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METEOROLOGIA E CLIMATOLOGIA Mário Adelmo Varejão-Silva Versão digital 2 – Recife, 2006 49 Um referencial local é sempre utilizado para medidas relacionadas com o movimento da atmosfera e dos oceanos, com a navegação de longo curso, com a balística etc.. Na análise comparativa dessas medições não se pode ignorar o fato daquele referencial se mover em tor- no do eixo terrestre, descrevendo uma circunferência a cada dia sideral. No caso específico dos pólos, o referencial local apenas gira sobre si mesmo, já que o eixo vertical a ele associado coincide com o próprio eixo da Terra. Para que se faça uma idéia inicial do efeito causado pelo emprego de referenciais não inerciais em estudos do movimento dos corpos, imagine-se que um projétil vai ser disparado de um local B, visando a atingir um alvo A. Tanto A como B estão localizados no Hemisfério Sul, no mesmo plano de meridiano, estando A exatamente ao norte de B (Fig. I.20). Neste exemplo os possíveis efeitos decorrentes da presença da atmosfera sobre o projétil serão ignorados. Serão analisados três instantes distintos: 1 - antes de ser lançado, o projétil está animado de uma velocidade tangencial r V TB, diri- gida para leste e causada pelo próprio movimento de rotação da Terra (mas imperceptí- vel para um observador localizado à superfície terrestre); analogamente, o alvo A tam- bém possui uma velocidade tangencial r V TA, que é maior que r V TB (pelo simples fato do raio do paralelo que contém A ser maior que o de B); 2 - por ocasião do lançamento o projétil possui uma velocidade inicial r Vo e, ainda, a ve- locidade tangencial r V TB, conservada por inércia; e 3 - algum tempo após o lançamento, o projétil atingirá o ponto C, localizado a oeste do alvo A, sofrendo um virtual desvio para a esquerda da trajetória inicialmente prevista. N S Vo A B N S A B C t = to t = to + t Fig. I.20 - Efeito da rotação da Terra sobre a trajetória de um projétil lançado de uma base (B) para um alvo (A), no Hemisfério Sul. Evidentemente, um outro observador localizado fora da Terra (em um referencial imó- vel) não teria constatado desvio algum, veria apenas a Terra girando sob um projétil que se movia na direção correspondente à resultante dos vetores r V o e r V TB. O desvio teria sido perce- bido apenas por observadores solidários à Terra. Note-se que, se a Terra não girasse, o projétil teria atingido o alvo. Para explicar o desvio introduz-se uma força defletora, atuando sobre qualquer corpo em movimento livre com respeito a um referencial local. Essa força é pura
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