Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
EMB5110 - ELEMENTOS DE MÁQUINAS Prof. Andrea Piga Aula 09 - Ligação Cubo – Eixo por forma 09 - Ligação Eixo - Cubo Ligação Eixo - Cubo A união entre eixos/árvores com os elementos rotativos, dispostos em suas superfícies se estabelece pelo que chamamos de acoplamento. Este acoplamento por sua vez, é estudado pela literatura sob o nome de ligações cubo/eixo, cujos principais requisitos são: ● Capacidade da união não deve ser menor do que a capacidade dos elementos a unir; (eventualmente o acoplamento pode ter a função de elemento de segurança) ● União não deve reduzir a resistência dos elementos mecânicos; ● União deve ser precisa; ● Montagem/desmontagem deve ser a mais simples possı́vel; ● Intercambiabilidade; ● Evitar o desgaste das partes As ligações cubo/eixo podem ser realizadas por diferentes princı́pios, resultando em diferentes configurações construtivas, e dentre os princı́pios empregados, tem-se: ● ligações por forma ● ligações por atrito. POR FORMA Ex.: chavetas, estrias, pinos transversais CHAVETAS ESTRIAS Fonte: Fórum Autohoje Online (2005)Fonte: Fábrica Nacional de Chavetas (2008) TIPOS DE LIGAÇÕES TIPOS DE LIGAÇÕES POR ATRITO Ex. ajuste prensado (interferência), prensado cônicos, anel estrela, cubo de aperto Fonte: Shigley (2005) Fonte: RW Couplings (2006) AJUSTE DE INTERFERÊNCIA CUBO DE APERTO Ligação Eixo – Cubo por forma Chavetas Em geral, as polias para correias, rodas dentadas, volantes de inércia, entre outros elementos, são fixados aos eixos por meio de chavetas longitudinais. Trata-se de elementos, em geral prismáticos, que transmitem os esforços entre o cubo e o eixo através de superfícies de contato com esses elementos, conforme mostra o exemplo da figura. Estas ligações estão entre aquelas mais simples e talvez as mais difundidas no projeto e construção de máquinas, principalmente por serem fáceis de montar e desmontar e apresentarem baixo custo. Entretanto, tem como desvantagens: a redução da capacidade de carga dos elementos devido a redução da seção resistente, aumento da concentração de tensões devido aos rasgos necessários 2 e dificuldade de posicionar as peças com precisão. Chavetas - Introdução Fonte: Norton, (2004) Definição da ASME: “parte de maquinaria desmontável que quando colocada em assentos, representa um meio de transmitir torque entre cubo e eixo” Tipos: Chavetas paralelas Mais usadas Dimensões padronizadas Usualmente, a partir de barras laminadas a frio Tolerância negativa (com folga) Não suportam carga axial – Parafuso a 90º para estabilizar o cubo no eixo Fonte: Vieira (2008) L W H 2 https://www.youtube.com/watch?v=FdphTnT7bI8 https://www.youtube.com/watch?v=FdphTnT7bI8 https://www.youtube.com/watch?v=FdphTnT7bI8 Usinagem do alojamento para chaveta em eixos Chavetas paralelas - Padrões Fonte: Vieira (2008) Diâmetro do eixo (mm) Largura x altura da chaveta (mm) 8 < d 10 3 x 3 10 < d 12 4 x 4 12 < d 17 5 x 5 17 < d 22 6 x 6 22 < d 30 8 x 7 30 < d 38 10 x 8 38 < d 44 12 x 8 44 < d 50 14 x 9 50 < d 58 16 x 10 58 < d 65 18 x 11 65 < d 75 20 x 12 75 < d 85 22 x 14 85 < d 95 25 x 14 Chavetas cônicas Fonte: Vieira (2008) ● Dimensão - chaveta paralela ● Conicidade - 1/8 in por 1 ft (1:100) ● A conicidade é para o travamento, o que significa que a força de atrito entre as superfícies mantém a chaveta no lugar axialmente. ● Problemas de excentricidade ● velocidades baixas L W H L W H Plana Quilha Chavetas Woodruff Fonte: Vieira (2008) ● Auto alinhantes (preferidas para eixos afunilados) ● A penetração da chaveta Woodruff no cubo é a mesma que aquela de uma chaveta quadrada, isto é, metade da largura da chaveta. ● A forma semicircular cria um assento mais fundo no eixo que resiste ao rolamento da chaveta, mas enfraquece o eixo comparado com um assento quadrado ou cônico. ● Usadas geralmente em eixos menores ● Valores também padronizados ● Uso de cortadores circulares padrão para o cubo W H Fonte: Fábrica Nacional de Chavetas (2008) L https://www.youtube.com/watch?v=RxHLy294b2g Chavetas Woodruff https://www.youtube.com/watch?v=RxHLy294b2g Usinagem do alojamento para chaveta Woodruff Materiais para chavetas ● Devido ao fato de as chavetas serem carregadas em cisalhamento, são usados materiais dúcteis. Aço brando de baixo carbono é a escolha mais comum, exceto se um ambiente corrosivo exigir uma chaveta de aço inoxidável ou de latão. Projeto de chavetas ● Há poucas variáveis de projeto disponíveis para o dimensionamento de uma chaveta. O diâmetro do eixo no assento da chaveta determina sua largura. A altura da chaveta (ou sua penetração no cubo) é também determinada por sua largura. Isso deixa apenas o comprimento da chaveta e o número de chavetas usadas por cubo como variáveis de projeto. ● Uma chaveta reta ou afunilada pode ser tão comprida quanto o cubo permitir. Uma chaveta Woodruff pode ser obtida em um intervalo de diâmetros para uma largura dada, o que efetivamente determina seu comprimento de engate no cubo. Evidentemente, à medida que o diâmetro da chaveta Woodruff é aumentado, mais fraco fica o eixo com seu assento de chaveta mais profundo. ● É comum dimensionar a chaveta de forma que ela falhe antes que o assento ou outra localidade do eixo, em caso de ocorrer uma sobrecarga. A chaveta,então, atuará como um pino em cisalhamento de um motor externo para impedir que os elementos mais caros sejam danificados. Fonte: Vieira (2008) ● Restrições de projeto ● diâmetro do eixo → altura e largura da chaveta ● Material ● resistência → elemento fusível ● dúctil → tensões de cisalhamento ● Variáveis de projeto ● número de chavetas e comprimento Projeto de chavetas Tensões em chavetas Conforme se observa, as tensões geradas nas chavetas são de dois tipos principais: ● tensões provocadas pelo momento torsor e deslizamento da chaveta, produzindo compressão e cisalhamento. ● tensões provocadas devido ao ajuste prensado na ranhura (são de compressão e de difícil previsão) Chavetas paralelas A distribuição de pressão não é uniforme, concentrando-se nas proximidades da entrada do torque conforme figura abaixo. Usualmente o dimensionamento das chavetas é feito considerando-se a força Pt uniformemente distribuída. Distribuição da pressão na chaveta Cisalhamento na chaveta Assim, dado que a a força P t é a força devido ao torque aplicado na chaveta e que b a largura da chaveta e l o seu comprimento, temos: Se o torque do eixo for variável com o tempo, então a falha por fadiga do eixo da chaveta em cisalhamento será possível. O enfoque então está em calcular as componentes média e alternante da tensão de cisalhamento e usá-las para calcular as tensões média e alternante de von Mises. Estas podem, então, ser usadas em um diagrama de Goodman modificado para encontrar o coeficiente de segurança Compressão na chaveta Do ponto de vista de compressão, a força P t gerará uma pressão p t no contato entre a chaveta e o eixo, que é igual a pressão no contato entre a chaveta e o cubo. Deve-se observar que a área resistiva agora é o flanco da chaveta, dado pela altura h e comprimento l, como mostrado na figura Compressão no eixo Considerando o mesmo problema da pressão no flanco da chaveta, e analisando agora o problema do ponto de vista do eixo, conforme mostrado na figura: Observando que este valor de σ e é para o eixo e não para a chaveta. Compressão no cubo Da mesma forma, ocorre pressão no flanco da chaveta com o cubo e, conforme mostrado na figura: Observando que este valor de σ e para o cubo. Concentração de tensões Fonte: Norton (2004) ● Aparecimento de cantos vivos ● operação de fresamento ● Possibilidade de redução dos efeitos ● fresamento lateral Fonte: Vieira (2008) Para projeto de chavetas, os fatores de segurança recomendados são: ● n = 1, 5 para solicitações estáticas; ● n = 2, 5 para solicitaçõescom choques leves e ● n = 4, 5 para solicitações com choques fortes Observem que em caso de valores alternados do torque, as folgas na montagem comportam choques e consequente incremento das tensões (métodos de energia). Os coeficientes de segurança incluem esse efeito. Fator de segurança Exemplo Fonte: Norton (2004) Fonte: Norton (2004) Exemplo Exemplo K t =2,5 e K ts =2,9 Pode-se, então, redimensionar o eixo com estes valores de concentração de tensão Fonte: Norton (2004) Exemplo Acoplamento por estrias Acoplamento por estrias Fonte: Vieira (2008) ● Quando é preciso transmitir mais torque do que aquele que pode ser passado pelas chavetas, as estrias podem ser usadas como alternativa. Estrias são essencialmente “chavetas construídas no eixos”, formadas pelo contorno externo do eixo e pelo contorno interno do cubo com formas semelhantes a dentes. Vantagens: ● Maior torque ● Maior precisão na centragem dos elementos (comparado com a chaveta) Desvantagens: ● Surgimento de tensões locais nos ângulo de transição das ranhuras ● Irregularidades na distribuição ● Necessidades de equipamentos especiais para fabricação e controle Basicamente os eixos ranhurados podem assumir a forma de dentes retos ou de dentes baseados em curva evolvente, como engrenagens, como pode ser visto na figura Os dentes com perfil de involuta, feitos por geração em alguns casos, tem sido mais empregados pois garantem uma melhor resistência mecânica comparativamente aos dentes retos. Contam com ângulo de pressão de 30° e tem a metade da altura de um dente de engrenagem. Usinagem das estrias em eixos A SAE define padrões tanto para estrias de dente de forma quadrada quanto de involuta, e a ANSI publica padrões de estrias de involuta. As estrias padronizadas de involuta tem um ângulo de pressão de 30° e metade da profundidade de um dente de engrenagem padrão. O tamanho do dente é definido por uma fração cujo numerador é o passo diametral (que define a largura do dente ) e cujo denominador controla a profundidade do dente (e é sempre o dobro do numerador). Os valores padronizados do passo diametral são 1;2,5, 3; 4; 5; 6; 8; 10; 12; 16; 20; 24; 32; 40 e 48. As estrias padronizadas podem ter de 6 a 50 dentes. As estrias podem ter uma raiz plana ou filetada, sendo ambas mostradas na Figura Vantagens das estrias com processo de involuta ● Maior resistência na raiz do dente ● Precisão de forma (uso de cortadores padronizados) ● Acabamento superficial ● Uma das maiores vantagens das estrias sobre as chavetas é a capacidade de acomodar (com folga apropriada) grandes movimentos axiais entre o eixo e o cubo ao mesmo tempo em que transmite o torque. Elas são usadas para conectar o eixo de saída da transmissão ao eixo motor em automóveis e caminhões em que o movimento da suspensão causa movimento axial entre os membros. Elas também são usadas dentro de transmissões não automáticas e não sincronizadas de caminhões para acoplar as engrenagens axialmente móveis aos seus eixos. Projeto de estrias Eixo de transmissão Solicitações principais ● Torção pura: variada ou constante ● Embora seja possível ter cargas de flexão sobrepostas, uma boa prática de projeto minimizará os momentos fletores pela colocação apropriada de mancais e pela manutenção de estrias em balanço o menor possível. ● Da mesma forma que com as chavetas, dois modos de falha são possíveis, esmagamento e cisalhamento. A falha por cisalhamento é normalmente o modo limitante. ● Diferentemente das chavetas, muitos dentes estão disponíveis para partilhar a carga de alguma maneira. Idealmente, a estria de comprimento l necessita ser apenas longa o suficiente para desenvolver uma resistência combinada ao cisalhamento do dente igual à resistência ao cisalhamento torcional do eixo em si. Projeto de estrias Solicitações principais ● Se a estria fosse feita perfeitamente sem nenhuma variação na espessura do dente ou do espaçamento, todos os dentes partilhariam a carga igualmente. ● Contudo, as realidades das tolerâncias de manufatura impedem essa condição ideal. A SAE afirma que “a prática real da manufatura tem mostrado que, devido às imprecisões no espaçamento e na forma do dente, o equivalente a 25% dos dentes está em contato Projeto de estrias Projeto de estrias - escoamento ● O valor do torque transmitido é dado por: ● Portanto, a tensão de compressão será : ● Devido a erros de passo e distribuição não uniforme de carga, um fator de correção Φ é empregado: Projeto de estrias - cisalhamento ● Do ponto de vista do cisalhamento, ele ocorre na interface eixo/cubo, a uma distância igual ao raio primitivo: ● Com d p = diâmetro primitivo e l comprimento das estrias. A SAE recomenda que apenas 25% dos dentes estejam absorvendo a carga: Fonte: Norton (2004) ● A SAE → 25% dos dentes em contato 2 4 4 16 cis p cis p F T T A r A d l d p d od r d i e i x o r a i z A tensão de cisalhamento pode ser calculada usando a suposição da SAE de que somente 25% dos dentes estão realmente partilhando a carga em qualquer instante ao considerar somente 1/4 da área de cisalhamento como em tensão: Critério de dimensionamento Obrigado pela atenção ! Contato E-mail: andrea.piga@ufsc.br Slide 1 Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14 Slide 15 Slide 16 Slide 17 Slide 18 Slide 19 Slide 20 Slide 21 Slide 22 Slide 23 Slide 24 Slide 25 Slide 26 Slide 27 Slide 28 Slide 29 Slide 30 Slide 31 Slide 32 Slide 33 Slide 34 Slide 35 Slide 36 Slide 37 Slide 38 Slide 39 Slide 40 Slide 41 Slide 42 Slide 43 Slide 44
Compartilhar