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SISTEMAS MECÂNICOS José Francisco de Barros Júnior , 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS MECÂNICOS ................................................................. 3 2 CONCEITOS NO DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS MECÂNICOS ............................. 22 3 CONCEITOS NO DIMENSIONAMENTO DE EIXOS - ÁRVORES ...................................... 36 4 CONCEITOS EM ENGRENAGENS CILÍNDRICAS DE DENTES RETOS (ECDR) .................. 53 5 CONCEITOS EM ENGRENAGENS CILÍNDRICAS DE DENTES HELICOIDAIS (ECDH) ........ 97 6 CONCEITOS NOS ELEMENTOS DE ACOPLAMENTO .................................................. 147 , 3 1 INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS MECÂNICOS Neste Bloco serão apresentadas as grandezas fundamentais da física e da mecânica e sua aplicação prática. Esses conhecimentos são necessários para realizar um Projeto Mecânico, ou seja, a aplicação do elemento ou peça e sua geometria para, assim, poder dimensionar. A disciplina de Sistemas Mecânicos utilizará conceitos apresentados em Resistência dos Materiais e Elementos de Máquinas, além de apresentar conceitos novos, como a correlação das grandezas fundamentais da Mecânica, o Torque, o Momento Torçor e a mudança em velocidade e, também, as transmissões de movimento linear para a circunferencial. Com isto, serão apresentadas equações para determinar o valor obtido nas velocidades angulares [𝜔] e nas velocidades periféricas [𝜗𝑝], bem como a determinação da unidade da Potência para mensurar o Trabalho mecânico realizado em um sistema. 1.1 Introdução a projetos mecânicos Na disciplina de Sistemas Mecânicos estudaremos a transmissão mecânica por meios rígidos e flexíveis, redutores e elementos de união. Também conheceremos e aprenderemos a dimensionar a transmissão por engrenagens e correias, com a utilização de redutores e elementos de união entre motor e máquina. O objetivo principal deste estudo é apresentar a teoria já em suas aplicações reais como por exemplo: Transmissão de potência entre motor e máquina; Caixas de engrenagens de máquinas operatrizes; Veículos, aviões, embarcações; Transporte de materiais (correia transportadora); , 4 Equipamentos de elevação e transporte; Entre outros. Buscamos também facilitar o entendimento e a elaboração de projetos mecânicos por meio do estudo de: Especificações e definições dos meios de transmissão de força.; Classificação dos elementos de máquinas.; Transmissão de força por meios rígidos e flexíveis; Classificação e aplicação de redutores e elementos de união; Dimensionamento e aplicações. 1.2 Torque nas transmissões 1.2.1 Torque ou Momento Torçor definido pela Física: Por meio de conceitos fundamentais da física, define-se o Torque ou Momento Torçor como a tendência que uma força tem de rotacionar um corpo sobre o qual ela é aplicada. O torque é um vetor perpendicular ao plano formado pelos vetores força e raio de rotação, conforme representada na Figura 1.1. https://brasilescola.uol.com.br/fisica/forca.htm https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/fisica/o-que-sao-vetores.htm , 5 Figura 1.1 – Direção dos vetores de Força e distância para realizar um Torque ou Momento Fletor. Fonte: HELERBROCK, S.D.b Sempre que uma força for aplicada a alguma distância do eixo de rotação de um corpo, esse corpo estará sujeito à rotação, assim, o torque pode ser entendido como o agente dinâmico das rotações. Dessa forma, ele está, para os movimentos de rotação, como a força está para os movimentos de translação. Se quisermos fazer que um corpo gire em torno de algum ponto, devemos exercer um torque sobre ele. Veja, a seguir, alguns exemplos de Torque aplicado em nossa rotina: Quando abrimos uma porta, aplicamos força em um ponto distante do seu eixo de rotação. Desta forma, imprimimos sobre ela um torque maior, conforme Figura 1.2. , 6 Figura 1.2 - A maçaneta de uma porta é aberta pela aplicação de um torque. Fonte: HELERBROCK, S.D.b Ao usarmos uma chave de boca, como na Figura 1.3, podemos ver o aperto dos parafusos de uma roda de um veículo e, utilizando um Torquimetro (maior precisão do Torque aplicado), é possível perceber que, quanto maior for o tamanho da alavanca, menor será o esforço necessário para parafusar a roda. , 7 Figura 1.3 – Aplicação do Torque com um Torquimetro, produto da Força aplicada e a dimensão da Ferramenta. O torque, conforme apresentado nas figuras 1.1 e 1.2 e quando há transmissões mecânicas (forma de energia), é produto de duas grandezas entre a força tangencial (FT), aplicada com ângulo de atuação de 𝑠𝑒𝑛 𝜃 definido, e o raio (r) da peça. O vetor torque pode ser calculado por meio do produto vetorial entre força e distância, conforme a figura 1.4 e a equação a seguir: 𝑀𝑇 = 𝐹𝑇 ∗ 𝑑 ∗ 𝑠𝑒𝑛 𝜃 , , 8 Figura 1.4 – Torque aplicado, os esforços e a transmissão de movimento Fonte: MELCONIAN, 2011. Segundo Helerbroock, na fórmula apresentada anteriormente, θ é o ângulo formado entre o raio de rotação (r) e a força (F). No caso em que a força é aplicada com um ângulo de 90º em relação ao raio (r), o seno do ângulo é igual a 1. O raio (r) é determinado pela distância do ponto de aplicação até o eixo de rotação do corpo e também é conhecido como braço de alavanca. Quanto maior for o braço de alavanca de um corpo, mais fácil será rotacioná-lo. E, para determinar o módulo do torque, pode ser calculado pelo produto da força, vezes distância, vezes 𝑠𝑒𝑛 do ângulo de 𝜃. Na nossa aplicação em Sistemas Mecânicos θ = 90°, e a inclinação da Força aplicada em sen θ = 1. Considerando uma distância d = r (raio), usualmente, para os cálculos de Torque, utiliza-se a equação abaixo: 𝑀𝑇 = 𝐹𝑇 ∗ 𝑟 Sendo: A unidade do torque, de acordo com o Sistema Internacional, é Newton vezes metro (N.m). https://brasilescola.uol.com.br/fisica/sistema-internacional-unidades-si.htm , 9 MT = Momento Torçor ou Torque [N.m] FT = Força Tangencial [N] r = raio [m] θ – ângulo entre r e F [graus] Vamos aplicar! Exercício 1) O velejador, ao identificar a direção do vento, gira uma manivela no sentido anti-horário. Com essa direção, o vento tem uma maior eficiência no contato com a superfície da vela e isso gera uma Força F = 50 N que é aplicada com ângulo θ de 45º em relação a um braço de alavanca de 0,25 m. Desta forma, o velejador poderá aproveitar a maior força aplicada e por um maior tempo. Calcule o torque realizado sobre a manivela. Dados: sen θ – ângulo 45º = √2/2 Resolução 𝜏 = 𝑟 ∗ 𝐹 ∗ 𝑠𝑒𝑛𝜃 𝜏 = 0,25 ∗ 50 ∗ 𝑠𝑒𝑛 45° 𝜏 = 0,25 ∗ 50 ∗ √2 2 𝜏 = 8,83 𝑁.𝑚 Exercício 2) A transmissão por correias representada na Figura 1.5, é composta pela polia motora (1) que possui diâmetro d1 = 100 mm e a polia movida (2) que possui diâmetro d2=240 mm. A transmissão é acionada por uma força tangencial Ft= 600 N (adaptado de MELCONIAN, S.). Determine: 1) Torque na polia 1 2) Torque na polia 2 , 10 Figura 1.5 – Relação entre polias Fonte: adaptado de MELCONIAN, 2011. Solução: Parte 1) Torque na polia 1 Figura 1.6 – Relação da Força Tangencial aplicada em relação a polia 1 Fonte: Adaptado de MELCONIAN, 2011. 𝑀𝑇1 = 𝐹𝑇 ∗ 𝑟1 𝑟1 = 𝑑1 2 = 100 2 = 50 mm = 50 . 10−3 m 𝑀𝑇1 = 600 𝑁 ∗ 50. 10 −3 m 𝑀𝑇1 = 30 𝑁.𝑚 , 11 Parte 2) Torque na polia 2 Figura 1.7 – Relação da Força Tangencial aplicada em relação a polia 2 Fonte: Adaptado de MELCONIAN, 2011. 𝑀𝑇2 = 𝐹𝑇 ∗ 𝑟2 𝑟2 = 𝑑2 2 = 240 2 = 120 mm = 120 . 10−3 m 𝑀𝑇2 = 600 𝑁 ∗ 0,12 𝑚 m 𝑀𝑇2 = 72 𝑁.𝑚 1.3 potência 1.3.1 A Potência definida pela Física Potência é uma grandezafísica usada para calcular a quantidade de energia concedida ou consumida por unidade de tempo. Em outras palavras, é a taxa de variação da energia em função do tempo. Assim, a potência é útil para medir a rapidez com a qual uma forma de energia é transformada em outra. Em nosso estudo, será avaliado o quanto que uma energia mecânica é utilizada para a realização de um trabalho. Dizemos que uma máquina é mais potente que as outras quando ela é capaz de realizar a mesma tarefa em um tempo menor ou, ainda, realizar uma quantidade maior de tarefas no mesmo intervalo de tempo. https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/fisica/o-que-e-energia.htm , 12 A definição de potência média é dada pelo trabalho realizado em função da variação de tempo: P = τ ∆t Sendo: P – Potência média (W) τ – Trabalho (J) Δt – Intervalo de tempo (s) A unidade de medida da potência adotada pelo SI é o watt (W), unidade equivalente a joule por segundo (J/s). A unidade watt foi adotada a partir de 1882 como forma de homenagear os trabalhos desenvolvidos por James Watt, que foram de extrema relevância para o desenvolvimento das máquinas a vapor. Segundo Helerbrock, trabalho é a medida da transformação de uma forma de energia em outras formas de energia mediante a aplicação de uma força. Sendo assim, a definição de potência pode estar relacionada com qualquer forma de energia, tais como energia mecânica, energia potencial elétrica e energia térmica. 1.3.2 Cálculo da potência Podemos determinar a potência realizada pela aplicação de uma força F que desloca um corpo de massa m em uma distância d. Observe: Figura 1.8 – Representação de uma força [F] que desloca um corpo [m] em uma distância [d]. Fonte: HELERBROCK, S.D.a. https://brasilescola.uol.com.br/fisica/potencia.htm , 13 Na situação descrita acima, podemos calcular a potência do movimento por meio da definição de potência média: 𝑃 = 𝜏 ∆𝑡 Para tanto, é necessário recordar os Conceitos Fundamentais da Física e que trabalho realizado por um vetor força F, conforme Figura 1.8, pode ser calculado por meio da seguinte fórmula: 𝜏 = 𝐹 ∗ 𝑑 ∗ 𝑐𝑜𝑠 𝜃 Legenda: F – Força aplicada (N) d – Distância percorrida (m) θ – Ângulo formado entre F e d (º) ∆𝑡 − Variação do Tempo (s) Reunindo as duas equações anteriores em uma só, teremos a seguinte equação para o cálculo da potência relacionada a uma forma de energia qualquer: 𝑃 = 𝐹 ∗ 𝑑 ∗ 𝑐𝑜𝑠 𝜃 ∆𝑡 Legenda: F – Força aplicada (N) d – Distância percorrida (m) θ – Ângulo formado entre F e d (º) ∆𝑡 − Variação do Tempo (s) Para os casos em que a força aplicada é paralela à distância percorrida pelo corpo, o cosseno do ângulo θ terá seu valor máximo (cos 0º = 1). Portanto, a potência média poderá ser calculada a partir da seguinte relação: 𝑃 = 𝐹 ∗ 𝑑 ∗ ( 1 ) ∆𝑡 , , 14 mas, 𝒅 ∆𝒕 = v , logo: P = F * v Legenda: F – Força aplicada (N) d – Distância percorrida (m) θ – Ângulo formado entre F e d (º) ∆𝑡 − Variação do Tempo (s) v – velocidade do corpo (m/s) Após a dedução realizada acima, da equação que relaciona trabalho e potência, vemos que é possível calcular a potência como forma de energia que é transformada em um corpo. Isso é possível se soubermos o módulo da força resultante, que deverá ser multiplicado pela velocidade média percorrida pelo corpo ao longo de um percurso de distância de modulo com um valor d. No entanto, é necessário lembrar que a definição apresentada acima só é válida para valores constantes de Potência instantânea definida de forma equacionada. Potência instantânea é a medida da quantidade de trabalho realizado em um processo durante um intervalo de tempo muito pequeno (infinitesimal). Podemos dizer, portanto, que a potência instantânea é a taxa de variação da quantidade de trabalho durante um intervalo de tempo que tende a zero. Pinst = ∆τ ∆t , com ∆t → 0 Legenda: Pinst – Potência instantânea (W) Δτ – Trabalho infinitesimal (J) Δt – Intervalo de tempo infinitesimal (s) , 15 Também temos a Potência instantânea, de forma literal, em associação direta com o experimento que James Watt realizou na Inglaterra. A melhor definição da Potência Instantânea é quando se tem a necessidade de medir a energia de um trabalho em intervalo de tempo menor, logo, quanto menor o intervalo de tempo, mais precisas serão as aferições da potência instantânea. Assim, para a aplicação de trabalho por um tempo, tem a medida do Trabalho, ou seja, uma Energia Mecânica realizada. Então 𝑃 = 𝑇𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 = 𝜏 𝑡 , como 𝜏 = 𝐹 ∗ 𝑠 → 𝑃 = 𝐹∗𝑠 𝑡 , sendo: 𝜗 = 𝑠 𝑡 Equação da Velocidade, logo, podemos escrever: 𝑃 = 𝐹𝑇 ∗ 𝜗𝑝 A unidade da Potência no SI (Sistema Internacional de Unidades) é: 𝑁 .𝑚 𝑠 = 𝐽 𝑠 = [W] Sendo: 𝑃 = Potência [W] 𝐹𝑇 = Força Tangencial [N] 𝜗𝑝 = Velocidade Periférica [ 𝑚 𝑠 ] Como forma de mensurar a Potência, no início do século XVIII, ao inventar a máquina a vapor, James Watt apresenta sua descoberta ao povo inglês. Ele faria a relação de quantos Cavalos (referência, naquele século) seriam necessários para realizar o movimento de energia motriz, como mostrado na Figura 1.9. Desta forma, sua unidade de Watt [W] teria a correlação de Energia Mecânica realizada por meio de Cavalos, até em sua unidade (Cv). , 16 Figura 1.9 – Representação do experimento de James Watt. Fonte: adaptado de MELCONIAN, 2011. A forma utilizada para demonstrar a Potência é: 𝐹 = 𝑄𝑚𝑎𝑥 = 76 kgf, Carga máxima que o cavalo elevou com a velocidade de 1𝑚 𝑠⁄ , assim, resultando em: 𝑃 = 𝐹. 𝑣 → 𝑃 = 76𝑘𝑔𝑓. 1𝑚 𝑠⁄ → 𝑃 = 76 𝑘𝑔𝑓. 𝑚 𝑠 , considerando 1 𝑘𝑔𝑓 = 9,80665𝑁 então 𝑃 = 76 ∗ 9,80665 𝑁𝑚 𝑠 → 𝑃 = 745,3 𝑁𝑚 𝑠 ≅ 1𝑊. Da experiência de Watt surgiu o hp (horse power), vedado no SI. Já na França, a experiência foi repetida utilizando 𝑄𝑚𝑎𝑥 = 75 kgf que originou o cv (cheval vapeur), resultando em: 𝑃 = 𝐹. 𝑣 → 𝑃 = 75𝑘𝑔𝑓. 1𝑚 𝑠⁄ → 𝑃 = 75 𝑘𝑔𝑓.𝑚/𝑠 Como 1 𝑘𝑔𝑓 = 9,80665𝑁 então: 𝑃 = 75 ∗ 9,80665 𝑁𝑚 𝑠 → 𝑃 = 735,5 𝑁𝑚 𝑠 = 1𝑊 Desta forma, o cv é temporariamente permitido no SI. , 17 Agora que temos os conceitos de Torque e Potência definidos, segue abaixo equações que podem ser aplicadas para determinar os valores de Torque, Potência e até Velocidade Angular [𝝎]. Considerando: 𝑃 = 𝐹𝑇 . 𝑣𝑃 (1) 𝐹𝑇 = 𝑀𝑇 𝑟 (2) 𝑣𝑃 = 𝜔. 𝑟 (3) Substituindo (2) e (3) em (1) temos: 𝑃 = 𝑀𝑇 𝑟 . 𝜔. 𝑟 → P = 𝑀𝑇 . 𝜔 Ou ainda: 𝑀𝑇 = 𝑃 𝜔⁄ Considerando através da velocidade angular: 𝜔 = 𝜋.𝑛 30 , Temos que: 𝑀𝑇 = 30.𝑃 𝜋.𝑛 [𝑁𝑚] Ou, 𝑀𝑇 = 30.000.𝑃 𝜋.𝑛 [𝑁𝑚𝑚] Sendo: 𝑃 − 𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 [𝑊] 𝑀𝑇 −𝑀𝑜𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑇𝑜𝑟ç𝑜𝑟 [ 𝑁.𝑚 ] 𝑛 − 𝑅𝑜𝑡𝑎çã𝑜 [𝑟𝑝𝑚] 𝜔 − 𝑉𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑎𝑛𝑔𝑢𝑙𝑎𝑟 [ 𝑟𝑎𝑑 𝑠 ] , 18 1.3.3 Força tangencial (𝐅𝐓) A força tangencial (𝐅𝐓) pode ser definida como o modulo de uma força que um objeto, em movimento circular, faz ao movimentar-se em direção à tangente do círculo que ele percorre, como no exemplo da trajetória circular realizada na Figura 1.10. A força centrípeta é a força que mantém o objeto na trajetória circular. Assim, sempre deve-se associar que o equilíbrio entre a força centrípeta e a força tangencial se obtém da trajetória circular. Tendo o valor do módulo da Força Tangencial, para se obter o esforço mecânico denominado de Torque, deve-se realizar o produto da Força Tangencial e o raio da trajetória circular, conforme representado na Figura 1.10. Figura 1.10 – Representação da Força Tangencial, Torque e Velocidade periférica. Fonte: adaptado de MELCONIAN, 2011. A força tangencial é dada por: 𝐹𝑇 = 𝑀𝑇 𝑟 = 𝑃 𝑉𝑃 = 𝑃 𝜔. 𝑟 Sendo:𝐹𝑇= Força tangencial [N] 𝑀𝑇 = Torque [N.m] r = Raio do elemento [m] , 19 P = Potência [W] VP = Velocidade periférica [m/s] ω = Velocidade angular [rad/s] Vamos Aplicar! Exercício 3) O elevador da figura 1.11 foi projetado para transportar uma carga máxima Cmax = 7000 N (10 pessoas). O peso do elevador é Pe = 1 kN e o contrapeso possui a mesma carga CP = 1 kN. Determine a potência do motor M para que o elevador se desloque com Velocidade constante de v = 1 m s⁄ . Figura 1.11 – Representação do Sistema de elevação de carga. Fonte: MELCONIAN, 2011. Solução: Fazemos o diagrama de corpo livre deste sistema, conforme Figura 1.12: , 20 Figura 1.12 – Representação do diagrama de corpo livre do sistema em análise Fonte: Adaptado de MELCONIAN, 2011. O peso do elevador é compensado pelo do contrapeso, logo, a única carga a considerar á 𝐶𝑚𝑎𝑥 = 7.000 𝑁, que é a força que atua no cabo. Então: 𝑃𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟 = 𝐹𝑐𝑎𝑏𝑜 . 𝑣 → 𝑃𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟 = 7000 𝑁. 1𝑚/𝑠 𝐹𝑐𝑎𝑏𝑜 = 𝐶𝑚á𝑥 = Força do Cabo = 7.000 [N] 𝑣 − 𝑉𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑝𝑒𝑟𝑖𝑓é𝑟𝑖𝑐𝑎 [ 𝑚 𝑠 ] 𝑃𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟 = 7.000 W Para obter na unidade em cv devemos dividir por 735,5 𝑊/𝑐𝑣. Então: 𝑃𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟 = 7000 𝑊 735,5 𝑊 𝑐𝑣⁄ →⁄ 𝑃𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟 ≅ 9,5 𝑐𝑣 Conclusão Neste Bloco foram apresentadas as grandezas fundamentais da mecânica e sua aplicação prática, apresentando medidas Físicas e Mecânicas que serão fundamentais na descrição, geometria e seu dimensionamento que sempre estará envolvido em um projeto de Sistema Mecânico. , 21 Além disso, também foi estudada a correlação existente entre um movimento que realiza uma energia mecânica com um módulo de velocidade linear e se altera para um movimento circular, ou seja, realiza trajetórias lineares para circunferenciais, mas, como há mudança direcional de movimento linear para circular, será utilizado para determinação da avaliação das velocidades lineares [m/s] e incluem-se as velocidades angulares 𝜔 e periféricas 𝜗 ex: [rad/s]. Também foi apresentada a grandeza mecânica do Torque, que é o produto entre uma Força e um módulo de distância, assim, T = F * d [N.M] resulta no Momento Torçor. Dessa forma, a trajetória conceitual que foi apresentada servirá como base para aplicar as novas grandezas físicas e mecânicas em projetos que deverão ser realizados em um sistema mecânico. REFERÊNCIAS ANDRADE, A. S. Elementos Orgânicos de Máquinas II. UFP, S.D. HELERBROCK, R. Potência e Rendimento. Brasil Escola, S.D.a. Disponível em: <https://bit.ly/32doKeB>. Acesso em: 13 abr. 2021. HELERBROCK, R. Torque. Brasil Escola, S.D.b. Disponível em: <https://bit.ly/3uS3w2p>. Acesso em: 13 abr. 2020. MELCONIAN, S. Elementos de Máquinas. 9ª ed. São Paulo: Erica, 2011. MOTT, R. L. Elementos de máquinas em projetos mecânicos. São Paulo, 2015. NORTON, R. L. Projetos de Máquinas: Uma Abordagem Integrada. 4ºed. Porto Alegre: Bookman, 2013. SHIGLEY, J. E.; BUDYNAS, R. G.; NISBETT, J. K. Elementos de máquinas de Shigley. 8º ed. São Paulo: AMGH Editora Ltda, 2011. https://bit.ly/32doKeB , 22 2 CONCEITOS NO DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS MECÂNICOS Neste Bloco serão apresentadas as análises e cálculos dos esforços combinados (Esforço Longitudinal e o Transversal) em projetos de peças, tendo como objetivo atender os limites de integridade, sendo examinados os valores de propriedades mecânicas, em principal, e considerar também a influência da geometria da peça. Ao longo do estudo deste bloco, você verá a aplicação de conceitos apresentados em outras disciplinas já estudadas, Resistência dos Materiais e Elementos de Máquina. Afinal, elas são de grande aplicação teórica para o entendimento na disciplina de Sistemas Mecânicos. 2.1 ESFORÇOS COMBINADOS EM UM SISTEMA MECÂNICO Peças e equipamentos, de maneira geral, devem suportar os esforços a que estão sujeitos sem se romper. São exceções a esta regra certos pinos de segurança que devem ser rompidos quando houver uma sobrecarga na máquina. Assim, não se deve permitir, entretanto, que um eixo quando solicitado tenha deformações permanentes. Por isso, a tensão máxima em qualquer ponto do eixo deve ser menor que a tensão de escoamento do material adotado. Um elemento de máquina trabalhando com tensões abaixo da tensão de escoamento pode se romper quando os esforços forem realizados de forma cíclica. Assim, esse rompimento se dá devido ao material ter atingido seu limite de fadiga e, por consequência, acontece a ruptura. Considerando a Força Axial e Radial, a Figura 2.1 representa seus vetores momentos no plano que contribuem para a distribuição de Tensões Normais na seção. Para o cálculo da Tensão Longitudinal, sempre será considerada a relação dos esforços na direção normal, assim será a razão entre a Força e a área aplicada, sendo que esta tensão gerada no corpo pelos esforços normais, dependendo da direção, é definida e denominada como esforços de tração ou compressão. , 23 Figura 2.1 – A representação dos Esforços Combinados como Longitudinais e Transversais. Fonte: BEER, 2011. Cálculo da Tensão Normal ou Longitudinal ( 𝝈 ), aplicada: 𝜎 = 𝑃 𝐴 [N] à Equação da carga Normal (Longitudinal), Onde: 𝜎 - Tensão Normal ou Longitudinal [ N/m2 ] ou [Pa] P - Força aplicada na área transversal a Tensão Longitudinal (Normal) aplicada[N] A - Área da região que recebe o esforço ou tensão [ m2 ] que, aplicada a um Eixo de seção cilíndrica, A = π ∗ r2. Sempre que é realizada a análise de esforços aplicados em um elemento mecânico qualquer, durante a etapa de um Projeto Mecânico, deve ser considerada a ocorrência de Tensões ou Esforços Tranversais e, também, Tensões ou Esforços Cortantes (Tensão de Cisalhamento). Desta forma, para o cálculo do Limite admissível da Tensão Transversal, que podem ocorrer como um Esforço de Momento Torçor ou um Esforço Cisalhante (considerando-se a área da seção longitudinal em análise), sempre será necessário considerar a existência de aplicações no elemento de máquina ou sistema em análise, na ocorrência de esforços Transversais e Longitudinais, conforme Figura 2.2 e como revistos acima, com o objetivo de que, na sua solicitação de esforços máximos, não seja gerada uma ruptura. , 24 Figura 2.2 – A representação dos Esforços Combinados como Longitudinais e Transversais, que podem variar dependendo do ponto em que está em relação aos esforços. Fonte: BEER, 2011 Cálculo da Tensão Cisalhante, Torçor ou Transversal ( 𝜏 ), aplicada: 𝜏 = 𝑇 ∗ 𝑐 𝐽 [ 𝑁 𝑚2 ] = [𝑃𝑎] Onde: T Torque Aplicado no Corpo C Raio do Corpo J Momento Polar de Inércia (Detalhamento para Estudo – Tabela 1) Para eixos cilíndricos à 𝐽 = 𝜋 2 ∗ 𝑐4 Para relembrar os conceitos de Centro de Gravidade ou Momento Polar de Inércia, ou seja, onde ficam concentrados os Esforços ou Tensões, que também já foram apresentados na disciplina de Resistência dos Materiais, veja abaixo a tabela 2.1, que apresenta, de maneira resumida, os Momentos Polares de Inércia de Figuras com Geometrias Notáveis. , 25 Tabela 2.1 – Equações de Momentos de Inércia Polares de Figuras Geométricas Notáveis Fonte: BEER, 2011. 2.2 ANÁLISE DA PROPRIEDADE DA RIGIDEZ EM ESFORÇOS COMBINADOS Há peças que devem ser dimensionadas limitando suas deformações. Um eixo, por exemplo, de uma caixa de mudança de velocidades, não pode ter flexas excessivas para um bom funcionamento do conjunto. O feixe de molas desse mesmo veículo será dimensionado para se conseguir uma certa flexa em cada condição de carga. Analogamente, temos limitações na deformação angular devido a torção imposta ao eixo. 2.2.1 Custo de Fabricação É um dos critérios que oferece maior dificuldade ao projetista, e está ligado a: Tipo e Bitola da matériaà disposição; Processo de Fabricação da Peça; Número de Peças a serem produzidas. , 26 Além disso, existem outros fatores que influenciam diretamente na vida útil do Elemento Mecânico ou peça, como o desgaste, pois onde há contato, há atrito e ocorre o desgaste, que se torna maior com o aumento da Temperatura e é influenciado pelo meio em que está, devido à Corrosão (Oxidação). 2.3 ANÁLISE DA PROPRIEDADE DA RESISTÊNCIA Na disciplina Sistemas Mecânicos, serão apresentados os esforços que a peça ou elemento de máquina a ser projetado sofrerá, e que deverão atender diversas propriedades de resistência mecânica, como o limite de escoamento e a resistência à fadiga quando o elemento ou peça for submetido a esforços Cíclicos. Assim, serão definidas quais características deverão compor o material a ser utilizado para a confecção da peça. Então, este material deverá resistir a Esforços Longitudinais e/ou Transversais, Momento Torçor ou Esforço Cisalhante e que, quando ocorrem juntos, damos o nome de “esforços mecânicos combinados”. 2.3.1 – Pré Cálculo da Peça Neste subtema será estudada a forma de calcular os esforços atuantes, para que as propriedades de resistência sejam atendidas no Projeto. Vale lembrar que, ao ser realizado um projeto e para que as propriedades de resistência sejam atendidas, o projetista sempre irá analisar o Sistema Mecânico em equilíbrio. Vale, neste caso, recordar uma forma mais simples de analisar esforços ou momento torçor, e aplicar a Regra do Paralelograma para que seja possível determinar o valor do Vetor Resultante que, conforme o exemplo a seguir, na Figura 2.3, apresenta os vetores combinados e sua resultante Mz, ou seja, o momento resultante entre os vetores M1 e M2. Lembrando que temos a mesma regra para determinar o valor do Vetor de Momentos torçores e tensões e, então, determinar o valor da resultante em esforços longitudinais ou transversais. Determina-se os esforços ativos (forças e/ou momentos) provenientes de outros elementos de máquinas ou peças quando compõe um Sistema Mecânico, aplicando a Regra do Paralelogramo, conforme apresentado a seguir. , 27 Figura 2.3 – Módulo do vetor resultante que segue sua geometria como paralelogramo e assim facilita o cálculo de seu valor. Fonte: Elaborado pelo autor. Determina-se os esforços reativos (Impondo-se o equilíbrio da peça) e, em seguida, traçam-se os diagramas de momento Fletor e Torçor que atuam na peça, por meio da aplicação da Regra do Paralelograma. Veja que o exemplo a seguir segue a aplicação da Regra que considera a Figura 2.3 como referência na análise de equilíbrio de esforços. 𝑀𝐸 → = 𝑀1 → + 𝑀2 → ou 𝑀𝐸 = √ ( 𝑀1) 2 + (𝑀2 ) 2 Se, 𝑀1 ↑ 𝑀2 Constrói-se o Diagrama do Momento Torçor 𝑀𝑡 = 71.620 𝑃 𝑛 (Kgf.cm) Ou 𝑀𝑡 = 30 . 𝑃 𝜋 . 𝑛 (N.m) , 28 Assim, a próxima etapa será o cálculo do Momento Ideal (𝑀𝑖). Após obter o valor do Momento ou esforço resultante, será obtido o Momento ou esforço resultante ideal, e seu cálculo deverá ser realizado conforme as equações a seguir. Será fundamental a análise do valor de 𝛼 → 𝐶𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑒 𝑜 𝑀𝑜𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑇𝑜𝑟ç𝑜𝑟, e, também, será analisado o comportamento deste elemento de máquinas ou peça em condição de esforços ciclicos com uma frequência e formato de suas curvas de acordo com a figura 2.4. 𝑀𝑖 = √ 𝑀𝐸 2 + (𝛼 ∗ 𝑀𝑇) 2 𝛼 → 𝐶𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑒 𝑜 𝑀𝑜𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑇𝑜𝑟ç𝑜𝑟 Figura 2.4 – Curva S – N em um Momento Ideal, Caso Flexão e Torção. Fonte: SHIGLEY, 2011. Sempre, ao idealizar o projeto de uma peça ou elemento de máquina, recebendo, em sua aplicação, esforços cíclicos, deve-se ter em mente que, independentemente da frequência do esforço cíclico, deve ser analisado, no projeto, o tempo que as fibras externas e internas sofrerão diferentes tipos de esforços. Sendo assim, quando ocorre esforço de Flexão em uma fibra ou região da peça, o outro extremo estará recebendo esforço Torçor, e vice e versa, conforme apresentado na figura 2.4. E, com extrema importância, temos o cálculo da resistência a Fadiga, que é determinar o valor de 𝜶, e este sempre deve atender a condição de que seu valor seja menor ou igual a 1. , 29 𝛼 = 𝜎(𝑐𝑎𝑠𝑜 𝑓𝑙𝑒𝑥ã𝑜) 𝜏(𝑐𝑎𝑠𝑜 𝑡𝑜𝑟çã𝑜) ≤ 1 Assim, determinando o Diâmetro do eixo: 𝜎 = 𝑀𝑖 𝜋 ∗ 𝑑3 32 2.3.2 Limite de Fadiga O conceito de Limite de Fadiga é a capacidade que o elemento de máquina ou eixo - árvore terá em suportar um possível dano estrutural que é provocado por esforços cíclicos, ou seja, fenômeno este que, quando ocorre, reduz da propriedade de resistência do material e, desta forma,leva a ruptura. A tabela 2.2 apresenta os Tipos de Solicitações de Esforços e correlaciona aos Tipos de Ciclos que pode ser simétrico ou pulsante. Tabela 2.2 – Correlação entre Esforços, modos de Ciclos e suas equações Fonte: Adaptado de SHIGLEY, 2011. Tipo de Solicitação Ciclo Simétrico (III) Ciclo Pulsante (II) Flexão 𝜎𝑓 = 0,45 𝜎𝑟𝑢𝑝 𝜎𝑡𝑜 = 0,60 𝜎𝑟𝑢𝑝 ≤ 𝜎𝑒 Tração / Compresssão 𝜎𝑓 = 0,36 𝜎𝑟𝑢𝑝 𝜎𝑡𝑜 = 0,50 𝜎𝑟𝑢𝑝 ≤ 𝜎𝑒 Torção 𝜏𝑓 = 0,22 𝜎𝑟𝑢𝑝 𝜏𝑜 = 0,30 𝜎𝑟𝑢𝑝 ≤ 𝜏𝑒 , 30 Para aços de baixa liga à 𝜎𝑓 = 0,47 𝜎𝑟𝑢𝑝 Para aços de alta liga à 𝜎𝑓 = 0,53 𝜎𝑟𝑢𝑝 Para FoFo à 𝜎𝑓 = 0,42 𝜎𝑟𝑢𝑝 Além dos fatores do material, os esforços e suas direções geram formas, sendo que existem três formas fundamentais, segundo as quais a carga pode operar sobre a ocorrência de uma trinca, e cada um irá afetar um deslocamento diferente da superfície da trinca. Figura 2.5 - Modo I: ocorre a abertura devido à concentração de tensões ou modo trativo (as superfícies da trinca são tracionadas a parte). Fonte: adaptado de SHIGLEY, 2011. Figura 2.6 - Modo II: ocorre a abertura devido ao deslizamento ou cisalhamento no plano (as superfícies da trinca deslizam uma sobre a outra). Fonte: adaptado de SHIGLEY, 2011. , 31 Figura 2.7 – Modo III: ocorre o rasgamento ou cisalhamento fora do plano (as superfícies da trinca se movem paralelamente frente da trinca e uma a outra). Fonte: Adaptado de SHIGLEY,2011. Conforme mencionado, um eixo pode sofrer ruptura, mesmo quando sujeito a tensões menores que a tensão de escoamento. No ensaio de ruptura por flexão de um corpo de prova, solicitado por tensões do caso III (Tensão simétrica – apresentada na tabela 2.2), seu comportamento seguirá a curva S-N geral. Abaixo, são apresentados o comportamento e a forma da referida curva para cada tipo de material: Figura 2.8 – Curva S – N de acordo com tensões cíclicas simétricas (Tipo Ciclo Simétrico III – Tabela 2.2) Fonte: adaptado de SHIGLEY, S.D. , 32 O significado da curva S-N vem das palavras em inglês, Stress e Number of Cicles (Estresse e Número de Ciclos), também denominada de a Curva de Wohler. Assim, vemos que, na Figura 2.8, é apresentada a Curva padrão do Stress aplicado a um determinado material e, ao lado, alguns exemplos de como cada material metálico tem comportamento diferente quando submetido a esforços cíclicos. O que deve ser fixado conceitualmente é que a ocorrência de um estresse no material, quando a tensão é elevada, faz o corpo romper-se antes de iniciar a rotação, ou seja, a ruptura será estática. Para C = 0, tem se 𝜎 = 𝜎𝑟𝑢𝑝𝑡𝑢𝑟𝑎 Sendo 𝜎1as solicitações a que está sujeito o corpo de prova para que a ruptura ocorra a 𝐶1 ciclos. Aumentando a Vida Útil do Material para não ocorrer a fadiga, conforme figura 2.8. Diminuindo-se a solicitação para 𝜎2 < 𝜎1 , o rompimento se dará com um número de ciclos. 𝐶2 > 𝐶1. Há uma tensão 𝜎𝑓 para qual o corpo pode ser solicitado durante infinitos ciclos 𝐶∞ , sem ocorrer a ruptura. 2.3.3 Cálculo deConcentrações de Tensões Outro cálculo prévio que deve ser realizado é o da tensão ou esforço aplicado na direção longitudinal de uma peça. Esse cálculo pode não ser correto, pois a presença de geometria “Cantos vivos” ou locais que geram uma maior concentração de tensões ou esforços, conforme figura 2.8, podem acarretar em uma ruptura precoce, também conhecida como fadiga. Entretanto, sua ocorrência se difere, pois, no ponto de concentração de Tensões ou Esforços, há o aumento do valor da tensão aplicada e que não mais irá se distribuir, mas sim, concentrar-se em uma região a ponto de gerar um rasgo, conforme as figuras 2.5, 2.6, 2.7 e 2.9. , 33 Figura 2.9 – Região sobre Tensão Aplicada, com início da nucleação da Trinca. Fonte: adaptado de SHIGLEY, 2011. 𝜎 = 𝐹 𝐴 , sendo F Força aplicada e A a área que é calculada entre a área base. Para o exemplo, a área é uma seção quadrangular e, portanto, é o produto das dimensões de suas laterais. Se houver uma variação de seção como indicada na figura 2.9, temos que calcular a nova tensão 𝜎 ′ . 𝜎 ′ = 𝐹 𝐴0 − 𝐴2𝑏 , assim, a principal alteração será o valor no denominador, ou seja, calcular o valor da Área inicial (𝐴0) subtraindo o valor da nova Área (𝐴2𝑏) devido à nucleação que ocorreu. Entretanto, o grande objetivo da seleção do material e dimensionamento é para que esta última Tensão Normal não seja aplicada e seu valor nunca atingido, desta forma, mantem-se a integridade da peça. Dependendo, então, do tipo de singularidade, teremos diferentes valores de 𝜎𝑚á𝑥. O quociente entre a máxima tensão ( 𝜎𝑚á𝑥 ) e a tensão calculada ( 𝜎 ′ ) chama-se concentração de tensões (K). 𝐾 = 𝜎𝑚á𝑥 𝜎 ′ ≥ 1, Lembrando, 𝜎 ′ = 𝐹 𝐴0 − 𝐴2𝑏 , 34 𝜎 ′ à Tensão Cálculada 𝐴0 − 𝐴2𝑏 à Área útil. O valor de K depende: a) Da geometria da singularidade: forma de analisar e determinar valores de tensões aplicadas, por meio do conceito que utiliza como exemplo um eixo circular (Barra de metal), modelo este ideal para auxílio dessa análise, conforme já apresentado na disciplina de Resistência dos Materiais. b) Do Material da peça. Conclusão Neste bloco foi apresentada a forma de análise e cálculo para evitar fraturas que acontecem devido a uma sobrecarga de tensões normais ou transversais, podendo até serem de esforços com cargas combinadas. Vimos, também, como caracterizar uma falha por fadiga e, assim, identificar e prevenir para que essa falha não ocorra mais, tendo como fundamentos que devem ser analisados, duas condições de projeto na engenharia. Primeiramente, o fator de uma “Falha Mecânica”, em que as tensões e/ou tipo de esforços ocasionaram a falha, e assim devem-se analisar as forças atuantes na peça ou equipamento, o tipo de esforço que está sendo submetido, a ocorrência de forças excessivas ou qualquer carregamento que não seja da condição nominal do projeto ou Sistema Mecânico em análise. Além disso, cálculos dos esforços e carregamentos no sistema que podem e devem ser simulados por meio de ensaios experimentais de vibração e extensometria, para a determinação do limite K da região da peça em estudo, e que serão apresentados nas disciplinas de seleção de material de projetos na engenharia, para que seja vista a segunda condição da causa, a “Falha metalúrgica” que é ocasionada devido a defeitos metalúrgicos, e que podem ser gerados ao longo do processo de fabricação. Podendo ocorrer a descontinuidade na superfície fraturada, a ocorrência de defeitos pontuais em ligações cristalinas, entre outros. Sendo que, para identificar falha metalúrgica, a matéria prima a ser utilizada na peça ou equipamento, necessita de ensaios químicos, metalográficos e caracterização das propriedades mecânicas do material. , 35 REFERÊNCIAS ANDRADE, A. S. Elementos Orgânicos de Máquinas II. UFP, S.D. BEER, F. P.; et al. Mecânica dos Materiais. 5ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2011. MELCONIAN, S. Elementos de Máquinas. 9ª ed. São Paulo: Erica, 2011. MOTT, R. L. Elementos de máquinas em projetos mecânicos. São Paulo, 2015. NORTON, R. L. Projetos de Máquinas: Uma Abordagem Integrada. 4ºed. Porto Alegre: Bookman, 2013. SHIGLEY, J. E.; BUDYNAS, R. G.; NISBETT, J. K. Elementos de máquinas de Shigley. 8° ed. São Paulo: AMGH Editora, 2011. , 36 3 CONCEITOS NO DIMENSIONAMENTO DE EIXOS - ÁRVORES Neste Bloco serão apresentadas as principais análises e seus cálculos para a seleção do material, considerando a geometria e quais esforços combinados (Esforço Longitudinal e o Transversal) irão atuar para fundamentar os conceitos e realizar o projeto para o dimensionamento de eixos, com o objetivo de atender os limites de integridade. Para isto, são analisados os valores de propriedades mecânica e a influência nas concentrações de tensões geradas na geometria ao longo do eixo em estudo, para suportar suas condições de trabalho sem que haja um desgaste precoce com a ocorrência de uma fratura no eixo, de forma que seja bem-sucedido o projeto a ser realizado. 3.1 MATERIAIS PARA APLICAÇÃO EM EIXOS Para se escolher um material para a fabricação de eixos, deve-se considerar os seguintes fatores: a) Preço do material; b) Facilidade de obtenção no mercado da bitola a ser aplicada; c) Possibilidade de tratamento térmico e conhecer suas eventuais deformações; d) Ductilidade; e) Coeficiente de sensibilidade; f) Usinabilidade; g) Resistência à flexão e a torção; h) Resistência ao desgaste. , 37 São selecionados materiais metálicos de aço carbono e também os de aços ligas. Eles devem ter, em sua constituição, valores de Carbono entre 0,3 até 0,7% C em média, para: Aumento da resistência; Maior temperabilidade; Menores deformações durante um tratamento térmico. Agora, ao ser aplicado o ferro fundido, sua maior vantagem é o bom amortecimento de vibrações. Podemos chegar a conclusão que os constituintes de elementos químicos, metal ou ametal, podem se combinar com o aço, ou seja, liga de ferro e carbono, e, ainda em sua composição, com outros elementos, sendo que estes podem melhorar as propriedades do material, com a matéria prima que irá compor o projeto. Segue a seguir, na Tabela 3.1, a relação de nomenclatura em aços de baixa e média liga e sua percentagem de carbono, correlacionando as Normas SAE, DIN e os aços vilares, bem como os níveis de níquel, cromo, molibdênio e outros. Elementos estes que, de acordo com a quantidade na composição química total dos aços, melhoram os resultados das propriedades mecânicas como rigidez; tenacidade; resiliência; elasticidade; condutividade térmica ou elétrica; e ponto de fusão. , 38 Tabela 3.1 – Principais Aços para aplicação em produção de eixos e engrenagens SAE/DIN para Villares Fonte: MELCONIAN, 2011. 3.2 TEORIA DA TORÇÃO APLICADA EM EIXOS – ÁRVORES Para o projeto de um eixo – árvore a ser realizado, a seleção do material deve ser tratada com fundamental importância, bem como, considerar sua geometria, suas dimensões, as condições em que os materiais serão utilizados, e, também, as variáveis de esforços de carregamento. Como exemplo, temos as cargas que ocorrem em eixos de transmissão de rotação e que, neste caso, tem, predominantemente, esforços aplicados de dois tipos. Eles são o de torção, devido ao torque transmitido e, o de Flexão, devido às cargas transversais em engrenagens, polias e catracas. Assim, na combinação dos dois tipos, pode ocorrer carga axial também se a linha de centro do eixo for vertical. O grande diferencial no projeto será em como avaliar e quais equações devem ser calculadas. Então, será apresentada uma sequência, que será a melhor forma de avaliar, conforme a Figura 3.1. O plano de ação do conjugado é igual ao plano da seção transversal. Os conjugadossão chamados de momentos de torção, momentos torcionais ou torque T, ' T , e que têm a mesma intensidade T e sentidos opostos (Nash,1982). Ao ser analisado o Centro de Torção (o), ponto em torno do qual a seção transversal gira, e que, para seções simétricas, coincide com o centro de gravidade, vemos que o Eixo de Torção é o próprio lugar geométrico dos centros de torção. , 39 Um eixo circular está fixado a um suporte por uma de suas extremidades e aplicando à extremidade livre um momento de torção T, o eixo gira, e a seção transversal da extremidade apresenta uma rotação representada pelo ângulo φ, chamado ângulo de torção. (BEER, 2011). Figura 3.1 – O eixo e o centro de torção gerado quando aplicado um Esforço Torçor. Fonte: adaptado de BEER, 2011. Assim, vemos na Figura 3.2, que a barra cilíndrica está fixada na Vertical ou na Horizontal. Na Figura 3.3, temos que, ao ser inserido um Momento de Torção (Torque ou Momento Torçor) ao longo de um comprimento (L) da barra, esta será rotacionada e será gerada uma deformação ao longo de toda a barra, por consequência do Momento Torçor aplicado. Nestas condições descritas, surgirá uma inclinação que será denominada de Ângulo de Torção (φ), variável fundamental para a análise do limite de resistência das propriedades mecânicas do material e do elemento mecânico em análise que, em nosso estudo, serão os eixos – árvores. Figura 3.2 – Formação do ângulo de torção φ, visto de formato em prisma circulares. Fonte: Adaptado de BEER, 2011. , 40 Figura 3.3 – O ângulo φ, chamado ângulo de torção, quando aplicado Torque no comprimento L. Fonte: Adaptado de BEER, 2011. Quanto a análise dos esforços aplicados a um eixo – árvore, temos as fibras representadas como um prisma de seção circular, conforme a Figura 3.2 ou Figura 3.4, e as condições que podem ser consideradas são: a) As geratrizes se transformam em hélices; b) O “quadrado” se transforma em um “losango” com os lados sofrendo a mesma deformação angular (ângulo de torção φ); c) as seções normais permanecem planas e normais ao eixo de rotação e conservam sua forma. Neste caso, é preciso assegurar que os momentos sejam aplicados de tal forma que as extremidades também permaneçam planas e sem deformação. , 41 Figura 3.4 – Linha central ou imaginária e as deformações ocorridas pelo esforço Torçor. Fonte: adaptado de BEER, 2011. Por fim, os critérios que são observados na Figura 3.4, acima, nos apresenta que o Torque (Momento Torçor) aplicado ao eixo produzirá tensões de cisalhamento nas faces perpendiculares ao eixo. As condições de equilíbrio requerem a existência de tensões iguais nas faces dos dois planos que contêm a linha central do eixo. Também há existência dos componentes de cisalhamento axiais e que são demonstradas quando considerado um eixo composto de varetas axiais. Sendo assim, as varetas deslizam umas em relação às outras, quando torques iguais e opostos são aplicados às extremidades do eixo. Para atender as condições de equilíbrio, as fibras nas faces externas e internas devem se equilibrar e, por fim, o eixo – árvore atenderá sua condição de aplicação, tanto no limite de resistência mecânica solicitada, como também, no aumento da vida útil. 3.3 Cálculo da torção aplicada em eixos – árvores Uma forma de realizar a determinação da distribuição de tensões de cisalhamento na seção transversal de deformação de cisalhamento γ é que ela deve ser igual ao ângulo formado por AB e A’B. , 42 Figura 3.5 – Eixo Circular de comprimento L, com raio “c” e aplicado uma Torção. Fonte: adaptado de BEER, 2011. Para melhorar o entendimento e a aplicação dos cálculos a seguir, a barra cilíndrica, conforme a Figura 3.6, deverá atender as seguintes condições: a) O eixo circular de comprimento L e raio c, que foi torcido em um ângulo de torção φ; b) Retirando do interior do eixo um cilindro de raio ρ, marcando-se um “quadrado” sobre a superfície dele, sem atuação de momento de torção; c) Aplica-se a torção, o “quadrado” se transforma em “losango”, as deformações de cisalhamento são medidas pela variação de dois lados. Figura 3.6 – Eixo Circular de comprimento L em análise na seção AA’. Fonte: adaptado de BEER,2011. , 43 Por meio da Figura 3.6, você pode observar que quando γ é pequeno, o comprimento de arco AA’ é dado por AA’=L.γ e, na seção transversal, AA’= ρ. Φ. A equação a ser utilizada para a determinação do ângulo de torção 𝛾 será: 𝛾 = 𝜌 ∗ Φ 𝐿 , sendo 𝛾 𝑒 𝜌 𝑒𝑚 𝑟𝑎𝑑𝑖𝑎𝑛𝑜. Onde: 𝛾 − 𝐴𝑛𝑔𝑢𝑙𝑜 𝑑𝑒 𝑇𝑜𝑟çã𝑜 𝑛𝑜 𝑒𝑖𝑥𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑟 𝜌 − 𝐴𝑛𝑔𝑢𝑙𝑜 𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑓𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑎𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎𝑑𝑎 𝑎 𝑇𝑜𝑟çã𝑜 φ - um ângulo de torção aplicado no eixo circular L – Comprimento do eixo circular c – raio do eixo circular Pode–se concluir que a deformação de cisalhamento, em uma barra circular, varia linearmente com a distância ao eixo da barra, sendo o 𝛾𝑀á𝑥 na superfície da barra circular, onde 𝜌 = 𝑐. 𝛾𝑀á𝑥 = 𝑐 ∗ Φ 𝐿 e, 𝛾 = 𝜌 𝑐 * 𝛾𝑀á𝑥 3.3.1 Tensões no Regime Elástico Quando considerada, a torção T tem um valor tal que as tensões no material se mantêm abaixo da tensão de cisalhamento de escoamento 𝜏𝑒. Nesse caso, as tensões no material permanecem abaixo dos limites de proporcionalidade e elasticidade (Lei de Hooke), conforme a Figura 3.7, que apresenta a Curva de um Material Dúctil no ensaio de Tensão por uma Deformação. , 44 Figura 3.7 – Curva de um Ensaio de Tensão e Deformação de um material Dúctil. Fonte: Adaptado de SHIGLEY, 2011. A tensão de cisalhamento na barra irá variar linearmente com a distância 𝜌 do eixo da barra. 𝜏 = 𝐺 ∗ 𝛾 𝐺 ∗ 𝛾 = 𝜌 𝑐 ∗ 𝐺 ∗ 𝛾𝑀á𝑥 Então tem-se: 𝜏 = 𝜌 𝑐 ∗ 𝜏𝑀á𝑥 Da mesma forma, a Tensão Máxima de Torção: 𝜏𝑀á𝑥 = 𝑇 ∗ 𝑐 𝐽 Considerando a Tensão de Cisalhamento a uma distância 𝜌 do eixo da barra. 𝜏 = 𝑇 ∗ 𝜌 𝐽 , sendo J O momento de Inércia Polar de um círculo com raio c; 𝐽 = 1 2 ∗ 𝜋 ∗ 𝑐4 , 45 A tensão de torção em uma barra de seção circular maciça ocorrerá como demonstrado na Figura 3.8. Desta forma, irá variar linearmente com a distância ρ, que inicia a ação deste esforço cisalhante no centro do eixo até a superfície externa da barra. Figura 3.8 – Distribuição das Tensões de Cisalhamento para um eixo circular maciço. Fonte: adaptado de BEER, 2011. Caso seja aplicada a Tensão de Torção em uma barra vazada de raio externo 𝑪𝟐. Conforme a Figura 3.9 que apresenta a distribuição das tensões de cisalhamento para um eixo vazado, o cálculo do Momento de Inércia Polar, considerando o raio interno c1, e raio externo c2. Figura 3.9 – Distribuição das Tensões de Cisalhamento para um eixo circular vazado. Fonte: adaptado de BEER, 2011. Sendo o caso de avaliar o valor da Tensão Mínima de Cisalhamento, com relação a Tensão Máxima de Cisalhamento em um eixo circular vazado, tem-se: , 46 𝜏𝑀𝑖𝑛 = 𝑐1 𝑐2 ∗ 𝜏𝑀á𝑥 O Momento de Inércia Polar será: 𝐽 = 1 2 ∗ 𝜋 ∗ (𝑐2 4 - 𝑐1 4) Lembrando das variáveis e suas unidades por meio do Sistema Internacional (S.I.). T N.m c , 𝜌 m J 𝑚4 𝜏 → 𝑁 𝑚4 Φ , 𝛾 radianos 3.3.2 Ângulo de Torção no Regime Elástico Para este item, vamos visualizar, de acordo com a Figura 3.10, um eixo circular de comprimento L, seção transversal uniforme de raio c. Figura 3.10 – Eixo – Árvore maciço recebendo diferentes valores de Torção. Fonte: BEER, 2011. O eixo está sujeito à ação de um momento de torção T. O ângulo de torção φ e a deformação de cisalhamento máxima 𝛾𝑀á𝑥 estão relacionados por: 𝛾𝑀á𝑥 = 𝑐 ∗ Φ 𝐿 , 47 No regime elástico: 𝛾𝑀á𝑥 = 𝜏𝑀á𝑥 𝐺 Sendo: γMáx =τMáx G = T ∗ c J ∗ G Para obter o valor do Ângulo de Torção, portanto: Φ = 𝑇 ∗ 𝐿 𝐽 ∗ 𝐺 φ é expresso em radianos. No regime elástico, o ângulo de torção φ é proporcional ao momento de torção T aplicado no eixo circular. A equação só pode ser usada no caso de material homogêneo, para eixos de seção transversal constante e momentos aplicados nas extremidades da barra. Eixos submetidos a momentos de torção aplicados em outros pontos, com seções transversais compostas e o ângulo de torção φ do eixo circular é igual ao ângulo de rotação da extremidade livre. De forma análoga e com a correta análise dos esforços Torçor aplicados ao longo do eixo AB, representado na Figura 3.10, deve-se considerar quatro partes diferentes: AC, CD, DE e EB. O ângulo de torção total do eixo, isto é, o ângulo segundo o qual a seção A gira em relação a seção B, será obtido somando algebricamente os ângulos de torção de dada parte do componente. Então o ângulo de torção total será dado por: ϕ= Σ𝑖 𝑇𝑖 . 𝐿𝑖 𝐽𝑖 . 𝐺𝑖 Onde Ti, Li, Ji e Gi correspondem à parte i do eixo. Pode-se escrever a potência mecânica transmitida (H) em W como: 𝐻 = 𝑇 ∗ 𝜔 , 48 Onde 𝜔 é a velocidade angular do eixo [rad/s] e o T o torque mensurado em [N.m] 𝜔 = 2 ∗ 𝜋 ∗ 𝑛 60 Vamos aplicar! Exercício 1) Considere um sistema mecânico, manivela, que é utilizada em uma determinada etapa de processo de peneiramento em uma mineradora. As condições de trabalho, ou seja, os esforços atuantes, geometria e as dimensões estão representadas na Figura 3.11, assim, pede-se: Figura 3.11 – Representação da Manivela que será analisada. Fonte: BEER, 2011. Considerando os valores de: F = 1,3 kN; Eixo engastado com diâmetro de 20 mm. Determinar: a) DCL (Diagrama de Corpo Livre) do eixo e do braço bem como todas as forças e momentos atuantes. b) Localizar um elemento de tensão em A e calcular as tensões atuantes. c) Determinar as tensões normais e cisalhamento máximas em A. , 49 Solução: Item a) Para obter os valores das tensões aplicadas ao sistema, será analisado separadamente, ou seja, ponto a ponto da manivela (figura 3.12), assim, são obtidos os esforços atuantes e seus valores separados, assim, facilita para obter dados deste e outros itens deste exemplo. Na extremidade C do braço BC: F = -1,3j kN, Tc = -0,05k kN . m Na extremidade B do braço BC: F = 1,3j kN, M1 = -0,13i kN . m, T1 = 0,05k kN . m Na extremidade B do eixo AB: F = -1,3j kN, T2 = -0,13i kN . m, M2 = 0,05k kN . m Na extremidade A do eixo AB: F = 1,3j kN, MA = -0,66k kN . m, TA = 0,13i kN . M Figura 3.12 – Representação do Diagrama de Corpo Livre (DCL) da manivela, separada em nós Fonte: BEER, 2011. Continuação da Solução: Item b) Utilizando-se as equações do círculo de Mohr no ponto A: , 50 𝜎𝑥 = 𝑀 𝐼 𝑐⁄ = 32 ∗ (660) 𝜋 ∗ (0,02)3 = 840,3 𝑀𝑃𝑎 𝜏𝑥𝑧 = − 𝑇 𝐽 𝑐⁄ = −16 ∗ (130) 𝜋 ∗ (0,02)3 = − 82,8 𝑀𝑃𝑎 Item c) 𝜎1 = 848,4 𝑀𝑃𝑎 τ1 = 428,2 MPa Vamos Aplicar! Exercício 2) Considere, também, no processo de peneiramento de uma mineradora, onde há um Sistema Mecânico (um módulo redutor de velocidades), com polias, para a movimentação de minério. Assim, temos o sistema mecânico - Eixo com polias. Dados: Eixo maciço de d = 40 mm Diâmetro da Polia A à DB = 100 mm e Diâmetro da Polia C à DC = 200 mm Obter: Determine a localização e magnitude das maiores tensões de cisalhamento, tração e compressão no eixo. Figura 3.13 – Representação do Eixo com Polias. Fonte: BEER, 2011. , 51 Solução: DCL e Diagramas de momento fletor. Figura 3.14 – Diagrama Corpo livre e Cálculo do Momento Fletor em Eixo com Polias. Fonte: BEER, 2011. Solução - Tensões: Solução: , 52 Figura 3.15 – Representação dos esforços de Momento Fletor e os ângulos gerados na seção transversal da Manivela. Fonte: BEER, 2011. Conclusão O fundamento principal deste Bloco é apresentar os conceitos em projetos de sistemas mecânicos e aplicar as variáveis elementares no projeto de um eixo – árvore, desde a seleção de material e geometria até as dimensões. Por fim, analisamos os esforços combinados que são aplicados durante o trabalho de um eixo – árvore, tendo aprendido uma aplicação em uma linha de produção, considerando dois Sistemas Mecânicos – Manivela e Eixo com Polias. REFERÊNCIAS ANDRADE, A. S. Elementos Orgânicos de Máquinas II. UFP, S.D. BEER, F. P. et al. Mecânica dos Materiais. 5ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2011. MELCONIAN, S. Elementos de Máquinas. 9ª ed. São Paulo: Erica, 2011. MOTT, R. L. Elementos de máquinas em projetos mecânicos. São Paulo, 2015. NORTON, R. L. Projetos de Máquinas: Uma Abordagem Integrada. 4º ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. SHIGLEY, J. E.; BUDYNAS, R. G.; NISBETT, J. K. Elementos de máquinas de Shigley. 8ª ed. São Paulo: AMGH Editora Ltda., 2011. , 53 4 CONCEITOS EM ENGRENAGENS CILÍNDRICAS DE DENTES RETOS (ECDR) Neste Bloco, serão apresentados os principais conceitos de uma engrenagem, item selecionado dentre uma extensa gama de elementos de máquinas, que é utilizada no conjunto de um sistema mecânico. Ao considerar o objetivo de aprendizagem, foi selecionado o elemento de uma Engrenagem Cilíndrica de Dentes Retos (ECDR), assim, serão apresentados os conceitos de suas aplicações, a seleção de materiais que irá compor a engrenagem, o processo de fabricação selecionado e suas especificações, desde a geometria até todas as dimensões que, por meio do memorial de cálculo que será definido, comporá o projeto mecânico que, ao final, terá a resistência da engrenagem com os diversos esforços das cargas mecânicas e suportará sem fadigar e sofrer redução de vida útil. 4.1 CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAIS DAS ENGRENAGENS DO MODELO – ECDR As engrenagens são elementos de transmissão largamente utilizados em projeto de máquinas, pois tem vantagens em sua utilização em sistemas mecânicos: razão de transmissão constante, relação potência-peso elevados, custo baixo (em grandes produções), rendimento elevado e sua variedade de formas de transmissão. Veja a seguir os critérios fundamentais das Engrenagens: Fabricação de engrenagens; Qualidade das engrenagens; Características gerais; Tipos de engrenagens; Engrenagens cilíndricas de dentes retos; Características geométricas; Dimensionamento. , 54 4.1.1 Processos de Fabricação de Engrenagens Os processos de fabricação de engrenagens podem ser realizados por: a) Usinagem; b) Fundição; c) Sem retirada de cavaco. Veja, a seguir, como funciona cada processo: A usinagem de engrenagens pode ser: A usinagem por geração que utiliza fresas caracol, conforme a Figura 4.1, Engrenagem de corte, conforme a Figura 4.2 ou de Cremalheira de corte, conforme a Figura 4.3. Sendo que entre os 3 processos, pelo método de usinagem, o mais utilizado na indústria é o de Engrenagem de corte (Figura 4.2); a) Usinagem de engrenagens Figura 4.1 - Usinagem por fresa caracol Fonte: ANDRADE, S.D. , 55 Figura 4.2 - Usinagem por engrenagem de corte Fonte: ANDRADE, S.D. Figura 4.3 - Usinagem por cremalheira de corte Fonte: SHIGLEY, 2011. Figura 4.4 - Usinagem por fresa módulo Fonte: ANDRADE, S.D. , 56 b) Fundição de engrenagens - A fabricação de engrenagens por fundição utiliza processos por gravidade, demonstrado na Figura 5a, sob pressão, na Figura 5b, ou em casca, na Figura 5c, que são apresentados a seguir. A Figura 4.5 (a) a seguir nos apresenta, de forma detalhada, as etapas do processo de fabricação de engrenagens pelo método de Fundição por gravidade, em que se inicia a etapa de fabricação nos seus moldes (fixo/móvel).Começando pelos moldes fixo e móvel, passando pelo cadinho com metal fundente que, por gravidade (energia potencial), preenche os moldes para que, ao final, tenhamos nossa engrenagem. Após este processo, há apenas uma etapa de lixamento para que atenda aos dimensionais geométricos: Figura 4.5 (a) - Processo de fabricação das engrenagens pelo método de Fundição. Ciclo do Processo de Fundição por gravidade. Fonte: Adaptado de KIMINAME; CASTRO; OLIVEIRA, S.D. , 57 A Figura 4.5 (b), a seguir, nos apresenta o processo de fabricação de engrenagens pelo método sob pressão em que se inicia a etapa de fabricação nos seus moldes (fixo/móvel). Começando pelos moldes fixo e móvel, passando pelo sistema de pistão para a injeção de material fundente que, por pressão, finaliza o preenchimento dos moldes e, ao final, teremos a nossa engrenagem. Após este processo, há uma etapa de lixamento para que atenda aos dimensionais geométricos: Figura 4.5 (b) - Processo de fabricação das engrenagens pelo método de Fundição. Ciclo do Processo sob pressão. Fonte: Adaptado de KIMINAME; CASTRO; OLIVEIRA, S.D. A Figura 4.5 (c), a seguir, nos apresenta o processo de fabricação de engrenagens pelo método em casca, em que se inicia a etapa de fabricação nos seus moldes (fixo/móvel). Começando pelo molde fixo e molde móvel em casca, passando metal fundente na caixa basculada antes de ser inserida no forno térmico para que, ao final, tenhamos nossa engrenagem. , 58 Figura 4.5 (c) - Processo de fabricação das engrenagens pelo método de Fundição. Ciclo do Processo de Fundição em casca. Fonte: Adaptado de KIMINAME; CASTRO; OLIVEIRA, S.D. c) Sem retirada de cavaco - Esse processo é dividido em dois subgrupos: estampagem e forjamento. O processo de estampagem ocorre por meio da pressão aplicada entre a matéria prima e o seu molde (matriz) para, assim, ser obtida a engrenagem. Já o forjamento é classificado entre os processos de extrusão e trefilação, laminação, forjamento em matriz, conforme Figura 4.6. , 59 Figura 4.6 – Processo de fabricação de engrenagens pelo método sem retirada de cavaco (Processo Forjamento). Fonte: Adaptado de KIMINAME; CASTRO; OLIVEIRA, S.D. 4.1.2 Qualidade das Engrenagens O conceito de qualidade das engrenagens ocorre por meio das Normas DIN 862 e 867, que especifica as 12 principais características de qualidade: Qualidade 1: Atualmente não utilizada, pode ser usada quando não há uma referência da aplicação desta Engrenagem; Qualidade 2: São utilizadas em indústria de precisão (Relojoaria e aparelhos de precisão); Qualidade 3: São utilizadas como padrão em laboratórios de controle. Assim são consideradas engrenagens de precisão; Qualidade 4: Utiliza-se na fabricação de engrenagens padrão, engrenagens para aviação e engrenagens de alta precisão para torres de radar; Qualidade 5: São utilizadas em aviões, máquina operatrizes, instrumentos de medida, turbinas etc; Qualidade 6: Utiliza-se em automóveis, ônibus, caminhões, navios e mecanismo de alta rotação; Qualidade 7: Engrenagens Sheivadas são empregadas em veículos, máquinas operatrizes, máquinas de levantamento e transporte etc; Qualidade 8 e 9: São as mais empregadas, pois não precisam ser retificadas. Utilizam-se em máquinas gerais; , 60 Qualidade 10 a 12: São engrenagens mais rústicas, normalmente utilizadas em máquinas agrícolas. Desta forma, pode-se concluir que, das 12 principais características de qualidade, a Qualidade 1 é utilizada para aplicações com elevada precisão e segue até a Qualidade 12, cuja aplicação será mais rústica, por exemplo, em máquinas agrícolas, moinhos de moagem de cana de açúcar etc. 4.1.3 Aplicação, Tipos e a Geometria de Engrenagens Cilíndricas de Dentes Retos (ECDR) Algo fundamental a saber é que os principais critérios e condições de aplicação de engrenagens estão descritas na norma DIN 862 e 867 que referencia os critérios de Geometria (Conforme a engrenagem – Figura 4.7) e também especificam o grau de qualidade, materiais de fabricação, quais processos de fabricação podem ser utilizados e, por fim, as dimensões que terá a engrenagem que será projetada, para atender aos requisitos de resistência em condições de diversos esforços mecânicos e, assim, aumentar a sua vida útil. Figura 4.7 – Características geométricas conforme DIN 862 e 867. Neste acoplamento entre as engrenagens vemos a engrenagem de diâmetro maior (Coroa) e a de diâmetro menor (Pinhão). Fonte: SHIGLEY, 2011. , 61 Para facilitar a sequência de projeto, iremos apresentar três tipos de nomenclaturas para as formas de acoplamento durante a transmissão de energia de uma ECDR. 1 – Engrenagens externas - Em que a energia mecânica de transmissão gerada e seu acoplamento ocorrem de forma Externa, conforme Figura 4.8 (a). Figura 4.8 (a) – Exemplo do tipo de Engrenagem Cilíndrica de Dente Reto – ECDR, com engrenamento externo (+). Fonte: MELCONIAN, 2011. 2 – Engrenagens internas: em que a energia mecânica de transmissão gerada e seu acoplamento ocorrem de forma Interna, conforme Figura 4.8 (b). Figura 4.8 (b) – Exemplo do tipo de Engrenagem Cilíndrica de Dente Reto – ECDR, com engrenamento interno (-). Fonte: MELCONIAN, 2011. 3– Pinhão e cremalheira, que geram a energia mecânica de transmissão e seu acoplamento também ocorre de forma Externa, conforme Figura 4.8 (c). , 62 Figura 4.8 (c) - Exemplo do tipo de Engrenagem Cilíndrica de Dente Reto – ECDR. Pinhão e cremalheira (+). Fonte: MELCONIAN, 2011. Os elementos mecânicos em análise, neste Bloco, são as Engrenagens Cilíndricas de Dentes Retos – ECDR, que serão dimensionadas conforme DIN 862 e 867, normas que ditam a geometria de cada elemento mecânico, como as engrenagens. Estas podem ter a geometria variada e, por consequência, diferentes referencias de nomenclatura e pontos de dimensões obtidos através do cálculo de projeto. Esse cálculo tem, como objetivo, definir a propriedade mecânica de sua ruptura e tempo de duração da vida útil, que dependem do tipo e horas diárias de funcionamento, como você poderá ver, mais à frente, na Tabela AGMA 𝝋 Abaixo, na Figura 4.9, serão apresentadas as cotas dos diâmetros principais, de acordo com as normas DIN 862 e 867. , 63 Figura 4 9 – Diâmetros principais de uma ECDR. Fonte: SHIGLEY, 2011. Diâmetros principais Diâmetro primitivo: 𝑑0 = 𝑚 ∗ 𝑍 Diâmetro de base: 𝑑𝑔 = 𝑑0 ∗ 𝑐𝑜𝑠 𝛼 Diâmetro interno (pé dente): 𝑑𝑓 = 𝑑0 − 2 ∗ ℎ𝑓 Diâmetro externo (cabeça do dente): 𝑑𝑘 = 𝑑0 + 2 * ℎ𝑘 Para determinar os diâmetros principais, suas características geométricas e seus valores dimensionais, de acordo com a Norma DIN 862 e 867, você verá, na Tabela 4.1 as principais equações que deverão ser consideradas pelo projetista no Memorial de Cálculo do Projeto de um Sistema Mecânico que, neste caso, será a Engrenagem Cilíndricas de Dentes Retos – ECDR. , 64 Tabela 4.1 – Equações que determinam os valores que compõe a geometria de uma Engrenagem Cilíndrica de Dentes Retos - ECRD Fonte: MELCONIAN, 2011. De acordo com as Normas DIN 862 e 867, a Figura 4.10 apresenta as terminologias utilizadas nas características geométricas de uma ECDR: Número de dentes (Z) 𝑍 = 𝑑0 𝑚 Módulo (m) m = t0 𝜋 Diâmetro primitivo (𝑑0) 𝑑0 = 𝑚 ∗ 𝑍 Diâmetro de base (𝑑𝑔) 𝑑𝑔 = 𝑑0 ∗ 𝑐𝑜𝑠𝛼0 Passo (𝑡0) 𝑡0 = 𝑚 ∗ 𝜋 Espessura do dente no primitivo 𝑆0 = 𝑡0 2 (folga nula no flanco) Altura comum do dente ℎ = 2 ∗ 𝑚 Altura da cabeça do dente ℎ𝑘 = 𝑚 Altura totaldo dente ℎ𝑧 = 2,2 ∗ 𝑚 Altura do pé do dente ℎ𝑓 = 1,2 * m Vão entre os dentes no primitivo 𝑙0 = 𝑡0 2 (folga nula no flanco) Ângulo de pressão 𝛼0 = 20° ; 14,5° 𝑜𝑢 25° Folga da cabeça 𝑆𝐾 = 0,2 ∗ 𝑚 Relação da transmissão 𝑖 = 𝑍2 𝑍1 = 𝑑02 𝑑01 = 𝑛1 𝑛2 Largura do dente b 9*m ≤ 𝑏 ≤ 14*m Distância entre centros 𝐶𝑐 = 𝑑01 + 𝑑02 2 , 65 Figura 4.10 – Terminologias utilizadas nas Engrenagens Cilíndricas de Dentes Retos – (ECDR) Fonte: SHIGLEY, 2011. 4.2 DIMENSIONAMENTO DE ENGRENAGENS CILÍNDRICAS DE DENTES RETOS (ECDR) Neste item, serão apresentadas as principais equações que serão utilizadas no dimensionamento de uma ECDR para atender ao limite e à aplicação deste elemento mecânico, ao ser solicitada em um projeto: Etapa 1 - Dimensionamento com o Critério de desgaste. As etapas de um projeto de um elemento mecânico engrenagens de dentes retos seguem dessa maneira: Veja a seguinte expressão que deve ser utilizada no dimensionamento de pinhões com ângulo de pressão � = 20° e número de dentes de 18 a 40. Material utilizado na fabricação. Material aço. 𝑏1𝑑01 2 = 5,72. 105. 𝑀𝑡 𝑝2𝑎𝑑𝑚 . 𝑖 ± 1 𝑖 ± 0,14 . 𝜑 Sendo que há 2 condições nesta expressão de Volume da base do dente: , 66 í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒(+) → 𝑒𝑛𝑔𝑟𝑒𝑛𝑎𝑔𝑒𝑛𝑠 𝑒𝑥𝑡𝑒𝑟𝑛𝑎𝑠 í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒(−) → 𝑒𝑛𝑔𝑟𝑒𝑛𝑎𝑔𝑒𝑛𝑠 𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑛𝑎𝑠 𝑜𝑢 𝑝𝑙𝑎𝑛𝑒𝑡á𝑟𝑖𝑎𝑠 Ambos os exemplos de Engrenamento Externo ou Interno, foram apresentados na Figura 4.7. Seguem outras variáveis consideradas no cálculo acima: b1 – Largura do dente do pinhão [mm] d01 – Diâmetro primitivo do pinhão [mm] MT – Momento torçor do pinhão [N.mm] Padm – Pressão admissível de contato [N/mm2] 𝒊 – Relação de transmissão Z2/Z1 [adimensional] 𝝋 – Fator de serviço (consultar tabela) [adimensional] Etapa 2 – Para o Dimensionamento de ECDR: Pressão admissível: 𝑝𝑎𝑑𝑚𝑖𝑠𝑠í𝑣𝑒𝑙 𝑝𝑎𝑑𝑚 = 0,487. 𝐻𝐵 𝑊1 6⁄ [𝑁 𝑚𝑚2]⁄ No exemplo que vamos aplicar mais à frente, no enunciado do Estudo de Caso para Dimensionar uma ECDR, serão fornecidos os valores de Dureza, Horas de atividade do elemento mecânico e seu Valor de utilização Agma (𝜑). Assim, falta o valor do Fator de Durabilidade W. Seu cálculo é feito por meio da equação a seguir: Fator de durabilidade (W) 𝑊 = 60. 𝑛𝑝. ℎ 106 , 67 Em que: Np – Rotação do pinhão [rpm] h – Duração do par [horas] HB – Dureza Brinell [N/mm2] A tabela 4.2, a seguir, apresenta a correlação entre os tipos de material que podem ser utilizados na confecção de uma ECDR e os valores determinados por meio do método de ensaio de dureza Brinell: Vale lembrar que não há uma equação de conversão entre os métodos dos Ensaios de Dureza, mas existe uma tabela que correlaciona o valor obtido em diferentes métodos utilizados no ensaio. A tabela 4.2 apresenta, apenas como referência, os Valores de HBrinell. Mas, para os tipos de aços descritos abaixo, deverá ser utilizada a tabela Rockwell C (HRc), mesmo sendo só como referência. Os aços são: SAE 4320, SAE 4340, SAE 8620, SAE 8640 e temperados. Tabela 4.2 – Tabela de Dureza pelo Método Brinell Material HBRINELL [ 𝑵 𝒎𝒎𝟐⁄ ] Aço fundido tipo 2 1700 – 2500 Aço fundido tipo 𝑩𝟐 1250 – 1500 Aço SAE 1020 1400 – 1750 Aço SAE 1040 1800 – 2300 Aço SAE 1050 2200 – 2600 Aço SAE 3145/3150 1900 – 2300 Aço SAE 4320 2000 – 4200 Aço SAE 4340 2600 – 6000 Aço SAE 8620 1700 – 2700 Aço SAE 8640 2000 – 6000 Aço fundido cinzento 1200 – 2400 Aço fundido nodular 1100 – 1400 Fonte: MELCONIAN, 2011. , 68 Já a Tabela 4.3 apresenta o conceito de determinação dos valores de dureza obtidos nos Ensaios de Dureza. Uma importante informação, não há uma equação ou uma tabela que ajude a realizar a conversão nos valores do Ensaio de Dureza, pois cada valor é associado ao seu ensaio e tem particularidades de carga aplicada. O elemento penetrador da superfície e a forma da impressão que será analisada, de acordo com o método de ensaio e, também, com o valor de Dureza Brinnell HB solicitada na equação, pode ser encontrada em catálogos ou em certificados de fabricação do lote produzido de Aço ou Ferro Fundido. Estes terão as informações de Composição Química e as Propriedades Mecânicas com Tenacidade e sua Dureza, conforme exemplo da Tabela 4.3. Tabela 4.3 – Valores de correlação entre os valores obtidos nos Ensaios de dureza Brinell Resistência [𝑵 𝒎𝒎𝟐]⁄ Rockwell Impr. [mm] Carga 30 [kN] Esfera Dureza HB [𝑵 𝒎𝒎𝟐⁄ ] Aço carbono HB x 0,36 C Rc B Rb A Ra Shore Vickers 3,65 2270 99,7 29 (104) 64,6 39 279 3,70 2690 969 28 (104) 64,1 38 270 3,75 2620 943 26 (103) 63,6 37 263 3,80 2550 918 25 (102) 63,0 37 256 4,00 2290 824 21 98 60,8 33 229 Fonte: adaptado de MELCONIAN, 2011. No cálculo da expressão a seguir, temos a relação entre a Largura da engrenagem (b) e o Diâmetro primitivo (d0), e é determinado o valor de ( b d0 ⁄ ). Então, para ECDR e para o bom dimensionamento da engrenagem, haverá duas condições: 1 – Engrenagem Biapoiada, o valor é (b d0 ⁄ ) ≤ 1,2. Característica: as duas extremidades do eixo são apoiadas. 2 – Engrenagem em Balanço, o valor é (b d0 ⁄ ) ≤ 0,75. Característica: uma das extremidades do eixo é apoiada. , 69 Confira como é a representação dessas expressões na figura 4.11: Figura 4.11 – Representação das duas formas de uma ECDR se apoiar em um eixo. Fonte: MELCONIAN, 2011. Na tabela 4.4, apresentada a seguir, é definido o incremento no módulo, após sua obtenção no cálculo do módulo de engrenamento de uma ECDR. Este cálculo é usado para a fabricação de engrenagens no processo de fresamento e o módulo da ferramenta será o Módulo da engrenagem somado ao incremento. Tabela 4.4 – Correlação entre os valores dos Módulos normalizados DIN 780 e o incremento, para a ferramenta de fabricação da engrenagem. Módulo (mm) Incremento (mm) 0,3 a 1,0 0,10 1,0 a 4,0 0,25 4,0 a 7,0 0,50 7,0 a 16,0 1,00 16,0 a 24,0 2,00 24,0 a 45,0 3,00 45,0 a 75,0 5,00 Fonte: adaptado de MELCONIAN, 2011. Etapa 3 - Esforços de flexão no pé do dente e os Tipos de Esforços gerados. Normalmente, para projetar, escolhemos um critério para o dimensionamento e outro para a verificação. No caso de engrenagens, dimensionamos pelo desgaste e verificamos pelo critério de tensão no pé do dente. Essa deve ser menor que a tensão admissível do material indicado. , 70 Durante a atividade desta engrenagem em um sistema mecânico de Transmissão de Movimentos Rotativos, acontecerão Esforços de Flexão nos Pés dos Dentes da engrenagem ECDR: Nas engrenagens cilíndricas de dentes retos (ECDR), são gerados dois esforços que geram uma Força de Flexão nos Pés dos Dentes da ECDR, conforme apresentado na Figura 4.12. Os esforços são: 1- Força tangencial 2- Força radial Figura 4.12 – Representação da interação das forças Tangenciais e Radiais, que gera Flexão no Pé dos Dentes de uma ECDR. Fonte: SHIGLEY, 2011. Então, as seguintes equações são aplicadas para obter o valor dos Esforços. Para o caso de uma Força Tangencial (𝑭𝒕), veja a Figura 4.13. 1 - Força tangencial (𝑭𝒕) A carga tangencial (Ft) é responsável pelo movimento das engrenagens, sendo também a carga que origina o momento fletor, tendendo por flexão o pé do dente. , 71 A fórmula tangencial é determinada da seguinte maneira: 𝐹𝑡 = 𝑀𝑡 𝑟0 = 2𝑀𝑡 𝑑0 raio primitivo 𝑟0 = 𝑑0 2 Em que: Ft – força tangencial [N] MT – torque [N.mm] ro – raio primitivo da engrenagem [mm] do – diâmetro da engrenagem [mm] Figura 4.13 – Força Tangencial aplicada e que gera esforço de Flexão no pé do dente Fonte: SHIGLEY, 2011. Então, para obter o valor da Força Radial (𝑭𝒓) aplicada, temos: 2 - Forçaradial (𝑭𝒓) A Força Radial atua na direção radial no Pé do Dente de uma engrenagem ECDR. É determinada por meio da tangente do ângulo α (ângulo de pressão). tag 𝛼 = 𝐹𝑟 𝐹𝑡 Temos: Fr = Ft * tag α , 72 Em que: Fr – carga radial [N] Ft – carga tangencial [N] α – ângulo de pressão [graus] 3 - Força resultante (𝐹r) É a resultante Ft e Fr, sendo determinada por meio de Pitágoras, como segue: Em que: Fn – carga resultante [N] Fr – carga radial [N] Ft – carga tangencial [N] Ou ainda pelas reações: 𝑐𝑜𝑠 𝛼 = 𝐹𝑡 𝐹𝑛 → 𝐹𝑛 = 𝐹𝑡 𝑐𝑜𝑠 𝛼 As cargas radial e resultante serão importantes no dimensionamento de eixos e mancais, sendo necessário o seu dimensionamento das engrenagens. Etapa 4 - Tensão máxima aplicada e a correlação entre a Tensão Material usada na fabricação da ECDR e o valor do esforço de Tensão de flexão no pé do dente. A tensão atuante no pé do dente deve ser menor ou igual à tensão admissível do material indicado. Veja, a seguir, fórmula que determina a intensidade da tensão máxima que a engrenagem sofrerá e que seu material de fabricação deverá resistir, além de indicar os limites da Propriedades Mecânicas e a sua Vida Útil: 𝜎𝑚á𝑥 = 𝐹𝑡. 𝑞. 𝜑 𝑏.𝑚𝑛 ≤ 𝜎𝑚𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎𝑙 , 73 Em que: σ máx. – Tensão máxima atuante na base do dente [N/mm2] 𝝈 material – Tensão admissível do material [N/mm2] Ft – Força tangencial [N] mn – Módulo normalizado [mm] b – Largura do dente do pinhão [mm] ϕ – Fator de serviço (tabela AGMA) [adimensional] q – Fator de forma (adimensional) Etapa 5 – Cálculo do Fator de forma (𝑞), que deverá ser de acordo com o número de dentes entre as engrenagens, como, por exemplo, Coroa e Pinhão com geometria de uma ECDR. O fator de forma de engrenagem é obtido em função do número de dentes da engrenagem, conforme apresentado na Tabela 4.5. Tabela 4.5 – Correlação entre os valores do número de dentes e o fator de forma Fonte: SHIGLEY, 2011. Obs: Se o número e dentes for intermediário aos apresentados na Tabela 4.5, será necessário realizar a operação matemática de interpolação, tanto no número de dentes (Z) quanto no Fator de Forma (q). , 74 Etapa 6 – Obtém-se, nas tabelas a seguir, o Valor dos Fatores de Serviço – AGMA (𝝋); Este valor será considerado entre 2 condições, ou seja, 10 ou 24 horas de serviço para, então, obter o valor dos fatores de serviço AGMA, conforme os exemplos apresentados a seguir, nas Tabelas 4.6 e 4.7. Vale lembra que os valores do Fator de Serviço – AGMA (ϕ), de uma engrenagem – ECDR, como exemplificados nas Tabelas 4.6 e 4.7, ficam sempre à disposição em catálogos de fabricantes de engrenagens ou elementos de máquinas, aplicado a um sistema mecânico. Tabela 4.6 – Tabelas de fatores de serviço AGMA (ϕ) Fonte: adaptado de MELCONIAN, 2011. A Tabela 4.7 apresenta características fundamentais para o dimensionamento e a correta seleção do valor de acordo com as horas de serviço. Esta condição altera a vida útil do projeto de um sistema mecânico. Tabela 4.7 – Continuação do exemplo de Tabelas de fatores de serviço AGMA (ϕ), para o acionamento de motores a explosão e serviços intermitentes. Motor Elétrico Motor Elétrico Motores a Explosão Multicilíndricos 10 h 3 h 3 h 10 h 24 h 1,00 0,50 1,00 1,25 1,50 1,25 1,00 1,25 1,50 1,75 1,75 1,50 1,75 2,00 2,25 Fonte: adaptado de MELCONIAN, 2011. Aplicações Serviço Horas de Atividade 10 h 24 h AGITADORES Líquidos 1,00 1,25 Misturadores de polpa 1,25 1,50 Semilíquidos de densidade variável 1,25 1,50 ALIMENTADORES Alimentadores helicoidais 1,25 1,50 Alimentadores recíprocos 1,75 2,00 *Transportadores (esteira e correia) 1,25 1,50 , 75 4.3 TENSÕES ADMISSÍVEIS Neste subtema serão avaliados e determinados os valores máximos de tensão do material para, assim, poder determinar qual material poderá ser utilizado na fabricação de uma ECDR. Veja, a seguir, a tabela 4.8 com especificações das tensões admissíveis para os materiais. Tabela 4.8 – Tensões ideais para os materiais no dimensionamento de engrenagens MATERIAL Mpa [ 𝑵 𝒎𝒎𝟐⁄ ] FoFo cinzento 40 FoFo nodular 80 Aço fundido 90 SAE 1010/1020 90 SAE 1040/1050 120 SAE 4320/4340 170 SAE 8620/8640 200 Mat. Sintético – Resinas 35 Fonte: adaptado de MELCONIAN, 2011. Algumas recomendações são indicadas: Recomendação 1) O projeto ideal é aquele em que a tensão atuante no pé do dente está bem próxima da tensão admissível no seu limite inferior. Se a tensão atuante estiver acima da tensão admissível (𝝈), a engrenagem pode não suportar a transmissão, vindo a romper na base do dente prematuramente. Se, por outro lado, a tensão atuante estiver bem aquém da tensão admissível, a engrenagem estará superdimensionada, tornando-se antieconômica. Recomendação 2) Ângulo de pressão (𝛼) Observe o par de dentes apresentado na Figura 4.14, a seguir. , 76 Iniciam o contato no ponto A. A cinemática do mecanismo faz com que o ponto A descreva a trajetória AB. No ponto B, termina o contato entre os dentes. O segmento de reta AB, descrito pela trajetória do ponto de contato e a tangente comum aos diâmetros primitivos das engrenagens, define o ângulo da pressão. Pela norma DIN 867, recomenda-se a utilização do ângulo de pressão α = 20°. Figura 4.14 – Trajetória demonstrada desde seu o início até o fim do contato entre dentes Fonte: SHIGLEY, 2011. Recomendação 3) A seguir, serão apresentadas as Engrenagens com perfil cicloidal e as teorias relacionadas a elas. Suas representações podem ser vistas nas figuras 4.15, 4.16, 4.17 e 4.18. Aplicações: Esse tipo de engrenagem é limitada às construções mecânicas, podendo ser encontrada em bombas, ventiladores volumétricos, relógios e aparelhos de precisão. , 77 Processos de Fabricação: A engrenagem cicloidal é obtida por meio de estampagem, trefilação, brochamento ou injeção (mecânica fina), por fresamento ou aplainamento. As ferramentas são mais caras, pois possuem flancos retos. O processo de fabricação, por ser mais preciso, torna-se mais caro. Curva Cicloidal Posição inicial Figura 4.15 – Ambas as Figuras representam um contato entre engrenagens, com curva cicloidal A curva cicloidal é obtida fazendo rolar o círculo 1 sobre o círculo 2, sem que ocorra escorregamento. A trajetória do ponto A no movimento descreve a curva cicloidal. Círculo 1 em movimento e Círculo 2 fixo. Observe que, à medida que o círculo 1 rola sem escorregamento sobre a periferia do círculo 2, o ponto A se desloca para a posição A1, formando o arco A A1 que representa parte da curva cicloidal. A parte pontilhada da trajetória do ponto A é a trajetória a ser descrita pelo ponto na sequência do movimento. Fonte: SHIGLEY, 2011. , 78 Engrenagem curva de envolvente A maioria absoluta das engrenagens utilizadas nas construções mecânicas é constituída de dentadura com perfil envolvente. Isso ocorre em virtude de o processo de fabricação ser mais simples, resultando em um menor custo. Figura 4.16 – Representação de um dente da engrenagem curva de envolvente. Fonte: SHIGLEY, 2011. Para entender a representação da Figura 4.16, apresentada acima, os seguintes pontos têm sua nomenclatura e sua teoria das características geométricas: Ponto 1 – Corda def. é enrolada ao redor do cilindro e mantida esticada; Ponto 2 – Ponto b na corda é o ponto traçador, ou seja, a medida que a corda é enrolada e desenrolada ao redor do cilindro, esse ponto irá traçar a curva evolvente ac; Ponto 3 – No ponto b, o raio é exatamente a distância be; Ponto 4 – Raio de curvatura da evolvente é zero em a e um máximo em c; , 79 Ponto 5 – de é normal em relação à evolvente, em todos os
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