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1 APRENDIZAGEM TEORIAS E PROCESSOS 1 Sumário APRENDIZAGEM: TEORIAS E PROCESSOS .................................................. 1 FACULESTE ...................................................................................................... 2 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 3 APRENDIZAGEM ............................................................................................... 5 DESENVOLVIMENTO NORMAL .................................................................... 5 LINGUAGEM ...................................................................................................... 7 DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM........................................................ 7 BASES BIOLÓGICAS DA LINGUAGEM ........................................................ 9 ETIOLOGIA DOS DISTÚRBIOS DA LINGUAGEM ORAL E ESCRITA ........ 10 AS TEORIAS E O PROCESSO DE APRENDIZAGEM .................................... 11 COMPORTAMENTALISMO OU BEHAVIORISMO: PAVLOV E SKINNER .. 13 OS TRÊS TIPOS DE ESTÍMULOS SÃO OS SEGUINTES: ...................... 13 TEORIA DE APRENDIZAGEM SOCIAL: BANDURA ................................... 14 EXISTEM DOIS TIPOS DE REFORÇO: ................................................... 15 COGNITIVISMO: PIAGET ............................................................................ 15 OS ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO .............................. 15 TEORIA SOCIOINTERACIONISTA: VYGOTSKY ........................................ 19 DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM: A ZONA DE DESENVOLVIMENTO PROXIMAL ........................................................... 20 APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA : AUSEBEL ........................................... 24 TEORIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS: GARDNER ........................... 26 UM PARADIGMA DE APRENDIZAGEM DAS CIÊNCIAS ............................... 30 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 38 APRENDIZAGEM: TEORIAS E PROCESSOS file:///F:/FACUMINAS/APOSTILA/Nova%20pasta/APRENDIZAGEM;TEORIAS%20E%20PROCESSOS/APRENDIZAGEM;TEORIAS%20E%20PROCESSOS.docx%23_Toc42351877 2 FACULESTE A história do Instituto FACULESTE, inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a FACULESTE, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A FACULESTE tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 INTRODUÇÃO Sabe-se que a aprendizagem é um processo contínuo, que pode ocorrer em qualquer situação. Nesse sentido, podemos dizer que um dos fatores essenciais do aprendizado é a cultura, pois ela molda o sujeito por meio de suas relações com o meio. Muitas pessoas confundem construção de conhecimento com aprendizagem. Entretanto, aprender é algo muito mais amplo, pois é a forma de o sujeito aumentar seu conhecimento. Nesse sentido, a aprendizagem faz com que o sujeito se modifique, de acordo com a sua experiência (LA ROSA, 2003). Entretanto, o ser humano passa por mudanças que não se referem à aprendizagem e sim aos processos maturativos, tais como: aquisição da linguagem, engatinhar, andar ou até mudanças em decorrência de doenças físicas ou psicológicas. Sendo assim, a aprendizagem é uma mudança significativa que ocorre baseada também nas experiências dos indivíduos. Todavia, para ser caracterizada como tal, é necessária a solidez, ou seja, ela deve ser incorporada definitivamente pelo sujeito. A aprendizagem é um processo contínuo que ocorre durante toda a vida do indivíduo, desde a mais tenra infância até a mais avançada velhice. Normalmente uma criança deve aprender a andar e a falar; depois a ler e escrever, aprendizagens básicas para atingir a cidadania e a participação ativa na sociedade. Já os adultos precisam aprender habilidades ligadas a algum tipo de trabalho que lhes forneça a satisfação das suas necessidades básicas, algo que lhes garanta o sustento. As pessoas idosas embora nossa sociedade seja reticente quanto às suas capacidades de aprendizagem podem continuar aprendendo coisas complexas como um novo idioma ou ainda cursar uma faculdade e virem a exercer uma nova profissão. O desenvolvimento geral do individuo será resultado de suas potencialidades genéticas e, sobretudo, das habilidades aprendidas durante as várias fases da vida. 4 A aprendizagem está diretamente relacionada com o desenvolvimento cognitivo. As passagens pelos estágios da vida são marcadas por constante aprendizagem. “Vivendo e aprendendo”, diz a sabedoria popular. Assim, os indivíduos tendem a melhorar suas realizações nas tarefas que a vida lhes impõe. A aprendizagem permite ao sujeito compreender melhor as coisas que estão à sua volta, seus companheiros, a natureza e a si mesmo, capacitando-o a ajustar-se ao seu ambiente físico e social. As teorias de aprendizagem buscam reconhecer a dinâmica envolvida nos atos de ensinar e aprender, partindo do reconhecimento da evolução cognitiva do homem e tentam explicar a relação entre o conhecimento preexistente e o novo conhecimento. A aprendizagem não seria apenas inteligência e construção de conhecimento, mas, basicamente, identificação pessoal e relação por meio da interação entre as pessoas. 5 APRENDIZAGEM Do ponto de vista do construtivismo, aprendizagem é construção, ação e tomada de consciência da coordenação das ações. O aluno irá construir seu conhecimento através de uma história individual já percorrida, tendo uma estrutura, ou com base em condições prévias de todo o aprender, além de ser exposto ao conteúdo necessário para seu aprendizado. Em relação ao aprendizado específico da leitura e da escrita, este está vinculado a um conjunto de fatores que adota como princípios o domínio da linguagem e a capacidade de simbolização, devendo haver condições internas e externas necessárias ao seu desenvolvimento. DESENVOLVIMENTO NORMAL A habilidade de leitura é verificada através da capacidade de decodificação, fluência e compreensão da escrita. O processo normal de leitura ocorre em duas etapas. Inicialmente, é realizada a análise visual, através do processamento vísuo-perceptivo do estímulo gráfico. Em seguida, ocorre o processamento linguístico da leitura, onde, através da via não-lexical, é feita a conversão grafema-fonema e, pela via lexical, é feita a leitura global da palavra com acesso ao significado. A criança tem que descobrir que há letras que não representam o som da fala, visto que a leitura alfabética associa um componente auditivo fonêmico a um componente visual gráfico, o que é denominado de correspondência grafofonêmica. É necessária a conscientização da estrutura fonêmica da linguagem (decomposição das palavras) e das unidades auditivas que são representadas por diferentes grafemas. O processo de aquisição da linguagem escrita, assim como o da linguagemoral, envolve diversas regiões cerebrais, entre elas a área parieto- occipital. Na região occipital, o córtex visual primário é o responsável pelo processamento dos símbolos gráficos, e as áreas do lobo parietal são responsáveis pelas questões vísuo-espaciais da grafia. 6 Essas informações processadas são reconhecidas e decodificadas na área de Wernicke, responsável pela compreensão da linguagem, e a expressão da linguagem escrita necessita da ativação do córtex motor primário e da área de Broca. Para todo este processo ocorrer, é importante que as fibras de associação intra-hemisféricas estejam intactas. Em uma pesquisa, observou-se ativação cerebral de pessoas normais durante a leitura de pseudopalavras nas seguintes regiões: região frontal inferior esquerda; região parietotemporal, envolvendo os giros angular, supramarginal e a porção posterior de giro temporal superior; e regiões occipitotemporais, envolvendo porções mesiais e inferiores do giro temporal e giro occipital. O mesmo estudo foi realizado em disléxicos, sendo constatado um aumento de ativação no giro frontal inferior e pouca ativação em regiões posteriores. Pesquisadores relatam que, em relação aos mecanismos neurológicos das dificuldades de leitura, alterações referentes à assimetria hemisférica geram uma organização atípica do hemisfério direito em crianças e adolescentes com dislexia. Disléxicos apresentam uma desconexão temporo-parieto-occipital e uma desconexão com o córtex frontal esquerdo, assim como anormalidades do córtex têmporo-parietal e do cerebelo em relação a outras regiões do cérebro33. Dificuldades de aprendizagem da linguagem escrita na infância Dificuldades de aprendizagem referem-se a alterações no processo de desenvolvimento do aprendizado da leitura, escrita e raciocínio lógico-matemático, podendo estar associadas a comprometimento da linguagem oral. Ao se estudar alterações no processo de aprendizagem da linguagem oral, frequentemente verifica-se a ocorrência de posteriores dificuldades de aprendizagem da leitura e escrita. Da mesma forma, ao se investigar os fatores que antecedem as dificuldades de leitura e escrita, surgem questionamentos a respeito das dificuldades de aprendizado da linguagem. Ressalta-se que, entre as alterações de linguagem oral existentes na infância, são as dificuldades 7 fonológicas, e não as articulatórias, que podem ocasionar prejuízos no aprendizado posterior da leitura e da escrita. LINGUAGEM A linguagem é um exemplo de função cortical superior, e seu desenvolvimento se sustenta, por um lado, em uma estrutura anatomofuncional geneticamente determinada e, por outro, em um estímulo verbal que depende do ambiente. Serve de veículo para a comunicação, ou seja, constitui um instrumento social usado em interações visando à comunicação. Desta forma, deve ser considerada mais como uma força dinâmica ou processo do que como um produto. Pode ser definida como um sistema convencional de símbolos arbitrários que são combinados de modo sistemático e orientado para armazenar e trocar informações. DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM Muito antes de começar a falar, a criança está habilitada a usar o olhar, a expressão facial e o gesto para comunicar-se com os outros. Tem também capacidade para discriminar precocemente os sons da fala. A aprendizagem do código linguístico se baseia no conhecimento adquirido em relação a objetos, ações, locais, propriedades, etc. Resulta da interação complexa entre as capacidades biológicas inatas e a estimulação ambiental e evolui de acordo com a progressão do desenvolvimento neuropsicomotor. Apesar de não estar completamente esclarecido o grau de eficácia com que a linguagem é adquirida, sabe-se que as crianças de diferentes culturas parecem seguir o mesmo percurso global de desenvolvimento da linguagem. Ainda antes de nascer, elas iniciam a aprendizagem dos sons da sua língua nativa e desde os primeiros meses distinguem-na de línguas estrangeiras 8 No desenvolvimento da linguagem, duas fases distintas podem ser reconhecidas: a pré-linguística, em que são vocalizados apenas fonemas (sem palavras) e que persiste até aos 11-12 meses; e, logo a seguir, a fase linguística, quando a criança começa a falar palavras isoladas com compreensão. Posteriormente, a criança progride na escalada de complexidade da expressão. Este processo é contínuo e ocorre de forma ordenada e sequencial, com sobreposição considerável entre as diferentes etapas deste desenvolvimento (Tabela 1). O processo de aquisição da linguagem envolve o desenvolvimento de quatro sistemas interdependentes: o pragmático, que se refere ao uso comunicativo da linguagem num contexto social; o fonológico, envolvendo a percepção e a produção de sons para formar palavras; o semântico, respeitando as palavras e seu significado; e o gramatical, compreendendo as regras 9 sintáticas e morfológicas para combinar palavras em frases compreensíveis. Os sistemas fonológico e gramatical conferem à linguagem a sua forma. O sistema pragmático descreve o modo como a linguagem deve ser adaptada a situações sociais específicas, transmitindo emoções e enfatizando significados. A intenção de comunicar-se pode ser demonstrada de forma não verbal através da expressão facial, sinais, e também quando a criança começa a responder, esperar pela vez, questionar e argumentar. Essa competência comunicativa reflete a noção de que o conhecimento da adequação da linguagem a determinada situação e a aprendizagem das regras sociais de comunicação é tão importante quanto o conhecimento semântico e gramatical. BASES BIOLÓGICAS DA LINGUAGEM O processo da linguagem é bastante complexo e envolve uma rede de neurônios distribuída entre diferentes regiões cerebrais. Em contato com os sons do ambiente, a fala engloba múltiplos sons que ocorrem simultaneamente, em várias frequências e com rápidas transições entre estas. O ouvido tem de sintonizar este sinal auditivo complexo, decodificá-lo e transformá-lo em impulsos elétricos, os quais são conduzidos por células nervosas à área auditiva do córtex cerebral, no lobo temporal. O logo, então, reprocessa os impulsos, transmite-os às áreas da linguagem e provavelmente armazena a versão do sinal acústico por um certo período de tempo. A área de Wernicke, situada no lobo temporal, reconhece o padrão de sinais auditivos e interpreta-os até obter conceitos ou pensamentos, ativando um grupo distinto de neurônios para diferentes sinais. Ao mesmo tempo, são ativados neurônios na porção inferior do lobo temporal, os quais formam uma imagem do que se ouviu, e outros no lobo parietal, que armazenam conceitos 10 relacionados. De acordo com este modelo, a rede neuronal envolvida forma uma complexa central de processamento. Para verbalizar um pensamento, acontece o inverso. Inicialmente, é ativada uma representação interna do assunto, que é canalizada para a área de Broca, na porção inferior do lobo frontal, e convertida nos padrões de ativação neuronal necessários à produção da fala. Também estão envolvidas na linguagem áreas de controle motor e as responsáveis pela memória. O cérebro é um órgão dinâmico que se adapta constantemente a novas informações. Como resultado, as áreas envolvidas na linguagem de um adulto podem não ser as mesmas envolvidas na criança, e é possível que algumas zonas do cérebro sejam usadas apenas durante o período de desenvolvimento da linguagem. Acredita-se que o hemisfério esquerdo seja dominante para a linguagem em cerca de 90% da população; contudo, o hemisfério direito participa do processamento, principalmente nos aspectos da pragmática. ETIOLOGIA DOS DISTÚRBIOS DA LINGUAGEM ORAL E ESCRITA A fala caracteriza-se habitualmente quanto à articulação, ressonância, voz, fluência/ritmoe prosódia. As alterações da linguagem situam-se entre os mais frequentes problemas do desenvolvimento, atingindo 3 a 15% das crianças, e podem ser classificadas em atraso, dissociação e desvio (Tabela 2). 11 A etiologia das dificuldades de linguagem e aprendizagem é diversa e pode envolver fatores orgânicos, intelectuais/cognitivos e emocionais (estrutura familiar relacional), ocorrendo, na maioria das vezes, uma inter-relação entre todos esses fatores. Sabe-se que as dificuldades de aprendizagem também podem ocorrer em concomitância com outras condições desfavoráveis (retardo mental, distúrbio emocional, problemas sensório-motores) ou, ainda, ser acentuadas por influências externas, como, por exemplo, diferenças culturais, instrução insuficiente ou inapropriada (Tabela 3). AS TEORIAS E O PROCESSO DE APRENDIZAGEM Sabe-se que a aprendizagem é um processo contínuo, que pode ocorrer em qualquer situação. Nesse sentido, podemos dizer que um dos fatores essenciais do aprendizado é a cultura, pois ela molda o sujeito por meio de suas relações com o meio. Muitas pessoas confundem construção de conhecimento com aprendizagem. Entretanto, aprender é algo muito mais amplo, pois é a forma de 12 o sujeito aumentar seu conhecimento. Nesse sentido, a aprendizagem faz com que o sujeito se modifique, de acordo com a sua experiência (LA ROSA, 2003). Entretanto, o ser humano passa por mudanças que não se referem à aprendizagem e sim aos processos maturativos, tais como: aquisição da linguagem, engatinhar, andar ou até mudanças em decorrência de doenças físicas ou psicológicas. Sendo assim, a aprendizagem é uma mudança significativa que ocorre baseada também nas experiências dos indivíduos. Todavia, para ser caracterizada como tal, é necessária a solidez, ou seja, ela deve ser incorporada definitivamente pelo sujeito. A aprendizagem é um processo contínuo que ocorre durante toda a vida do indivíduo, desde a mais tenra infância até a mais avançada velhice. Normalmente uma criança deve aprender a andar e a falar; depois a ler e escrever, aprendizagens básicas para atingir a cidadania e a participação ativa na sociedade. Já os adultos precisam aprender habilidades ligadas a algum tipo de trabalho que lhes forneça a satisfação das suas necessidades básicas, algo que lhes garanta o sustento. As pessoas idosas embora nossa sociedade seja reticente quanto às suas capacidades de aprendizagem podem continuar aprendendo coisas complexas como um novo idioma ou ainda cursar uma faculdade e virem a exercer uma nova profissão. O desenvolvimento geral do individuo será resultado de suas potencialidades genéticas e, sobretudo, das habilidades aprendidas durante as várias fases da vida. A aprendizagem está diretamente relacionada com o desenvolvimento cognitivo. As passagens pelos estágios da vida são marcadas por constante aprendizagem. “Vivendo e aprendendo”, diz a sabedoria popular. Assim, os indivíduos tendem a melhorar suas realizações nas tarefas que a vida lhes impõe. A aprendizagem permite ao sujeito compreender melhor as coisas que estão à sua volta, seus companheiros, a natureza e a si mesmo, capacitando-o a ajustar-se ao seu ambiente físico e social. 13 COMPORTAMENTALISMO OU BEHAVIORISMO: PAVLOV E SKINNER O Behaviorismo é uma corrente da psicologia que define o comportamento humano como resultado “das influências dos estímulos do meio”. Sendo assim, o comportamento pode ser moldado de acordo com estímulos e respostas. Podemos utilizar como exemplo aquele sujeito que recebe um treinamento específico, que o faz passar numa prova x. Todavia, esses resultados precisam ser duradouros, para que possa ser caracterizada uma mudança definitiva no comportamento. Os principais representantes do behaviorismo são: Ivan Pavlov e Burrhus Frederic Skinner. Pavlov desenvolveu a teoria do comportamento em resposta aos estímulos do ambiente. “De acordo com Pavlov, o requisito fundamental é que qualquer estímulo externo seja o sinal (estímulo neutro) de um reflexo condicionado e se sobreponha à ação de um estímulo absoluto” (LA ROSA, 2003, P. 45). OS TRÊS TIPOS DE ESTÍMULOS SÃO OS SEGUINTES: Estímulo neutro – é involuntário, pois não está relacionado com uma ação ou reação; todavia, deve-se sempre perguntar se ele é neutro em relação a que. Um evento qualquer costuma ser reativo em relação à uma ação e neutro em relação à outra. Exemplo: Contração da pupila. Estímulo condicionado – era neutro em um primeiro momento, mas depois de vivenciar diversas repetições e associações, passou a ser condicionado. Exemplo: resultado de treinamento de animais. 14 Estímulo incondicionado – é o mesmo que um reflexo inato, que é natural do organismo. Exemplo: estímulo incondicionado – calor = resposta incondicionada – suor. Skinner é o principal representante do behaviorismo, pois foi ele “quem levou até as últimas consequências os princípios empiristas no estudo da aprendizagem. Para esta corrente, o ser humano se resume às contingências observáveis.” Ela trabalha principalmente com a ideia de extinção operante, estímulos, reforços (LA ROSA, 2003, P.57). Como aplicar essa teoria na prática da tutoria? O behaviorismo é encontrado no ensino tradicional, pois se baseia em estímulos, respostas e reforços. As notas das avaliações e elogios, por exemplo, podem ser entendidas como reforço. TEORIA DE APRENDIZAGEM SOCIAL: BANDURA A abordagem da aprendizagem social foi fundada pelo psicólogo Bandura e tem algumas semelhanças com o behaviorismo de Skinner. A diferença é que “o comportamento é controlado não só pelas consequências externas, (...), mas também pelo reforço vicariante e pelo auto-reforço” (LA ROSA, 2003, P. 88). Bandura diz que somos expostos a diversos padrões de comportamentos, mas só vamos imitá-los se tivermos reforço. No caso específico da sala de aula, 15 os elementos mais sutis podem indicar reforços ou punição. Por exemplo: se um aluno faz uma pergunta e o professor diz que está fora do contexto num tom de ridicularização, esse é um exemplo de punição. EXISTEM DOIS TIPOS DE REFORÇO: Reforço direto – ocorre por uma ação direta. Exemplo: uma medalha dada em uma competição. Reforço vicariante – ocorre pela observação de um acontecimento. Exemplo: Observo uma batida de carro e aprendo que, se andar em alta velocidade, posso sofrer um acidente também. COGNITIVISMO: PIAGET Para Piaget (Apud Lima, 1984), o desenvolvimento da mente é um processo dialético que ocorre por meio da autorregulação. Para este autor, todos os processos vitais, sejam eles psicológicos, biológicos ou sociológicos, se comportam da mesma forma. Isto significa que, diante das dificuldades de assimilação, o organismo se acomoda (modifica), e assim pode assimilar sucessivas vezes. O resultado entre a assimilação e a acomodação é a adaptação. Por meio desse processo, o autor sugere uma mudança na pedagogia da época, pois diz que os alunos precisam ser desafiados. Dessa forma, caberia ao professor “propor situações que estimulem a atividade re-equilibradora do educando.” (...) “Ninguém educa ninguém: é o próprio aluno que se educa” (Lima, 1984, p. 19). Piaget diz que o desenvolvimento mental se dá pela socialização e que a pedagogia é a arte de modificar a sociedade. OS ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO 16 Piaget considera 4 períodos no processo evolutivo da espécie humana que são caracterizados "por aquilo que o indivíduo consegue fazer melhor" no decorrer das diversas faixas etárias ao longo do seu processo de desenvolvimento. São eles: Cada uma dessas fases é caracterizada por formas diferentes de organização mental que possibilitam as diferentes maneiras do indivíduo relacionar-se com arealidade que o rodeia. De uma forma geral, todos os indivíduos vivenciam essas 4 fases na mesma sequência, porém o início e o término de cada uma delas pode sofrer variações em função das características da estrutura biológica de cada indivíduo e da riqueza (ou não) dos estímulos proporcionados pelo meio ambiente em que ele estiver inserido. Por isso mesmo é que "a divisão nessas faixas etárias é uma referência, e não uma norma rígida". Abordaremos, a seguir, sem entrar em uma descrição detalhada, as principais características de cada um desses períodos. (a) Período Sensório-motor (0 a 2 anos): segundo La Taille (2003), Piaget usa a expressão "a passagem do caos ao cosmo" para traduzir o que o estudo sobre a construção do real descreve e explica. De acordo com a tese piagetiana, "a criança nasce em um universo para ela caótico, habitado por objetos 17 evanescentes (que desapareceriam uma vez fora do campo da percepção), com tempo e espaço subjetivamente sentidos, e causalidade reduzida ao poder das ações, em uma forma de onipotência". No recém nascido, portanto, as funções mentais limitam-se ao exercício dos aparelhos reflexos inatos. Assim sendo, o universo que circunda a criança é conquistado mediante a percepção e os movimentos (como a sucção, o movimento dos olhos, por exemplo). Progressivamente, a criança vai aperfeiçoando tais movimentos reflexos e adquirindo habilidades e chega ao final do período sensório-motor já se concebendo dentro de um cosmo "com objetos, tempo, espaço, causalidade objetivados e solidários, entre os quais situa a si mesma como um objeto específico, agente e paciente dos eventos que nele ocorrem" (id ibid). (b) Período pré-operatório (2 a 7 anos): para Piaget, o que marca a passagem do período sensório-motor para o pré-operatório é o aparecimento da função simbólica ou semiótica, ou seja, é a emergência da linguagem. Nessa concepção, a inteligência é anterior à emergência da linguagem e por isso mesmo "não se pode atribuir à linguagem a origem da lógica, que constitui o núcleo do pensamento racional" (Coll e Gillièron, op.cit.). Na linha piagetiana, desse modo, a linguagem é considerada como uma condição necessária mas não suficiente ao desenvolvimento, pois existe um trabalho de reorganização da ação cognitiva que não é dado pela linguagem, conforme alerta La Taille (1992). Em uma palavra, isso implica entender que o desenvolvimento da linguagem depende do desenvolvimento da inteligência. Todavia, conforme demonstram as pesquisas psicogenéticas (La Taille, op.cit.; Furtado, op.cit., etc.), a emergência da linguagem acarreta modificações importantes em aspectos cognitivos, afetivos e sociais da criança, uma vez que ela possibilita as interações interindividuais e fornece, principalmente, a capacidade de trabalhar com representações para atribuir significados à realidade. Tanto é assim, que a aceleração do alcance do pensamento neste estágio do desenvolvimento, é atribuída, em grande parte, às possibilidades de contatos interindividuais fornecidos pela linguagem. 18 Contudo, embora o alcance do pensamento apresente transformações importantes, ele caracteriza-se, ainda, pelo egocentrismo, uma vez que a criança não concebe uma realidade da qual não faça parte, devido à ausência de esquemas conceituais e da lógica. Para citar um exemplo pessoal relacionado à questão, lembro-me muito bem que me chamava à atenção o fato de, nessa faixa etária, o meu filho dizer coisas do tipo "o meu carro do meu pai", sugerindo, portanto, o egocentrismo característico desta fase do desenvolvimento. Assim, neste estágio, embora a criança apresente a capacidade de atuar de forma lógica e coerente (em função da aquisição de esquemas sensoriais-motores na fase anterior) ela apresentará, paradoxalmente, um entendimento da realidade desequilibrado (em função da ausência de esquemas conceituais), conforme salienta Rappaport (op.cit.). (c) Período das operações concretas (7 a 11, 12 anos): neste período o egocentrismo intelectual e social (incapacidade de se colocar no ponto de vista de outros) que caracteriza a fase anterior dá lugar à emergência da capacidade da criança de estabelecer relações e coordenar pontos de vista diferentes (próprios e de outrem ) e de integrá-los de modo lógico e coerente (Rappaport, op.cit.). Um outro aspecto importante neste estágio refere-se ao aparecimento da capacidade da criança de interiorizar as ações, ou seja, ela começa a realizar operações mentalmente e não mais apenas através de ações físicas típicas da inteligência sensório-motor (se lhe perguntarem, por exemplo, qual é a vareta maior, entre várias, ela será capaz de responder acertadamente comparando-as mediante a ação mental, ou seja, sem precisar medi-las usando a ação física). Contudo, embora a criança consiga raciocinar de forma coerente, tanto os esquemas conceituais como as ações executadas mentalmente se referem, nesta fase, a objetos ou situações passíveis de serem manipuladas ou imaginadas de forma concreta. Além disso, conforme pontua La Taille (1992:17) se no período pré-operatório a criança ainda não havia adquirido a capacidade de reversibilidade, i.e., "a capacidade de pensar simultaneamente o estado inicial 19 e o estado final de alguma transformação efetuada sobre os objetos (por exemplo, a ausência de conservação da quantidade quando se transvaza o conteúdo de um copo A para outro B, de diâmetro menor)", tal reversibilidade será construída ao longo dos estágios operatório concreto e formal. (d) Período das operações formais (12 anos em diante): nesta fase a criança, ampliando as capacidades conquistadas na fase anterior, já consegue raciocinar sobre hipóteses na medida em que ela é capaz de formar esquemas conceituais abstratos e através deles executar operações mentais dentro de princípios da lógica formal. Com isso, conforme aponta Rappaport (op.cit.:74) a criança adquire "capacidade de criticar os sistemas sociais e propor novos códigos de conduta: discute valores morais de seus pais e constrói os seus próprios (adquirindo, portanto, autonomia)". TEORIA SOCIOINTERACIONISTA: VYGOTSKY Vygotsky é o fundador da teoria sociointeracionista, que pode ser dividida em dois princípios. O primeiro princípio é estudar o processo, pois o psicólogo entende que o estudo histórico do comportamento é a base de tudo. Nesse contexto, o desenvolvimento cultural da criança somente pode ser compreendido como um processo vivo de desenvolvimento, de formação, de luta e, nesse sentido, deve ser objeto de um verdadeiro estudo científico (LA ROSA, 2003, P. 128). O segundo princípio seria a origem social dos fenômenos psicológicos. Esse fato deve ser levado em consideração em qualquer pesquisa, pois sem ele, pode-se cair num reducionismo psicológico e social. A teoria sociointeracionista está centrada, basicamente, no processo da mediação, que está dividida em dois tipos de elementos mediadores: os instrumentais e os signos. O instrumental é o que está entre o trabalhador e o seu objeto de trabalho. Já o signo “age como um instrumento da atividade psicológica de maneira análoga ao papel do instrumento de trabalho” (LA ROSA, 2003, P. 133). 20 Baseando-se nessas relações, Vygotsky diz que o sujeito constrói o conhecimento pela aprendizagem, promovendo o desenvolvimento mental, e por meio dele, deixaria de ser um animal para se tornar um ser humano. Dessa forma, tanto a aprendizagem quanto o desenvolvimento acontecem pela dialética. Na teoria de Vygotsky, o professor é visto como um mediador, pois o ser humano está em constante desenvolvimento mental e todas as suas relações são conquistadas pela mediação. DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM: A ZONA DE DESENVOLVIMENTO PROXIMAL Para Vygotsky (1996), Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP),é a distância entre o nível de desenvolvimento real, ou seja, determinado pela capacidade de resolver problemas independentemente, e o nível de desenvolvimento proximal, demarcado pela capacidade de solucionar problemas com ajuda de um parceiro mais experiente. São as aprendizagens que ocorrem na ZDP que fazem com que a criança se desenvolva ainda mais, ou seja, desenvolvimento com aprendizagem na ZDP leva a mais desenvolvimento, por isso dizemos que, para Vygotsky, tais processos são indissociáveis. 21 É justamente nesta zona de desenvolvimento proximal que a aprendizagem vai ocorrer. É nas interações no interior do coletivo, das relações com o outro, que a criança terá condições de construir suas próprias estruturas psicológicas. Para Vygotsky, o processo de aprendizagem deve ser olhado por uma ótica prospectiva, ou seja, não se deve focalizar o que a criança aprendeu, mas sim o que ela está aprendendo. Em nossas práticas pedagógicas, sempre procuramos prever em que tal ou qual aprendizado poderá ser útil àquela criança, não somente no momento em que é ministrado, mas para além dele. É um processo de transformação constante na trajetória das crianças. As implicações desta relação entre ensino e aprendizagem para o ensino escolar estão no fato de que este ensino deve se concentrar no que a criança está aprendendo, e não no que já aprendeu. Vygotksy firma está hipótese no seu conceito de zona de desenvolvimento proximal (ZDP). (Creche Fiocruz, 2004). 22 A ZDP define a distância entre o nível de desenvolvimento real, determinado pela capacidade de resolver um problema sem ajuda, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através de resolução de um problema sob a orientação de um adulto ou em colaboração com outro companheiro (a aprendizagem acontece no intervalo entre o conhecimento real e o conhecimento potencial.). Quer dizer, é a série de informações que a pessoa tem a potencialidade de aprender mas ainda não completou o processo, conhecimentos fora de seu alcance atual, mas potencialmente atingíveis. Em outras palavras, a ZDP é a distância existente entre o que o sujeito já sabe e aquilo que ele tem potencialidade de aprender. Seria neste campo que a educação atuaria, que se daria a aprendizagem assistida, estimulando a aquisição do potencial, partindo do conhecimento da ZDP do aprendiz, para assim intervir. O conhecimento potencial, ao ser alcançado, passa a ser o conhecimento real e a ZDP redefine-se a partir do que seria o novo potencial. O nível de desenvolvimento real é dinâmico, aumenta dialeticamente com os movimentos do processo de aprendizagem. O desenvolvimento potencial é determinado pelas habilidades que o indivíduo já construiu, porém encontram- se em processo. Isto significa que a dialética da aprendizagem que gerou o desenvolvimento real, gerou também habilidades que se encontram em um nível menos elaborado que o já consolidado. Desta forma, o desenvolvimento potencial é aquele que o sujeito poderá construir. Nessa concepção, as interações têm um papel crucial e determinante. 23 Para definir o conhecimento real, Vygotsky sugere que se avalie o que o sujeito é capaz de fazer sozinho, e o potencial aquilo que ele consegue fazer com ajuda de outro sujeito. Segundo Vygotsky, em qualquer ponto do desenvolvimento existem certos problemas que uma criança está prestes a ser capaz de resolver. Ela precisa apenas de alguma estrutura como pistas e lembretes, ajuda para recordar detalhes ou passos, incentivo para continuar tentando etc. Por outro lado, alguns problemas estão além da capacidade da criança mesmo que cada passo seja explicado claramente. Pode acontecer inclusive, de que os melhores “professores” sejam os outros alunos que acabaram de compreender um determinado problema, no sentido de que estes “professores” podem estar operando na ZDP do aprendiz, Assim determina-se a ZDP e o nível de riqueza e diversidade das interações determinará o potencial atingido. Quanto mais ricas as interações, maior e mais sofisticado será o desenvolvimento. 24 A noção de ZDP claramente reflete a visão de Vygotsky sobre a natureza do desenvolvimento humano e a inter-relação entre aprendizagem e desenvolvimento. A aprendizagem não é desenvolvimento, mas um processo organizado que pode levar ao desenvolvimento necessário. Ele acreditava que esse processo depende da interação e que a aprendizagem, na verdade, conduz ao desenvolvimento cognitivo. De acordo com essa perspectiva, o desenvolvimento cognitivo não é um processo espontâneo, mas ocorre através da prática reflexiva e de colaboração com outras pessoas. Assim, o desenvolvimento cognitivo pode ser visto como a transição de interpsicológico para intrapsicológico e a ZDP é a abstração que descreve o mecanismo e o efeito potencial de aprendizagem no desenvolvimento. A aprendizagem é mediada primeiro no plano interpsicológico entre uma pessoa e outras pessoas e seus artefatos culturais, e, em seguida, internalizados por indivíduos no plano intrapsicológico. que a transformação de um processo interpessoal em um intrapessoal é o resultado de uma longa série de eventos do desenvolvimento. APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA : AUSEBEL 25 A teoria da aprendizagem significativa, segundo Ausebel, se propõe a construir algo novo a partir do conhecimento prévio dos alunos, utilizando alguns meios, tais como o mapa conceitual. O objetivo dessa teoria é sempre descobrir coisas novas e promover uma aprendizagem prazerosa. Trabalhar com mapas conceituais é uma forma de utilizar a aprendizagem significativa. Por meio deles, podemos identificar os conhecimentos prévios dos alunos e/ou reforçar os conteúdos já adquiridos (PELIZZARI ET AL, 2002). O termo aprendizagem significativa foi escolhido baseando-se no fato de que a aprendizagem deve se dar a partir de um conhecimento prévio, dando assim, significado ao processo. Pois, se não significar algo, a aprendizagem se torna mecânica ou repetitiva, que é o caso da memorização. Um aprendizado mecânico é aquele que foi decorado e logo será esquecido. Já o significativo se incorpora ao sujeito, pois nele ocorre um processo de modificação do conhecimento. Para que o processo de aprendizagem significativa possa ocorrer, são necessárias duas condições: i) o aluno precisa querer aprender e ii) o conteúdo a ser ensinado precisa ter características significativas, ou seja, deve ser flexível para que se adapte à experiência individual de cada aluno (PELIZZARI ET AL, 2002). 26 TEORIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS: GARDNER A Teoria das Inteligências Múltiplas foi elaborada a partir dos anos 80 por pesquisadores da universidade norte americana de Harvard, liderados pelo psicólogo Howard Gardner. Acompanhando o desempenho de pessoas que haviam sido alunos fracos, Gardner se surpreendeu com o sucesso obtido por vários deles. O pesquisador passou então a questionar a avaliação escolar, cujos critérios não incluem a análise de capacidades que são importantes na vida das pessoas. Concluiu que as formas convencionais de avaliação apenas traduzem a concepção de inteligência vigente na escola, limitada à valorização da competência lógico- matemática e da linguística. A 27 Teoria das Inteligências Múltiplas sustenta que cada indivíduo possui diversos tipos de inteligência, o que chamamos em linguagem comum de dom, competência ou habilidade. Gardner demonstrou que as demais faculdades também são produto de processos mentais e não há motivos para diferenciá-las. Assim, segundo “uma visão pluralista da mente”, ampliou o conceito de inteligência única para o de um feixe de capacidades. Para ele “inteligência é a capacidade de resolver problemasou elaborar produtos valorizados em um ambiente cultural ou comunitário”. Identificou oito tipos de inteligência, mas não considera esse número definitivo. 1 - LÓGICO-MATEMÁTICA - habilidade para o raciocínio dedutivo, para a compreensão de cadeia de raciocínios, além da capacidade para solucionar problemas envolvendo números e demais elementos matemáticos. É associada diretamente ao pensamento científico e, portanto, à ideia tradicional de inteligência. Os componentes centrais desta inteligência são descritos por Gardner como uma sensibilidade para padrões, ordem e sistematização. É a habilidade para explorar relações, categorias e padrões, através da manipulação de objetos ou símbolos, e para experimentar de forma controlada; é a habilidade para lidar com séries de raciocínios, para reconhecer problemas e resolvê-los. É a inteligência característica de matemáticos e cientistas Gardner, porém, explica que, embora o talento cientifico e o talento matemático possam estar presentes num mesmo indivíduo, os motivos que movem as ações dos cientistas e dos matemáticos não são os mesmos. Enquanto os matemáticos desejam criar um mundo abstrato consistente, os cientistas pretendem explicar a natureza. A criança com especial aptidão nesta inteligência demonstra facilidade para contar e fazer cálculos matemáticos e para criar notações práticas de seu raciocínio. 2 - LINGUÍSTICA - habilidade para lidar criativamente com palavras nos diferentes níveis de linguagem, tanto na forma oral como na escrita. 28 Sensibilidade aos sons, estrutura e significados e funções das palavras e da linguagem. Os componentes centrais da inteligência linguística são uma sensibilidade para os sons, ritmos e significados das palavras, além de uma especial percepção das diferentes funções da linguagem. É a habilidade para usar a linguagem para convencer, agradar, estimular ou transmitir ideias. Gardner indica que é a habilidade exibida na sua maior intensidade pelos poetas. Em crianças, esta habilidade se manifesta através da capacidade para contar histórias originais ou para relatar, com precisão, experiências vividas. 3 - MUSICAL - capacidade de produzir e apreciar ritmo, tom e timbre; apreciação das formas de expressividade musical. Permite a organização de sons de maneira criativa, a partir da discriminação dos elementos musicais. Normalmente não precisam de aprendizado formal para exercê-la. Esta inteligência se manifesta através de uma habilidade para apreciar, compor ou reproduzir uma peça musical. Inclui discriminação de sons, habilidade para perceber temas musicais, sensibilidade para ritmos, texturas e timbre, e habilidade para produzir e/ou reproduzir música. A criança pequena com habilidade musical especial percebe desde cedo diferentes sons no seu ambiente e, frequentemente, canta para si mesma. 4 - ESPACIAL - capacidade de formar um modelo mental preciso de uma situação espacial e utilizar esse modelo para orientar-se entre objetos ou transformar as características de um determinado espaço. Percepção com exatidão do mundo visuoespacial e de realizar transformações nas próprias percepções espaciais. Especialmente desenvolvida em arquitetos, navegadores, pilotos, cirurgiões, engenheiros e escultores. Gardner descreve a inteligência espacial como a capacidade para perceber o mundo visual e espacial de forma precisa. É a habilidade para manipular formas ou objetos mentalmente e, a partir das percepções iniciais, criar tensão, equilíbrio e composição, numa representação visual ou espacial. É a inteligência dos artistas plásticos, dos engenheiros e dos arquitetos. Em crianças pequenas, o potencial especial nessa inteligência é percebido através da habilidade para quebra-cabeças e outros jogos espaciais e a atenção a detalhes visuais. 5 - CORPORAL-CINESTÉSICA – capacidade de controlar os movimentos do próprio corpo e de manipular objetos habilmente. Esta 29 inteligência se refere à habilidade para resolver problemas ou criar produtos através do uso de parte ou de todo o corpo. É a habilidade para usar a coordenação grossa ou fina em esportes, artes cênicas ou plásticas no controle dos movimentos do corpo e na manipulação de objetos com destreza. A criança especialmente dotada na inteligência cinestésica se move com graça e expressão a partir de estímulos musicais ou verbais demonstra uma grande habilidade atlética ou uma coordenação fina apurada. 6 - INTERPESSOAL - capacidade de discernir e responder adequadamente aos estados de humor, temperamentos, motivações e desejos de outra pessoa. Capacidade de dar-se bem com as outras pessoas, compreendendo e percebendo suas motivações ou inibições e sabendo como satisfazer suas expectativas emocionais. Esta inteligência pode ser descrita como uma habilidade pare entender e responder adequadamente a humores, temperamentos motivações e desejos de outras pessoas. Ela é melhor apreciada na observação de psicoterapeutas, professores, políticos e vendedores bem sucedidos. Na sua forma mais primitiva, a inteligência interpessoal se manifesta em crianças pequenas como a habilidade para distinguir pessoas, e na sua forma mais avançada, como a habilidade para perceber intenções e desejos de outras pessoas e para reagir apropriadamente a partir dessa percepção. Crianças especialmente dotadas demonstram muito cedo uma habilidade para liderar outras crianças, uma vez que são extremamente sensíveis às necessidades e sentimentos de outros. 7 - INTRAPESSOAL – acesso à própria vida de sentimento e capacidade de discriminar as próprias emoções; conhecimento das forças e fraquezas pessoais. Competência para conhecer-se e estar bem consigo mesma, administrando seus sentimentos e emoções a favor de seus projetos. Esta inteligência é o correlativo interno da inteligência interpessoal, isto é, a habilidade para ter acesso aos próprios sentimentos, sonhos e ideias, para discriminá-los e lançar mão deles na solução de problemas pessoais. É o reconhecimento de habilidades, necessidades, desejos e inteligências próprios, a capacidade para formular uma imagem precisa de si próprio e a habilidade para usar essa imagem para funcionar de forma efetiva. Como esta inteligência é a mais pessoal de todas, ela só é observável através dos sistemas simbólicos 30 das outras inteligências, ou seja, através de manifestações linguísticas, musicais ou cinestésicas. 8 – NATURALISTA – perícia em distinguir entre membros de uma espécie, em reconhecer a existência de outras espécies próximas e mapear as relações, formalmente ou informalmente, entre várias espécies. Kátia Smole, em sua dissertação de mestrado sobre o tema, amplia a proposta defendendo a classificação da habilidade de desenhar como uma outra inteligência. PICTÓRICA - faculdade de reproduzir, pelo desenho, objetos e situações reais ou mentais. Segundo Gardner “Sempre envolvemos mais de uma habilidade na solução de problemas, embora existam predominâncias”. As inteligências se integram. Excetuados os casos de lesões, todos nascem com o potencial das várias inteligências. A partir das relações com o ambiente, incluindo os estímulos culturais, desenvolvemos mais algumas e deixamos de aprimorar outras. UM PARADIGMA DE APRENDIZAGEM DAS CIÊNCIAS Na perspectiva Ausubeliana de ensino/aprendizagem das ciências, a aprendizagem escolar é um processo de (re)significação de temas já estudados pelos cientistas e ensinados pelos professores, que evolui não apenas segundo princípios de lógica científica experimental, mas também didática. Tal concepção de aprendizagem é recente na história das ciências humanas e tem se desenvolvido com o apoio de resultados de estudos que mostram as várias dimensões de um mesmo conhecimento, também nos modos de ensiná-la. O reconhecimento do envolvimento de fatores cognitivos no processoda aprendizagem e construção de conhecimentos decorre de estudos que mostram a influência de conceitos (conhecimentos) prévios, construídos no dia 31 a dia de vida, no desenvolvimento de novos conceitos científicos, ou seja, o de que aprender as ciências envolve compreender “o quê”, “como” e “para quê” se desenvolvem as ciências experimentais, estratégias de significação sobre o mundo ‘natural’. O entendimento da gênese da aprendizagem e construção de conhecimentos envolvendo estudantes com graus variados de escolaridade teve origem em estudos realizados no campo da Psicologia Cognitiva, que hoje se apoia em novos estudos, mas, sobretudo, em estudos mais recentes sobre a Didática das Ciências. No campo de estudos da Psicologia Cognitiva, Natadze (1957), entre tantos outros estudiosos da aprendizagem, já mostrara que as crianças significam/conceituam os objetos, baseando-se exclusivamente no aspecto externo, na imagem visual, assimilam conceitos/ideias em diferentes e sucessivas fases, sobretudo quando reconhecem características essenciais nos objetos. É muito mais fácil a criança assimilar traços característicos dos objetos quando esses se apresentam, desde o início, com imagens visíveis correspondentes às suas características essenciais – um tipo de pressuposto que tem motivado estudiosos do conhecimento a pensar que é possível superar a dificuldade de apreender objetos que não podem ser visualizados em seus aspectos externos, físicos, com o uso de recursos cognitivos advindos da sua própria recriação, imaginação, com base em ações de reflexões e de representação. Tal processo é particularmente difícil, já que as características dos objetos nem sempre correspondem às imagens criadas pelo observador comum, e que a capacidade de observar, imaginar e recriar depende também dos modos de interagir com o objeto, de reconhecê-lo à luz de pressupostos. O uso da linguagem (oral, gestual ou escrita) é um desses recursos, que pode motivar novos modos de representar os objetos em suas características físicas virtuais (nem sempre aparentes), motivar a recriação de novas imagens sobre um mesmo objeto, mesmo na sua ausência. Para Rimat, citado por Vygotsky (1991, p.46), a formação de conceitos em adolescentes tem início no final da puberdade e depende do tipo de 32 emancipação da percepção, ou seja, depende da capacidade de criar imagens, abstrair, empírica e reflexivamente, um dado objeto - um tipo de comportamento que começa a ocorrer quando a criança ingressa na escola e aprende a refletir sobre as propriedades essenciais dos objetos já estudados nos diversos campos científicos. Mais recentemente, Coll et al. (1987) trataram a questão da ação dos sujeitos sobre o objeto como fonte do desenvolvimento da lógica que o caracteriza. E, segundo os mesmos, tanto a inteligência sensório-motora quanto a inteligência representativa ou conceitual dependem da ação; os objetos resistem mais ou menos à interferência causal, seja por causa de suas propriedades físicas, seja pelo acaso que impede a dedutibilidade completa, fora de uma vasta amostragem de instâncias representativas, seja pela sua história, a que conduz o sujeito na direção de novas abstrações empíricas, sem jamais tocar internamente a totalidade do objeto real. O que esses estudiosos querem dizer é que a capacidade de desenvolver a explicação causal, as verdades lógico-científicas, é algo particularmente sutil e envolve atribuições de certas operações do sujeito, envolvendo objetos bem definidos, retenção de certas propriedades mais do que outras; que tal capacidade é resultado de uma interferência mediada entre sujeitos, um produto de interações motivadoras da criação, abstração/imaginação. Krasilchik (1987), adepta da teoria de aprendizagem de Jean Piaget, ao pesquisar a aprendizagem das ciências biológicas na escola, aponta inúmeros aspectos envolvidos nesse processo. Considera que os múltiplos aspectos presentes nos vários níveis pedagógicos administrativos do sistema escolar de modo interdependente influenciam a aprendizagem escolar de vários modos; que é real a influência da falta de equipamentos e de material para a realização de aulas práticas; que é deficiente a preparação dos professores para o ensino das ciências; que é real a má qualidade dos livros didáticos. Porém, a falta de vínculo entre o conteúdo de ensino e os estudantes é o principal obstáculo à aprendizagem escolar, o fator que torna as disciplinas e os currículos irrelevantes, sem significado para os estudantes. 33 Estudos realizados na Europa e USA, nas décadas de 60/70, e numa perspectiva teórica cognitivista, apoiaram-se na teoria de aprendizagem de Jean Piaget e seus adeptos, mostraram que para aprender as ciências há necessidade de se estabelecerem vínculos entre o conhecimento prévio que os estudantes constroem sobre as propriedades físico-químicas da matéria e o conhecimento novo; que os conceitos construídos espontaneamente, no dia a dia de vida, inclusive na escola, acabam por influenciar o desenvolvimento do conhecimento formal, as ciências propriamente ditas. Os resultados dos estudos como os de Banet & Nunes (1989) e Eulates et al (1999), dentre tantos outros que se enquadram nesse Movimento, apontam para a necessidade de o ensino das ciências motivar nos estudantes o desenvolvimento de novas e variadas estratégias de aprendizagem, a superação de conceitos alternativos, dentre tantos outros aspectos envolvidos no processo de aprendizagem e construção de novos conceitos. Os estudos de David Ausubel e os de seus adeptos também mostram a importância de o professor que atua em nível universitário criar recursos didáticos que motivem nos estudantes novas articulações entre conceitos pessoais, com níveis de generalidade diferentes, e conceitos novos produzidos por cientistas e que são divulgados na sala de aula pelos professores; que ensinar as ciências significa organizar significativamente a apresentação do conhecimento na sala de aula para propiciar integrações proposicionais na mente dos estudantes. Tais integrações podem ocorrer quando o professor utiliza princípios didático-científicos para ensinar temas específicos, envolver os estudantes em exercícios que favorecem novas reflexões e significações, ampliação da estrutura conceitual pré-existente, melhorando a capacidade de representar o objeto do conhecimento, de atribuir explicações novas e mais aplausíveis a fenômenos estudados na escola. Para David Ausubel (1963), o uso de princípios e de estratégias de ensino organizativas do pensamento lógico científico permite a compreensão da natureza conceitual, sintática e idiossincrática do conhecimento, ou seja, que o estudante compreenda que, além de relações entre diferentes conceitos, 34 os modos de articulá-los os tornam significativos, pessoais e substantivos. Por outro lado, se o professor compreende os efeitos das suas ações no conhecimento pessoal dos alunos, torna-se um profissional melhor preparado para ensinar as ciências. Essa teoria, desde há muito tempo, vem sendo empregada por estudiosos do conhecimento, que acreditam na sua importância também para o desenvolvimento de uma teoria de currículo, ou seja, por estudiosos que valorizam um modo sistêmico de compreender, aprender e ensinar as ciências, de mediar a (re)construção das ciências no ambiente escolar (Schawab,1973). Nesse tipo de crença está implícita a ideia de uma ciência escolar como algo possível de ser legitimada mais tarde como ciência formal, universal. Para os estudiosos adeptos deste tipo de pressuposto, a manipulação deliberada da estrutura cognitiva dos estudantes, no sentido de tornar os conceitos mais inclusivos e proposicionais, ocorre quando o professor utiliza princípios programáticos na sala de aula, ordena (em situações de ensaiosteóricos e práticos) a sequência de conteúdos de ensino, de modo a tornar clara a estrutura sintática e semântica do conhecimento. Por outras palavras, a capacidade de utilizar o conhecimento depende do uso de princípios organizativos, tais como os que David Ausubel denominou ‘Principio da Diferenciação Progressiva’ e da ‘Reconciliação Integrativa’. No ambiente de aprendizagem organizado desse modo, o estudante aprende a reconhecer a sintaxe do conhecimento científico e passa a representar as ideias de modo subordinado, superordenado ou combinado a outras ideias, adquire ideias com um maior nível de generalidade e desenvolve categorias conceituais discrimináveis – uma condição de ensino/aprendizagem que potencializa a capacidade de ensinar/aprender a utilizar ideias pessoais em situações imprevisíveis. Vale lembrar, entretanto, que David Ausubel fez a ressalva de que aprender implica descobrir algum princípio fundamental ou alguma lei científica, ou seja, “reagrupar as informações, integrá-las à estrutura cognitiva prévia, reorganizar e transformar a combinação integrada de tal forma que dê origem ao produto final desejado ou à descoberta de uma relação entre meios e fins.” (Ausubel et al., 1980, p.21), pois a construção e a transformação de 35 conceitos são processos evolutivos de aquisição de significados em uma estrutura conceitual prévia e o fator limitante da aprendizagem significativa é a própria disponibilidade dos conceitos e de estruturas proposicionais no sistema conceitual já existente. Resumindo, para David Ausubel (1963), a disponibilidade de conceitos na estrutura cognitiva do estudante depende dos modos de aprender a organizar a estrutura conceitual, depende de ações de ensino que mostrem a presença de conceitos com diferentes graus de generalidade, segundo o maior grau, predispondo o estudante a incorporar novas ideias na estrutura conceitual, a pré-existente. A aprendizagem depende do desenvolvimento de significados gerados a partir de interações específicas e criteriosas entre o sujeito e o objeto do conhecimento, porém, mediadas pelo uso dos princípios organizativos do pensamento, didático-científicos, na ação de (re) organizar conceitos que são, entretanto, mediados pelas ações de ensino do professor. As teorias de aprendizagem de Jean Piaget (1971) e Vygotsky (1989, 1991), da mesma forma que a teoria de ensino/aprendizagem de David Ausubel (1963), embora de forma diferenciada, preconizam a aprendizagem como algo humano, cognitivo e social, sob a influência de uma estrutura conceitual prévia, de ‘esquemas cognitivos operacionais’, tal como a denominou Piaget (1971), ou então, de ‘pseudo-conceitos’ e/ou ‘pré- conceitos’, tal como a denominou Vygotsky (1989); preconizam, ainda, o envolvimento da linguagem nesse processo, entre outros aspectos sociais. Para Chiarottino (1988, p.14), adepta da teoria Piagetiana, o conhecimento se manifesta na ação e supõe sempre uma lógica. Qualquer conhecimento que o ser humano alcance, científico ou popular, depende sempre de uma estrutura prévia e de um acontecimento (episódio), da disponibilidade de se estabelecerem relações lógicas e que não são dadas a priori, no sentido cronológico, mas na ação do sujeito sobre o objeto do conhecimento, como uma conquista do ser humano em cada momento. A possibilidade de aprender significativamente as ciências, ou seja, de se estabelecerem relações lógicas e norteadas por princípios, permanece como condição a priori (em sentido lógico) a todo conhecimento possível. Por essa razão, mas não só, cabe ao professor organizar o ambiente de aprendizagem 36 para que os estudantes compreendam como é que aprendem, qual é a lógica da aprendizagem que leva à construção de conhecimentos. A denominada teoria de ensino/aprendizagem ‘Aprendizagem Verbal Significativa’, de David Ausubel (1963), enquadra-se nesta linha de pensamento. Admite a aprendizagem como algo pessoal, cognitivo, ativo e (re)criativo, mediado por ações humanas, de ensino/aprendizagem e com o uso de linguagem. Reconhece a linguagem oral e representacional como um tipo de recurso didático cognitivo insuficiente para significações rígidas, mas sempre disponível e apropriado à (re)construção de novas ideias e conhecimentos, conforme também considerou Vygotsky (1991). Vale enfatizar, portanto, que nessa perspectiva teórica de ensino/aprendizagem, a cognitivista, resultados de aprendizagem no campo de estudos das ciências biológicas não equivalem a conceitos rígidos, ainda que produzidos por cientistas e divulgados na sala de aula, e sim a um sistema de classes de relações de encaixe hierárquico (parte e todo) com potencial para motivar novas relações conceituais. Ou seja, aprender significativamente envolve associar símbolos verbais e refletir sobre os mesmos, pois, embora sólidos e numerosos, não são por si só suficientes para serem (re)significados, representados de múltiplos modos através da palavra. Compreender o uso de princípios científicos que regem o desenvolvimento das ciências implica desenvolver representações diferenciadas sobre o objeto de estudo de uma dada ciência. No caso específico do ensino da disciplina Fisiologia Humana, o objeto é o desenvolvimento de uma ideia sobre o equilíbrio do corpo, como o corpo humano mantém-se estruturado segundo princípios da físico-química e da biologia. A compreensão de tais princípios permite representar o corpo como uma estrutura complexa, aberta/fechada e que, apesar das constantes alterações que sofre, se mantém vivo, com a capacidade continuada de se reestruturar (Waddington, 1977). Tal concepção tem a ver não só com estudos experimentais calcados no preceito científico de organismo vivo como algo atômico/molecular, 37 dinâmico, mas também com os modos da evolução deste tipo de conhecimento, como se ensina e aprende este tipo de conhecimento. 38 REFERÊNCIAS LA ROSA, J. Psicologia e educação: o significado do aprender. Porto Alegre: EDiPUCR, 2003. LIMA, L.O. A Construção do Homem Segundo Piaget. São Paulo: Summus, 1984, p 17-45. PELIZZARI, A; KRIEGL, M. L; BARON M.P; FINCK, N.T.L; DOROCINSKI, S.I. Teoria da aprendizagem significativa segundo Ausubel. Rev PEC. 2001- 2002; 2(1): 37-42. CAMPOS, D. M. S. Psicologia da Aprendizagem. 38ª. ed. Petrópolis: Vozes, 2010. CRECHE FIOCRUZ. Projeto Político Pedagógico. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2004. DAVIS, C & OLIVEIRA, Z. M. R. Psicologia na educação. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 1994. MIZUKAMI, M. G. N. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: EPU, 1986. SALVADOR, C. C. [et al.]. Psicologia do Ensino. 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