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QUESTÃO II
À porção da atmosfera localizada sobre o território ou mar territorial de um Estado dá-se o nome de espaço aéreo1. Este espaço aéreo é reconhecido pelo direito internacional como parte da soberania de um Estado, deste modo, não é admitido o direito de passagem inofensivo, havendo necessidade de serem emitidas autorizações para a sua efectivação. A Convenção de Chicago, realizada a 07 de Dezembro de 1944, permitiu formalizar a OACI2, bem como estabelecer os princípios e conceitos básicos da aviação civil internacional. Inicialmente firmada por 52 Estados, entrou em vigor em 4 de Abril de 1947 e presentemente é firmada por 190 Estados. A convenção, que se aplica somente à aviação civil, estabelece regras e regulamentos admitidos internacionalmente. Admite, à escala internacional, por exemplo, o sobrevôo e a escala técnica livre às aeronaves estrangeiras que não operem serviços aéreos comerciais regulares. Quanto às que operem serviços regulares, dependem de autorização do Estado sobrevoado, tudo isto possível porque na génese desta organização impera a vontade de regular o espaço aéreo, no sentido da sua utilização eficiente3 e segura. Os Estados que firmaram a convenção reconhecem que cada Estado terá soberania completa e exclusiva no espaço aéreo sobrejacente ao seu território 4, espaço esse gerido por um conjunto de normas de direito privado e público que permitem regular a navegação aérea, nomeadamente o movimento das aeronaves e demais veículos que se movem no ar. Efectivamente a convenção permitiu a elaboração e a adopção de normas, regras e regulamentos que fomentaram a uniformização5 em práticas e procedimentos relativos a aeronaves, pessoal, rotas aéreas e serviços auxiliares de navegação aérea, conforme dispõe o art. 37º da convenção. No entanto, existe no panorama internacional, várias organizações que regulamentam e disciplinam o uso do espaço aéreo nomeadamente a Comissão Europeia da Aviação Civil (CEAC), a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), a Organização Europeia para a Segurança da Navegação Aérea (Eurocontrol) e a OACI, anteriormente referenciada. Por serem várias as organizações será fundamental, de forma sucinta, identificar a acção de cada uma delas para as poder distinguir. A CEAC6 é composta por 44 países onde se incluem todos os países da União Europeia, tendo sido fundada pela Organização Internacional da Aviação Civil e pelo Conselho da Europa em 1955. A CEAC trata de assuntos correntes ou pontuais relativos à aviação civil, desempenhando um papel complementar, mas importante ,no debate das mesmas questões no seio da União Europeia.
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In Wikipédia, disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Espa%C3%A7o_a%C3%A9reo OCAI - Organização de Aviação Civil Internacional 3 Por definição de rotas económicas. 4 Reconhecimento firmado na Convenção de Chicago, pelo art.º1 5 Conforme dispõe o art. 37º da Convenção de Chicago 6 Por curiosidade, será relevante salientar que o presidente desta organização é o português Luís Fonseca de Almeida, cargo que acumula com a presidência do INAC – Instituto Nacional de Aviação Civil.
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A OTAN é uma organização internacional de colaboração militar estabelecida em 1949 e presentemente é composta por 28 países membros, mais 22 países considerados “parceiros”. Esta organização de cariz militar, poderá prestar a coordenação e supervisão do espaço aéreo a pedido dos seus países membros7. Por outro lado e na génese da OTAN está a defesa do espaço aéreo europeu, celebrado pelos países aliados após a Segunda Guerra Mundial, que dividem a responsabilidades da vigilância e da defesa de quase a metade do hemisfério norte do planeta. A Eurocontrol foi fundada em 1960, é actualmente composta por 38 membros e possui como principal objectivo o desenvolvimento de um sistema pan-europeu de ATM8. Esta organização tem como orientações9, examinar e coordenar em nome dos Estados contratantes as questões do domínio da navegação aérea, estudadas pela OACI ou por outras organizações internacionais, ligadas à aviação civil e coordenar e apresentar alterações ou propostas a estes órgãos. Para além das organizações internacionais, cada país possui a seu instituto ou organização. No caso português ter-se-á o INAC10 que tem como finalidades regulamentar o sector da aviação civil, competindo a colaboração e a preparação de diplomas legais na assessoria ao Governo, definir os requisitos e pressupostos técnicos de que depende a concessão de licenças, certificações e autorizações no âmbito da aviação civil, bem como, definir as regras necessárias à aplicação de normas e recomendações de normalização técnica, emanadas dos organismos internacionais do sector da aviação civil. Todas as organizações identificadas apresentam-se como seguidoras da doutrina emanada pela OACI. O espaço aéreo é uma grandeza bem definida e bem delimitada, susceptível de propriedade e soberania, que por aplicação de normas, regras e regulamentos permite uma liberdade de utilização internacional. A vigência de padrões e práticas uniformes permite a sua utilização eficiente e segura. No panorama que se apresenta, coexistem várias organizações com os mesmos fins, o que por exemplo para o bloco europeu trará por vezes problemas de coordenação11. Será esta a justificação para a implementação do Espaço Aéreo Europeu Único, dando um passo gigantesco entre o controle sobre o espaço aéreo nacional e fragmentado, para uma administração central que perpetuará uma acção pautada pela eficiência e segurança, típica e exigida para este teatro de operações.
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Como é o caso presente do espaço aéreo da Lituânia, Letônia e Estônia, que não possuem forças aéreas próprias. A supervisão do espaço aéreo dessas nações ficou, desde 2004, a cargo de aviões e pilotos de Estados membros da OTAN, cujas missões de vigilância, por enquanto, encontram-se aprovadas até 2011. 8 Air Traffic Management - Gestão de Tráfego Aéreo 9 De acordo com o texto consolidado da Convenção, Diário da República n.º 103 Série I-A de 4 de Maio de 2001 10 INAC – Instituto Nacional de Aviação Civil. 11 Como é o exemplo do bloqueio do espaço aéreo em decorrência da erupção do vulcão na Islândia, em que a Comissão Europeia alega que a situação não chegaria a tal nível caótico se os céus europeus fossem geridos por uma autoridade unificada
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Bibliografia
- PINHEIRO, Renato (MAJOR) (2010): Tópicos da aula ministrada no âmbito da Unidade Curricular “Direito e Legislação Aérea”, leccionado no Instituto de Estudos Superiores Militares, Lisboa, Dezembro de 2010, no âmbito do CPOS 2010/2011;
- SANTOS, J. Coelho (2010): Tópicos da aula ministrada no âmbito da Unidade Curricular “Direito e Legislação Aérea”, leccionado no Instituto de Estudos Superiores Militares, Lisboa, Dezembro de 2010, no âmbito do CPOS 2010/2011;
Contéudo Online consultado:  http://www.eurocontrol.int  http://www.icao.int/  http://www.otan.int/  http://eur-lex.europa.eu/  http://www.estig.ipbeja.pt/~ac_direito/JBG_ATCC.pdf  http://www.fd.uc.pt/CI/CEE/OI/EUROCONTROL/Convencao-eurocontrol-PT.htm  http://pt.wikipedia.org/wiki/Conven%C3%A7%C3%A3o_sobre_Avia%C3%A7%C3%A3o _Civil_Internacional  http://pt.wikipedia.org/wiki/Espa%C3%A7o_a%C3%A9reo  http://www2.mre.gov.br/dai/m_21713_1946.htm  http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=1301436  http://www.dw-world.de/dw/article/0,,5496740,00.html
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