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01. Qual é a diferença entre termogênese e termólise? A capacidade do corpo de manter sua temperatura em níveis normais é chamado de termorregulação, sendo importante para homeostase sistêmica. Com isso, a regulação da temperatura corporal depende da ação de mecanismos de conservação de calor, a termogênese e a termólise, que são desencadeados por uma mudança na temperatura interna ou externa, tendo controle sobre a capacidade de produção e eliminação do calor corporal. Isso implica para que animais homeotérmicos ou endotérmicos, como os seres humanos, sejam capazes de manter uma temperatura corporal constante, com uma média de aproximadamente 37ºC, não sofrendo alteração devido ao ambiente. A termogênese trata-se do processo de produção de calor. Nesse mecanismo, o calor gerado pode ser decorrente das reações químicas do metabolismo ou por processos mecânicos (contração) e distribuído para todo o corpo, classificando-se então a termogênese em química e mecânica. Assim, a termogênese é uma resposta obrigatória do metabolismo celular, que está associado ao uso de oxigênio e a medição do consumo dele por células ou organismos. A reação catabólica do metabolismo celular gera um aumento da energia livre, parte é capturada por reações que ressintetiza o ATP e outra dissipada na forma de calor. Esse processo também ocorre pela ação de determinados hormônios, que possuem a propriedade de incitar o consumo de substratos energéticos, o consumo de oxigênio e a liberação de calor, os principais são os hormônios tireoidianos que são a tetra-iodotironina (T4) e a triiodotironina (T3). Por sua vez, a termólise diz respeito ao processo de perda de calor mediado por mecanismos essencialmente físicos chamados de termolíticos. Esses mecanismos irão atuar na troca da energia térmica com meio ambiente, podendo ocorrer pelos processos de radiação, convecção, condução e evaporação. Desse modo, a ação dos mecanismos de regulação da termogênese e da termólise, produzem um equilíbrio térmico, steady state, no qual a temperatura corporal se mantém constante dentro de uma faixa de normalidade (DOUGLAS, 2000ab). 02. O que é metabolismo basal? O metabolismo basal representa a energia necessária para manter as funções fisiológicas do organismo humano, até mesmo sem uma percepção consciente. Quando o indivíduo está em estado de repouso, deitado de costas, em jejum por 8 horas e numa temperatura ambiente, caracterizam-se condições basais, nas quais, o indivíduo não realiza trabalho, ou seja, não libera energia sob a forma de trabalho, apenas na forma de calor. Assim, encontrando-se nesse estado, o indivíduo mantém suas funções vitais suprindo as atividades do organismo pelas reservas energéticas provenientes da alimentação (DOUGLAS, 2000b). Alguns estudos atestam a importância para o conhecimento da taxa metabólica basal (TMB), uma vez que, a partir dela pode se definir o suporte nutricional adequado para abastecer as necessidades calóricas do balanço energético do organismo. Dados de pesquisas apontam que a TMB diminui com a idade, visto que, uma baixa taxa metabólica basal pode contribuir para a prevalência de taxas de sobrepeso e obesidade, principalmente, em idosos (ANTUNES, 2005). 03. Como o calafrio auxilia na termogênese mecânica dos homeotermos? Os calafrios são uma série de contrações musculares involuntárias, quando um indivíduo é exposto a um ambiente frio. Sendo uma resposta involuntária, o calafrio é resultante de uma atividade nervosa descontrolada, durante a sua ocorrência o consumo de oxigênio se eleva e, consequentemente, ocorre o aumento da taxa metabólica. Dessa forma, como nesse tipo de mecanismo não há realização de trabalho, a energia reduzida pelos calafrios será liberada na forma de calor, e assim, dissipada pelo corpo auxiliando na regulação da temperatura corporal (GARCIA, 1998). 04. Como se dá a termogênese química? A termogênese química se refere ao processo de produção de calor gerado a partir das reações químicas do metabolismo, tendo como fontes para esse processo os carboidratos, proteínas e, principalmente, a gordura (tecido adiposo marrom). Sendo uma das principais fontes para a geração de calor, os adipócitos marrons são multiloculares, contendo gotículas de triglicerídeos e grande quantidade de mitocôndrias, caracterizadas por uma membrana interna altamente desenvolvida. Eles estão localizados próximo aos vasos sanguíneos e são encontrados em pequenos mamíferos e em recém-nascidos (bebês), decaindo sua abundância em adultos, na qual sua função é menor. A morfologia dos adipócitos marrons indica que eles têm alta capacidade oxidativa, tendo uma alta funcionalidade para gerar calor. Isso se deve a presença de proteínas específicas dentro das mitocôndrias chamadas de Termogeninas ou UCP-1 e pouca quantidade de enzima ATP sintase. Devido a influência das proteínas UCP-1, durante a cadeia respiratória, há uma diminuição na síntese de ATP, uma vez que, ocorre o desacoplamento de prótons entre o espaço intramembranar e a matriz mitocondrial, resultado da atividade do UCP-1. O processo se inicia quando o corpo é exposto a baixas temperaturas, em resposta comandada pelo Sistema Nervoso Central, a termogênese no tecido adiposo marrom (TAM) é desencadeada pela liberação da noradrenalina. Através das fibras ortossimpaticas que inervam cada adipócito, a noradrenalina interage com receptores adrenérgicos na superfície dos adipócitos marrons, sendo o mais importante no mecanismo o β3- adrenérgico. Esse receptor, por sua vez, acopla-se às proteínas G, que ativa a adenilil ciclase e que irá converter ATP em AMPc. Em seguida, esse segundo mensageiro, ativa a proteína quinase A, que fosforila proteínas citosólicas, como a lipase hormônio sensível, a fosforilação deste hormônio promove a lipólise dos triglicerídeos em glicerol e ácidos graxos, estes últimos são transportados até as mitocôndrias. Nas mitocôndrias, estará ocorrendo o processo de fosforilação oxidativa para sintetizar ATP, entretanto, nas mitocôndrias dos adipócitos marrons, a cadeia de prótons H + podem seguir por dois caminhos, ATP sintase e proteína UCP-1. A presença dos ácidos graxos na mitocôndria regula (intensifica) a atividade das proteínas UCP-1, produzindo NADH e FADH2 para suprir a cadeia respiratória e garantir o gradiente de prótons (H+). Isso implica no favorecimento do desacoplamento de prótons H + pela proteína Termogenina e, assim, provendo a liberação de energia em forma de calor que será distribuída pelo corpo. Exemplos de termólise biológica do corpo humano. Alguns exemplos de processos termolíticos, são: a condução e a evaporação. Na condução, a dissipação de calor ocorre quando há contato entre superfícies (exceto com a gasosa), que permite a transição do movimento molecular do ponto mais quente para o mais frio, isso ocorre comumente quando o corpo está submerso em água. Contudo, esse processo dissipa pouco calor, no caso da situação citada, apenas 3% do calor corporal é perdido através do mecanismo. No caso da evaporação, o processo ocorre quando há uma mudança no estado físico de um líquido para o gasoso. Como acontece quando a superfície do corpo está úmida devido a sudorese, pela evaporação da água do suor, sendo assim, é um dos processos mais comum de perda de calor, aproximadamente 22% do calor é dissipado por evaporação. Porém, a evaporação só será efetiva em ambiente de baixa umidade, secos ou desérticos, do contrário em ambientes de alta umidade a evaporação estará limitada (DOUGLAS, 2000). 06. Processo de como a pele pode perder calor por irradiação: Sabe-se que na radiação, o calor é dissipado por meio de ondas eletromagnéticas. Com isso, 60% do calor corporal perdido é feito por meio da radiação. Nesse viés, todo corpo com temperatura superior a 0ºC emite raios infravermelhos,que são as radiações eletromagnéticas, uma vez que, o fluxo de calor resultante é conduzido do corpo mais quente para o mais frio. A taxa de resfriamento depende diretamente do seu poder emissivo. Ademais, deve-se levar em consideração que, quanto maior for o fluxo de calor circundante para o meio, maior será a área do emissor e, consequentemente, maior o gradiente térmico entre essa troca (emissor e meio). Desse modo, a capacidade que a pele tem para receber calor do corpo e, em seguida, dissipá- lo sob forma de radiação eletromagnética, é fundamental na transferência de calor entre o corpo e o meio. Vale ressaltar que, um ponto primordial na perda de calor por radiação é o poder emissivo ou potência emissiva (P) de um corpo, que é a razão entre o Fluxo (Ø) de calor que o corpo emite e a quantidade de calor por unidade de Tempo (Øn), que seria emitida pelo corpo negro se estivesse submetido às mesmas condições experimentais, ou seja: P=(Ø)/(Øn). Nesse sentido, o corpo negro tem propriedades de absorver totalmente tanto as radiações recebidas, sendo elas utravioletas, luz visível ou infravermelho, quanto emitir radiações conforme a sua temperatura. Concomitante a isso, a pele humana tem função primordial na irradiação de calor, que emite os raios infravermelhos na faixa de comprimento entre 5 a 20 µm, cuja potência de irradiação é igual a 97% daquela do corpo negro, independentemente da sua cor, isso mostra que a pele tem um excelente poder emissivo. No que diz respeito à radiação calorífica do corpo humano, a pele é a principal fonte desta. E o suprimento sanguíneo para esse órgão é farto, sendo controlado pelo sistema nervoso central, em particular, nas extremidades, nas quais, existem numerosas comunicações entre as artérias e veias de pequeno calibre, assim, possibilitando a criação de condições favoráveis para a formação de um grande fluxo sanguíneo. Pois, quando a circulação de sangue pelos capilares for pequena, haverá promoção de uma possível resistência devido ao fluxo ser baixo. É por isso que há maior troca de calor com o meio ambiente pelas extremidades e as mudanças na temperatura ambiente, que interferem e alteram diretamente a circulação do sangue na superfície do corpo, devido ao fato da liberação de mediadores químicos, como é o caso da acetilcolina. Além disso, a temperatura da pele também pode sofrer alteração por reflexos nervosos, visto que, as informações que são captadas pelos receptores de frio e calor, situados na pele, chegam ao sistema nervoso por meio dos nervos sensitivos. Esses sinais serão processados e, consequentemente, retornados aos vasos que estão no local de estímulo. Assim, os nervos simpáticos e parassimpáticos comandam esses estímulos e, por conseguinte, controlam a circulação sanguínea (GARCIA, 1998). 07. Explique a troca de calor por convecção. Sabe-se que, o fenômeno da convecção acontece devido a transferência de calor que ocorre através da movimentação de massas de fluido, como por exemplo, a água ou o ar, por intermédio do empuxo atmosférico. Com isso, quando se fornece calor a um fluido, formam- se correntes convectivas, que se deslocam das regiões mais frias para as regiões mais quentes e vice-versa, ocasionadas pelas diferenças de temperatura em seu conteúdo. Nesse viés, os mecanismos que auxiliam na força desse movimento, decorrem da diferença entre o empuxo do meio e o peso das respectivas partículas do fluido. Desse modo, quando o ar é aquecido, tende a expandir, aumentando o seu volume e diminuindo a sua densidade, consequentemente, fazendo com que a força do empuxo do meio se torne maior do que o peso da massa de ar expandido. Tão logo, a camada de ar é empurrada para cima, sendo substituída de forma direta por uma massa de ar mais fria. E quando o ar é resfriado, o processo ocorre de modo inverso (GARCIA, 1998). 08. Qual a importância do hipotálamo no controle da temperatura corporal? A temperatura normal do ser humano, considerando as variações de temperatura ambiente, é mantida aproximadamente em 36,4°C, quando medida na axila, 37°C quando medida na via oral (boca), ou em 37,6°C para medições retais (LAGANÁ; FARO; ARAÚJO, 1992). Segundo Garcia (1998), esses valores são mantidos pelo equilíbrio entre os processos de termogênese (produção de calor) e termólise (perda de calor), que são regulados na área hipotalâmica anterior pré-óptica do hipotálamo, e envolve mecanismos dos diversos sistemas do organismo humano a partir de transferências químicas e físicas de calor, que sofrem influência de fatores como idade, esforço físico, meio ambiente, ciclo menstrual e doenças mentais. Nesse sentido, o hipotálamo é uma glândula situada nas paredes e no teto do terceiro ventrículo central, que atua na regulação da temperatura do corpo, por intermédio da integração dos impulsos térmicos. Quando esses impulsos integrados ficam abaixo ou ultrapassam a faixa de limiar da temperatura, resultam em respostas termorreguladoras autonômicas, para que com isso mantenham uma faixa de temperatura ideal. Além disso, enquanto na região do hipotálamo posterior tem-se as respostas efetoras, no anterior é feita a integração das informações aferentes térmicas, ou seja, quando a parte anterior é lesionada, corrobora para o aparecimento da hipertermia e quando isso acontece na parte posterior, leva a hipotermia. Seguindo essa linha de raciocínio, o papel do hipotálamo no controle da temperatura é de suma importância, pois partindo dos pressupostos supracitados, existe também a área pré-óptica do hipotálamo, que contém neurônios que estão divididos em sensíveis (que são classificados em neurônios sensíveis ao calor e neurônios sensíveis ao frio) e os não sensíveis à temperatura. É válido destacar que, na região posterior há presença de neurônios sensíveis à estimulação térmica local, na composição reticular e na região medular. Ocorre a indicação de uma temperatura corporal fria, entre 25ºC e 30ºC, identificado pelo termostato hipotalâmico, que envia sinais elétricos até o córtex cerebral, gerando a sensação de frio no indivíduo. Em resposta, há modificação comportamental para a regulação da temperatura, como a atividade motora e pelo mecanismo de vasoconstrição e piloereção. Na situação inversa, quando há indicação de aumento de temperatura, entre 45ºC e 50ºC, é acionado o mecanismo de vasodilatação cutânea e da sudorese, sendo considerada um dos principais processos de perda de calor, devido ao elevado calor latente de evaporação da água. 09. Por que as variações circadianas da temperatura corporal dependem da rotina das pessoas? Os ritmos circadianos são considerados como flutuações que acontecem nas atividades fisiológicas e comportamentais, que ocorrem numa faixa de período com cerca de 24 horas. Embora esses ritmos sigam as variações do ciclo claro-escuro, não são apenas derivados das reações às flutuações ambientais, mas também, são realizados por um mecanismo de marcapasso endógeno, denominado de relógio biológico. A sua função primordial é manter a oscilação circadiana, que sofre influência na regulação e controle do sono, ao acordar, no apetite, na digestão, no estado de vigília, na regulação das células, na temperatura corporal e até mesmo na produção de hormônios como o cortisol, a melatonina e o hormônio do crescimento, variando para cada organismo. 10. Fatores que afetam a temperatura da pele. A estrutura da pele se apresenta como uma estrutura de temperatura variável, assim, a pele exerce papel fundamental na regulação da temperatura corporal. Por meio dela, ocorre todos os processos dissipativos de calor. Dessa maneira, torna-se óbvio que alterações na pele constituem também alterações na temperatura corporal. No que se refere aos fatores externos que alteram a temperatura da pele, encontram-se as roupas (que possuem poderisolante), a temperatura, umidade do ar e movimentos do ar. Outrossim, ao pensar em fatores internos ao corpo que influem nas alterações da temperatura da pele, pode- se inferir que há as características físicas da pele (como a cor), a circulação sanguínea - pois a vasomotricidade periférica tem um papel importante na regulação térmica do corpo, e a ingestão de alimentos. 11. Qual é o papel das fístulas arteriovenosas das extremidades na termogênese biológica? Existe alguma influência de anestésicos, como o éter, neste processo? Sabe-se que uma Fístula Arteriovenosa é caracterizada pela anormalidade entre a estrutura de uma artéria e uma veia. Com isso, existem casos raros, em que uma fístula maior pode desviar uma quantidade de sangue suficiente para ocasionar sintomas de diminuição do fluxo sanguíneo nos membros afetados, como por exemplo, o braço ou uma perna, que pode ser denominada como a síndrome do roubo. Desse modo, quando ocorre uma comunicação anormal resulta na mudança do sentido do sangue arterial de alta pressão para o lado de baixa pressão, dito venoso. Isso cria um circuito de baixa resistência anormal que retira o leito capilar normal de alta resistência. O sangue segue o caminho de menor resistência. O fluxo na artéria aferente e na veia eferente aumenta, causando dilatação, espessamento e tortuosidade dos vasos. Se a resistência na fístula for baixa o suficiente, o trato fistuloso rouba o suprimento arterial distal, causando na verdade uma reversão do fluxo arterial no segmento distal à FAV. Isso é conhecido como circulação parasitária. A circulação parasitária causa diminuição da pressão arterial nos leitos capilares distais e pode causar isquemia tecidual. Com isso, o aumento do fluxo para a circulação venosa não causa necessariamente pressões venosas mais altas. No entanto, pode causar anormalidades na parede do vaso, como espessamento da mídia e fibrose da parede. Essas alterações são conhecidas como arterialização. O fluxo sangüíneo para a circulação venosa causa turbulência, responsável pela sensação de frêmito palpável. A emoção depende da geometria da fístula e não representa o volume de fluxo com precisão. Além da diminuição das pressões arteriais distais, que podem causar isquemia distal, as pressões venosas periféricas aumentam, levando a edema, veias visíveis (varicosidades) e até úlceras no membro. Levando em consideração que a termogênese biológica atua pelo mecanismo de vasoconstrição - em que ocorre a indução simpática da vasoconstrição acende um aumento da pressão arterial e reduz o fluxo sanguíneo - na termorregulação corporal. Dessa forma, a transferência de calor nas extremidades para o meio depende do fluxo de sangue nessas fístulas. Muitos anestésicos de forma geral, influenciam nessas trocas de calor, como é o caso do éter, que promove a vasodilatação superficial, e tão logo, terá um aumento da transferência de calor entre o corpo e o ambiente. Vale destacar que, a massa corporal influencia diretamente sobre a ação do anestésico uma vez, com o aumento da dissipação de calor resultante da anestesia promove um resfriamento corporal, por exemplo, em crianças de baixo peso. 12. Explique o que é estresse térmico. Segundo PIRES (2006), o estresse térmico é o conjunto das alterações que ocorrem no organismo animal na tentativa de reagir às condições ambientais como: altas temperaturas, alta umidade do ar e excesso de radiação solar. Tais condições somadas a altas produções de calor metabólico excedem as reservas de calor corporal, e quando a capacidade de eliminação de calor é menor que o ganho de calor do ambiente e do metabolismo, determina-se o estresse térmico. Desse modo, o estresse térmico é o estado onde tanto o sistema fisiológico quanto o sistema psicológico são atingidos pela temperatura do ambiente em que se localiza, quando esta temperatura encontra-se em níveis extremos e muito exigentes. O estresse térmico pode ser considerado ainda como resultado da diminuição da capacidade do ser humano de manter sua homeotermia (JOSIPOVIC; LUDWIG, 2012). Quando os mecanismos do organismo se tornam insuficientes para controlar a temperatura, aparecem os sintomas desagradáveis. A vasodilatação exacerbada abaixa a pressão arterial, o que leva a hipotensão, sensação de tontura e cansaço. O excesso de suor também pode levar a sintomas de desidratação, como dores de cabeça, boca e pele secas, tonturas ao levantar ou sentar rápido demais e até desmaios. Por haver a perda de muitos eletrólitos no suor, câimbras também podem aparecer e o humor também sofre com as alterações de temperatura. 13. Descreva três estados patológicos em decorrência do estresse térmico. A elevação da temperatura corporal a níveis críticos acarreta na incidência de doenças térmicas, tais como o aparecimento de Brotoejas, que são vesículas claras que aparecem na pele e que se formam pela ruptura dos ductos das glândulas sudoríparas. Em algumas das situações as vesículas podem aparecer bem avermelhadas e apresentam ainda uma sensação de ardor. Ainda, outra situação patológica que pode decorrer do estresse térmico é a exaustão pelo calor, uma vez que as pessoas acometidas por essa síndrome irão causar fadiga, náuseas, fadiga, dor de cabeça e tontura. Esta situação ainda ocorrerá acompanhada de pele úmida, frequência cardíaca elevada e pressão arterial baixa, com temperatura retal normal ou ligeiramente elevada. Além disso, um outro estado patológico que decorre do estresse térmico é o golpe térmico, que se caracteriza como a forma mais grave das perturbações provocadas pelo calor. Os sintomas incluem confusão mental, aumento da temperatura retal - acima de 40ºC. Ocorre geralmente em crianças e idosos em meses quentes do verão. Após o estado de confusão mental, a pessoa pode passar para um estado de delírio, convulsão e coma. As alterações na pele poderão ocorrer deixando-a avermelhada e também a presença de sudorese. O paciente geralmente apresenta pulso acelerado e hiperventilação pulmonar. Quando essas situações ocorrem em temperaturas internas superiores a 42ºC o indivíduo terá suas proteínas desnaturadas tendo seu caso elevado a um nível de extrema gravidade e muitas vezes até a morte. 14. O que é hipotermia? A hipotermia refere-se à variação da temperatura corporal a níveis inferiores a 35°C (GARCIA, 1998). Esse estado hipotérmico, ou seja, essa queda de temperatura induz a uma sensação que faz com que o indivíduo entre em processo de tremor que é ocasionado pelas contrações dos vasos sanguíneos, uma vez que, tentam diminuir a perda de calor pelo corpo, para com isso manter o organismo a uma temperatura normal, correspondente a ~37°C. Sabe-se que, quando o organismo não possui energias suficientes para controlar esse processo, o indivíduo pode chegar até a morte. 15. Cite e explique técnicas terapêuticas que tenham como base a produção e dissipação de calor. A terapêutica de alguns processos patológicos pode incluir o uso de técnicas de produção ou dissipação de calor, que modificam a temperatura corporal do indivíduo. O uso dessas técnicas, envolve o estudo das fontes de calor, que podem ser química, mecânica, elétrica ou magnética, e dos efeitos que elas produzem sobre o organismo. As técnicas terapêuticas de produção de calor, se configuram como um recurso utilizado na reabilitação que, através de fontes de calor, aumentam a agitação molecular e o metabolismo, e, consequentemente, aumentam a produção do calor e a elevação da temperatura corporal. O princípio mediador dessas práticas é a noção de vasoconstrição e vasodilatação, mediante a presença ou ausência de calor, além da alteração na velocidade das reações celulares pelo aumento da cinética química. Esse tipo de técnica recebe o nome de hipermoterapia, e pode ser aplicada de duas formas: 1. Aplicaçãono corpo inteiro – diversas são as formas da aplicação do calor por todo o corpo: Raios infravermelhos - corpos quentes que emitem radiações caloríficas ricas em raios infravermelhos. Compressas quentes – é uma fonte condutora que transfere calor para o corpo quando este entra em contato com as bolsas de água quente. Ultrassom – emite ondas mecânicas que se transformam em calor nos tecidos biológicos através da conversão. Diatermia – emite ondas eletromagnéticas que se transformam em calor nos tecidos biológicos através da rápida rotação de dipolos. Banhos quentes, saunas e banhos de lama – transferem o calor para o corpo através da condução e convecção, além de impedir a termólise pelo processo de evaporação. 2. Aplicação localizada do calor – promove a elevação da temperatura localizada através de: Compressas quentes – é uma fonte condutora que transfere calor para o corpo quando este entra em contato com as bolsas de água quente. Parafina derretida – utiliza-se a parafina derretida com óleo mineral a uma temperatura entre 52°C a 54°C, a qual transfere calor para o corpo de forma superficial. Radiação infravermelha – corpos quentes que emitem radiações caloríficas ricas em raios infravermelhos. A produção do calor e consequente elevação da temperatura provocada pelas técnicas citadas tem efeitos sobre a modulação da circulação sanguínea (aumentando o fluxo sanguíneo superficial e a eliminação de catabólitos), relaxamento muscular, e diminuição da atividade do sistema nervoso central. Dessa forma, as técnicas de produção de calor são indicadas em casos de inflamações de articulações e tendões, doenças de estiramento e contusões musculares, inflamações da pele, além de evitado em locais onde existem tumores, já que o aumento do fluxo sanguíneo pode ajudar na disseminação das células neoplásicas. As técnicas terapêuticas de dissipação do calor (hipotermoterapia), por sua vez, são utilizadas pelos médicos desde a época de Hipócrates e se configura como técnicas de resfriamento dos tecidos ou regiões do corpo pela dissipação do calor, o que causa a redução do metabolismo celular e da necessidade de O2. Essa técnica segue dois princípios básicos: 1. O calor sempre flui do corpo mais quente para o mais frio; 2. Corpos de diferentes temperaturas buscam um equilíbrio entre a diferença de temperatura, e pode ser denominada como hipotermoterapia, terapia pelo frio, ou ainda crioterapia. Essas técnicas podem ser aplicadas na fase aguda, subaguda e crônica das patologias através dos seguintes métodos: Cold Pack (bolsa de termogel) – o termogel é uma substância altamente condutiva a energia térmica é capaz de manter uma certa temperatura por um tempo. Após ser resfriada e entrar em contato com a pele, rapidamente resfria o local. Spray – devido a lei dos gases ideais, gases se tornam muito frios ante uma rápida expansão em volume. Sprays utilizam desse fato para expor a região a que se deseja diminuir a temperatura ao gás que, além de comumente conter pequenas doses de lidocaína, rapidamente diminui a temperatura do local. Pacote de gelo – o pacote de gelo, respeitando a lei de condução térmica, rapidamente drena calor do local com que entra em contato. Compressa fria – o uso de um pano limpo ou gaze imbuído em água fria é também um método utilizável, sendo mais confortável mas menos eficiente para o indivíduo. Bolsa de borracha – parecida com o cold pack, parte do mesmo princípio, mas o conteúdo dentro do invólucro é uma mistura de água e gelo, ao invés do termogel. Pacote químico – é uma pequena bolsa descartável que compartimenta dois componentes de uma reação química. Uma vez rompida a menor das bolsas, há a reação química, que rapidamente resfria a substância e o local. Unidade criomática – é um aparelho de resfriamento que envolve a área alvo e faz uso de radiadores para rapidamente resfriar o local de aplicação. Criocinética (frio e exercício sem dor) – consiste na aplicação de bolsas criogênicas responsáveis por diminuir ou anular a sensibilidade à dor em pacientes com lesões. Uma vez dessensibilizado, o paciente passa a realizar atividades físicas de reabilitação, de modo a fortalecer a musculatura e acelerar a recuperação. REFERÊNCIAS: ANTUNES, Hanna K.M. et al . Análise de taxa metabólica basal e composição corporal de idosos do sexo masculino antes e seis meses após exercícios de resistência. Rev Bras Med Esporte, Niterói , v. 11, n. 1, p. 71-75, Feb. 2005 . DOUGLAS, Carlos R. – Patofisiologia Geral – Mecanismo da doença. 1ª edição, São Paulo – SP, Robe Editorial, 2000. 524-531; 914-929 p. 3. DOUGLAS, Carlos R. – Tratado de Fisiologia – Aplicada à ciência da saúde. 4ª edição, São Paulo – SP, Robe Editorial, 1999- 2000. 779-786; 793-4p. GARCIA, Eduardo A. C. – Biofísica. 1ª edição, São Paulo-SP, Sarvier Editora, 1998. 206- 8p. Guyton, Arthur e Hall, John. Tratado de Fisiologia Médica. 13ª ed. Rio de Janeiro : Elsevier Editora Ltda, 2017 LAGANÁ, Maria T. C. et al. A problemática da temperatura corporal enquanto um procedimento de enfermagem: conceitos e mecanismos reguladores. Rev. Esc. Enf. USP, v. 26, n. 2, p. 173-86, Ago. 1992. TORTORA, J. Gerard. – Corpo Humano – Fundamentos de Anatomia e Fisiologia. 4ª edição, Editora ARTMED, Porto Alegre – RS, 2000. 477-479p.
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