Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria Fis���o��� do ���t��a ga��r����es����l > Digestão É a quebra, ou degradação, química e mecânica dos alimentos em unidades menores que podem ser levadas através do epitélio intestinal para dentro do corpo. O sistema GI digere macromoléculas em unidades absorvíveis usando uma combinação de degradação mecânica e enzimática. A mastigação e a agitação gástrica produzem pedaços menores de alimento com mais área de superfície exposta às enzimas digestivas. O pH no qual as diferentes enzimas digestivas funcionam melhor reflete a localização onde elas são mais ativas. Por exemplo, enzimas que agem no estômago funcionam bem em pH ácido, e aquelas que são secretadas no intestino delgado funcionam melhor em pH alcalino. Quando o alimento inicialmente entra na boca, ele é inundado por uma secreção, a qual chamamos de saliva. Carboidratos: A digestão química inicia com a secreção da amilase salivar. A amilase quebra o amido em maltose depois que a enzima é ativada por Cl na saliva. A digestão mecânica dos alimentos inicia na cavidade oral com a mastigação. Os lábios, a língua e os dentes contribuem 1 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria para a mastigação do alimento, criando uma massa amolecida e umedecida (bolo) que pode ser facilmente engolida. Porém, a digestão iniciada na boca representa apenas uma pequena fração da digestão total do amido. A sua digestão continua de modo muito breve na parte superior do estômago, antes de a amilase ser inativada pelo ácido gástrico. A maior parte (cerca de 95% ou mais) da digestão do amido é concluída no intestino delgado pela amilase pancreática. Os produtos da amilase, tanto salivar quanto pancreática, são o dissacarídeo maltose e uma mistura de cadeias ramificadas curtas de moléculas de glicose. Esses produtos são degradados em monossacarídeos – glicose, galactose e frutose – por enzimas localizadas nas membranas apicais das células epiteliais do intestino delgado (borda em escova). Esses monossacarídeos são então transportados através do epitélio intestinal para o sangue. A frutose entra nas células epiteliais por difusão facilitada por meio de um transportador de glicose (GLUT), enquanto a glicose e a galactose sofrem transporte ativo secundário acoplado ao Na+ por meio do cotransportador de sódio-glicose (SGLT). Em seguida, esses monossacarídeos deixam as células epiteliais e entram no líquido intersticial por difusão facilitada através de várias proteínas GLUT nas membranas basolaterais das células epiteliais. A partir dessas células, os monossacarídeos difundem-se para a corrente sanguínea através dos poros capilares. Os carboidratos ingeridos são, em sua maior parte, digeridos e absorvidos nos primeiros 20% do intestino delgado. Proteínas: A maior parte da proteína no lúmen sofre degradação em dipeptídeos, tripeptídeos e aminoácidos, que são absorvidos pelo intestino delgado. As proteínas são em primeiro lugar degradadas parcialmente em fragmentos peptídicos no estômago pela enzima 2 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria pepsina, produzida a partir de um precursor inativo, o pepsinogênio. A degradação posterior é realizada no intestino delgado pelas enzimas tripsina e quimiotripsina, as principais proteases secretadas pelo pâncreas. Esses fragmentos peptídicos podem ser absorvidos, se forem pequenos o suficiente, ou são ainda digeridos a aminoácidos livres por carboxipeptidases (proteases adicionais secretadas pelo pâncreas) e aminopeptidases, localizadas nas membranas apicais das células epiteliais do intestino delgado. Essas últimas duas enzimas clivam os aminoácidos das extremidades carboxila e amino dos fragmentos peptídicos, respectivamente. Pelo menos 20 peptidases diferentes estão localizadas na membrana apical das células epiteliais, com várias especificidades pelas ligações peptídicas que elas atacam. Os produtos da digestão das proteínas são absorvidos, em sua maior parte, na forma de cadeias curtas de dois ou três aminoácidos por transporte ativo secundário acoplado ao gradiente de H +. Em contrapartida, os aminoácidos livres entram nas células epiteliais por transporte ativo secundário acoplado ao Na +. Dentro do citosol das células epiteliais, os dipeptídeos e os tripeptídeos são hidrolisados a aminoácidos, os quais, juntamente com os aminoácidos livres que entraram nas células, deixam então a célula e passam para o líquido intersticial por meio de transportadores de difusão facilitada nas membranas basolaterais. ! À semelhança dos carboidratos, a digestão e a absorção de proteínas são, em grande parte, completadas na parte superior do intestino delgado. Quantidades muito pequenas de proteínas intactas são capazes de atravessar o epitélio intestinal e ter acesso ao líquido intersticial. Esse processo ocorre por uma combinação de endocitose e exocitose. ! A capacidade absortiva de proteínas intactas é muito maior nos lactentes do que nos adultos, e os anticorpos (proteínas envolvidas no sistema de defesa imunológico do corpo) secretados no leite materno podem ser absorvidos em sua forma intacta pelo lactente, fornecendo alguma imunidade até que o sistema imune do lactente amadureça. Gorduras: A maior parte encontra-se na forma de gordura (triglicerídeos). Isso representa cerca de um terço do aporte calórico diário médio. 3 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria A digestão dos triglicerídeos ocorre, em grau limitado, na boca e no estômago e, predominantemente, no intestino delgado. A principal enzima digestiva nesse processo é a lipase pancreática, que catalisa a clivagem das pontes que ligam os ácidos graxos, produzindo dois ácidos graxos livres e um monoglicerídeo como produtos. Os lipídios nos alimentos ingeridos são insolúveis em água e agregam-se em grandes gotículas de lipídios na parte superior do estômago. Como a lipase pancreática é uma enzima hidrossolúvel, sua ação digestiva no intestino delgado só pode ocorrer na superfície de uma gotícula de lipídio. Por conseguinte, se a maior parte da gordura ingerida permanecesse em grandes gotículas de lipídios, a taxa de digestão dos triglicerídeos seria muito lenta, graças à pequena relação entre área de superfície e volume dessas grandes gotículas de gordura. Entretanto, a taxa de digestão é substancialmente aumentada pela divisão das grandes gotículas de lipídio em numerosas gotículas muito pequenas, assim, sua área de superfície e acessibilidade à ação da lipase. Esse processo é conhecido como emulsificação, e a suspensão resultante de pequenas gotículas de lipídios é denominada emulsão. A emulsificação da gordura exige a ruptura mecânica das grandes gotículas de lipídios em gotículas menores e um agente emulsificante, que atua para impedir a reagregação das gotículas menores em grandes gotículas. A ruptura mecânica é proporcionada pela motilidade do tubo GI, que ocorre na parte inferior do estômago e no intestino delgado, triturando e misturando o conteúdo luminal. Os fosfolipídios nos alimentos, juntamente com os fosfolipídios e sais biliares secretados na bile, fornecem agentes emulsificantes. Os fosfolipídios são moléculas anfipáticas e os sais biliares são formados a partir do colesterol no fígado e também são anfipáticos. As partes apolares dos fosfolipídios e dos sais biliares associam-se com o interior apolar das gotículas de lipídios, deixando as partes polares expostas na superfície da água. Nesse local, repelem outras gotículas de lipídios que são, de modo 4 Maria Tereza Trindade Teixeira - MedicinaTutoria semelhante, revestidos com esses agentes emulsificantes, impedindo, desse modo, sua reagregação em gotículas maiores de gordura. Entretanto, o revestimento das gotículas de lipídios com esses agentes emulsificantes compromete o acesso da lipase pancreática hidrossolúvel a seu substrato lipídico, uma vez que a lipase é incapaz de penetrar nos sais biliares. Para superar esse problema, o pâncreas secreta uma proteína conhecida como colipase, que é anfipática e se aloja na superfície da gotícula de lipídio. A colipase liga-se à enzima lipase, mantendo-a na superfície da gotícula de lipídio. De longe, a enzima mais importante para a digestão dos triglicerídios é a lipase pancreática, presente em enormes quantidades no suco pancreático, o suficiente para digerir em um minuto todos os triglicerídeos que puder atingir. Os enterócitos do intestino delgado contém lipase adicional, conhecida como lipase entérica, mas ela geralmente não é necessária. > Absorção A quantidade total de líquido que deve ser absorvida a cada dia pelos intestinos é igual ao líquido ingerido somado ao líquido produzido nas várias secreções gastrointestinais. Quase 1,5 ℓ desse líquido é absorvido no intestino delgado, deixando apenas 1,5 ℓ para passar pela válvula ileocecal para o cólon a cada dia. O estômago é uma área de baixa absorção do trato digestivo porque não 5 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria tem o tipo típico de vilosidade de membrana absortiva e também porque as junções entre as células epiteliais são junções compactas. Apenas algumas substâncias altamente solúveis em lipídios, como o álcool e alguns medicamentos, podem ser absorvidas em pequenas quantidades. As dobras de Kerckring, as vilosidades e as microvilosidades aumentam a área de absorção da mucosa em quase 1.000 vezes. Válvulas coniventes (ou dobras de Kerckring), que aumentam a área de superfície da mucosa absortiva em cerca de três vezes. Essas dobras se estendem circularmente por quase toda a extensão do intestino e são especialmente bem desenvolvidas no duodeno e no jejuno. Também localizados na superfície epitelial do intestino delgado até a válvula ileocecal estão milhões de pequenas vilosidades. As vilosidades ficam tão próximas umas das outras na parte superior do intestino delgado que se tocam na maioria das áreas, mas sua distribuição é menos abundante no intestino delgado distal. A presença de vilosidades na superfície da mucosa aumenta a área de absorção total em mais de 10 vezes. Por fim, cada célula epitelial intestinal em cada vilosidade é caracterizada por uma borda em escova, consistindo em até 1.000 microvilosidades com 1 micrômetro de comprimento e 0,1 micrômetro de diâmetro e que se projetam para o quimo intestinal. Essa borda em escova aumenta a área de superfície exposta aos materiais intestinais em pelo menos mais 20 vezes. No intestino delgado: A absorção pelo intestino delgado a cada dia consiste em várias centenas de gramas de carboidratos, 100 ou mais gramas de gordura, 50 a 100 gramas de aminoácidos, 50 a 100 gramas de íons e sete a oito litros de água. Carboidratos - Devido à absorção intestinal ser restrita a monossacarídeos, todos os carboidratos maiores devem ser 6 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria digeridos para serem usados pelo corpo. Os carboidratos complexos que podemos digerir são o amido e o glicogênio. A absorção intestinal de glicose e galactose usa transportadores idênticos àqueles encontrados nos túbulos renais proximais: o simporte apical Na-glicose SGLT e o transportador basolateral GLUT2. A absorção de frutose, entretanto, não é dependente de Na + . A frutose move-se através da membrana apical por difusão facilitada pelo transportador GLUT5 e através da membrana basolateral pelo GLUT2. Proteínas - Os produtos principais da digestão de proteínas são aminoácidos livres, dipeptídeos e tripeptídeos, todos os quais podem ser absorvidos. A estrutura dos aminoácidos é tão variável que múltiplos sistemas de transporte de aminoácidos ocorrem no intestino. A maioria dos aminoácidos livres são carregados por proteínas cotransportadoras dependentes de Na +. Poucos transportadores de aminoácidos são dependentes de H +. Os dipeptídeos e tripeptídeos são carregados para os enterócitos pelo transportador de oligopeptídeos PepT1 que usa o cotransporte dependente de H +. Uma vez dentro das células epiteliais, os oligopeptídeos têm dois possíveis destinos: ● A maioria é digerida por peptidases citoplasmáticas em aminoácidos, os quais são, então, transportados através da membrana basolateral e para a circulação. ● Aqueles oligopeptídeos que não são digeridos são transportados intactos através da membrana basolateral por um trocador dependente de H +. 7 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria Gorduras - As gorduras lipofílicas, como ácidos graxos e monoacilgliceróis, são absorvidos primariamente por difusão simples. Eles saem de suas micelas e difundem-se através da membrana do enterócito para dentro da célula. ! Colesterol é transportado através da borda em escova da membrana por transportadores de membrana específicos, dependentes de energia, incluindo o chamado NPC1L1. Uma vez dentro dos enterócitos, os monoacilgliceróis e os ácidos graxos movem-se para o retículo endoplasmático liso, onde se recombinam, formando triacilgliceróis. Os triacilgliceróis, então, combinam-se com colesterol e proteínas, formando grandes gotas, denominadas quilomícrons. Devido ao seu tamanho, os quilomícrons devem ser armazenados em vesículas secretoras pelo aparelho de Golgi. Os quilomícrons, então, deixam a célula por exocitose. O grande tamanho dos quilomícrons também impede que eles atravessem a membrana basal dos capilares. Em vez disso, os quilomícrons são absorvidos pelos capilares linfáticos, os vasos linfáticos das vilosidades. Os quilomícrons passam através do sistema linfático e, por fim, entram no sangue venoso logo antes que ele se direcione para o lado direito do coração. ! Alguns ácidos graxos curtos (10 ou menos carbonos) não são agrupados em quilomícrons. Esses ácidos graxos podem, portanto, atravessar a membrana basal dos capilares e ir diretamente para o sangue. Embora a emulsificação acelere a digestão, a absorção dos produtos da reação da lipase insolúveis em água ainda seria muito lenta se não houvesse uma segunda ação dos sais biliares, ou seja, a formação de micelas, cuja estrutura assemelha-se àquela das gotículas de emulsão, porém muito menor. As micelas consistem em sais biliares, ácidos graxos, monoglicerídeos e fosfolipídios, todos agrupados com as extremidades polares de cada molécula orientadas para a superfície da micela, enquanto as partes apolares formam o núcleo da micela. 8 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria Embora os ácidos graxos e os triglicerídios tenham uma solubilidade extremamente baixa na água, existem algumas moléculas em solução que estão livres para se difundir através da parte lipídica das membranas plasmáticas apicais das células epiteliais que revestem o intestino delgado. As micelas, que contêm os produtos da digestão das gorduras, estão em equilíbrio com a pequena concentração de produtos da digestão das gorduras que estão livres em solução. Por conseguinte, as micelas estão sendo continuamente degradadas e reformadas. À medida que as concentrações luminais de lipídios livres diminuem, em virtude de sua difusão para as células epiteliais, ocorre liberação de mais lipídios na fase livre a partir das micelas, à medida que começam a sofrer degradação. Enquanto isso, o processo da digestão, que ainda está em curso, fornece quantidadesadicionais de pequenos lipídios que repõem as micelas. Por conseguinte, as micelas fornecem um meio de manter a maior parte dos produtos da digestão das gorduras insolúveis em pequenos agregados solúveis, enquanto ao mesmo tempo repõe a pequena quantidade de produtos em solução que estão livres para se difundir para dentro do epitélio intestinal. ! Observe que não é a micela que é absorvida, mas, em vez disso, cada molécula individual de lipídio é liberada da micela. Vitaminas - Em geral, as vitaminas solúveis em lipídios (A, D, E e K) são absorvidas no intestino delgado junto com as gorduras. As vitaminas solúveis em água (vitamina C e a maior parte das vitaminas B) são absorvidas por transporte mediado. Sódio (Na +) - O sódio é transportado ativamente pela membrana intestinal. O sódio também desempenha um papel importante em ajudar a absorver açúcares e aminoácidos. A absorção de sódio é alimentada pelo transporte ativo de sódio de dentro das células epiteliais através das paredes basal e lateral dessas células para os espaços paracelulares. Parte do sódio é absorvida junto com os íons cloro; na verdade, os íons cloro carregados negativamente são principalmente arrastados passivamente pelas cargas elétricas positivas dos íons sódio. O transporte ativo de sódio através das membranas basolaterais da célula reduz a concentração de sódio dentro da célula a um valor baixo. O sódio desce esse gradiente eletroquímico acentuado do quimo pela borda em escova da célula epitelial para o citoplasma da célula epitelial. O sódio também é cotransportado através da membrana da borda em escova por 9 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria várias proteínas carreadoras específicas, incluindo as seguintes: ● o cotransportador 1 de glicose de sódio (SGLT1); ● cotransportadores de aminoácidos de sódio; ● o trocador de Na +/H +. Fornecem ainda mais íons sódio a serem transportados pelas células epiteliais para o líquido intersticial e para os espaços paracelulares. Ao mesmo tempo, eles também fornecem uma absorção ativa secundária de glicose e aminoácidos, alimentados pela bomba ativa de sódio-potássio Na +/K + ATPase na membrana basolateral. A aldosterona causa um aumento da absorção de sódio pelo epitélio intestinal. O aumento da absorção de sódio, por sua vez, causa aumentos secundários na absorção de íons cloro, água e algumas outras substâncias. Esse efeito da aldosterona é especialmente importante no cólon, porque não permite praticamente nenhuma perda de cloreto de sódio nas fezes e também pouca perda de água. Cloro (Cl -) - Na parte superior do intestino delgado, a absorção do íon cloro é rápida e ocorre principalmente por difusão (ou seja, a absorção de íons sódio através do epitélio cria eletronegatividade no quimo e eletropositividade nos espaços paracelulares entre as células epiteliais). Os íons cloro então se movem ao longo desse gradiente elétrico para seguir os íons sódio. O cloro também é absorvido através da membrana da borda em escova de partes do íleo e do intestino grosso por um trocador de cloro-bicarbonato (contratransporte Cl−/HCO3−) de membrana da borda em escova. O cloro sai da célula pela membrana basolateral pelos canais específicos de cloro. 10 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria Bicarbonato (HCO3−) - Frequentemente, grandes quantidades de íons bicarbonato (HCO3−) devem ser reabsorvidas do intestino delgado superior, porque grandes quantidades de HCO3− foram produzidas no duodeno tanto na secreção pancreática quanto na bile. O HCO3− é absorvido de forma indireta da seguinte maneira: quando os íons sódio são absorvidos, quantidades moderadas de H + são secretadas no lúmen do intestino em troca de parte do sódio. Esses H +, por sua vez, combinam-se com o HCO3− para formar ácido carbônico (H2CO3), que então se dissocia para formar água e dióxido de carbono (CO2). A água permanece como parte do quimo nos intestinos, mas o CO2 é prontamente absorvido pelo sangue e, subsequentemente, expira pelos pulmões. Esse processo é chamado de absorção ativa de HCO3−. ! As células epiteliais nas superfícies das vilosidades do íleo, bem como em todas as superfícies do intestino grosso, têm uma capacidade especial de secretar HCO3− em troca da absorção de íons cloro. Essa capacidade é importante porque fornece HCO3− alcalino que neutraliza produtos ácidos formados por bactérias no intestino grosso. Ferro - O ferro é ingerido como ferro heme na carne e como ferro ionizado em alguns produtos vegetais. O ferro heme é absorvido por um transportador apical do enterócito. O Fe2 ionizado é ativamente absorvido por cotransporte com H + por uma proteína, chamada de transportador de metal divalente 1 (DMT1). Dentro da célula, as enzimas convertem o ferro heme em Fe2 + e ambos os pools de ferro ionizado deixam a célula por um transportador, chamado de ferroportina. Cálcio (Ca 2+) - A maior parte da absorção do Ca 2+ no intestino ocorre por movimento passivo e não regulado através da via paracelular. O transporte de Ca2 transepitelial hormonalmente regulado ocorre no duodeno. O cálcio entra no enterócito através de canais apicais de Ca2 +. 11 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria Em seguida ele é ativamente transportado através de uma membrana basolateral tanto por um Ca 2+ -ATPase, quanto por antiporte Na +-Ca2 +. A quantidade de absorção de íons cálcio é controlada exatamente para suprir a necessidade diária de cálcio do corpo. Um fator importante que controla a absorção de cálcio é o hormônio da paratireóide (PTH), secretado pelas glândulas paratireoides, e outro é a vitamina D. O hormônio da paratireóide a ativa, e a vitamina D ativada, por sua vez, aumenta muito a absorção de cálcio. Potássio, magnésio, fosfato - e provavelmente ainda outros íons também podem ser ativamente absorvidos pela mucosa intestinal. Em geral, os íons monovalentes são absorvidos com facilidade e em grandes quantidades. Os íons bivalentes são normalmente absorvidos apenas em pequenas quantidades. Água - A próxima etapa no processo de transporte é a osmose da água por vias transcelulares e paracelulares. Essa osmose ocorre porque um grande gradiente osmótico foi criado pela concentração elevada de íons no espaço paracelular. Grande parte dessa osmose ocorre por meio das junções estreitas entre as bordas apicais das células epiteliais (a via paracelular), mas muito dela também ocorre atravessando as próprias células – a via transcelular. O movimento osmótico da água cria fluxo de líquido para dentro e através dos espaços paracelulares e, por fim, para o sangue circulante das vilosidades. A maior parte da absorção acontece no intestino delgado, mas ainda parte é absorvida no cólon. > Excreção No final do íleo, resta apenas cerca de 1,5 litro de quimo não absorvido. O cólon absorve a maior parte desse volume, de modo que, em geral, apenas cerca de 0,1 litro de água é perdido diariamente nas fezes. O quimo entra no intestino grosso pelo óstio ileal (válvula ileocecal). 12 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria O reflexo da defecação remove as fezes, material não digerido, do corpo. A defecação assemelha-se à micção, pois é um reflexo espinal desencadeado pela distensão da parede do órgão. O movimento do material fecal para o reto normalmente vazio dispara o reflexo. O músculo liso do esfíncter interno do ânus relaxa, e as contrações peristálticas no reto empurram o material em direção ao ânus. Ao mesmo tempo, o esfíncter externo do ânus, que está sob controle voluntário, conscientemente é relaxado se a situação for apropriada. A defecação é frequentemente reforçada por contraçõesabdominais conscientes e movimentos expiratórios forçados contra a glote fechada (a manobra de Valsalva). Quando as fezes estão retidas no colo, ou por ignorar conscientemente o reflexo da defecação ou por redução da motilidade, a absorção contínua de água gera fezes duras e secas que são difíceis de se eliminar. De acordo com a visão tradicional do intestino grosso, nenhuma digestão significativa de moléculas orgânicas acontece ali. Inúmeras bactérias que habitam o colo degradam uma quantidade significativa de carboidratos complexos e de proteínas não digeridos por meio da fermentação. O produto final inclui lactato e ácidos graxos de cadeia curta, como o ácido butírico. Muitos desses produtos são lipofílicos e podem ser absorvidos por difusão simples. As bactérias colônicas também produzem quantidades significativas de vitaminas absorvíveis, sobretudo vitamina K. Se houver lesão a nível de lombar haverá comprometimento das funções voluntárias. > Deglutição Em geral, a deglutição pode ser dividida nas seguintes etapas: 13 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria ● fase voluntária, que inicia o processo de deglutição; ● fase faríngea, que é involuntária e constitui a passagem do alimento pela faringe para o esôfago; ● fase esofágica, também involuntária, que transporta o alimento da faringe para o estômago. Para resumir a mecânica da fase faríngea da deglutição: a traqueia é fechada, o esôfago é aberto e uma onda peristáltica rápida iniciada pelo sistema nervoso da faringe força o bolo alimentar para o esôfago superior, com todo o processo ocorrendo em menos de dois segundos. A fase faríngea da deglutição é principalmente um ato reflexo. Quase sempre é iniciada pelo movimento voluntário do alimento para o fundo da boca, o que, por sua vez, excitam os receptores sensoriais faríngeos involuntários para desencadear o reflexo de deglutição. ! O centro da deglutição inibe especificamente o centro respiratório da medula durante esse período. O esôfago funciona principalmente para conduzir o alimento rapidamente da faringe para o estômago, e seus movimentos são organizados especificamente para essa função. O esôfago normalmente exibe dois tipos de movimentos peristálticos: peristaltismo primário e peristaltismo secundário. O peristaltismo primário é simplesmente a continuação da onda peristáltica que começa na faringe e se espalha para o esôfago durante a fase faríngea da deglutição. Essa onda vai da faringe até o estômago em cerca de 8 a 10 segundos. Se a onda peristáltica primária não mover todo o alimento que entrou no esôfago para o estômago, as ondas peristálticas secundárias resultam da distensão do esôfago pelo alimento retido; essas ondas continuam até que todo o alimento seja despejado no estômago. Quando a onda peristáltica esofágica se aproxima do estômago, uma onda de relaxamento, transmitida pelos neurônios inibitórios mioentéricos, precede o peristaltismo. Além disso, todo o estômago e, em menor extensão, até mesmo o duodeno relaxam à medida que essa onda atinge a extremidade inferior do esôfago e, 14 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria portanto, são preparados com antecedência para receber o alimento impulsionado para o esôfago durante o ato de deglutição. Na extremidade inferior do esôfago, estendendo-se para cima cerca de três centímetros acima de sua junção com o estômago, o músculo circular do esôfago funciona como um amplo esfíncter esofágico inferior, também chamado de esfíncter gastroesofágico. ! Esse esfíncter normalmente permanece tonicamente contraído. Quando uma onda peristáltica de deglutição desce pelo esôfago, o relaxamento receptivo do esfíncter esofágico inferior ocorre antes da onda peristáltica, o que permite uma fácil propulsão do alimento engolido para o estômago. ! A constrição tônica do esfíncter esofágico inferior ajuda a prevenir um refluxo significativo do conteúdo do estômago para o esôfago. > Funções motoras do estômago As funções motoras do estômago são três: ● armazenamento de grandes quantidades de alimentos até que eles possam ser processados no estômago, duodeno e trato intestinal inferior; ● mistura desses alimentos com as secreções gástricas até formar mistura semifluida chamada de quimo; e ● esvaziamento lento do quimo do estômago para o intestino delgado a uma taxa adequada para digestão e absorção adequadas pelo intestino delgado. Armazenamento do estômago: À medida que o alimento entra no estômago, ele forma círculos concêntricos do alimento na porção oral do estômago, com o alimento mais recente mais próximo à abertura esofágica e o mais antigo, à parede externa do estômago. Normalmente, quando o alimento estica o estômago, um reflexo vasovagal do estômago para o tronco encefálico, e depois de volta para o estômago, reduz o tônus na parede muscular do corpo do estômago, de modo que a parede se projeta progressivamente para fora, acomodando mais e maiores quantidades de alimentos. 15 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria Mistura de alimentos e propulsão no estômago: Os sucos digestivos do estômago, que são secretados pelas glândulas gástricas, entram imediatamente em contato com a porção do alimento armazenado que se encontra na superfície da mucosa do estômago. Enquanto o alimento está no estômago, as ondas constritoras peristálticas fracas, chamadas de ondas de mistura, começam nas porções média e superior da parede do estômago e se movem em direção ao antro. Essas ondas são iniciadas pelo ritmo elétrico básico da parede intestinal, consistindo em ondas lentas elétricas que ocorrem espontaneamente na parede do estômago. À medida que as ondas constritoras progridem do corpo do estômago para o antro, elas se tornam mais intensas, algumas se tornando extremamente intensas e fornecendo poderosos anéis constritores impulsionados pelo potencial de ação peristáltica que forçam o conteúdo antral sob pressão cada vez mais alta em direção ao piloro. Esses anéis constritores também desempenham um papel importante na mistura do conteúdo estomacal da seguinte maneira: a cada vez que uma onda peristáltica desce pela parede antral em direção ao piloro, ela penetra profundamente no conteúdo alimentar do antro. No entanto, a abertura do piloro ainda é pequena o suficiente para que apenas alguns mililitros ou menos do conteúdo antral sejam expelidos para o duodeno com cada onda peristáltica. Além disso, conforme cada onda peristáltica se aproxima do piloro, o músculo pilórico frequentemente se contrai, o que impede ainda mais o esvaziamento pelo piloro. Portanto, a maior parte do conteúdo antral é espremido a montante, através do anel peristáltico, em direção ao corpo do estômago, não pelo piloro. Assim, o movimento peristáltico no anel restritivo, combinado com essa ação de compressão a montante, chamada de retropulsão, é um mecanismo de mistura extremamente importante no estômago. Depois que o alimento no estômago se mistura completamente com as secreções estomacais, a mistura resultante que desce pelo intestino é chamada de quimo. Além das contrações peristálticas que ocorrem quando o alimento está presente no estômago, outro tipo de contrações intensas, chamadas de contrações de fome, geralmente ocorre quando o estômago está vazio por várias horas. Elas são contrações peristálticas rítmicas que acontecem no corpo do estômago. Esvaziamento gástrico: O esvaziamento gástrico é promovido por contrações peristálticas intensas no antro do estômago. 16 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria Na maioria das vezes, as contrações rítmicas do estômago são fracas e funcionam principalmente para causar a misturade alimentos e secreções gástricas. No entanto, cerca de 20% do tempo, enquanto o alimento está no estômago, as contrações tornam-se intensas, começando no meio do estômago e se espalhando pelo estômago caudal. Essas contrações são fortes contrações peristálticas, em forma de anel, que causam o esvaziamento do estômago. À medida que o estômago fica cada vez mais vazio, essas constrições começam cada vez mais acima no corpo do estômago, gradualmente eliminando o alimento no corpo do estômago e adicionando-o ao quimo no antro. Quando o tônus pilórico é normal, cada onda peristáltica forte força até vários mililitros de quimo no duodeno. Assim, as ondas peristálticas, além de causarem a mistura no estômago, também fornecem uma ação de bombeamento chamada de bomba pilórica. A abertura distal do estômago é o piloro, que permanece ligeiramente contraído tonicamente quase o tempo todo. Portanto, o músculo circular pilórico é chamado de esfíncter pilórico. Apesar da contração tônica normal do esfíncter pilórico, o piloro geralmente está aberto o suficiente para que a água e outros líquidos vazem do estômago para o duodeno com facilidade. No entanto, a constrição geralmente impede a passagem de partículas de alimento até que se misturem no quimo a uma consistência quase fluida. O grau de constrição do piloro é aumentado ou diminuído sob a influência de sinais nervosos e hormonais do estômago e do duodeno. 17 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria Fatores gástricos que promovem o esvaziamento - ● O aumento do volume dos alimentos no estômago promove maior esvaziamento do estômago. O alongamento da parede do estômago provoca reflexos mioentéricos locais na parede que acentuam muito a atividade da bomba pilórica e, ao mesmo tempo, inibem o piloro. ● A gastrina também tem efeitos estimulantes leves a moderados nas funções motoras do estômago. Mais importante, parece aumentar a atividade da bomba pilórica. Portanto, a gastrina provavelmente promove o esvaziamento do estômago. Fatores duodenais poderosos que inibem o esvaziamento gástrico - Reflexos nervosos enterogástricos do duodeno inibem o esvaziamento do estômago: Quando o alimento entra no duodeno, múltiplos reflexos nervosos são iniciados na parede duodenal. Esses reflexos voltam ao estômago para desacelerar ou mesmo interromper o esvaziamento gástrico se o volume de quimo no duodeno aumentar. Esses reflexos são mediados por três vias: ● diretamente do duodeno ao estômago, através do sistema nervoso entérico na parede intestinal; ● através de nervos extrínsecos que vão para os gânglios simpáticos pré-vertebrais e então voltam através das fibras nervosas simpáticas inibitórias para o estômago; ● em certa medida, através dos nervos vagos até o tronco encefálico, onde inibem os sinais excitatórios normais transmitidos ao estômago através dos nervos vagos. Todos esses reflexos paralelos têm dois efeitos no esvaziamento do estômago. Primeiro, eles inibem fortemente as contrações propulsivas da bomba pilórica e, segundo, aumentam o tônus do esfíncter pilórico. Os tipos de fatores que são monitorados continuamente no duodeno e podem iniciar os reflexos inibitórios enterogástricos incluem os seguintes: ● Distensão do duodeno; ● Presença de qualquer irritação da mucosa duodenal; ● Acidez do quimo duodenal; ● Osmolaridade do quimo; ● Presença de certos produtos de degradação no quimo, especialmente produtos de degradação de proteínas e, talvez em menor grau, de gorduras. O feedback hormonal do duodeno inibe o esvaziamento gástrico | Papel das gorduras e do hormônio colecistoquinina: Os hormônios liberados da parte superior do intestino também 18 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria inibem o esvaziamento do estômago. O estímulo para a liberação desses hormônios inibitórios é principalmente a entrada de gorduras no duodeno, embora outros tipos de alimentos possam aumentar os hormônios em um grau menor. Ao entrar no duodeno, as gorduras extraem vários hormônios diferentes do epitélio duodenal e jejunal, seja por ligação com receptores nas células epiteliais ou de alguma outra forma. Por sua vez, os hormônios são transportados pelo sangue até o estômago, onde inibem a bomba pilórica e, ao mesmo tempo, aumentam a força de contração do esfíncter pilórico. Esses efeitos são importantes porque as gorduras são digeridas muito mais lentamente do que a maioria dos outros alimentos. O mais potente desses hormônios parece ser a colecistoquinina (CCK), que é liberada da mucosa do jejuno em resposta às substâncias gordurosas do quimo. Esse hormônio atua como um inibidor para bloquear o aumento da motilidade estomacal causada pela gastrina. Outros possíveis inibidores do esvaziamento gástrico são os hormônios secretina e o GIP (peptídeo insulinotrófico dependente de glicose), também chamado de peptídeo inibitório gástrico. A secretina é liberada principalmente da mucosa duodenal em resposta ao ácido gástrico passado do estômago através do piloro. O GIP tem um efeito geral, mas fraco, de diminuir a motilidade gastrointestinal. > Movimentos do intestino delgado Os movimentos do intestino delgado, como aqueles de outras partes do trato digestivo, podem ser divididos em contrações de mistura e contrações de propulsão. Contrações de mistura: Quando uma parte do intestino delgado se distende com o quimo, o alongamento da parede intestinal provoca contrações concêntricas localizadas, espaçadas em intervalos ao longo do intestino, durante uma fração de minuto. As contrações causam a segmentação do intestino delgado, isto é, elas dividem o intestino em segmentos espaçados que têm a aparência de uma cadeia de salsichas. Conforme um conjunto de contrações de segmentação relaxa, um novo conjunto começa, mas as contrações desta vez ocorrem principalmente em novos pontos entre as contrações anteriores. Portanto, as contrações de segmentação trituram o quimo duas a três vezes por minuto, promovendo, assim, a mistura 19 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria progressiva do alimento com as secreções do intestino delgado. A frequência máxima das contrações de segmentação no intestino delgado é determinada pela frequência das ondas elétricas lentas na parede intestinal, que é o ritmo elétrico básico. Essa frequência normalmente não é maior que 12 por minuto no duodeno e jejuno proximal. No íleo terminal, a frequência máxima é geralmente de oito a nove contrações por minuto. Movimentos propulsivos: O quimo é impelido pelo intestino delgado por ondas peristálticas. Essas ondas podem ocorrer em qualquer parte do intestino delgado e se mover em direção ao ânus a uma velocidade de 0,5 a 2 centímetros por segundo – mais rápido no intestino proximal e mais lento no intestino terminal. Elas são fracas e se extinguem depois de viajar de três a cinco centímetros. O movimento do quimo para a frente é muito lento. Essa taxa de deslocamento significa que são necessárias de três a cinco horas para a passagem do quimo do piloro para a válvula ileocecal. A atividade peristáltica do intestino delgado aumenta acentuadamente após uma refeição. Esse aumento da atividade é causado em parte pelo início da entrada do quimo no duodeno, causando estiramento da parede duodenal. Além disso, a atividade peristáltica é aumentada pelo reflexo gastroentérico, que é iniciado pela distensão do estômago e conduzido principalmente através do plexo mioentérico do estômago para baixo ao longo da parede do intestino delgado. Além dos sinais nervosos que afetam o peristaltismo do intestino delgado, vários fatores hormonais também o afetam. Esses fatores incluem gastrina, CCK, insulina, motilina e serotonina, todos os quais aumentam a motilidade intestinal e são secretados duranteas várias fases do processamento de alimentos. Por outro lado, a secretina e o glucagon inibem a motilidade do intestino delgado. A função das ondas peristálticas no intestino delgado não é apenas causar a progressão do quimo em direção à válvula ileocecal, mas também espalhá-lo ao longo da mucosa intestinal. Ao atingir a válvula ileocecal, o quimo às vezes fica bloqueado por várias horas até que a pessoa faça outra refeição; nesse momento, um reflexo gastroileal intensifica o peristaltismo no íleo e força o quimo restante através da válvula ileocecal para o ceco do intestino grosso. 20 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria A válvula ileocecal se projeta para o lúmen do ceco e, portanto, é fechada com força quando o excesso de pressão se acumula no ceco e tenta empurrar o conteúdo cecal para trás contra os lábios da válvula. Além disso, a parede do íleo tem um músculo circular espessado, denominado esfíncter ileocecal. Esse esfíncter normalmente permanece levemente contraído e retarda o esvaziamento do conteúdo ileal para o ceco. No entanto, imediatamente após uma refeição, um reflexo gastroileal intensifica o peristaltismo no íleo e ocorre o esvaziamento do conteúdo ileal no ceco. A resistência ao esvaziamento na válvula ileocecal prolonga a permanência do quimo no íleo e, assim, facilita a absorção. O grau de contração do esfíncter ileocecal e a intensidade do peristaltismo no íleo terminal são controlados significativamente pelos reflexos do ceco. Quando o ceco está distendido, a contração do esfíncter ileocecal torna-se intensificada, e o peristaltismo ileal é inibido, ambos retardando muito o esvaziamento do quimo adicional do íleo para o ceco. Além disso, qualquer irritante no ceco retarda o esvaziamento. > Movimentos do cólon Movimentos de mistura: haustrações: Da mesma maneira que os movimentos de segmentação ocorrem no intestino delgado, grandes constrições circulares ocorrem no intestino grosso. Em cada uma delas, cerca de 2,5 centímetros do músculo circular se contraem, às vezes constringindo o lúmen do cólon quase até a oclusão. Ao mesmo tempo, o músculo longitudinal do cólon, que é agregado em três faixas longitudinais, chamadas de tênias do cólon, contrai-se. Essas contrações combinadas das tiras circulares e longitudinais do músculo fazem com que a porção não estimulada do intestino grosso se projete para fora em sacos chamados de haustrações. Cada haustração atinge o pico de intensidade em cerca de 30 segundos e depois desaparece durante os próximos 60 segundos. Às vezes, eles também se movem lentamente em direção ao ânus 21 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria durante a contração, especialmente no ceco e no cólon ascendente, e, portanto, fornecem uma pequena quantidade de propulsão para a frente do conteúdo do cólon. Após alguns minutos, novas contrações (haustrações) ocorrem em outras áreas próximas. Portanto, a matéria fecal no intestino grosso é lentamente revolvida, tal como uma pá faz com um monte de terra. Assim, todo o material fecal é gradualmente exposto à superfície da mucosa do intestino grosso, para que os líquidos e as substâncias dissolvidas sejam progressivamente absorvidos Movimentos propulsivos: movimentos de massa: Muito da propulsão no ceco e no cólon ascendente resulta das haustrações (contrações dos haustros) lentas, mas persistentes, exigindo até 8 a 15 horas para mover o quimo da válvula ileocecal através do cólon, enquanto o quimo se torna fecal em qualidade. Do ceco ao sigmóide, os movimentos de massa podem, por muitos minutos de cada vez, assumir o papel propulsor. Esses movimentos geralmente ocorrem apenas de 1 a 3 vezes/dia. Um movimento de massa é um tipo modificado de peristaltismo caracterizado pela sequência de eventos: ● Primeiro, um anel constritivo ocorre em resposta a um ponto distendido ou irritado no cólon, geralmente no cólon transverso. ● Então, rapidamente, os 20 ou mais centímetros do cólon distal ao anel constritivo perdem suas haustrações e, em vez disso, contraem-se como uma unidade, impulsionando o material fecal nesse segmento em massa mais para baixo no cólon. ● A contração desenvolve progressivamente mais força por cerca de 30 segundos, e o relaxamento ocorre durante os próximos dois a três minutos. Outro movimento de massa ocorre, desta vez, talvez mais ao longo do cólon. Uma série de movimentos de massa geralmente persiste por 10 a 30 minutos. Eles então cessam, mas retornam talvez metade de 1 dia depois. Quando eles forçam uma massa de fezes para o reto, o desejo de defecar é sentido. O aparecimento de movimentos de massa após as refeições é facilitado pelos reflexos gastrocólicos e duodenocólicos. Esses reflexos resultam da distensão do estômago e do duodeno. A irritação no 22 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria cólon também pode iniciar movimentos de massa intensos. Defecação: Na maioria das vezes, o reto está vazio de fezes, em parte porque existe um esfíncter funcional fraco a cerca de 20 centímetros do ânus na junção entre o cólon sigmóide e o reto. Uma angulação acentuada também está presente aqui, o que contribui para a resistência adicional ao enchimento do reto. Quando um movimento de massa força as fezes para o reto, o desejo de defecar ocorre imediatamente, incluindo a contração reflexa do reto e o relaxamento dos esfíncteres anais. A distensão prolongada do reto inicia um movimento inverso, impulsionando o conteúdo retal de volta ao cólon sigmóide. Em seguida, a necessidade de defecar desaparece até que o próximo movimento de massa propulsione mais fezes para dentro do reto, aumentando o seu volume e iniciando novamente o reflexo de defecação. O gotejamento contínuo de matéria fecal pelo ânus é evitado pela constrição tônica do seguinte: ● um esfíncter anal interno, que é um espessamento de vários centímetros do músculo liso circular que fica imediatamente dentro do ânus; ● um esfíncter anal externo, composto de músculo voluntário estriado que circunda o esfíncter interno e se estende distalmente a ele. Normalmente, a defecação é iniciada pelos reflexos de defecação. Um desses reflexos é um reflexo intrínseco mediado pelo sistema nervoso entérico local na parede retal. Quando as fezes entram no reto, a distensão da parede retal inicia sinais aferentes que se espalham pelo plexo mioentérico para iniciar ondas peristálticas no cólon descendente, sigmóide e reto, forçando as fezes em direção ao ânus. Conforme a onda peristáltica se aproxima do ânus, o esfíncter anal interno é relaxado por sinais inibitórios do plexo mioentérico; se o esfíncter anal externo também estiver consciente e voluntariamente relaxado ao mesmo tempo, ocorre a defecação. Os sinais de defecação que entram na medula espinhal iniciam outros efeitos, como respiração profunda, fechamento da glote e contração dos músculos da parede abdominal para forçar o conteúdo fecal do cólon para baixo. 23 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria Em um dia normal, 9 litros de líquido passam através do lúmen do trato gastrintestinal de um adulto. Apenas cerca de 2 litros desse volume entram no sistema GI pela boca. Os 7 litros restantes de líquido vem da água corporal secretada juntamente com íons, enzimas e muco. Os íons são transportados do LEC para o lúmen. A água, então, segue o gradiente osmótico criado por esta transferência de solutos de uma lado do epitélio para o outro. A absorção pelo intestino delgado a cada dia consiste em várias centenas de gramas de carboidratos, 100 ou mais gramas de gordura, 50 a 100 gramas de aminoácidos, 50 a 100 gramas de íons e sete a oito litros de água. O intestinogrosso pode absorver ainda mais água e íons, embora possa absorver muito poucos nutrientes. > Absorção isosmótica de água A água é transportada através da membrana intestinal inteiramente por difusão. Além disso, essa difusão obedece às leis usuais de osmose. Portanto, quando o quimo está suficientemente diluído, a água é absorvida através da mucosa intestinal para o sangue das vilosidades quase inteiramente por osmose. Por outro lado, a água também pode ser transportada na direção oposta – do plasma para o quimo. Esse tipo de transporte ocorre especialmente quando as soluções hiperosmóticas são descarregadas do estômago para o duodeno. Em minutos, uma quantidade suficiente de água será transferida por osmose para tornar o quimo isosmótico com o plasma. A água é a substância mais abundante no quimo. Cerca de 8.000 mℓ de água ingerida e secretada entram diariamente no intestino delgado, porém apenas 1.500 mℓ passam para o intestino grosso, visto que 80% do líquido são absorvidos no intestino delgado. Pequenas quantidades de água são absorvidas no estômago, porém ele possui uma área de superfície muito menor disponível para a difusão e carece dos mecanismos de absorção de solutos que criam os gradientes osmóticos necessários para a absorção efetiva de água. As membranas epiteliais do intestino delgado são muito permeáveis à água, e ocorre difusão efetiva de água através do epitélio, sempre que for estabelecida uma diferença de concentração de água pela absorção ativa de solutos. 24 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria > Absorção de íons Sódio (Na +): Vinte a trinta gramas de sódio são secretados nas secreções intestinais todos os dias. Além disso, uma pessoa ingere em média 5 a 8 gramas de sódio por dia. Portanto, para evitar a perda líquida de sódio nas fezes, os intestinos devem absorver 25 a 35 gramas de sódio por dia, o que é igual a cerca de um sétimo de todo o sódio presente no corpo. Sempre que quantidades significativas de secreções intestinais são perdidas para o exterior, como na diarreia extrema, as reservas de sódio do corpo podem às vezes ser reduzidas a níveis letais em poucas horas. Normalmente, no entanto, menos de 0,5% do sódio intestinal é perdido nas fezes todos os dias, porque é rapidamente absorvido pela mucosa intestinal. O sódio também desempenha um papel importante em ajudar a absorver açúcares e aminoácidos. A absorção de sódio é alimentada pelo transporte ativo de sódio de dentro das células epiteliais através das paredes basal e lateral dessas células para os espaços paracelulares. O transporte ativo de sódio através das membranas basolaterais da célula reduz a concentração de sódio dentro da célula a um valor baixo. Como a concentração de sódio no quimo é normalmente de cerca de 142 mEq/ℓ (ou seja, quase igual à do plasma), o sódio desce esse gradiente eletroquímico acentuado do quimo pela borda em escova da célula epitelial para o citoplasma da célula epitelial. O sódio também é cotransportado através da membrana da borda em escova por várias proteínas carreadoras específicas, incluindo as seguintes: ● o cotransportador 1 de glicose de sódio (SGLT1); ● cotransportadores de aminoácidos de sódio; ● o trocador de Na +/H +. Eles também fornecem uma absorção ativa secundária de glicose e aminoácidos, alimentados pela bomba ativa de sódio-potássio Na +/K + ATPase na membrana basolateral. Quando uma pessoa fica desidratada, grandes quantidades de aldosterona são secretadas pelos córtices das glândulas adrenais. 25 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria Essa aldosterona causa um aumento da absorção de sódio pelo epitélio intestinal. O aumento da absorção de sódio, por sua vez, causa aumentos secundários na absorção de íons cloro, água e algumas outras substâncias. Esse efeito da aldosterona é especialmente importante no cólon, porque não permite praticamente nenhuma perda de cloreto de sódio nas fezes e também pouca perda de água. Cloro (Cl -): Na parte superior do intestino delgado, a absorção do íon cloro é rápida e ocorre principalmente por difusão (ou seja, a absorção de íons sódio através do epitélio cria eletronegatividade no quimo e eletropositividade nos espaços paracelulares entre as células epiteliais). Os íons cloro então se movem ao longo desse gradiente elétrico para seguir os íons sódio. O cloro também é absorvido através da membrana da borda em escova de partes do íleo e do intestino grosso por um trocador de cloro-bicarbonato (contratransporte Cl−/HCO3−) de membrana da borda em escova. O cloro sai da célula pela membrana basolateral pelos canais específicos de cloro. Bicarbonato (HCO3−): Frequentemente, grandes quantidades de íons bicarbonato (HCO3−) devem ser reabsorvidas do intestino delgado superior, porque grandes quantidades de HCO3− foram produzidas no duodeno tanto na secreção pancreática quanto na bile. O HCO3− é absorvido de forma indireta da seguinte maneira: quando os íons sódio são absorvidos, quantidades moderadas de H + são secretadas no lúmen do intestino em troca de parte do sódio. Esses H +, por sua vez, combinam-se com o HCO3− para formar ácido carbônico (H2CO3), que então se dissocia para formar água e dióxido de carbono (CO2). A água permanece como parte do quimo nos intestinos, mas o CO2 é prontamente absorvido pelo sangue e, subsequentemente, expira pelos pulmões. Esse processo é chamado de absorção ativa de HCO3−. As células epiteliais nas superfícies das vilosidades do íleo, bem como em todas as superfícies do intestino grosso, têm uma capacidade especial de secretar 26 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria HCO3− em troca da absorção de íons cloro. Essa capacidade é importante porque fornece HCO3− alcalino que neutraliza produtos ácidos formados por bactérias no intestino grosso. Ferro: O ferro é ingerido como ferro heme na carne e como ferro ionizado em alguns produtos vegetais. O ferro heme é absorvido por um transportador apical do enterócito. O Fe2 ionizado é ativamente absorvido por cotransporte com H + por uma proteína, chamada de transportador de metal divalente 1 (DMT1). Dentro da célula, as enzimas convertem o ferro heme em Fe2 + e ambos os pools de ferro ionizado deixam a célula por um transportador, chamado de ferroportina. Cálcio (Ca 2+): A maior parte da absorção do Ca 2+ no intestino ocorre por movimento passivo e não regulado através da via paracelular. O transporte de Ca2 transepitelial hormonalmente regulado ocorre no duodeno. O cálcio entra no enterócito através de canais apicais de Ca2 +. Em seguida ele é ativamente transportado através de uma membrana basolateral tanto por um Ca 2+ -ATPase, quanto por antiporte Na +-Ca2 +. A quantidade de absorção de íons cálcio é controlada exatamente para suprir a necessidade diária de cálcio do corpo. Um fator importante que controla a absorção de cálcio é o hormônio da paratireóide (PTH), secretado pelas glândulas paratireoides, e outro é a vitamina D. O hormônio da paratireóide a ativa, e a vitamina D ativada, por sua vez, aumenta muito a absorção de cálcio. Potássio, Magnésio e Fosfato: e provavelmente ainda outros íons também podem ser ativamente absorvidos pela mucosa intestinal. Em geral, os íons monovalentes são absorvidos com facilidade e em grandes quantidades. Os íons bivalentes são normalmente absorvidos apenas em pequenas quantidades. 27 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria > Mecanismo nervoso O trato digestivo possui um sistema nervoso próprio, denominado de sistema nervoso entérico. Ele se encontra inteiramente na parede do intestino, começando no esôfago e se estendendo até o ânus. Esse sistema nervosoentérico, altamente desenvolvido, é especialmente importante no controle dos movimentos e das secreções gastrointestinais. O sistema nervoso entérico é composto principalmente de dois plexos: ● um plexo externo, situado entre as camadas musculares longitudinais e circulares, denominado de plexo mioentérico, ou plexo de Auerbach; ● um plexo interno, denominado de plexo submucoso ou de plexo de Meissner, que se encontra na submucosa. O plexo mioentérico controla principalmente os movimentos gastrointestinais, e o plexo submucoso controla principalmente a secreção gastrointestinal e o fluxo sanguíneo local. ! Embora o sistema nervoso entérico possa funcionar independentemente desses nervos extrínsecos, a estimulação pelos sistemas parassimpático e simpático pode aumentar ou inibir muito as funções gastrointestinais. O plexo mioentérico consiste principalmente em uma cadeia linear de muitos neurônios interconectados que se estendem por todo o comprimento do trato digestivo. Como o plexo mioentérico se estende ao longo da parede intestinal e fica entre as camadas longitudinal e circular do músculo liso intestinal, ele se destina principalmente ao controle da atividade muscular ao longo do intestino. Quando esse plexo é estimulado, seus principais efeitos são os seguintes: ● aumento da contração tônica, ou tônus, da parede intestinal; ● aumento da intensidade das contrações rítmicas; ● taxa ligeiramente aumentada do ritmo de contração; ● aumento da velocidade de condução de ondas excitatórias ao longo da parede intestinal, 28 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria causando movimento mais rápido das ondas peristálticas intestinais. O plexo mioentérico não deve ser considerado inteiramente excitatório, porque alguns de seus neurônios são inibitórios; suas terminações de fibra secretam um transmissor inibitório, possivelmente peptídeo intestinal vasoativo (VIP) ou algum outro peptídeo inibidor. Os sinais inibitórios resultantes são especialmente úteis para inibir alguns dos músculos do esfíncter intestinal que impedem o movimento dos alimentos ao longo de segmentos sucessivos do trato digestivo. O plexo submucoso, em contraste com o plexo mioentérico, está preocupado principalmente com a função de controle na parede interna de cada segmento diminuto do intestino. Por exemplo, muitos sinais sensoriais originam-se do epitélio gastrointestinal e são então integrados ao plexo submucoso para ajudar a controlar a secreção intestinal local, absorção local e contração local do músculo submucoso que causa vários graus de dobramento da mucosa gastrointestinal. Os pesquisadores identificaram mais de 25 substâncias neurotransmissoras potenciais que são liberadas pelas terminações nervosas de diferentes tipos de neurônios entéricos, incluindo, dentre outros, os seguintes: acetilcolina, noradrenalina, trifosfato de adenosina, serotonina, dopamina, colecistoquinina, substância P, peptídeo intestinal vasoativo, somatostatina, óxido nítrico. A acetilcolina frequentemente excita a atividade gastrointestinal. A noradrenalina quase sempre inibe a atividade gastrointestinal. > Controle autonômico do trato digestivo A estimulação parassimpática aumenta a atividade do sistema nervoso entérico: Exceto por algumas fibras parassimpáticas na boca e regiões faríngeas do trato digestivo, as fibras nervosas parassimpáticas cranianas estão quase inteiramente nos nervos vagos. Essas fibras fornecem uma inervação extensa para o esôfago, estômago e pâncreas, e, um pouco menos, para os intestinos, ao longo da primeira metade do intestino grosso. As parassimpáticas sacrais se originam no segundo, terceiro e quarto segmentos sacrais da medula espinhal e passam pelos nervos esplâncnicos pélvicos até a metade distal do intestino grosso e por todo o caminho até o ânus. As regiões sigmoide, retal e anal são consideravelmente mais bem supridas com fibras parassimpáticas do que as outras áreas intestinais. Essas fibras funcionam especialmente para executar os reflexos de defecação. 29 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria Os neurônios pós-ganglionares do sistema parassimpático gastrointestinal estão localizados principalmente nos plexos mioentérico e submucoso. A estimulação desses nervos parassimpáticos geralmente aumenta a atividade de todo o sistema nervoso entérico, o que, por sua vez, aumenta a atividade da maioria das funções gastrointestinais. A estimulação simpática geralmente inibe a atividade do trato digestivo: As fibras simpáticas para o trato digestivo se originam na medula espinhal entre os segmentos T5 e L2. A maioria das fibras pré-ganglionares que inervam o intestino, depois de deixarem a medula, entram nas cadeias simpáticas, que ficam laterais à coluna vertebral, e muitas dessas fibras então passam pelas cadeias para os gânglios periféricos, como o gânglio celíaco e vários gânglios mesentéricos. A maioria dos corpos celulares de neurônios simpáticos pós-ganglionares está nesses gânglios, e as fibras pós-ganglionares então se espalham pelos nervos simpáticos pós-ganglionares para todas as partes do intestino. Os simpáticos inervam essencialmente todo o trato digestivo, em vez de serem mais extensos perto da cavidade oral e do ânus, como acontece com os parassimpáticos. As terminações nervosas simpáticas secretam principalmente noradrenalina. Em geral, a estimulação do sistema nervoso simpático inibe a atividade do trato digestivo, causando muitos efeitos opostos aos do sistema parassimpático. Ele exerce seus efeitos de duas maneiras: ● em uma pequena extensão por efeito direto da noradrenalina secretada para inibir o músculo liso do trato intestinal (exceto o músculo da mucosa, que excita) ● em grande medida por um efeito inibitório de noradrenalina nos neurônios do todo o sistema nervoso entérico. A forte estimulação do sistema simpático pode inibir tanto os movimentos motores do intestino que pode bloquear literalmente o movimento dos alimentos através do trato digestivo. > Controle Hormonal Os hormônios gastrointestinais são liberados na circulação portal e exercem ações fisiológicas nas células-alvo com receptores específicos para eles. Os efeitos dos hormônios persistem mesmo depois que todas as conexões nervosas entre o local de liberação e o local de ação foram cortadas. Diversos hormônios atuam para o controle da secreção gastrointestinal. A maioria desses mesmos hormônios também afeta a motilidade em algumas partes do trato digestivo. 30 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria Gastrina: A gastrina é secretada pelas células G do antro do estômago em resposta a estímulos associados à ingestão de uma refeição, como distensão do estômago, produtos de proteínas e peptídeo liberador de gastrina, que é liberado pelos nervos da mucosa gástrica durante a estimulação vagal. As ações primárias da gastrina são: ● estimulação da secreção gástrica de ácido clorídrico; ● estimulação do crescimento da mucosa gástrica. Colecistoquinina: A colecistoquinina (CCK) é secretada pelas células I na mucosa do duodeno e jejuno, principalmente em resposta a produtos digestivos de gordura, ácidos graxos e monoglicerídeos no conteúdo intestinal. Esse hormônio contrai fortemente a vesícula biliar, expelindo a bile para o intestino delgado, onde ela, por sua vez, desempenha um papel importante na emulsificação de substâncias gordurosas, permitindo que sejam digeridas e absorvidas. A CCK também inibe moderadamente a contração do estômago. Portanto, ao mesmo tempo que esse hormônio provoca o esvaziamento da vesícula biliar, também retarda o esvaziamento dos alimentos do estômago para dar tempo adequado à digestão das gorduras do trato intestinal superior. A CCK também inibe o apetite para evitarcomer demais durante as refeições, estimulando as fibras nervosas aferentes sensoriais no duodeno; essas fibras, por sua vez, enviam sinais por meio do nervo vago para inibir os centros de alimentação no cérebro. Secretina: A secretina, o primeiro hormônio gastrointestinal descoberto, é secretada pelas células S na mucosa do duodeno em resposta ao suco gástrico ácido que esvazia para o duodeno a partir do piloro do estômago. A secretina tem um efeito moderado na motilidade do trato digestivo e atua promovendo a secreção pancreática de bicarbonato, que por sua vez ajuda a neutralizar o ácido no intestino delgado. GIP: O peptídeo insulinotrófico dependente de glicose (GIP, também chamado de peptídeo inibitório gástrico) é secretado pela mucosa da parte superior do intestino delgado, principalmente em resposta a ácidos graxos e a aminoácidos, mas, em menor extensão, em resposta a carboidratos. Tem um efeito moderado na diminuição da atividade motora do estômago e, portanto, retarda o esvaziamento do conteúdo gástrico para o duodeno quando a parte superior do intestino delgado já está sobrecarregada com produtos alimentares. O peptídeo insulinotrófico dependente de glicose (GIP), em níveis sanguíneos ainda mais baixos do que aqueles necessários para inibir a motilidade gástrica, também estimula a secreção de insulina. 31 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria Motilina: A motilina é secretada pelo estômago e porções iniciais do duodeno durante o jejum, e a única função conhecida desse hormônio é aumentar a motilidade gastrointestinal. A motilina é liberada ciclicamente e estimula ondas de motilidade gastrointestinal chamadas de complexos mioelétricos interdigestivos, que se movem pelo estômago e pelo intestino delgado a cada 90 minutos em uma pessoa que jejuou. A secreção de motilina é inibida após a ingestão de alimentos por mecanismos que não são totalmente compreendidos. 32 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria 33
Compartilhar