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Relatório do Documentário AmarElo

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Universidade Federal da Bahia
Estudante: Catarina Pinheiro da Silva Souza
Profª Edilene Dias
Disciplina: Ação Artística I 
Turma: 010100
Relatório de AmarElo – É tudo pra ontem
“Exu matou um pássaro ontem com uma pedra que lançou só hoje”. É com esse ditado iorubá que começa AmarElo – É tudo pra ontem, mostrando de antemão ao telespectador o sentido do título que, apesar de trazer uma perspectiva do passado, aponta linguística e prioritariamente para o futuro.
Dirigido por Fred Ouro Preto, parceiro de Emicida e responsável por vários videoclipes da sua carreira, o documentário é produzido por Evandro Fióti, irmão e empresário do cantor e pelo próprio, e traz um panorama histórico que liga grandes personalidades negras da história em um único ponto em comum: a ocupação do Teatro Municipal de São Paulo, juntamente com a evidência de que o gênero tradicionalmente norte-americano, o hip-hop, também tem raiz em solo brasileiro com o advento do Samba que, agregado ao rap, cria um espaço que emancipa jovens e dá oportunidade a estes de denunciar as desigualdades sociais e o racismo estampado na sociedade brasileira. De acordo com Leandro, o Emicida, ele é um desses jovens.
Em termos de técnica, o filme é muito bem montado com um roteiro intelectual e artisticamente construído, ao ponto que o diretor entrega um pragmatismo bem estruturado quase como quem tem medo de errar, e possui uma fotografia que, além de impecável, brinca com as cores de forma tão natural que passam exatamente o sentimento que as palavras por si só não conseguem, o que faz da imagem o complemento perfeito na construção desse audiovisual. 
Tendo o rap como gênero prevalente em sua carreira, Emicida mostra a jornada de aderir a Música Popular Brasileira e o Samba em sua identidade musical e a forte influência de nomes do MPB que se arriscaram nessa fusão, como The Brothers Rap citando outros que também se aventuraram no estilo musical. O cantor ainda cimenta que esses artistas foram “diluindo a coisa estadunidense e mostrando que é impossível passear pelo caldeirão cultural do Brasil sem ser influenciado pela alma do local”. Ele soma o clássico ao moderno numa incursão que ousa nomear de “neo-samba” que acaba o elevando ao nível de grandes mestres da história da música no Brasil.
Dividido em Plantar, Regar e Colher, AmarElo mostra todo o processo de gravação do disco, com momentos marcantes como a homenagem a Wilson das Neves (baterista que marcou seu crescimento musical), contato com Zeca Pagodinho, Fernanda Montenegro e Marcus Valle, o encontro com a nova geração da música brasileira, e participação de nomes como Jé Santiago, Majur e Pablo Vittar; enquanto traz grandes personagens pretos, artistas ou não, que fazem parte da história do Brasil. Entre eles, Mário de Andrade, Ruth de Souza, Os Batutas, Lélia Gonzales e entre outros que foram essenciais na Brasilidade que se conhece hoje. 
No final do documentário, o narrador traz a atual perspectiva de quarentena e isolamento social e relacionada às pautas trazidas no filme, provando que a frase do início do documentário aplica-se aos parâmetros atuais, mostrando que o seu desejo é que haja um futuro melhor na tentativa de não apagar a história do povo preto mas de construir um amanhã de igualdade.

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