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Tutorial 08 – Módulo XII TUMORES DO SNC São gerados por uma célula que se multiplica inadequadamente, gerando massa de tecido. No SNC, mesmo tumores benignos podem ter caráter maligno por produzir efeito de massa, podendo aumentar a PIC, e por isso devem ser chamados de tumores de baixo grau. Tumores primários são diagnosticas 3x mais que doença de Hodgkin no EUA. Já o abscesso, diferentemente das infecções parameníngeas (abscesso epidural, empiema subdural), afeta o parênquima cerebral como substancia branca e cinzenta. Consiste numa coleção de liquido purulento oriundo geralmente de bactérias por via direta ou disseminação hematogênica (sinusite, otite, infecções dentarias e endocardite. →FISIOPATOLOGIA: o crescimento dos tumores está restrito ao SNC, raramente ou nunca metastatizam. → Primário quando gerado pelo tecido nervoso. Mais comum em crianças e adultos jovens devido radiação ionizante. → Secundário quando advindo de sítios primários distantes (câncer de pulmão, mama e melanoma). Mais comuns em adultos > 30 anos, 5x mais comuns que os tumores primários. Um tumor maligno se distingue pelas características patológicas malignas agressivas, incluindo invasão tecidual, neovascularização, necrose regional e atipia citológica (tumores da micróglia). Os tumores que não tem essas características são os de baixo grau, mas se continuam a crescer podem provocar incapacidade neurológica progressiva. Os tumores de baixo grau que se transformam em neoplasias de alto grau são principalmente os tumores intra-axiais, com infiltração difusa no cérebro (não pode curar com cirurgia). Os realmente benignos são os extra-axiais (meningiomas, neuromas acústicos, Schwannoma, astrocitomas, oligodendroglioma). →MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: existem dois tipos → Sintomas generalizados que refletem o aumento da PIC: cefaleia (50% dos tumores tem), letargia, mudança de personalidade, náuseas e vômitos. → Sintomas lateralizados que refletem a localização do tumor: hemiparesia, déficits hemisenssoriais, afasia, déficit de campo visual e convulsões. Inclui intervalo de semanas ate alguns meses, uma intensificação pode precipitar a ida no medico. Sintomas podem ser produzidos pela invasão do parênquima cerebral pelo tumor, por compressão e edema, por obstrução do LCR ou por desvio do tecido e herniação (consequencia da elevação da PIC). Anormalidades mentais e cognitivas refletem um tumor localizado ou uma deterioração local. Convulsoes afetam 1/3 dos pctes e são comuns em tumores de baixo grau. Sobre a temporalidade dos sinais, quando subagudos indicam malignidade, e quando crônicos indicam benignidade. →DIAGNÓSTICO: RNM: superior à TC, feito em todos os pctes com suspeita de tumor, com e sem gadolínio IV, se o resultado for normal exclui neoplasia. Pode medir o volume sanguíneo cerebral relativo e a neovascularização associada ao tumor. Uma perfusão elevada está associada a um grau mais elevado de malignidade. ESPECTROSCOPIA PELA RNM (ERM): avalia de modo não invasivo a composição tecidual. Tumores de alto grau estão associados com redução do N-acetil aspartato (NAA) e aumento de colina (Co). PET: alto grau são hipermetabolicos, enquanto os de baixo grau são hipometabolicos. TC: com ou sem contraste, realizado nos pctes não podem fazer RNM. Pode não identificar tumores posteriores. OUTROS EXAMES: → EEG: pcte em estupor prolongado ou inexplicado → Analise do LCR: sensibilidade da histologia aumenta se combinado com citometria de fluxo, imunofenotipagem e analise genética. → PL: raramente precisa, mas exclui condições inflamatórias. Diagnósticos diferenciais: malformações vasculares, encefalite herpética, AVC, abscessos, anormalidades congênitas. →TRATAMENTO GERAL: dividido em sintomático (edema, convulsões, tromboembolismo) e definitivo (conduta do tumor pra eliminar ele). Tratamento sintomático: corticoesteroides reduzem o edema vasogenico que envolve tumores primários e metastáticos, eles reconstroem a barreira por diminuir a permeabilidade anormal. Usa dexametasona. Nos pctes com convulsões, terapia anticonvulsionante está indicada mas sem uso profilático. 25% dos pctes com tumor tem TVP, e por isso devem usar botas pneumáticas no pós-operatorio, podendo usar anticoagulantes profiláticos também. Tratamento definitivo: excisão completa é o objetivo no tratamento de um tumor cerebral primário, pode sempre fazer no caso de extra-axiais (meningioma e neuromas acústicos). Quando envolve tronco e tálamo, não da pra retirar com segurança, e se for na base é bem difícil. Lesões inoperáveis ainda da pra fazer biopsia com fins diagnósticos. Radioterapia com feixe externo duplica o tempo médio de sobrevida dos pctes portadores de tumores cerebrais malignos primários ou lesões metastáticas. A quimioterapia não tem sido satisfatória devido a resistência intrínseca desses tumores. TUMORES EXTRA-AXIAIS PRIMÁRIOS Surgem dentro da cavidade intracraniana, mas não são tumores do tecido cerebral. Quase todos são benignos; como o cérebro raramente é afetado, a excisão completa frequentemente é curativa e possibilita uma recuperação completa da função neurológica. Esses tumores produzem sintomas e sinais neurológicos pela compressão do cérebro adjacente. →MENINGOMAS: tipicamente benignos, mais comum em mulheres, apresentam crescimento lento e produzem sintomas de início insidioso e, caracteristicamente, lentamente progressivos (podem ser grandes, mas por ser lento cérebro vai se adaptando a compressão). Frequentemente, os tumores são completamente assintomáticos e identificados nas neuroimagens, obtidas por qualquer outro motivo, como um TCE. Na RM: apresentam aspecto característico de lesão na duramáter, com reforço difuso, associada a um prolongamento dural fino, com reforço discreto que se estende a partir do tumor. Causam convulsões ou hemiparesia progressiva dependendo da localização, alteração de personalidade e cognição. →NEUROMAS ACÚSTICOS: schwanomas vestibulares, são tumores benignos que surgem a partir do VIII par craniano (geralmente a partir da porção vestibular e manifestam com perda de audição, tinito e vertigem/desequilíbrio). São mais comuns nas mulheres (2:1), pico de incidência 40-60 anos. Os schwanomas vestibulares esporádicos são unilaterais; os neuromas acústicos bilaterais são patognomônicos da neurofibromatose tipo 2. Aumento lento e progressivo do tumor produz um entorpecimento facial ipsolateral ou fraqueza devido à compressão do quinto ou do sétimo nervo craniano, respectivamente. Os tumores se originam dentro do meato auditivo interno, mas crescem além do canal acústico no sentido do ângulo cerebelopontino, onde podem comprimir o tronco cerebral e causar ataxia e sinais cerebelares ipsolaterais. A RM craniana com gadolínio delineia até mesmo pequenos neuromas acústicos com facilidade. →ADENOMAS HIPOFISÁRIOS: microadenomas (<1 cm de diâmetro) ou macroadenomas, segundo a presença ou ausência de função endócrina, e pelas síndromes endocrinológicas ou neurológicas causadas pela compressão do tumor. Quando os tumores da hipófise aumentam de tamanho e se tornam macroadenomas, eles comprimem as estruturas neurais adjacentes, inclusive o quiasma óptico e os nervos ópticos, e apresentam uma hemianopsia bitemporal que causa caracteristicamente perda visual unilateral. Os macroadenomas não são geralmente secretores, mas destroem o tecido hipofisário causando um panhipopituitarismo. Raramente, os tumores hipofisários se manifestam com um início abrupto de cefaleia, oftamolplegia, cegueira unilateral e até mesmo um baixo nível de vigília ou coma: uma síndrome de apoplexia hipofisária causada por hemorragia ou infarto.TUMORES INTRA-AXIAIS PRIMÁRIOS Todos apresentam tendencia de invadir o tecido cerebral, e nenhum pode ser completamente excisado pela cirurgia. →GLIOMAS: proveniente das células gliais (astrócitos e oligodendrócitos), astrocitomas são os gliomas mais comuns. Os astrocitomas anaplásicos e glioblastomas são tumores difusos que costumam infiltrar-se amplamente no cérebro, mesmos os tumores grau II evoluem com o passar do tempo. Glioma os homens e brancos são mais acometidos, os gliomas são caracteristicamente lesões isoladas, mas a doença multifocal é vista em 5% dos pacientes portadores de tumores de alto grau: 95% dos gliomas são esporádicos, então só 5% destes ocorrem em pacientes com uma história familiar de tumor cerebral, pacientes portadores de gliomas se apresentam frequentemente com convulsões, cefaleia e sinais de lateralização, como a hemiparesia, afasia ou um déficit de campo visual. Na RM, os gliomas de baixo grau aparecem tipicamente como lesões difusas, sem reforço, ocorrendo de preferência no lobo frontal e no córtex insular. Os gliomas de alto grau, que apresentam caracteristicamente reforço do contraste, ocorrem na substância branca cortical e exibem um significativo edema adjacente. Os glioblastomas frequentemente apresentam regiões de necrose central e pode haver hemorragia. →GLIOMAS ÓPTICOS E DO TRONCO CEREBRAL: Gliomas ópticos, capazes de envolver o nervo óptico ou o quiasma óptico, estão associados à neurofibromatose tipo I. Estes gliomas são tipicamente tumores pilocíticos com uma evolução indolente, com rara remissão espontânea. Frequentemente não são cirúrgicos e podem apresentar uma evolução clínica intermitente com períodos de perda visual marcados por períodos de estabilidade visual. Radioterapia ou até mesmo a quimioterapia podem ser úteis, mas frequentemente não há necessidade de terapia. Gliomas do TC geralmente acometem a ponte. Eles são encontrados na maioria das vezes nas crianças na primeira década de vida, mas podem ser encontrados nos idosos. Histologia pode ser de alto ou baixo grau, evolução é determinada pela localização do tumor. Maioria apresenta uma evolução desfavorável com sobrevida de 1 ano ou menos, mas ocasionalmente variantes relativamente benignas podem ocorrer. →OLIGODENDROGLIOMAS: Tem crescimento infiltrativo e lento. Se manifesta com crises convulsivas e calcificações são comuns. Histologia de citoplasma “em ovo frito” e vascularização “em tela de arame”. Tratamento: cirurgia (elegíveis), quimioterapia em todos e radioterapia (transformação anaplásica). Bom prognostico, menos agressivo e a uma reposta favorável à quimioterapia. →MEDULOBLASTOMAS: no vérmis cerebelar e afetam principalmente crianças e adultos jovens, mais em homens com pico de incidência aos 7 anos. Têm uma apresentação clínica característica com ataxia (devido ao comprometimento do cerebelo e tronco cerebral) e cefaleia, náuseas, vômitos (devido ao aumento da PIC pela hidrocefalia obstrutiva). Cirurgia agressiva com excisão completa está fortemente associada a uma melhor evolução. →GANGLIOGLIOMAS: possuem tanto um componente glial como um componente neural neoplásico (célula ganglionar). Alguns gangliogliomas de baixo grau são indolentes, e não há necessidade de tratamento adicional depois da excisão cirúrgica. Os pacientes portadores de tumores anaplásicos podem evoluir melhor do que os pacientes com gliomas malignos, mas as recidivas são a regra, apesar da cirurgia e radioterapia. →LINFOMAS PRIMÁRIOS DO SNC: associados à imunodeficiência (especialmente AIDS e transplante). Homens são mais afetados, idade média no diagnóstico é 60 anos. São geralmente linfomas não Hodgkin, de grandes células B, idênticos ao linfoma sistêmico. Tumor pode afetar o LCR, olho e o cérebro, onde é multifocal em cerca de 40% dos pacientes no diagnóstico. Ressecção cirúrgica não está associada a um aumento da sobrevida e pode causar grande morbidade neurológica: biópsia, e não a ressecção, é a melhor abordagem cirúrgica. Quimioterapia é o tratamento primário: agente quimioterápico mais importante é o metotrexate. TUMORES METASTÁTICOS →METÁSTASES CEREBRAIS: todo tumor sistêmico pode metastatizar pro cérebro, e o melanoma apresenta a maior tendencia, mas a causa mais comum são tumores de mama e de pulmão, seguidos do de colon e de rim. Os pacientes tem sintomas e sinais neurológicos progressivos que incluem tipicamente cefaleia, convulsões e sinais de lateralização. As metástases são mais bem diagnosticadas com uma RM do crânio e reforço com gadolínio, elas estão frequentemente associadas a um edema extenso, hemorragia dentro de uma metástase ocorre na maioria das vezes nas lesões secundárias ao melanoma, câncer de rim e câncer de tireoide. Como as metástases cerebrais não se infiltram difusamente no tecido cerebral e costumam apresentar uma pseudocapsula ao redor, podem ser completamente retiradas na cirurgia. →METÁSTASES LEPTOMENÍNGEAS: cérebro é o sítio mais comum de metástases intracranianas, mas o câncer sistêmico pode se disseminar também para a dura e leptomeninges. As metástases na dura-máter derivam na maioria das vezes dos tumores de mama ou próstata, com frequência de uma metástase calvária adjacente. Manifestam-se com sintomas e sinais neurológicos multifocais. Essas lesões envolvem os nervos cranianos e causam diplopia ou paralisia bulbar; as raízes cervicais e lombares, causando dor ou fraqueza nos membros; o espaço intracraniano, causando cefaleia, náuseas, vômitos e elevação da PIC. Tratamento envolve frequentemente radioterapia nos sítios sintomáticos; quimioterapia intratecal, geralmente empregando uma cânula intraventricular ou quimioterapia sistêmica com agentes em doses capazes de penetrar no LCR.
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