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mecanismos de defesa e doença iii Genética de bactérias e fatores de virulência GENÉTICA DE BACTÉRIAS: CONCEITOS BÁSICOS GENE: é uma sequência de DNA que codifica diferentes tipos de RNAs (RNAm, RNAr, RNAt etc). Vamos ouvir falar que gene codifica proteína, e está incorreto, os genes podem codificar proteínas, mas nem todos codificam RNAs que serão traduzidos em proteínas. Gene que codifica RNAt não codifica uma proteína, e o RNAt funciona como RNA, ele não precisa ser traduzido para ter função biológica. O RNAt tem a função de transportar aminoácidos para realizar a tradução das proteínas. O RNAr faz parte da composição do ribossomo e funciona como RNA e realiza suas as funções. CROMOSSOMOS: estruturas de DNA organizadas que contém genes e outras sequências de DNA – humanos tem 46 cromossomos e cada um é um conjunto genético, tem várias sequencias e elas podem ser genes, podem não ser genes. A maioria do DNA dos cromossomos não é gene, são outras sequencias que podem ou não ter função. Há algumas proteínas associadas ao DNA, nos humanos há as histonas ocupando espaço junto com o DNA. GENOMA: é o conjunto total do material genético de um organismo (cromossomo + plasmídeos no caso da bactéria). O humano pensamos nos 46 cromossomos presentes no núcleo e o DNA das mitocôndrias. Temos vários genes sendo codificados dentro do núcleo e outros no DNA mitocondrial. A bactéria tem um único cromossomo e além desses cromossomos tem outras partículas de DNA dentro delas, sendo estas os plasmídeos (estruturas de DNA pequenas menores que o cromossomo central da bactéria e fazem parte do genoma). GENÓTIPO: determinado pelo conjunto genético do organismo – exemplo: determinada característica presente numa bactéria. FENÓTIPO: manifestação do genótipo (expressão de características), que pode ser influenciada pelo ambiente ou não. Cada gene codifica um RNA e esse conjunto de RNA e proteínas codificadas a partir do genótipo, se manifestam no organismo junto com o ambiente para dar as características finais. Temos vários genes expressos de maneiras diferentes nos tecidos e junto dessa expressão genica tem a influência do ambiente que dá a característica que o organismo possui. O fenótipo de uma determinada bactéria é a interação da genética da bactéria e o ambiente em que ela está localizada. CROMOSSOMO DE BACTÉRIAS A bactéria normalmente tem um cromossomo e ele é circular, diferente do humano que é linear. Mas as estruturas que os compõem são semelhantes, por exemplo, origem de replicação que são regiões em que o cromossomo tem maior facilidade de abrir. Ou seja, as fitas de DNA naquele ponto são mais fáceis de abrir e isso ocorre para termos a multiplicação do DNA (abrir uma fita da outra, colocar a DNA polimerase e construir outras fitas de DNA). Quando as células iniciam processo de mitose, várias origens de replicação serão abertas e a maquinaria de replicação encaixa e ocorre replicação. Nas bactérias, normalmente, os cromossomos têm apenas uma única origem de replicação – cromossomo pequeno e é possível fazer a replicação de forma rápida e efetiva. Os cromossomos humanos são grandes e várias origens são abertas para aumentar a velocidade de replicação. Replicação do DNA, as fitas que são construídas são construídas do sentido 5’ para 3’. E. coli comum no intestino de vários animais diferentes. A replicação ocorre nas duas direções, iniciando-se na origem de replicação (oriC). CARACTERÍSTICA DIFERENTE: os genes da bactéria podem estar organizados em forma de OPERON. As bactérias possuem genes individuais como existe nos cromossomos humanos – um promotor e a sequência gênica distintas – ou organizados em forma de OPERON (transcrito em um único RNAm que codifica diversas proteínas individuais). A estrutura do cromossomo humano tem vários genes individuais que podem ser traduzidos em proteína. Nas bactérias tem outra organização gênica chamada de OPERON, que é um conjunto de genes unidos uns aos outros e quando ocorre a transcrição, tem a transcrição de todos os genes num bloco só. Esse tipo de organização foi selecionada durante a evolução das bactérias pois aumenta a velocidade com o que ocorre as coisas na célula – transcrição de vários genes numa via metabólica de uma vez só e traduzidos em proteínas, o que aumenta a eficiência do metabolismo da bactéria. As bactérias se multiplicam muito rápido e isso ocorre devido a características genéticas e fenotípicas que facilitam o processo de reprodução continua – necessária rápida intervenção medicamentosa. PLASMÍDEO DE BACTÉRIAS Podem ter vários plasmídeos nas bactérias, podemos ver uma célula de bactéria e nessa célula teremos um cromossomo circular “grande” em relação aos plasmídeos. O plasmídeo possui sua própria origem de replicação e para multiplicá-los também é preciso replicar o DNA. Se a bactéria vai se reproduzir, vou ver nela a replicação do DNA do cromossomo e do DNA dos plasmídeos – novas filhas recebem cada uma um cromossomo e cópias dos plasmídeos da célula original. Os plasmídeos são muito importantes na resistência aos antibióticos. Ao receitar um antibiótico pode ocorrer da bactéria presente no paciente tenha no seu cromossomo, ou no plasmídeo, um gene, ou genes, que codificam uma proteína qualquer, ou enzimas, por exemplo, que possa degradar o antibiótico. Ao administrá-lo, o paciente vai tomar o antibiótico, chega nas células das bactérias e se elas forem resistentes, a bactéria não irá morrer. As bactérias que são resistentes carregam esses genes de resistência frequentemente no plasmídeo, mas podem estar no cromossomo. O ANTIBIÓTICO NÃO GERA RESISTÊNCIA, ELE SELECIONA AS BACTÉRIAS RESISTENTES, QUEM CRIA A RESISTÊNCIA SÃO AS MUTAÇÕES GENÉTICAS DURANTE A REPRODUÇÃO DAS BACTÉRIAS. Se o paciente para de tomar o antibiótico no meio do tratamento, ou não tomar de forma adequada, a disponibilidade dele vai diminuir, diminui a quantidade circulante, diminui a quantidade presente nos tecidos. A chance das moléculas de antibiótico chegarem nas bactérias pode diminuir. Então, quanto menor for a quantidade moléculas de antibiótico eu tiver, menor será a chance dele chegar na bactéria. Se tenho inúmeras bactérias se multiplicando, é provável que as bactérias continuem se multiplicando sem que o antibiótico as atinja. Quanto mais as bactérias se multiplicam, maior é a chance de mutação no DNA, estas são aleatórias e podem ser benéficas ou maléficas as próprias bactérias. A bactéria foi selecionada, ao tomar o antibiótico de forma correta, as resistentes selecionadas para sobreviver continuarão causando a doença. Transferência de plasmídeo de bactéria para bactéria – pode ocorrer conjugação com bactéria que era resistente, transferir o plasmídeo de resistência e a bactéria que não era resistente, passar a ser resistente. A transferência de plasmídeos faz com que as bactérias sejam resistentes a muitos antibióticos. Plasmídeo depende da maquinaria de replicação da bactéria para se multiplicar – dependem de enzimas codificadas pelo cromossomo para replicar. Os plasmídeos podem carregar genes de resistência de antibiótico, e, também, podem ter genes que: ▪ Codificam enzimas envolvidas no metabolismo bacteriano. Vantagens adaptativas – mutação no plasmídeo que carrega um gene que codifica uma enzima que faz com que a bactéria degrade a lactose. ▪ Proteínas tóxicas para outras bactérias (bacteriocinas). Elas competem entre si – por exemplo: intestino microbiota composta por fungos, vírus, protozoários, bactérias que competem por espaço, alimentação – produção de proteínas toxicas que gera vantagem adaptativa por aumentar a sobrevivência. ▪ Proteínas que aumentam patogenicidade. ▪ Proteínas que garantem resistênciaa antibióticos, metais pesados e toxinas celulares. PLASMÍDEO R100: exemplo de plasmídeo que pode ser transferido entre uma série de gêneros entéricos, incluindo Escherichia, Klebsiella e Salmonella. REPLICAÇÃO EM BACTÉRIAS DNA POLIMERASE: é a enzima responsável por construir as novas fitas de DNA e para ela conseguir realizar isso, é necessário abrir as fitas de DNA originais. A abertura das fitas depende da enzima helicase. Para que a DNA polimerase atue precisamos que uma pequena sequência seja colocada no DNA, que é o primer. A enzima primase coloca o primer (pequena sequência de RNA colocada nas duas fitas de DNA que foram abertas, sinalizando o início). Para que a DNA polimerase consiga construir as fitas. A fita pode ser construída em fragmentos ou contínua – os fragmentos construídos são denominados fragmentos de Okazaki. No final, há outra proteína denominada ligase que liga esses fragmentos para que o DNA esteja completamente replicado. A DNA polimerase estende as fitas. Abre-se a forquilha de replicação, cada uma anda em um sentido, o cromossomo é replicado dos dois lados, as forquilhas se encontram no fim e o cromossomo circular é feito de forma completa. O sítio de terminação da replicação está no lado oposto à origem. Para cada uma das forquilhas tenho uma fita continua e outra descontinua – a fita é construída do sentido 5’ para 3’ independente da forma que for. No final temos dois cromossomos produzidos. CONCEITO DE GENÉTICA QUE A REPLICAÇÃO DO DNA É SEMICONSERVATIVA: no final do processo vemos a fita original + a fita nova. TRANSCRIÇÃO EM BACTÉRIAS PROMOTOR: sequência do DNA onde começa a transcrição em determinado gene. Há um gene qualquer no cromossomo da bactéria e a região promotora, que serve para ocorrer o encaixe dos fatores de transcrição. Os fatores de transcrição indicam a região para a RNA polimerase interagir, uma vez que ocorre interação, ela anda sobre o DNA, o lê e a partir daquele momento produz as fitas de RNA que ele está codificando. Quando mais a RNA polimerase vai andando, maior é a fita de RNA produzida. DNA polimerase faz DNA e RNA polimerase faz RNA. A origem de replicação (único ponto de abertura das fitas para replicação) é diferente do promotor gênico (região do gene que indica o ponto para o início de transcrição). TRADUÇÃO EM BACTÉRIAS Após a transcrição do RNAm, que codifica determinada proteína, que para ser produzida, o RNAm precisa ser traduzido. Ou seja, precisa ser acoplado ao ribossomo, que é composto por duas subunidades (grande e pequena), elas são formadas por proteínas e RNAr. A estrutura do ribossomo é formada por proteínas e RNAr, eles ficam juntos das proteínas tanto na estrutura grande como na pequena do ribossomo. Os RNAr que funcionam de fato como a parte enzimática. O ribossomo une o RNAt ao RNAm (códon e anticódon) e a ligação peptídica entre os aminoácidos até que seja formada a proteína traduzida. O processo da ligação do códon e anticódon é facilitada pelos RNAr (parte catalítica). TRADUÇÃO: o ribossomo vai andando sobre o RNA e a medida com que ele anda, ocorre o encaixe de novos RNAt e cada um trazendo um aminoácido específico. Os aminoácidos são ligados uns aos outros e no fim temos a produção de uma proteína. POLIRRIBOSSOMOS: múltiplos ribossomos podem fazer a tradução de um mesmo RNAm. Quando olhamos para o RNAm, ele tem um ponto de entrada em que o ribossomo encaixa e anda sobre fazendo a tradução. Nas bactérias, logo que o ribossomo anda pelo RNAm, outro ribossomo encaixa sobre o mesmo RNAm e anda no mesmo sentido e assim ocorre sucessivamente – vários ribossomos passam pelo RNAm ao mesmo tempo. Isso foi selecionado pois quanto mais ribossomos passam pelo mesmo RNAm ao mesmo tempo, mais proteínas serão produzidas em um mesmo espaço de tempo – auxilia na reprodução rápida das bactérias. Nas bactérias a tradução e a transcrição costumam ocorrer de forma simultânea. Então, tenho uma RNA polimerase transcrevendo o RNAm de uma proteína e a medida com que ele é transcrito, já tenho ribossomos encaixando nele e realizando a tradução. É possível realizar isso nas bactérias e nos humanos não, pois nos humanos temos o núcleo. VACINA DE DNA: construção de plasmídeo – originalmente da bactéria, coloco outro gene e reproduzo em grande quantidade nas bactérias, purifico os plasmídeos e pode utilizar para produzir a vacina. POLIRRIBOSSOMOS NOS HUMANOS: em processo fisiológico, ocorre na gravidez durante o desenvolvimento embrionário, as células embrionárias possuem polirribossomos, e em contexto patológico, em células cancerígenas. OPERON Os genes das bactérias podem ser organizados de forma individual ou OPERON. OPERON: conjuntos gênicos funcionalmente relacionados com expressão controlada (os genes são transcritos com um único RNAm) – coordenar um conjunto de genes para uma determinada função. OPERON LAC: ele é um conjunto de genes que funciona nas bactérias para realizar o metabolismo da lactose. O OPERON tem uma região de controle e uma região de genes estruturais. Durante a vida da bactéria, a bactéria pode estar num ambiente com bastante glicose e lactose. A diferença entre a lactose e da glicose é que a lactose é um dissacarídeo e a glicose um monossacarídeo. Mais rápido metabolizar a glicose do que a lactose e gasta menos energia. Na região de controle, tenho uma proteína repressora, ela se liga na região de controle e bloqueia o OPERON, pois naquele momento, estou consumindo glicose e não metabolizo a lactose, então geneticamente, não faz sentido transcrever os genes do OPERON, que seriam utilizados para processar a lactose. Com o tempo, pode diminuir a oferta de glicose e sobrar apenas a lactose, então a bactéria precisa metabolizar a lactose. A lactose entra dentro das células da bactéria e ela é modificada, passa por um processo de isomerização, que são a mesma molécula, porém, de forma espelhada. A lactose é convertida em seu isômero, a alolactose. O isômero se liga na proteína repressora e a inativa. Quando ela é inativada, consigo transcrever o OPERON. Os genes que compõem o OPERON são: permease e beta-galactosidase (transacetilase não se sabe muito bem a função). Quando eles forem transcritos e traduzidos a permease facilita a entrada de lactose para dentro da bactéria e a beta-galactosidase que é uma enzima que quebra a lactose em glicose + galactose. A bactéria consegue processar a lactose e sobreviver no ambiente. Tem vários OPERONs, o mais estudado é o LAC. TRANSFERÊNCIA DE MATERIAL GENÉTICO Transformação As bactérias contêm cromossomos circulares e além deles os plasmídeos. As bactérias podem transferir material genético umas para as outras de maneiras diferentes, uma delas é a transformação. O princípio da transformação foi descrito por Frederick Griffith em 1928. Uma bactéria infecciosa patogênica foi injetada em um animal e foi acompanhado o processo infeccioso, após um período o animal morria. Pegava tecido do animal e plaqueava em placas de crescimento de bactérias, várias cresciam na placa de cultura. A bactéria estava relacionada a morte, pois nas amostras, tinha a confirmação que a bactéria tinha se multiplicado no animal. Outra variação dessa bactéria sem cápsula (estrutura externa presente em algumas bactérias – é um fator de virulência), a bactéria capsulada é protegida do sistema imunológico do camundongo, ela se multiplica de forma mais rápida e é responsável pela morte do animal. A versão não capsulada foi injetada no camundongo, se multiplica, mas seu sistema imunológico controla e mata a maioria das bactérias. Há bactérias no camundongo, mas em menor quantidade, a doença é mais leve e ele sobrevive. Portanto,a cápsula é o que gera problema no animal. Injeto bactérias mortas pelo calor no camundongo, ele sobrevive, ao observar seu tecido não tem nada, o sistema imunológico as destruiu mesmo mortas. Ele matou a bactéria encapsulada e colocou junto com as bactérias sem cápsula vivas, misturando-as e as injetou no camundongo. Ao observar, o animal morreu e na placa de cultura as bactérias que estavam presentes no tecido do animal possuíam cápsula. Quando matam as bactérias capsuladas, em determinado momento, a célula vai ser destruída e o material genético será liberado no meio de cultura, pois a célula se desintegra. O DNA pode ser do plasmídeo ou do próprio cromossomo que pode ser capturado pela bactéria que não possui capsula, ao pegá-lo, ocorreu transferência de DNA de uma bactéria morta para uma viva. Ela consegue captar o fragmento de DNA da bactéria doadora e posso ter a inserção do pedaço de DNA no cromossomo, ou no plasmídeo. E gerando uma nova bactéria com um pedaço novo de DNA que ela não possuía antes, o que pode torna-la resistente. Conjugação TRANSFERÊNCIA DE PLASMÍDEO TRANSFERÊNCIA DE PORÇÃO DO CROMOSSOMO A conjugação é a transferência de material genético, pode ser plasmídeo, ou pode ser pedaços do cromossomo. Independente de ser um dos dois, é necessária uma conexão entre duas bactérias vivas, pode ser em pilos ou uma interação entre membranas. Transferência ativa entre duas bactérias vivas, que podem ser da mesma espécie ou diferentes. E. coli pouco patogênica ou não patogênica pode sofrer mutação, transferir material genético com resistência para salmonela e ter uma salmonela resiste ao antibiótico – interações importantes no ambiente médico. Transdução Alguns vírus infectam as bactérias, sendo estes os bacteriófagos. No contexto da infecção por ele, ele chega infecta a bactéria e quando isso ocorre, ele pode induzi-la a morte. E durante esse processo, vemos DNA da bactéria sendo degradado dentro da célula da bactéria, e ao mesmo tempo, estou tendo a formação de novos bacteriófagos, pois eles se multiplicam. Ao acaso pode ocorrer uma cápsula de bacteriófago sendo formada e ao invés de carregar o DNA do bacteriófago, ele carrega o DNA da bactéria. Ele pode sair da célula e infectar outra bactéria, e ao invés de entregar o DNA viral, ele entrega o DNA bacteriano, se integrando e a bactéria ganha um pedaço de DNA que não tinha a princípio. Transmissão de resistência a antibióticos A) EVOLUÇÃO VERTICAL DAS BACTÉRIAS: tinha uma bactéria X que se multiplica e gera bactérias filhas. Pode ocorrer nos ciclos de replicação de uma das bactérias filhas sofrer mutação genética. Pode ser resistência a antibiótico e ocorrer seleção das bactérias resistentes e a doença se estabelecer durante uma infecção bacteriana. B) EVOLUÇÃO HORIZONTAL: transferência horizontal de DNA de uma bactéria para outra, como a conjugação (a bactéria sofre mutação qualquer, ou o plasmídeo tinha um gene de resistência, que é transferido para outra bactéria, gerando outra bactéria que terá uma vantagem adaptativa que ela não possuía antes), transdução (DNA da bactéria mutada foi transferido junto do bacteriófago para uma bactéria sem mutação, que passa a ter mutação) e a transformação (a bactéria mutante morreu por algum motivo, o material genético ficou exposto no meio e outra bactéria o capturou, adquirindo uma vantagem adaptativa). PATOGÊNESE MICROBIANA Bactérias podem causar doenças de maneiras diferentes, normalmente, quando ela interage com o organismo, ela se adere a uma determinada superfície. Nem toda bactéria consegue afetar o organismo, pois algumas não possuem receptores compatíveis. O estabelecimento de uma doença também precisa do crescimento e proliferação das bactérias, pois muitas vezes a quantidade de bactérias que temos contato numa exposição pode ser pequena e não causar doenças. O microrganismo pode causar danos ao hospedeiro de quatro formas básicas: 1. A bactéria causa a morte das células do tecido, como a Salmonella no intestino, pois causa danos diretos no local da invasão. 2. Produção de toxinas que são transportadas pelo sangue e pela linfa podendo danificar locais distantes – a célula da bactéria em si não causa maiores problemas, mas suas toxinas, sim. 3. A bactéria pode competir por nutrientes do hospedeiro – mecanismos genéticos que auxiliam na velocidade do metabolismo, elas são rápidas. Com pouca energia disponível, as células do hospedeiro podem entrar em morte celular. 4. Induzindo reações de hipersensibilidade, pois a bactéria em si não é patogênica por matar as células ou produzir toxinas, mas o sistema imunológico reage, podendo causar hipersensibilidade (resposta imunológica descontrolada, que pode levar a danos no tecido). Vírus da hepatite C e hepatite B não são citotóxicos, o que danifica o fígado é a inflamação crônica. Mycobacterium tuberculosis: formação de granulomas pelo sistema imunológico, que altera o funcionamento celular. A patogenicidade difere consideravelmente entre os patógenos, assim como a resistência ou suscetibilidade do hospedeiro ao microrganismo – coevolução entre patógenos e hospedeiros, pois a adaptação pode ser diferente entre os organismos, então é difícil o desenvolvimento de drogas e vacinas. Uma mesma bactéria no ser humano pode ser menos patogênica num individuo imunocompetente e mais patogênica em indivíduos imunodeficientes. Patógenos oportunistas causam doença em hospedeiros com resistência comprometida (disbiose, câncer, AIDS, tratamentos imunossupressores). Em pessoas transplantadas, caso pare o tratamento com imunossupressores os linfócitos T vão atuar contra o enxerto e causar rejeição. Disbiose: na clínica diversos médicos receitam antibióticos de forma descontrolada e sem necessidade, ele não cumpre com sua função e altera a microbiota, como por exemplo, o corona vírus com azitromicina, que é extremamente forte, pode causar disbiose grave (alteração da microbiota) e fico mais suscetível a uma infecção bacteriana. Virulência O termo virulência é utilizado para qualquer patógeno, não apenas vírus. É um termo geral utilizado para se referir a capacidade relativa de um patógeno em provocar doenças (medida da patogenicidade de um microrganismo). É o resultado de interações patógeno- hospedeiro e pode mudar ao longo do tempo. Uma bactéria muito virulência significa que ela é muito patogênica, ou seja, a capacidade de infectar e causar doenças é maior. Muitos patógenos produzem fatores de virulência que, direta ou indiretamente, aprimoram a capacidade de invasão. Cultivo de patógenos pode levar à atenuação da virulência: seleção de mutantes menos virulentos, porém, mais adaptados ao meio de cultura. Vacina da febre amarela: cultivada no embrião de galinha, o vírus vivo é atenuado por seleção, ele é purificado e injetado, a capacidade de infectar de forma grave um ser humano é pequena. Ela é mais perigosa, ainda não existe algo assim para o corona vírus. As bactérias podem ser cultivadas em laboratório em meio específicos ou em animais específicos para diminuir a virulência, podendo utilizar como fonte de vacina. A virulência de um microrganismo é expressa como DI50 (dose infectante para 50% de uma amostra da população). FATORES DE VIRULÊNCIA: mecanismos ou estruturas ou moléculas que são selecionadas evolutivamente e facilitar a sobrevivência no organismo do hospedeiro, além de facilitar a infecção, enquanto para o organismo hospedeiro pode levar a doenças. Podem ser codificados geneticamente pelo próprio cromossomo da bactéria, como o gene que codifica uma proteína como a adesina, a bactéria mais grudar mais facilmente na superfície do ambiente que ela quer infectar,ou pode vir de um plasmídeo. Tem vários tipos de E. coli e na maioria das vezes ela não causa nenhum problema, mas em casos de disbiose pode causar doenças. Adesina As adesinas são proteínas que podem ser glicoproteínas ou lipoproteínas. Independente da sua estrutura, sua função é aderir. Localizadas no glicocálice ou em outras estruturas da superfície microbiana, como pili, fimbrias e flagelos. Para o estabelecimento da infecção é necessário aderir. Quanto mais específica for para o organismo, mais fácil será a interação da bactéria com o organismo e estabelecer uma infecção. EXEMPLO DE BACTÉRIAS PATOGÊNICAS QUE SE ADEREM AO HOSPEDEIRO: Shigella, Salmonella e E. Coli: infecções intestinais – gram negativas, a E. coli tem variantes que podem causar doenças intestinais. Treponema pallidum: agente causador da sífilis. Listeria monocytogenes: causa meningite, aborto espontâneo e nascimento de bebês natimortos – importante do ponto de vista imunológico, quando entenderam o funcionamento dos linfócitos T, o modelo utilizado para estudo era a infecção pela Listeria, ela infecta a célula e fica intracelular. Elas eram mortas quando tem resposta de linfócito T CD8+. Neisseria gonorrhoeae: agente causador da gonorreia. Staphylococcus aureus: causa infecções de pele. Para algumas bactérias determinado tipo de resposta imunológica é mais eficiente comparado com outras. Biofilme ▪ Adesão de agrupamento de microrganismos – compartilhamento de nutrientes. ▪ Geralmente em superfícies úmidas que contém matéria orgânica. ▪ Aumentam resistência a desinfetantes e antibióticos. O biofilme é um processo, ele é um agregado de bactérias. O agregado ocorre pois as bactérias conseguem aderir a uma superfície e aderir umas as outras. É importante no ponto de vista clínico, a maior parte das infecções de seres humanos, ocorrem com bactérias que formam biofilme. PONTO DE VISTA DA BACTÉRIA SOFRE FORMAR BIOFILME: “conversar” com as vizinhas, trocar informações, se chega nutriente fica mais fácil dele ser distribuído na colônia e quando ele é formado, é gerado um mecanismo de resistência contra antibióticos e desinfetantes, ou seja, mecanismos imunológicos ou químicos ou físicos. É mais difícil de removê-las do que remover as bactérias que estão individualmente distribuídas. As bactérias eram individuais, se fixaram em um ambiente, elas começam a formar colônias, que evoluem e podem soltar fragmentos, podendo colonizar outras partes do organismo, ou o local em que estiverem presentes. IMPORTÂNCIA MÉDICA: ▪ Cateteres médicos. ▪ Endopróteses expansíveis. ▪ Válvulas cardíacas. ▪ Lentes de contato. Estima-se que os biofilmes estejam envolvidos em cerca de 65% de todas as infecções bacterianas em seres humanos. Cápsula É um envoltório de carboidratos ou proteínas ao redor da parede celular, o que aumenta a virulência (promove a resistência à fagocitose). A cápsula pode proteger fisicamente a bactéria de danos físicos, tem uma estrutura mais rígida e elaborada. A cápsula pode proteger contra o sistema imunológico, é difícil gerar um anticorpo contra uma bactéria que possui cápsula. A estrutura da cápsula com bastante carboidrato, que dificulta o reconhecimento pelo linfócito B e produzir anticorpos. Os anticorpos contra carboidratos tem auxílio de linfócitos T. Célula T helper (um tipo de linfócito T CD4+): ocorre indução da produção de anticorpos na presença de linfócitos T, que faz com que os anticorpos sejam mais eficientes contra os patógenos, e isso ocorre quando o antígeno é proteína, se ele for carboidrato isso não ocorre. A bactéria com cápsula será resistente ao sistema imunológico, mas pode ocorrer opsonização, pois anticorpos contra a cápsula podem facilitar a fagocitose. EXEMPLOS DE BACTÉRIAS PATOGÊNICAS QUE POSSUEM CÁPSULA: Klebsiella pneumoniae e Streptococcus pneumoniae: causadores de pneumonia. Haemophilus influenzae: causa pneumonia e meningite em crianças. Bacillus anthracis: causa do antraz. Yersinia pestis: causador da peste negra. Parede celular Existem dois grandes grupos de bactérias devido a sua parede celular – gram positivas e gram negativas. O LPS está presente apenas nas negativas. As duas tem parede celular de peptideoglicanos, a gram positiva tem uma camada espessa enquanto a gram negativa tem uma camada mais fina e junto o LPS (membrana externa). Se faço coloração das bactérias, as que não colorem são as atípicas (micobactérias como Mycobacterium leprae e Mycobacterium tuberculosis, que causam hanseníase e tuberculose, respectivamente). Na superfície delas há ácido micólico, o que a difere das gram positiva e gram negativa. Elas são resistentes a ácidos pela presença do ácido micólico na superfície – facilitou a forma de identificar as bactérias. Assim como a cápsula, previne o rompimento das bactérias. Quando colocamos hemácias na água, ela incha e explode, enquanto as bactérias conseguem ficar em ambientes mais agressivos. EXEMPLOS: Streptococcus pyogenes: ▪ Parede celular com proteína M (resistente ao calor e à acidez). ▪ Ajuda na aderência a células do hospedeiro e na resistência à fagocitose. Mycobacterium tuberculosis: ▪ Parede celular com lipídeo ceroso (ácido micólico). ▪ Aumenta a resistência à digestão por fagócitos. Enzimas Todos os fatores de virulência podem ser codificados por cromossomos ou por plasmídeos. Algumas bactérias podem produzir diferentes tipos de enzimas – pode ser para interesse próprio, como, por exemplo, para realizar o metabolismo da glicose. As células do tecido são coladas umas as outras por proteínas de junção, por mais que as bactérias possam aderir ao epitélio, é difícil fazer o processo de invasão. Apenas aderir não garante a invasão e colonização do tecido. HIALURONIDASE OU COLAGENASE: degradam o ambiente – degradando principalmente proteínas da matriz celular. A enzima hialuronidase promove a degradação do ácido hialurônico e disseminação dos microrganismos pelos tecidos. As células estão colocadas na matriz extracelular com colágeno, carboidratos, proteínas e várias outras substâncias. Para invadir o tecido, as bactérias precisam quebrar essas “barreiras” para invadir o tecido, seja a junção entre as células, seja a matriz extracelular para facilitar a entrada. Alguns patógenos produzem enzimas fibrinolíticas que dissolvem coágulos e disseminam os patógenos – exemplo: Streptococcus pyogenes – estreptocinase. Algumas bactérias podem ou promover o coágulo, ou desfazer o coágulo. Se a bactéria está querendo se disseminar, pode dissolver o coágulo, pois durante o processo infeccioso pode ocorrer lesão e ter coagulação. Se ela tentar entrar pelo local, o coágulo pode segurá-la, então ela produz enzimas que o quebram para poder prosseguir. Alguns patógenos produzem enzimas que promovem a formação de coágulos com o isolamento dos patógenos e proteção destes contra a resposta imune – exemplo: Staphylococcus aureus patogênicos – coagulase. Há bactérias que tentam fugir do sistema imunológico e entrar no tecido e as células imunes estão chegando no tecido também, como o neutrófilo, então ela promove a coagulação para impedir a chegada do neutrófilo no local também a fim de que ela consiga disseminar-se. Toxinas É um dos fatores de virulência mais importantes para as bactérias – são substâncias venenosas produzidas por certos organismos. Quando há transporte pelo sangue ou linfa, aumenta o risco de fatalidade. Podem inibir a síntese proteica, destruir células e vasos sanguíneos e danificar o sistema nervoso central. Podem gerar também: febre, distúrbios cardiovasculares, espasmos, diarreia e choque. DOIS TIPOS BÁSICOS: endotoxinas e exotoxinas. Exotoxinas: fora – produzida pelabactéria e liberada para o meio como a toxina do botulismo, do tétano, da cólera. Endotoxinas: LPS – vários tipos de bactéria gram negativa tem seu LPS próprio, ou seja, variam a estrutura, mas todos são chamados de endotoxinas, o LPS fica na parede celular, não é produzido e liberado para fora pela bactéria. O LPS é um potente ativador de resposta inflamatória, então pode causar toxicidade para o paciente, pois a bactéria pode entrar em contato com células do sistema imune com receptor para LPS e ativar a resposta imune. O receptor do tipo Toll pode reconhecer o LPS (resposta imune inata), e estes receptores reconhecem fatores de virulência de patógenos. Toll 4 (TLR 4): receptor que reconhece LPS. Se tiver um macrófago, ou monócito, ou célula dendrítica, ou células do epitélio intestinal com receptores do tipo Toll 4 na superfície, se a bactéria gram negativa encostar ocorre uma ativação bioquímica potente com liberação de citocinas inflamatórias (IL-12, IL-6, TNF-alfa) podendo resultar febre, dor, choque dependendo da quantidade. Inflamação generalizada: aumenta a permeabilidade vascular, extravasa sangue para os tecidos, diminuindo o dos vasos, portanto, não chega sangue suficiente no cérebro. Todo material cirúrgico, ou água de injeção, é necessário que não tenha LPS. Precisa ser controlado, o paciente pode entrar em sepse, ou ter uma reação forte instantânea. Exotoxinas são proteínas e estas são sensíveis ao calor, então se perder algo, a proteína pode desnaturar e a toxina perder a função. O LPS é resistente ao calor diferente das toxinas, mesmo se o material for colocado na autoclave, com bastante calor e pressão para matar os microrganismos. A bactéria morre o LPS sobrevive, ele é resistente ao calor, e como exotoxinas que acaba se desnaturando e perdendo sua capacidade ativa. As endotoxinas causam sintomas semelhantes entre si como febre e dor, porém, as exotoxinas são específicas em termos de atividade, pois tem funções diferentes no organismo e afetam de maneiras distintas por se ligar a receptores diferentes. Se injetar o LPS da E. coli, ou da Salmonella, a resposta inflamatória será semelhante – resposta inflamatória intensa, extravasamento de plasma, choque e se não tiver ajuda, o problema pode ser sério. As endotoxinas (LPS) foram estudadas principalmente em Escherichia, Shigella e, especialmente, Salmonella. Escherichia coli: principal bactéria para realizar vários tipos de estudo. IMPORTÂNCIA MÉDICA: Presença de endotoxina em fármacos, fluidos corporais (soro e líquido cefalorraquidiano) e instrumentos médicos (mesmo esterilizados) é perigoso. Tem testes de laboratório para avaliar se tem concentrações perigosas ou não – difícil ter algo isento. Teste laboratorial para detecção de endotoxina ensaio lisado de abemócitos de Limulos (LAL). Limulus: teste que indica o limite máximo permitido. Botulismo e tétano Para movimentar o braço, o neurônio motor dispara sinais e o neurotransmissor liberado é acetilcolina, ou seja, para transformar a necessidade de movimentar elétrico, é disparado sinal elétrico do neurônio e na placa motora é liberada acetilcolina, que interage com os neuroreceptores, dispara o potencial de ação e resulta numa contração. As toxinas atuam no mesmo sistema, porém, os processos biológicos são distintos – as proteínas são distintas. TÉTANO: rigidez muscular. BOTULISMO: flacidez muscular. Naturalmente no organismo, os neurônios motores liberam acetilcolina, que interage com os receptores e causam contração. Na presença da toxina do botulismo, ocorre interação da toxina com os neurônios motores e a acetilcolina não é liberada na placa motora – as vesículas com neurotransmissores não liberam. Então o músculo não contrai, ocorre uma paralisia flácida, o músculo não responde. Tem inúmeros neurônios ativadores, inibitórios, com um balanço e contrabalanço para controlar as respostas. Então, existem neurônios que liberam glicina. A glicina atua como neurotransmissor inibitório da liberação da acetilcolina, pois a liberação é controlada e regulada. A toxina do tétano impede a liberação de glicina, então sai bastante acetilcolina dos neurônios motores, o que ocasiona a paralisia rígida, pois o músculo contrai e não relaxa mais. Salmonella ILHAS DE PATOGENICIDADE: agrupamento de genes que codificam fatores de virulência. Quando olhamos para o cromossomo da bactéria, os genes relacionados a patogenicidade estão próximos, ou seja, em uma mesma região. As ilhas de patogenicidade eles são os agrupamentos gênicos, que são transcritos, traduzidos e tem sua função específica para a bactéria – genes que vão aderir, movimento, resistir a determinado processo imunológico, codificar LPS. TLR 5: reconhece flagelina, que é uma proteína presente em alguns flagelos das bactérias. Célula humana: dois tipos de cromatina, heterocromatina e eucromatina, com estímulo isso pode ser alterado. Os genes codificados durante resposta imunológica estão agrupados no núcleo, então é mais fácil para realizar a transcrição.
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