Buscar

1REGA

Prévia do material em texto

Notas de Rega & Drenagem FAEF-DER 2005 
 
 
 
 RREEGGAA EE DDRREENNAAGGEEMM 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
1.1 REGA E DRENAGEM 
 
 Rega é uma operação agrícola que permite abastecer a água necessária às culturas. 
Podemos notar três aspectos importantes na rega: 
 1 - a água é colhida, transportada e distribuída às culturas; 
 2 - a água deverá ser suficiente para satisfazer as necessidades das culturas; 
 3 - os agricultores deverão ser capazes de manusear o caudal usado para a rega. 
 Em climas secos onde a baixa precipitação não satisfaz as necessidades em água das 
culturas a rega é um garante para o sucesso da produção agrícola. 
 É claro que a rega por si só não trará os benefícios necessários se não for adequadamente 
complementada com outras práticas agrícolas. A rega deverá funcionar em harmonia com a 
drenagem para garantir uma condição optimal de humidade no solo. O alagamento prolongado do 
solo é prejudicial às culturas; por outro lado água excessiva poderá provocar a lavagem dos 
nutrientes no solo empobrecendo-o. 
 Dependendo das condições climáticas do local em questão a rega poderá ser total ou 
suplementar. 
 Em climas secos toda a água necessária para a cultura deve ser abastecida através da rega. 
Em áreas onde a produção agrícola é possível com base na precipitação sendo que a rega vai 
aumentar a produção, falamos de rega suplementar. 
 A Rega e Drenagem devem, portanto permitir a obtenção dum rendimento óptimo nas 
circunstâncias específicas do local. 
Notas de Rega & Drenagem FAEF-DER-2005
 
 
1.2 VANTAGENS E DESVANTAGENS DA AGRICULTURA IRRIGADA 
 
 Em resumo podem ser apontadas as seguintes vantagens da agricultura irrigada: 
• 
• 
Produção garantida, pois a chuva deixa de ser o factor determinante na agricultura, pouco 
importando a sua boa ou má distribuição. 
Maior produção por unidade de área, possibilidade de mais que uma colheita por ano e 
melhor qualidade do produto. 
 
 
• 
• 
• 
• 
• 
• 
Possíveis desvantagens poderão ser: 
 
Um cultivo mais intenso é capaz de expor em perigo a fertilidade do solo. 
 
Perigo de prejuízo por inundação. 
 
Perigo de salinização, seja por sais na água de rega, seja por sais na água no lençol freático 
e/ou no subsolo. 
 
Os canais de Rega e de drenagem são obstáculos ao trabalho mecanizado e ocupam espaço 
que poderia ser destinado à cultura. 
 
Por causa dos custos envolvidos a rega precisa de um cálculo económico. 
 
Lixiviação de nutrientes por percolação profunda de água; doenças ligadas à água, etc. 
 
 
 
 
1.3 A GEOGRAFIA E DIFUSÃO DA REGA 
 
 A origem da rega data de há mais de 4000 anos. As antigas civilizações tiveram suas 
origens em regiões áridas, onde a produção só era possível graças à rega. Assim, as grandes 
aglomerações se fixaram nas margens férteis dos rios Huang Ho e Iang-tse Kiang, no vasto 
império da China, do Nilo, no Egipto, do Tigre e do Eufrates, na Mesopotânia/Babilónia, do 
Ganges e do Indo, na Índia e do Mekong na Indochina, e foram nascidas e conservadas graças à 
utilização eficiente de seus recursos hidráulicos. 
 Só mais tarde a cerca de 1500 anos, é que a humanidade foi se desenvolvendo em regiões 
húmidas, onde a rega perdeu sua necessidade vital. 
 2
Notas de Rega & Drenagem FAEF-DER-2005
 
 
 Com o tempo a necessidade de mais alimentos cresceu com o contínuo crescimento 
demográfico e a humanidade se viu novamente obrigada a usar os recursos da rega. O papel da 
produção de alimentos é cada vez maior que o de matéria básica para a indústria: 
 
 algodão 7% 
 cana de açúcar 6% 
 forragens 10% 
outros 9%.
 arroz 34% 
 trigo 17% 
 milho 4% 
 outros cereais 5% 
 hortaliças e frutas 8% 
 
 
 As tabelas 1.1 a 1.3 mostram a situação da rega no mundo, em África e em Moçambique, 
respectivamente. 
 
Tabela 1.1: Distribuição de regadios pelo Mundo em % e em milhões de ha, 
FAO production Yearbook 1991. 
 Área regada em 
 Milhões de ha. 
 % da área regada 
 no Mundo 
 
 Ásia 
 Ex União Soviética 
 América do Norte 
 Europa 
 América Latina 
 África 
 Oceânia 
 160 
 21 
 20 
 17 
 16 
 11 
 2 
 67 
 9 
 8 
 7 
 7 
 5 
 2 
 
Tabela 1.2: Distribuição de áreas regadas (ha) em África em relação à potencialmente 
regável, 1982. 
 
 3
Notas de Rega & Drenagem FAEF-DER-2005
 
 
 
 País 
 Área 
 Potencialmente 
 Regável 
 Área 
 regada 
 (ha) 
 Área regada, 
% da área regável 
 Angola 
 Kenya 
 Madagascar 
 Moçambique 
 Nigeria 
 Senegal 
 Sudão 
 Zimbabwe 
 6.700.000 
 350.000 
 1.200.000 
 2.400.000 
 2.000.000 
 180.000 
 3.300.000 
 280.000 
 10.000 
 49.000 
 960.000 
 70.000 
 850.000 
 100.000 
 1.750.000 
 130.000 
 < 1 
 14 
 80 
 3 
 43 
 56 
 53 
 46 
 
 
 
 Tabela 1.3: Tendência da área regada em Moçambique. 
 
 Ano Áreas com infra-estrutura de rega 
 (ha) 
 1968 
 1973 
 1987 
 65.000 
 100.000 
 125.000 
 
 70% das áreas com infra-estruturas de rega em Moçambique encontram-se nas províncias 
de Maputo e Gaza (açucareiras e o regadio de Chókwe). 
 
 As percentagens conforme a cultura cultivada são: 
 arroz 43% 
 cana de açúcar 31% 
 outros cereais e hortaliças 22% 
 4
Notas de Rega & Drenagem FAEF-DER-2005
 
 
 citrinos 4% 
 
 
2. QUANTIDADE DE ÁGUA DE REGA E PROGRAMAÇÃO DA REGA 
2.1 EVAPOTRANSPIRAÇÃO DA CULTURA 
 
TRANSPIRAÇÃO 
 
 Plantas expostas à atmosfera absorvem a radiação solar. Esta energia vai provocar a 
formação de vapor de água dentro das células da planta. O vapor formado difunde-se através dos 
 estomas das folhas para a atmosfera. Este processo chama-se transpiração. Esta perda de água 
através das folhas é reposta pela absorção da água do solo através das raízes. Ao mesmo tempo 
nutrientes dissolvidos na água do solo entram na planta e são distribuídos por todas as partes da 
planta. 
 As células são abastecidas pela água para manter a sua turgidez, metabolismo 
fotossintético e crescimento. A transpiração é, portanto essencial neste processo de translocação 
na planta. É estimado que mais de 95% de toda a água absorvida pela planta é perdida através da 
transpiração. O problema aparece quando a água perdida pela transpiração não é reposta 
suficientemente cedo para manter a condição optimal da água na célula. Como resultado a planta 
murcha. 
 
EVAPOTRANSPIRAÇÃO 
 Evapotranspiração (ET) é a soma da água perdida a partir da superfície do solo 
descoberto através da evaporação (E) e a perdida pelas plantas através da transpiração (T). 
 A evaporação do solo é incluída porque em muitos casos é uma perda inevitável da água 
na zona radicular que deverá ser reposta pela precipitação ou rega. 
 
EVAPOTRANSPIRAÇÃO DE REFERÊNCIA 
 Necessidades de água da cultura são definidas como a quantidade de água necessária para 
satisfazer as perdas por evapotranspiração duma cultura (ETc) livre de doenças, crescendo num 
 5
Notas de Rega & Drenagem FAEF-DER-2005
 
 
campo largo, sob condições não restritivas do solo (água e fertilidade) e atingindo a produção 
potencial máxima nas dadas condições ambientais. 
 Nestas condições 3 factores determinam as necessidades de água da cultura: 
 (1) factor climático que vai determinar o nível da ET. 
 (2) características da planta quanto à transpiração. 
 (3) condições ambientais que afectam o abastecimento de água a planta como a 
capacidade de retenção de água do solo. 
 
 A evapotranspiração de referência da cultura (ETo) é estimada pela evapotranspiração 
duma cultura de referência nas condições padrão ou de referência. ETo é definida como a taxa de 
evaporação duma superfície extensa de relva verde de altura uniforme 8 - 15 cm, crescendo 
activamente, cobrindo completamente a superfície do solo, crescendo sem deficiência de água. 
 A evapotranspiração de referência da cultura pode ser determinada directamente através 
da medição em lisímetrosou indirectamente através de cálculo usando fórmulas empíricas ou 
tinas de evaporação. No caso das tinas terão que ser usados factores de correcção da tina que são 
função do tipo de tina. 
 Fórmulas empíricas vulgarmente usadas são: fórmula de Penman, o método de 
Thornthwaite, o método de Blaney-Criddle entre outras. 
 A seguir será tratada apenas a medição de ETo com lisímetros. 
 
2.2 DETERMINAÇÃO DA EVAPOTRANSPIRAÇÃO DA CULTURA USANDO 
LISÍMETROS 
 
 Lisímetro é um grande contentor recheado de solo, geralmente localizado no campo para 
representar as condições ambientais do campo, em que as condições solo-água-planta podem ser 
reguladas e monitoradas duma forma mais precisa que no perfil do solo natural, fig. 2.1. 
 O lisímetro é usado para medir a quantidade de água que entra ou sai dum contentor de 
solo descoberto ou coberto duma vegetação. 
 A quantidade de água que sai ou entra no lisímetro pode ser representada através da 
seguinte equação de balanço de água: 
 6
Notas de Rega & Drenagem FAEF-DER-2005
 
 
 7
 P + I = ET + D W± ∆ 
 
 P = precipitação 
 I = irrigação 
 D = drenagem 
 ∆W = variação da humidade durante um dado período de tempo. 
 
 A precipitação e rega podem ser medidas directamente por métodos convencionais como, 
por exemplo, pluviómetros. 
 Arranjos especiais são feitos na base do lisímetro para medir a água percolada através do 
lisímetro, a drenagem (D). 
 A mudança da humidade no solo (∆W), a qual representa o armazenamento da água no 
solo depois duma precipitação ou rega ou a redução da água no solo devido a evapotranspiração é 
como se segue: 
 
 Em lisímetros pesáveis a mudança de peso (corrigido para a precipitação e drenagem) 
oferece resultados precisos de mudança de humidade. O mecanismo de pesagem é 
complicado e caro o que torna este método limitado. 
 Em lisímetros não pesáveis outros métodos são usados como tensiómetros, métodos de 
resistência eléctrica ou prova de neutrões. O método de amostragem não tem sido muito 
conveniente para este caso porque deixaria buracos no lisímetro. Em muitos casos ainda o 
balanço de água é determinado no período entre duas drenagens, ∆W torna-se desprezível 
e a equação do balanço toma a forma: 
 ET = P + I - D 
 Os lisímetros são uma ferramenta indispensável para o controlo da precisão das fórmulas 
para o cálculo da evapotranspiração e dos equipamentos para a medição da evapotranspiração. 
Notas de Rega & Drenagem FAEF-DER-2005
 
 
 
 Fig. 2.1: lisímetro 
 
2.3 RELAÇÃO ENTRE EVAPOTRANSPIRAÇÃO DE REFERÊNCIA (ETo) E 
EVAPOTRANSPIRAÇÃO MÁXIMA DUMA CULTURA (ETc) 
 
 Como tratado anteriormente, ETo é a quantidade de água usada por uma cultura padrão 
(relva verde) crescendo em condições optimais. Dá-nos, portanto a medida do efeito das 
condições climáticas no uso da água das culturas. No entanto, a cultura de interesse será diferente 
da cultura padrão em muitos aspectos de tal forma que ETc será diferente de ETo nas mesmas 
condições climáticas. Adicionalmente ETc varia em função do estágio de crescimento como 
função da cobertura do terreno (área foliar), desenvolvimento radicular e actividade das folhas. 
 A relação ETc/ETo tem sido calculada experimentalmente, usando lisímetros e é 
chamada constante de cultura (Kc). Sendo conhecido Kc então pode ser calculada a ETc como: 
 ETc = Kc * ETo 
 
 Esta relação tem sido usada nos projectos de rega para estimar as necessidades de água da 
cultura. O valor de ETo ao longo do período de crescimento da cultura pode ser calculado usando 
um método adequado para os dados disponíveis. 
DETERMINAÇÃO DA CONSTANTE DE CULTURA (Kc) 
 
 8
Notas de Rega & Drenagem FAEF-DER-2005
 
 
 Para uma dada cultura Kc não é constante, depende principalmente do estágio de 
crescimento da cultura. Outros factores tais como a frequência da precipitação ou rega também 
afectam o valor de Kc. Para todas as culturas anuais o período de crescimento pode ser dividido 
em 4 estágios (ver exemplo para cultura de milho – fig.2.2): 
1 - Fase inicial ou de estabelecimento - desde a germinação ao estabelecimento. 
Caracterizada por um fraco aumento da cobertura vegetal (menor que 10%). 
2 - Fase de desenvolvimento - desde o final da fase inicial até à cobertura total do terreno. 
Rápido aumento da cobertura vegetal. 
3 - Fase de cobertura máxima - caracterizada por uma cobertura aproximadamente 
constante, até ao início da maturação. 
4 - Fase de maturação - desde o início da maturação até a colheita, folhas velhas 
transpirando menos. 
 
 Fig. 2.2: Fases de crescimento – exemplo da cultura de milho. 
 
 Na fase inicial a ETc é baixa devido à baixa transpiração. Sendo ETc a soma da 
evaporação a partir do solo nú e da transpiração, a ETc vai depender do período de tempo em que 
o solo está húmido e do grau de humidade. Isto porque a evaporação do solo é maior em solos 
 9
Notas de Rega & Drenagem FAEF-DER-2005
 
 
húmidos e vai decrescendo com a redução da humidade do solo. Este efeito é mais significativo 
na fase inicial e Kc é determinado em certa medida pela quantidade total da precipitação ou rega 
e o intervalo de tempo de incidência, veja fig. 2.3. 
 
 
 
 Fig. 2.3: Valores médios de Kc durante a fase inicial 
 
 A variação dos valores de Kc ao longo do ciclo da cultura é normalmente representada 
por uma curva de Kc que começa com a sementeira até a colheita. Esta curva é determinada 
experimentalmente usando lisímetros para medir ETc e ETo. Um exemplo da curva de Kc para 
milho pode ser visto na fig.2.4. 
 
 10
Notas de Rega & Drenagem FAEF-DER-2005
 
 
 
 Fig. 2.4: Exemplo da curva de Kc para a cultura de milho. 
 
 
 Valores de Kc para várias culturas podem ser encontrados no manual da FAO para 
Irrigação e Drenagem "FAO 24 - Crop Water Requirements". Na tabela 2.1 e tabela 2.2 são, 
respectivamente, apresentadas as durações das fases de crescimento e os valores de Kc para 
algumas culturas. 
 11
Notas de Rega & Drenagem FAEF-DER-2005
 
 
Tabela 2.1: Duração aproximada das fases de desenvolvimento para algumas 
culturas. 
 (Fonte: FAO 24, 1984) 
 
 
Cultura 
 Fase 
 inicial 
 fase de 
 desenv. 
 fase de 
 cobertura 
 máxima 
 fase de 
 maturação 
 
 Total 
Cevada/aveia 
/trigo 
 
Feijão - seco 
 
 
Couve 
 
 
Cenoura 
 
 
algodão 
 
 
alface 
 
 
Milho- grão 
 
 
cebola-verde 
 
 
Cebola- seca 
 
 
amendoim 
 
 
batata 
 
 
mapira 
 
 
tomate 
15 
15 
 
15 
20 
 
20 
25 
 
20 
25 
 
30 
30 
 
20 
35 
 
20 
30 
 
25 
20 
 
15 
20 
 
25 
30 
 
25 
30 
 
20 
20 
 
30 
35 
25 
30 
 
25 
30 
 
25 
30 
 
30 
35 
 
50 
50 
 
30 
50 
 
35 
30 
 
30 
40 
 
25 
35 
 
35 
40 
 
30 
35 
 
30 
35 
 
40 
45 
50 
65 
 
35 
40 
 
60 
65 
 
30 
70 
 
55 
65 
 
15 
45 
 
40 
60 
 
10 
20 
 
70 
10 
 
45 
45 
 
30 
50 
 
40 
45 
 
40 
70 
 
30 
40 
 
20 
20 
 
15 
20 
 
20 
20 
 
45 
50 
 
10 
10 
 
30 
40 
 
5 
10 
 
40 
45 
 
25 
25 
 
20 
30 
 
30 
30 
 
25 
30 
120 
150 
 
95 
110 
 
120 
140 
 
100 
150 
 
180 
195 
 
75 
140 
 
125 
180 
 
70 
95 
 
150 
110 
 
130 
140 
 
105 
145 
 
120 
130 
 
135 
180 
 
 
 
 
 
 
 12
Notas de Rega & Drenagem FAEF-DER-2005
 
 
 
 Tabela 2.2: Coeficientes de cultura (Kc) para diferentes estágios de 
crescimento 
 e condições climáticas dominantes. 
 (Fonte: FAO 24, 1984) 
 
 Cultura Humidade (HR) RH > 70% RH < 20% 
 Velocidade do vento 
(m/s) 
 
0 - 5 5 - 8
 
0 - 5 5 - 8 
 
 
 Cevada 
 
 
 Cenoura 
 
 
Milho (grão) 
 
 
 Algodão 
 
 
 Alface 
 
 
 Cebola, seca 
 
 
 Cebola, verde 
 
 
 Amendoim 
 
 
 Batata 
 
 
 Mapira 
 
 
 Tomate 
 
 
 Trigo 
 Estágio da cultura 
 
 3 
 4 
 
 3 
 4 
 
3 
4 
 
 3 
 4 
 
 3 
 4 
 
 3 
 4 
 
 3 
 4 
 
 3 
 4 
 
 3 
 4 
 
 3 
 4 
 
 3 
 4 
 
 3 
 4 
 
 
1,05 1,1 
0,25 0,25 
 
1,0 1,05 
0,7 0,75 
 
1,05 1,1 
0,55 0,55 
 
1,05 1,15 
0,65 0,65 
 
0,95 0,95 
0,9 0,90,95 0,95 
0,75 0,75 
 
0,95 0,95 
0,95 0,95 
 
0,95 1,0 
0,55 0,55 
 
1,05 1,1 
0,7 0,7 
 
1,0 1,05 
0,5 0,5 
 
1,05 1,1 
0,6 0,6 
 
1,05 1,1 
0,25 0,25
 
 
1,15 1,2 
0,2 0,2 
 
1,1 1,15 
0,8 0,85 
 
1,15 1,2 
0,6 0,6 
 
1,2 1,25 
0,65 0,7 
 
1,0 1,05 
0,9 1,0 
 
1,05 1,1 
0,8 0,85 
 
1,0 1,05 
1,0 1,05 
 
1,05 1,1 
0,6 0,6 
 
1,15 1,2 
0,75 0,75 
 
1,1 1,15 
0,55 0,55 
 
1,2 1,25 
0,65 0,65 
 
1,15 1,2 
0,2 0,2 
 13
Notas de Rega & Drenagem FAEF-DER-2005
 
 
2.4 NECESSIDADES DE ÁGUA DA CULTURA 
 
 Como foi referenciado antes, as necessidades da água da cultura NAC ou ETc são 
calculadas a partir de ETo e Kc pela equação: 
 ETc = Kc * ETo 
 
 Resumo de passos necessários para calcular ETc: 
 
1 - Calcular ETo por década para o período de crescimento considerado. 
 
2 - Construir a curva de Kc e extrapolar valor de Kc por décadas. 
 
3- Calcular ETc por década. 
 
 
 
2.5 O BALAÇO DA ÁGUA NO SOLO 
 
 
 Água é adicionada à humidade do solo no perfil pela precipitação, P (mm), rega, I 
(mm), ou ascensão capilar, Ge (mm), do lençol freático. 
 Água é retirada do solo por evapotranspiração, ETc (mm), percolação profunda, Dp 
(mm), e escoamento superficial, Ro (mm). 
 A equação do balanço da água pode ser então escrita como: 
 ∆W = P + I + Ge - ETc - Ro - Dp 
∆W = mudança de humidade no solo (mm). 
 
 
 
 14
Notas de Rega & Drenagem FAEF-DER-2005
 
 
2.6 A CONTRIBUIÇÃO DA PRECIPITAÇÃO NO BALANÇO DA ÁGUA NO 
SOLO 
 
 Nem toda a precipitação que atinge o solo é utilizável pelas plantas. Parte da 
precipitação é perdida tanto através do escoamento superficial como da percolação profunda. 
 O escoamento superficial depende da intensidade e duração da precipitação, das 
características do solo (textura, estrutura), do declive do terreno e da cobertura vegetal. 
 A percolação profunda vai depender da humidade inicial do solo, capacidade de 
retenção da água do solo (tipo do solo) e da profundidade da zona radicular (tipo de cultura). 
 A parte útil da precipitação (Ptot - Ro - Dp) é designada de precipitação efectiva e 
pode ser definida como a fracção da precipitação que é armazenada na zona radicular e usada 
pelo sistema planta-solo para evapotranspiração. 
 Como não é prático medir a precipitação efectiva em cada local, uma série de 
fórmulas empíricas têm sido desenvolvidas para estimar a precipitação efectiva, algumas 
destas fórmulas são apresentadas a seguir. É de notar que nenhuma destas fórmulas foi testada 
para a nossa região. 
 
a) Percentagem fixa da precipitação 
 eff totP = a* P a = 0,7 - 0,9 
 
b) Método da FAO 
 eff tot totP = 0,6 P -10 ; P < 70 mm 
 eff tot totP = 0,8 P - 24 ; P > 70 mm 
 
c) Método USDA-SCS 
 eff tot tot totP = P (
125 -0,2 P
125
) ; P < 250 mm 
 
 
 15
Notas de Rega & Drenagem FAEF-DER-2005
 
 
 16
 eff tot totP = 125+0,1 P ; P > 250 mm 
 
 Agora a equação do balanço de água pode ser escrita como: 
 ∆W = P + I + G - ET - Deff e c p,I 
 
 Onde Dp,I = percolação do excesso de água de rega. 
 
 
2.7 A CONTRIBUIÇÃO DO LENÇOL FREÁTICO NO BALANÇO DA ÁGUA DO 
SOLO 
 
 Se o lençol freático não estiver muito abaixo da zona radicular, poderá contribuir para 
a humidade na zona radicular através da ascensão capilar. O fluxo capilar é função dos 
seguintes factores: 
 - a profundidade do lençol freático; 
 - o tipo de solo; 
 - o teor de humidade na zona radicular, ou seja, a diferença no teor de água entre o 
lençol freático (100%) e a zona radicular. 
 
 Para a maior parte dos solos a contribuição do lençol freático significa apenas quando 
este se situa a menos de um metro da zona radicular, veja fig. 2.5. 
Notas de Rega & Drenagem FAEF-DER-2005
 
 
 
 Fig. 2.5: Contribuição do lençol freático para a humidade na zona radicular em 
mm/dia. 
 
 
2.7 NECESSIDADES LÍQUIDAS DA ÁGUA DE REGA 
 
 Se tivermos em conta que a humidade do solo deve ser mantida constante a um certo 
nível (∆W = 0) e as necessidades da cultura ETc devem ser totalmente satisfeitas sem perda 
da água de rega através do escoamento superficial ou percolação profunda (Dp,I = 0), a 
equação do balanço da água no solo pode ser reescrita como: 
 eff n e cP + I + G - ET = 0 
e então 
 17
Notas de Rega & Drenagem FAEF-DER-2005
 
 
 18
e n c effI = ET -( P + G ) 
 
Onde, In = necessidades líquidas da água de rega. 
 
 
EXERCÍCIO: 
 Calcule as necessidades líquidas de água de rega (In) para o mês de Janeiro na estação 
meteorológica de Xai-Xai. Use o método da FAO para calcular a Precipitação 
efectiva. 
 
Cálculo 
Dados: 
 ETo = 161 mm; Kc = 1,1; Precipitação, P = 108 mm; 
 Solo franco arenoso (solo 7, fig.5.2); 
 Lençol freático a 1,5 m de profundidade. 
R: 
In = ETc - (Peff + Ge) 
ETc = ETo*Kc = 161*1.1 = 177.1 mm 
Peff = ? 
Ptot > 70 mm; Peff= 0,8.Ptot-24 = 0,8*108-24 
Peff = 62,4 mm 
Ge = 0,5 mm/dia (veja fig.2.4, solo 7) 
Para todo o mês de Janeiro Ge = 31*0,5 = 15,5 mm 
 
In = 177,1-(62,4+15,5) = 99,2 mm. 
 
 
 
 
 
Notas de Rega & Drenagem FAEF-DER-2005
 
 
2.3 METODOS DE DETERMINAÇÃO DA HUMIDADE DO SOLO 
2.3.1 INTRODUÇÃO 
 
 Para tomar a decisão de quando regar pode-se basear no conhecimento da humidade 
actual do solo. Conhecendo a humidade actual do solo, pode-se determinar a quantidade de água 
de rega necessária para manter a humidade do solo a um nível acima do nível mínimo desejável 
para as culturas. 
 Os valores de humidade do solo podem ser determinados por medição directa ou por 
dedução de outros parâmetros do solo como, por exemplo, o potencial de água do solo ou a 
condutividade eléctrica. A seguir são alguns dos métodos usados para determinar a humidade do 
solo. 
 
 
2.3.2 MÉTODO GRAVIMÉTRICO 
 
A percentagem da humidade é determinada por pesagem de uma amostra de solo retirada 
do campo, seca na estufa mantida à temperatura de 150oC (acima desta temperatura pode ocorrer 
a perda da matéria orgânica) e pesada novamente; por diferença de peso obtêm-se o conteúdo de 
humidade e o peso de solo seco a 105oC. Este é o método de mais fácil uso e por isso 
largamente usado na determinação da humidade do solo. Amostras de solo são retiradas em 
várias profundidades na zona radicular e em diversos lugares representativos na área a ser 
regada. 
Calcula-se a percentagem de água por peso seco: 
W W w W d
W d
=
−
× 1 0 0
 
onde 
W = humidade do solo em percentagem de peso seco (%) 
Ww = peso do solo húmido (g) 
Wd = peso do solo seco (g) 
 19
Notas de Rega & Drenagem FAEF-DER-2005
 
 
Para o cálculo da humidade em percentagem por volume, θ, (cm3/cm3) é necessário multiplicar 
W pela densidade aparente do solo em g /cm3. Também se pode usar a fórmula seguinte, 
conhecendo o volume da amostra de solo e considerarmos que a densidade da água é igual à 
unidade: 
 
θ = − ×Ww Wd
V
100
 
Onde: 
θ = humidade do solo em percentagem de volume (cm3/cm3 ) 
V = Volume do solo (cm3). 
 
2.3.3 MÉTODO DO TENSIÓMETRO 
 
 Este instrumento mede directamente a tensão de humidade de solo, consiste em uma 
cápsula de porcelana porosa, cheia de água e ligado a um dispositivo a vácuo (Fig. 2.6). Com a 
sonda, faz-se um buraco no solo com diâmetro pouco maior que o da cápsula e de profundidade 
suficiente para atingir o local escolhido; a cápsula é introduzida firmemente no solo para permitir 
perfeito contacto com a massa envolvente. À medida que as raízes retiram a água do solo, ocorre 
o aumento da tensão e estabelece-se um fluxo de água da cápsula para o solo até que ocorra um 
equilíbrio entre a tensão do solo e o vácuo do tensiômetro. Um mostrador graduado ou uma 
coluna de mercúrio indicará a tensão. Estes instrumentos são algumas vezes empregados aos 
pares, um próximo à superfície e outro no fundo da zona das raízes. Isto auxilia as medições para 
uma efectiva rega. 
 Os tensiômetro registam só até 0,8 bar,amplitude pequena em termos de solo, e seu 
emprego fica restrito às condições de elevado teor de humidade geralmente existentes em um 
regadio. No ciclo de rega, a tensão de humidade de solo, excedendo 0,8 bar, fará com que o ar 
entre no conjunto através dos poros da cápsula, quebrando o vácuo e prejudicando as 
determinações; para colocar o tensiômetro novamente em funcionamento, dever-se-á encher 
novamente a cápsula, molhando o solo ao redor. Deve-se encher o tensiômetro com água pura e 
 20
Notas de Rega & Drenagem FAEF-DER-2005
 
 
eliminada qualquer bolha de ar porventura existente, e manuseá-la o menos possível, com 
cuidado para evitar que a gordura sempre existente na pela das mãos entupa-lhe os poros. A 
tabela 2.3 fornece indicações para a interpretação das leituras de tensiômetros. 
 
 
 
 Figura 2.6: Tensiómetro 
 
 21
	EVAPOTRANSPIRAÇÃO
	EVAPOTRANSPIRAÇÃO DE REFERÊNCIA
	Cálculo

Continue navegando