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Súmula Vinculante 57 do STF à Luz do artigo 111 do Código Tributário Nacional

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Universidade de Ribeirão Preto 
Faculdade de Direito Laudo de Camargo 
Curso de Direito 
 
 
 
 
 
 
 
A Súmula Vinculante 57 do STF á Luz do artigo 111 do Código Tributário 
Nacional 
 
 
 
 
 
MARIA EDUARDA CASTRO CORRÊA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RIBEIRÃO PRETO 
2021 
A SÚMULA VINCULANTE 57 DO STF Á LUZ DO ARTIGO 111 DO 
CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL 
 
 
 
RESUMO 
 
Este presente trabalho acadêmico tem como finalidade tratar sobre aplicação da 
imunidade tributária na importação e comercialização de livros eletrônicos conforme Súmula 
Vinculante 57 do STF á Luz do artigo 111 do Código Tributário Nacional. Para tanto foram 
utilizadas doutrinas, legislação vigente e jurisprudência pertinentes ao assunto. 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
O tema imunidade tributária está intimamente relacionado às ações de censura aos órgãos de 
comunicação e imprensa no país. 
No período denominado Estado Novo, entre 1937 e 1945, o Brasil vivenciou o autoritarismo 
político, que, com o intuito de inibir a propagação de ideias opostas ao regime, determinavam 
alta tributação das importações do papel para impressão e o controle de forma pérfida, da 
isenção aduaneira deste insumo, resultando em uma drástica restrição ao acesso à informação. 
A constituição de 1946 foi a primeira a prever a regra de imunidade do papel destinado 
exclusivamente a impressão de livro, jornais e periódicos, visando combater o controle do 
estado sobre a circulação de informação barateando o custo de produção. 
Na Constituição de 1967 houve uma pequena alteração no texto, determinando a vedação de se 
criar imposto sobre “o livro, os jornais e os periódicos, assim como o papel destinado à sua 
impressão”. 
A carta de 1969, em pleno regime militar, manteve a mesma disposição quanto a imunidade 
tributária. Contudo, isso não foi o suficiente para inibir atos de censura contra os veículos de 
imprensa e órgãos de comunicação. 
Com o desfecho do regime militar, tomou-se lugar a democracia. Em 1988 houve a 
promulgação da Constituição cidadã que dispõe atualmente quanto a imunidade tributária de 
livros no art. 150, VI, “d”, imunizando o bem utilizado como transmissor de conhecimento, 
informação, cultura, independentemente da pessoa que o produza ou comercialize. 
É importante ressaltar como o papel perde destaque conforme as mudanças constitucionais. A 
ênfase deixe se der o papel e passa a ser o livro em si. 
Essas necessárias mudanças continuam acontecendo. Os tribunais tendem a proferir decisões 
importantes quanto o tema. O presente trabalho abordará uma delas, a aplicação da imunidade 
tributária na importação e comercialização de livros eletrônicos conforme Súmula Vinculante 
57 do STF á Luz da literalidade do artigo 111 do Código Tributário Nacional 
 
2 DESENVOLVIMENTO 
2.1 A aplicação da imunidade tributária na importação e comercialização de livros 
eletrônicos 
 
A previsão atual quanto a imunidade tributária de livros se encontra no artigo 150, VI, alínea d, 
da CRFB/88, vejamos: 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é 
vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
VI - Instituir impostos sobre: 
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão 
 
Observa-se no referido dispositivo, que o constituinte afastou do âmbito da competência 
tributária dos entes (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) certos bens, aos quais não 
se autoriza instituir impostos, dentre eles, os livros, jornais e periódicos e o papel utilizado em 
sua impressão. 
O objetivo da norma foi atribuir imunidade ao bem utilizado como transmissão de informação, 
pensamento, cultura e conhecimento, independentemente de quem o produza ou comercialize , 
pois, a imunidade alcança o objeto e não a pessoa. Esse entendimento foi confirmado pelo 
Plenário da Corte, em repercussão geral, no julgamento do RE nº 628.122/SP, conforme 
ementa: 
 “Recurso extraordinário. Repercussão geral da questão constitucional 
reconhecida. 2. Direito Constitucional e Tributário. 3. FINSOCIAL. Natureza 
jurídica de imposto. Incidência sobre o faturamento. 4. Alcance da 
imunidade prevista no art. 150, VI, d, da Constituição Federal, sobre 
livros, jornais, periódicos e papel destinado a sua impressão. Imunidade 
objetiva. Incidência sobre o objeto tributado . Na hipótese, cuida-se de 
tributo de incidente sobre o faturamento. Natureza pessoal. Não alcançado 
pela imunidade objetiva prevista no art. 150, VI, d, da Constituição Federal. 
5. Recurso extraordinário a que se nega provimento” (DJe 30/9/13). (grifo 
nosso) 
 
Contudo, a referida norma era aplicada somente aos livros, jornais e periódicos, impressos, e 
com o avanço da tecnologia foi constituída uma nova forma de leitura por meio de livros 
digitais. A partir disso, iniciou-se a discussão quanto a possibilidade de aplicação da imunidade 
tributária sobre a modalidade digital. 
Primeiramente, é necessário frisar que a evolução histórica, os fatores políticos, sociais e 
culturais, e principalmente o avanço da tecnologia e a preocupação ambiental contribuíram 
substancialmente para a interpretação evolutiva da norma. Consoante o ilustre Ministro Roberto 
Barroso (Interpretação e aplicação da Constituição. Saraiva, 137): 
 
“O que é mais relevante não é a occasio legis, a conjuntura em que editada a 
norma, mas a ratio legis, o fundamento racional que a acompanha ao longo de 
toda a sua vigência. Este é o fundamento da chamada interpretação evolutiva. 
As normas, ensina Miguel Reale, valem em razão da realidade de que 
participam, adquirindo novos sentidos ou significados, mesmo quando 
mantidas inalteradas as suas estruturas formais” 
 
Nesse contexto, diante da expressiva alteração social, é necessário que o judiciário se adeque e 
garanta a correta aplicação da norma, a fim de que esta atinja sua real finalidade, qual seja, a 
imunidade tributária dos veículos de informação, pensamento, conhecimento e cultura. 
Logo, tais fatores justificam o alcance do benefício da imunidade aos e-books (livros digitais), 
bem como aos aparelhos leitores de livros eletrônicos fabricados exclusivamente a esse fim, 
mesmo que, eventualmente, possuam funcionalidades acessórias que auxiliam na leitura digital 
(diferente dos aparelhos multifuncionais). 
Este passou a ser o entendimento majoritário quanto ao tema, mas ainda assim havia 
controvérsias. Com o intuito de saná-las o Supremo Tribunal Federal (STF) criou em abril de 
2020 a Súmula Vinculante 57 certificando que a imunidade se estende aos livros, jornais e 
periódicos, seja eles físicos ou digitais, nacionais ou internacionais. 
 
2.2 A Súmula Vinculante 57 do STF á Luz do artigo 111 do Código Tributário Nacional 
 
A Súmula Vinculando nº 57 do STF foi criada em abril de 2020 para sanar a dúvida quanto a 
aplicabilidade da imunidade tributária prevista na Constituição (art. 150, VI, alínea d) se estende 
aos livros eletrônicos, chamados e-books. Vejamos: 
 
A imunidade tributária constante do art. 150, VI, d, da CF/88 aplica-se à 
importação e comercialização, no mercado interno, do livro eletrônico (e-
book) e dos suportes exclusivamente utilizados para fixá-los, como leitores de 
livros eletrônicos (e-readers), ainda que possuam funcionalidades acessórias. 
 
Por ora a discussão aparentava estar pacificada. No entanto, um novo questionamento surgiu 
quanto a validade da Súmula Vinculante 57 em face da disposição do art. 111 do Código 
Tributário Nacional, que determina: 
 
Art. 111Interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre: 
I - suspensão ou exclusão do crédito tributário; 
II - outorga de isenção; 
III - dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias. 
 
Observa-se que o artigo 111 do CTN estabelece que normas que disponham sobre isenção 
tributária devem ser interpretadas de forma literal, isto é, conforme o texto. Nessesentido, a 
imunidade atribuída aos livros, jornais e periódicos se limitaria ao modelo impresso, não 
alcançando o digital, entendimento esse contrário ao apresentado acima. 
De um lado a interpretação literal, direta e imediata da norma que exclui da abrangência o 
modelo eletrônico. E de outro a interpretação teológica do dispositivo que inclui os livros 
eletrônicos que difundam informações e conteúdos didáticos. 
Nesse empasse ficou acordado quanto a inserção do livro eletrônico, com base no dinamismo 
da Constituição Federal e a necessidade de as normas acompanharem as mudanças sociais. 
Segundo José Souto Maior Borges, as imunidades servem: 
 
 “[...] a assegurar certos princípios fundamentais ao regime, a incolumidade 
de valores éticos e culturais consagrados pelo ordenamento constitucional 
positivo e que se pretende manter livres das interferências ou perturbações da 
tributação”1 
 
Logo, entende-se que o dispositivo 150, VI, alínea d, da CRFB/88 objetiva promover e garantir 
o acesso a educação, a liberdade de manifestação do pensamento e da expressão intelectual, 
cientifica, artística e cultural. Ou seja, é uma norma essencial e indisponível para manutenção 
as prerrogativas fundamentais. Não fazendo sentido limitar sua abrangência, já que nos tempos 
atuais é clara a predominância da leitura pela internet. 
No Recurso Extraordinário 330.817, o ilustre Ministro Marco Aurélio em seu voto proclamou 
nesse sentido: 
 
1 BORGES, José Souto Maior. Teoria Geral da Isenção Tributária . 3ª ed. São Paulo: Malheiros, 2011, p. 221 
Deve-se ter presente que a norma objetiva proteger não simplesmente o livro, 
jornal ou periódico como “suportes físicos de ideias e comunicação”, mas o 
valor intrínseco do conteúdo veiculado, de natureza educacional, informativa, 
expressiva do pensamento individual ou coletivo. O meio é secundário, 
importando, precipuamente, promover e assegurar o direito fundamental à 
educação, à cultura, à informação, à participação política dos cidadãos 
 
A interpretação jurídica vai além de compreender a norma, equivale a aplicá-la aos casos 
concretos observando o contexto cuja regulação configura seu fim, que deve se coincidir com 
os fatores sociais a fim de buscar o equilíbrio entre a realidade dos fatos e a norma 
constitucional. Consoante Ricardo Lodi Ribeiro: 
[..] a interpretação literal deve ser afastada como método isolado para a 
solução de casos tão complexos como este, podendo servir como ponto de 
partida para a utilização dos demais métodos segundo os valores envolvidos e 
imanentes à norma”2 
 
Portanto, a interpretação teleológica do dispositivo abrangendo a modalidade eletrônica é a 
aceita e adequada a fim de se valer a intenção reguladora do legislados, a liberdade de 
expressão, manifestação do pensamento, acesso a educação, cultura, informação, dentre outros. 
 
3 CONCLUSÃO 
Com base no que foi apresentado, pode-se observar que a interpretação teleológica às 
imunidades tributárias, favorável a inserção do livro eletrônico e seus suportes utilizados para 
fixação, foi o posicionamento aceito e hoje consolidado por meio da Súmula Vinculante nº 57 
do STF. 
Ignorar a realidade da sociedade ameaça a própria efetividade da Carta Magna. 
Levando em conta o uso crescente dos meios digitais em substituição dos tradicionais livros 
físicos, não ampliar a interpretação da norma significaria reduzir drasticamente seu alcance ao 
ponto de suprimir a finalidade da norma de proporcionar e garantir o acesso a informação, 
conhecimento, cultura, ideia, dentre outros. 
 
 
 
 
 
 
 
2 RIBEIRO, Ricardo Lodi. A imunidade do livro eletrônico e o pluralismo metodológico na interpretação do 
art. 150, VI, d, CF. Revista Trimestral de Direito Civil, Vol. 46, abril/junho de 2011, p. 240 
 
REFERÊNCIAS 
 
 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidente 
da República. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituticao/constituição.htm. Acesso em: 20 de out. de 
2021. 
 
BARBIERI, Beatriz C. Súmula Vinculante n. 57 do STF: da aplicação da imunidade 
tributária na importação e comercialização de livros eletrônicos. Jusbrasil. Disponível em: 
<https://biacbarbieri.jusbrasil.com.br/artigos/1267644270/sumula-vinculante-n-57-do-stf-da-
aplicacao-da-imunidade-tributaria-na-importacao-e-comercializacao-de-livros-eletronicos>. 
Acesso em: 21 out. 2021. 
 
LEI Nº 5.172. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de 
direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. 1966. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5172Compilado.htm. Acesso em: 20 out. 2021 
 
THAIS MARACHINI. Súmula Vinculante 57. Jusbrasil. Disponível em: 
<https://thaismarachini.jusbrasil.com.br/artigos/1155577725/sumula-vinculante-57>. Acesso 
em: 21 out. 2021.

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