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Narrativa Transmídia e Storytelling Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Me. Vagner Novaes Tranche Revisão Textual: Prof.ª Esp. Kelciane da Rocha Campos Narrativa Transmídia como Ferramenta Persuasiva • Introdução; • Conceito de Narrativa Transmídia; • Narrativa Transmídia: História; • A Narrativa Transmídia na Comunicação com o Consumidor; • Características dos Ambientes Multiplataforma na Publicidade e Propaganda; • Anexo I. • Compreender o conceito de narrativa transmídia, bem como a sua evolução histórica; • Estudaremos como a narrativa transmídia favorece a comunicação com os públicos de interesse e discutiremos o conceito de comunicação multiplataforma e a sua presença na publicidade e propaganda. OBJETIVOS DE APRENDIZADO Narrativa Transmídia como Ferramenta Persuasiva Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Narrativa Transmídia como Ferramenta Persuasiva Introdução Anteriormente, discutimos o conceito de narrativa e você pôde compreender como esse tipo de produção textual se faz presente em diversas formas de expressão. Você entendeu como uma narrativa é estruturada e teve a oportunidade de co- nhecer os principais elementos que a integram. Agora, chegou a hora de explorar um pouco mais o seu uso como ferramenta de convencimento, uma prática presen- te em diversas ações de publicidade e propaganda. Nesta unidade, vamos conhecer o conceito de narrativa transmídia e vamos entender como esta linguagem publicitária interage com os públicos de interesse, mas lembre-se: o resultado de seus estudos depende, acima de tudo, de sua aplica- ção durante os nossos encontros. Leia o material com atenção e sempre faça anotações, pois elas contribuem no processo de assimilação do conteúdo. Sempre faça as atividades, pesquisas e exercícios propostos - mais do que auxiliar na compreensão, eles propiciam uma importante vivência que estimula a criatividade e possibilita o desenvolvimento de portifólio de produção pessoal, que pode, inclusive, ser utilizado em entrevistas de emprego na área. Muito bem! Aperte os cintos e vamos embarcar nessa magnífica viagem rumo ao universo da Publicidade e Propaganda. Senhoras e senhores, próxima parada: narrativa transmídia! Figura 1 – Vamos conhecer o conceito de narrativa transmídia? Fonte: Getty Images 8 9 Conceito de Narrativa Transmídia Transmídia é uma palavra de origem inglesa (transmedia) que significa, numa interpretação simplificada, a transmissão de conteúdo por meio de suportes dife- renciados, visando à complementação da informação e à consequente interpreta- ção por parte dos públicos de interesse. A narrativa transmídia ou narrativa transmidiática é toda transmissão de his- tórias, sejam elas pertencentes ao universo do entretenimento ou da comunicação publicitária, que, por meio de múltiplos suportes comunicacionais, propiciam inte- rações e contribuem na compreensão de uma mensagem por parte dos públicos de interesse. Em uma narrativa transmídia, não se trabalha com uma história destinada a atin- gir um único tipo de público, mas sim vários públicos, que consomem mídias e lin- guagens diferentes, possibilitando uma pequena alteração da narrativa na tentativa de falar a mesma linguagem da audiência. Em via de regra, esse tipo de produção possui uma história dinâmica, que não é limitada a um filme ou a um livro, mas sim com uma proposta mais ampla, capaz de transcender os suportes comunicacionais e o protagonismo de alguns personagens, tornando possível observar a narrativa sob a ótica de outras figuras, de acordo com o interesse da produção. As histórias são oferecidas ao público por meio de filmes, quadrinhos, redes sociais, seriados, games, dentre outros recursos. A saga Star Wars, considerada a maior produção do cineasta norte-americano George Lucas, é um bom exemplo de narrativa transmídia dentro do contexto de entretenimento. A saga, que teve início no final da década de 70, encantou inú- meros espectadores ao redor do mundo. A forma como a obra cinematográfica é cultuada ainda hoje oferece a possibilidade de explorar comercialmente a marca e os personagens em produtos de diversos segmentos, que vão desde peças de vestu- ário até incríveis parques temáticos, que recebem milhões de visitantes anualmente. Figura 2 Fonte: freestocks.org 9 UNIDADE Narrativa Transmídia como Ferramenta Persuasiva Desde seu lançamento, em 25 de maio de 1977, a franquia se tornou um fenô- meno mundial: já lançou mais de 10 longas-metragens, seriados e filmes exclusivos para tv, musicais para teatro, animações, RPGs para videogame, livros e jogos para internet que mostram histórias paralelas, que mais tarde foram incorporadas à mitologia oficial da obra. Os pesquisadores Massarolo e Mesquita, no artigo inti- tulado “Reflexões teóricas e metodológicas sobre as narrativas transmídia” (2014), comentam sobre a estratégia de Star Wars: A identificação das características do mundo criado para a saga de Star Wars, ou storyworld, permitiu que fosse criada a coesão, consistência e continuidade entre os produtos da franquia cinematográfica, possibilitando que outros produtos derivados da saga original fossem criados, cada qual com diferentes funções, tais como: livros, animações e videogames. Os pro- dutos de uma franquia devem manter sua coerência em relação ao mundo da série cinematográfica original, para que os consumidores tenham uma experiência diferenciada ao transitarem pelas diferentes plataformas em busca de novos conteúdos. (MASSAROLO E MESQUITA 2014;9.) A narrativa mantém o mundo ficcional de Star Wars como marca, permitindo adaptações de histórias coerentes e distintas entre si, estabelecendo elos e conexões, contudo sendo possível compreendê-las de maneira independente. Esta mesma prá- tica é observada em várias obras que apresentam potencial sucesso comercial. Figura 3 – Cosplayers em evento Fonte: Wikimedia Commons 10 11 Crossmedia e transmídia são a mesma coisa? Não, crossmedia e transmídia não são a mesma coisa. Como vimos neste capítulo, a narrativa transmídia pode transmitir informações em diversos meios de comunicação e promover pequenas alterações na história, para melhor adequá-laao meio e à linguagem que o público está acostumado a consumir. Por exemplo: uma partida de futebol pode ser acompanhada pelo rádio, tv e internet. Na televisão, você pode ter a riqueza dos detalhes pelo recurso da imagem; no rádio, a mesma partida é mediada pela interpretação do locutor esportivo; e, por fim, na internet, você pode optar por consultar apenas o placar do jogo e os principais lances. As três formas de transmissão juntas enriquecem o conhecimento do pú- blico, contudo isoladamente informam e não oferecem nenhum prejuízo para o espectador. Já o termo crossmedia, numa livre tradução, significa “cruzamento de mídia”, ou seja, é como se o mesmo conteúdo fosse oferecido em mais de um canal sem alterações da mensa- gem. Utilizando o mesmo exemplo do futebol, o crossmedia replicaria a transmissão fute- bolística da TV para o canal de streaming, portais de esporte e emissoras de rádio, seguindo exatamente a mesma linguagem e informação. Ex pl or Narrativa Transmídia: História O termo transmedia storytelling foi citado inicialmente pela professora Marsha Kinder, em 1991, e posteriormente utilizado em um artigo na revista Technology Review pelo professor Henry Jenkins, no ano de 2003. Os dois professores lecio- navam nos cursos da área de comunicação da Universidade do Sul da Califórnia. O termo ganhou força com a publicação do livro “Cultura da convergência” (2008). Massarolo e Mesquita (2014) comentam sobre o termo: Henry Jenkins, como se sabe, cunhou o termo transmedia storytelling, mas apesar de nos países de língua inglesa esse termo significar ‘o ato de contar histórias através de várias mídias’, foi traduzido para o portu- guês como ‘narrativa transmídia’. Dependendo da perspectiva, ângulo de leitura ou da abordagem assumida, a tradução do termo storytelling por narrativa pode ser visto como mais uma das terminações conceituais re- lacionadas ao transmedia storytelling e dar margens para controvérsias semânticas. (MASSAROLO E MESQUITA 2014;2.) É fato que, devido à convergência das mídias, é possível identificar produções que utilizam multimeios desde a década de 90, dentro do contexto de entreteni- mento da indústria cultural norte-americana. Inicialmente, essas produções eram reconhecidas como crossmedia, pois buscavam integrar os meios e as produções de modo a atingir o público de maneira uniforme. Era uma espécie de sinergia de mídias, porém sem a possibilidade de complementação da informação pela adap- tação da linguagem, uma vez que replicavam a mesma informação sem alterações. 11 UNIDADE Narrativa Transmídia como Ferramenta Persuasiva A obra de Jenkins analisa como a convergência dos novos recursos midiáticos contribui para a transformação da cultura e transforma a forma de relação com os meios de comunicação tradicionais. Na esteira da revolução ocasionada pela popu- larização da internet e das ferramentas que tiram as pessoas de uma mera situação de “receptor passivo”, o autor debate termos como spoiling, que ele define como “processo ativo de localizar informações que ainda não foram ao ar na televisão”; bloguismo, forma de comunicação alternativa em resposta à informação gerada pelos meios de comunicação comerciais; e fanfictions, histórias sobre produções e personagens que ganham adaptações por parte dos fãs. Henry Jenkins é o professor reitor de Comunicação, Jor- nalismo, Artes Cinematográficas e Educação da Univer- sidade do Sul da Califórnia. Chegou à USC no outono de 2009, depois de atuar, por mais de uma década como diretor do Programa de Estudos de Mídia Comparada do MIT. É autor e/ou editor de dezessete livros sobre vários aspectos da mídia e da cultura popular. Atual- mente, está editando um manual sobre a imaginação cívica e escrevendo um livro sobre “quadrinhos e outras coisas”. Jenkins escreveu para as revistas científicas Technology Review, Computer Games, Salon e The Hu- ffington Post. (Texto adaptado de: Henry Jenkins. Dis- ponível em: henryjenkins.org/aboutmehtml. Acesso em: 29 jan. 2020) Figura 4 – Professor Henry Jenkins Fonte: Wikimedia Commons Ex pl or A Narrativa Transmídia na Comunicação com o Consumidor Uma narrativa transmídia utiliza-se de uma linguagem dinâmica, que procura sempre manter o universo da história original, informando e conduzindo o público a um ponto convergente por meio de novas histórias disseminadas em múltiplas plataformas. A linguagem utilizada em transmídia permite que narrativas paralelas influenciem ou sejam influenciadas por uma história original ou simplesmente esti- mulem o prestígio da produção principal. Vejamos alguns exemplos. • Transmídia de informação: websites oficiais, redes sociais, aplicativos de smartphone ou qualquer outro recurso que permita interação com o consumi- dor de maneira promocional podem ser considerados transmídia de informa- ção. No ano de 2019, às vésperas do lançamento da terceira temporada da sé- rie Stranger Things, do serviço de streaming Netflix, a empresa movimentou as ruas das grandes capitais brasileiras com elementos extraídos da temática da produção. Bicicletas dos anos 1980 foram disponibilizadas nos serviços de aluguel, abrigos de ônibus com jogos remetem aos fliperamas do período e 12 13 joysticks com tecnologia touch para promover a experiência. Mas a ação que chamou mais atenção foi a Stranger Antenna, um aplicativo de smartphone que simula uma televisão dos anos 80. Para captar o sinal, o usuário precisa encostar o aparelho celular em uma lã de aço ou em um imã de fone de ouvi- do. O aplicativo dá acesso a um vasto e divertido conteúdo complementar da temporada, tudo conduzido por Carlos Moreno, o famoso garoto Bom-Brill; Conheça a ação de divulgação da Netflix para a terceira temporada de Stranger Things. Acesse: http://bit.ly/2GWkbe2 e veja as instruções para utilizar o aplicativo.Ex pl or • Transmídia de introdução: nesta categoria de narrativa transmídia, encontra- mos textos, vídeos, filmes, seriados ou outros produtos comunicacionais que pre- cedem eventos da narrativa principal, explicando a origem de um determinado assunto ou personagens da trama principal, já conhecida pelo público. Um bom exemplo foi a empreitada da TV Globo diante do sucesso da novela das 19h “To- talmente Demais”, que foi exibida originalmente entre os anos de 2015 e 2016. O folhetim ganhou um spin-off (uma obra derivada), com dez capítulos que foram exibidos somente no ambiente digital. Os esquetes exploravam a vida dos perso- nagens que compunham o núcleo do “Bairro de Fátima”, um ano antes da trama da novela. O formato também marcou a primeira ação de branded content, oferecendo conteúdo especial na página da novela durante o período de exibição, além de promover o lançamento da plataforma de streaming da emissora. Clique no link e confira o episódio de estreia do spin-off “Totalmente Sem Noção Demais”: https://youtu.be/ZJNW2Zp4Rr8Ex pl or • Transmídia de interatividade: como já vimos, narrativas fazem uso de diver- sas formas de expressão para falar com o público. Com a criação de narrativas por meios digitais, surge também uma nova possibilidade: a interação. A interatividade faz alusão à maneira como os meios digitais usam a tecnolo- gia para aumentar nos usuários a sensação de envolvimento com o conteúdo. Seja com a utilização dos recursos mais simples, para interagir com produ- ções de rádio, tv, teatro, seja por meio de aplicativos de realidade aumentada, que podem ser utilizados em leitura de revistas, jornais e outras literaturas, a interatividade pode contribuir na experiência transmídia. Ações de parceria e interatividade foram realizadas em setembro de 2019, duran- te as exibições dos capítulos da novela “A Dona do Pedaço”. Sodiê Doces e iFood produziram e entregaram bolos inspirados na história da personagem Maria da Paz aos consumidores que compraram as gostosuras pelo aplicativo. Outro parceiro de renome que fechou a parceria publicitária com a TV Globo foi a fabricante de mistura parabolos “Dona Benta”. A marca lançou uma linha de misturas para bolo com o mesmo nome da trama. O produto foi idealizado para comercialização até o final da novela e contou com uma página no site da empresa para o lançamento. 13 UNIDADE Narrativa Transmídia como Ferramenta Persuasiva Figura 5 – A novela “A Dona do Pedaço” inspirou diversas ações com marcas parceiras Fonte: Getty Images Com o logotipo da novela estampado junto à marca “Dona Benta”, o público tinha a explicação sobre a parceria que unia a história da empresa com a da pro- tagonista da novela, além de divulgar as deliciosas receitas em vídeos apresentados por culinaristas de uma quarta marca parceira, a Nestlé. Características dos Ambientes Multiplataforma na Publicidade e Propaganda A narrativa transmídia já é uma realidade na sociedade contemporânea. Fruto da cultura participativa, este tipo de ação tem sido adotado por muitas empresas como mais uma ferramenta da publicidade e propaganda para estabelecer um contato maior da marca com os públicos de interesse e, com isso, gerar empa- tia e tangibilidade perante os consumidores. Esta prática acontece junto a uma crescente demanda de disponibilização de conteúdos com características plurais, como nos explicam Massarolo e Mesquita (2014) no artigo “Reflexões teóricas e metodológicas sobre narrativas transmídia”: A crescente disponibilização de conteúdos não só atende às demandas de empresas de comunicação, como também proporciona a imersão das audiências em universos ficcionais complexos e interativos. A criação de um ambiente de histórias para multiplataformas dissolve as barreiras convencionais entre arte, comunicação e entretenimento, pois requer parâmetros de análise que contemplem obras ramificadas por extensões midiáticas e que, por isso, não podem ser consideradas como “obras únicas”, tais como: filmes, jogos, séries de TV e HQs, entre outras. (MASSAROLO E MESQUITA 2014;3.) 14 15 A evolução tecnológica quebrou o velho paradigma de uma comunicação unila- teral, de “mão única”, que vigorou até meados dos anos 90. Com a popularização da tecnologia ao redor do mundo a partir de multiplataformas (consoles de games, computadores pessoais, smartphones, smart tvs e outros suportes), a comunicação ganhou novos recursos, que permitem à audiência sair de uma situação passiva, de mero receptor de conteúdo, para uma audiência ativa, que participa e contribui, den- tro das possibilidades, com a informação e entretenimento produzidos pelos grupos de comunicação. A narrativa transmídia é um recurso que acompanha essa evolução. Figura 6 – A comunicação deixou de ser unilateral para ser participativa Fonte: Getty Images Antes o espectador conformava-se com a limitação da informação e, caso qui- sesse uma complementação dos conteúdos, buscava recursos que eram lançados de acordo com a repercussão do assunto. Um bom exemplo eram as produções cinematográficas, que, se fizessem sucesso, ganhariam materiais complementares, como livros, álbuns de figurinhas (que simplesmente repetiam a história), tinham suas cópias distribuídas para as locadoras de vídeo, que eram muito populares nos anos 80 e 90, e, com um pouco de sorte, teriam o financiamento da sequência da obra, sem a garantia do sucesso da produção inicial. Hoje o processo é bem diferente: uma obra como um filme já apresenta projetos de continuidade e uma série de investimentos em outras plataformas de comunica- ção que abastecem a busca de informação diante do sucesso da história. Tomemos como exemplo a saga de Harry Potter, da escritora britânica J. K. Rowling. A sua narrativa nasceu nos livros, conquistou uma legião de leitores, ganhou a adaptação nas telas de cinema, tornando-se a série cinematográfica mais assistida na história. Deste ponto em diante, foi desenvolvida uma série de produções para- lelas com a mesma temática, tudo para abastecer a busca e a curiosidade dos fãs do pequeno bruxo da escola de magia e bruxaria de Hogwarts. Personagem Harry Potter em selo postal francês. Disponível em: http://bit.ly/2RZLc6N Ex pl or 15 UNIDADE Narrativa Transmídia como Ferramenta Persuasiva De games a parques temáticos, de sites oficiais do filme a centenas de fansites desenvolvidos pelos amantes do bruxinho pelo mundo afora, até mesmo obras, da própria autora, dedicadas a ensinar as regras do Quadribol, esporte coletivo pratica- do pelos personagens na ficção, as plataformas múltiplas servem de canais de “reas- sistência”, que permitem ver e rever a obra, como denomina Massarolo e Mesquita: Os canais de reassistência (aplicativos para “segunda tela” – smart TV, smartphones e tablets, entre outros) oferecem ao telespectador a possi- bilidade de assistir novamente a episódios ou trechos do seriado de TV inúmeras vezes por diferentes ângulos, para análise mais aprofundada das estratégias narrativas. (MASSAROLO E MESQUITA 2014;3.) O marketing participa desse processo e se apropria das histórias. Faz uso das multiplataformas para comunicar os interesses dos anunciantes, ora utilizando a pró- pria narrativa transmídia em meio a ações de publicidade e propaganda que se com- plementam, ora anunciando e patrocinando os canais de comunicação utilizados. São muitos os canais de vídeo que disseminam conteúdos complementares de produções que, para podermos prestigiar, somos quase que obrigados a assistir antes a um vídeo ou material de persuasão. Grandes emissoras estão migrando seu enorme acervo para plataformas de streaming, que podem ser usufruídas integral- mente mediante mensalidade ou parcialmente, mediante o prestígio de um comer- cial. Novos tempos, novas técnicas: o modelo de negócios dá a falsa sensação de controle de programação, contudo ele é que continua no controle, selecionando o que é oferecido e analisando as características da audiência. Figura 7 – Streaming multimídia – Você no controle... Será? Fonte: Getty Images Estamos chegando ao fim da segunda unidade da disciplina Narrativa Transmídia e Storytelling. Em nosso próximo encontro, vamos conceituar o termo storytelling e analisar os elementos que não podem faltar em uma boa história. Também vamos analisar as técnicas para criar histórias persuasivas e que estabeleçam conexão com os públicos de interesse. 16 17 Anexo I Glossário • Branded content: conteúdo de marca; • Fansite: site ou blog dedicado a postar notícias sobre alguém ou algo, com o objetivo de atualizar as pessoas (fãs) que o visualizam; • Longa-metragem: filme com duração mínima de 70 minutos e que constitui a parte principal de uma sessão cinematográfica; • RPG: é a sigla em inglês para Role-Playing Game, um gênero de jogo no qual os jogadores assumem o papel de personagens imaginários, em um mundo fictício; • Spin-off: material de comunicação adicional derivada de uma obra de sucesso; • Streaming: é uma tecnologia que envia informações multimídia, através da transferência de dados, utilizando redes de computadores, especialmente a internet, e foi criada para tornar as conexões mais rápidas; • Suporte comunicacional: todo e qualquer meio de transmissão da mensa- gem, tais como rádio, tv, revista, cinema, dentre outros; • Transmidiático: que transita entre as mídias; que transmite informações em suportes comunicacionais diferentes. 17 UNIDADE Narrativa Transmídia como Ferramenta Persuasiva Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Você conhece Henry Jenkins? No site a seguir, você poderá conhecer um pouco mais sobre o professor e pesquisador Henry Jenkins, pai do conceito de transmedia storytelling. A página está em inglês, mas você pode traduzi-la facilmente para o português clicando sobre a página com o botão direito de seu mouse e selecionando a opção “traduzir para o português”. http://bit.ly/2OtcRee Vídeos Você sabe o que é Transmídia? Acesse o link e confira o episódio do programa “Mídia em Foco”, que versa sobre o tema. http://bit.ly/2Up7HUj LeituraA Utilização de Elementos Transmídia e de Storytelling para o Aumento do Engajamento Social dos Comerciais de TV Artigo de autoria de Luana Borges, publicado originalmente na revista da SET, discute alguns dos assuntos presentes no corpo da unidade 2. Vale a pena lê-lo. http://bit.ly/2SkqIVc Reflexões Teóricas e Metodológicas Sobre as Narrativas Transmídia Artigo dos pesquisadores João Carlos Massarolo e Dario Mesquita disponível na revita eletrônica Lumina, do programa de Pós-Graduação em comunicaçao da Universidade de Juiz de Fora. http://bit.ly/2ukCtmv 18 19 Referências BARRETO, T. Vende-se em 30 segundos: manual do roteiro para filme publici- tário. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2004. CIACO, J. B. S. A inovação em discursos publicitários: comunicação, semiótica e marketing. São Paulo: Estação das Letras, 2013. FIGUEIREDO, C. Redação publicitária: sedução pela palavra. 2ª ed. São Paulo: Cengage Learning 2014. (e-book) FIORIN, J. L.; SAVIOLI, F. P. Para entender o texto: leitura e redação. 17ª ed. São Paulo: Ática, 2007. FRANCO, M. Storytelling e suas aplicações no mundo dos negócios. Rio de Janeiro: Atlas, 2015. (e-book) GALVÃO, J. Super-histórias no universo corporativo. 1ª edição. São Paulo: Panda Books, 2015. (e-book) GANCHO, C. V. Como analisar narrativas. 9ª ed. rev. e atual. São Paulo: Ática, 2006. GOSCIOLA, V. Transmidiação: formas narrativas em novas mídias. Salamanca: Fonseca, Journal of Communication, monográfico 2 (2013), pp. 270-284. Disponível em: <http://revistas.usal.es/index.php/2172-9077/article/viewFile/12128/12484>. Acesso em: 29 jan. 2020. JENKINS, H. Cultura da convergência. São Paulo: Aleph, 2008. MARTINS, J. S. Redação publicitária: teoria e prática. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2011. MASSAROLO, J. C.; MESQUITA, D. Reflexões teóricas e metodológicas sobre as narrativas transmídia. Revista Lumina, vol. 8, Juiz de Fora, 2014. NEGRI, M. Contribuições da língua portuguesa para a redação publicitária. São Paulo: Cengage Learning 2016. (e-book) SANTAELLA, L. Redação publicitária digital. Curitiba: InterSaberes, 2017. (e-book) WEIZENMANN, C. S. Redação publicitária: para ler, pensar e escrever. Curitiba: InterSaberes, 2019. (e-book) 19
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