
características especificas do 
transtorno apresentado. 
• Por exemplo, o código F30.2 
significa, respectivamente, 
capítulo de transtornos mentais 
(F), classe dos transtornos de 
humor (3), episódio maníaco (0), 
com sintomas psicóticos (.2). 
• A CID que é utilizada 
internacionalmente, é considerada 
oficial no Brasil, para fins 
diagnósticos. Os códigos e termos 
fornecidos no DSM-5 são 
compatíveis com a CID-10. 
• No ano de 1952, a Associação 
psiquiátrica americana (APA) 
publicou a primeira edição do 
“Manual Diagnóstico e Estatístico 
de TranstornosMentais” (DSM-I), e 
as edições seguintes, publicadas 
em 1968 (DSM-II), 1980 (DSM-III), 
1987 (DSM-III-R) e 1994 (DSM-IV), 
foram revistas, modificadas e 
ampliadas; 
• Uma característica importante do 
DSM-III foi a hierarquização dos 
diagnósticos: um paciente 
diagnosticado como esquizofrênico, 
Processos Psicopatológicos e Contemporaneidade 
 
6 
 
por exemplo, não poderia receber o 
diagnostico simultâneo de 
transtorno do pânico. A patologia 
mais grave, era considerada 
hierarquicamente superior ao 
quadro do pânico. Desta forma, era 
atendida a velha máxima da 
medicina, que preconiza a 
identificação de uma única 
patologia para explicar todos os 
sintomas que compõem o quadro 
clínico de um paciente; 
• Entretanto, em 1987, com a 
publicação do DSM-III-R, esta 
hierarquia foi abolida, e o manual 
passou a incentivar a feitura 
simultânea de dois ou mais 
diagnósticos num mesmo paciente. 
Surgiu, assim, o conceito de 
comorbidade, em psiquiatria, que 
foi confirmado pelo DSM-IV e 
amplamente difundido nos anos 90, 
sendo utilizado regularmente 
atualmente. 
• Composto por 22 capítulos que 
incluem conjuntos de transtornos 
relacionados; 
• Os capítulos são organizados de 
modo que os transtornos 
relacionados apareçam mais 
próximos uns dos outros; 
• Doenças psicológicas e biológicas 
com frequência tem relação entre 
si; 
• Diversos diagnósticos no DSM-5 têm 
integrado a si um diagnóstico 
médico, tal como uma doença 
neurológica que produz sintomas 
cognitivos 
• Entretanto, se uma doença 
primariamente médica não foi 
especificada no DSM-5, os clínicos 
podem especificá-la usando os 
diagnósticos-padrão da CID. 
Diagnóstico diferencial: DSM- 
passo a passo 
Passo 1: excluir a simulação e 
transtorno factício 
• Observar a natureza e a gravidade 
de sintomas descritos pelo 
paciente, a fim de chegar ao 
diagnóstico preciso; 
• Há pacientes que podem escolher 
enganar o profissional, produzindo 
ou fingindo sintomas; 
• Motivação da fraude: 
o Quando se trata da conquista 
de um objetivo reconhecível 
(indenização do seguro, 
evitação de 
responsabilidades legais e 
militares, obtenção de 
drogas) = simulação; 
o Quando o comportamento 
enganador está presente 
mesmo na ausência de uma 
obvia recompensa externa, o 
diagnóstico é o de 
transtorno factício. 
• Suspeitas 
1. Quando existem estímulos 
externos claros para que o 
paciente seja diagnosticado com 
uma condição psiquiátrica 
(avaliações forenses em 
processos criminais ou civis, 
estabelecimentos prisionais 
etc.); 
2. Quando o paciente se apresenta 
com um conjunto de sintomas 
psiquiátricos que se conformam 
mais com uma percepção leiga da 
doença mental do que com uma 
entidade clínica reconhecida; 
3. Quando a natureza dos sintomas 
muda radicalmente de um 
encontro para o outro; 
4. Quando o paciente tem uma 
apresentação que imita a de um 
outro modelo (outro paciente da 
unidade, um parente próximo com 
uma doença mental); 
5. Quando o paciente é 
caracteristicamente manipulador 
ou sugestionável 
Passo 2: excluir etiologia de substância 
• Os sintomas surgem a partir de uma 
substância que exerce um efeito 
direto no sistema nervoso central 
(SNC); 
• Os sintomas psicóticos são devidos 
a intoxicação por cocaína, não faz 
sentido, em geral, que o paciente 
comece de imediato a tomar um 
medicamento antipsicótico, a não 
ser que os sintomas psicóticos 
Processos Psicopatológicos e Contemporaneidade 
 
7 
 
estejam colocando o indivíduo (ou 
outros) em perigo imediato. 
• Primeira tarefa: determinar se a 
pessoa tem usado alguma 
substância; 
• Segunda tarefa: 
o Os sintomas psiquiátricos 
resultam dos efeitos diretos 
da substância sobre o SNC; 
o O uso da substância é uma 
consequência (ou aspecto 
associado) de ter um 
transtorno psiquiátrico 
primário (automedicação); 
o Os sintomas psiquiátricos e 
o uso de substâncias são 
independentes. 
• Ao diagnosticar um transtorno 
induzido por substância: 
o Existe uma relação causal 
entre o uso de uma 
substância e a 
sintomatologia psiquiátrica? 
Deve-se considerar a 
probabilidade de uso de 
substâncias/medicamento 
resultar nos sintomas 
psiquiátricos; 
o Determinar se houve um 
período no qual os sintomas 
psiquiátricos estavam 
presentes fora do contexto do 
uso de 
substância/medicamento → 
melhor método para avaliar 
relação etiológica entre o 
uso e os sintomas 
psiquiátricos; 
o Ao determinar a 
probabilidade de que um 
padro de uso de 
substância/medicamento pode 
explicar os sintomas, você 
deve também considerar se a 
natureza, a quantidade e a 
duração do uso de 
substância/medicamento são 
consistentes com o 
desenvolvimento dos sintomas 
psiquiátricos observados. 
• Em alguns casos, o uso de 
substância pode ser a consequência 
ou um traço associado (mais do que 
uma causa) se sintomatologia 
psiquiátrica. O comportamento de 
consumo de substância pode ser 
considerado uma forma de 
automedicação em virtude da 
condição psiquiátrica. Por 
exemplo, um indivíduo com 
transtorno de ansiedade pode beber 
álcool em excesso devido a seus 
efeitos sedativos e ansiolíticos; 
• Depois de decidir que uma 
apresentação é devida aos efeitos 
diretos de uma substância ou 
medicamento, você deve determinar 
qual o transtorno induzido por 
substância melhor descreve a 
apresentação. 
Passo 3: excluir um transtorno devido a 
uma condição médica 
• Determinar se os sintomas 
psiquiátricos são devidos aos 
efeitos diretos de uma condição 
médica geral. Primeiro descartar 
causas físicas da sintomatologia 
mental; 
• Quando a frase “devido a uma 
condição médica é usada, o que 
isso realmente significa é que os 
sintomas são devidos a uma 
condição médica que é classificada 
fora do capítulo de transtornos da 
CID – isto é, não psiquiátrica; 
• Esse diagnostico diferencial pode 
ser difícil por quatro razões: 
o Os sintomas de alguns 
transtornos psiquiátricos e de 
várias condições médicas podem 
ser idênticos (por exemplo: 
sintomas de perda de peso e 
fadiga podem ser atribuíveis a 
transtornos depressivos ou de 
ansiedade ou uma condição 
médica geral); 
o Algumas vezes, os primeiros 
sintomas apresentados de uma 
condição médica geral são 
psiquiátricos (por exemplo: 
depressão procedente de um 
tumor cerebral); 
o A relação entre a condição 
médica geral e os sintomas 
psiquiátricos pode ser 
complicada (por exemplo, 
depressão ou ansiedade como uma 
reação psicológica a ter uma 
condição médica geral versus a 
condição médica a ser a causa 
ou a ansiedade por meio de seu 
efeito fisiológico direto sobre 
o SNC); 
o Praticamente qualquer 
apresentação psiquiátrica pode 
Processos Psicopatológicos e Contemporaneidade 
 
8 
 
ser causada pelos efeitos 
fisiológicos diretos de uma 
condição médica geral, e eles 
são considerados no DSM-5 como 
um dos transtornos mentais 
devidos a outra condição médica 
(por exemplo: transtorno 
depressivo devido a 
hipotireoidismo); 
• Uma vez que uma condição médica 
geral for estabelecida, a próxima 
tarefa é determinar sua relação 
etiológica, se houver alguma, com 
os sintomas psiquiátricos. 
Passo 4: determine os transtornos 
primários específicos 
• Uma vez que o uso de substância e 
as condições médicas gerais tenham 
sido excluídos como etiologias, o 
próximo passo é determinar qual 
dentre os transtornos mentais 
primários do DSM-5 melhor explica 
a sintomatologia apresentada; 
• Vários dos agrupamentos 
diagnósticos no DSM-5 (por 
exemplo: transtorno do espectro da 
esquizofrenia e outros transtornos 
psicóticos, transtornos de 
ansiedade etc.) são organizados em 
torno de uma apresentação comum de 
sintomas justamente para facilitar 
o diagnostico diferencial. 
Passo 5: diferenciar transtornos de 
adaptação de outros transtornos 
especificados ounão especificados 
residuais 
• O julgamento clínico for de 
sintomas que se desenvolveram como 
uma resposta mal adaptativa a um 
estressor psicossocial, o 
diagnostico será de transtorno de 
adaptação. Se for definido que um 
estressor não é o responsável pelo 
desenvolvimento dos sintomas 
clinicamente significativos, a 
categoria relevante de outros 
transtornos especificados ou 
transtornos não especificados pode 
ser diagnosticada. Por exemplo, se 
a apresentação do paciente é 
categorizada por sintomas 
depressivos que não se encaixam 
nos critérios de quaisquer 
transtornos incluídos no capítulo 
“transtornos depressivos” do DSM-
5, então outro transtorno 
depressivo especificado ou 
transtorno depressivo não 
especificado é diagnosticado; 
• O DSM-5 oferece duas versões de 
categorias residuais: outro 
transtorno especificado e 
transtorno não especificado. 
Passo 6: estabelecer os limites com a 
inexistência de transtorno mental 
• A perturbação causa sofrimento 
significativo do ponto de vista 
clínico, ou prejuízo no 
funcionamento social, profissional 
ou em outras áreas importantes da 
vida do indivíduo; 
• A fronteira entre transtorno e 
normalidade pode ser estabelecida 
apenas por julgamento clínico, e 
não por quaisquer regras rígidas e 
rápidas. O que pode parecer 
significativo do ponto de vista 
clínico é sem dúvida influenciado 
pelo contexto cultura, o contexto 
no qual o indivíduo é visto, 
vieses do profissional, vieses do 
paciente e a disponibilidade de 
recursos; 
• Em contextos clínicos de saúde 
mental, o julgamento sobre se a 
apresentação é clinicamente 
significativa não é, muitas vezes, 
um problema, o fato de que o 
indivíduo buscou ajuda faz da 
condição algo “clinicamente 
significativo”. 
Aparência 
• Observação cuidadosa da aparência 
do examinado, tais como, 
vestuário, adornos, tatuagens 
cuidados pessoais, idade real x 
idade aparente, atitude com o 
examinador; 
• Apresentação adequada para 
situação, colaborativo, cuidados 
de higiene adequados; 
• Apresentação bizarra com falta de 
higiene, pouco colaborativo, 
negativista ao contato. 
Consciência 
Processos Psicopatológicos e Contemporaneidade 
 
9 
 
• Neuropsicológica: nível de 
consciência: estado vigil, grau de 
clareza do sensório, estar 
desperto, acordado, vigil, lúcido; 
• Psicológica: soma total das 
experiências conscientes no 
momento, capacidade do indivíduo 
entrar em contato com a realidade, 
perceber e conhecer os objetos; 
• Filosófica: capacidade de tomar 
ciência dos direitos e deveres 
éticos (Edmund Husserl- tabua 
rasa); 
• Capacidade de estar desperto → 
atividade tronco cerebral e do 
diencéfalo → hemisférios 
cerebrais/lobo parietal /áreas 
pré-frontais/ interações tálamo-
corticais → tônus para o 
funcionamento; 
• Lesões ou disfunções nestas áreas 
produzem as alterações nos níveis 
de consciência e altera as demais 
funções psíquicas. 
Alterações normais da consciência 
• Sono: estado especial da 
consciência pode ser 
comportamental ou fisiológico. 
o Sono Não REM: diminuição da 
atividade do sistema nervoso 
autônomo simpático e aumento 
relativo do tônus do 
parassimpático → nível 
mínimo de funcionamento 
cardíaco e respiratório; 
o Sono REM: instabilidade no 
sistema nervoso autônomo 
simpático com variações das 
frequências cardíaca e 
respiratória, pressão 
arterial, débito cardíaco e 
fluxo sanguíneo cerebral, 
movimento rápido dos olhos, 
relaxamento muscular 
profundo, sonhos; 
• Sonho: já foi considerado modelo 
de loucura no século XIX → A 
loucura é o sonho acordado (Moreau 
de Tours). 
o Os sonhos são vivências 
visuais raramente auditivas, 
olfativas ou táteis, mas 
podem ocorrer sensações de 
orgasmos; 
o interpretação dos sonhos: 
diferente culturas e crenças 
religiosas; 
o Freud em 1900 publicou a 
Interpretação dos Sonhos → 
fenômeno psicológico → 
indireto e disfarçado → 
conteúdo dos sonhos 
apresentam significados; 
o Transformação de conteúdos 
latentes e manifestos → 
condensação, deslocamento → 
desejos reprimidos e “luta” 
entre o inconsciente e 
consciente/ pré-consciente. 
Alterações patológicas da 
consciência 
Quadros neurológicos podem alterar o 
nível de consciência diminuindo 
progressivamente de normal, vigil, 
desperto até o estado de coma profundo; 
Graus de rebaixamento: 
• Obnubilação da consciência ou 
turvação da consciência: leve a 
moderado, ↓ grau de clareza do 
sensório, lentidão da compreensão 
e dificuldade de concentração 
(parece sonolência, mas não é); 
• Sopor: marcante turvação da 
consciência, responde ao estímulo 
energético com dificuldade, reage, 
mas não age,↓ psicomotricidade; 
• Coma: grau mais profundo de 
rebaixamento do nível de 
consciência (não é possível 
qualquer atividade voluntária 
consciente); 
• Delirium: síndrome confusionais 
agudas, rebaixamento leve a 
moderado, desorientação tempo 
espacial, dificuldade de se 
concentrar, perplexidade, 
ansiedade, agitação ou 
lentificação psicomotora, ilusões 
e/ou alucinações 
(delirium/consciência ≠ 
delírio/pensamento); 
• Estado onírico ou amência: “sonhar 
acordado”, presença de alucinação 
visual com carga emocional → pode 
ter amnésia posterior → psicose 
tóxica, síndrome de abstinência a 
drogas (delirium tremes) e quadros 
febris tóxico-infeccioso; 
Processos Psicopatológicos e Contemporaneidade 
 
10 
 
• Síndrome do Cativeiro: infarto ou 
mielinólise da porção central da 
base → parece não responsivo, mas 
apresenta movimentos oculares 
voluntários. 
Algumas alterações são de níveis 
psicopatológicos/psiquiátricos e podem 
ser parcial ou focal do campo da 
consciência: 
• Estados Crepusculares: 
estreitamento transitório do campo 
da consciência, mas com 
conservação da atividade 
psicomotora → surge e desaparece 
de forma abrupta → de horas a 
semanas → atos explosivos, 
descontrole emocional → histeria, 
epilepsia e intoxicações; 
• Dissociação da consciência: 
fragmentação do campo da 
consciência → crises 
dissociativas/crises histéricas → 
semelhante ao sonho → minutos a 
horas → ansiedade → desliga da 
realidade para não sofrer; 
• Transe: dissociação semelhante ao 
sonho acordado, mas com presença 
de atividade motora automática e 
estereotipada → contexto 
religioso. 
Atenção 
• Como a direção da consciência → 
estado de concentração da 
atividade mental sobre determinado 
objeto; 
• Atenção interage com diversas 
áreas do sistema nervoso → sistema 
reticular ativador ascendente e 
áreas corticais → processos de 
seleção e concentração → foco da 
atenção; 
• Estruturas límbicas também estão 
envolvidas com o interesse afetivo 
→ atração, motivação e carga 
emocional para o objeto; 
• Dois tipos básicos de atenção: 
o atenção voluntária: 
concentração, é ativa e 
intencional. 
o atenção espontânea: 
interesse momentâneo, 
incidental, que desperta 
este ou aquele objeto; 
• Direção da atenção: 
o atenção externa: mundo 
exterior ou corpo/sensorial. 
o atenção interna: 
introspectiva, meditativa; 
• Amplitude da atenção: atenção 
focal → concentrada ou dispersa 
(não se concentra); 
• Atenção seletiva: capacidade de 
seleção de estímulos e objetos 
específicos; 
• Atenção sustentada: manutenção da 
atenção seletiva, execução de 
tarefas; 
• Tenacidade: capacidade de fixar 
sua atenção sobre determinada área 
ou objeto; 
• Vigilância: qualidade da atenção 
que permite mudar o foco de um 
objeto para outro; 
Alterações da atenção 
• Hipoprosexia: atenção global 
diminuída, dificuldade de perceber 
o ambiente e de compreensão; 
• Aprosexia: perda total da 
capacidade de atenção; 
• Hiperprosexia: atenção exacerbada; 
• Distração: é um sinal não um 
déficit, superconcentração ativa 
da atenção sobre um objeto com 
inibição do restante; 
o distraibilidade: estado 
patológico da distração→ 
instabilidade e mobilidade 
acentuada da atenção 
voluntária com dificuldade 
ou incapacidade para se 
fixar ou se manter em 
qualquer coisa que implique 
esforço produtivo, atenção 
facilmente desviada; 
• Mania: diminuição da atenção 
voluntaria e aumento da atenção 
espontânea com hiper vigilância e 
hipotenacidade 
Orientação 
• Capacidade de situar-se quanto a 
si mesmo e ao ambiente; 
• Verificar o nível de consciência; 
• Auto psíquica: orientação em 
relação a si mesmo; 
• Alo psíquica: orientação em 
relação ao mundo; 
Processos Psicopatológicos e Contemporaneidade 
 
11 
 
• Temporal: orientação em relação ao 
tempo, ou seja, momento 
cronológico; 
• Espacial: orientação em relação ao 
lugar onde ele se encontra. 
Alterações da orientação 
• Frequentes em pacientes com lesões 
cerebrais, delirium e demências; 
também pode ocorrer em casos de 
depressão severa; 
• Desorientação por redução do nível 
de consciência/temporosa/confusa: 
desorientação por rebaixamento ou 
turvação da consciência; afeta a 
atenção, a concentração e 
capacidade de integrar os 
estímulos ambientais; 
• Desorientação por déficit de 
memória de fixação/amnésica: não 
consegue fixar na memória as 
informações ambientais básicas e 
com isso perde a noção de tempo e 
espaço; 
• Desorientação demencial: perda da 
memória de fixação, déficit do 
reconhecimento ambiental e 
desorganização geral das funções 
cognitivas; 
• Desorientação por apatia e/ou 
desinteresse 
profundo/apática/abúlica: 
alteração do humor e da volição; 
• Desorientação delirante: estado 
delirante; 
• Desorientação oligofrênica: graves 
déficits intelectuais, 
incapacidade ou dificuldade em 
compreender o ambiente e normas 
sociais; 
• Desorientação histérica: quadro 
histérico grave, acompanhado de 
alteração da identidade pessoal e 
alteração de consciência 
(dissociação); 
• Desorientação por desagregação: 
pacientes psicóticos; desagregação 
do pensamento e desorganização; 
• Desorientação quanto à própria 
idade: discrepância de 5 anos ou 
mais; esquizofrênico crônicos. 
Como avaliar? 
• Temporal: que dia é hoje? Qual o 
dia da semana? Qual o dia do mês? 
Em que mês estamos? Em que ano 
estamos? Qual a época do ano 
(começo, meio ou final do ano)? 
Aproximadamente, que horas do dia 
são agora? 
• Espacial: onde estamos? Como se 
chama a cidade onde estamos? E o 
bairro? Qual o caminho e quanto 
tempo leva para vir de sua casa 
até aqui? Que edifício é este onde 
estamos (hospital, ambulatório, 
etc.)? 
• Auto psíquica: quem é o(a) 
senhor(a)? Qual o seu nome? O que 
faz? Qual a sua profissão? Quem 
são os seus pais? Qual a sua 
idade? 
Sensação e percepção 
• Percepção é uma função cognitiva 
que articula esse domínio, junto 
com a atenção, com a área da 
consciência; 
• Sensação é a área das sensações 
visuais, auditivas, gustativas e 
táteis; 
• Quantitativo: intensidade, aumento 
ou diminuição das sensações; 
• Qualitativo: ilusões, alucinações 
verdadeiras e pseudoalucinações; 
• Agnosias: incapacidade de 
reconhecer e interpretar o 
significado das impressões 
sensoriais. 
Sensopercepção 
• Na percepção é avaliada a 
sensopercepção do paciente, ou 
seja, como ele recebe (sentidos) e 
percebe (interpretação) o mundo. 
Descrevem-se aqui fenômenos como 
alucinação e ilusão. A natureza de 
cada experiência deve ser descrita 
em detalhes. Alucinações 
auditivas, por exemplo, são comuns 
na esquizofrenia enquanto 
alucinações visuais são frequentes 
em doenças orgânicas. Deve-se 
questionar sobre alterações de 
todos os sentidos pois as 
alucinações podem ser olfativas, 
cenestésicas, etc. 
• Alguns dos sintomas de Kurt 
Schneider de primeira ordem são 
alucinatórios, como o eco do 
pensamento, roubo do pensamento e 
inserção de pensamentos. 
Processos Psicopatológicos e Contemporaneidade 
 
12 
 
Despersonalização (o indivíduo 
sente-se irreal) e desrealização 
(sente o mundo como irreal) também 
devem ser descritos aqui. 
• Também é importante verificar se 
as alucinações ocorrem na segunda 
pessoa (conversa com o paciente) 
ou na terceira pessoa (conversam 
entre si) e se comandam o doente 
(atos homicidas ou suicidas). Às 
vezes as alucinações podem ser 
outros sons além de vozes, como 
sinos, latidos, sons de motores, 
zumbidos, etc. Também podem ser 
outros fenômenos visuais como 
halos ou cores difíceis de 
descrever. Estas são chamadas 
alucinações elementares. 
• Alucinações extra campinas: são 
aquelas nas quais o paciente vê ou 
ouve coisas fora de seu campo 
sensorial (ouvir uma voz a 3 km de 
distância, ver através de paredes, 
etc). 
• Deve-se questionar como a pessoa 
lida com as alucinações, se são 
assustadoras, angustiantes ou 
prazerosas. 
Ilusões 
• As mais comuns são as visuais, a 
pessoa vê monstros, pessoas, 
animais a partir de estímulos 
visuais como moveis, quadros, 
roupas, etc; 
• As ilusões auditivas podem ocorrer 
através de estímulos específicos, 
o paciente pode ouvir nomes, 
palavras significativas. 
Alucinações 
• Percepção de um objeto sem que ele 
esteja presente, ou seja, é a 
percepção clara e definida de um 
objeto sem a presença do objeto 
estimulante real; 
• Podem ser: auditivas, auditivas-
visuais, visuais, táteis, 
olfativas, gustativas, 
cenestésicas (corporal) e 
cinestésicas (movimento); 
o Auditivas: ocorrem com maior 
frequência na esquizofrenia, 
podem ocorrer nos 
transtornos de humor 
(depressão grave geralmente 
com conteúdo negativo) ou 
nos transtornos de 
personalidade; 
o Visuais: podem ocorrer em 
estados normais de 
sonolência. 
Alucinação x delírio 
• Delírio: alteração de pensamento 
ou alteração do juízo; 
• Ideia delirante: “eu acho que 
estou sendo traído”, “tenho a 
sensação de que estão me 
perseguindo”; 
• Ideia delirante (humor/trauma e 
uso de drogas): “eu vou ser o 
presidente do Brasil”, “eu nasci 
para salvar o mundo”; 
• Alucinação/percepção ≠ 
Delírio/pensamento. 
Memória 
• Capacidade de registrar, manter e 
evocar os fatos ocorridos, 
relaciona-se com o nível de 
consciência, atenção e interesse 
afetivo; 
• Memoria genética: conteúdos de 
informações biológicas, DNA e RNA; 
• Memoria imunológica; 
• Memoria cognitiva (psicológica): 
fase de percepção, registro e 
fixação, fase de retenção e 
conservação e fase de reprodução e 
evocação (capacidade de recuperar 
e atualizar os dados fixados); 
• Memoria cultural: conhecimentos e 
práticas culturais; 
• Reconhecimento: capacidade de 
identificar o conteúdo mnêmico 
como lembrança e diferenciá-la da 
imaginação e de representações 
atuais; 
• Memória imediata ou de curtíssimo 
prazo: capacidade de reter o 
material imediatamente após ser 
percebido, limitada, depende da 
concentração; 
• Memória recente ou de curto prazo: 
capacidade de reter a informação 
por um período de curto tempo, 
limitada; 
• Memória remota ou de longo prazo: 
capacidade de evocação da 
Processos Psicopatológicos e Contemporaneidade 
 
13 
 
informação ocorrida no passado, 
capacidade ampla. 
Processo de fixação 
• Nível de consciência e estado 
orgânico geral; 
• Atenção global e da capacidade de 
manutenção/compreensão da atenção 
concentrada sobre o conteúdo a ser 
fixado; 
• Sensopercepção preservada; 
• Interesse emocional relacionado ao 
conteúdo mnêmico a ser fixado e 
empenho em aprender; 
• Canais sensoperceptivos envolvidos 
na percepção (método audiovisual). 
Processo de conservação 
• Repetição; 
• Associação. 
Esquecimento 
• Esquecimento normal: desinteresse 
ou desuso; 
• Esquecimento por repressão: 
material desagradável ou pouco 
importante, pode ser retomado com 
esforço (Freud); 
• Esquecimento por recalque: 
conteúdos mnêmicos por serem 
emocionalmente insuportáveis são 
banidos da consciência, pode ser 
recuperado apenas em 
circunstâncias especiais(inconsciente). 
Lei de Ribot 
Indivíduo que sofre de lesão cerebral 
tende a perder os conteúdos da memória 
na ordem e no sentido inverso que os 
adquiriu: elementos recentes e depois os 
antigos, elementos mais complexos e 
depois os mais simples e elementos mais 
estranhos a menos habituais. 
Memória dos elementos 
• Memória explícita ou declarante: 
processo de registrar e evocar de 
forma consciente e voluntária 
informações referentes a pessoas e 
eventos autobiográficos, regiões 
mesiais dos lobos frontais, se 
lesionadas perde-se a capacidade 
de fixação e de lembrança dos 
eventos ocorridos há poucos 
minutos só lembra dos eventos 
antigos; 
• Memória implícita, não-declarante 
ou de procedimento: automática ou 
reflexa, não depende de fatores 
conscientes e voluntários; ocorre 
de forma lenta e por repetição, 
ações motoras e que não podem ser 
expressas por palavras; 
• Memória de trabalho, operante ou 
executiva: capacidade de reter e 
manter ativa a informação durante 
um curto período e de poder 
manipular tal informação a fim de 
realizar uma tarefa específica; 
• Memória episódica: é a memória 
para eventos específicos da 
experiência pessoal, geralmente 
autobiográficos e bem determinado 
em seu momento e local; 
• Memória semântica: aprendizado de 
palavras e seu significado, 
memória cultural, registro e 
retenção de conteúdo em função do 
significado que têm, memória de 
longo prazo. 
Alterações da memória 
• Hipermnésias: o elemento mnêmico 
flui rapidamente, mas sem 
precisão, aceleração geral do 
ritmo psíquico; 
• Amnésias ou hipomnésias: perda de 
memória, perda da capacidade de 
fixar, manter e evocar antigos 
conteúdos; 
o Psicogênicas: perda do 
elemento focal com 
significado psicológico, 
exemplo: lembra de uma 
festa, mas não lembra quem 
estava lá; 
o Orgânica: perde a capacidade 
de fixar conteúdos imediatos 
e recentes, ao longo do 
tempo perde os conteúdos 
antigos, lei de Ribot; 
o Anterógrada: não fixa 
conteúdo a partir do evento 
que lhe causou danos 
cerebral; acidentes; 
o Retrógrada: perde a memória 
para fatos ocorridos, 
quadros dissociativos antes 
do início da doença; 
Processos Psicopatológicos e Contemporaneidade 
 
14 
 
• Paramnésias: deformação do 
processo de evocação de conteúdos 
mnêmicos previamente fixados; 
o Ilusões mnêmicas: há 
acréscimo de elementos 
falsos a um núcleo 
verdadeiro de memória, 
deformação da lembrança 
real; 
o Alucinações mnêmicas: 
criações imaginativas com 
aparência de lembranças; 
o Delírio imaginativo ou 
mnêmico; 
o Fabulações: incapacidade de 
reconhecer como falsas as 
imagens produzidas pela 
fantasia, invenções para 
preencher um vazio da 
memória; não é para enganar; 
o Criptomnésias: lembranças 
aparecem como fatos novos, 
não reconhece como 
lembrança. 
o Ecmnésia: é a recapitulação 
e revivência intensa, 
abreviada e panorâmica da 
existência, uma recordação 
condensada de muitos eventos 
passados, que ocorre num 
breve período, vivência de 
alucinação, a visão de cenas 
passadas, visão panorâmica 
da vida, pode ocorrer na 
eminência da morte; 
o Lembrança obsessiva: ideia 
fixa ou representação 
prevalente, surgimento 
espontâneo de imagens 
mnêmicas do passado. 
Agnosias: transtornos do 
reconhecimento 
• Déficits do reconhecimento de 
estímulos sensoriais, objetos e 
fenômenos, que não podem ser 
explicados por um déficit 
sensorial, por transtornos da 
linguagem ou por perdas cognitivas 
globais; 
• Agnosias visuais, táteis, 
auditivas e de percepções 
complexas; 
o Visuais: não reconhece pela 
via visual, enxerga, 
descreve, mas não sabe o que 
realmente é; 
o Táteis: incapacidade de 
reconhecer as formas dos 
objetos colocados nas mãos 
do paciente e de olhos 
fechados, descreve o objeto, 
mas não sabe exatamente qual 
é o objeto; 
o Auditivas: incapacidade de 
reconhecer um som não-
linguístico (auditiva 
seletiva) ou linguístico 
(verbal), pode ocorrer por 
lesão na área auditiva ou 
lesões subcorticais; 
o Agnosias de reconhecimento 
de faces ou prosopagnosia: 
não reconhecimento de 
membros específicos num 
determinado grupo genérico; 
o Verbal: pode falar, ler e 
escrever, porém não entende 
qualquer palavra falada que 
ouve; 
o Cegueira verbal: fala, 
escreve e entende, mas não 
lê. 
• Anosognosia: incapacidade de o 
doente reconhecer um déficit ou 
doença que o acomete, reconhecer 
uma hemiplegia; 
• Grafestesia: reconhecimento da 
escrita pelo tato, escreve na mão 
do paciente letras com objeto e 
pede-se ao paciente que os 
reconheça de olhos fechados, 
perturbação do reconhecimento por 
déficit da integração sensório 
motora em nível cortical; 
Síndrome de capgras 
Paciente afirma que uma pessoa próxima e 
familiar que o visitou ser seu pai ou 
mãe é na verdade um sósia quase 
idêntico, uma falsa cópia. 
Síndrome do duplo subjetivo 
O paciente acredita que outra pessoa se 
transformou fisicamente a ponto de 
tornar-se idêntica a ele, vindo ser o 
seu próprio eu. 
Síndrome de frégoli 
É um falso reconhecimento delirante, em 
que o indivíduo identifica falsamente 
uma pessoa estranha como se fosse da 
família. 
Processos Psicopatológicos e Contemporaneidade 
 
15 
 
Síndrome de intermetamorfose 
O paciente relata que certa pessoa de 
seu círculo familiar, geralmente o 
perseguidor, e outra pessoa, estranha, 
também perseguidor, têm características 
físicas e psicológicas em comum. 
Pensamento 
• Elementos constitutivos do 
pensamento: conceitos, juízos e 
raciocínio; 
• Conceitos: elemento estrutura 
básico de pensamento; 
representações, cognitivo, 
intelectivo; 
• Juízos: é o processo que conduz ao 
estabelecimento de relações 
significativas entre os conceitos 
básicos; formular relações; 
• Raciocínio: função que relaciona 
os juízos; ligação entre os 
conceitos de encadeamento de 
conhecimentos, derivando sempre 
uns dos outros; 
• Por meio do pensamento ou do 
raciocínio, o ser humano é capaz 
de manifestar suas possibilidades 
de adaptar-se ao meio. É por ele 
que se elaboram conceitos, 
articulam-se juízos, constrói-se, 
compara-se, solucionam-se 
problemas, elaboram-se 
conhecimentos adquiridos, ideias, 
transforma-se e cria-se; 
• Investiga-se o seu curso, forma e 
conteúdo; análise do discurso do 
paciente; 
Curso do pensamento 
• Trata-se da velocidade com que o 
pensamento é expresso; 
• Aceleração: flui de forma 
acelerada; 
• Lentificação: lento, arrastado, 
latência entre as frases; 
• Bloqueio: interrupção brusca do 
que vinha falando e o paciente 
pode retomar o assunto como se não 
o tivesse interrompido; 
• Roubo: sensação de que roubaram o 
seu pensamento; 
• Prolixidade: discurso detalhista, 
cheio de rodeios e repetições com 
introdução de temas e comentários 
não-pertinentes ao que está 
falando; 
Alterações de curso do 
pensamento 
• Taquipsiquismo: aceleração do 
pensamento, frequentemente 
associado a uma aceleração da fala 
conjugada; 
• Bradipsiquismo: lentificação do 
pensamento; 
• Bloqueio ou interrupção do 
pensamento: interrupção total do 
fluxo de pensamento havendo roubo 
ou interceptação do mesmo. 
Forma do pensamento 
• Forma é a maneira como o conteúdo 
do pensamento é expresso; o 
pensamento abriga um encadeamento 
coerente de ideias ligadas a uma 
carga afetiva, que é transmitida 
pela comunicação; 
• As desordens podem ocorrer por 
perdas (orgânicas) ou deficiência 
(oligofrenia) qualitativas ou 
quantitativas; 
• Fuga de ideias: o paciente muda de 
assunto a todo instante, sem 
concluí-los ou dar continuidade, 
numa aceleração patológica do 
fluxo do pensamento; 
• Dissociação: desorganização, sem 
lógica, incoerente e 
incompreensível; 
• Afrouxamento: falta de articulação 
entre as frases; 
• Descarrilamento: extravio do curso 
normal; desvios; mudança súbita do 
quese está falando; 
• Desagregação: profunda e radical 
perda dos enlaces associativos, 
total perda da coerência do 
pensamento; ideias fragmentadas. 
Conteúdo do pensamento 
• O assunto em si; 
• As perturbações no conteúdo do 
pensamento estão associadas a 
determinadas alterações, como as 
obsessões, hipocondrias, fobias e 
delírios; 
• Principais conteúdos patológicos: 
de perseguição, depreciativos, 
Processos Psicopatológicos e Contemporaneidade 
 
16 
 
religiosos, sexuais, de poder, 
riqueza ou grandeza, de ruína ou 
culpa e conteúdos hipocondríacos; 
• Delirium: rebaixamento de 
consciência (delirium tremes, 
delirium febril); 
• Delírio: alteração do pensamento 
(alteração do juízo); pode ser 
dividido em ideia delirante e 
ideia deliróide; 
• Ideia delirante/delírio: delírio 
verdadeiro, é primário, é um 
conjunto de juízos falsos, que não 
se sabe como eclodiu, 
psicologicamente incompreensível, 
impenetrável; 
• Ideia deliróide: é secundária a 
uma perturbação do humor ou a uma 
situação afetiva traumática, 
existencial grave ou uso de 
drogas, há uma compreensão dos 
mecanismos que a originaram. 
Alterações de conteúdo do 
pensamento 
• Ideias obsessivas-compulsivas; 
• Ruminação do pensamento; 
• Ideias de evitação fóbica; 
• Autodepreciação; 
• Ideação suicida; 
• Mitomania ou pensamento mágico; 
• Queixas somáticas; 
• Pessimismo; 
• Delírio. 
Delírio 
• Para se classificar uma ideia de 
delirante ou delírio tem-se que 
levar em conta alguns aspectos, 
segundo Jaspers: 
o Convicção extraordinária: 
certeza subjetiva, crença 
total, não se pode colocar 
em dúvida a veracidade do 
delírio; 
o Impossível a modificação do 
delírio pela experiência 
objetiva, delírio é 
irremovível; 
o O delírio é um juízo falso, 
o seu conteúdo é impossível; 
o Delírio é uma produção 
associal, idiossincrática em 
relação ao grupo cultural: 
não é compartilhado. 
• Para se classificar uma ideia de 
delirante ou delírio segundo 
Kendler: 
o Convicção: até que ponto o 
paciente está convencido da 
realidade de suas ideias 
delirantes; 
o Extensão: em que extensão as 
ideias delirantes envolvem 
diferentes áreas da vida do 
paciente; 
o Bizarrice: até que grau as 
crenças delirantes se 
distanciam das convicções 
culturalmente compartilhadas 
por seu grupo social de 
origem, o quanto o seu 
delírio se distancia da 
“realidade consensual”; 
o Desorganização: até que 
ponto as ideias delirantes 
são consistentes 
internamente, tem lógica 
própria e em que grau são 
sistematizadas; 
o Pressão: o quanto o paciente 
está preocupado e envolvido 
com suas crenças delirantes; 
o Resposta afetiva: o quanto 
as suas crenças delirantes 
abalam ou tocam afetivamente 
o paciente; 
o Comportamento desviante: o 
quanto o paciente age em 
função de seu delírio; 
• Os delírios podem ser simples (um 
só conteúdo, único tema), 
complexos (vários temas ao mesmo 
tempo), não-sistematizados (sem 
concatenação consistente) e 
sistematizados (bem-organizados, 
com histórias ricas e 
consistentes); 
• Expansão do eu: grandeza, ciúme, 
reivindicação, genealógico, 
místico, de missão salvadora, 
deificação, erótico, de invenção 
ou reforma, ideias fantásticas, 
capacidade física, beleza, etc.; 
• Retração do eu: prejuízo, 
autorreferência, perseguição ou 
persecutório, influência, 
Processos Psicopatológicos e Contemporaneidade 
 
17 
 
possessão, humildades, 
experiências apocalípticas; 
• Negação do eu: hipocondríaco, 
negação e transformação corporal, 
autoacusação, culpa, ruína, 
niilismo, tendência ao suicídio). 
• O exame do conteúdo do pensamento 
poderá ser realizado por meio da 
conversa, com a inclusão hábil por 
parte do entrevistador de algumas 
questões que conduzam à avaliação; 
• Pode-se perguntar se o paciente 
tem pensamentos dos quais não 
consegue se livrar, se acha que 
quando está andando na rua pessoas 
o observam ou fazem comentário a 
seu respeito, se os vizinhos 
implicam, se existe alguém que lhe 
queira fazer mal, alguma 
organização secreta; 
• Se acha que envenenam sua comida, 
se possui alguma missão na 
especial na Terra, se é forte e 
poderoso, se frequenta macumba, se 
sofre de ”encosto”, se espíritos 
lhe falam, se há alguma 
comunicação com Deus e como isso 
se processa; aqui vale apontar 
para o fato cultural-religioso; 
dependendo da religião que 
professa, algumas dessas situações 
podem ser observadas sem a priori 
fazer parte de patologias. 
Juízo crítico 
• Compreensão que o sujeito tem ou 
não e suas expectativas em relação 
ao processo de avaliação e/ou 
doença/tratamento; 
• Avaliar se preservado ou não; 
• Diminuição, perda parcial ou 
completa e ausência; 
• Comum nas demências, deficiências 
intelectuais e fase maníaca. 
Inteligência 
• A inteligência pode ser definida 
como a totalidade das habilidades 
cognitivas do indivíduo, processos 
intelectivos; 
• Capacidade de identificar e 
resolver problemas novos, de 
reconhecer adequadamente as 
situações vivenciais e encontrar 
soluções; 
• Habilidades intelectivas; 
• Tipos de inteligência → áreas da 
cognição: inteligência verbal, 
visuoespacial, visuoconstrutiva, 
inteligência, aritmética, 
capacidade lógica, capacidade de 
planejamento e execução, de 
resolução de problemas novos, 
inteligência para abstração, para 
compreensão, inteligência 
criativa, etc. 
• O que se faz nessa avaliação da 
inteligência não é o que chamamos 
“uma avaliação fina”, realizada 
por meio de testes, é mais para se 
constatar se o paciente está 
dentro do chamado padrão de 
normalidade, interessa a autonomia 
que o paciente tenha, a sua 
capacidade laborativa; 
Alterações da inteligência 
• Deficiência intelectual: condição 
de desenvolvimento interrompido ou 
incompleto das capacidades 
mentais, manifestando-se pelo 
comprometimento das habilidades 
cognitivas que são adquiridas ao 
longo do desenvolvimento na 
infância e adolescência; 
• Inteligência não desenvolvida; 
• Deficiência intelectual limítrofe, 
leve, moderada, grave e profunda; 
• Inteligência perdida: demência, 
pseudodemencia. 
Linguagem 
• A linguagem é uma atividade 
especificamente humana, é o 
principal instrumento de 
comunicação do seres humanos, 
fundamental na elaboração e na 
expressão do pensamento; 
• Funções da linguagem: comunicativa 
(socialização), suporte do 
pensamento (pensamento lógico e 
abstrato), instrumento de 
expressão dos estado emocionais, 
afirmação do eu e de instituição 
das oposições eu/mundo e dimensão 
artística e/ou lúdica (poesia, 
literatura); 
Alterações da linguagem 
Processos Psicopatológicos e Contemporaneidade 
 
18 
 
• Alterações secundarias a lesão 
neuronal: 
o Ocorrem geralmente 
associadas a acidentes 
vasculares cerebrais, 
tumores cerebrais, 
malformações arteriovenosas, 
etc, há alterações neuronais 
evidentes; 
o Afasia: perda da linguagem 
falada e escrita por 
incapacidade de compreender 
e utilizar os símbolos 
verbais; dificuldade 
orgânica da linguagem; 
o Parafasia: forma mais 
discreta de déficit de 
linguagem; 
o Disfonia: alteração da fala 
produzida pela alteração da 
sonoridade das palavras; não 
consegue emitir som ou 
palavra; 
o Gagueira: dificuldade ou 
impossibilidade de 
pronunciar certas sílabas, 
no começo ou ao longo de uma 
frase, com repetição ou 
intercalação de fonemas ou 
trepidação na elocução; 
o Dislalia: alteração da 
linguagem falada que resulta 
na deformação, omissão ou 
substituição dos fonemas. 
• Alterações associadas aos 
transtornos psiquiátricos: 
o Logorréia e taquifasia: 
produção aumentada e 
acelerada da linguagem 
verbal; 
o Bradifasia: fala muito 
vagarosa, lenta e difícil; 
o Mutismo: ausência de 
resposta verbal; negativismo 
verbal; 
o Perseveração e estereotipia 
verbal: repetição automática 
de palavras outrechos de 
frases de modo 
estereotipado, mecânico, sem 
sentido; 
o Ecolalia: repetição da 
última ou últimas palavras 
que o entrevistador falou; 
automático, involuntário; 
o Palilalia e logoclonia: 
repetição da última ou 
últimas palavras que o 
próprio paciente falou; 
o Tiques verbais ou fonéticos: 
produções de fonemas ou 
palavras de forma 
recorrente, imprópria e 
irresistível; sons grutais; 
desagradável; 
o Coprolalia: emissão 
involuntária e repetitiva de 
palavras obscenas, vulgares 
ou relativas a excrementos; 
o Verbigeração: repetição de 
forma monótona e sem sentido 
comunicativo aparente de 
palavras, sílabas ou trechos 
de frases; 
o Glossolalia: produção de 
fala gutural, pouco 
compreensível, conglomerado 
ininteligível de sons; 
o Para-respostas: alteração do 
pensamento e da linguagem 
“onde o sr. mora?” “o dia 
está muito quente”. 
Afetividade 
• A vida afetiva é a dimensão que dá 
cor, brilho, calor a todas as 
vivências humanas; o termo 
afetividade compreende várias 
modalidades de vivências afetivas 
como o humor, as emoções e os 
sentimentos; 
• 5 tipos básicos: humor e estado de 
ânimo, emoções, sentimentos, 
afetos e paixões; 
o Humor ou estado de ânimo: 
definido como o tônus 
afetivo, o estado emocional 
basal no qual se encontra a 
pessoa no momento; o humor é 
um dos transtornos 
essenciais da vida psíquica; 
o Emoções: reações afetivas 
agudas, momentâneas, 
desencadeadas por estímulos 
significativos; estado 
afetivo intenso, de curta 
duração, originado como uma 
reação da pessoa a certas 
excitações internas ou 
externas, conscientes ou 
inconscientes; acompanha 
reações somáticas; 
o Sentimentos: estados e 
configurações afetivas 
estáveis; são mais atenuados 
Processos Psicopatológicos e Contemporaneidade 
 
19 
 
do que as emoções e menos 
reativos a estímulos 
passageiros; associados a 
conteúdos intelectuais, 
valores, representações e 
não somáticos; varia de 
cultura para cultura; 
o Afetos: qualidade e tônus 
emocional que acompanha uma 
ideia ou representação 
mental; pode-se usar a 
palavra afeto para designar 
qualquer estado de humor, 
sentimento ou emoção; 
o Paixão: estado afetivo 
intenso, domina a atividade 
psíquica como um todo, 
alterando a atenção e o 
interesse. 
Vida afetiva 
• A vida afetiva ocorre nas relações 
do eu com o mundo e com o outro; 
• Reativa; 
• Sintonização afetiva: capacidade 
do indivíduo ser influenciado 
afetivamente por estímulos 
externos; 
• Irradiação afetiva: capacidade do 
indivíduo transmitir, irradiar ou 
contaminar os outros com seu 
estado afetivo momentâneo; 
• Rigidez afetiva: dificuldade de 
sintonizar ou irradiar 
afetividade; 
Teorias e dimensões da 
afetividade 
• James-Lange: a base das emoções 
deveria ser encontrada na 
periferia do corpo, nas reações do 
sistemas nervosos autônomo 
periférico, a emoção é concebida 
como a tomada de consciência das 
modificações fisiológicas que são 
provocadas por determinados 
eventos; 
• Papez-Maclean: propõe uma base 
cerebral para emoções, as 
estruturas e o circuito cerebral 
das emoções incluiriam estruturas 
mesiais dos lobos temporais e 
frontais, propôs o sistema límbico 
das emoções; 
• Sistema límbico das emoções → 
sistema central na integração das 
emoções: o hipocampo é visto como 
um elemento fundamental na 
expressão psicofisiológica das 
emoções, e a córtex cerebral a 
instância que codifica, 
descodifica e recodifica 
constantemente as experiências 
afetivas, atribuindo-lhes 
significados; 
• Amígdala: senso percepção das 
emoções, porção medial do lobo 
frontal; lobo parietal direito, 
alteração do humor. 
Alterações da afetividade 
• Distimia: alteração básica do 
humor; inibição ou exaltação; 
inibição pode aparecer como 
hipotímica ou depressão e a 
exaltação como hipertímica ou 
eufórica; 
• Humor triste e ideação suicida: 
humor depressivo com ideias de 
morte; ideias suicidas, planos 
suicidas, atos e tentativas de 
suicídio; deve sempre ser 
valorizado em pacientes com humor 
triste; 
• Disforia: distimia com tonalidade 
afetiva desagradável, mal-
humorada; forte componente de 
irritação, amargura, desgosto e 
agressividade; 
• Euforia ou alegria patológica: 
humor exagerado, alegria intensa 
desproporcional a circunstâncias; 
• Puerilidade: aspecto infantil; 
vida afetiva superficial; 
• Estado de êxtase: experiência de 
beatitude, dissolução do eu no 
todo, compartilhamento íntimo do 
estado afetivo interior com o 
mundo exterior; contexto religioso 
ou místico; 
• Irritabilidade patológica: 
hiperatividade desagradável, 
hostil, agressiva; 
Ansiedade x angústia x medo 
• Ansiedade: estado de humor 
desconfortável, inquietação 
interna desagradável, pode ser 
somática, fisiológica e psíquica; 
Processos Psicopatológicos e Contemporaneidade 
 
20 
 
• Angústia: conotação mais corporal 
“aperto no peito”; 
• Medo: objeto preciso. 
Alterações da emoção e dos 
sentimentos 
• Apatia: diminuição da emoção e do 
afeto; ”tanto faz quanto tanto 
fez”; 
• Hipomodulação do afeto: 
incapacidade de modular a resposta 
afetiva de acordo com a situação 
existencial; 
• Inadequação do afeto ou paratimia: 
reação incongruente das situações; 
desarmonia da vida psíquica; 
• Pobreza de sentimentos e 
distanciamento afetivo: perda 
progressiva e patológica da 
vivência afetiva; empobrecimento; 
• Embotamento afetivo: perda 
profunda de todo tipo de vivência 
afetiva; atitude; 
• Sentimento de falta de sentimento: 
incapacidade para sentir; vazio 
afetivo; 
• Anedonia: incapacidade total ou 
parcial de obter e sentir prazer 
com determinadas atividades e 
experiências da vida; 
• Labilidade afetiva: mudanças 
súbitas e imotivadas do humor, 
sentimentos e emoção; oscila de 
forma abrupta, rápida e 
inesperada; 
• Ambivalência afetiva: sentimentos 
opostos em relação a um mesmo 
estímulo ou objeto, sentimentos 
que ocorrem de modo simultâneo; 
• Neotimia: sentimentos e 
experiências afetivas inteiramente 
novas vivenciadas por pacientes em 
estado psicótico; estranheza, 
bizarrice; 
• Medo: estado progressivo de 
insegurança, angústia, impotência 
e invalidez ante a impressão de 
que algo vai acontecer; prudência, 
cautela, alarme, ansiedade, 
pânico, terror; 
• Fobias: medo patológico; 
desproporcional e incompatível com 
a real possibilidade de perigo 
real; 
• Pânico: reação intensa de medo 
relacionada ao perigo imaginário 
de morte iminente, descontrole ou 
desintegração; crises de pânico – 
crises agudas e intensas de 
ansiedade acompanhada de medo 
intenso de morrer ou de perder o 
controle; início abrupto, sensação 
de grande perigo e desejo de fugir 
acompanhadas de sintomas somáticos 
tais como taquicardia, sudorese 
fria, tremores, formigamentos, 
falta de ar, dor ou desconforto no 
peito, náusea; duram alguns 
minutos e tendem a se repetir com 
periodicidade variável; podem ou 
não ocorrer após a exposição 
desencadeante. 
• Ciúmes: fenômeno emocional que 
gera a sensação ou certeza de que 
a pessoa amada gosta mais de outra 
pessoa e poderá abandoná-la; 
depende da intensidade para ser 
considerado patológico; 
• Inveja: sensação de desconforto, 
raiva e angústia perante a 
constatação que oura pessoa possui 
algo que o indivíduo gostaria de 
ter, mas não tem; fonte de 
sofrimento; intensidade. 
Vontade, instinto e desejo 
• Vontade: desejo inconsciente ou 
consciente, relacionada a 
afetividade, ao intelecto e a 
valores morais e culturais. 
• Instinto: modo organizado, fixo e 
complexo de resposta 
comportamental de uma dada 
espécie, que por intermédio dela, 
pode melhor sobreviver em seu 
ambiente natural, conjunto de 
respostas e comportamentos 
herdados que serve para a 
adaptação. 
• Desejo: é um querer, anseio, 
apetite de consciente ou 
inconsciente, que visaalgo, que 
busca satisfação, desejos são 
móveis, moldados e transformados 
de maneira sócio-histórica; é 
diferente da necessidade (fixa e 
inata). 
Processos Psicopatológicos e Contemporaneidade 
 
21 
 
Ato volitivo ou ato de vontade 
• Eu quero x eu não quero; 
• Processo volitivo: intenção ou 
propósito, deliberação, decisão e 
execução; 
• Intenção: tendências básicas do 
indivíduo, inclinações e 
interesses, os impulsos e desejos 
inconscientes exercem influência 
sobre o ato volitivo; 
• Deliberação: ponderação consciente 
antes da decisão; 
• Decisão: começo da ação; 
• Execução: atos psicomotores 
decorrentes da decisão, realizar e 
consumar a decisão. 
Alterações da volição 
• Hipobulia: diminuição da atividade 
volitiva, não tem vontade para 
nada, desanimado; 
• Ataraxia: indiferença volitiva 
buscada ativamente pelo indivíduo. 
• Negativismo: é a oposição do 
indivíduo às solicitações do meio, 
resistência, negação na 
colaboração das condutas 
diagnósticas e terapêuticas, ativo 
ou passivo; 
• Obediência automática: oposto do 
negativismo, obedece 
automaticamente como um robô; 
• Fenômenos do eco: repetição de 
forma automática de palavras, 
gestos ou escrita, perda do 
controle da atividade voluntária; 
• Automatismo: pensamentos, 
representações, lembranças e 
comportamentos pouco controlados 
pela atenção voluntária e pelos 
desejos conscientes; 
• Atos impulsivos: são atos que 
abolem abruptamente as fases de 
intenção, deliberação e decisão em 
função tanto da intensidade dos 
desejos como da fragilidade 
psíquica que não reflete ou 
analisa, parte direto para 
execução; 
o Ato impulsivo caracteriza-se 
por ser realizado sem uma 
fase prévia de intenção, 
deliberação e decisão, ser 
realizado, de modo geral, de 
forma egossintônica (não 
percebe a inadequação), ser 
geralmente associado a 
impulsos patológicos ou a 
baixa tolerância à 
frustração; 
o O indivíduo dominado pelo 
ato impulsivo desconsidera 
os desejos e necessidades 
dos outros. 
• Impulsos patológicos: atos 
impulsivos nos quais predominam as 
ações psicomotoras automáticas, 
sem reflexão, ponderação ou 
decisão prévia; incontroláveis; 
• Ato compulsivo ou compulsão: 
difere do ato impulsivo por ser 
reconhecido pelo indivíduo como 
indesejável e inadequado, é 
geralmente uma ação motora 
complexa; 
• Obsessão: ideia obsessiva. 
Tipos de impulsos e compulsões 
patológicas 
• Heterodestrutivas: automutilação, 
frangofilia (destruição de 
objetos), piromania, impulso ou 
ato suicida (desejo de se matar); 
• Ingestão de drogas ou alimentos: 
dipsomania(ingestão de grandes 
quantidade de álcool), bulimia, 
potomania (beber água não 
relacionada a patologias 
orgânicas); 
• Desejo e comportamento sexual: 
antiga perversão sexual: 
fetichismo (concentração em partes 
ou vestimenta), exibicionismo, 
voyeurismo, pedofilia, pederastia, 
gerontofilia, zoofilia, 
necrofilia, coprofilia, 
ninfomania, satiríase, compulsão à 
masturbação, compulsão utilizar 
roupas íntimas do sexo oposto; 
• Outros: poriomania (ganhar o 
mundo), cleptomania, compulsar a 
comprar. 
• Todo movimento humano objetiva 
satisfação de uma necessidade 
consciente ou inconsciente; 
• A psicomotricidade é observada no 
decorrer da entrevista e se 
Processos Psicopatológicos e Contemporaneidade 
 
22 
 
evidencia geralmente de forma 
espontânea; 
• Averígua-se se está normal, 
diminuída, inibida, agitada, 
exaltada, se o paciente apresenta 
maneirismos, estereotipais 
posturais, automatismos, 
flexibilidade cérea ou qualquer 
outra alteração. 
Alterações da psicomotricidade 
• Agitação psicomotora: aceleração e 
exaltação de toda atividade 
motora; 
• Lentificação psicomotora: 
lentificação de toda atividade 
psíquica, lenta, difícil, pesada; 
• Estorpor: perda de toda atividade 
espontânea na vigência de um nível 
de consciência aparentemente 
preservado e da capacidade 
sensitivo-motora para reagir ao 
ambiente, inclui comunicação 
verbal e não-verbal, mímica, 
olhar, gesticulação e marcha; 
• Esteriotipias motoras: repetições 
automáticas e uniformes de 
determinado ato motor complexo, 
repete mecanicamente o mesmo gesto 
diversas vezes; 
• Maneirismos: estereotipia de 
movimentos bizarros e repetitivos; 
• Tiques: atos coordenados, 
repetitivos, resultantes de 
contrações súbitas, breves e 
intermitentes, acentuam-se com 
ansiedade, frequência maior em 
crianças. 
Espectro da esquizofrenia e 
outros transtornos psicóticos 
• Inclui esquizofrenia, outros 
transtornos psicóticos e 
transtorno (da personalidade) 
esquizotípica 
• Esses transtornos são definidos 
por anormalidades em um ou mais 
dos cinco domínios a seguir: 
o delírios, 
o alucinações, 
o pensamento (discurso) 
desorganizado, 
o comportamento motor 
grosseiramente desorganizado 
ou anormal (incluindo 
catatonia) 
o sintomas negativos. 
Características essenciais que 
definem os Transtornos 
Psicóticos 
• Os problemas podem ser observados 
em qualquer forma de comportamento 
dirigido a um objetivo, levando a 
dificuldades na realização das 
atividades cotidianas; 
• Delírios: são crenças fixas, não 
passíveis de mudança à luz de 
evidências conflitantes. Seu 
conteúdo pode incluir uma 
variedade de temas (p. ex., 
persecutório, de referência, 
somático, religioso, de grandeza); 
• Alucinações: são experiências 
semelhantes à percepção que 
ocorrem sem um estímulo externo. 
São vívidas e claras, com toda a 
força e o impacto das percepções 
normais, não estando sob controle 
voluntário; 
• Desorganização do pensamento 
(transtorno do pensamento formal): 
costuma ser inferida a partir do 
discurso do indivíduo. Este pode 
mudar de um tópico a outro 
(descarrilamento ou afrouxamento 
das associações). As respostas a 
perguntas podem ter uma relação 
oblíqua ou não ter relação alguma 
(tangencialidade); 
• Comportamento motor grosseiramente 
desorganizado ou anormal: pode se 
manifestar de várias formas, desde 
o comportamento “tolo e pueril” 
até a agitação imprevisível; 
• Comportamento catatônico: é uma 
redução acentuada na reatividade 
ao ambiente. Varia da resistência 
a instruções (negativismo), 
passando por manutenção de postura 
rígida, inapropriada ou bizarra, 
até a falta total de respostas 
verbais e motoras (mutismo e 
estupor); 
• Sintomas negativos: respondem por 
uma porção substancial da 
Processos Psicopatológicos e Contemporaneidade 
 
23 
 
morbidade associada à 
esquizofrenia, embora sejam menos 
proeminentes em outros transtornos 
psicóticos. 
o Dois sintomas negativos são 
especialmente proeminentes 
na esquizofrenia: expressão 
emocional diminuída e 
avolia. 
▪ Expressão emocional 
diminuída: inclui 
reduções na expressão 
de emoções pelo rosto, 
no contato visual, na 
entonação da fala 
(prosódia) e nos 
movimentos das mãos, 
da cabeça e da face, 
os quais normalmente 
conferem ênfase 
emocional ao discurso. 
▪ Avolia: é uma redução 
em atividades 
motivadas, 
autoiniciadas e com 
uma finalidade. A 
pessoa pode ficar 
sentada por períodos longos e 
mostrar pouco interesse em 
participar de atividades 
profissionais ou sociais. 
Critério de diagnóstico 
A. Dois (ou mais) dos itens a seguir, 
cada um presente por uma 
quantidade significativa de tempo 
durante um período de um mês (ou 
menos, se tratados com sucesso). 
Pelo menos um deles deve ser (1), 
(2) ou (3): 
1. Delírios; 
2. Alucinações; 
3. Discurso desorganizado; 
4. Comportamento 
grosseiramente 
desorganizado ou 
catatônico; 
5. Sintomas negativos (i.e., 
expressão emocional 
diminuída ou avolia). 
B. Por período significativo desde o 
aparecimento da perturbação, o 
nível de funcionamento em uma ou 
mais áreas importantes do 
funcionamento, como trabalho, 
relações interpessoais ou 
autocuidado, está acentuadamente 
abaixodo nível alcançado antes do 
início (ou, quando o início se dá 
na infância ou na adolescência, 
incapacidade de atingir o nível 
esperado de funcionamento 
interpessoal, acadêmico ou 
profissional). 
C. Sinais contínuos de perturbação 
persistem durante, pelo menos, 
seis meses. Esse período de seis 
meses deve incluir no mínimo um 
mês de sintomas (ou menos, se 
tratados com sucesso) que precisam 
satisfazer ao Critério A (i.e., 
sintomas da fase ativa) e pode 
incluir períodos de sintomas 
prodrômicos ou residuais. Durante 
esses períodos prodrômicos ou 
residuais, os sinais da 
perturbação podem ser manifestados 
apenas por sintomas negativos ou 
por dois ou mais sintomas listados 
no Critério A presentes em uma 
forma atenuada (p. ex., crenças 
esquisitas, experiências 
perceptivas incomuns). 
D. Transtorno esquizoafetivo e 
transtorno depressivo ou 
transtorno bipolar com 
características psicóticas são 
descartados porque 1) não 
ocorreram episódios depressivos 
maiores ou maníacos 
concomitantemente com os sintomas 
da fase ativa, ou 2) se episódios 
de humor ocorreram durante os 
sintomas da fase ativa, sua 
duração total foi breve em relação 
aos períodos ativo e residual da 
doença. 
E. A perturbação pode ser atribuída 
aos efeitos fisiológicos de uma 
substância (p. ex., droga de 
abuso, medicamento) ou a outra 
condição médica. 
F. Se há história de transtorno do 
espectro autista ou de um 
transtorno da comunicação iniciado 
na infância, o diagnóstico 
adicional de esquizofrenia é 
realizado somente se delírios ou 
alucinações proeminentes, além dos 
demais sintomas exigidos de 
esquizofrenia, estão também 
Processos Psicopatológicos e Contemporaneidade 
 
24 
 
presentes por pelo menos um mês 
(ou menos, se tratados com 
sucesso). 
Características diagnósticas 
• Os especificadores de curso a 
seguir devem somente ser usados 
após um ano de duração do 
transtorno e se não estiverem em 
contradição com os critérios de 
curso diagnóstico; 
• Os sintomas característicos da 
esquizofrenia envolvem uma gama de 
disfunções cognitivas, 
comportamentais e emocionais; 
• O diagnóstico envolve o 
reconhecimento de um conjunto de 
sinais e sintomas associados a um 
funcionamento profissional ou 
social prejudicado; 
• Indivíduos com o transtorno 
apresentarão variações 
substanciais na maior parte das 
características; 
• Pelo menos dois sintomas do 
Critério A devem estar presentes 
durante parte significativa do 
tempo em um mês ou mais; 
• Pelo menos um desses sintomas deve 
ser a presença clara de delírios 
(Critério A1), alucinações 
(Critério A2) ou discurso 
desorganizado (Critério A3); 
• Comportamento grosseiramente 
desorganizado ou catatônico 
(Critério A4) e sintomas negativos 
(Critério A5) podem também estar 
presentes; 
• Nas situações em que ocorre 
remissão dos sintomas da fase 
ativa em um mês em resposta ao 
tratamento, o Critério A ainda é 
satisfeito se o médico avalia que 
eles teriam persistido na ausência 
de tratamento; 
• A esquizofrenia envolve prejuízo 
em uma ou mais das principais 
áreas do funcionamento (Critério 
B); 
• Se a perturbação iniciar na 
infância ou na adolescência, o 
nível esperado de funcionamento 
não é alcançado; 
• A comparação do indivíduo com os 
irmãos não afetados pode ajudar; 
• A disfunção persiste por período 
substancial durante o curso do 
transtorno e não parece ser um 
resultado direto de uma única 
característica; 
• A avolia (i.e., disposição 
reduzida para manter comportamento 
voltado a metas; Critério A5) está 
ligada à disfunção social descrita 
no Critério B; 
• Há também fortes evidências de 
relação entre prejuízo cognitivo 
(ver a seção “Características 
Associadas que Apoiam o 
Diagnóstico” para esse transtorno) 
e prejuízo funcional em indivíduos 
com esquizofrenia; 
• Alguns sinais da perturbação devem 
persistir por um período contínuo 
de pelo menos seis meses (Critério 
C); 
• Sintomas prodrômicos costumam 
anteceder a fase ativa, e os 
sintomas residuais podem segui-la, 
caracterizados por formas leves ou 
em níveis subclínicos de 
alucinações ou delírios; 
• Os indivíduos podem manifestar uma 
variedade de crenças incomuns ou 
estranhas que não sejam de 
proporções delirantes (p. ex., 
ideias de referência ou pensamento 
mágico); 
• Podem ter experiências perceptivas 
raras (p. ex., sentir a presença 
de uma pessoa invisível); 
• Seu discurso pode ser, em geral, 
compreensível, porém vago; seu 
comportamento pode ser incomum, 
mas não grosseiramente 
desorganizado (p. ex., murmurar em 
público); 
• Sintomas negativos são comuns nas 
fases prodrômica e residual, 
podendo ser graves; 
• Indivíduos que eram socialmente 
ativos podem ficar retraídos em 
relação a rotinas anteriores. 
Esses comportamentos são 
frequentemente o primeiro sinal de 
um transtorno; 
• Sintomas de humor e episódios 
completos de humor são comuns na 
esquizofrenia e podem ocorrer 
concomitantemente com a 
sintomatologia da fase ativa; 
Processos Psicopatológicos e Contemporaneidade 
 
25 
 
• Porém, como diferença do 
transtorno do humor psicótico, um 
diagnóstico de esquizofrenia exige 
a presença de delírios ou 
alucinações na ausência de 
episódios de humor; 
• Além disso, episódios de humor, 
tomados em sua totalidade, devem 
estar presentes por somente uma 
parte mínima da duração total do 
período ativo e residual da 
doença; 
• Além das cinco áreas de domínio 
dos sintomas identificadas nos 
critérios diagnósticos, a 
avaliação dos sintomas dos 
domínios cognição, depressão e 
mania é crucial para que sejam 
feitas distinções importantes 
entre os vários transtornos do 
espectro da esquizofrenia e outros 
transtornos psicóticos. 
Características associadas que 
apoiam o diagnóstico 
• Indivíduos com esquizofrenia podem 
exibir afeto inadequado (p. Ex., 
rir na ausência de um estímulo 
apropriado); 
• Humor disfórico que pode assumir a 
forma de depressão, ansiedade ou 
raiva; padrão de sono perturbado 
(p. Ex., sono durante o dia e 
atividade durante a noite); 
• Falta de interesse em alimentar-se 
ou recusa da comida; 
• Despersonalização, desrealização e 
preocupações somáticas podem 
ocorrer e por vezes atingem 
proporções delirantes. Ansiedade e 
fobias são comuns; 
• Déficits cognitivos na 
esquizofrenia são comuns e 
fortemente associados a prejuízos 
profissionais e funcionais. Esses 
déficits podem incluir diminuições 
na memória declarativa, na memória 
de trabalho, na função da 
linguagem e em outras funções 
executivas, bem como velocidade de 
processamento mais lenta; 
• Anormalidades no processamento 
sensorial e na capacidade 
inibitória, bem como redução na 
atenção, são também encontradas; 
• Alguns indivíduos com 
esquizofrenia mostram déficits na 
cognição social, incluindo 
déficits na capacidade de inferir 
as intenções dos outros (teoria da 
mente), podendo atender a eventos 
ou estímulos irrelevantes e depois 
interpretá-los como 
significativos, talvez levando à 
geração de delírios explanatórios; 
• Esses prejuízos costumam persistir 
durante a remissão dos sintomas. 
Alguns indivíduos com psicose 
podem carecer de insight ou 
consciência de seu transtorno 
(i.e., anosognosia); 
• Essa falta de insight inclui não 
perceber os sintomas de 
esquizofrenia, podendo estar 
presente em todo o curso da 
doença; 
• Não perceber a doença costuma ser 
um sintoma da própria 
esquizofrenia em vez de uma 
estratégia de enfrentamento; 
• Esse sintoma é o mais comum 
preditor de não adesão ao 
tratamento e prevê elevadas taxas 
de recaída, aumento no número de 
tratamentos involuntários, 
funcionamento psicossocial mais 
pobre, agressão e um curso mais 
pobre da doença; 
• Hostilidade e agressão podem estar 
associadas a esquizofrenia, embora 
agressão espontânea ou

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