Buscar

Apostila Controladoria e Orçamento Público 2

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 146 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 146 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 146 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

- -1
Responsabilidade na gestão 
pública fiscal
Marcelo Huber
Introdução
Olá, caro aluno! Bem-vindo à Unidade Temática 3 que trata de gestão fiscal responsável. Certamente você já
ouviu inúmeras vezes sobre a Lei de Responsabilidade Social (LRF); mas sabe por que ela foi criada e qual a sua
importância? De que modo inovou as finanças públicas? Questões como essas serão tratadas neste tema. Vamos
focar a responsabilidade na gestão pública fiscal, com ênfase nessa lei criada em 2000. A intenção é identificar o
que ela trouxe de novo nesse campo, seu impacto em relação ao modo como gestores públicos tomam decisões e
os limites de gastos que foram definidos.
Vamos também analisar e entender os efeitos da LRF (Lei Complementar n. 101/2000) na arrecadação e nas
despesas públicas e principalmente no endividamento.
Pronto para começar? Mãos à obra e bons estudos!
Ao final desta aula, você será capaz de:
• discutir a Lei de Responsabilidade Fiscal;
• compreender a importância da Lei de Responsabilidade Fiscal.
1. Lei de Responsabilidade Fiscal
A Lei Complementar n. 101, de 4 de maio de 2000, conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), foi
criada com o intuito de ser a norma que os gestores públicos devem seguir – presidente da República,
governadores e prefeitos – em relação à área financeira e patrimonial. No caso de descumprimento, serão
punidos – dependendo da situação, com penas graves como cassação, perda de direito político ou até prisão.
•
•
- -2
Figura 1 - LRF estabelece regras de controle orçamentário
Fonte: Sebastian Duda, Shutterstock, 2020.
As regras de controle do orçamento já existiam anteriormente à LRF. A Constituição Federal Brasileira de 1988
(CF) assim dispõe no art. 163 do capítulo II:
Art. 163. Lei complementar disporá sobre:
I – finanças públicas;
II – dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e demais entidades
controladas pelo Poder Público;
III – concessão de garantias pelas entidades públicas;
IV – emissão e resgate de títulos da dívida pública;
V – fiscalização financeira da administração pública direta e indireta;
VI – operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios;
VII – compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito da União, resguardadas as
características e condições operacionais plenas das voltadas ao desenvolvimento regional. (Brasil,
1988)
Como podemos observar nesse artigo, havia necessidade de uma lei complementar. Como ela não existia, o
controle das contas públicas era fraco e não acontecia nenhuma punição aos gestores.
A LRF, além de regulamentar o art. 163 da CF, determinou aos gestores um regramento, ou seja, um limite de
FIQUE ATENTO
A LRF veio em hora certa, pois no ano de 2000 o nível de endividamento foi muito alto – tanto
na União quanto nos estados e nos municípios –, e com a imposição dos limites de captação de
recursos via operações de credito os gestores precisaram rever suas despesas.
- -3
A LRF, além de regulamentar o art. 163 da CF, determinou aos gestores um regramento, ou seja, um limite de
despesas com o funcionalismo público – tanto o quadro de inativos quando o de inativos –, conforme art. 169 da
Carta Magna: "Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar” (Brasil, 1988).
2. Histórico, Disposições Preliminares e 
abordagem de conceitos importantes 
Neste tópico, vamos apresentar brevemente o histórico da Lei de Responsabilidade Fiscal e Disposições
Preliminares, além de abordar também conceitos importantes a tal dispositivo legal.
2.1 Histórico
A Lei de Responsabilidade Fiscal, sendo uma normativa para os gastos dos gestores, foi criada com base em
exemplos bem-sucedidos de leis internacionais de controle de gastos públicos, absorvendo princípios e normas
internacionais e, assim, moldando seus artigos para um controle mais eficaz. Podemos dizer que ela foi baseada
em exemplos do Fundo Monetário Internacional (FMI), Nova Zelândia e Comunidade Europeia.
Figura 2 - Desafio dos gestores é administrar corretamente gastos públicos
Fonte: Lisa-S, Shutterstock, 2020.
A preocupação com o controle das contas públicas já vinha de anos antes da LRF com a Lei n. 9.496/1997, pela
qual os estados e o Distrito Federal passaram suas dívidas mobiliárias para a União com a assinatura do
“Programa de Reestruturação e de Ajuste Fiscal”. Este consistia em estabelecer, por exemplo, metas sobre os
resultados primários, controle da dívida financeira sobre a receita líquida real, controle e limite para gastos com
funcionalismo e outros ajustes fiscais. Esses controles foram preparações para a LRF que viria em meados de
2000.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Constituicao.htm#art169
- -4
2.2 Disposições Preliminares 
Dentro de nosso estudo, podemos ver que a LRF tem por objetivo controlar o endividamento público. Isso só é
possível ser feito com austeridade fiscal e financeira, ou seja, somente gastar o que se arrecada.
Hoje em dia, com os controles financeiros existentes, um gestor público – seja presidente, seja governador, seja
prefeito – possui quase instantaneamente as informações da posição financeira do segmento que administra. De
posse desses dados, pode tomar as decisões para conseguir o superávit primário (receitas fiscais são maiores
que despesas) e, com esse saldo, pagar os juros e encargos da dívida e também – caso haja sobra – amortizar a
dívida mobiliária, se enquadrando, assim, à lei. Conforme comenta Nascimento (2014, p. 217), a “[...] LRF traz
uma nova noção de equilíbrio para as contas públicas: o equilíbrio das chamadas ‘contas primárias’, traduzidas
no resultado primário equilibrado”. Portanto, conforme destaca esse autor, a Lei de Responsabilidade Fiscal
trata do equilíbrio primário, ou seja, prima pelo superávit primário da equação receita menos despesa.
2.3 Abordagem de conceitos importantes
Perante a LRF, o conceito mais importante é o da Receita Corrente Líquida (RCL), que é a composição das
receitas correntes, isto é, a soma das receitas tributárias (impostos), contribuições, patrimoniais, industriais,
agropecuárias, de serviços, transferências correntes etc. e também os valores decorrentes da Lei Kandir e do
Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização dos Profissionais da Educação
(Fundeb).
Para o cálculo efetivo da RCL, temos algumas deduções como:
• referente à União, os valores transferidos aos estados;
• referente aos estados, as parcelas entregues aos municípios;
• referente a União, estados e municípios, a contribuição dos servidores à Previdência Social e receitas 
FIQUE ATENTO
A LRF foi criada com o intuito de reduzir a dívida pública que estava se tornando impagável e
fora de controle por parte dos gestores no que se referia aos gastos. Isso porque quando não
conseguiam pagar as despesas fixadas, pois não havia arrecadação suficiente, se utilizavam da
rubrica “Restos a Pagar” e empurravam a “conta” para o sucessor, que já começava o mandato
sem dinheiro.
SAIBA MAIS
Para entender mais sobre o que Receita Corrente Líquida e como, por meio dela, a LRF
estabelece os percentuais limites de gastos dos governos federal, estaduais ou municipais, vale
conferir o site do Tesouro Nacional Transparente.
•
•
•
- -5
• referente a União, estados e municípios, a contribuição dos servidores à Previdência Social e receitas 
provenientes da compensação financeira.
Figura 3 - Limites de gastos definidos pela LRF precisam ser respeitados pelos gestores
Fonte: People Images, iStock.com, 2020.
A LRF estipulou os limites de gastos mediante percentuais de arrecadação da RCL. Como exemplo, vamos ver os
percentuais destinados a gastos com funcionalismo público:
• no governo federal – 50% da RCL (40,9% para o Executivo, 6% para o Judiciário, 2,5% para o Legislativo 
e 0,6% para o Ministério Público);
• nos estados –60% da RCL (49% para o Executivo, 6% para o Judiciário, 3% para o Legislativo e Tribunal 
de Contas e 2% para o Ministério Público);
• nos municípios – 60% da RCL (54% para o Executivo e 6% para o Legislativo e Tribunal de Contas do 
Município, se houver).
3. A importância da responsabilidade fiscal
Com a entrada em vigor da LRF, a qual impôs limites aos endividamentos, os governos e respectivos gestores
precisaram fazer reformas, ou seja, enxugamentos nas despesas de seus órgãos, visto que tiveram que aderir aos
percentuais de gastos calculados pela Receita Líquida Corrente, estipulados pela lei. Para obtenção de operações
de crédito com vistas à rolagem da dívida, também foi imputado um percentual de 16% da RCL, limitando
também o pagamento de juros e amortizações e encargos da dívida consolidada em 11,5%.
•
•
•
•
- -6
Outro ponto muito importante da responsabilidade fiscal é o chamado . O gestor geralmenteRestos a Pagar
estimava uma receita orçamentária muito maior que arrecadava, assim sempre faltava caixa para honrar todas
as despesas fixadas; então, como as despesas não eram pagas no exercício a que pertenciam, eram lançadas na
rubrica “Restos a Pagar”. Isso popularmente era conhecido como , e geralmente essasrolagem da dívida
despesas não eram pagas no seu mandato, recaindo para o governo seguinte.
Entretanto, a LRF vedou esse tipo de rubrica no último ano de mandato, ou seja, o gestor deverá honrar as
despesas fixadas, sob pena de se ser enquadrado na Lei n. 10.028/2000 (Lei de Crimes Fiscais), se não o fizer.
Figura 4 - Cumprimento da LRF é essencial para as finanças públicas
Fonte: Global_Pics, iStock.com, 2020.
Por fim, a Lei de Responsabilidade Fiscal trouxe aos cidadãos brasileiros uma gestão pública transparente, em
que as contas públicas podem ser acessadas por nós via portal da transparência ou outros meios.
EXEMPLO
A LRF veio para controlar as contas públicas, ou seja, não deixar gastar mais do que se ganha e,
se possível, conseguir uma reserva monetária. Um exemplo prático em nossas vidas é o fluxo
de caixa: o valor que recebemos a título de remuneração – seja salário, seja outro tipo de
provento – precisa ser maior do que nossas despesas para que ele seja positivo, ou seja, sobrar
dinheiro.
- -7
Fechamento
Neste tema, você pôde conhecer a Lei de Responsabilidade Fiscal, que entrou em vigor em 04 de maio de 2000,
trazendo inovações no controle dos gastos públicos, impondo um controle austero e condicionando-os à
capacidade de arrecadação. Um dos pontos principais da criação da lei é, de certa forma, acabar com a rubrica
“Restos a Pagar”, em que o gestor no final de seu mandato deixava a conta para o sucessor.
Vimos também que a LRF impôs limite aos gastos, estipulando percentuais para tal com base na Receita Corrente
Líquida. Caso o gestor não os cumpra, pode ser penalizado.
Referências
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 5 out. 1988. Disponível em: 
. Acesso em: 01 abr. 2020.http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
BRASIL. Lei Complementar n. 101, de 4 de maio de 2000. , Poder Legislativo, Brasília, 5Diário Oficial da União
maio 2000. Disponível em: . Acesso em: 01 abr. 2020.http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm
CORBARI, E. C.; MACEDO, J. de J. Controle interno e externo na Administração Pública. Curitiba: Intersaberes,
2012.
GIACOMONI, J. Orçamento Público. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2017.
NASCIMENTO, E. R. Gestão Pública. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
PASSOS, A. P. F.; CASTRO, P. S. C. O orçamento e a Dívida Pública Federal. In: TESOURO NACIONAL; BANCO
MUNDIAL. : a experiência brasileira. Dívida pública Brasília, 2009. p. 219-241. Disponível em: http://www.
. Acesso em: 01 abr. 2020.tesouro.fazenda.gov.br/documents/10180/375694/Parte%202_4.pdf
TESOURO NACIONAL TRANSPARENTE. . [S.d.]. Disponível em: Receita Líquida Corrente (RLC) da União
.https://www.tesourotransparente.gov.br/temas/contabilidade-e-custos/receita-corrente-liquida-rcl-da-uniao
Acesso em: 01 abr. 2020.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm
http://www.tesouro.fazenda.gov.br/documents/10180/375694/Parte%202_4.pdf
http://www.tesouro.fazenda.gov.br/documents/10180/375694/Parte%202_4.pdf
https://www.tesourotransparente.gov.br/temas/contabilidade-e-custos/receita-corrente-liquida-rcl-da-uniao
- -1
Sonegação fiscal
Marcelo Huber
Introdução
Olá, caro aluno! Seja bem-vindo à Unidade Temática 3, que trata da gestão fiscal responsável. Você já ouviu falar
nos termos “sonegação fiscal” e “crime fiscal”? Tem ideia do que significam e as consequências para a economia?
Infelizmente em nosso país trata-se de uma prática muito errada, pois, além de ser crime – do contribuinte que
não honra o compromisso de pagar os tributos como deveria –, afeta os cofres públicos, que não recebem essa
receita prevista no orçamento e com isso não quitam as despesas ali fixadas. Vale lembrar que muitas dessas
despesas se destinam a melhorias em estradas, hospitais, etc. em benefício de toda a população brasileira.
Neste tema, vamos analisar e entender os tipos de crimes fiscais cometidos pelos contribuintes e como se
enquadram na Lei n. 4.729/1965. Também veremos os principais artigos e capítulos dessa lei.
Pronto para começar? Mãos à obra e bons estudos!
Ao final desta aula, você será capaz de:
• conhecer e diferenciar os tipos de crimes fiscais;
• compreender os principais aspectos da Lei n. 4.729/1965.
1. O que é um crime fiscal
Para entender o que é um crime fiscal, vamos recordar sobre receitas públicas. Já vimos que elas possuem três
fases: previsão, lançamento e arrecadação. Na segunda fase (a do lançamento), identifica-se que tal contribuinte
(pessoa física ou jurídica) é devedor de um tributo – por exemplo, o imposto sobre a renda. Porém, quando ele
paga um valor menor do que deve significa que está sonegando os cofres públicos, prejudicando a arrecadação.
Segundo o art. 1º da Lei n. 4.729/1965, constitui crime de sonegação fiscal: “[...] II – inserir elementos inexatos
ou omitir rendimentos ou operações de qualquer natureza em documentos ou livros exigidos pelas leis fiscais,
com a intenção de exonerar-se do pagamento de tributos devidos à Fazenda Pública” (BRASIL, 1965).
Crime fiscal – podemos chamar de crime contra a ordem tributária – é o ato de fraudar o erário público da
arrecadação a que teria direito, ou seja, não recolher aos cofres públicos os tributos que devidos.
•
•
- -2
Figura 1 - Crime fiscal
Fonte: dusan petkovic, iStock.com, 2020.
Um desses crimes é a evasão fiscal, em que o contribuinte, por meio de algumas manobras não legais – isto é, em
descumprimento da legislação tributária do país –, não informa as vendas reais de sua empresa, declarando-as a
menor, para que o imposto devido aos cofres públicos seja recolhido também a menor. Esse tipo de manobra
muitas vezes é realizado para não ultrapassar o limite do enquadramento tributário.
Muitas vezes, os contribuintes atrasam o recolhimento dos tributos devidos por falta de caixa, ou seja, de
dinheiro para conseguir quitá-los no vencimento. Essa prática não se caracteriza como crime fiscal ou sonegação
tributária, pois a declaração do débito foi feita corretamente, apenas o tributo não foi pago. A isso se dá o nome
de “inadimplência fiscal”, pois somente se considera como falta de pagamento.
2. Quais são os crimes fiscais
Os crimes fiscais – na Lei n. 4.729/1965, são chamados de crimes de sonegação fiscal, e na Lei n. 8.137/1990,
crimes contra a ordem tributária –, podem ser classificados, entre outros aspectos, em: sonegação, apropriação
indébita, descaminho, crimes funcionais e falsidade. Vamos conhecer cada um deles.
FIQUE ATENTO
A evasão fiscal é uma manobra ilegal, pela qual o contribuinte lesa o erário público. Já a elisão
fiscal é uma manobra legal, em que o contribuinte utiliza a legislação para reduzir o gasto com
a carga tributária.
- -3
Sonegação– o termo “sonegar” nos leva a pensar sobre deixar de fazer algo que deveria ser feito. No caso de
crimes tributários, isso ocorre quando uma empresa ou pessoa física não paga um tributo devido no seu valor
original e o faz em valor menor, mesmo sabendo que é um procedimento errado. No âmbito das corporações,
podemos dizer que é uma venda de certa mercadoria ou prestação de algum serviço sem emissão de documento
fiscal correspondente ou com valor menor do que o real. A tributação não é recolhida corretamente aos cofres
públicos ou nem é recolhida.
Apropriação indébita – o termo “apropriar” significa tomar para si, apoderar-se; no contexto em que estamos
estudando, significa que isso ocorre indevidamente, ou seja, a pessoa ou a empresa se apropria do que não lhe
pertence. No caso de crimes tributários, consistem em deixar de repassar aos cofres públicos um valor referente
ao tributo devido por um terceiro, o qual já foi descontado ou cobrado dele e recebido pela empresa ou pessoa
física. Isso ocorre, por exemplo, quando a empresa desconta do funcionário o valor relativo à parte da
contribuição do INSS e não o recolhe devidamente à Receita Federal; nesse caso, o funcionário tem esse valor
retido e conta que será recolhido para sua aposentadoria, mas isso não acontece.
Descaminho – o termo “descaminho” significa sair fora do caminho; no caso de crime fiscal, ele é utilizado
quando há um comércio internacional. Pode-se dizer que é um crime tributário aduaneiro. Com a economia cada
vez mais globalizada, a fiscalização cada dia é mais acirrada nesse caso, pois refere-se a tributos de mercadorias
importadas ou exportadas. Podemos citar a importação de produtos eletrônicos, que geralmente chegam dentro
de um ou mais contêineres por via marítima, então pode ocorrer de a nota fiscal não ser exata, vir produtos a
mais ou a menos ou até haver outro tipo de produto.
SAIBA MAIS
Para entender mais sobre os crimes fiscais e como são enquadrados na legislação, vale conferir
o livro , de Kiyoshi Harada, relacionado na bibliografia aoCrimes contra a ordem tributária
final do texto.
FIQUE ATENTO
A apropriação indébita acontece também quando uma empresa retém um valor a título de
tributação a recolher de alguma nota fiscal de um fornecedor e não recolhe aos cofres públicos.
É o caso da retenção do ISS, tributo municipal referente a serviços prestados.
- -4
Crimes funcionais – esse tipo de crime é geralmente cometido pelo encarregado de fiscalizar e combater os
crimes fiscais; ou seja, envolve funcionários públicos da Fazenda, cuja intenção é tirar proveito econômico para
si, lesando o erário público, ou seja, dando aval a um procedimento errado. Podemos citar um fiscal de tributos
que, mesmo sabendo que a mercadoria constante na nota fiscal está com valor diferente do que deveria – e o
tributo será recolhido a menor –, não faz a devida autuação em troca de um ganho monetário.
Figura 2 - Sonegação fiscal
Fonte: Potential Filmmaker, Shutterstock, 2020.
Falsidade – no caso de crimes tributários, adulteram-se um ou vários documentos para se obter algum tipo de
vantagem, beneficiando ou até prejudicando terceiros. A falsidade tem muito a ver com a sonegação fiscal, visto
que, para sonegar, é preciso geralmente um documento falso, seja ele qual for, com o intuito de fraudar o erário
público no recolhimento de impostos devidos. Um exemplo é um documento tipo alvará de um órgão público que
foi emitido para certa finalidade e que tem o conteúdo adulterado, ou seja, alterou-se a finalidade original.
EXEMPLO
Quando adquirimos algum produto importado, geralmente oriundo de contrabando, ou seja,
sem nota fiscal de origem nem recolhimento da tributação pertinente, contribuímos para o
crime de descaminho.
- -5
3. Breve abordagem da Lei n. 4.729/1965 que 
define os crimes fiscais
A Lei n. 4.729, de 14 de junho de 1965, definiu os crimes de natureza tributária em nosso país. Ficou conhecida
como a lei de sonegação fiscal, pois tornou crime a sonegação fiscal e dentro de seus artigos o tipificou e
estipulou as penalidades a serem impostas ao infrator.
Figura 3 - Sonegação fiscal se tornou crime com a Lei n. 4.729/1965
Fonte: Africa Studio, Shutterstock, 2020.
Em seu art. 1º, ela estipulou o que constitui crime de sonegação fiscal: “[...] I – prestar declaração falsa ou omitir,
total ou parcialmente, informação que deva ser produzida a agentes das pessoas jurídicas de direito público
interno, com a intenção de eximir-se, total ou parcialmente, do pagamento de tributos, taxas e quaisquer
adicionais devidos por lei; [...]”. (BRASIL, 1965)
Nesse sentido, entendemos que é crime de sonegação fiscal a não entrega da informação ou entrega de
informação falsa ao agente público fiscalizador. É o caso da Declaração de Imposto de Renda Pessoa Jurídica
(DIPJ), em que a empresa, para pagar menos imposto, informa valores recebidos a título de venda de
mercadorias ou serviços a menor do que efetivamente recebeu. Nessa situação, além da multa aplicada – que
será de duas a cinco vezes o valor do tributo (se o infrator for primário, ela será reduzida a dez vezes o valor do
tributo) –, o infrator tem a detenção estipulada de seis meses a dois anos (BRASIL,1965).
Essa lei também pune o funcionário público que, de alguma forma, contribua para o crime de sonegação: “§ 3º O
funcionário público com atribuições de verificação, lançamento ou fiscalização de tributos, que concorrer para a
prática do crime de sonegação fiscal, será punido com a pena deste artigo aumentada da terça parte, com a
abertura obrigatória do competente processo administrativo” (BRASIL, 1965).
Podemos ver, então, que a lei pune o contribuinte que não a cumpra e o funcionário público que, no exercício de
sua atividade de fiscalização, favoreça a prática do crime de sonegação fiscal.
No caso das receitas, que estudamos anteriormente, um fato interessante é em relação à multa aplicada: os
- -6
No caso das receitas, que estudamos anteriormente, um fato interessante é em relação à multa aplicada: os
valores recolhidos ao erário público entrarão como receitas extraordinárias, ou seja, não previstas no
orçamento, já que o Poder Público não tinha como saber que elas existiriam. A multa aplicada nos termos“Art. 4º
desta Lei será computada e recolhida, integralmente, como receita pública extraordinária” (BRASIL, 1965).
Ao art. 1º da Lei n. 4.729, que dispõe sobre o constitui crime de sonegação fiscal, foi acrescido, pela Lei n. 5.569
/1969, o item V: “exigir , pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficiário da paga, qualquer
percentagem sobre a parcela dedutível ou deduzida do imposto sobre a renda como incentivo fiscal” (BRASIL,
1965).
No decorrer dos anos, o Poder Legislativo alterou alguns artigos da lei, como os arts. 2º (revogado pela Lei n.
8.3831991) e 9º (revogado um ano antes pela Lei n. 8.021/1990). No final de 1990, foi criada a Lei n. 8.137, que
trouxe uma inovação na definição de crimes fiscais, caracterizando-os como crimes contra a ordem tributária,
econômica e as relações de consumo.
Figura 4 - Pela Lei n. 8.137/1990, crimes contra relações de consumo passaram a ser crimes fiscais
Fonte: Andrey Burmakin, Shutterstock, 2020.
As duas leis – n. 4.729/1965 e n. 8.137/1990 – praticamente tratam do mesmo assunto. Há autores, como
Harada (2014), que defendem que a promulgada em 1990 revogou tacitamente a outra, mas não há
unanimidade, razão por que as duas leis continuam em vigor. Essa questão das duas leis é complicada de se
entender, visto que, segundo esse autor, é considerada revogada a Lei n. 4.729/1965 no que contrariar as
- -7
entender, visto que, segundo esse autor, é considerada revogada a Lei n. 4.729/1965 no que contrariar as
disposições da Lei n. 8.137/1990, haja vista que pode existir duas penas distintas em se tratando da mesma
conduta (HARADA, 2014).
Fechamento
Neste tema, você teve oportunidade de conhecer sobre sonegação de tributos fiscais, o que se entende por
crimes fiscais, diferenciar a evasão fiscal e saber a distinçãoentre o contribuinte fraudador e o inadimplente –
neste segundo caso, não é caracterizado crime.
Vimos também alguns tipos de crimes fiscais que os contribuintes utilizam para burlar a legislação tributária
existente em nosso país e recolher o imposto devido a menor, em benefício próprio. Por fim, abordamos a
legislação que trata do assunto, em especial as leis n. 4.729/1965 e n. 8.137/1990.
Referências
BRASIL. Lei n. 4.729, de 14 de julho de 1965. , Poder Legislativo, Brasília, 19 jul. 1965.Diário Oficial da União
Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1960-1969/lei-4729-14-julho-1965-368263-
normaatualizada-pl.html. Acesso em: 08 abr. 2020.
BRASIL. Lei n. 8.137, de 27 de dezembro de 1990. , Poder Legislativo, Brasília, 28 dez.Diário Oficial da União
1990. Disponível em: . Acesso em: 08 abr. 2020.http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8137.htm
HARADA, K. . São Paulo: Atlas, 2014.Crimes contra a ordem tributária
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1960-1969/lei-4729-14-julho-1965-368263-normaatualizada-pl.html
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1960-1969/lei-4729-14-julho-1965-368263-normaatualizada-pl.html
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1960-1969/lei-4729-14-julho-1965-368263-normaatualizada-pl.html
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8137.htm
- -1
Processo de endividamento 
público brasileiro
Marcelo Huber
Introdução
Olá, caro aluno! Seja bem-vindo à Unidade Temática 3, que trata da gestão fiscal responsável. Você certamente já
ouviu falar do processo de endividamento público brasileiro, certo? Mas sabe exatamente o que isso significa
para a vida do país e da sociedade? Ele diz respeito à gestão pública e impacta todos nós, pois se os gestores não
conseguem arrecadar visando custear as despesas, de algum lugar terão de sair recursos para isso. Geralmente é
da base de empréstimos do setor financeiro, muitas vezes com a emissão de títulos públicos que são colocados
no mercado para captar dinheiro com tal finalidade.
Neste tema, você vai analisar e entender o processo de endividamento de nosso país, o que é o Portal da
Transparência e quais informações ele nos traz. Também entenderá por que foi criada a Lei de Acesso à
Informação (LAI) e como ela é cumprida pelo Poder Público.
Pronto para começar? Mãos à obra e bons estudos!
Ao final desta aula, você será capaz de:
• discutir o endividamento público brasileiro;
• identificar o Portal da Transparência;
• compreender a Lei de Acesso à Informação.
1. Endividamento público
Para entendermos sobre o endividamento público crescente em nosso país, vamos lembrar da seguinte equação: 
receitas orçamentárias - despesas orçamentárias = resultado primário. Esse resultado pode ser de
superávit ou déficit, e após ele ser obtido são pagos os juros da dívida; caso venha a sobrar, é amortizado algum
valor da dívida total.
Em nosso país, de 1998 a 2013 o governo federal possuía superávit primário em suas contas, mas de 2014 até
2019 o resultado primário foi de déficit, e a dívida pública explodiu. O governo, além de não pagar os juros nem
amortizar a dívida, ainda a aumentou, pois não conseguiu se manter com as receitas arrecadadas pelos tributos.
•
•
•
- -2
Figura 1 - Dívida Pública Federal
Fonte: TESOURO NACIONAL TRANSPARENTE, [s.d.].
Conforme podemos verificar no gráfico apresentado, o problema se agravou a partir de 2014, quando começou o
resultado deficitário. Para “fechar a conta” das despesas, o governo precisou captar dinheiro no mercado,
piorando assim o quadro de endividamento.
A esse respeito, Nascimento (2014 p. 199) salienta: “Não é fácil avaliar a sustentabilidade da posição da dívida
pública, pois para isso é necessário fazer projeções de variáveis como taxa de juros, taxas de crescimento
econômico e receita e despesas públicas”.
Portanto, à luz desse conceito, o endividamento público possui variáveis além das receitas e despesas. Para que
ele diminua, precisamos ter crescimento econômico, propiciando maior arrecadação, e diminuição das despesas
públicas, gerando maior superávit primário. Mas não podemos esquecer que as taxas de juros do país precisam
ser baixas, pois impactam muito o resultado nominal, ou seja, o resultado financeiro após o pagamento dos juros
e encargos da dívida. Caso haja superávit dessa equação, o chamado , sobrará para asuperávit nominal
amortização da dívida existente, reduzindo o endividamento.
Vamos analisar os dados do orçamento de 2019 do governo federal, extraídos do Portal da Transparência. Na Lei
FIQUE ATENTO
O superávit primário ocorre quando o governo consegue pagar suas despesas e sobra dinheiro
para o pagamento dos juros e encargos da dívida. Já superávit nominal acontece quando são
pagos os juros e encargos da dívida.
- -3
Vamos analisar os dados do orçamento de 2019 do governo federal, extraídos do Portal da Transparência. Na Lei
Orçamentária Anual (LOA), o governo federal estipulou uma receita de R$ 3.261.378.698.948,11 e uma despesa
de R$ 3.229.390.152.317,85. De acordo com esses números, as receitas seriam suficientes para cobrir as
despesas, não é mesmo?
Mas, veja o que aconteceu: as receitas se mantiveram no valor estipulado na LOA, mas as despesas tiveram um
aumento, saltando para R$ 3.296.888.635.302,85, ou seja, extrapolaram as receitas. Resultado: faltou dinheiro.
Então, o que acontece é a emissão de mais títulos públicos no mercado a fim de arrecadar dinheiro, aumentando
ainda mais o endividamento.
2. O Portal da Transparência
Muitos de nós já ouvimos falar sobre o Portal da Transparência, mas o que é isso e o que nos traz de
informações? Ele nos mostra como nosso dinheiro, arrecadado por meio de tributos, é investido pelo governo.
Trata-se de um site governamental lançado em meados de 2004 pelo Ministério da Transparência e pela
Controladoria Geral da União (CGU) ao qual qualquer cidadão tem acesso. O objetivo é deixar as contas públicas
transparentes, além de demonstrar os atos dos gestores públicos em nosso país.
A CGU é a entidade que administra o Portal da Transparência e é responsável por captar os dados de várias
fontes de informação governamentais. Entre elas, podemos citar o Sistema Integrado de Administração
Financeira do Governo Federal (Siafi), o Sistema Integrado de Administração de Pessoal (Siape), além de dados
sobre os benefícios sociais como Bolsa-Família e outros. O material disponível no portal é constantemente
atualizado para deixar o cidadão sempre informado do que está acontecendo.
Vamos olhar o gráfico a seguir, extraído do Portal da Transparência, relativo às despesas do governo federal em
2019.
EXEMPLO
O endividamento público é uma consequência de gastos maiores do que a arrecadação. Em
nossa vida financeira pessoal é a mesma coisa: quando gastamos mais do que ganhamos,
acabamos nos endividando e recorrendo a algum tipo de empréstimo.
FIQUE ATENTO
O Portal da Transparência expõe em seu site informações retiradas de fontes de órgãos
governamentais representando a atual situação financeira deles, informando o cidadão o que
está sendo feito com os valores arrecadados.
- -4
Quadro 1 - Gastos públicos
Fonte: PORTAL DA TRANSPARÊNCIA, 2020.
Podemos ver os cinco programas orçamentários do governo federal que mais consomem recursos públicos,
totalizando R$ 2.607.035.269.465,40. Trata-se de um número absurdo, concorda? Como nosso estudo neste tema
é sobre endividamento público, vamos olhar melhor os valores desses itens.
Serviço da dívida interna (juros e amortizações) – corresponde a 19,90%, ou seja, R$ 518.771.487.923,97;
Refinanciamento da dívida interna – corresponde a 17,73%, ou seja, R$ 462.261.225.023,01. 
O Portal da Transparência, como já citado, traz as informações da gestão pública para os brasileiros. Devemos,
sempre que possível, acessá-lo a fim de ver o que está sendo realizado no país, como o orçamento anual, as
receitas e despesas públicas, as áreas de atuação governamental, benefícios aos cidadãos, as ações dos órgãos do
governo, relatórios de auditoria etc. Essa transparênciajá estava estabelecida na Constituição Federal de 1988,
mas o cidadão não tinha acesso às informações, e com a implantação da Tecnologia de Informação (TI) isso se
tornou possível.
3. A transparência dos gastos públicos
Com a inserção das tecnologias de controle – a mais importante foi a Tecnologia da Informação (TI) – ficou mais
fácil o controle orçamentário e financeiro por parte dos gestores. É possível acompanhar quase em tempo real as
finanças, ou seja, a despesa pública fixada e paga e a receita tributária prevista no orçamento, mas nem sempre
paga pelo contribuinte.
Conforme destaca Nascimento (2014, p. 206), “esses sistemas (SIAFI, SICONV, CAUC, SISTN) são também
SAIBA MAIS
Para entender mais sobre a situação financeira de qualquer órgão governamental, no site do
Portal da Transparência você pode achar todos os dados atualizados de que precisa.
- -5
Conforme destaca Nascimento (2014, p. 206), “esses sistemas (SIAFI, SICONV, CAUC, SISTN) são também
utilizados pelos órgãos de controle externo e interno de cada Unidade da Federação, possibilitando inclusive o
acesso público das informações relacionadas a gestão orçamentária e financeira”.
Esses sistemas permitem ao governo federal divulgar no Portal da Transparência, controlado pela CGU, as
informações de como está sendo gerido o orçamento e – mais importante ainda – feita a gestão financeira,
tornando públicas todas as receitas estimadas e arrecadadas, todas as despesas fixadas, pagas e não pagas
dentro do exercício financeiro a que correspondem.
Figura 2 - Transparência dos gastos públicos
Fonte: Ollyy, Shutterstock, 2020.
Essas informações já estavam previstas na Constituição Federal, mais precisamente no art. 37, que trata dos
princípios aos quais os atos da Administração Pública devem seguir, entre eles o da publicidade. Em 2011,
entrou em vigor a Lei n. 12.527/2011, obrigando o Poder Público a ser transparente, ou seja, divulgar seus atos à
população. Nesse sentido, foi criado o Portal da Transparência.
4. A Lei de Acesso à Informação
A Lei de Acesso à Informação (Lei n. 12.527/2011), conhecida como LAI, foi sancionada em 18 de novembro de
2011, com objetivo de divulgar ao cidadão as informações públicas. Como já citamos, ela atende ao princípio da
publicidade disposto na Constituição Federal e deve ser cumprida pelos três poderes (Executivo, Legislativo e
Judiciário) da União, estados, Distrito Federal e municípios.
Para entendermos melhor quem é subordinado a essa lei, vamos ver o que consta no parágrafo único do art. 37:
Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei:
I – os órgãos públicos integrantes da administração direta dos Poderes Executivo, Legislativo,
incluindo as Cortes de Contas, e Judiciário e do Ministério Público;
II – as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e
demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e
Municípios. (BRASIL, 2011)
A LAI foi criada para aumentar o controle e a eficiência do Poder Público, e assim diminuir a corrupção, tendo
- -6
A LAI foi criada para aumentar o controle e a eficiência do Poder Público, e assim diminuir a corrupção, tendo
como diretriz que o acesso à informação é direito do cidadão e dever do Estado.
Figura 3 - Lei de Acesso à Informação
Fonte: Lisa-S, Shutterstock, 2020.
Em 2012, mais precisamente em 16 de maio de 2012, entrou em vigor o Decreto n. 7.724, o qual regulamenta a
Lei de Acesso à Informação (Lei n. 12.527/2011). Vamos ver o que o art. 9º desse decreto nos diz:
Art. 9º Os órgãos e entidades deverão criar Serviço de Informações ao Cidadão – SIC, com o objetivo
de:
I – atender e orientar o público quanto ao acesso à informação;
II – informar sobre a tramitação de documentos nas unidades; e
III – receber e registrar pedidos de acesso à informação. (BRASIL, 2011)
Como vimos, o art. 9º exigiu por parte do Poder Público a criação do chamado Sistema de Informações ao
Cidadão (SIC), disponível na internet, com o intuito de permitir, cada vez mais, que o cidadão tenha acesso a
informações relativas a órgãos e entidades do Executivo federal.
Fechamento
Neste tema, você teve oportunidade de conhecer e entender sobre o endividamento público. Pôde verificar o
aumento que ele teve desde 2014, haja vista que o país não está tendo superávit primário (vem gastando mais do
que arrecada). Conheceu também acerca do Portal da Transparência, que está disponível a qualquer cidadão.
Vimos também o que é a Lei de Acesso à Informação (LAI), criada com o intuito de trazer transparência ao setor
público e buscar diminuir a corrupção. Ela estabelece que o cidadão pode ter acesso aos dados da gestão pública,
saber onde os gestores estão investindo os valores arrecadados pelos tributos e cobrar dos governantes ações
- -7
saber onde os gestores estão investindo os valores arrecadados pelos tributos e cobrar dos governantes ações
para termos um Brasil melhor.
Referências
BRASIL. Decreto n. 7.724, de 16 de maio de 2012. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, 16 maio
2012. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/Decreto/D7724.htm. Acesso
em: 12 abr. 2020.
BRASIL. Lei n. 12.527, de 18 de novembro de 2011. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, 18 nov.
2011. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm. Acesso em:
12 abr. 2020.
NASCIMENTO, E. R. Gestão Pública. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
PORTAL DA TRANSPARÊNCIA. [S.d.]. Disponível em: http://www.portaltransparencia.gov.br/. Acesso em: 12
abr. 2020.
PORTAL DA TRANSPARÊNCIA. Despesas públicas. 2020. Disponível em: http://www.portaltransparencia.gov.
br/despesas?ano=2019. Acesso em: 12 abr. 2020.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/Decreto/D7724.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm
http://www.portaltransparencia.gov.br/
http://www.portaltransparencia.gov.br/despesas?ano=2019
http://www.portaltransparencia.gov.br/despesas?ano=2019
- -1
O Controle Externo e a relação 
com a Administração Pública
Brenda Rocha Nunes Soares
Introdução
Ao imaginar o Controle e sua relação com a administração pública, podemos exemplificar da seguinte forma: nós
todos pagamos tributos (impostos, contribuições, taxas) ao Estado, certo? Com a intenção de receber algo em
troca, seja uma escola, uma creche, um hospital, a melhoria no asfalto, enfim. Se pagamos queremos saber como
está sendo investido o dinheiro, não é verdade? É aí que entra o controle na administração. Ele é executado por
órgãos que irão fiscalizar a prestação de contas dos gestores públicos e verificar como estão sendo gastos os
recursos.
Veremos nesta aula os tipos de controle externo e sua importância para a transparência social.
Ao final desta aula, você será capaz de:
• identificar os órgãos responsáveis pelo Controle Externo;
• compreender as funções dos respectivos órgãos responsáveis pelo Controle Externo.
Controle Externo e Administração Pública
Buscando um conceito mais formal de Controle Externo, encontramos que Guerra define controle como sendo
uma fiscalização, exame, inspeção sobre determinado objeto com a finalidade de verificar o cumprimento do que
já foi predeterminado ou verificar desvios a fim de corrigi-los, portanto, define-se controlar como “fiscalizar
emitindo um juízo de valor” (GUERRA LIMA, 2018, p. 4). apud
•
•
- -2
Figura 1 - Controle
Fonte: szefei, Shutterstock, 2019.
Colocando o controle no âmbito da administração pública, temos que aquele é o principal meio democrático,
Lima afirma que “não existe democracia sem controle” (2018, p. 39). E Mileski (2006, Lima, 2018)apud
enriquece ao abordar que o controle é o centro do Estado democrático, pois obsta o abuso de poder por parte da
autoridade administrativa permitindo que priorize o interesse coletivo.
Os controles são classificados de várias formas. Entre elas, quanto ao posicionamento do órgão controlador.
Assim, ele podeser:
· interno;
· externo.
Define-se controle interno aquele em que o órgão controlador integra a administração que é objeto de controle
(LIMA, 2018). E o controle externo é quando o órgão controlador não integra a administração que está sendo
controlada, é um órgão externo a organização, por isso seu nome.
Fernandes (2005, apud Lima, 2019, p. 10) conceitua o sistema de controle externo como “o conjunto de ações de
controle desenvolvidas por uma estrutura organizacional, com procedimentos, atividades e recursos próprios,
não integrados na estrutura controlada, visando fiscalização, verificação e correção dos atos”. 
Quanto ao controle externo, é necessário abordar resumidamente a teoria da separação dos três poderes, de
Montesquieu, que busca evitar o arbítrio e o desrespeito aos direitos fundamentais e, assim, garantir o estado
democrático de direito (SILVA, 2014). 
FIQUE ATENTO
O controle é dividido de várias formas, entre as quais, quanto ao posicionamento do órgão
controlador. Se o órgão controlador estiver no mesmo âmbito, ou seja, integrar o órgão que
está sendo controlado, será exercido o controle interno. Caso contrário, se o órgão controlador
não fizer parte do órgão que está sendo controlado, então será exercido o controle externo.
- -3
Figura 2 - Sistema de freios e contrapesos da Constituição Federal
Fonte: CASTRO, 2018, p. 260.
O sistema de freios e contrapesos visa deter o abuso que quem está no poder tende a exercê-lo. Dessa forma, a
Constituição Federal (BRASIL, 1988), em seu artigo 2º, define que a organização política-administrativa da
República é dividida entre os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, todos independentes e harmônicos
entre si.
Há três hipóteses de controle externo: jurisdicional, político e técnico. O controle jurisdicional é o exercido pelos
Poderes Judiciários e “os instrumentos para seu exercício são: a ação popular, a ação civil pública, o mandato de
segurança, o mandato de injunção, o habeas corpus e o habeas data” (LIMA, 2018, p. 7). O controle político é de
competência do Poder Legislativo e é o eixo principal do regime democrático. E o controle técnico “é o exercido
pelos órgãos de controle externo, em auxílio aos órgãos legislativos, nas três instâncias de governo (Federal,
Estadual/Distrital e Municipal) e pelos órgãos de controle interno” (LIMA, 2018, p. 7).
SAIBA MAIS
Você sabia que a Constituição Federal (BRASIL, 1988) é o eixo do ordenamento jurídico
brasileiro? Sendo assim, é interessante ler os seguintes dispositivos: arts.: 2º, 5º - LXXIII, 49, 70
e 71. Esses instrumentos se referem respectivamente, à separação dos poderes da União, à
possibilidade de qualquer cidadão propor ação popular, a competência exclusiva do Congresso
Nacional, a competência de exercer o controle externo no âmbito federal e a competência do
Tribunal de Contas da União.
- -4
Quadro 1 - Tipos de controles externos
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Em síntese, Pardini (1997 apud LIMA, 2018) define controle externo sobre a administração pública como sendo
todo controle exercido por um poder ou órgão sobre a administração de outros. Portanto, caracteriza-se como
controle externo o Poder Judiciário efetuar atos sobre os demais poderes. Assim como quando o Poder
Legislativo exerce seu controle sobre a administração, tanto direta quanto indireta, dos poderes Executivo e
Judiciário.
Pardini explica as características do controle externo como:
· é externo porque é exercido pelo Parlamento sobre a administração pública direta e indireta;
· é controle porque lhe compete examinar, da forma mais ampla possível, a correção e a regularidade
e a consonância dos atos de Administração com a lei e com os planos e programas;
· tem múltiplas incidências, pois são submetidos ao controle externo os aspectos contábil, financeiro,
orçamentário, operacional e patrimonial;
· efetua-se por dois órgãos distintos e autônomos: o Parlamento e o Tribunal de Contas (1997 apud 
.LIMA, 2019, p. 9)
De acordo com Lima (2019) as Cortes de contas, como são conhecidos os tribunais de contas, historicamente
FIQUE ATENTO
Para Castro, os tribunais de contas “são instituições importantes e fundamentais para a
sustentação da democracia agindo na defesa da boa e regular aplicação dos recursos públicos”
(2018, p. 263). Para isso, detêm de uma estrutura institucional bem definida.
- -5
De acordo com Lima (2019) as Cortes de contas, como são conhecidos os tribunais de contas, historicamente
deram maior ênfase a aspectos relacionados à legalidade e que atualmente adotam técnicas de aferição de
desempenho.
Controle Externo como dispositivo de 
transparência pública
Em uma sociedade democrática em que aumentam as pressões populares por maior transparência e eficiência
no manuseio dos recursos públicos, crescem na mesma proporção, as cobranças do parlamento e as
responsabilidades das instituições e profissionais do controle externo. Uma vez que, essa cobrança popular por
transparência requer maior desenvolvimento de metodologias e procedimentos específicos de controle (LIMA,
2019).
Visando ampliar e caminhar na mesma direção dos controles democráticos que buscam por transparência, a
Constituição Federal, em seu art. 74 § 2º afirma que “qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é
parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da
União” (BRASIL, 1988). Destaca-se que esse dispositivo abrange todos os tribunais de contas.
Assim, percebe-se o cuidado que os legisladores possuíram ao permitir que exista o controle social agregado ao
controle externo e interno.
Dessa forma, outra forma de controle externo é o controle social que é exercido pela população, ao fiscalizarem a
atuação de seus representantes. E para realizar essa fiscalização necessita da disponibilidade das informações
públicas, estas que são recolhidas e fiscalizadas também pelos tribunais de contas para verificar a eficiência dos
gastos públicos.
De acordo com a figura , podemos observar que há três tiposControles incidentes sobre a administração pública
de controle: o externo, o interno e o social que é o exercido pela sociedade sobre a gestão pública.
Figura 3 - Controles incidentes sobre a administração pública
Fonte: LIMA, 2009, p. 8.
Em uma democracia é fundamental que haja um controle social efetivo, que é exercido desde a elaboração de
políticas públicas até a entrega de obras e serviços a comunidade. Um exemplo é o orçamento participativo, no
qual a população direciona uma parte das verbas públicas às prioridades da comunidade e acompanham sua
execução (LIMA, 2018).
- -6
execução (LIMA, 2018).
Por fim, faz-se necessário explicar que o controle social não se esgota em si mesmo, “nem possui a função de
substituir o controle oficial regulado constitucionalmente” (MILESKI, 2006 LIMA, 2018, p. 23) (como oapud
controle exercido por órgãos e instituições públicas ditas no tópico anterior). Assim, o “controle social é
complementar ao controle oficial e precisa deste para ter eficácia (MILESKI, 2006 LIMA, 2018, p. 23).” apud
Fechamento
Vimos nesta aula os tipos de controle existente, quanto ao posicionamento do órgão controlador: há o controle
interno e o externo. Além disso, estudamos que há três hipóteses de controle externo: o exercido pelo poder
judiciário (jurisdicional), pelo poder legislativo (político) e pelos órgãos de controle externo (técnico).
Os órgãos técnicos de controle externo exercem auxílio ao poder legislativo, no âmbito Federal é o Tribunal de
Contas da União e, por simetria, o Tribunal de Contas do Estado (no estadual).
Por fim, atentamos para a importância que se faz, no Estado democrático de direito, ter um controle social. E,
para que esse controle seja eficaz, precisa do suporte dos órgãos de controle externo, que fornecem as
informações necessárias para sua realização.
Referências
BRASIL. 1988. Brasília: Senado Federal, 1988. Disponível em:Constituição da República Federativa do Brasil. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.Acesso em: 1 out. 2019.
BRASIL. Lei de Responsabilidade Fiscal. Brasília, 2000.Lei Complementar n. 101, de 4 de maio de 2000.
Disponível em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm. Acesso em: 1 out. 2019.
BRASIL. . Lei de acesso à informação. Brasília, 2011. Disponível em:Lei n. 12.527, de 18 de novembro de 2011
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm. Acesso em: 1 out. 2019.
BRASIL. . Lei de Política Nacional de Resíduos Sólidos. Brasília, 2010.Lei n. 12.305, de 02 de agosto de 2010
Disponível em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm. Acesso em: 1 out.
2019.
CASTRO, D. P. de. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2018.Auditoria, contabilidade e controle interno no setor público
LIMA, L. H. : teoria e jurisprudência para os tribunais de contas. 7. ed. rev. e atual. Rio deControle externo
EXEMPLO
Lima (2018), em seu livro “Controle Externo”, cita algumas formas de exercer o controle social,
como:
· conselhos de saúde, de alimentação escolar, do FUNDEB;
· ouvidorias implantadas nos órgãos e entidades públicas;
· orçamento participativo adotado em alguns estados e municípios, que permite entidades
representativas da sociedade decidir sobre a aplicação de parte do orçamento.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm
- -7
LIMA, L. H. : teoria e jurisprudência para os tribunais de contas. 7. ed. rev. e atual. Rio deControle externo
Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2018.
LIMA, L. H. : teoria e jurisprudência para os tribunais de contas. 8. ed. Rio de Janeiro: Forense;Controle externo
São Paulo: MÉTODO, 2019.
SILVA, M. M. da. Controle Externo das Contas Públicas: O Processo nos Tribunais de Contas do Brasil. São
Paulo: Atlas, 2014.
- -1
A importância do controle 
interno na gestão pública
Brenda Rocha Nunes Soares
Introdução
No setor privado existem empresas, geralmente de médio e grande porte, que possuem organogramas e suas
funções bem definidas. Elas prezam pelo controle do seu patrimônio e, por isso, possuem um efetivo controle
interno, definindo suas políticas, segregando funções e avaliando riscos de forma a preservar sua organização,
diminuir possíveis irregularidades e ilegalidades. Você já deve ter visto ou trabalhado em alguma empresa assim.
Do mesmo modo ocorre no setor público. Buscando um controle mais efetivo dos seus atos, existe o controle
interno e o externo. O que significa controle interno? Quais as suas finalidades? Como são definidos seus órgãos?
Nesta aula você estudará sobre o controle interno no setor público.
Ao final desta aula, você será capaz de:
• reconhecer a função do Controle Interno;
• compreender a relação existente entre o Controle Interno e a Administração Pública;
Controle Interno e a Relação com a 
Administração Pública
Alguns autores definem controle interno como “aquele realizado por entidade ou órgão responsável pela
atividade controlada, no âmbito da própria administração” (MEIRELES, 1997 LIMA 2019, p. 331), ou seja,apud 
compõe a mesma administração da atividade que é objeto de controle, por isso seu nome.
O controle interno possui natureza eminentemente preventiva, no qual o seu fortalecimento é medida
estratégica para reduzir fraudes e irregularidades na administração pública (LIMA, 2018).
Castro resume o conceito de controle interno no setor público como: “o conjunto de métodos e procedimentos
adotados pela entidade, para salvaguardar os atos praticados pelo gestor e o patrimônio sob sua
responsabilidade, conferindo fidedignidade aos dados contábeis e segurança às informações deles” (2018, p. 279)
.
•
•
- -2
Figura 1 - Inter-relação do Controle Institucional dos gastos públicos
Fonte: Elaborado pela autora adaptado de PAIVA, 2004, p. 3 apud Enap 2017 p. 8.
Seguindo alguns princípios definidos no ambiente organizacional, a entidade tende a possuir um controle
interno mais forte para prevenir quaisquer irregularidades. Importante destacar que a eficiência e o
fortalecimento de o risco de uma entidade possuir desvios ouum controle interno não elimina 
irregularidades, .mas sim, o diminui
A relevância do Controle Interno para a 
Administração Pública
A finalidade do controle interno é exercer auxílio ao administrador público, uma vez que esse controle garante
que os objetivos da organização sejam cumpridos e suas ações sejam conduzidas de forma eficiente, econômica e
eficaz, visando proteger o bem público (CASTRO, 2018). Assim, o Decreto n. 3.591/2000 (BRASIL, 2000) traz em
seu art. 1º que o Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal visa avaliar a ação governamental e da
gestão dos administradores públicos federais.
A ação governamental é uma avaliação do cumprimento das metas do Plano Plurianual (PPA), buscando
averiguar a conformidade da sua execução e avaliar se os programas de governo estão consistentes com o nível
de execução das metas, do alcance dos objetivos e da adequação do gerenciamento (LIMA, 2018).
- -3
De acordo com Castro (2018), as finalidades do controle interno que merecem destaques são:
· segurança ao ato praticado e obtenção de informação adequada;
· promover a eficiência operacional da entidade;
· estimular o cumprimento e o respeito às políticas traçadas;
· proteger os ativos;
· inibir a corrupção.
Figura 2 - Finalidade do Controle Interno
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
A figura Finalidades do controle interno mostra como são realizadas as operações de maneira eficiente, de modo
a proteger ativos e evitar perdas ou desvios e a auxiliar a execução orçamentária, financeira, contábil ou
patrimonial da organização.
EXEMPLO
Suponha que no Plano Plurianual de determinada Universidade Federal está a criação de uma
biblioteca e que metade da obra foi executada, faltando construir apenas o acabamento e o
telhado. O Sistema de Controle Interno visa avaliar se, diante da documentação fornecida e das
técnicas de auditoria utilizadas, a obra realmente está em 50% ou não.
- -4
O Controle Interno e o entroncamento com a 
Constituição Federal Brasileira de 1988
A Constituição Federal de 1988 aborda o controle interno no seu Art. 74, dispondo que os Poderes Legislativo,
Executivo e Judiciário manterão, , sistema de controle interno com a finalidade de: de forma integrada
I - avaliar o cumprimento das previstas no , a execução dos programas demetas plano plurianual
governo e dos orçamentos da União;
II - , quanto à eficácia e eficiência, da gestãocomprovar a legalidade e avaliar os resultados
orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem como
da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado;
III - exercer o , avais e garantias, bem como dos direitos e haverescontrole das operações de crédito
da União;
IV - no exercício de sua missão institucional (BRASIL, 1988, s.p., grifosapoiar o controle externo
nossos).
Figura 3 - Congtrole Interno de acordo com a Constituição
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Diante dos dispositivos, podemos verificar que cada poder - Legislativo, Executivo e Judiciário - deverão possuir
- -5
Diante dos dispositivos, podemos verificar que cada poder - Legislativo, Executivo e Judiciário - deverão possuir
seu próprio sistema de controle interno e mantê-los de forma integrada.
Logo em seguida, no seu §1 do art. 74, a Constituição traz que “os responsáveis pelo controle interno, ao
tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da
União, sob pena de responsabilidade solidária” (BRASIL, 1988, s.p).Nesse dispositivo, verificamos o apoio que o
controle interno exerce ao controle externo, não ocultando qualquer informação que tenha conhecimento,
principalmente referente à irregularidade ou ilegalidade.
Ainda nessa abordagem de dar cumprimento à finalidade de apoiar o controle externo na sua missão
institucional, o art. 18 da Instrução Normativa do Tribunal de Contas da União n. 49/2005, afirma que os órgãos
e as unidades do sistema de controle interno deverão:
I – realizar auditorias e fiscalizações solicitadas pelo Tribunal de Contas da União, em prazo
previamente estabelecido; e
II – fornecer ao Tribunal de Contas da União informações relativas ao planejamento, execução e
resultados de suas ações (BRASIL, 2005, s.p.).
Como vimos no item anterior, cada poder deverá possuir um sistema de controle interno. Assim, o Decreto nº
3.591/2000 (BRASIL, 2000) com alterações do Decreto nº 4.304/2002 (BRASIL, 2002) traz que ao Sistema de
Controle Interno (SCI) do Poder Executivo Federal compete a Controladoria Geral da União, como Órgão Central,
incumbido da orientação normativa e da supervisão técnica dos órgãos que compõem o Sistema.
FIQUE ATENTO
O controle interno auxilia o controle externo. Não existe relação de subordinação, pois ambos
os órgãos responsáveis por tais controles são independentes. O que existe é uma relação de
complementariedade. E a Controladoria Geral da União (órgão central do controle interno)
apoia o Tribunal de Contas da União (órgão responsável pelo controle externo).
SAIBA MAIS
A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) atribui ao controle interno relevantes
responsabilidades. No seu art. 54, estabelece que o “ deve ser Relatório de Gestão Fiscal
 pelos titulares dos poderes e órgãos (...) (BRASIL,assinado assim como pelo controle interno” 
2000, s.p., grifos nossos). Em seu art. 59, atribui ao controle externo e ao sistema de controle
interno de cada poder, a fiscalização do cumprimento das normas de gestão fiscal, enfatizando
suas referências.
- -6
O Decreto n. 4.304/2002 (BRASIL, 2002) afirma que integram o SCI do poder executivo federal as Secretarias de
Controle Interno (Ciset) da Casa Civil, da Advocacia-Geral da União, do Ministério das Relações Exteriores e do
Ministério da Defesa, com órgãos setoriais.
O órgão central responsável pelo controle interno no âmbito do Poder Executivo Federal é a
Controladoria Geral da União (CGU) e, por simetria, no âmbito estadual é a Controladoria Geral
do Estado ao qual se refere. No Legislativo, não existe uma unidade central de controle interno,
mas uma Secretaria de Controle Interno da Câmara dos Deputados, subordinada à Mesa
Diretora; e outra com idêntico nome no Senado Federal, subordinada à respectiva Mesa
Diretora.
FIQUE ATENTO
- -7
Figura 4 - Sistemas de Controle da Administração Pública Federal
Fonte: Enap, 2017 p. 10.
Quanto ao judiciário, também não existe um sistema orgânico, o STF, bem como os demais tribunais superiores,
dispõe de uma Secretaria de Controle Interno, como órgão subordinado à sua presidência. Porém, não existe
articulação de procedimentos entre essas unidades, desrespeitando a previsão constitucional (LIMA, 2018).
- -8
Fechamento
Abordamos nesta aula o controle interno, que é realizado no âmbito da própria administração que está sendo
controlada. Vimos a relevância desse controle para a administração pública; pois quanto maior o controle
realizado sobre os atos, menos desvios são verificados.
Aprendemos que, de acordo com a Constituição Federal, cada poder deve possuir um sistema de controle interno
de forma integrada. No âmbito do Poder Executivo Federal, o responsável pelo órgão central do controle interno
é a Controladoria Geral da União. Esses órgãos exercem apoio ao controle externo, buscando qualificar e
fortalecer o controle administrativo para melhorar a administração pública.
Referências
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, Senado Federal, 1988.Constituição (1988).
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. Acesso em: 15
out. 2019.
BRASIL. Decreto n. 3.591, de 6 de setembro 2000. Dispõe sobre o Sistema de Controle Interno do Poder
Executivo Federal e dá outras providências. Brasília, 2000.Disponível em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03
/decreto/D3591.htm. Acesso em: 15 out. 2019.
BRASIL. Decreto n. 4.304, de 16 de julho de 2002. Altera dispositivos do Decreto n 3.591, de 6 de setembroo
de 2000, que dispõe sobre o sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal e dá outras providências.
Brasília, 2002. Disponível em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4304.htm. Acesso em: 16
out. 2019.
BRASIL. Lei de Responsabilidade Fiscal. Brasília, 2000.Lei Complementar n. 101, de 4 de maio de 2000.
Disponível em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm. Acesso em: 16 out. 2019.
BRASIL. Dispõe sobre as fiscalizaçõesInstrução Normativa - TCU n. 49, de 13 de dezembro de 2005.
realizadas pelo TCU. Brasília, 2000. Disponível em:https://pesquisa.apps.tcu.gov.br/#/documento/acordao-
completo/*/KEY%253AACORDAO-COMPLETO-26559/DTRELEVANCIA%2520desc/0/sinonimos%253Dfalse. 
Acesso em: 16 out. 2019.
CASTRO, D. P. de. . 7. ed. São Paulo: Atlas, 2018.Auditoria, contabilidade e controle interno no setor público
ENAP. Escola Nacional de Administração Pública. Controle Institucional e Social dos 2017.Gastos Públicos. 
Disponível em: https://repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/3161/1/M%C3%B3dulo%201%20PDF.pdf. Acesso
em: 16 out. 2019.
LIMA, L. H. : teoria e jurisprudência para os tribunais de contas. 7. ed. rev. e atual. Rio deControle externo
Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2018.
LIMA, L. H. : teoria e jurisprudência para os tribunais de contas. 8. ed. Rio de Janeiro: Forense;Controle externo
São Paulo: MÉTODO, 2019.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%203.591-2000?OpenDocument
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3591.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3591.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3591.htm
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%204.304-2002?OpenDocument
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4304.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4304.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm
https://pesquisa.apps.tcu.gov.br/#/documento/acordao-completo/*/KEY%253AACORDAO-COMPLETO-26559/DTRELEVANCIA%2520desc/0/sinonimos%253Dfalse
https://pesquisa.apps.tcu.gov.br/#/documento/acordao-completo/
https://pesquisa.apps.tcu.gov.br/#/documento/acordao-completo/
https://repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/3161/1/M%C3%B3dulo%201%20PDF.pdf
https://repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/3161/1/M%C3%B3dulo%201%20PDF.pdf
- -1
O Exercício do controle social dos 
gastos públicos
Brenda Rocha Nunes Soares
Introdução
O que é o Controle Social? Qual a ideia inicial que você tem sobre esse assunto? Além dos controles realizados
por meio dos órgãos públicos, há também um tipo exercido pela própria população, funcionando como um
complemento aos demais.
São amplas as formas de exercer este controle. Você já deve ter visto em alguns sites de instituições públicas
uma seção destinada à divulgação de informações. Geralmente, nessa seção existe um portal da transparência, o
qual permite que a sociedade tenha acesso a informações de seu interesse. A partir dessas informações, ela pode
exercer seu controle.
Estudaremos nesta aula justamente essa temática: como o controle social é exercido sobre a gestão pública.
Vamos lá!
Ao final desta aula, você será capaz de:
• conhecer a função do Controle Social e a sua relação com a Gestão Pública;
• conhecer os instrumentos de Controle Social disponíveis à sociedade;
• identificar o modo comoo Controle Social colabora com a transparência das ações governamentais.
 
Formas de realização do Controle Social
Controle Social é definido como o controle exercido pela sociedade sobre os gestores públicos, visando verificar
como estão sendo empregados os recursos públicos. Dessa forma, Cabral (2015) conceitua controle social como
um processo de diálogo que existe com a sociedade civil, sendo um instrumento capaz de permitir a mudança e
determinar o interesse público, de forma a responder as questões sociais e normatizar o acesso ao fundo público.
•
•
•
- -2
Figura 1 - Controle social
Fonte: Viktor88, Shutterstock, 2019.
Lima destaca que as principais e mais efetivas formas de controle social são:
· Os conselhos de controle e acompanhamento de programas de governo;
· As ouvidorias implantadas por diversos Tribunais de Contas; 
· O orçamento participativo adotado por alguns estados e municípios, que permite entidades
representativas da sociedade decidir sobre a aplicação de parte do orçamento;
· A página na Internet mantida pelo TCU com informações sobre a arrecadação de tributos e compras
de bens e serviços (Lei n.9.755/1998);
· A liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da sociedade em tempo real, de
informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira, em meios eletrônicos de
acesso público (LC n.131/2009) (LIMA, 2018, p. 23).
EXEMPLO
Alguns exemplos de controle e acompanhamento de programas de governo são os conselhos:
de saúde, de classe (existente nas escolas), doFundo de Manutenção e Desenvolvimento da
Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação(FUNDEB), de alimentação
escolar, de assistência social, entre outros. Além disso, há as ouvidorias implantadas por
diversos órgãos, como no Ministério Público, nos Tribunais de Justiça, Tribunais Eleitorais,
Controladorias etc.
- -3
Figura 2 - Ciclo do orçamento participativo
Fonte: Elaborada pela autora, 2019.
O Orçamento Participativo começa a partir do debate de ideias da respectiva comissão junto com a comunidade.
Em seguida, há o desenvolvimento das ideias que foram debatidas; posteriormente, uma avaliação técnica
verifica a viabilidade da proposta, passando por uma votação pública e, finalmente, para a execução da proposta.
Parâmetros legais que fundamentam o Controle 
Social
A Constituição Federal determina, no inciso XXXIII do artigo 5º, que todos têm o direito de receber dos órgãos
públicos informações de seu interesse particular, coletivo ou geral. Logo, a Constituição aborda o direito do
acesso à informação para o efetivo exercício do controle social, que posteriormente foi regulado pela Lei de
Acesso à Informação (LAI).
- -4
De acordo com o STF, as informações referentes aos dados dos servidores como agentes públicos são de
interesse coletivo e devem ser divulgados, mas as suas informações quanto ao endereço residencial, CPF e a CI
devem ser reservados. A Lei 12.527/11 (BRASIL, 2011) regula o direito fundamental de todos terem acesso à
informação de órgãos públicos, dando efetividade aos mandamentos da Constituição. Esta Lei deve ser
observada por todos os entes federados (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) e subordinam-se a ela:
I - os órgãos públicos integrantes da administração direta dos Poderes Executivo, Legislativo,
incluindo as Cortes de Contas, e Judiciário e do Ministério Público;
II - as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e
demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e
Municípios. (LAI, art.1º parágrafo único) (BRASL, 2011, s.p.).
No artigo 3º, a LAI (BRASIL, 2011) traz as diretrizes para assegurar o direito fundamental de acesso à
informação, destacando-se a publicidade como regra geral e o sigilo como exceção; a divulgação das informações
independentemente de solicitação; a utilização da tecnologia da informação, quando viabilizado, para os meios
de comunicação; o fomento para a transparência na gestão pública e o desenvolvimento do controle social na
administração pública.
Entende-se, portanto, que se deve dar publicidade às informações independentemente de solicitação. No
entanto, algumas informações sigilosas sofrem restrições, como aquelas que possam colocar em risco a defesa e
a soberania nacional, a segurança ou a saúde da população, dentre outros elencados no art. 23 da LAI (BRASIL,
2011). Em seu art. 24 a Lei classifica a informação em razão da segurança da sociedade ou do Estado, como
ultrassecreta, secreta ou reservada. 
FIQUE ATENTO
O Supremo Tribunal Federal defende que divulgar a remuneração de servidores (abrangendo
cargos, órgãos de lotação e funções) é de interesse coletivo. Entende a corte que não cabe
“falar de intimidade ou de vida privada, pois os dados objeto da divulgação em causa dizem
respeito a agentes públicos enquanto agentes públicos mesmos.” Diz ainda que é “um tipo de
risco pessoal e familiar que se atenua com a proibição de se revelar o endereço residencial, o
CPF e a CI de cada servidor” (BRASIL, 2012).
FIQUE ATENTO
A LAI (BRASIL, 2011) possui abrangência nacional, portanto devem obedecê-la todos que
compõem a administração direta e indireta de todos os poderes e de todos os entes federados.
União, Estado, Distrito Federal e Municípios devem divulgar suas informações a todos que
tiverem interesse.
- -5
Quadro 1 - Prazos máximos de restrição de acesso à informação
Fonte: Elaborado pela autora baseado em BRASIL, 2011.
Por mais que a informação seja restrita e/ou sigilosa, poderá ser divulgada depois de um determinado prazo. 
O art. 5º, por sua vez, a LAI dispõe que é “dever do Estado garantir o direito de acesso à informação, que será
franqueada, mediante procedimentos objetivos e ágeis, de forma transparente, clara e em linguagem de fácil
compreensão”. (BRASIL, 2011, s.p., grifos nossos). Dessa forma, não basta divulgar a informação de qualquer
jeito, tem que utilizar linguagem de fácil compreensão, clara e transparente, para que toda a população possa
entender e não apenas um grupo específico. 
Instrumentos de Controle Social acessíveis à 
sociedade
Os instrumentos de controle social são meios que existem para que a sociedade possa exercer seu direito de ter
acesso à informação. Com a Constituição Federal de 1988, aumentaram os instrumentos de controle social, 
fortalecendo-os. Dentre os quais, podemos citar o artigo 5º alínea LXXIII, onde diz que “qualquer cidadão é
parte legítima para que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público (...)” (BRASIL, 1988,propor ação popular
s.p., grifo nosso). Sendo direito do cidadão propor ação popular anulando aqueles atos.
O artigo 31 §3º da Constituição (BRASIL, 1988), que posteriormente foi ampliado pelo artigo 49 da Lei de
SAIBA MAIS
É importante, para você ampliar seus conhecimentos, a leitura completa da Lei n. 12.527/11
(LAI) (BRASIL, 2011), observando a forma como é assegurado o acesso à informação e a sua
divulgação, os pedidos de acesso, os sigilos e como devem ser tratadas as informações pessoais.
- -6
O artigo 31 §3º da Constituição (BRASIL, 1988), que posteriormente foi ampliado pelo artigo 49 da Lei de
Responsabilidade Fiscal (LRF) (BRASIL, 2000), aborda a questão da disponibilidade das contas à população.
Mencionando que as contas dos chefes do Poder Executivo de todos os entes federados devem ficar à disposição,
durante todo o exercício, a qualquer cidadão e instituições da sociedade.
A Constituição, no art. 74, §2º, ainda indica os agentes que podem realizar denúncia aos órgãos de controle
externo: “ , partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei,qualquer cidadão
denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União” (BRASIL, 1988, s.p., grifo
nosso). A LRF também abordou a transparência sobre a Gestão Fiscal, em seu art. 48, onde dispõe dos
instrumentos, aos quais será dada ampla divulgação.
Figura 3 - Instrumentos de transparência da gestão fiscal
Fonte: Elaborado pelaautora, 2019.
Vimos neste tópico os instrumentos de controle social estabelecidos pela Constituição Federal e pela Lei de
Responsabilidade Fiscal, ressaltando ainda os meios indicados pela Lei de Acesso à Informação.
- -7
Transparência como elemento impulsionador 
do Controle Social
De acordo com Lima, “nas sociedades democráticas, aumentam as pressões populares por maior transparência e
eficiência na atuação do Poder Público e na gestão financeira do Estado” (2018, p. 21). Logo, entendemos que
transparência e controle andam de mãos dadas, o controle social se torna mais efetivo quando há maior
transparência. Para que haja maior transparência, são necessários órgãos de controle externos e internos
funcionando adequadamente, de maneira integrada e eficaz para que possam fornecer à população as
informações o mais rapidamente possível.
Fechamento
Vimos que o controle social se caracteriza como um tipo de controle externo que é exercido pelo cidadão ou pela
sociedade civil organizada, sobre a administração pública. Também observamos que são amplas as formas de
realização deste controle.
Além disso, abordamos a Lei de Acesso à Informação, grande marco para a realização do controle social. Por fim,
vimos os instrumentos de controle social trazidos por alguns dispositivos de leis, bem como abordamos a
importância da transparência para o exercício deste controle.
Referências
BRASIL. . Brasília, Senado Federal, 1988. Disponível em: Constituição da República Federativa do Brasil
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. Acesso em: 20 out. 2019.
BRASIL. . Ementa da SS 3.902-AgR. Relator: Ministro Ayres Britto. Brasília, 10 deSuperior Tribunal Federal
julho de 2012. Disponível em: .http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=628198
Acesso em: 20 out. 2019.
BRASIL. . Lei de acesso à informação. Brasília, 2011. Disponível em:Lei n. 12.527, de 18 de novembro de 2011 
. Acesso em: 20 out. 2019.http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm
BRASIL. Lei de Responsabilidade Fiscal. Brasília, 2000.Lei Complementar n. 101, de 4 de maio de 2000. 
Disponível em: . Acesso em: 20 out. 2019.http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm
CABRAL, E. H. de S. : gestão e controle social. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2015. 248 p.Terceiro setor
LIMA, L. H. : teoria e jurisprudência para os tribunais de contas. 7. ed. rev. e atual. Rio deControle externo
Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2018.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=628198
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm
- -1
Espécies de Controles utilizados 
na Gestão Pública
Brenda Rocha Nunes Soares
Introdução
Suponha que você queira realizar uma viagem e, portanto, começa a se planejar de forma que inicia o controle de
seus gastos antes da viagem. Quando chega o momento da viagem, você verifica que o planejamento orçado não
foi o suficiente e ainda está um pouco apertado. Assim, controla os gastos durante a viagem e compra várias
coisas no cartão parcelado, precisando organizar suas finanças para quitá-los após o retorno.
Relacionando a nossos estudos, o controle realizado antes da viagem é chamado de preventivo; o realizado
durante é conhecido como concomitante; e o realizado depois, é chamado de posterior. Veremos nesta aula estas
espécies de controle que são classificados quanto ao seu momento.
Ao final desta aula, você será capaz de:
• identificar as espécies de Controles Públicos.
Controle Preventivo
A atividade de controle possui três classificações quanto ao momento de sua realização: prévio, concomitante e
subsequente.
•
- -2
Quadro 1 - Classificação quanto ao momento de realização do controle
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
O controle prévio é definido por Castro como “o que antecede a conclusão ou operatividade do ato. Tem como
objetivo final dar segurança àquele que pratica o ato ou por ele se responsabiliza” (2018, p. 285). Lima por sua
vez, corrobora ao afirmar que “o controle prévio tem finalidade preventiva e é, essencialmente, realizado pela
auditoria interna ou pelos sistemas de controle interno da organização que orientam os gestores e agentes a
corrigir falhas e adotar os procedimentos recomendáveis” (2019, p. 5).
Dessa forma, controle preventivo como o próprio nome sugere, pode ser entendido como o controle que é
realizado antes do ato se efetivar, buscando prevenir falhas e assegurar que a operação realizada tenha sido feita
com responsabilidade.
- -3
Figura 1 - Controle preventivo necessita de planejamento
Fonte: Dusit, Shutterstock, 2019.
Até 1967, os Tribunais de Contas brasileiros realizavam o controle prévio. Naquela época, os empenhos e
contratos públicos tinham que ser previamente autorizados pelos Tribunais. No entanto, esta prática se tornou
ineficiente, pois o volume de decisões a serem tomadas cresceu tanto que estes órgãos não tinham mais como
responder às demandas (CASTRO, 2018).
Com a evolução do controle interno, a lei nº 4.320 (BRASIL, 1964), ao instituir o sistema de controle interno da
administração federal determinou que “o poder executivo exerceria os três tipos de controle: prévio,
concomitante e subsequente” (LIMA, 2019, p. 334).
FIQUE ATENTO
O STF declarou a inconstitucionalidade de lei estadual a qual determinava que todos os
contratos celebrados entre o governo estadual e empresas privadas dependeriam de registro
prévio do Tribunal de Contas Estadual (ADI 916/MT). Assim, vê-se que o STF pensou na
situação ocorrida até a década dos anos 60 e verificou que a situação não se sustentaria, tendo
em vista o enorme número de processos que ocorre entre o setor público e o privado, o que
tornaria a máquina pública ineficiente.
- -4
Um exemplo do controle prévio exercido pelo controle externo é quando o Senado Federal tem competência
privativa para autorizar operações externas de natureza financeira por interesse dos entes federativos,
conforma a Constituição Federal, art. 52, cap. V (BRASIL, 1988).
Controle Concomitante
Castro define o controle concomitante como “aquele que acompanha a realização do ato, para verificar a
regularidade de sua formação. É o controle feito no decorrer das ações praticadas. Tem como objetivo final
garantir a execução da ação” (2018, p. 285). Assim, entende-se concomitante como o que é feito durante a
realização do ato. O que busca fiscalizar e verificar como estão sendo feitos os procedimentos, visando à
execução correta e, caso contrário, a devida reparação. Dessa forma, também pode possuir caráter preventivo.
Lima por sua vez, diz que este controle “é exercido, via de regra, por provocações externas à organização:
denúncias, representações, auditorias, solicitações dos órgãos de controle e do Ministério Público” (2019, p. 5).
Tendo em vista que o controle prévio e o concomitante agem antes e durante a realização do ato,
respectivamente, é mais eficiente o controle dos gastos nesses momentos, uma vez que é possível corrigir as
irregularidades identificadas e evitar o dano ao erário.
Pensando nisso, vários Tribunais de Contas estão buscando realizar o controle prévio e concomitante nos gastos
públicos, pois veem que não adianta, em muitos casos, apenas aplicar multas e exercer seu caráter sancionador.
Deve-se também fiscalizar para que o dano ao erário não seja consumado e, então, ao utilizar a forma correta do
bem público, diminuir o número de aplicações de multas.
SAIBA MAIS
A Lei nº. 4.320 (BRASIL, 1964), que estatui normas gerais de direito financeiro para elaboração
e controle orçamentário dos entes federativos, aborda, em seu título VIII, o controle da
execução orçamentária, englobando a determinação de que o controle interno pode exercer as
três espécies de controle. É recomendável ler essa parte da lei, muito importante no setor
público, para adquirir mais conhecimentos

Continue navegando