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Pâncreas O pâncreas é um órgão responsável pela secreção de enzimas digestivas e hormônios, como a insulina e o glucagon. Localizado na região epigástrica direita, tem um lobo esquerdo, que se assenta atrás da grande curvatura do estômago, próximo do aspecto cranial do cólon transverso, e um lobo direito, aderido ao duodeno. O suco pancreático, que contém as enzimas digestivas, é produzido nos ácidos pancreáticos e secretado em dúctulos. Os dúctulos formarão o ducto pancreático principal, que, em cães, desemboca na papila duodenal, junto do ducto biliar. Cães têm ducto acessório, já a maior parte dos gatos não o tem. AS PRINCIPAIS ENZIMAS QUE COMPÕEM O SUCO PANCREÁTICO SÃO: • Tripsina e a quimotripsina (enzimas proteolíticas) • Lipase pancreática, a fosfolipase A e a colesterol esterase (enzimas lipolíticas) • A amilase é a principal amidolítica Existem enzimas que quebram proteína, gordura e carboidrato. Além disso, o suco pancreático é rico em bicarbonato e água, o que confere um pH ótimo (pH > 8) para a função das enzimas. Ph alcalino. A secreção do suco pancreático no duodeno é controlada pela liberação de colecistoquinina, secretina e pelo sistema nervoso parassimpático, via nervo vago. INSUFICIÊNCIA PANCREÁTICA EXÓCRINA : IPE DEFINIÇÃO: A insuficiência pancreática exócrina (IPE) é um quadro caracterizado pela secreção inadequada de enzimas pancreáticas no duodeno. ETIOLOGIA E FISIOPATOGENIA Em cães, a principal causa de IPE é a atrofia acinar pancreática, decorrente da destruição imunomediada do pâncreas exócrino. A atrofia acinar pancreática é o estágio terminal de uma pancreatite linfocítica. A doença é, portanto, uma destruição imunomediada dos pâncreas exócrino. Destruição das células por fatores imunológicos gerando uma alteração sistêmica. Quando o paciente apresenta sintomas, mais de 90% dos ácinos pancreáticos foram destruídos. Outras causas menos comuns de IPE são a pancreatite crônica terminal e a obstrução de ducto pancreático. Existe um relato de caso de possível deficiência da produção de lipase pancreática em um cão. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Os animais acometidos têm diarreia pastosa, volumosa e de cor amarelada. Não existe sinal clinico patognomônico. Cães que recebem comida caseira podem eliminar alimentos não digeridos nas fezes, identificáveis a olho nu. Há aumento da frequência de defecação: eles defecam tantas vezes quanto comem. OUTROS SINTOMAS QUASE SEMPRE ASSOCIADOS SÃO: • Emagrecimento • Distúrbios do apetite (polifagia, parorexia ou coprofagia) • Borborigmos. ACHADOS LABORATORIAIS O achado mais comum é a diminuição dos valores de triglicerídios e colesterol, que geralmente estão abaixo do limite inferior dos valores de referência. A pesquisa de gordura, amido e fibras nas fezes, associada ao teste de digestão do filme (conhecidos, quando realizados em conjunto, como “exame coprológico funcional”), são testes inespecíficos que não distinguem a IPE de outras causas de diarreia por má digestão ou má absorção. Considerar IPE um diagnostico diferencial. A dosagem da atividade sérica de amilase ou lipase também não deve ser empregada para o diagnóstico da IPE: cães submetidos a pancreatectomia total têm valores dessas enzimas dentro dos valores de referência, devido à produção extrapancreática delas. Como são produzidas fora, mesmo se tirar o pâncreas, o paciente vai continuar com esses sintomas. O diagnóstico definitivo é concluído por meio da dosagem da imunorreatividade sérica da tripsina e do tripsinogênio (TLI, do inglês, serum trypsin-like immunorreactivity) após jejum de 12 h. Valores da TLI < 2,5 μg/ ℓ confirmam o diagnóstico de IPE. Dosar tripsina e tripsinogênio. A TLI é um teste de alta especificidade e sensibilidade. O ensaio é espécie-específico; portanto, se o cão já estiver recebendo suplementação com enzimas pancreáticas (geralmente de origem suína), não ocorrerá interferência no resultado do teste. TRATAMENTO REPOSIÇÃO ENZIMÁTICA O tratamento baseia-se na suplementação com pancreatina, que é pâncreas suíno dessecado e triturado. A pancreatina deve ser misturada à dieta, de modo que alimento e pancreatina cheguem juntos ao duodeno. O objetivo é promover a normalização da consistência das fezes e o ganho de peso. REPOSIÇÃO ENZIMÁTICA Existem relatos de estomatite associada à administração de pancreatina em cães. Até agora esse é o único efeito colateral relatado. TRATAMENTO DIETÉTICO Atualmente, a restrição dietética de gorduras não é mais recomendada. Dietas de alta digestibilidade e as hidrolisadas são as de escolha para cães com IPE. Dietas com baixo teor de gordura deve ser indicadas para aqueles pacientes nos quais a esteatorreia persiste apesar do tratamento. Se continuar a sair muita gordura, modificar a alimentação. Existe também a recomendação de administrar dietas que contenham triglicerídios de cadeia média, que são encontrados na gordura do leite ou no óleo de coco. SUPLEMENTAÇÃO VITAMÍNICA pâncreas também produz um fator intrínseco, essencial para a absorção da cobalamina (vitamina B12) no íleo. Cães com IPE têm hipocobalaminemia, muitas vezes grave (< 100 ng/ℓ), o que pode estar relacionado com a menor sobrevida. Pacientes ficam susceptíveis a infecções bacterianas, a antibioticoterapia precisa ser preconizada. ANTIBIOTICOTERAPIA O suco pancreático tem propriedades antibacterianas, e sua ausência predispõe ao supercrescimento bacteriano intestinal. Todos os cães com IPE devem ser tratados para o supercrescimento bacteriano intestinal. PROGNOSTICO O prognóstico da IPE em cães é bom, se o paciente tiver boa resposta ao tratamento inicial PANCREATITE : DEFINIÇÃO A pancreatite aguda é um processo inflamatório agudo do pâncreas com envolvimento variável de órgãos e tecidos peripancreáticos e órgãos distantes. • A pancreatite aguda é reversível. • É distinguida da pancreatite crônica pela ausência de inflamação crônica, alterações estruturais permanentes (fibrose) e prejuízo das funções pancreáticas endócrina e exócrina. Como o diagnóstico de pancreatite raramente é realizado pela avaliação histológica de tecido pancreático, é difícil distinguir aquele paciente com pancreatite aguda daquele com um surto de agudização da pancreatite crônica. O pancrea pode estar inflamado ou ser crônico, porem tendo crise aguda, é importante saber diferenciar. ETIOLOGIA E FISIOPATOGENIA O estágio inicial da pancreatite aguda é caracterizado pela ativação prematura, intra-acinar, do tripsinogênio em tripsina. Uma vez ativada, a tripsina ativa em cascata uma série de outras enzimas, incluindo quimotripsina e fosfolipase. Esse processo pode causar a autodigestão do tecido pancreático e de tecidos adjacentes. Se tiver grande concentração e liberação de enzimas, elas irão degradar os tecidos que encontrarem. Os fatores envolvidos na iniciação do processo de ativação intrapancreática de enzimas e necrose não são completamente conhecidos. Provavelmente ocorre falha de um ou mais mecanismos de defesa contra autodigestão. O organismo começa a se autodigerir. Alterações no cálcio intracelular parecem ser os mecanismos mais importantes na ativação intrapancreática do tripsinogênio em tripsina. Alguns fatores, como hiperlipidemia, medicações e endocrinopatias, podem predispor à pancreatitesa contra autodigestão. Alterações no cálcio intracelular parecem ser os mecanismos mais importantes na ativação intrapancreática do tripsinogênio em tripsina. Alguns fatores, como hiperlipidemia, medicações e endocrinopatias, podem predispor à pancreatite. Sempre avaliar pâncreas de pacientes endócrinos. MANIFESTAÇÕES CLINICAS A pancreatite aguda é um quadro típico de abdome agudo, isto é, causa vômito e dor abdominal. Outros achados comuns são desidratação, anorexiae prostração. A dor abdominal é uma das principais características da pancreatite aguda, e alguns pacientes podem adotar a “posição de prece”. Tentando descomprimir o pâncreas devido a dor. DIAGNOSTICO Atualmente não existe um método diagnóstico não invasivo específico para pancreatite. Na rotina clínica, o diagnóstico é obtido por meio da associação entre exames clínicos, laboratoriais e de imagem. EXAMES LABORATORIAIS Os achados laboratoriais são inespecíficos nos exames de rotina. Os achados mais comuns são anemia, leucocitose por neutrofilia e trombocitopenia. A trombocitopenia pode ser indicativa de coagulação intravascular disseminada. As alterações mais comuns na bioquímica sérica são azotemia, aumento da atividade sérica de enzimas hepáticas (alanina aminotransferase, fosfatase alcalina), hiperbilirrubinemia e alterações eletrolíticas. A azotemia, decorrente da desidratação, talvez seja o indicador prognóstico mais importante. AMILASE E LIPASE Classicamente, as dosagens das atividades séricas da amilase e lipase são empregadas como indicadores de inflamação pancreática. Os métodos de rotina mensuram a atividade da lipase e da amilase totais, pois essas enzimas também são produzidas em outros órgãos, como estômago e fígado. Esses testes têm baixa especificidade e sensibilidade para o diagnóstico de pancreatite em cães, sendo questionável sua utilidade na rotina. Finalmente, o aumento das enzimas pode ocorrer em doenças não pancreáticas cujos sintomas também sejam vômito e dor abdominal; por exemplo, cetoacidose diabética, úlcera duodenal e obstrução intestinal. Obstrução intestinal pode acontecer devido a quantidade alta parasitaria. DICA: As dosagens de amilase e lipase séricas não devem ser incluídas no perfil bioquímico de cães enfermos. A baixa sensibilidade para o diagnóstico de pancreatite não justifica seu uso rotineiro e a possibilidade de valores elevados em doenças não pancreáticas pode implicar gasto de recursos adicionais para descartar a pancreatite. LIPASE PANCREÁTICA A dosagem da lipase pancreática canina (cPLI) por radioimunoensaio ou ELISA (Spec cPL®, Idexx Laboratories) é um método desenvolvido para o diagnóstico da pancreatite em cães. Esses imunoensaios mensuram especificamente a lipase produzida pelo pâncreas, em contraste aos testes que avaliam lipase total. Embora ainda não esteja disponível, acredita-se que seja um teste mais acurado para o diagnóstico da pancreatite. EXAMES DE IMAGEM O exame radiográfico do abdome tem baixa sensibilidade para o diagnóstico de pancreatite. A ultrassonografia é o exame de escolha para a avaliação inicial de pacientes com suspeita de pancreatite. A sensibilidade relatada é de 68%. São características sugestivas de pancreatite: pâncreas hipoecoico, maior do que 2 cm e mesentério peripancreático hiperecoico. Exames como: • coleções líquidas peripancreáticas agudas. • Pseudocisto pancreático. • Coleções líquidas pancreáticas, peripancreáticas pós-necróticas TRATAMENTO Animais com sintomas e diagnóstico de pancreatite aguda muitas vezes já apresentam alterações sistêmicas, consequência da pancreatite inicial. Não raramente observam-se evidências de síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SIRS, systemic inflammatory reaction syndrome), coagulação intravascular disseminada, sepse, sepse grave, choque séptico ou mesmo falência de múltiplos órgãos. O tratamento tem início com reposição volêmica agressiva, objetivando melhorar pressão arterial e perfusão, restabelecendo estabilidade hemodinâmica. Pacientes enstao extremamente desidratados, por isso começar reestabelecendo. Analgésicos, antieméticos e protetores gástricos são largamente utilizados. A nutrição parenteral e a enteral parecem diminuir sobremaneira os índices de mortalidade e o tempo de internação. Permanece controverso o uso de antibioticoterapia profilática quando da doença ainda restrita ao pâncreas. TRATAMENTO DA COAGULAÇÃO INTRAVASCULAR DISSEMINADA É importante porque a pancreatite pode predispor. A coagulação intravascular disseminada é uma complicação da pancreatite aguda grave e uma das principais causas de falência de múltiplos órgãos nesses pacientes. Sua ocorrência deve ser antecipada e, caso já tenha se manifestado, deve ser tratada agressivamente. O tratamento da coagulação intravascular disseminada baseia-se em fluidoterapia, reposição de fatores de coagulação pela transfusão de plasma fresco e tratamento com heparina. Heparina não permite os agregados plaquetários que forma os trombos. Embora exista alguma controvérsia acerca dos benefícios da transfusão de plasma e do melhor tipo de heparina, o principal tratamento da coagulação intravascular disseminada é a expansão do volume intravascular com fluidoterapia agressiva. O prognóstico da pancreatite aguda é mau. Em estudos retrospectivos, a mortalidade varia de 20 a 30%. Avaliar sempre o pulmonar para evitar problemas pulmonares devido a fluidoterapia intensa.
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