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IMUNIDADE E NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO

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Módulo Controle da Incidência Tributária 
ALUNO: LEANDRO TAKEO ALVES WATANABE 
TURMA: 2022.02-CIT-BSB 
 
Seminário IV - IMUNIDADE E NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO 
 
Questões 
1. Que é imunidade tributária? Diferençar imunidade, isenção, não incidência e 
incidência tributária. O conceito de imunidade tributária pode ser aplicável às taxas, 
às contribuições e as contribuições de melhoria? 
Segundo o professor Paulo de Barros Carvalho1, imunidade tributária é uma 
classe determinável de normas jurídicas, de modo finito e imediato, em que tais 
normas estão contidas no texto constitucional, estabelecendo de forma expressa, a 
incompetência das pessoas políticas de direito constitucional interno para redigir 
regras que instituem tributos que abarquem situações caracterizadas e específicas. 
Clélio Chiesa2 leciona no mesmo sentido, explicando que se trata de conjunto 
de normas jurídicas escolhidas na Constituição Federal que dispõem a 
incompetência das pessoas políticas para instituírem tributos em determinadas 
situações especificadas na Carta Maior. 
Consoante nesse sentido, pode-se dizer que a imunidade tributária consiste em 
normas de limitação à competência tributária contidas na Constituição Federal e 
dirigidas aos legisladores das pessoas políticas de direito constitucional interno, 
determinando que se abstenham de instituir tributos sobre certas situações, bens ou 
pessoas. 
Pode-se afirmar que as imunidades são normas com o objetivo é delinear a 
competência tributária das entidades tributantes e, dessa forma, relaciona-se ao 
campo das normas de estrutura, de fato que determinam de que maneira criar regras 
jurídicas novas que sejam válidas no sistema. Veja que essas normas de estrutura 
são diferentes das normas de comportamento, de modo que diferente da primeira 
essa segunda tem a finalidade de disciplinar as condutas humanas. Sendo assim, as 
regras de incidência tributária se alojam no campo das normas de comportamento, 
 
1 CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 31 ed. São Paulo: Noeses, 2021, 
p. 203. 
2 CHIESA, Clélio. A competência tributária do estado brasileiro: desonerações nacionais e 
imunidades condicionadas. São Paulo: Max Limonad, p. 119. 
Módulo Controle da Incidência Tributária 
ao passo que as imunidades e as isenções ficam no campo das normas de estrutura. 
As imunidades, de acordo entendimento doutrinário predominante, são 
hipóteses de não incidência dispostas nas CF/88 e, por outro lado, isenção são 
hipóteses previstas nas demais normas. Nota-se, em que pese imunidade e isenção 
serem normas de estrutura, têm-se diferente fenômeno jurídico. A imunidade atua no 
campo da definição da competência, já a isenção trabalha no plano do exercício da 
competência. 
A incidência tributária está ligada na ocorrência da regra-matriz, ou seja, no 
nascimento da própria obrigação tributária. Noutro lado, a não incidência está ligada 
na não identificação da regra-matriz, isto é, ocorrência de fato jurídico que não enseja 
relação jurídica entre sujeito ativo e sujeito passivo. 
No que se referte a abrangência da imunidade tributária, nossa Carta Magna 
dispõe que são abrangidas as taxas, nos termos do art. 5º, XXXIV, os impostos, 
conforme art. 150, VI, e as contribuições para a seguridade social, forte no art. 195, 
§ 7º. Em que pese o art. 195, § 7º, CF/88 utilizar o termo isenção ao assentar sobre 
as contribuições, tal nomenclatura se trata, essencialmente, de imunidade. 
Entretanto, ainda sim os exemplos acima, as imunidades não estão restritas 
somente a tais exemplos, mas a qualquer espécie tributária, pois, quando se pensa 
no fato que pode ocorrer e naquilo que está positivado, não pairam dúvidas de que o 
legislador elabora hipóteses normativas imunizantes. 
 
2. As imunidades são cláusulas pétreas na Constituição Federal? Uma Emenda 
Constitucional pode revogar alguma das imunidades dispostas na Carta Magna? As 
normas constitucionais que veiculam imunidades são autoaplicáveis ou dependem 
de regulamentação infraconstitucional? 
Inicialmente cabe destacar que as cláusulas pétreas podem ser definidas como 
o núcleo constitucional intangível, possuem valores de grande relevância e, assim, 
não podendo ser objeto de proposta de emenda constitucional, ou seja, estão 
protegidas pela própria Constituição Federal pelas limitações ao poder de reforma. 
Adiante, conforme definições já expostas na questão anterior, entende-se que 
a imunidade tem por objetivo evitar que o constituinte adentre áreas que devem ser 
conservadas em favor do interesse da sociedade. Dessa forma, entende-se que as 
imunidades são cláusulas pétreas e não estão sob a possibilidade de serem 
revogadas por emendas constitucionais. 
Módulo Controle da Incidência Tributária 
Nesse diapasão, dispõe o art. 60, § 4º, IV, da CF/88 que não será objeto de 
deliberação a proposta de emenda tendente a abolir os direitos e garantias 
individuais. Sendo assim, verifica-se que as cláusulas pétreas possuem o condão de 
proteger e densificar determinados direitos e garantias individuais, assim como 
demais valores constitucionalmente considerados impassíveis de abolição ou 
redução por emenda constitucional. 
Diante disso, não obstante as imunidades possam ser complementadas por 
norma infraconstitucional, entende-se que são autoaplicáveis, pois estão 
perfeitamente delineadas no texto constitucional. Não necessariamente ou 
obrigatoriamente, precisam de regulamentação infraconstitucional, porém, poderá o 
legislador complementar colaborar na regulação das condicionantes, ou seja, poderá 
haver atos normativos infraconstitucionais que orientem nos deveres instrumentais e 
procedimentos que ajudem no alinhamento das imunidades, mas, sempre 
respeitando as disposições da Constituição. 
 
3. Na sua opinião, são imunes: 
 (a) quanto ao ISS: os serviços de guarda e estacionamento de veículos automotores 
prestados por entidades religiosas (vide anexos I e II); 
Nos termos do art. 150, VI, “b”, da CF/88, é vedado à União, aos Estados, ao 
Distrito Federal e aos Municípios, instituir impostos sobre templos de qualquer culto. 
Todavia, o § 4º do mesmo dispositivo expressa que tal vedação compreende apenas 
“o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das 
entidades nelas mencionadas.” 
Dessa forma, deverá ser analisado o caso concreto, identificando se os 
serviços em discussão estão relacionados às atividades do templo ou se a renda de 
tais serviços visam garantir o pleno funcionamento do templo. Assim, bem acertado 
o entendimento do STF, conforme se verifica nos anexos I e II, os quais, no primeiro 
caso se verifica que a renda obtida pelo serviço, efetuado de forma eventual, visa 
garantir a funcionalidade da instituição de assistência social, aplicando-se a 
imunidade. No segundo, já se verifica única e exclusivamente o lucro, afastando-se 
a imunidade. 
Nesse sentido, claro fica que se os serviços prestados estiverem ligados ao 
custeio de suas atividades essenciais, haverá imunidade. Caso tenha apenas a 
finalidade lucrativa, não haverá imunidade. 
Módulo Controle da Incidência Tributária 
 
 (b) quanto ao IPTU: o imóvel destinado à locação, pertencente à mesma entidade 
(vide anexo III); e os cemitérios particulares (vide anexo IV); 
No mesmo entendimento quanto à proteção dos templos religiosos, será 
aplicada a imunidade ao imóvel destinado à locação, porém, desde que esteja 
vinculado às atividades essenciais da entidade. Inclusive, verifica-se conforme 
exposto nos anexos III e IV, que a jurisprudência tanto do STJ como do STF tem 
flexibilizado as regras atinentes à imunidade tributária quanto ao tema em debate, 
isso com o objetivo de resguardar o propósito protetivo do constituinte originário e, 
dessa forma, garantir a imunidade aos imóveis destinados à locação, bem como lotes 
não edificados. 
Quanto aos cemitérios particulares,no que tange a imunidade, segue-se a 
mesma linha de raciocínio, o qual, sendo considerados tais cemitérios como 
extensões da entidade religiosa, será abarcado pela garantia constitucional da 
imunidade. 
 
(c) quanto ao ITR: as áreas de reserva indígena, bem como a renda auferida pelos 
indígenas (vide Petição n. 3388 STF). Justifique sua resposta. (vide STF, Petição n. 
3388, DJ 04/02/14); 
Nos moldes do art. 20, XI, da CF/88, são bens da União as terras 
tradicionalmente ocupadas pelos índios. Adiante, a Carta Magna, no art. 231 e seus 
parágrafos, explica que apesar de ser reconhecidos aos índios sua organização 
social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras 
que tradicionalmente ocupam, compete à União demarcá-las, proteger e fazer 
respeitar todos os seus bens. 
Nesse sentido, em respeito a imunidade recíproca disposta no art. 150, VI, 
alínea “a”, haverá imunidade quanto ao ITR nas áreas de reserva indígena, eis que 
consideradas da União, inalienáveis, indisponíveis e os direitos sobre elas 
imprescritíveis. 
Ainda de se destacar o Decreto nº 4.382/02, que dispõe sobre a 
regulamentação da tributação, fiscalização, arrecadação e administração do ITR, 
determinando em seu art. 11, § 2º, que as florestas que integram o patrimônio 
indígena estão sujeitas ao regime de preservação permanente, tornando tais áreas 
não-tributáveis. 
Módulo Controle da Incidência Tributária 
 
 (d) quanto aos serviços prestados por empresas públicas no regime de concorrência 
(vide anexos V); 
Empresas prestadoras de serviços públicos, tendo sua prestação averiguada 
como obrigatória e essencial à sociedade, terá a garantia da imunidade. Inclusive, o 
STF, conforme se depreende do julgado exposto no anexo V, estendeu tal 
entendimento aos Correios, na atuação em concorrência com a iniciativa privada. 
Todavia, ressalta-se que no julgado foi abordado a atividade que não é de monopólio 
dos Correios, qual seja, o transporte de encomenda. 
Entretanto, nesse ponto, divirjo do entendimento do Supremo, vez que o 
argumento de que os Correios devem cumprir o encargo de alcançar todos os lugares 
do Brasil e por preços módicos, não merece acato, pois em verdade, tal empresa 
ainda não alcança todos os lugares e não se cobra preços insignificantes, de modo 
que a garantia de imunidade, no que tange tão somente ao transporte de encomenda, 
a põe em vantagem da concorrência, desestimulando o particular. Por outro lado, 
quanto ao serviço em regime de monopólio, serviço postal, por ser de essencial 
relevância à sociedade, este realmente deve ser abrangido pela imunidade recíproca. 
 
 (e) quanto aos serviços “públicos” prestados por sociedades de economia mista (vide 
anexo VI e VII); 
É cristalino o entendimento jurisprudencial de que é aplicável a imunidade 
recíproca em relação às sociedades de economia mista quando na prestação de 
serviços cuja sua atividade seja obrigatória e exclusiva do Estado. Assim expõem os 
anexos VI e VII refletindo tal entendimento jurisprudencial. 
Nessa mesma linha de raciocínio e conforme explanado na questão anterior, 
quando se tratar de serviço prestado em regime de monopólio e exclusivo do Estado, 
mesmo que por meio de empresas públicas ou sociedades de economia mista, não 
se entende pela aplicação da imunidade recíproca. 
 
 (f) quanto aos serviços “públicos” prestados por sociedades de economia mista cujas 
ações sejam negociadas na bolsa de valores (vide anexo XIII). Justifique suas 
respostas. 
Tema que perdurou bom tempo para ser decidido pelo Supremo, conforme 
anexo XIII, no julgamento do RE 600.867/SP em sede de repercussão geral, onde 
Módulo Controle da Incidência Tributária 
restou assentado o entendimento que no caso em debate não haverá aplicação da 
imunidade recíproca. 
Dessa forma, diferente das questões “d” e “e”, aqui, apesar das funções 
desempenhadas pela sociedade de economia mista, há a participação acionária 
negociada em Bolsa de Valores. Todavia, necessário analisar se há inequívoca 
pretensão à remuneração do capital de seus controladores ou acionistas. Restando 
positiva essa inequívoca pretensão, entende-se que deverá haver tributação, não 
sendo constatada, entende-se pela imunidade recíproca. 
 
4. A agência de publicidade Bravia foi contratada pela empresa Xilitol para que 
produzisse a campanha de seus novos produtos e, após definida a estratégia, 
indicasse os melhores meios para a divulgação do anúncio. Além da mídia na TV 
Tupi, a agência Bravia recomendou a exposição da campanha via folder a ser 
inserido na revista “A Pastorinha” por dois domingos seguidos, após a veiculação do 
anúncio na TV Tupi. No orçamento referente à divulgação do anúncio, a agência 
inseriu o preço da sua veiculação no horário nobre passado pela TV Tupi e também 
o preço informado pela revista “A Pastorinha”. Ambos associaram o preço de seus 
serviços aos tributos inerentes às suas atividades (gross up, em especial do ISS, PIS 
e COFINS). 
Ao receber o orçamento, o depto. jurídico da Xilitol questionou o gross up do ISS 
apresentado pela revista “A Pastorinha”, com base no item “17.25 - Inserção de 
textos, desenhos e outros materiais de propaganda e publicidade, em qualquer meio 
(exceto em livros, jornais, periódicos e nas modalidades de serviços de radiodifusão 
sonora e de sons e imagens de recepção livre e gratuita)”, introduzido na lista de 
serviços da LC 116/2003 pela LC 157/2016, e manifestou sua recusa no pagamento. 
Considerando o disposto no art. 150 da CF, e os fundamentos utilizados pelos 
Ministros do STF no julgamento dos RE 330.817 e RE 595.676, na sua opinião o 
questionamento apresentado pelos advogados da Xilitol quanto à incidência do ISS 
sobre os serviços prestados pela revista “A Pastorinha” procede? 
Na presente questão, a indagação que se faz é se a empresa Xilitol está correta 
em questionar o valor cobrado a título de ISS, destacado pela empresa Pastorinha, 
a qual se comprometeu a prestar o serviço de exposição de campanha via folder em 
sua revista. Para a empresa Xilitol foi apresentado o orçamento do serviço já com o 
destaque do ISS, por meio de gross up. 
Módulo Controle da Incidência Tributária 
Inicialmente, cabe esclarecer, resumidamente, que o gross up tributário não é 
a incidência do imposto sobre a receita auferida, mas sim sobre a receita bruta 
incrementada pela soma do valor do imposto em sua própria base. Basicamente, na 
presente questão quer dizer embutir os impostos no orçamento. Foi o que fez a 
empresa Pastorinha ao enviar o orçamento para a contratante do serviço, pois 
entende ela que nesse serviço incide o ISS, com base no item 17.25, introduzido pela 
LC 157/16 à LC 116/03. 
Dito isso, passa-se a análise da incidência ou não do referido imposto. Certo é 
que no art. 150, VI, “d”, da CF/88, bem como no art. 9º, IV, “d”, do CTN, consta 
expresso que é vedado instituir impostos, pela União, Estados, Distrito Federal e 
Municípios, sobre livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão. 
Os RE 330.817 e RE 595676 trazem o entendimento acima de forma a estender 
tal direito aos materiais eletrônicos, desde que se enquadrem nos limites daqueles 
dispositivos. 
No presente problema, não se trata de revista eletrônica, mas de revista física 
e, dessa forma, restando saber se a tal revista se enquadra em algum dos itens 
elencados no dispositivo constitucional. 
Nesse sentido, deve-se ater aos conceitos dos itens que constam na lei. A meu 
ver, entendo que a revista não se encaixa nem em livro e nem em jornal, sendo talvez 
abarcada como periódico. Todavia, como periódicos, em vista da aplicação da 
imunidade, entende-se que são as publicações científicas recorrentes, ou seja, são 
revistas científicas ou acadêmicas. Observa-se que não são quaisquer tipos de 
revistas, sendo as meramente de caráter científico, até mesmo porque, caso 
contrário,a imunidade poderia ser aplicada de modo sem fim. 
Nesse sentido, entende-se que os advogados da empresa Xilitol estão 
equivocados, pois, conclui-se que no caso haverá a incidência do ISS, tendo em vista 
que a revista Pastorinho não tem caráter científico e nem acadêmico e dessa forma 
não se enquadra no art. 150 da CF/88. Ainda assim, o item 17.25 da tabela de 
serviços anexa à LC anteriormente mencionada, permite a cobrança do ISS pelos 
serviços como materiais de propaganda e publicidade em qualquer meio, ou seja, 
prestados por veículos online, outdoors, mídias em shoppings etc., que não se 
enquadrem no amparo constitucional. 
 
5. Como deve ser interpretado o disposto no art. 150, VI, “d” da CF: “livro, jornais e 
Módulo Controle da Incidência Tributária 
periódicos e o papel destinado a sua impressão”. Pode-se dizer que livros e 
periódicos eletrônicos (“e-books”), bem como o material utilizado para sua comportá-
los (“e-book readers”) são imunes com fundamento neste dispositivo? E os Tablets? 
(Vide anexos XII e XIII e considere para sua resposta, os fundamentos utilizados 
pelos Ministros do STF no julgamento dos RE 330.817 e RE 595.676) 
Ao legislar o art. 150, VI, “d”, da CF/88, o constituinte buscou fomentar valores 
e princípios, objetivou tal dispositivo a fim de estimular o crescimento cultural, 
fomentar a informação e empreender a educação. 
Nesse sentido, brilhante a explanação de Aliomar Baleeiro sobre o tema: 
“A imunidade tributária, constitucionalmente assegurada aos livros, 
jornais, periódicos e papel destinado à sua impressão, nada mais é que 
a forma de viabilização de outros direitos e garantias fundamentais 
expressos em seu art. 5º, como a livre manifestação do pensamento, 
a livre manifestação da atividade intelectual, artística, científica e de 
comunicação, independente de censura ou licença (incisos IV e IX), 
art. 206, II (a liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o 
pensamento, a arte e o saber), art. 220, §§ 1º e 6º (a proibição da 
criação de embaraço, por lei, à plena liberdade de informação 
jornalística em qualquer veículo de comunicação social e inexistência 
de licença de autoridade para a publicação de veículo impresso de 
comunicação), dentre outros. Mais do que isso, deve ser enfocada 
como instrumento imprescindível à realização do Estado Democrático 
de Direito, do qual o pluralismo político, a crítica e a oposição são 
requisitos essenciais.”3 
 
Ademais, há de se ressaltar que nossa Carta Magna foi promulgada em 1988, 
época ainda que não se tinha livros e periódicos eletrônicos e, assim, não sendo 
possível tratar esses itens na época da constituinte de 1988, bem como os materiais 
utilizados para comportar tais livros digitais. Falamos aqui dos chamados e-books e 
readers, os quais volumosamente existentes nos dias atuais. 
Diante disso, necessário se fez o posicionamento da Suprema Corte a respeito 
do tema, que restou assentado conforme se denota pelo julgamento do RE 330.817 
(anexo XII) e RE 595.676, ambos em sede de repercussão geral, o entendimento que: 
“Com efeito, o suporte das publicações é apenas o continente (corpus mechanicum) que 
abrange o conteúdo (corpus misticum) das obras, não sendo ele o essencial ou o 
condicionante para o gozo da imunidade... "A imunidade tributária constante do art. 150, 
VI, d, da CF/88 aplica-se ao livro eletrônico (e-book), inclusive aos suportes 
 
3 BALEEIRO, Aliomar. Direito tributário brasileiro. 11 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2001, p. 
151-152. 
Módulo Controle da Incidência Tributária 
exclusivamente utilizados para fixá-lo." 
Diante do avanço tecnológico, quando abordamos o conceito de livro, este não 
perde sua característica em função do seu modo de produção, sendo de grande 
relevância, em verdade, a mensagem que se objetiva propagar. Isso posto, a imunidade 
prevista no dispositivo constitucional abarca também os e-books e os áudio-books, 
aplicando-se também o mesmo entendimento aos readers, aparelhos leitores de livros, 
sendo assim, ressalta-se que a norma tem a finalidade de possibilitar a leitura, o que 
viabiliza a aplicação dessa garantia constitucional. Por outro lado, consequentemente, 
não há imunidade em relação a tablets, laptops e smartphones, vez que atingem outros 
fins além da leitura. 
O anexo XIII refere-se ao tema do item “f” da questão nº 3, divergente da 
presente questão, por isso não comentado, eis que abordado naquela questão. 
 
6. No caso da imunidade para as instituições de assistência social sem fins lucrativos, 
o cumprimento do art. 14 do CTN é suficiente para garantir sua aplicação ou ainda é 
necessária a comprovação do caráter assistencial e filantrópico previsto no art. 203 
da CF/88? É possível que lei ordinária garanta sua aplicação? (Vide anexo XIV). 
É de se destacar que a CF/88 garante imunidade tributária às instituições de 
educação e de assistência social, sem fins lucrativos, no que tange à instituição de 
impostos que incidam sobre o patrimônio, a renda ou serviços relacionados às suas 
finalidades essenciais, desde que sejam atendidos os requisitos elencados no art. 14 
do CTN. 
O art. 150, VI, “c”, da CF/88, aduz que é vedado a instituição de impostos sobre 
esse tipo de instituição quando atendidos os requisitos da lei. Veja-se que o 
dispositivo constitucional não traz de forma expressa que deverá haver a 
comprovação do caráter assistencial e filantrópico, porém, determina que deverá 
atender os requisitos da lei, e é aí que entram os arts. 9º e 14 do CTN. 
O art. 9º, IV, “c”, do CTN reflete o texto constitucional, dispondo que é vedado 
cobrar imposto sobre “o patrimônio, a renda ou serviços dos partidos políticos, 
inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições 
de educação e de assistência social, sem fins lucrativos”, devendo observar outros 
dispositivos do mesmo diploma legal, entre eles o art.14. 
Por sua vez, o art. 14, do CTN, traz em seu bojo os requisitos para aplicação 
do benefício elencado no art. 9º, IV, “c” vejamos: 
Módulo Controle da Incidência Tributária 
Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é subordinado 
à observância dos seguintes requisitos pelas entidades nele referidas: 
I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas 
rendas, a qualquer título; 
II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção 
dos seus objetivos institucionais; 
III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros 
revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão. 
§ 1º Na falta de cumprimento do disposto neste artigo, ou no § 1º do 
artigo 9º, a autoridade competente pode suspender a aplicação do 
benefício. 
§ 2º Os serviços a que se refere a alínea c do inciso IV do artigo 9º 
são exclusivamente, os diretamente relacionados com os 
objetivos institucionais das entidades de que trata este artigo, 
previstos nos respectivos estatutos ou atos constitutivos. (grifo 
nosso) 
 
Conforme se depreende do dispositivo acima, destaca-se que a imunidade 
concedida às instituições de assistência social pelo CTN e pela CF/88, será 
concedida quando os serviços dessas instituições forem, exclusivamente, 
diretamente ligados com as finalidades institucionais previstas nos estatutos ou atos 
constitutivos das entidades. Dessa forma, percebe-se que em cumprimento do art. 
14, haverá a comprovação natural do caráter assistencial e filantrópico previsto no 
art. 203 da CF/88. 
Importante salientar o entendimento já explanado em questão anterior deste 
seminário, apesar das imunidades estarem perfeitamente delineadas no texto 
constitucional e serem autoaplicáveis, nada impede que possam ser 
complementadas por norma infraconstitucional. Assim bem ensina o professor Paulo 
de Barros Carvalho: “A qualificação utilizada pelo comando constitucional tem de ser 
bastante em si mesma para compor hipótese de imunidade, o que não exclui a 
participaçãodo legislador complementar na regulação das condicionantes fáticos 
definidos pela norma imunizante.”4 
Entretanto, quanto à indagação final da questão, deve-se observar o disposto 
no art. 146, II, da CF/88, o qual dispõe que cabe à lei complementar regular as 
limitações constitucionais ao poder de tributar. 
O anexo XIV reflete julgamento no qual o STF estende a imunidade à renda 
auferida pela instituição de assistência social por meio de aplicações financeiras. 
Corroboro com o entendimento da Suprema Corte, tenda em vista que no caso em 
 
4 CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 31 ed. São Paulo: Noeses, 2021, 
p. 205. 
Módulo Controle da Incidência Tributária 
discussão a renda auferida era utilizada para atingir os objetivos da própria entidade, 
ou seja, renda auferida para galgar suas finalidades essenciais. 
 
7. Explicar as diferenças entre as correntes dicotômica e tricotômica na aplicação das 
normas gerais de direito tributário. Precisar o sentido da expressão “normas gerais 
de direito tributário”, diferenciando lei complementar nacional e lei complementar 
federal. 
A corrente dicotômica prevê que a lei complementar deve dispor no que tange 
sobre normas gerais em sede de direito tributário, sendo elas os conflitos de 
competência entre os entes federativos e regular as limitações constitucionais ao 
poder de tributar. 
Por sua vez, a corrente tricotômica preconiza que compete a lei complementar, 
além de dispor sobre conflitos de competência em matéria tributária e regular as 
limitações constitucionais ao poder de tributar, estabelecer normas gerais da 
legislação tributária. 
Ademais, necessário destacar o art. 146, da CF/88: 
Art. 146. Cabe à lei complementar: 
I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a 
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; 
II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar; 
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, 
especialmente sobre: 
[...] 
 
Percebe-se, no estudo quanto ao tema, que a corrente tricotômica averigua 
cada inciso do dispositivo acima de forma isolada, outorgando a legislação 
complementar o comando de dispor referente às regras gerais em matéria tributária. 
Por outro lado, a corrente dicotômica internaliza o inciso III aos outros dois 
incisos, deferindo que cabe à lei complementar estabelecer normas gerais em sede 
de legislação tributária, porém, envolvendo os temas, quando dentro dessa seara do 
direito, conflitos de competência entre os entes federativos e regular as limitações 
constitucionais ao poder de tributar. 
Em relação a expressão “normas gerais de direito tributário”, entende-se que 
pode ser compreendida como um conjunto das normas estabelecidas pelo legislativo 
com o intuito de instituir regras de tributação, ou seja, normas aptas a vincular todos 
os entes federados e os administrados e não no sentido de genéricas. 
Em relação a diferenciação entre lei complementar nacional e lei complementar 
Módulo Controle da Incidência Tributária 
federal, entende-se que em relação a primeira, quando a União dispõe apenas 
matérias de normas gerais, caberá aos outros entes federativos complementar o 
conteúdo, porém, sempre respeitando o texto constitucional. Pode-se dizer que seria 
uma competência concorrente. Já em relação a segunda, os entes federativos 
possuem autonomia legislativa, caracterizando competência comum. 
 
8. O art. 146, inciso III, da CF, autoriza a lei complementar a definir os fatos geradores, 
bases de cálculo e contribuintes dos impostos já discriminados na Constituição? Isso 
não violaria o princípio da autonomia das pessoas políticas? Considerar as recentes 
decisões proferidas pelos Ministros do STF no RE 566.622 e ADI´s 2028, 2036, 2228 
e 2621. 
Analisando o caso concreto e considerando as decisões dos julgados do 
enunciado da questão, entende-se que a interpretação seria aplicada pela direção 
da corrente dicotômica, de modo que a norma geral sobre fato gerador, base de 
cálculo e contribuinte, todos esses em matéria tributária, deve tratar apenas para fins 
aos quais ela poder editada, quais sejam, conflito de competência e regulação quanto 
as limitações constitucionais ao poder de tributar. 
Noutra banda, caso restasse o entendimento pela outra corrente, 
consequentemente ocasionaria uma competência ilimitada e assim, afrontaria 
fortemente os princípios da segurança jurídica, da isonomia e do pacto federativo. 
Mais ainda, uma interpretação equivocada, chegaria até na compreensão de que o 
texto do dispositivo constitucional mencionado no comando da questão, autoriza que 
lei complementar institua hipótese de incidência de um tributo já delineado em nossa 
Constituição Federal. 
Dessa forma, direcionando pela linha da corrente dicotômica, entende-se que 
não há violação do ao princípio da autonomia das pessoas políticas, ao passo que 
não se avança no rol de competências dessas pessoas políticas, tendo em vista que 
tão somente há uma complementação e não uma definição de normas de 
constituição e, sim, definição de limites materiais e objetivos.

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